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SÍNDROMES DIGESTIVAS Semiologia do adulto e do idoso – EDUARDO FERREIRA SÍNDROMES DISPÉPTICAS Dispepsia: dor ou desconforto no andar superior do abdome. Manifestações: Dor epigástrica Pirose Empachamento: saciedade precoce e digestão lenta Regurgitação Náuseas Globo faríngeo Sintomas extra-digestivos Associar: Gastrite Doença Ulcerosa Doença do refluxo gastroesofágico Câncer gástrico Dispepsia não ulcerosa – 60% ASCITE Causas: Hepáticas (cirrose e fibrose esquistossomótica) o Volumosas ascites o Edema pequeno de MMII e outras áreas o Circulação colateral Cardiocirculatórias (insuficiência cardíaca e trombose venosa) o Edema de MMII, pré-sacro, face e derrames em outras cavidades. Renais (síndrome nefrótica) o Hipoproteinemia o Retenção de sódio e água o Edema facial, pré-sacro, MMII, escrotal e derrames em outras cavidades. Inflamatória (tuberculose) Neoplásicas (tumores de fígado, ovário, estômago e carcinometose). o Sem edema de outras regiões Características do líquido: Sangue no líquido sugere neoplasia Líquido turvo ou purulento – infecções. Grande ascite – amarelo-escuro. Elementos importantes: citometria (peritonite bacteriana espontânea – cirrose alcoólica) e dosagem de albumina (gradiente sérico/líquido – indica hipertensão portal quanto maior o gradiente >1,1; quando <1,1 indica neoplasias, carcinomatose, tuberculose, síndrome nefrótica) e glicose (geralmente semelhante ao soro, mas em tuberculose há pouca no líquido). Triglicerídeos devem ser dosados quando o líquido ascítico estivar leitoso (ascite quilosa). HIPERTENSÃO PORTAL Recolhe de todas as vísceras, exceto rins e suprarrenais. Colateral Cava superior Vias de comunicação com a veia cava inferior: o Circulação profunda: Veia gástrica direita e gástricas curtas veias esofágicas veia ázigos VCS. o Circulação superficial: veias paraumbilicais veias epigástricas superiores. Hipertensão pré-hepática. CONSEQUÊNCIAS: Varizes esofágicas Esplenomegalia Ascite – pouco frequente na pré-hepática, comum nos bloqueios intra-hepáticos por cirrose. Circulação colateral superficial: cabeça de medusa. INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA Desnutrição Escurecimento da pele Hálito hepático Hematomas Ginecomastia Icterícia Asterix Aranhas vasculares Leuconíquia palmar Circulação colateral Ascite P á g i n a | 2 Edema de MMII Hepatoesplenomegalia SÍNDROME DIARREICA E SÍNDROME DISENTÉRICA A disentérica distingue-se da diarreica pela presença de muco, pus e sangue nas fezes. Disentérica: Tenesmo quase sempre Lesão orgânica do reto ou do cólon distal Shigellose, amebíase, retocolite ulcerativa, proctite e balantidíase. Falsa diarréia Fezes retidas no cólon distal e estimulam a secreção de mucosa, resultando em fezes de consistência heterogênea, com partes endurecidas (cíbalos) e partes liquefeitas. Fisiopatologia da diarréia: Presença de substâncias osmoticamente ativas no lúmen (diarréia osmótica) Hipersecreção intestinal (diarréia secretória) Alteração da motilidade (diarréia motora) Defeito de absorção (diarréia disabsortiva) Diarreia aguda: parasitárias, infecciosas, alergia alimentares, excessos alimentares, medicamentos e estresse. Crônica: início insidioso e longa duração. Causas: infecciosas e parasitárias, doenças inflamatórias inespecíficas (Crohn), síndrome de má absorção, etc. A saber: Horário, relação com a alimentação, características da fezes, tenesmos, cólicas, perda de pesos. SÍNDROME DE MÁ ABSORÇÃO Perda de peso e atraso do desenvolvimento físico Apetite preservado Edema e ascite Esteatorreia (gordura) Edema e ascite (proteínas) Distensão abdominal, flatulência, borborigmas, fezes ácidas (carboidratos) + em crianças o Alterações na cor e na textura da pele e cabelos o Palidez o Glossite o Queilite angular o Hemeralopia: visão turva o Fraqueza o Atrofia muscular o Abdome distendido o Edeme de MMII o Diarreia com esteatorreia Perda de peso, anemia (défice de ferro, folato ou vitamina B12) e diarréia crônica suspeitar de má absorção. HEMORRAGIA DIGESTIVA Melena: sangue digerido nas fezes – coloração escura e fétida. Enterorragia: sangue em coloração vermelha, com ou sem coágulos. Hematoquezia – sangue vermelho-vivo em pequena quantidade – hemorróidas, fissuras, proctites e pólipos. Região inferior, provável ânus. Hemorragias altas – antes do ângulo de Treitz acompanha hematêmese e melena. A enterorragia é mais para hemorragia baixa. Perdas de 500ml>existe manifestações:palidez, taquicardia, hipotensão arterial, sudorese, lipotímia. Hemorragia inaparente *** pressão sistólica > 100mmHg, FC abaixo de 100bpm e hemácias 3,5 milhões/mm3 *** moderada: PS 80-100; FC: 100-110; hemácias 2,5-3,5 milhões/mm3 *** maciça: PS <80; FC >110; hemácias <2,5milhões/mm3 ABDOME AGUDO Inflamatório Perfurativo Hemorrágico Obstrutivo Vascular Evolução da dor abdominal: Súbita – segundos a minutos – perfurações e rupturas Rapidamente progressiva – 1 a 2 horas – cólicas renais e biliar e isquemias P á g i n a | 3 Gradual – algumas horas - processos inflamatórios Exame físico: GERAL: sinais vitais, hidratação, icterícia e palidez, febre. Sinais de toxemia: taquicardia, taquipnéia, hipotensão, queda do nível de consciência Ausculta respiratória Exame abdominal o Inspeção Distensão abdominal Presença de cicatrizes cirúrgicas/hérnias o Ausculta Ruídos hidroaéreos hipoativos ou ausentes: íleo paralítico: irritação peritoneal X metabólico Ruídos hidroaéreos hiperativo Fase inicial as obstruções mecânicas. o Palpação Iniciar no quadrante oposto à dor Rigidez abdominal Diferenciar dor de parede para visceral Sinal de Blumberg (descompressão brusca dolorosa) Sinal de Murphy Toque retal e vaginal PERFURAÇÃO DE VÍSCERA OCA EM PERITÔNIO LIVRE Proporciona caso de abdome agudo e peritonite. ÚLCERA PÉPTICA PERFURADA Histórico de doença ulcerosa Dor em punhada, excruciante na região epigástrica que se irradia par aos ombros e acentua ao menor movimento, imobilizando o paciente em decúbito dorsal ou com o tronco fletido. Depois, dor generalizada no abdome ou se estende à fossa ilíaca direita. Raramente vômitos Abdome em tábua – contratura dos músculos abdominais Quando existe gás – desaparece macicez hepática (Sinal de Jobert). Redução do espaço de Traube Ruídos anormais na ausculta Hiperestesia epigástrica PERFURAÇÃO DA VESÍCULA BILIAR Bile derramada na cavidade peritoneal peritonite grave Choque Dor intensa em todo abdome ou na fossa ilíaca direita. Vômitos, sudorese, taquicardia. Defesa abdominal mais intensa na metade direita Não existe pneumoperitôneo Diferenciar com a úlcera perfurada, apendicite aguda e pancreatite aguda. PERFURAÇÃO DO CÓLON SIGMOIDE Peritonite grave, podendo não haver pneumoperitôneo. A dor e a defesa abdominal predominam no quadrante esquerdo. OCLUSÃO INTESTINAL Pode acompanhar de estrangulamento (interrupção do fluxo sanguíneo) agravando o prognóstico. Instalação súbita (vólvulo) ou progressiva (estenoses inflamatórias ou neoplasias malignas). Sintomas: Do abdominal – tipo cólica – intermitente, acompanhada de ruídos hidroaéreos. o A dor pode ir desaparecendo ao mesmo tempo que a distensão aumenta. Vômitos – mais precoces nos bloqueios superiores (jejuno). Inicialmente vômito bilioso (amarelado); posteriormente escuro de odor fétido: vômito fecaloide. Parada de eliminação de fezes e gases o Paciente magro o Relevo de alças distendidas o Peristaltismo de luta o Timpanismo localizado ou generalizado. o Ruídos hidroaéreos coincidindo com paroxismos de dor.Procura por cicatrizes (bridas) e hérnias. Megacólon chagásico predispões ao vólvulo do sigmóide. IMPACTAÇÃO FECAL Obstrução parcial ou total, do reto ou do cólon por um fecaloma de grande volume. Ventre distendido Timpanismo difuso Pode ter desaparecimento da macicez hepática (sobreposição de alça). Abdome flácido – pouca ou nenhuma dor à palpação profunda. Sem defesa de parede, sem irritação peritoneal PERITONITE AGUDA Penetração e colonização de bactérias patogênicas na cavidade abdominal. Propagação de um processo inflamatório (apendicite, colecistite e diverticulite) Ruptura ou perfuração de uma víscera oca Lesão do peritônio parietal (feridas penetrantes) Via hematogênica (septicemia) Bactérias comensais. O folheto visceral responde primeiro – líquido serofibrinoso. A fibrina promove adesão das alças P á g i n a | 4 intestinais entre si e com o peritônio parietal. O omento se fixa na região inflamada, bloqueando o foco infeccioso. PERITONITE AGUDA DIFUSA Peritonite aguda purulenta e peritonite aguda tóxica ou séptica, a última causa grave comprometimento do estado geral. Manifestações gerais: Dor – espontânea, exacerbada pela palpação. Defesa abdominal – sinal precoce. o Fossa ilíaca direita – clássico nas apendicites o Abdome em tábua – clássico nas úlceras perfuradas. Distensão abdominal – das alças, podendo haver íleo paralítico. Nas peritonites localizadas pode haver diarréia. Sinal de Blumberg Pressão arterial tende a baixar e convergir. A frequencia cardíaca acima de 100, quando >140 é um mau prognóstico. PERITONITE AGUDA LOCALIZADA Coleções purulentas localizadas. Apendicite supurativa – fossa ilíaca direita Abscesso perissigmoidiano – doença diverticular do sigmóide Pelviperitonite – inflamação de órgãos pélvicos feminino Abscessos subfrênicos – andar supramesocólico do abdome. Quase sempre febre e leucocitose. ÍLEO PARALÍTICO A dor não tem caráter inicial de dor de cólica intermitente como na oclusão intestinal. É contínua, de intensidade variável. Ausculta se ruídos hidroaéreos ou peristaltismos de luta. Silêncio abdominal. Causas intra-abdominais o Irritação peritoneal de origem traumática, química ou bacteriana o Anoxia isquêmica o Desequilíbrio hidroelétrico com hipopotassemia Após intervenção cirúrgica persiste inibição fisiológica de motilidade intestinal por 48-72 hrs. passou, investigar. ÍLEO ESPÁSTICO Obstrução intestinal, raro. Causas locais: irritação por parasitos intestinais, alimentos, hemorragia, ulceração. Causas reflexas: lesões ou traumatismo do plexo celíaco ou mesentérico inferior. Causas neurogênicas: uremia, saturnismo (intox. Por chumbo), tumores cerebrais, viroses, histeria. ICTERÍCIA Aumento de bilirrubina no soro, que manifesta pela coloração amarelada das conjuntivas, mucosas, pele e líquidos orgânicos. Toda icterícia se exterioriza pela coloração amarelada das conjuntivas (olhos). Se não tiver, há grande quantidade de caroteno no sangue circulante. Bilirrubina conjugada tem maior afinidade pelos tecidos. Ela é solúvel: Ao contrário da não conjugada. Síndrome de Courvoisier: presença de aumento indolor da vesícula biliar em paciente ictérico – associado ao câncer da cabeça do pâncreas. Prurido sugere colestase Vesícula palpável sugere obstrução de colédoco distal
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