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Trauma 1 Introdução ao trauma Sabemos que o traumatismo à região facial frequentemente resulta em lesões do tecido mole, dentes e dos principais componentes do esqueleto da face, mandíbula, maxila, zigoma, complexo naso- órbito-etmoidal (NOE) e estruturas supraorbitárias. Além disso, essas lesões geralmente acontecem junto com lesões em outras partes do corpo. Assim necessitando de uma triagem rápida e detalha sobre a condição de saúde do paciente, priorizando as lesões mais graves e estabilização do paciente. A realização da fixação dessas fraturas se da após a vida do paciente estar estabilizada assim, a participação no tratamento e a reabilitação do paciente com traumatismo facial envolvem uma compreensão detalhada dos tipos, princípios de avaliação e do tratamento cirúrgico das lesões faciais Avaliação Imediata Uma boa anamnese com uma história detalhada do caso é essencial para um bom tratamento, mas antes dela e de uma avaliação física completa da área facial, deve-se cuidar das lesões severas que causam risco de morte. A avaliação é feita com base no ATLS ou ABCDE (XABCDE), onde procura garantir estabilidade cardiopulmonar, vias aéreas e pulmões adequadamente ventilados, controle de hemorragias, avaliação neurologia. (X) – Exsanguinação Contenção de hemorragia externa grave, a abordagem a esta, deve ser antes mesmo do manejo das vias aérea uma vez que, apesar da obstrução de vias aéreas serem responsável pelos óbitos em um curto período de tempo, o que mais mata no trauma são as hemorragias graves. (A) – Vias aéreas e proteção da coluna vertebral Avaliação das vias aéreas. Cerca de 66-85% das mortes evitáveis ocorrem por obstrução de vias aéreas. Para manutenção das vias aéreas utiliza-se das técnicas: “chin lift”: elevação do queixo, uso de aspirador de ponta rígida, “jaw thrust”: anteriorização da mandíbula, cânula orofaríngea (Guedel). No A também, realiza-se a proteção da coluna cervical. Em vítimas conscientes, a equipe de socorro deve se aproximar da vítima pela frente, para evitar que mova a cabeça para os lados durante o olhar, podendo causar lesões medulares. A imobilização deve ser de toda a coluna, não se limitando a coluna cervical. Para isso, uma prancha rígida deve ser utilizada. Considere uma lesão da coluna cervical em todo doente com traumatismos multissistêmicos! (B) – Boa Ventilação e Respiração Avaliar se a respiração está adequada. A frequência respiratória, inspeção dos movimentos torácicos, cianose, desvio de traqueia e observação da musculatura acessória são parâmetros analisados nessa fase. Para tal, é necessário expor o tórax do paciente, realizar inspeção, palpação, ausculta e percussão. Verificar se a respiração é eficaz e se o paciente está bem oxigenado. (C) – Circulação com Controle de Hemorragias Avaliar a circulação e a pesquisar por hemorragia são os principais parâmetros de análise. A maioria das hemorragias é estancada pela compressão direta do foco. A Hemorragia é a principal causa de morte no trauma. Os sinais vitais (frequência respiratória, pulso, pressão arterial) devem ser anatados e verificados mais de uma vez. Trauma 2 A diferença entre o “X” e o “C” é que o X se refere a hemorragias externas, grandes hemorragias. Já o “C” refere-se a hemorragias internas, onde se deve investigar perdas de volume sanguíneo não visível, analisando os principais pontos de hemorragia interna no trauma (pelve, abdômen e membros inferiores), avaliando sinais clínicos de hemorragia como tempo de enchimento capilar lentificado, pele fria e pegajosa e comprometimento do nível e qualidade de consciência. (D) – Disfunção Neurológica Avaliar o nível de consciência, tamanho e reatividade das pupilas, presença de hérnia cerebral, sinais de lateralização e o nível de lesão medular são medidas realizadas. Nessa fase, o objetivo principal é minimizar as chances de lesão secundária pela manutenção da perfusão adequada do tecido cerebral. Importante aplicar a escala de goma de Glasgow atualizada. (E) – Exposição Total do Paciente Avaliar extensão das lesões e o controle do ambiente com prevenção da hipotermia são as principais medidas realizadas. O socorrista deve analisar sinais de trauma, sangramento, manchas na pele etc. A parte do corpo que não está exposta pode esconder a lesão mais grave que acomete o paciente. O tratamento das lesões de cabeça e pescoço deve, geralmente, ser adiado até que uma completa avaliação, exame e a estabilização do paciente tenham sido realizados. Porem muitas vezes, algum tratamento inicial é geralmente necessário para a estabilização do paciente. A manutenção das vias aéreas do paciente é de vital importância. Com frequência, as fraturas dos ossos da face comprometem severamente a ventilação do paciente, em especial quando ele está inconsciente ou em posição supina. As fraturas de mandíbula mais graves, sobretudo as bilaterais ou cominutivas, podem causar deslocamento posterior da mandíbula e da língua, resultando em obstrução das vias aéreas superiores O reposicionamento e a estabilização da mandíbula em uma posição mais anterior podem aliviar esta obstrução e a colocação de uma sonda nasofaríngea ou orofaríngea pode ser suficiente para manter temporariamente uma via respiratória adequada. Em alguns casos, a intubação endotraqueal pode ser necessária. *Língua obstruindo a passagem de ar Qualquer área de sangramento deve ser prontamente examinada e tratada com tamponamento, curativos compressivos ou pinçamento dos vasos. Todo o excesso de sangue e saliva deve ser aspirado da orofaringe, prevenindo a aspiração e o laringoespasmo. Aparelhos protéticos, dentes avulsionados, pedaços de osso completamente avulsionados ou outros detritos também podem contribuir para a obstrução das vias aéreas e têm de ser imediatamente removidos. Trauma 3 As lesões da região facial podem envolver não somente os ossos da face, mas também os tecidos moles, como a língua ou áreas cervicais superiores, ou podem estar associadas a lesões como uma fratura de laringe (importante se atentar e examinar com muito cuidado, pois pode conter resquícios do acidente ou ate dentes avulsionados). Em alguns casos, uma traqueostomia de emergência pode ser necessária para propiciar ao paciente uma via aérea adequada. Em pacientes traumatizados, com completa obstrução das vias aéreas, uma cricotireotomia é o meio mais rápido para acessar a traqueia. Anamnese e Exame Físico Após estabilização, deve-se realizar uma anamnese o mais completa possível. Deve ser obtida do paciente; porem muitas vezes tem que ser obtidas por testemunhas ou membros da família, devido a uma possível perda de consciência ou alteração do estado neurológico. Cinco importantes perguntas devem ser realizadas: Como aconteceu o acidente? 1. Quando aconteceu o acidente? 2. Quais as características da lesão, incluindo o tipo 3. de objeto causador, a direção de onde veio o impacto e outras considerações logísticas similares? Houve perda de consciência? 4. Que sintomas o paciente apresenta no momento, 5. incluindo dor, alterações de sentidos, alterações visuais e má oclusão? Uma revisão completa dos sistemas, incluindo informações sobre alergias, medicamentos e imunização antitetânica prévia, condições clínicas e cirurgia prévia, deve ser obtida. A avaliação física das estruturas faciais só deve ser realizada após um exame geral novamente, que verifique as condições cardiopulmonares e funções neurológicas, além de outras áreas de traumatismo em potencial, incluindo tórax, abdome e áreas pélvicas. As equipes de traumatismo se tornaram uma constante nas salasde emergência dos principais hospitais, devido às lesões múltiplas severas que os pacientes apresentam assim necessitando de tratamento por diversas especialidades. Compostas por cirurgiões gerais, cardiotorácicos, vasculares, ortopédicos, neurológicos e anestesistas; participam também os bucomaxilofaciais, oftalmologistas, otorrinolaringologista, plásticos e urologistas. O esforço conjunto desses especialistas é frequentemente solicitado para se fazer um atendimento e tratamento adequados das lesões apresentadas pelo paciente. A avaliação da área facial deve ser feita de forma organizada e sequencial. O crânio e a face devem ser cuidadosamente inspecionados à procura de traumatismos, lacerações, abrasões, contusões, áreas de edema ou formação de hematoma, ou possíveis alterações de contorno. As áreas de equimose devem ser cuidadosamente avaliadas. Equimose periorbitária, especialmente associada à hemorragia subconjuntival, geralmente é indicativa de fratura orbitária ou do complexo zigomático. Equimoses localizadas atrás da orelha, ou sinal de Battle, sugerem fratura de base de crânio. Equimoses no assoalho da boca geralmente indicam fratura na região anterior da mandíbula. Um exame neurológico da face deve incluir uma avaliação criteriosa de todos os nervos cranianos. A visão, os movimentos extraoculares e a reação da pupila à luz devem ser cuidadosamente avaliados. Alterações pupilares ou da acuidade visual podem sugerir traumatismo intracraniano (disfunção dos nervos cranianos II ou III) ou traumatismo direto à Trauma 4 órbita. Pupilas desiguais (anisocoria) em um paciente letárgico sugerem uma lesão ou hemorragia intracraniana (hematoma subdural ou epidural ou hemorragia intraparenquimatosa). Uma pupila assimétrica ou irregular (não arredondada) é mais comumente causada por uma perfuração do globo (globo ocular). As anormalidades de movimento ocular também podem sugerir um problema neurológico central (nervos cranianos III, IV ou VI) ou restrição mecânica dos movimentos dos músculos do olho, resultante de fraturas do complexo orbitário. A função motora dos músculos faciais (nervo craniano VII) e dos músculos da mastigação (nervo craniano V) e a sensibilidade da área facial (nervo craniano V) devem ser avaliadas. Exame Físico Todas as lacerações devem ser bem limpas e avaliadas à procura de possíveis secções de nervos e ductos importantes, como o nervo facial e o ducto de Stensen. Palpação externa de todas as áreas das bordas inferior e lateral e da articulação temporomandibular, prestando-se atenção especial às áreas sensíveis. A oclusão deve ser examinada à procura de desnivelamento ao longo do plano oclusal e de lacerações das áreas gengivais. A palpação bimanual das áreas suspeitadas de fratura deve ser realizada por meio de pressão firme sobre as regiões anterior e posterior à área fraturada em uma tentativa de diagnosticar se há mobilidade nessa região. A oclusão deve ser reexaminada após esta manobra. A mobilidade dentária na área de uma possível fratura também deve ser observada. Terço médio da face A avaliação do terço médio da face começa verificando-se a mobilidade da maxila isoladamente ou em combinação com os ossos zigomáticos ou nasais. Para examinar a mobilidade da maxila, a cabeça do paciente deve ser estabilizada pela fronte com uma das mãos. Com os dedos polegar e indicador da outra mão, a maxila é segurada, e deve ser aplicada pressão firme para se constatar a mobilidade maxilar. As regiões do terço médio e superior da face devem ser palpadas, procurando-se desnivelamento ósseo na região frontal, no rebordo periorbitário, ou na região nasal ou zigomática. A pressão digital firme sobre essas áreas é utilizada para avaliar cuidadosamente o contorno ósseo, o que pode ser difícil quando a região se encontra muito edemaciada. No exame do complexo zigomático ou em uma fratura de arco, o dedo indicador pode ser colocado no vestíbulo maxilar adjacente aos molares ao mesmo tempo em que se realiza a palpação e a aplicação de pressão em uma direção súpero-lateral. A crepitação óssea (a capacidade de sentir a vibração, quando as margens ósseas são esfregadas contra as outras) ou extrema sensibilidade nesta região indica fratura. A avaliação das estruturas nasais e paranasais inclui a medição da distância intercantal entre as partes mais internas dos cantos mediais direito e esquerdo. Frequentemente, as lesões naso- órbitoetmoidais causam cominuição dos ossos nasais e deslocamento do ligamento cantal medial, resultando em telecanto traumático (aumento da distância intercantal). Normalmente, à distância intercantal medial deve ser igual à largura da base nasal. A simetria do nariz também deve ser avaliada. A anatomia dos ossos nasais deve ser verificada por Trauma 5 meio da palpação. Um espéculo nasal é usado para visualizar a área interna do nariz, a fim de localizar uma hemorragia excessiva ou a formação de um hematoma, especialmente na área do septo nasal. A inspeção intraoral deve incluir uma avaliação das áreas de laceração mucosa e de equimoses no vestíbulo bucal ou ao longo do palato, além de um exame da oclusão e das áreas de dentes com mobilidade ou ausentes. Essas áreas devem ser verificadas antes, durante e após manipulação da mandíbula e do terço médio da face. As prematuridades oclusais unilaterais com mordida aberta contralateral são altamente suspeitas de algum tipo de fratura dos maxilares. Avaliação Radiográfica Após cuidadosa avaliação da área facial, radiografias devem ser feitas, para obter informações adicionais e mais precisas sobre as lesões faciais. O exame radiográfico depende dos achados clínicos e da lesão suspeitada. Não se justificam exames radiográficos aleatórios ou excessivos. Seu objetivo deve ser o de confirmar a suspeita do diagnóstico clínico, obter informações que podem não estar claras no exame clínico e determinar com maior precisão a extensão da lesão. Deve também, documentar as fraturas por ângulos ou perspectivas diferentes. Nos casos de traumatismo facial grave, as lesões na coluna cervical devem ser excluídas por meio de um completo exame da coluna cervical antes de qualquer manipulação do pescoço. A avaliação das fraturas do terço médio da face é geralmente complementada com outras incidências radiográficas, incluindo a de Waters, lateral e póstero- anterior de crânio, e a do vértice submental e outras técnicas radiográficas mais sofisticadas. E as tomografias computadorizadas são realizadas em diversos planos espaciais (p. ex., axial e coronal) ou, frequentemente, por reconstrução tridimensional. *Radiografia waters *Tomografia e planejamento 3d Traumatismo facial são frequentemente submetidos a tomografias computadorizadas para descartar lesões neurológicas, esses exames podem, também, ser usados para complementar o exame radiográfico da face. Trauma 6
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