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Direito Processual Civil II – Recursos Aula 02/10/20 Teoria Geral dos Recursos Conforme o conceito do jurista José Carlos Barbosa Moreira, o Recurso consiste no: “Remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão judicial”. Deve-se inicialmente salientar que o Recurso não é definido como uma obrigação. A obrigação surge como um dever jurídico de reparação, adimplemento, restituição. No entanto, nos casos em que há uma sentença contra determinado interesse, há a possibilidade de recorrer, sem que haja a obrigação de recorrer. O recurso encontra-se impregnado pela ideia de ônus, em que o indivíduo pode ou não se resignar acerca da decisão que fora proferida. Entretanto, caso o recorrente resigne-se e não recorra, este terá que suportar os efeitos da coisa julgada que não fora obstada pelo recurso (que deixou de ser interposto). A ideia de remédio voluntário encontra-se relacionado ao princípio dispositivo que concerne ao interesse da parte, que será o elemento que determinará a ação. É idôneo pois deve ser útil, aptidão para modificar a decisão a ser impugnada e não pode ser apenas mais um ato que não é capaz de modificar a decisão. O recurso figura dentro do mesmo processo principal, característica esta que o difere essencialmente das chamadas Ações autônomas de impugnação. A exemplo de tais ações pode-se citar o mandado de segurança, o habeas corpus, o habeas data, entre outros que, ao invés de serem interpostos, são impetrados. Por sua vez, os Recursos são sempre interpostos, uma vez que se encontram no interior do mesmo processo, não inaugurando uma nova relação processual. As finalidades ensejadoras do Recurso são as de Reformar (colocar outra decisão no lugar da anterior proferida), Invalidar (tornar nula a decisão anterior, ensejando nova decisão sobre a matéria), Esclarecer/ Integrar (ações promovidas pelos Embargos de Declaração sobre a decisão que se busca corrigir. Tal esclarecimento será dado no sentido de suprir omissão, aclarar obscuridade, eventualmente corrigir erros e remover contradições). OBS! A função de integrar a decisão está intimamente relacionada com o Recurso de Embargos de Declaração. Nesse contexto, diante de decisões que possuem vícios, a partir do recurso dos embargos de declaração, provoca-se o órgão que proferiu tal decisão para que este supra o vício existente, dando nova decisão para que supra a anterior. Embora existam, a partir desse ponto, duas decisões, a segunda decisão integra a primeira. Classificações dos Recursos Os recursos poderão ser classificados em: a) Totais ou parciais (art. 1.002 do CPC) – os recursos poderão impugnar a decisão no todo (recursos totais) ou em partes (recursos parciais). Quando a decisão encontra-se totalmente contrária ao interesse do recorrente, mas se coaduna em partes com os precedentes oriundos do STJ ou do STF, o juiz, de acordo com o dever de respeito, somente poderá aplicar a decisão dos precedentes. Nesse sentido, o recurso seria melhor interposto caso impugnasse a decisão apenas parcialmente; b) De Fundamentação livre ou vinculada – os recursos poderão ter a fundamentação livre, sua confecção poderá trazer a dedução de argumentos fáticos e jurídicos. O termo “fundamentação livre” não deve ser confundido com a falta de técnica em relação à produção deste. Direito Processual Civil II – Recursos Aula 02/10/20 A fundamentação vinculada, presente principalmente nos recursos dirigidos às Cortes de vértice, possuem a característica vinculativa relacionada ao direito, não incluindo aí o exame de fatos ou provas (pelo menos no que diz respeito ao seu conteúdo, em relação à prova). Devido a isso, tais recursos são também denominados de recursos de direito estrito. c) Ordinários e extraordinários – os recursos ordinários se destinam aos Tribunais que farão a análise do direito no contexto fático, no contexto da prova. Já os recursos extraordinários são aqueles recursos que se dirigem para as Cortes de precedentes. Os ordinários são de fundamentação livre e os extraordinários de fundamentação vinculada; d) Principal ou adesivo (Art. 997, §§ 1º e 2º) – no momento em que a sentença é publicada e as partes tomam conhecimento desta, as partes possuirão um prazo para oferecem a impugnação. Conforme o Novo CPC/15 o prazo geral de interposição para todos os recursos (exceto para os Embargos de Declaração, que possui prazo especial de 5 dias) de 15 dias, contados a partir da publicação da decisão prolatada. No momento em que recorre, a parte contrária será intimada para oferecer contrarrazões ao recurso interposto, no mesmo prazo que a parte interessada possuiu para a interposição deste, ou seja, 15 dias. Após esse período o recurso subirá para a análise do Tribunal. No entanto, há situações específicas que envolvem decisões de procedência parcial, que abrigam uma sucumbência recíproca (isto é, uma perda recíproca). A sucumbência recíproca diz respeito às situações em que a parte recorrente ganha e perde ao mesmo tempo, pois a decisão acaba sendo favorável ao autor em certa medida e favorável ao réu em outra medida. Quando a parte é intimada para apresentar suas contrarrazões a lei dispõe a ele duas opções: poderá contrarrazoar no prazo de 15 dias e poderá este ainda interpor o recurso contra o próprio recurso principal que fora chamada para oferecer as contrarrazões. Aquele que primeiro recorreu também deverá apresentar as contrarrazões nos próximos 15 dias subsequentes. Dessa forma, a parte poderá oferecer as contrarrazões e ao mesmo tempo impugnar a interposição do recurso por meio da interposição de um novo recurso. O Recurso Adesivo possui esse nome por sua característica de aderir ao recurso principal. OBS! Em relação ao recurso adesivo, é importante citar que este não consiste em um recurso propriamente dito, mas sim em uma técnica de impugnação (técnica recursal). Tal técnica já era existentes nos Códigos de Processo Civil anteriores de 73 e 79, sendo mantido pelo legislador no texto do Novo CPC. Deve-se mencionar, no entanto, que, se aquele que recorreu através do Recurso principal, desiste do curso deste, o recurso adesivo será levado à extinção. OBS! Quando o recorrente do recurso principal desiste do curso deste, o recurso adesivo é extinto. No entanto, nada impede que o recurso principal (quando o recorrente não desiste do curso deste e decide levá-lo adiante) seja improvido e o recuso adesivo seja provido. Direito Processual Civil II – Recursos Teoria Geral dos Recursos O propósito da decisão é se converter em coisa julgada. Após esse processo, logo que publicada, a decisão deixa de ser apenas uma decisão e passa a ser uma res judicata (coisa julgada). Quando a decisão transita livremente em julgado, significa dizer que não será mais cabível a interposição de qualquer Recurso contra ela. Tal processo configura-se como um dos pilares do Estado Democrático de Direito, pois assegura a existência da segurança jurídica no interior do ordenamento. O recurso possuirá como efeito, assim que interposto, o prolongamento da litispendência, isto é, manterá o litígio pendente, à medida que se estende o curso do litígio para as instâncias revisoras, ou ainda, após estas, paras as Cortes superiores, denominadas Cortes de vértice. Princípios do Modelo Constitucional do Processo O Processo possui bases constitucionais, espraiando-se também na legislação infraconstitucional. Tais princípios derivados do plano constitucional são de extrema importância para que se entenda a matéria relacionada à Teoria Geral do Processo, sendo estes: a) O Duplo grau de jurisdição (Art. 5º,LV da CF) – conforme artigo em comento, tem-se que: “Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. Para muitos doutrinadores, tal princípio não estaria respaldado pelo artigo 5º, inciso LV da CF, mas sim pelos arts. 102 e 105 do mesmo dispositivo constitucional. Dessa forma, conforme o entendimento dos Doutrinadores processuais mais conservadores, o recurso há que se refere a CF são apenas aqueles constitucionais, isto é, somente aqueles destinados às Cortes de Vértice (Recurso em sentido estrito para p STF e o recurso especial – que é extraordinário lato sensu- para o STJ). Todos os demais recursos do sistema seriam previsto no plano infraconstitucional, de modo que o princípio do Duplo grau de jurisdição só seria assegurado para os recursos constitucionais. O Duplo grau de jurisdição revela a concepção mais ampla, segundo a qual o sentido do recurso estaria também ligado àquela percepção de que este seria uma medida relacionada à própria natureza humana, uma vez que se procura sempre a uma segunda apreciação revisora. Nesse sentido a possibilidade de reapreciação paras as demandas, o sistema recursal, reproduz a irresignação humana. Em decorrência do princípio da dupla jurisdição, há sempre a emanação de que há o direito de buscar-se a decisão mais adequada aos interesses, bem como de ter assegurada a oportunidade de obter-se a reapreciação da matéria por uma segunda instância (instância revisora). O efeito devolutivo liga-se ao princípio do duplo grau de jurisdição pelo fato de relacionar-se ao ato de “devolver” para o poder judiciário (e não pra o Tribunal) uma demanda que já fora analisada em sede de 1º grau, para que seja revisada em sede de 2º grau. b) Efetividade do direito material pelo processo (Art. 1.013, §§ 3º e 4º do CPC) – caso o mérito possa ser julgado, este deverá ser julgado. Tal princípio pode ser flexibilizado diante de processos que possuem vícios insanáveis, cuja resolução do mérito torna-se impossível. No entanto, como regra do princípio fundamental é que se deve assegurar a tutela do direito material. c) Princípio da colegialidade – tal princípio diz respeito essencialmente à regra geral de que todo Tribunal deverá ser um órgão colegiado. A ideia Direito Processual Civil II – Recursos do tribunal como instância colegiada centra-se na ideia de que tal órgão deverá, em tese, possuir maior discernimento na revisão da matéria que o órgão julgador de primeira instancia. d) Princípio da reserva de plenário - A ideia de princípios fundamentais que se deve preservar, é justamente a de que os princípios deve sobrepairar o ordenamento. Segundo Alexy, são os mandados de otimização que servem para animar o funcionamento do sistema. No entanto, estes não devem ser absolutos. Existem princípios absolutos no âmbito do Processo? Muitos doutrinadores informam que não. O professor Velten alia-se à parte doutrinária que, assim como o professor Nelson Luís pinto, entende que estes princípios existem sim. Tais princípios são denominados princípios informações do processo. Conforme o Art. 97 da CF: Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. ou dos membros de seu órgão especial (art. 93, XI CRFB/88). Esta cláusula não impede que os juízos singulares declarem a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo no controle difuso, bem como não se aplica às turmas recursais dos juizados especiais, pois turma recursal não é tribunal. Deve-se ressaltar que essa cláusula só é exigida para a declaração de inconstitucionalidade, não se aplicando para a declaração de constitucionalidade, devido ao Princípio de Presunção de Constitucionalidade das Leis. Princípios Informadores do Processo Os princípios informadores se diferenciam dos princípios de base constitucional por não serem flexíveis, isto é, se caracterizam como sendo rígidos. Carregam a alcunha de princípios informadores, no sentindo de que informam a base e a sustentabilidade das normas processuais. Alguma exemplos de tais princípios são: a) Princípio da economia do processo – o processo, como atividade estatal desenvolvida sob contraditório e ampla defesa, precisa ser necessariamente econômica. Tal atividade só poderá exigir a observância de seus procedimentos no limite e na exata medida da necessidade. Não se estende o processo além do tempo necessário para que este resolva o conflito do litigioso. Isso se significa que o processo não pode, em hipótese alguma, ser prolongado para resolver as pendências litigiosas; OBS! A prova meramente protelatória deve ser excluída do processo pelo juiz! b) Princípio lógico – o princípio lógico assume a organização do Processo. Conforme tal princípio, a petição inicial vem em primeiro lugar, logo em seguida, q contestação, depois a instrução e, por fim, a sentença. Há técnicas que permitem antecipar os efeitos da decisão final, no entanto, não é permitido que as fases destes sejam trocadas ou retrocedidas. É importante mencionar que o processo não deve ser visto como um “bem social”, haja vista que este é definido como um instrumento de resolução conflitivo, litigioso. Tal princípio é ditado por Carnelutti quando este informa que o processo se constitui como o interesse qualificado por uma pretensão resistida. Isso significa que só se pode ingressar na justiça, depois que a pretensão passa a ser resistida (isso significa que somente poderá se dar prosseguimento à fase conflituosa/litigiosa após adentrar-se na fase autocompositiva, de resolução dialogada, negociada da lide.); c) Princípio político – informa que não é dado ao juiz deixar de decidir diante do processo. O sistema processual brasileiro não contempla a figura do não “não liquet” (não liquidar/não resolver). Isso significa que, diante da dúvida, o http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10626510/artigo-93-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10626510/artigo-93-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10626510/artigo-93-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10691339/inciso-xi-do-artigo-93-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10691339/inciso-xi-do-artigo-93-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 Direito Processual Civil II – Recursos juiz não poderá julgar empatada a causa. O processo exige solução da lide. O judiciário, a partir desse princípio, precisa cumprir o dever de absorver a insegurança; d) Princípio jurídico – as soluções para o sistema processual, inclusive para o nível recursal, encontram-se inseridas no Código. A exemplo do expresso no ART. 994 do CPC, em que são elencados os tipos de recursos, pode-se observar a existência do princípio jurídico, uma vez que, ao estabelecer o rol fixo de recursos, demonstra que nenhum recurso poderá existir fora de tal rol fixado pelo legislador no CPC; Direito Processual Civil – Recursos Princípios Recursais do plano infraconstitucional Os princípios aqui mencionados encontram-se, por sua vez, fora do plano constitucional, isto é, encontram-se disciplinados pela legislação processual civil e demais legislações extravagantes. a) Princípio da taxatividade(Art. 994 do CPC) – os recursos existem em números Cláudia, isto é, em numeração taxativa nós CPC (inclusos no ART. 994 do CPC). Ao todo são taxados 9 espécies de recursos, sendo estes: I- Apelação; II- Agravo de instrumento; III- Agravo interno; IV- Embargos de declaração; V- Recurso ordinário VI- Recurso especial VII- Recurso extraordinário VIII- Agravo em recurso especial ou extraordinário IX- Embargos de divergência. b) Princípio da unirrecorribilidade ou singularidade – tal princípio relaciona-se ao fato de que, para cada decisão, haverá apenas um único recurso, que, por sua vez, será próprio para combater uma única decisão. Em regra, não se deverá mais de um recurso para impugnar a mesma decisão. No entanto, excepcionalmente, encontram-se situações em que se poderá laçar- se mão de mais de um recurso para impugnar a mesma decisão, bem como são os casos de acórdão que abrigam matéria constitucional (que será impugnada por meio de recurso extraordinário interposto para o STF) e matéria federal (que será impugnada por meio de recurso especial interposto para o STJ). c) Princípio da correlação – relaciona-se ao papel que o recurso deverá cumprir. Este deverá dialogar com a decisão. Após a decisão do juiz, será levado para o tribunal as razões pelos quais a decisão impugnada precisa ser modificada, revistas. Então, nesse sentido, as alegações no recurso devem guardar relação com a decisão, no sentido de que tais alegações recursais deverão estar alinhadas com a mesma matéria/direito que é verdade na decisão. OBS! O principal papel do recurso é o de apontar para o Tribunal que a decisão possui um erro de julgamento (error in judiando) ou de procedimento (error in procedendo). Nos casos em que o recurso deixar de apontar os erros contidos na decisão, ocorre o não ataque da decisão e, devido a isso, o efeito devolutivo deixa de acontecer. Diante desses casos, o recurso deixa de ser provido. d) Princípio da fungibilidade (instrumentalidade das formas) – tal princípio decorre da instrumentalidade das formas. Relaciona-se ao fato de que o julgador pode receber um recurso, que em tese, não seria o recurso adequado para determinada decisão, mas que poderá ser aceito no lugar deste. Atualmente, tal princípio acabou perdendo espaço. O termo “fungível” expressa o poder de substituição de um bem por outro de mesma natureza que promova o mesmo efeito jurídico. e) Princípio da voluntariedade (efeito devolutivo) – decorre do efeito devolutivo e quer dizer que a impugnação da decisão deverá ocorrer na medida do interesse do recorrente. Dessa forma, será devolvido para o tribunal somente aquilo que for impugnado. Muitas vezes, os juízes, ao examinarem o recurso, acabam verificando erro claro da decisão por falta de observação de precedentes das Cortes de vértice ou dos Tribunais, no entanto, somente poderá recorrer se a parte houver provocado a impugnação, que, na maioria das vezes, não Direito Processual Civil – Recursos ocorre. Assim, o colegiado não poderá revisar a decisão e exigir a modificação desta. Não cabe ao juiz do Tribunal a correção daquilo que não foi objeto do Recurso. O próprio Processo Democrático não autoriza o Estado a imiscuir-se no conflito pessoal para a resolução deste caso não haja a provocação para tanto (há a ideia o “quantum devolutum, quantum apelatum”). f) Princípio da Dialeticidade (Súmulas 182 STJ, 284 e 287 STF) – A dialeticidade está presente na ideia de que o Processo é dialético, isto é, sempre decorrente de um diálogo. Além de ser dialético, o processo é ainda dialógico, a decisão judicial recorrível deve dialogar com as razões advindas das partes. Nesse sentido, o Recurso deve dialogar com a decisão atacada, tem que ter uma relação direta com o que está se buscando. A grande problemática da dialeticidade atualmente encontra-se, no entanto, na forma como tais decisões são escritas. g) Recorribilidade temperada das interlocutórias – Tal princípio é decorrente da evolução do CPC/15. Antigamente, todas as decisões que não colocavam fim ao processo não possuíam efeito suspensivo e, por isso, trabalhava-se como a ideia do “princípio de não suspensão dos efeitos das decisões interlocutórias”. Tal princípio começa a mudar depois que se percebe que alguns tipos de recurso poderão receber o efeito suspensivo. O principal recurso que explica tal princípio é o Agravo de Instrumento. Tal princípio sofreu mudanças profundas em sua configuração jurídica a partir do CPC de 2015. Anteriormente, durante a vigência do CPC/73, o Agravo (que antes poderia ser tanto “Retido” como “de instrumento”) era utilizado como o recurso destinado para toda e qualquer decisão interlocutória, utilizando o princípio da irrecorribilidade em separado das interlocutórias. Tal princípio aduzia que, ao se recorre, a decisão não teria como ser suspensa por efeito do recurso. A partir do CPC/15, há a mudança da forma de manuseio dos Agravos. Nesse contexto, este estabelece qual o conjunto específico de decisões que devem ser passíveis de Agravo de Instrumento (sendo estas arroladas pelo próprio CPC), excluindo, assim, a antiga ideia de destinação de tal recurso a toda e qualquer decisão interlocutória. Nessa medida, a recorribilidade das decisões interlocutórias passou a ser uma recorribilidade temperada, haja vista que houve a redução, face ao próprio conteúdo, das decisões suscetíveis de serem impugnadas pelo Agravo de Instrumento. OBS! As Decisões interlocutórias geralmente são aquelas que são proferidas durante o curso do processo. Não será proferida de maneira definitiva (no final do processo, colocando fim a este) e nem de maneira preliminar (no início do processo). h) Princípio da Consumação (preclusão consumativa) – a preclusão é um instituto que o novo CPC/15 acabou por não prestigiar. Percebe-se que o recurso de Apelação. Muitas das vezes, é interposto depois que já houve uma sequência de outros recursos interpostos contra decisões de igual natureza. O CPC/15 não prestigiou a regra da preclusão porque tentou criar um Processo Civil de resultados, fazendo com que o recurso mais importante obtivesse destaque apenas ao final do Processo. Portanto, há a eliminação das possibilidades variadas que existiam no sistema processual de recorrer-se a todo momento da decisão judicial. No passado, ainda sobre o plano processual do CPC/73, era comum que as partes utilizassem os Agravos de Instrumento com o objetivo para que a matéria não viesse a ficar preclusa, não fosse Direito Processual Civil – Recursos acobertada pela preclusão. A preclusão seria algo semelhante à coisa julgada, pois permitia que, quando proferida, a decisão não pudesse mais ser modificada. A preclusão é sempre a perda de uma faculdade processual. Atualmente, vige a ideia de preclusão consumativa que é aquela que se liga ao fato de que, após a interposição do recurso dentro do prazo legalmente estabelecido para isto, o recorrente perde a oportunidade de falar, isto é, preclui a oportunidade de falar. Dessa forma, mesmo que o recorrente apresente suas razões recursais no primeiro dia do prazo, haverá a preclusão consumativa e será aberto o prazo para que o recorrido apresente as contrarrazões do seu recurso. Resta hodiernamente então a regra abrigada pela possibilidade de recorrer da decisão, mas de se tornar preclusa a pretensão após a interposição do primeiro recurso. OBS! Apesar de serem institutos semelhantes, a coisa julgada não deve ser confundida com a preclusão. A coisa julgada é, inclusive, denominada de “preclusão máxima”. I) Princípio da Complementaridade (súmula 579 - STJ) – relaciona-se à flexibilidade do princípio da preclusão consumativa. Conformea Súmula 579 em que tal princípio encontra-se abrigado: Súmula 579 STJ - Não é necessário ratificar o Recurso Especial interposto na pendência do julgamento dos embargos de declaração quando inalterado o julgamento anterior. Aqui, o juiz dá a possibilidade da parte que já recorreu de complementar as razões do seu recurso diante das situações em que este mesmo magistrado acrescenta um novo ponto à decisão que, quando a parte interpôs sua apelação, não estava presente, não havendo também a possibilidade do recorrente saber de possíveis acréscimos, haja vista que este ponto somente fora adicionado devido ao julgamento anterior dos Embargos de Declaração. A partir da Súmula 579, o STJ declara que, se o juiz, ao julgar os Embargos de Declaração da parte contrária, não modificar a decisão/ trazer acréscimos à decisão, não será necessário exigir que a parte que já interpôs o recurso especial complemente as razões do seu recurso. j) Princípio da Proibição de Reformatio in pejus –via de regra, recurso somente poderá ser benéfico para a parte recorrente. Não podendo ser maléfico para a parte recorrente, podendo este somente beneficiar ou manter a situação existente antes da interposição do recurso. O CPC/15 flexibiliza tal regra de modo severo ao criar a regra da Sucumbência recursal. Isso significa que a parte recorrente poderá arcar com as custas relacionadas aos honorários advocatícios. Tal instituto (sucumbência recursal) possui como maior finalidade o fato de desestimular a interposição de recursos sem o prévio consentimento da parte ou apenas com o intuito protelatório. Assim os próprios profissionais advogados tendem a moldar suas atuações de maneira a evitar a sucumbência da parte que defende. Aliado a isso, soma-se ainda a desacumulação, isto é, a diminuição do acúmulo de recursos para revisão nos Tribunais Conforme o art. 85 § 11º, do CPC: Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. § 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do Direito Processual Civil – Recursos vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento.
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