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Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 1ÍNDICE Cirurgia Bariátrica: Transformando Vidas Um Guia Prático para Pacientes Portadores de Obesidade 1ª Edição Dr. Adorísio Bonadiman Dr. Walter Feitosa Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 2ÍNDICE CERTIFICADO DE REGISTRO DE DIREITO AUTORAL A Câmara Brasileira do Livro certifica que a obra intelectual descrita abaixo, encontra- se registrada nos termos e normas legais da Lei nº 9.610/1998 dos Direitos Autorais do Brasil. Conforme determinação legal, a obra aqui registrada não pode ser plagiada, utilizada, reproduzida ou divulgada sem a autorização de seu(s) autor(es). Responsável pela Solicitação: Adorísio Bonadiman Participante(s): Adorísio Bonadiman (Autor) | José Walter Feitosa Gomes (Autor) | Carlos Renato Pinheiro Lima (Colaborador) Título: Cirurgia Bariátrica: Transformando Vidas. Um Guia Prático para Pacientes Portadores de Obesidade. Data do Registro: 07/04/2021 13:10:19 Hash da transação: 0x12846d47d6446246628a9a8c1c3b3c4ebac000d8859c4f220fea8b40dbd47382 Hash do documento: fa8dc6b4562d5a5258f037689f165ff7d50bfeff90d7cd23e27926bdfe6914ee Compartilhe nas redes sociais 08/04/2021 16:12978-65-00-20727-9.jpeg 1.306×986 pixels Página 1 de 1https://cblservicosprd.blob.core.windows.net/barcode/978-65…3Ab0trrX6632XtOYgH%2FTE%3D&se=2031-02-14T18%3A56%3A56Z&sp=r 21-62239 CDD-617.43 NLM-WI 380 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Bonadiman, Adorísio Cirurgia bariátrica [livro eletrônico] : transformando vidas : um guia prático para pacientes portadores de obesidade / Adorísio Bonadiman, José Walter Feitosa Gomes. -- 1. ed. -- Maringá, PR : Adorísio Bonadiman, 2021. PDF Bibliografia ISBN 978-65-00-20727-9 1. Cirurgia bariátrica 2. Cirurgia bariátrica - Manuais, guias, etc. 3. Dietoterapia 4. Nutrição 5. Obesidade 6. Obesidade - Aspectos endócrinos 7. Obesidade - Tratamento I. Gomes, José Walter Feitosa. II. Lima, Carlos Renato Pinheiro. III. Título. Índices para catálogo sistemático: 1. Obesidade : Cirurgia bariátrica : Atuação multidisciplinar : Medicina 617.43 Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 3ÍNDICE ÍNDICE APRESENTAÇÃOAUTORES 1. Obesidade: uma doença crônica que precisa ser tratada. 2. Cirurgia Bariátrica e Metabólica: segurança e efetividade no tratamento da obesidade. 3. “Estou acima do peso: Posso fazer Cirurgia Bariátrica?” 4. Primeiros passos para a Cirurgia Bariátrica. 5. Avaliação multidisciplinar: precisa mesmo? 6. Principais técnicas cirúrgicas utilizadas no tratamento da obesidade. 7. Como escolher a melhor técnica para cada paciente. 8. Os dias que antecedem a cirurgia. Precisa perder peso para operar? 9. A cirurgia: da consulta pré-anestésica ao centro cirúrgico. 10. Os primeiros dias após a cirurgia. 11. Dieta antes e após a cirurgia. 12. Atividade física após a cirurgia. Quando e como fazer? 13. “Quanto peso irei perder e em quanto tempo?” 14. Principais complicações da Cirurgia Bariátrica. 15. Cuidados estéticos e cirurgia plástica reparadora após Cirurgia Bariátrica. 16. “Quem fez Cirurgia Bariátrica pode voltar a engordar?” 17. Autoestima e Sexualidade. 18. Contracepção e Gestação. 19. Mitos e Verdades em Cirurgia Bariátrica COMENTÁRIOS FINAIS LINKS ÚTEIS AGRADECIMENTOS FINAIS Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 4ÍNDICE APRESENTAÇÃO A obesidade é uma doença complexa e com muitas facetas, por isso tão difícil de ser tratada. Uma verdadeira pandemia em as- censão na população em geral, que tem sido muito visada por diversos setores como da saúde e estética além de “especialistas” que prometem fórmulas mágicas para re- solver o problema como manipulados, die- tas, programas de exercícios, reprograma- ção neurológica e até tratamento holístico, mas que não tratam da doença em si e do foco principal que é o paciente portador de obesidade mórbida. A obesidade como doença (alteração bio- lógica do estado de saúde de um ser vivo manifestada por conjunto de sinais, sin- tomas e comorbidades associadas) possui uma base de alterações orgânicas tanto hormonais, comportamentais, psicológicas e sociais que devem ser abordadas tanto individualmente como integradamente para o sucesso do tratamento, que seria o controle (e não “cura”) do peso e suas impli- cações negativas no organismo. Então encaramos a obesidade, com a licen- ça da comparação grosseira, como um “tipo de câncer” no qual mesmo quando identifi- camos o tumor, operamos e, momentanea- mente, resolvemos o problema, temos que periodicamente avaliar o paciente da for- ma clínica, sob a supervisão de uma equipe multiprofissional que o acompanhará atra- vés de diversos exames, proporcionando segurança e sucesso ao tratamento, já que o paciente é pré-disposto geneticamente a tal doença. Ao longo de tantos anos tratando pacien- tes com obesidade, vimos que não trata- mos a obesidade em si, mas sim, o paciente que está obeso. Importante esclarecer que sendo a obesidade considerada um estado físico transitório e mutável, não podemos tratá-la como definitiva, logo consideramos que o paciente está obeso e não “é obeso”. Assim, na busca por um tratamento ade- quado para cada paciente como ser único, devemos levar em conta sua vida, suas ex- pectativas quanto aquela doença, suas dú- vidas e medos que muitas vezes permeiam também seu meio social e familiar. A cirurgia bariátrica, aqui abordada, por si só não irá resolver definitivamente o pro- blema de obesidade do paciente, mas pro- põe-se a ser uma poderosa ferramenta que oferece ao paciente condições e mecanis- mos para que ele assuma o papel de prota- gonista no combate à doença de que ele é portador e tenha uma vida mais saudável, leve e longeva. “O caminho para alcançar esse objetivo não será fácil, mas você não estará sozinho nessa caminhada, por isso o objetivo deste ebook é de lhe ajudar e informar sobre como chegar mais tranquilo a sua meta.” Dr. Walter Feitosa Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 5ÍNDICE AUTORES Dr. Adorísio Bonadiman 1. Graduação em medicina pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). 2. Residência Médica em Cirurgia Geral Avançada pelo Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo (IAMSPE-SP) no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPE-SP). 3. Especialista em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD). 4. Área de Atuação em Cirurgia Bariátrica pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD). 5. Especialização em Endoscopia pelo Serviço de Endoscopia do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPE-SP). 6. Mestre em Ciências da Saúde pelo Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo (IAMSPE-SP). 7. Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC). 8. Membro Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD). 9. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED). 10. Membro Associado da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). 11. Membro Aspirante da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica (SOBRACIL). 12. Professor Assistente de Clínica Cirúrgica do Curso de Medicina do Centro Universitário Ingá (UNINGÁ). Consultório: Centro Médico do Bosque. Av. Nóbrega, 590. Zona 4, Maringá – PR. CEP 87014- 180. Telefones: (44) 3265-1444 (44) 3262-5713 (44) 99175-3535 www.dradorisio.com.br @dradorisiobonadiman @dradorisio Prof. Adorísio Bonadiman https://www.instagram.com/dradorisiobonadiman/ https://www.facebook.com/dradorisio https://www.youtube.com/channel/UCYnjNmt2sIgWJEoQraHrTeQ Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 6ÍNDICE AUTORES Dr. Walter Feitosa 1. Graduação na Universidade Federal do Ceará (UFC-CE). 2. Residência Médica em Cirurgia Geralpelo Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo (IAMSPE-SP) no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPE-SP). 3. Residência Médica em Cirurgia do Aparelho Digestivo pelo Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo (IAMSPE-SP) no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPE-SP). 4. Título de especialista em Coloproctologista pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP). 5. Mestre em Ciências da Saúde pelo Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo (IAMSPE-SP). 6. Doutorando em Biotecnologia pelo RENORBIO na UECE-CE. 7. Membro associado do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC). 8. Membro associado da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). 9. Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica (SOBRACIL). 10. Cirurgião e Preceptor (Residência e Internato) do Instituto Dr. José Frota (IJF-CE). 11. Sócio-Diretor do Instituto AMO de tratamento da obesidade – CE. Consultório: Instituto AMO - R. Jaime Pinheiro, 36 - Sala A - Patriolino Ribeiro, Fortaleza - CE, 60810-250 Telefone: (85) 3181 4522 (85) 99942-2648 (85) 3486 6300 (Clínica Endoscopy) www.walterfeitosa.com.br @walter.feitosa Dr Walter Feitosa Walter Feitosa https://www.instagram.com/walter.feitosa/ https://www.facebook.com/drwalterfeitosa https://www.youtube.com/channel/UCOTQUR93uUzF03lI0u3HRLw Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 7ÍNDICE Obesidade: Uma doença crônica que precisa ser tratada.1 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 8ÍNDICE Não se trata apenas uma questão estética. O acúmulo excessivo de gordura corporal leva ao comprometimento funcional, dire- to ou indireto, de diversos órgãos e siste- mas do corpo, influenciando diretamente na qualidade e no tempo de vida das pesso- as. Vale ressaltar que diversos estudos têm demonstrado que os indivíduos portadores de obesidade grave vivem, em média, me- nos tempo que indivíduos não obesos. Cientes disso é importante ainda esclare- cermos que, em nenhuma hipótese e por motivo algum, cabe qualquer tipo de pre- conceito ao tratarmos deste tema. Vale fri- sar: a obesidade é um problema de saúde, para o qual há tratamentos, e deve ser en- carada desta maneira. Simples assim. Va- mos aos fatos. O excesso de peso corporal ocasiona dire- tamente comprometimento articular de membros inferiores e da coluna vertebral. No paciente obeso, com o passar dos anos as articulações dos tornozelos, joelhos, quadril e a própria coluna lombar apresen- tam desgaste precoce, lesões de ligamen- tos ou tendões e, em casos mais graves, até mesmo fraturas por sobrecarga. Estes fatos levam a sintomas que podem ir desde do- res para se movimentar até limitações físi- cas que obrigam o paciente a se submeter a procedimentos cirúrgicos importantes, como colocação de próteses. Outros, terão necessidade de auxílio para deambular ou permanecerão acamados, com necessidade de cuidados por terceiros em período inte- gral. A obesidade influencia diretamente o fun- cionamento do nosso sistema cardiovascu- lar. Pessoas obesas mais frequentemente apresentam hipertensão arterial sistêmica e são mais propensas a desenvolver infarto agudo do miocárdio, arritmias e acidente vascular cerebral (derrame) entre outros. Além disso, a pressão alta no paciente obeso é de mais difícil manejo e requer frequente- mente múltiplos medicamentos para con- trole. Ademais, a obesidade está associada a uma maior incidência de alterações ruins do colesterol circulante, o que também fa- vorece problemas cardiovasculares. Um problema muito comum entre pacien- tes obesos e muitas vezes negligenciado é a apneia do sono. O primeiro passo para o tratamen- to bem sucedido da obesidade é encará-la como uma doença crô- nica multifatorial, de proporções pandêmicas e tratamento multi- disciplinar, que traz consequên- cias físicas, psicológicas e sociais importantes se não for abordada adequadamente. Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 9ÍNDICE O paciente com obesidade normalmente apresenta um ronco irregular, com pausas respiratórias prolongadas seguidas de ron- cos intensos, que são sinais marcantes da apneia do sono. Esta comorbidade repre- senta um problema em que o paciente não é capaz de ter um sono profundo e restau- rador, permanecendo cansado ao acordar e com muita sonolência diurna. Isso acarreta diversos problemas, desde baixa produti- vidade no trabalho e risco elevado de aci- dentes de trânsito até maior propensão a doenças cardiovasculares. De todos os problemas associados a obe- sidade, provavelmente o mais conhecido e mais comentado é o diabetes tipo 2. Para controlar o açúcar em nosso sangue, o pân- creas, um órgão localizado na parte supe- rior do abdômen, produz uma substância chamada insulina. Esta, ao ser lançada na corrente sanguínea, atua auxiliando na re- tirada do açúcar circulante e o seu uso ou armazenamento em determinados órgãos, como fígado, cérebro e músculos. O ex- cesso de gordura corporal dificulta a ação da insulina, quadro chamado de aumento da resistência periférica à insulina (popu- larmente pré-diabetes), o que leva inicial- mente a uma sobrecarga no funcionamen- to do pâncreas para produzir mais insulina e compensar este aumento da resistência. Com o passar do tempo, inicia-se uma fa- lência pancreática, com perda da capacida- de de produção da insulina, quadro que co- nhecemos por diabetes tipo II. A obesidade é o principal fator de risco para este tipo de diabetes. O tratamento do excesso de peso corporal é parte fundamental tanto da pre- venção quanto do tratamento desta grave doença. Além disso, diversas outras situações estão associadas a obesidade: gordura no fíga- do (esteatose hepática), doença do refluxo gastroesofágico, pedra na vesícula (colelití- ase), infertilidade e impotência sexual, ová- rios policísticos, depressão e hemorroidas. Até mesmo a Covid 19, uma novidade para todos nós durante o ano de 2020, segundo estudos já publicados, apresenta-se fre- quentemente mais grave em pacientes aci- ma do peso. Retorno aqui ao início: a obe- sidade é um problema de saúde e deve ser encarado como tal. Mas fique tranquilo, há tratamentos bastante efetivos, sendo a Ci- rurgia Bariátrica uma excelente opção para casos indicados, como veremos a seguir. Se você é obeso, pergunte a quem já o viu dormindo se você costuma roncar muito. Caso afirmativo, pergunte se o ronco é muito irregular. FAÇA O TESTE! Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 10ÍNDICE Cirurgia Bariátrica e Metabólica: Segurança e efetividade no tratamento da obesidade. 2 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 11ÍNDICE2 Cientes de que a obesidade deve ser enca- rada como uma doença, vamos conversar sobre as formas de tratamento. Inicialmen- te, é preciso frisar que se trata de um qua- dro crônico que requer tratamento conti- nuado e multidisciplinar. Se me permitem uma analogia, “o tratamento da obesidade deve ser encarado como uma maratona, em al- guns casos como uma prova de Ironman, nun- ca como uma corrida de 100 metros rasos”. A abordagem inicial deve ser clínica e in- vestigativa. Diversos profissionais devem atuar em conjunto para se obter um claro diagnóstico situacional do paciente e de seu entorno (família e trabalho) e estabe- lecer medidas adequadas de tratamento clínico inicial. Assim, o endocrinologista irá investigar e tratar eventuais distúrbios fun- cionais que possam favorecer a obesidade, como hipotireoidismo por exemplo. Cabe ao médico endocrinologista também o tra- tamento medicamentoso da obesidade, indicado para alguns pacientes como me- dida inicial. Em conjunto, a atuação de um profissional nutricionista deve buscar diag- nosticar e corrigir distúrbios ou distorções alimentares. Importante frisar que “dietas milagrosas” não trazem efeito real e dura- douro no controle da obesidade. É preciso uma reeducaçãoalimentar, uma real mu- dança de hábitos. Você deve se propor a realizar modifica- ções em sua dietas de forma sustentável, para que consiga manter por longos perí- odos, sem que haja sofrimento ou prejuízo para sua saúde. Um educador físico experiente irá montar uma rotina de atividade física adequada para o paciente acima do peso, de forma a levar ao máximo de gasto calórico com um menor risco de lesão física associada, além de trabalhar através do exercício de força a manutenção da massa magra e consequen- te aumento do gasto energético. Diversos outros profissionais como cardiologistas, pneumologistas, ortopedistas e outros, po- dem ser necessários na abordagem clínica da obesidade para pacientes específicos e serão requisitados conforme o caso. Para aqueles pacientes que não apresen- tam a perda de peso necessária com o trata- mento clínico e que preencham os critérios exigidos pela legislação atual, que apresen- taremos no capítulo 3, a cirurgia bariátrica é uma opção viável, segura e eficiente na maioria dos casos. O tratamento cirúrgico da obesidade já vem sendo tentado, com índice crescente de sucesso, há cerca de 50 anos, mas é desde a década de 1980 que tem sido realizado nos moldes que conhe- cemos atualmente. Um psicólogo ou psiquiatra irá ajudar a diagnosticar, lhe dar suporte e ferramentas para tra- tar transtornos comportamen- tais que possam acarretar um perfil compulsivo e estejam as- sociados ao ganho de peso. Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 12ÍNDICE Na década de 1990, com o advento e a pro- pagação da videocirurgia e com o grande desenvolvimento tecnológico dos mate- riais cirúrgicos, a cirurgia bariátrica passou a ser realizada por meio de técnicas mini- mamente invasivas, aumentando a segu- rança e acelerando a recuperação do pa- ciente. Hoje, para pacientes com indicação adequada para o tratamento cirúrgico e em mãos de equipes experientes, a cirurgia ba- riátrica é realizada com muita segurança e com um breve período de recuperação, proporcionando excelentes resultados em termos de perda de peso e controle de do- enças associadas. Estes resultados são mantidos a longo pra- zo tanto pelo efeito da cirurgia quanto pela incorporação, por parte do paciente, de no- vos hábitos alimentares, sociais e de ativi- dade física em sua rotina. É importante ressaltarmos, entretanto, que o a cirurgia não é um tratamento “isola- do e definitivo” da obesidade. A abordagem e o seguimento com uma equipe multidis- ciplinar são imperativos para o sucesso do tratamento cirúrgico da obesidade a longo prazo. Pode-se dizer que a cirurgia vai tra- zer perda de peso ao paciente. Mas a ma- nutenção desta perda ponderal após vários anos irá depender, além da técnica cirúrgica empregada, de mudanças comportamen- tais do paciente, com reeducação alimen- tar, prática de atividade física devidamente supervisionada e acompanhamento clínico e psicológico entre outros fatores. A cirur- gia é uma parte importante (e talvez a mais efetiva) no tratamento da obesidade. Mas é apenas uma parte integrante de um proces- so mais amplo. Isso deve ficar claro. Por fim, devemos citar que não só o pacien- te obeso mórbido tem indicação hoje em dia de cirurgia bariátrica, mas pacientes com obesidade leve (Grau 1) associado a diabetes mellitus de difícil controle pos- suem a possibilidade terapêutica de uma cirurgia metabólica (tecnicamente igual a bariátrica mas com foco no equilíbrio me- tabólico e não na perda de peso). Na maioria dos casos, em cer- ca de 85%, a perda do excesso de peso é mantida após pelo menos 5 anos de realizada a ci- rurgia, algo muito superior aos números alcançados pelo trata- mento clínico isolado. Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 13ÍNDICE “Estou acima so peso, posso fazer a bariátrica?” 3 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 14ÍNDICE Esta é uma pergunta recorrente no con- sultório. Afinal, para quem a cirurgia bari- átrica está indicada? Bom, para responder a esta pergunta, é necessário entender o que é o Índice de Massa Corporal (famoso IMC), pois este é o critério, embora passível de críticas, mais utilizado para avaliar se o peso apresentado por um indivíduo está de acordo com sua superfície corporal. Trata- se de um valor obtido pela divisão do peso corporal pela altura do paciente multipli- cada por ela mesma, através da seguinte equação: Segundo a legislação vigente no Brasil (Re- solução 2.131/15 do Conselho Federal de Medicina de 2015) e de acordo com as re- comendações da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, a cirurgia bariátrica poderá ser empregada nos se- guintes casos: Pacientes com 18 anos ou mais; Obesidade refratária ao tratamento clínico adequado por pelo menos dois anos; Condições cognitivas satisfatórias para entendimento adequado do procedi- mento cirúrgico e de suas implicações; Apresentar obesidade grau III (IMC 40 Kg/m2) independente de apresentar ou não outras doenças OU obesidade grau II associada a pelo menos uma doença ocasionada ou piorada pelo aumento do peso corporal, que pode ser: - Diabetes tipo 2; - Hipertensão arterial sistêmica; - Dislipidemia (alterações de co- lesterol); - Apneia do sono; IMC < 18 baixo peso / desnutrição; 18 ≤ IMC < 25 peso adequado; 25 ≤ IMC < 30 sobrepeso; 30 ≤ IMC < 35 obesidade grau I; 35 ≤ IMC < 40 obesidade grau II; IMC > 40 obesidade grau III (obesidade mórbida). O resultado será apresentado em Kg/m2 de superfície corporal e terá a seguinte in- terpretação: (PESO) IMC= ou IMC = P (Kg) ÷ ALT2 (m) (ALTURA x ALTURA) CLIQUE AQUI E CALCULE SEU IMC Exemplo = você pesa 100 kg e pos- sui 1,60 de altura temos o seguinte cálculo: 100 ÷ 1,60 x 1,60 : 39. En- tão você possui IMC de 39,0 com classificação de obesidade grau 2. https://dradorisio.com.br/calcule-o-seu-imc/ Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 15ÍNDICE Casos que eventualmente não estejam con- templados nos critérios acima devem ser discutidos com equipes multidisciplinares experientes no tratamento da obesidade e a decisão do melhor tratamento sempre individualizada. - Osteoartropatias de tornozelos, joelhos, quadril ou coluna ocasio- nadas ou pioradas pelo excesso de peso; - Outras: infarto agudo do mio- cárdio, acidente vascular cerebral (derrame), arritmias, doença coro- nariana, gordura no fígado (estea- tose hepática), doença do refluxo gastroesofágico, pedra na vesícula (colelitíase), infertilidade e impo- tência sexual, ovários policísticos, depressão e hemorroidas. Apresentar obesidade grau I e diabetes tipo 2 de difícil tratamento em indivídu- os que preencham os critérios específi- cos da Resolução 2.172/17 do Conselho Federal de Medicina de 2017 que versa sobre a chamada Cirurgia Metabólica. É fundamental frisar que o tratamento ci- rúrgico fica reservado para pacientes obe- sos há pelo menos 5 anos e que possuem pelo menos 2 anos de tratamento clínico adequadamente conduzido (acompanha- mento com endocrinologista, em uso de medicações adequadas e com seguimento com nutricionista e psicólogo) sem obter sucesso. Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 16ÍNDICE Primeiros passos para a Cirurgia Bariátrica. 4 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 17ÍNDICE Para os pacientes elegíveis para cirurgia bariátrica, qual o caminho a percorrer? Esta é uma dúvida recorrente em nossos con- sultórios. O primeiro passo é procurar um médico especialista no tratamento da obe- sidade, em geral um Cirurgião Bariátrico. Durante este atendimento inicial, em uma consulta bastante detalhada, será verifi- cado se o paciente de fato irá se beneficiar do tratamento cirúrgico, ou seja, se possui indicação para a cirurgia (vide Capítulo 3) e se não possui contraindicações à mesma. Nesta primeira consulta serão investigadas doenças e medicamentos usados, hábitos alimentares, rotina de atividade física e há- bitos sociais, como etilismo e tabagismo. Até mesmoo uso de drogas ilícitas, deve ser verificado e exposto ao médico sem constrangimento para que se possa definir da melhor forma a estratégia a ser aplicada ao paciente. Neste momento deverão ser expostas ao paciente todas as particularidades de uma eventual cirurgia, desde os aspectos mais positivos até aqueles menos animadores, como as restrições alimentares e a neces- sidade de suplementação de micronutrien- tes que ocorrerá após a cirurgia. Ao final da consulta, havendo indicação para a cirur- gia, serão solicitados diversos exames e o paciente será encaminhado para avaliação por equipe multidisciplinar. Endoscopia Digestiva Alta com biópsia; Ultrassonografia de Abdômen; Radiografia de Tórax; Exames Laboratoriais (sangue - poden- do variar com perfil do paciente); Prova de Função Pulmonar; Eletrocardiograma; Ecocardiograma; Polissonografia (para casos seleciona- dos, mas tendência atual é fazer para pesquisa de apneia do sono); Densitometria Óssea (para casos sele- cionados). Os principais exames solicitados são: “Estou acima do peso e acho que me enquadro nos critérios para tratamento cirúrgico da obesidade. O que faço agora?” ATENÇÃO ! Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 18ÍNDICE Cirurgião Bariátrico; Endocrinologista; Psicólogo; Nutricionista; Cardiologista; Pneumologista. Outros profissionais (fonoaudiólogo, ginecologista, urologista, ortopedista, A equipe multidisciplinar para avaliação pré-operatória de cirurgia bariátrica nor- malmente é composta por: dentista entre outros) podem ser consulta- dos a depender da particularidade de cada paciente. Após esta avaliação inicial e realização de exames e consultas interdisciplinares, o paciente retornará em consulta com o ci- rurgião bariátrico. Nesta ocasião todos os exames e os laudos dos especialistas serão conferidos (sendo obrigatórios os laudos do cirurgião, endocrinologista, psicólogo, nutricionista, cardiologista e pneumologis- ta para liberação burocrática dos planos de saúde). Não havendo contraindicações, será dado seguimento ao processo. Neste momento o cirurgião deve novamente expor quais téc- nicas cirúrgicas existem para tratamento da obesidade e opinar sobre qual delas me- lhor se aplica àquele caso, bem como dizer se há alguma contraindicação a alguma das técnicas para o paciente em questão. Ao final, juntos, paciente e cirurgião definem qual técnica será utilizada na cirurgia. A escolha da técnica cirúrgica é definida pelo cirurgião por meio de informações dos exames e das avaliações pré-operatórias, sendo compartilhada a decisão com o paciente. Dr. Adorísio Bonadiman ATENÇÃO ! 5 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 19ÍNDICE Avaliação multidisciplinar: Precisa mesmo? 5 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 20ÍNDICE A resposta, simples e objetiva, é SIM. Na verdade, não só é preciso como é funda- mental. Através da avaliação multidiscipli- nar, desde a indicação para o procedimento cirúrgico até presença de distúrbios que possam interferir negativamente na cirur- gia são verificados. Ademais, após a cirur- gia, a atuação desta equipe, em conjunto, garante o melhor resultado ao paciente. Lembre-se sempre de que “o tratamento da obesidade deve ser encarado como uma maratona, em alguns casos como uma pro- va de Ironman, nunca como uma corrida de 100 metros rasos”. Os principais compo- nentes da equipe são os seguintes: Médico Cirurgião Bariátrico: É o responsável pela condução da avalia- ção pré-operatória e da cirurgia bariátrica em si. Normalmente é quem faz a indica- ção da cirurgia e define, em conjunto com o paciente, qual técnica será empregada. Recomenda-se que seja dotado de conhe- cimento técnico em cirurgia digestiva, es- pecialmente em cirurgia bariátrica e em cirurgia videolaparoscópica. O compor- tamento ético e profissional do cirurgião também deve ser levado em consideração. O paciente deve se informar sempre. Lem- bre-se de que o seu cirurgião deverá fazer o seu acompanhamento a longo prazo. Por isso, a empatia também é fundamental. Médico Endocrinologista: É, em conjunto com o Cirurgião Bariátrico, um elemento fundamental. Com este es- pecialista, que deve ser alguém afeito ao tratamento da obesidade, o paciente irá verificar se não apresenta distúrbios meta- bólicos que favoreçam a obesidade ou que possam comprometer ou modificar a indi- cação cirúrgica, além de realizar os trata- mentos clínicos iniciais necessários. Após a cirurgia, distúrbios metabólicos que po- dem ocorrer são diagnosticados e tratados com auxílio do Endocrinologista. Nutricionista: Também é uma peça-chave no tratamento da obesidade. Conforme já dissemos an- teriormente, não se recomendam dietas para tratamento da obesidade, mas sim uma reeducação alimentar, algo complexo e que requer ajuda profissional. Caberá ao nutricionista avaliar antropometricamente cada paciente, ponderando exames labora- toriais, doenças associadas e rotina dietéti- ca. Isso poderá ser feito em até 4 consultas para ser então emitido laudo técnico nutri- cional. Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 21ÍNDICE Durante essas avaliações, o profissional deve orientar a alimentação no período pré-operatório, com foco na adesão ao tra- tamento e na perda de peso para melhorar condições durante a cirurgia em si, tendo como meta a perda de 5 – 10% do peso cor- poral até a data da operação. Deve também montar um plano alimentar detalhado para o período pós-operatório imediato, o que pode variar conforme o perfil do paciente e de acordo com a expertise do nutricionista, mas geralmente é composto de: 1ª fase: dieta líquida em torno de 50ml a cada 30 minutos, duração em torno de 10 a 15 dias. O objetivo desta fase é o repouso gástrico, adaptação e hidratação. 2ª fase: dieta pastosa, alimentos em consistência de gelatina ou purê. Duração em torno de 10 a 15 dias. Tem por objetivo manter o repouso gástrico e iniciar a tran- sição para dieta branda. 3ª fase: dieta branda, alimentos bem cozidos e macios. Duração em torno de 15 a 30 dias. Nesta fase a mastigação exausti- va deverá ser incentivada. 4ª fase: dieta livre ou normal a partir do primeiro mês de cirurgia, dependendo da tolerância individual. Novos hábitos ali- mentares deverão fazer parte desta fase, onde proteínas e alimentos nutritivos se- rão prioridade. Além disso, em consultas periódicas após a cirurgia, o nutricionista será fundamental para verificar e corrigir eventuais hábitos alimentares inadequados, reduzindo o ris- co de intercorrências como entalo, diar- reia, Dumping e o temido reganho de peso. Psicólogo: O tratamento da obesidade envolve mu- danças comportamentais importantes e definitivas na vida do paciente. Eventuais distúrbios psicológicos associados à ali- mentação, bem como a propensão a doen- ças com depressão e dependência química, devem ser investigados por este especialis- ta. No período pós-operatório, o profissio- nal em psicologia ajuda o paciente a melhor entender e se adaptar a sua nova realidade. A avaliação pré-operatória consiste nor- malmente em 4 sessões, dependendo da demanda que o paciente apresenta naque- le momento. Se divide em sessões de en- trevista clínica, aplicação de instrumentos e testes psicológicos, entrevista com o fa- miliar e/ou pessoa que irá ajudar no perío- do de recuperação da cirurgia, e entrega do relatório psicológico como descrito abaixo: ATENÇÃO ! Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 22ÍNDICE 1ª sessão: É realizado entrevista clí- nica e orientação sobre o planejamento da avaliação psicológica. 2ª sessão: Aplicação de instrumen- tos e testes psicológicos. 3ª sessão: Entrevista com a família e/ou pessoa que irá ajudar no período de recuperação da cirurgia. 4ª sessão: Entrega do relatório psi- cológico e orientações sobre o acompanha- mento psicológico no pós-operatório. Naturalmente, o acompanhamento psico- lógico seguirápelo pós-operatório, quan- do ocorrem muitas mudanças na vida do paciente, incluindo alterações em sua au- toimagem e no perfil dos relacionamentos, tanto na forma afetiva como na sexual, sen- do fundamental o seguimento psicológico para auxiliar na adaptação ao novo estilo de vida. Nos dias que sucedem a cirurgia, o acompanhamento psicológico ocorre nas fases de evolução da dieta (fase difícil dos “copinhos”) e posteriormente de forma periódica de acordo com perfil de cada pa- ciente. Educador físico: A perda ponderal sustentada requer uma rotina de atividade física. Com a perda ponderal há uma mudança no centro gravi- tacional do paciente e um educador físico pode orientar melhor as atividades físicas e corrigir eventuais vícios posturais. Além disso, no período pré-operatório, qualquer atividade física deve ser supervisionada por um profissional competente para redu- zir os riscos de lesões devidas ao excesso de peso corporal. Outros profissionais como psiquiatras, pneumologistas e cardiologistas entre outros, serão incorporados à equipe con- forme a necessidade individual de cada paciente ou para avaliação de risco opera- tório específico. O segredo para o sucesso de qualquer cirurgia bariátrica é a avaliação completa e criteriosa com exames de qualidade e equipe experiente. Dr. Walter Feitosa ATENÇÃO ! Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 23ÍNDICE Principais técnicas cirúrgicas utilizadas no tratamento da obesidade. 6 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 24ÍNDICE No Brasil temos 5 procedimentos cirúrgicos e um procedimento endoscópico liberados pelos órgãos reguladores para tratamento da obesidade. Existem diversas técnicas promissoras, mas que ainda carecem de comprovação científica adequada e não têm, portanto, respaldo do Conselho Fede- ral de Medicina nem da Sociedade Brasilei- ra de Cirurgia Bariátrica e Metabólica para uso rotineiro no tratamento da obesidade. Abaixo descreveremos as principais carac- terísticas das técnicas autorizadas para uso no Brasil. Todos os procedimentos cirúrgi- cos podem ser realizados com segurança pela videolaparoscopia. 1. Gastroplastia Redutora com Deriva- ção Gastrojejunal em Y de Roux, mais conhecida popularmente por Bypass gástrico antigamente chamado de cirur- gia de Fobi-Capella, é um procedimento em que se realiza uma secção no estômago com uso de grampeadores transformando o estômago funcionante, por onde pas- sará o alimento ingerido, em uma câmara com capacidade para cerca de 30 a 50 mL, chamada de pouch gástrico, que se junta com uma alça intestinal. A maior parte do estômago e a parte inicial do intestino fi- cam excluídos do trânsito alimentar, sendo chamados, respectivamente, de estômago excluso e alça biliopancreática, configu- rando então o que chamamos de bypass ou Y de Roux. Esta cirurgia atua na perda ponderal através da redução da capaci- dade gástrica, da redução da absorção de nutrientes e do estímulo hormonal na re- dução do apetite. É o procedimento tradi- cionalmente mais realizado no tratamento da obesidade, com excelentes resultados a médio e longo prazo, tanto no controle do peso corporal quanto no controle da glice- mia nos pacientes previamente diabéticos. Além disso favorece o controle do refluxo gastroesofágico nos pacientes portadores desta doença. Por outro lado, por ser uma cirurgia em que se desvia o trânsito natural dos alimentos, ela altera significativamente a absorção de nutrientes, sendo necessária a suplemen- tação frequente, por vezes permanente, de vitaminas e oligoelementos, como vi- taminas do complexo B, vitamina D, ferro e zinco entre outros. É necessário acom- panhamento perene do paciente para que complicações nutricionais sejam preveni- das. Bypass gástrico (Fonte SBCBM) Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 25ÍNDICE 2. Gastrectomia Vertical, também cha- mada de Sleeve esta cirurgia se caracte- riza pela remoção de uma parte do estô- mago, reduzindo seu volume para cerca de 15% do normal. O estômago fica então com o formato de um tubo e capacidade de 100 a 150 ml. Não há desvio intestinal, ou seja, o alimento percorre todo o trajeto normal- mente pelo intestino. Esta cirurgia tem se popularizado nos últimos anos por ser, em teoria, um procedimento menos complexo que o bypass, uma vez que a abordagem é apenas no estômago. Apresenta bons re- sultados para casos bem selecionados, com obesidade grau II ou grau III com IMC pró- ximo a 40 Kg/m2 e que não apresentem do- ença do refluxo gastroesofágico. Apresenta uma efetividade menor que o bypass em pacientes obesos extremos e no controle da glicemia nos diabéticos. Além disso, para pacientes menos focados no controle dietético e na prática de atividade física, há um risco maior de ganho de peso após alguns anos da realização da cirurgia. Juntos, o bypass e o sleeve representam mais de 90% dos procedimentos cirúrgicos para tratamento da obesidade realizados em nosso país. 3. Derivações Biliopancreáticas (Ci- rurgia de Scopinaro e Duodenal Swi- tch) são duas técnicas pouco utilizadas no Brasil, mas que apresentam excelentes re- sultados no controle da glicemia e na perda ponderal a médio e longo prazos. No procedimento de Scopinaro, que leva o nome do médico italiano, falecido em 2020, que difundiu a técnica, realiza-se uma re- moção parcial do estômago seguido de uma junção do estômago remanescente com a parte mais distal do intestino delgado. Já na técnica do Duodenal switch, uma gas- trectomia vertical é realizada (semelhante a um sleeve) e, em seguida, é feito um des- vio da primeira porção do intestino com a parte distal do intestino delgado. Estas duas técnicas promovem intensa re- dução na absorção de nutrientes e, se por um lado permitem excelente controle de peso e glicemia, por outro aumentam o risco de complicações nutricionais graves após a cirurgia. Sleeve gástrico (Fonte SBCBM) Cirurgia de Scopinaro (Fonte SBCBM) Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 26ÍNDICE 4. Banda Gástrica Ajustável técnica pouco utilizada no Brasil. É realizada atra- vés da colocação de um dispositivo silico- nado inflável ao redor da parte proximal do estômago com o implante de um conector abaixo da pele do abdômen para regulação do grau de insuflação do mesmo. Inicial- mente promissora, com o tempo mostrou- -se pouco efetiva na perda do excesso de peso corporal e associada a diversas com- plicações de difícil tratamento. Está em de- suso no mundo todo. 5. Balão Intragástrico (não cirúrgico) única técnica endoscópica para tratamen- to da obesidade liberada para uso rotineiro no Brasil. É um procedimento relativamen- te simples, caracterizado pela colocação de um balão, com cerca de 600 ml de ca- pacidade, inflado no interior do estômago. Pode permanecer por até 12 meses, de- pendendo das especificações do fabricante do produto. Para pacientes com obesidade grau II ou superior, entretanto, apresenta resulta- do limitado, especialmente a longo prazo. Após a remoção do dispositivo, é comum o reganho de peso. Apesar de baixo risco de complicações graves, é comum náuseas, dor abdominal e vômitos, especialmente nos primeiros dias após a colocação, o que leva cerca de 10 a 15% dos pacientes a não tolerar e solicitar a retirada do balão nos primeiros dias. Diversas outras técnicas de tratamento cirúrgico ou endoscópico da obesidade estão sendo estudadas. No entanto, até o momento, estes são os procedimentos au- torizados pelos órgãos reguladores (CFM e SBCBM) em nosso país. A presença deste balão gera uma sensação de saciedade e uma redução na capacidade de ingesta alimentar. Apresenta bons re- sultados para pacientes com sobrepeso ou obesidade leve (IMC abaixo < 35 Kg/m2). Banda gástrica ajustável (Fonte SBCBM) Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 27ÍNDICE Como escolher a melhor técnica para cada paciente? 7 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 28ÍNDICE A escolha datécnica a ser empregada cer- tamente é um dos momentos mais aguar- dados pelo paciente. Afinal, quem decide: o médico ou o paciente? A resposta é: os dois. O médico deve explicar todos os aspectos positivos e negativos de cada procedimen- to para que o paciente, ciente dos fatos, possa participar da decisão. Por outro lado, cabe ao médico, após realizados todos os exames e todas as avaliações, levando em consideração a história pessoal, familiar e social do indivíduo, bem como seu desejo e expectativas acerca da cirurgia, opinar so- bre qual técnica apresenta maior potencial de resultado positivo para atender aos an- seios do paciente. Veja alguns exemplos de fatores que influenciam na decisão: 1. Paciente com sintomas severos de doen- ça do refluxo gastroesofágico: a gastrecto- mia vertical deve ser evitada e o bypass é a técnica mais adequada; 2. Paciente com história familiar importan- te de câncer gástrico: o bypass deve ser evitado, devido à exclusão de parte do es- tômago nesta técnica, o que dificulta futu- ras avaliações desta parte do órgão. Neste caso o sleeve deve ser considerado; 3. Pacientes com obesidade importante e diabetes tipo 2 de difícil controle: as de- rivações biliopancreáticas podem ser uma boa opção; 4. Pacientes com osteoporose ou osteope- nia: o sleeve pode ser uma boa alternativa, uma vez que não apresenta caráter forte- mente disabsortivo e, dessa forma, tende a não piorar a osteopenia. A escolha da melhor técnica para cada caso deve, portanto, ser realizada após todos os exames e avaliações pré-operatórios se- rem realizados, em comum acordo entre ci- rurgião e paciente, com vistas a um melhor resultado. Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 29ÍNDICE Os dias que antecedem a cirurgia. Precisa perder peso para operar? 8 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 30ÍNDICE A resposta é: não faça isso. Conforme dis- semos anteriormente, no tratamento da obesidade, a cirurgia é apenas uma etapa. O seu tratamento da obesidade foi inicia- do no dia em que você procurou o cirur- gião bariátrico pela primeira vez. Durante as avaliações e exames pré-operatórios, é importante que o paciente busque estabili- zar ou até reduzir o peso corporal. Nos dias mais próximos à cirurgia, é fundamental que o paciente perca algum peso, por me- nor proporção que seja. A perda de peso reduz a gordura no fígado e, com isso, o ta- manho deste órgão. Além disso, a perda de peso melhora o espaço intra-abdominal e a visualização durante a cirurgia. “Já cumpri todas as etapas: passei em consulta, fiz os exames, fiz as avaliações, retornei com o cirur- gião, a cirurgia está liberada e a data está marcada. E agora? O que faço? Posso aproveitar para fazer umas despedidas da obesi- dade??? churrascaria, pizzaria, doces...” Estes e outros benefícios da perda ponde- ral se refletem em uma cirurgia mais rápida e mais segura para o paciente, com menor chance de complicações, como sangramen- tos durante a cirurgia e as temidas fístulas nos dias subsequentes. Além disso, busque fazer atividade física de leve a moderada intensidade e um intenso treinamento de fisioterapia pulmonar. Este fato leva a uma melhora da performance cardiopulmonar e a uma recuperação mais rápida e com me- nor índice de complicações como atelecta- sia, pneumonia e embolia pulmonar. Portanto, o período anterior ao ato cirúrgi- co deve ser encarado como parte integran- te e fundamental do processo de emagre- cimento. O comportamento do paciente nesta fase influencia diretamente no resul- tado de todo o tratamento. O tratamento da obesidade se inicia já na primeira consulta com o cirurgião bariátrico, não no dia da cirurgia. Dr. Walter Feitosa CUIDADO! 9 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 31ÍNDICE A Cirurgia – da consulta pré- anestésica ao centro cirúrgico. 9 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 32ÍNDICE Vencido o período de avaliações e as buro- cracias pré-operatórias, como se for o caso a liberação da cirurgia junto aos convênios, caminhamos para o tão aguardado dia da cirurgia. Vamos a algumas dicas e esclare- cimentos desta fase. Consulta Pré-Anestésica: A maioria dos serviços, inclusive o nosso, recomenda que o paciente passe por uma consulta pré - anestésica. Trata-se de uma etapa impor- tante, na qual um médico anestesiologista irá questionar vários aspectos relevantes para o sucesso do procedimento como do- enças apresentadas, medicamentos utiliza- dos, histórico de alergias, irá checar todos os exames feitos pelo paciente e realizar um exame físico detalhado (inclui pesqui- sa do perfil de intubação), buscando defi- nir melhor tipo de anestesia (normalmen- te anestesia geral exclusiva) e minimizar o risco associado durante o procedimento cirúrgico. Neste momento também, o pa- ciente e familiares podem tirar qualquer dúvida que eventualmente possua quanto à anestesia e recuperação após cirurgia. Este é um passo que adiciona ainda mais tranquilidade e segurança ao processo. Internação Hospitalar: Procure descan- sar bastante na véspera da cirurgia e, se possível, vá dormir cedo. No dia da cirurgia, procure o setor de internação do hospital no horário orientado por sua equipe. Não se esqueça de levar os documentos e obje- tos orientados a seguir. Sobre a documen- tação, sugerimos que sejam separados com antecedência para que aborrecimentos e estresse desnecessários sejam evitados no esperado dia do procedimento. Caso seja permitido pelo hospital, leve um acompa- nhante de sua confiança que possa te au- xiliar no período de internação. Interne em jejum ou conforme orientado pelo seu mé- dico. Para a internação, recomendamos o seguinte: Seguir o período de jejum recomen- dado pela equipe médica assistente; Levar documentos de identificação pessoal; Levar carteirinha do convênio; Levar guia de internação entregue pelo médico responsável; Levar objetos de higiene pessoal (es- cova de dente, shampoo, desodorante...); Levar TODOS os exames e avalia- ções realizados durante o processo; Levar meia elástica de média com- pressão (comprimento ¾), conforme pres- crição médica; Levar dispositivo Respiron para fi- sioterapia respiratória perioperatória, con- forme solicitação médica; ATENÇÃO! Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 33ÍNDICE Retirar todos os dispositivos metáli- cos implantados em seu corpo, como brin- cos, piercings e colares. Os apliques de ca- belo também devem ser removidos; Evitar o uso de esmaltes nas unhas. Eles podem gerar interferências com o lei- tor de oximetria e necessitar de remoção durante a cirurgia; Recomendamos que NÃO SEJAM LEVADOS objetos de alto valor, dinheiro ou cartões de crédito se não houver real necessidade; Checar junto ao setor de internação do hospital se há a necessidade / possibili- dade de permanência de acompanhantes; Usar máscara facial se houver neces- sidade, conforme a indicação das autorida- des locais de saúde. Preparação e Encaminhamento ao Centro Cirúrgico: após acomodado em seu quarto, o serviço de enfermagem fornecerá roupa específica de uso necessário para o centro cirúrgico. Um acesso venoso será providenciado para uso de medicamentos e hidratação (no pró- prio quarto ou no centro cirúrgico). Além disso, será oferecido para alguns perfis de paciente um medicamento de efeito an- siolítico para que os minutos que antece- dem a cirurgia sejam mais agradáveis. Em seguida você será encaminhado ao centro cirúrgico, cerca de 1 hora antes do horário previsto, para os preparativos finais para o procedimento cirúrgico. Após realizada a cirurgia, o paciente irá permanecer na sala de recuperação anes- tésica por cerca de 2 horas (já sem tubo da anestesia), até que esteja bem acordado e possa retornar ao quarto. Em algumas ra- ras ocasiões, devido a problemas de saúde do paciente ou a dificuldades durante a ci- rurgia e anestesia, poderá haver a necessi- dade de encaminhar o paciente à Unidade de TerapiaIntensiva (UTI) onde permane- cerá monitorizado e sob intensa vigilância nas horas subsequentes até condição de alta para o quarto. Nas primeiras horas após o procedimento, alguns pacientes sentem dor leve a mo- derada inerentes ao trauma cirúrgico que após medicações e evolução do tempo de repouso se resolvem, dando uma ótima qualidade no pós-operatório para que o paciente sente, vá ao banheiro, ande ativa- mente com ajuda do familiar e inicie a “fase dos copinhos” no dia seguinte. Fique tranquilo, durante todo o tempo você será auxiliado por pessoas (grupo de enfermagem, nutrição, fisioterapia e médi- cos plantonistas) que dedicam suas vidas para cuidar bem de outras pessoas. Todos estarão trabalhando com muita seriedade e comprometimento para o seu bem estar e para sua segurança. Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 34ÍNDICE Os primeiros dias após a cirurgia. 10 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 35ÍNDICE 10 Após realizada a cirurgia o paciente perma- nece na sala de recuperação anestésica até que esteja bem acordado e possa retornar ao leito. Recomenda-se que o paciente use meia elástica de média compressão para preven- ção de trombose venosa profunda. Pode haver dor abdominal de leve a moderada e náuseas após a cirurgia, o que é facilmente controlado com medicamentos habitual- mente prescritos. No dia seguinte à cirur- gia inicia-se a dieta (fase dos copinhos), que será líquida, coada e com volume restrito (média de 30-50 ml a cada 20-30 minutos). A alta hospitalar geralmente ocorre no se- gundo dia após o procedimento, desde que não ocorram complicações. No quarto, algumas horas após a cirurgia, o paciente é estimulado a deambular e a iniciar a fisiote- rapia motora e respiratória (com auxílio do RESPIRON). A dieta deverá ser líquida e coada na primei- ra semana, com volume reduzido e então, após este período, poderá haver progres- são, sempre de acordo com as orientações do profissional nutricionista. O paciente geralmente deverá retornar ao consultó- rio do cirurgião para acompanhamento pós-operatório programado aos 15, 30, 90 dias além de a cada 3 meses até final do pri- meiro ano ou conforme necessidade para casos específicos. Além disso, deverão ser agendadas previamente as consultas com os profissionais da equipe multidisciplinar (em especial nutricionista e psicólogo) para acompanhamento de exames e progressão da dieta alimentar.Em casa, recomenda-se que o pa- ciente use a meia elástica por 15 a 30 dias, conforme orientado no momento da alta hospitalar. As medicações prescritas para uso domiciliar geralmente são: analgésicos, anti-inflamatórios, protetor gástrico e heparina de baixo peso para prevenção de trombose venosa. (o anticoagu- lante será aplicado numa prega cutânea - barriga, braço ou coxa - num horário já estabelecido no hospital de 7-14 dias a depender do caso) Nos primeiros 30 dias que suce- dem à cirurgia, deve-se dar pre- ferência para medicamentos lí- quidos. Comprimidos devem ser macerados e cápsulas abertas, ingerindo-se apenas o seu conte- údo interno (pó ou grânulos). A ingestão de comprimidos ou cápsulas deve ser evitada pelo elevado risco de im- pactação no estômago ou na anastomose gastrojejunal, podendo levar a úlceras ou outras complicações locais. IMPORTANTE! Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 36ÍNDICE Dieta antes e após a cirurgia. 11 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 37ÍNDICE11 O controle dietético é algo fundamental para o tratamento da obesidade. No perío- do que antecede a cirurgia, recomenda-se que o paciente faça uma restrição de ali- mentos hipercalóricos buscando alcançar algum grau de perda ponderal e de redução na esteatose hepática. Estes objetivos não só refletem o comprometimento do pa- ciente com o tratamento de sua obesidade, como também trazem segurança adicional ao procedimento. Nos 3 a 5 dias anteriores ao procedimento cirúrgico, recomenda-se uma dieta líquida bastante restrita buscan- do máximo de redução da esteatose e, por conseguinte, do volume hepático. É óbvio, portanto, que as farras alimentares (famo- sas despedidas) que antecedem à cirurgia são contraindicadas, pois contradizem o que explicamos anteriormente. No período pós-operatório, a dieta geral- mente é reintroduzida pela equipe médica no dia seguinte ao procedimento. Reco- menda-se uma dieta hídrica no primeiro dia (água, chás, gelatinas, água de coco, Gatorade...) a um volume de 30 a 50 mL a cada 30 minutos. Havendo boa aceitação, é recomendada uma dieta líquida coada por 5 a 7 dias. Depois destes primeiros dias, se- gue um período de cerca de uma semana a mais de dieta líquida não coada, no mesmo volume. Apenas após este período de cerca de 2 semanas, a dieta será progredida con- forme protocolo do serviço e orientação da nutricionista responsável, geralmente para pastosa e, enfim, alimentos de consistência normal. O uso de açúcar deve ser evitado nos primeiros 6 meses, sendo recomendá- vel o uso de adoçantes de baixo teor caló- rico ou consumo de alimentos “in natura” neste período. É fundamental o acompa- nhamento nutricional com um profissional experiente em cirurgia bariátrica pois se- rão recomendadas quantidades específicas para estes pacientes de macro e micro nu- trientes como proteínas, carboidratos e al- guns alimentos além de orientações sobre conduta alimentar inerente ao caso. Importante frisarmos novamen- te o papel fundamental do nutri- cionista neste processo (sugeri- mos reler o capítulo 5). Além da montagem do cardápio periope- ratório, o papel deste profissio- nal é imprescindível na reeduca- ção alimentar. Orientações que vão desde a escolha dos alimentos, formas de preparo, periodicida- de, tempo de cada refeição, qualidade da mastigação e modo adequado de consumo são fundamentais na perda ponderal e na prevenção da recidiva da obesidade. Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 38ÍNDICE Atividade física após a cirurgia. Quando e como fazer? 12 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 39ÍNDICE Atividade física após a cirurgia. Quando e como fazer? Conforme já foi salientado neste texto, a manutenção da perda de peso a médio e longo prazos depende não apenas da cirur- gia, mas também de outros fatores, como a reeducação alimentar e a prática regular de atividade física. Antes da cirurgia, devido ao peso elevado e risco de lesões osteoar- ticulares, recomenda-se a prática de exer- cícios leves ou moderados, sob adequada supervisão. Além de facilitar a perda ponderal anterior à cirurgia, este hábito melhora a perfor- mance cardiopulmonar e facilita a retoma- da de exercícios após a cirurgia. Ou seja, a atividade física pré-operatória ajuda a me- lhorar o resultado pós-operatório e a dimi- nuir os riscos da cirurgia. Após a cirurgia bariátrica, recomenda-se que já no primeiro dia o paciente inicie ca- minhadas leves e curtas dentro do próprio quarto ou no corredor do hospital, evitando ficar longos períodos parado. Nesta fase, o objetivo é a melhora circulatória nos mem- bros inferiores, com consequente redução do risco de trombose venosa profunda. Após 15 dias, já no conforto de seu lar, deve acrescentar caminhadas leves de cerca de 20 a 30 minutos uma ou duas vezes ao dia. Após 30 dias do procedimento caminhadas mais intensas são estimuladas e passados 60 dias da cirurgia todas as modalidades de atividade física já são liberadas, inclusive musculação e levantamento de peso. É de extrema importância que o paciente seja assessorado por um profissional edu- cador físico, com formação adequada e ca- pacidade técnica para montar uma rotina de atividades personalizada para cada pa- ciente. A perda ponderal leva a mudanças posturais dos pacientes que, se não forem devidamente diagnosticadas e corrigidas, podem precipitar lesões graves durante as atividades. A correção postural é frequentemente ne- cessária e parte integrante do processo nesta fase. “Éde extrema importância que o paciente seja assessora- do por um profissional edu- cador físico, com formação adequada e capacidade técnica para montar uma rotina de atividades personalizada para cada paciente.” Adorísio Bonadiman Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 40ÍNDICE “Quanto peso irei perder e em quanto tempo?” 13 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 41ÍNDICE “Quanto peso irei perder e em quanto tempo?” Esta é uma pergunta recorrente no con- sultório e vale ressaltar que estar bem in- formado das possibilidades reais de perda de peso relacionadas ao tempo de cirur- gia e ainda as particularidades que podem ocorrer de pessoa para pessoa, irá reduzir a ansiedade do paciente que não deverá em momento algum usar comparações ou criar expectativas irreais ou apressadas sobre a perda do excesso de peso. Apesar do valor variar entre os diversos es- tudiosos do assunto, uma perda ponderal superior a 50% do excesso de peso corpo- ral já representa um bom resultado para o tratamento cirúrgico, embora este número seja frequentemente superior a 60%. En- tretanto, o total de peso perdido irá variar de acordo com diversos fatores, como a técnica cirúrgica empregada e as caracte- rísticas individuais de cada paciente. Após um bypass, por exemplo, espera-se uma perda em torno de 75% do excesso de peso ou 35% do peso total do indivíduo, variando de 30 a 40% de acordo com as características constitucionais e compor- tamentais de cada um. Por outro lado, após um Sleeve gástrico, a perda será entre 25 e 30% do peso total ou 60 a 65% do exces- so de peso corporal. Lembramos que estas duas técnicas somadas representam mais de 90% das cirurgias bariátricas realizadas no Brasil. O período de maior velocidade na perda ponderal é representado pelos 6 primeiros meses, o que pode ser acelerado por dietas bastantes restritivas e pela prática de ativi- dades físicas. Geralmente a velocidade de perda de peso ocorre da seguinte maneira, considerando-se uma cirurgia de bypass gástrico: • 1a semana: cerca de 1 kg/dia; • 1o mês: 8 a 12% do peso corpo- ral total; • 2o mês: cerca de 6% do peso cor- poral total; • 3o mês: cerca de 4% do peso cor- poral total; • 4o ao 12o mês: cerca de 15 a 20% do peso corporal total; • Em geral a perda de peso após o primeiro ano é bastante reduzi- da, tendendo à estabilidade entre 18 e 24 meses. Vale ressaltar, entretanto, que tanto a ve- locidade quanto a perda total de peso esta- rão intimamente ligadas às características biológicas e comportamentais de cada indi- víduo. Naturalmente, para indivíduos que seguem uma dieta menos calórica e prati- cam atividade física regular sob adequada supervisão, espera-se uma perda de peso maior em relação àqueles pacientes que optam por um estilo de vida mais liberal. Além disso, os cálculos relacionados a per- da de peso devem sempre ser feitos sobre o excesso de peso e perfil da obesidade, que varia de pessoa para pessoa.SE LIGA! Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 42ÍNDICE Principais complicações da Cirurgia Bariátrica. 14 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 43ÍNDICE14 Conforme dissemos, a Cirurgia Bariátrica é um tratamento eficaz e seguro no trata- mento da obesidade. Entretanto, por mais segura que seja e por mais experiente que possa ser a equipe assistente, riscos sem- pre existirão. Todas as medidas necessárias são tomadas com o objetivo de se minimi- zar estes riscos. Abaixo listaremos as prin- cipais complicações da cirurgia bariátrica e as eventuais medidas que podem ser toma- das para reduzir o seu risco. 1. Trombose Venosa Profunda (TVP) e Tromboembolismo Pulmonar (TEP): A Trombose Venosa Profunda (TVP) refe- re-se à formação de coágulos no interior dos vasos sanguíneos, especialmente nas pernas e coxas. É uma situação cujo risco se eleva em pacientes submetidos a cirur- gias de grande porte, especialmente com longos períodos de imobilização. Além dis- so, fatores como tabagismo, doença veno- sa pré-existente (como varizes), história pessoal de doenças oncológicas e quimio- terapias ou de trombofilias, uso de deter- minados medicamentos (como anticoncep- cionais orais) e a própria obesidade, entre outros, aumentam o risco de sua ocorrên- cia. O grande risco inerente à TVP é a pos- sibilidade de Tromboembolismo Pulmonar (TEP) que ela gera, ou seja, a possibilidade de um trombo se deslocar, seguir pela cor- rente sanguínea e, ao chegar aos pulmões, impactar e dificultar a passagem do sangue, comprometendo a sua oxigenação, causan- do repercussões hemodinâmicas graves e potencialmente fatais ao paciente. O óbito após a cirurgia bariátrica é bastante raro (0,04% segundo literatura mundial), quan- do ocorre na primeira semana após a cirur- gia, a principal causa é a ocorrência de TEP grave. Cientes da frequência e da potencial gravi- dade da TVP/TEP, no período perioperató- rio da cirurgia bariátrica, medidas preven- tivas são uma preocupação constante nas equipes. As principais são: Suspensão de medicamentos de efeito pró-trombóticos, como os anticon- cepcionais orais por pelo menos 30 dias an- teriores à cirurgia; Prática regular de atividades físicas leves nos dias anteriores à cirurgia; Uso de botas pneumáticas de com- pressão intermitente durante a cirurgia; Uso de meias elásticas durante os 15 a 30 dias seguintes à cirurgia; Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 44ÍNDICE Estímulo à fisioterapia e à deambula- ção precoce após a cirurgia, já nas primei- ras 6 horas se possível; Evitar longos períodos parado no lei- to; Uso de medicamentos, como as he- parinas de baixo peso molecular, nos dias seguintes à cirurgia (7 a 14 dias). 2. Fístulas Digestivas: São relativamente raras atualmente, mas seguem sendo as complicações mais temi- das após a cirurgia bariátrica. Trata-se da ocorrência de pequenos defeitos nas linhas de grampeamento ou nas anastomoses re- alizadas nas cirurgias. Através delas, con- teúdos que deveriam permanecer na luz do trato digestivo podem extravasar para cavidade abdominal ou torácica, trazendo graves prejuízos e potencial risco à vida do paciente. Com a melhora na qualidade dos materiais e com o constante aprimoramento nas téc- nicas cirúrgicas, a incidência desta grave complicação tornou-se bastante incomum, mas não desprezível. As principais medidas para minimizar o risco de sua ocorrência são: Perda de peso pré-operatória, o que facilita e torna mais ágil o procedimento ci- rúrgico, reduzindo os riscos associados; Uso de materiais de boa qualidade, como grampeadores, fios cirúrgicos e ma- teriais de videolaparoscopia; Técnica cirúrgica adequada; Realização de testes intra-operató- rios para flagrar pequenos defeitos nas li- nhas de grampo e anastomoses, como teste do azul de metileno por exemplo; Uso de drenos em casos seleciona- dos. Vale ressaltar que o uso de drenos não reduz a ocorrência de fístulas, mas pode fa- cilitar o diagnóstico e tratamento iniciais. Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 45ÍNDICE 3. Sangramentos: Hemorragias durante e após a cirurgia po- dem ocorrer. Na maioria das vezes, são san- gramentos leves que não trazem prejuízo maior ao paciente. Entretanto, em algumas situações, sangramentos vultosos podem acontecer, necessitando inclusive de he- motransfusões. As principais causas são: • Lesões acidentais do baço ou fígado du- rante a cirurgia; • Lesões de vasos perigástricos; • Úlceras gástricas ou de anastomose após a cirurgia; • Sangramentos da parede abdominal As principais medidas para redução do ris- co de sangramento são: • Técnica cirúrgica e materiais cirúrgicos adequados; • Perda de peso pré-operatória, com o in- tuito de se reduzir a esteatose hepática e, por conseguinte, o volume do fígado; • Uso de medicamentos para prevenção de úlceras, como os inibidores da bomba São mais comuns após cirurgias que envol- vam tanto o estômago quanto o intestino, com o bypass gástrico, devidoà presença de brechas que podem permanecer e fa- vorecer as herniações. Também podem ocorrer após o Sleeve, sendo neste caso associadas a formação de aderências in- tra-abdominais. Para prevenção, cuidados técnicos intra-operatórios adequados, com fechamento dos espaços entre as alças que possam favorecer rotações, são recomen- dados. de prótons (Omeprazol, Pantoprazol, Eso- meprazol, Lansoprazol, Dexilansoprazol ou Rabeprazol). 4. Hérnia Internas: As chamadas hérnias internas (popular- mente “nós no intestino”) são rotações nas alças intestinais, que podem ser observa- das após realização de qualquer cirurgia no abdômen, e levam à dor recorrente ou à obstrução intestinal. Complicações em qualquer cirurgia são possíveis mas devido a criteriosa preparação da cirurgia bariátrica esses riscos atualmente são controlados e baixos. Dr. Walter Feitosa Hérnia interna após cirurgia de bypass gástrico (Fonte SBCBM) Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 46ÍNDICE 5. Deficiências Nutricionais e Desnu- trição Proteico-calórica: A desnutrição proteico-calórica grave é rara após a cirurgia bariátrica e, quando acontece, geralmente é observada após cirurgias de derivação biliopancreática ou está associada a problemas técnicos na ci- rurgia de bypass, como desvios excessiva- mente longos no intestino. Já deficiências nutricionais são comuns e representam um lado negativo esperado da cirurgia. Isso acontece porque as alterações no trânsito alimentar, propositalmente confecciona- das na cirurgia, trazem prejuízo na absor- ção de nutrientes. Se por um lado esta di- ficuldade absortiva é importante na perda e no controle ponderal, por outro lado po- dem trazer deficiências nutricionais impor- tantes, como de vitaminas B12, ácido fólico e ferro, necessitando de constante reposi- ção pós-operatória. As principais medidas preventivas são: Adequado acompanhamento nutri- cional após a cirurgia; Reposição profilática de vitaminas e sulfato ferroso; Realização de exames periódicos e correção de eventuais deficiências obser- vadas; Uso de técnicas cirúrgicas já consa- gradas, com baixo potencial de desnutrição grave associada. Outras complicações (como hematoma / infecção das feridas operatórias, pneu- monia por atelectasias e úlceras gástricas) também podem ocorrer e devem ser dis- cutidas com a equipe responsável pelo tra- tamento. Importante ressaltar que, apesar do risco de complicações, o custo-benefício da cirurgia bariátrica bem indicada e bem conduzida é extremamente favorável, su- plantando os riscos indicados pela baixíssi- ma incidência dessas complicações. Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 47ÍNDICE Cuidados estéticos e cirurgia plástica reparadora após Cirurgia Bariátrica. 15 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 48ÍNDICE Inicialmente é preciso dizer que associar grandes perdas de peso a uma melhora es- tética imediata é um equívoco. A ausência do conteúdo gorduroso e perda proteica inicial poderá se associar a um excesso de pele, queda de cabelo e alterações na qua- lidade das unhas e da pele que, por vezes, pode deixar o paciente desapontado nos meses iniciais (em especial no período de 6 a 8 meses). Isso pode ser particularmen- te observado em face, braços, abdômen e seios, levando os pacientes a desejarem cirurgias corretivas. Neste fase, uma suple- mentação de proteína, vitaminas e subs- tâncias como colágeno pode melhorar a qualidade e vitalidade da pele. A cirurgia bariátrica é um procedimento que visa reestabelecer a saúde e melhorar a qualidade de vida do paciente, uma vez que a obesidade, como já dito anteriormen- te, está associada a diversas doenças (como diabetes, hipertensão arterial, dislipidemia, apneia do sono e problemas articulares) e a importantes limitações físicas. Entretanto, a preocupação estética é recorrente entre os pacientes, por isso discutiremos breve- mente aqui. Vale lembrar, todavia, que a per- da de peso, apesar de mais intensa nos primeiros 6 meses, irá perdurar por cerca de 18 a 24 meses após a cirurgia. Por isso, qualquer proce- dimento cirúrgico com finalidade estética corretiva deve ser realiza- do após este período, já com peso estabilizado. Cirurgias realizadas antes que o peso se estabilize podem apresentar prejuízo es- tético após alguns meses, devido as novas mudanças na massa corporal. Lembre-se: a cirurgia bariátrica é primordialmente para cuidar da saúde. O ganho estético acontece, não é imediato e, por isso, requer paciência por parte do paciente para se submeter a cirurgias corretivas e procedimentos esté- ticos não-cirúrgicos no melhor momento e por médico especialista, como cirurgião plástico e dermatologista, proporcionando melhores resultados. 16 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 49ÍNDICE Quem fez Cirurgia Bariátrica pode voltar a engordar? 16 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 50ÍNDICE A cirurgia bariátrica, apesar de ser uma ferramenta importantíssima no controle do excesso de peso, não representa um tra- tamento “isolado e definitivo’ no controle desta complexa entidade que é a obesida- de. É sim a principal peça de uma complexa estrutura composta, além do cirurgião ba- riátrico, por todos os membros da equipe multidisciplinar e pelo paciente que, devi- damente ciente de todo o processo de tra- tamento, deve atuar ativamente em cada uma das etapas. O insucesso no tratamento cirúrgico da obesidade, caracterizado pelo reganho de mais de 50% do peso perdido, pode ocorrer por diversos motivos, como falhas técni- cas da cirurgia ou doenças de base do pa- ciente que favoreçam o reganho de peso. Mas o fator mais importante na falha do tratamento, sem dúvida, é a baixa partici- pação do paciente no processo. É preciso que se entenda que a cirurgia é, de fato, apenas uma parte de um processo mais amplo. Após a bariátrica, é necessário man- ter uma dieta saudável, balanceada, com consumo elevado de vegetais e proteínas e menor ingesta de carboidratos e açúca- res. O acompanhamento com profissional nutricionista é indispensável. Além disso, a prática regular de atividades físicas é de mister importância na prevenção da reci- diva da obesidade. Após um período médio de 5 anos, se não houver um adequado en- gajamento do paciente, independente da técnica cirúrgica realizada, há uma chance não desprezível de reganho de peso. A ci- rurgia proporcionará ao paciente operado uma perda ponderal que outros tratamen- tos dificilmente poderão oferecer. Mas a manutenção, a longo prazo, desta perda de peso dependerá bem mais do paciente e de suas mudanças de hábito, do que do proce- dimento cirúrgico em si. “E o paciente operado que apresentou reganho de peso poderá ser operado novamente?” A resposta é “depende”. Para se indicar uma nova cirurgia bariátrica (chamada cirurgia revisional) para um paciente já operado e que apresentou recidiva da obesidade, di- versos fatores deverão ser considerados, sendo os principais: Técnica utilizada na primeira cirurgia. Por exemplo, caso um paciente que tenha se submetido a uma cirurgia de Sleeve apresente reganho de peso, ele poderá ser submetido a uma cirurgia revisional e a sua cirurgia transformada em um bypass, com perda adicional de peso. Por outro lado, para um paciente que já realizou um bypass ou uma derivação biliopancreática e teve reganho de peso, o tratamento cirúrgico da recidiva deverá ser avaliado com maior cautela, pois provavelmente não trará be- nefícios. O reganho de peso pode acon- tecer quando a técnica cirúr- gica foi mal indicada ou mal executada. Mas ela ocorre principalmente pela baixa ade- são do paciente ao seguimento multidisciplinar pós-operató- rio. Dr. Adorísio Bonadiman Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 51ÍNDICE Presença de problemas na cirurgia inicial que possam ser corrigidos por novo ato cirúrgico. Caso o paciente apre- sente alças excessivamente curtas ou fístu- las no pouch gástrico eo estômago excluso após um bypass, por exemplo, poderá haver benefício em um tratamento cirúrgico. Importante ressaltar, entretanto, que o tratamento da recidiva da obesidade após uma cirurgia inicial não é primordialmen- te cirúrgico. A cirurgia nesta situação fre- quentemente traz ganhos frustrantes em termos de perda de peso. Ressalto novamente o que disse em opor- tunidades anteriores: “o seu tratamento da obesidade deve ser encarado como uma maratona, em alguns casos como uma pro- va de Ironman, nunca como uma corrida de 100 metros rasos”. A cirurgia não deve ser encarada como um caminho mais fácil, mas sim como parte importante de um longo ca- minho a seguir. Converse muito com seu cirurgião e, estan- do seguro de suas escolhas, encare a cirur- gia como uma excelente ferramenta no au- xílio do tratamento da obesidade, esta vilã que pode roubar importantes momentos de sua valiosa vida. Outros fatores como doenças de base, baixa prática de atividade física e, principalmente, hábitos alimentares inadequados são mais relevantes e devem ser corrigidos. Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 52ÍNDICE Autoestima e Sexualidade. 17 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 53ÍNDICE A obesidade como doença crônica e infla- matória interfere também no eixo hormo- nal tanto de homens como de mulheres, causando transtornos no âmbito da sexua- lidade e autoestima. Muitos são os fatores que podem levar a essas alterações como distúrbio da autoimagem, vergonha com o corpo atual, ansiedade e depressão, que levam a mentalização de culpa e fracasso quanto ao desempenho sexual. Além de fa- tores orgânicos que a obesidade interfere, em especial, nos hormônios que dão a libi- do sexual. Nossa equipe médica e multidisciplinar fi- cam atentas a essas demandas tanto no pré-operatório com avaliações periódicas do psicólogo e, quando necessário, da gi- necologista (sexóloga) e urologista, como também após a cirurgia bariátrica por sa- ber que existem mudanças e benefícios en- volvidos. Essas alterações positivas com o emagrecimento e resolução/controle das doenças associadas são: Melhora do condicionamento físico e da resistência sexual. Menor vergonha do corpo (aceitação da sua nova autoimagem). Menor medo de falhar no ato sexual. Menor desconforto ou dores na ato se- xual. Diminuição da disfunção erétil. Aumento do apetite sexual. Aumento da quantidade e qualidade das relações sexuais por melhor vida social e/ou relação do casal. Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 54ÍNDICE Contracepção e Gestação. 18 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 55ÍNDICE Naturalmente, a paciente que irá se subme- ter a uma cirurgia bariátrica não deve estar grávida pelo alto risco de complicações que a cirurgia em si ou que a anestesia acarreta ao feto (abortamento, sangramentos, en- tre outros). Todas as pacientes que vão se submeter a esta modalidade de tratamento devem fazer uma avalição com o ginecolo- gista para que, durante este processo cirúr- gico associado a perda de peso importante, a paciente busque meios de não engravi- dar. É necessário que se indique um méto- do contraceptivo efetivo para mulheres em idade fértil, sendo muito recomendados os métodos injetáveis ou colocação de Dispo- sitivo Intrauterino (DIU). Métodos como uso de preservativo e tabelinha não são in- dicados pelo alto índice de falhas. O uso de anticoncepcionais orais deve ser avaliado caso a caso pois, a depender do procedi- mento cirúrgico realizado, a absorção pode ser alterada no pós-operatório e sua eficá- cia comprometida. Uma gestação durante o período de per- da ponderal intensa pode ser catastrófica, com danos irreparáveis à saúde materna e fetal. A restrição alimentar e perda de peso materna acentuada podem trazer compli- cações como restrição ao crescimento fe- tal, malformações e demência. Ressalta-se ainda que, independente do momento da gestação, o acompanhamento por profissional gineco-obstetra é impera- tivo para reduzir o risco de complicações como atrasos no desenvolvimento fetal, partos prematuros, pré-eclâmpsia e dia- betes gestacional, entre outras, associadas ou não ao procedimento bariátrico prévio. Lembre-se: gestação deve ser planejada e devidamente acompanhada por profissio- nais competentes para que corra na mais perfeita ordem e segurança, tanto para a mãe quanto para o feto. A orientação geral é que apenas após pelo menos 18 meses da re- alização da cirurgia bariátrica, com peso estável e com as doen- ças associadas resolvidas ou con- troladas, as pacientes devam ten- tar engravidar. Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 56ÍNDICE Mitos e Verdades em Cirurgia Bariátrica 19 Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 57ÍNDICE 1. Cirurgia bariátrica leva à dependência alcoólica. 2. Cirurgia bariátrica leva à queda de ca- belo. 3. Após 1 ano de cirurgia, os pacientes vol- tam a engordar. 4. Obesidade aumenta o risco de câncer. 5. Quem faz cirurgia bariátrica não con- segue se alimentar direito e têm vômito e entalo com frequência. 6. Ficarei com flacidez após a cirurgia. Pacientes portadores de obesidade que são submetidos ao tratamento cirúrgico seguindo critérios adequados de indicação e seguimento pré e pós-operatório adequa- do por equipe multidisciplinar raramente apresentam este tipo de problema. No en- tanto, para pacientes que já apresentam tendência ao consumo exagerado de bebi- da alcoólica, após a cirurgia, com as limita- ções alimentares oriundas do método ci- rúrgico empregado, pode haver uma troca de compulsão e o uso abusivo do álcool se tornar um problema recorrente. Certamente você já ouviu um monte de informação, positivas e negativas, sobre a cirurgia bariátrica. De forma bem objetiva, elencamos a seguir alguns mitos e algumas verdades sobre o tema. Veja: tanto, com algumas medidas clínicas, como reposição de vitaminas, oligoelementos e colágeno, este efeito pode ser bastante re- duzido. Um acompanhamento com profis- sional nutricionista e dermatologista ajuda muito. E o mais importante: esta queda não é definitiva. Fique tranquilo. Durante o período inicial, geralmente do terceiro ao oitavo mês após a cirurgia, pode haver queda acentuada de cabelo. No en- A maioria dos pacientes adequadamente selecionados e submetidos a técnicas cirúr- gicas consolidadas para tratamento da obe- sidade apresentam manutenção da perda de peso após vários anos da cirurgia. A mé- dio e longo prazos, a cirurgia bariátrica é o tratamento mais efetivo para tratamento da obesidade. Diversos estudos têm demonstrado que a obesidade representa um fator de risco para muitas outras doenças graves, entre elas, diversos tipos de câncer em diferen- tes órgãos, como esôfago, estômago, intes- tinos, pâncreas, vesícula biliar, fígado, rins, mamas ovários, endométrio e tireoide en- tre outros. Por outro lado, a perda de peso leva a uma redução significativa deste risco, confirmando a importância do tratamento efetivo da obesidade. Na maioria das vezes, os sintomas de vômi- to e entalo são oriundos de erros alimenta- res pós-operatórios, como o hábito de co- mer rápido e mastigar pouco os alimentos. Pacientes que façam acompanhamento nu- tricional adequado pré e pós-operatório ra- ramente apresentam alguma destas quei- xas. A perda ponderal significativa e rápida pode levar a uma flacidez especialmente de braços, seios, face e abdômen. Entretan- to, algumas medidas como reposição ade- quada de colágeno e vitaminas e a prática adequada de atividade física podem ajudar a contornar este problema. Para aquelas áreas com sobras de pele, após estabilizado o peso, pode ser indicada cirurgia plástica reparadora. MITO EM TERMOS EM TERMOS MITO MITO VERDADE Cirurgia Bariátrica: Transformando vidas. 58ÍNDICE 7. A Covid-19 é mais grave em pacientes obesos. 8. Quem faz cirurgia bariátrica pode ter pedra na vesícula. 9. O acompanhamento com nutricionista e psicólogo é opcional após
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