Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Patologias e alterações clínicas de interesse à Medicina Veterinária Salvador-BA 2021 Por Paulo Vinícius S. Santos (@medvetcirurgica), graduando em Medicina Veterinária -UFBA CRIPTORQUIDISMO O criptorquidismo é uma alteração no trato reprodutivo de animais machos, caracterizado pela ausência de um, ou de ambos os testículos na bolsa escrotal. O(s) testículo(s) retido(s) pode estar na região inguinal (virilha) ou abdominal, sendo assim importante definirmos as possíveis condições dos machos criptorquidas: o monorquidismo é a ausência de um dos testículos na bolsa escrotal, enquanto que o anorquidismo é a ausência de ambos os testículos. O testículo fora de sua situação anatômica é um problema, pois a temperatura desse órgão costuma ser elevada e, por esse motivo, pode favorecer a hiperatividade hormonal e, posteriormente, o desenvolvimento de tumores. Esse problema acomete frequentemente suínos, equinos e cães e é de natureza hereditária. Essa condição pode estar associada ao desenvolvimento de características comportamentais e alterações hormonais, como aumento da agressividade, libido aumentada, infertilidade ou subfertilidade, que podem vir a comprometer o manejo e, também, interferir no desempenho reprodutivo de um indivíduo a ponto de tornar o animal criptorquida indesejável para fins reprodutivos. O diagnóstico é feito através da palpação dos testículos, verificando a presença ou não na bolsa escrotal. Caso estejam retidos, a ultrassonografia pode auxiliar na sua localização e que também servirá para o cirurgião planejar a abordagem (DAVIDSON, 2015). Como tratamento, indica-se a orquiectomia, que, além de reduzir a perpetuação do defeito, diminui o risco de desenvolvimento de neoplasia no testículo retido (BOOTHE, 2007; NELSON e COUTO, 2010) e só poderá ser definido após os 6 meses de vida para os cães, pois o órgão pode descer para a sua situação anatômica durante esse período. Existem raças de cães mais suscetíveis, tais como: Border Collie, Boxer, Cairn Terrier, Chihuaua, Buldogue Inglês, Greyhound, Lakeland Terrier, Maltês, Schnauzer Miniatura, Poodle Toy e miniatura, Husky Siberiano, York Shire (JERICÓ, 2015). Dentro de uma mesma raça existe a tendência de indivíduos de porte menor apresentarem o problema. (BALLABEN, 2016). Em cães sem raça definida a incidência é significativamente menor do que nos de raças definidas. (DOS SANTOS, 2008). ESPOROTRICOSE A Esporotricose é uma doença fúngica, também conhecida como “doença do Por Paulo Vinícius S. Santos (@medvetcirurgica), graduando em Medicina Veterinária -UFBA jardineiro”, causada pelo fungo Sporothrix schenckii. É uma micose subcutânea que pode afetar animais e humanos, sendo considerada, portanto, uma zoonose. Nos gatos, as manifestações clínicas são diversas, porém os sinais mais comuns a serem observados são as lesões epidermais (úlcera de pele), que são feridas profundas, com presença de prurido (pus), de difícil cicatrização e rápida piora, que, em geral, ficam confinadas nas regiões dorsais da cabeça e tronco. Os gatos são os principais animais afetados e podem transmitir a doença para os seres humanos. O fungo está presente no solo, nas palhas, vegetais e também na madeira, podendo ser transmitido por meio de materiais contaminados, como farpas ou espinhos. O animal contaminado também pode transmitir a doença, por meio de arranhões, mordidas e contato direto da pele lesionada. O diagnóstico é realizado através do exame físico, do exame citopatológico da secreção coletada e do aspirado por agulha fina, no exame histopatológico da pele acometida e na cultura fúngica. A confirmação diagnóstica é feita com o isolamento do fungo em meio de culltura a 25o C, seguido de estudo morfológico macroscópico e microscópico (NELSON & COUTO, 2006). O tratamento recomendado, na maioria dos casos humanos e animais, é a administração do antifúngico itraconazol. É um processo demorado, podendo levar alguns meses para que o animal esteja curado e deve continuar entre três a quatro semanas mesmo após a cura aparente. Podem ser administrados antifúngicos orais e, em caso de infecções secundárias, antibióticos. É uma questão de saúde pública. Portanto, medidas profiláticas são importantes para evitá-la, como higienizar o ambiente, a fim de ajudar a reduzir a quantidade de fungos dispersos, evitando contaminações. É, também, preferível aos tutores de gatos que os mantenham em casa, com acesso muito restrito ao ambiente de solo. Em caso de morte dos animais doentes, não se deve enterrar os corpos, e sim incinerá-los, para evitar que o fungo se espalhe pelo solo. CISTITE IDIOPÁTICA FELINA A Cistite idiopática felina ou intersticial felina (CIF) se apresenta como uma inflamação intersticial da bexiga, não tendo a sua etiologia bem definida de acordo com (Nunes, 2015). É uma doença muito frequente em gatos domésticos e, devido suas características, faz parte de um conjunto de enfermidades denominado de Doença do trato urinário inferior felino (DTUIF) - termo geral utilizado para descrever as várias causas de enfermidades que afetam o trato urinário inferior de felinos Por Paulo Vinícius S. Santos (@medvetcirurgica), graduando em Medicina Veterinária -UFBA (SILVA et al., 2013). A doença não apresenta predisposição racial e geralmente acomete animais entre 1 a 10 anos, com maior incidência entre 2 a 7 anos. Estudos recentes mostram que o sedentarismo e escores corporais de animais com sobrepeso a obesos são condições comuns nos quadros de CIF, visto que animais são mais comumente encontrados em domicílios com vários contactantes, são mais temerosos, nervosos e se escondem de visitantes desconhecidos nas residências. Apresentam nível de atividade e comportamento de caça menor do que os gatos clinicamente saudáveis (DEFAUW et al., 2011). A CIF pode ocorrer nas formas aguda ou crônica, sendo que na primeira ocorre a resolução dos sinais clínicos em um prazo de até 7 dias, com ou sem tratamento. Quase 50% dos gatos com essa patologia, dentro de um ano, apresentarão reincidência dos sinais clínicos (BUFFINGTON et al., 2007). REFERÊNCIAS Melo, Fernando de Oliveira; “Estudo retrospectivo da casuística de criptorquidismo em cães e equinos no hospital veterinário no período de 2015 a 2018” - Areia PB, 2018. 30 f. : il. Monografia (Graduação) - UFPB/CCA. 1. Testículo; Incidencia; Retido. I. Título UFPB/CCA-AREIA. Revista Clínica Veterinária, Ano XXVI, n. 150, p.40-48, 2021-DOI:10.46958/rcv.2021.XXVI.n.150.p.40-48; “Pseudo-hermafroditismo em cadela da raça buldogue-francês”. Petry Ludwig, Marcisa; Staziacki, Jaqueline; Salgado, Meirielly Carazzo; Veeck Pautz, Jaqueline; Serafini, Gabriele Maria Callegaro. “CRIPTORQUIDISMO UNILATERAL ABDOMINAL EM UM CÃO”. Unijuí 2016. Francisco Antônio Félix XAVIER JÚNIOR1*; Marrie da Silva DUTRA2 ; Mateus Mendes FREITAS2 ; Glayciane Bezerra de MORAIS2 ; Daniel de Araújo VIANA3 ; Janaina Serra Azul Monteiro EVANGELISTA; “A CISTITE IDIOPÁTICA FELINA: O QUE DEVEMOS SABER” - (PPGCV); (UECE). Fonte: INI/Fiocruz; “Esporotricose: pesquisadores esclarecem sobre a doença, que pode afetar animais e humanos”; Por Paulo Vinícius S. Santos (@medvetcirurgica), graduando em Medicina Veterinária -UFBA https://portal.fiocruz.br/noticia/esporotricose-pesquisadores-esclarecem-sobre-doenc a-que-pode-afetar-animais-e-humanos Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça FAMED/FAEF e Editora FAEF; “ESPOROTRICOSE EM FELINOS DOMÉSTICOS”. DrogaVET; “Esporotricose: o que é, como tratar e prevenir”; 18/12/2018; https://www.drogavet.com.br/gatos/esporotricose-o-que-e-como-tratar-e-prevenir/ Por Paulo Vinícius S. Santos (@medvetcirurgica), graduando em Medicina Veterinária -UFBA
Compartilhar