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Resenha: Coleção os Pensadores - Augusto Comte: Capítulo 1 e 2

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Índice
Resenha do Livro: Coleção Os Pensadores - Augusto Comte (1798-1857)...............................4
CAPÍTULO 1: VIDA E OBRA..............................................................................................4
CAPÍTULO 2: CURSO DE FILOSOFIA POSITIVA...........................................................8
1. Primeira Lição...............................................................................................................8
2. Segunda Lição.............................................................................................................12
Referência:................................................................................................................................17
Resenha do Livro: Coleção Os Pensadores - Augusto Comte (1798-1857)
CAPÍTULO 1: VIDA E OBRA
O livro inicia descrevendo as principais influências de Comte desde seu nascimento,
além das principais consequências disso para sua visão de mundo e obras. Pode-se encadear
suas principais influências em 10 pontos, da seguinte forma:
1. Sua data de nascimento e período histórico: França, 1798, terceira fase da Revolução
Francesa, últimos momentos antes de presenciar a subida ao poder de Napoleão.
2. Sua família, a qual Comte associava a avareza destes com sua situação econômica pre-
cária.
3. Sua mãe, exageradamente apegada a ele, e que deixou fortes influências após a ruptu-
ra de laços que ele estabelece posteriormente.
4. O Ingresso na escola politécnica de Paris, com a consequente leitura do livro Mecânica
Analítica de Lagrange responsável por permitir sua visão das ciências por uma pers-
pectiva histórica.
5. O contato com Cabani, Volney, Adam Smith, Hume, entre outros pensadores de diver-
sas áreas. Entre eles, Condorcet foi quem ele declara seu predecessor imediato.
6. O período como secretário de Saint Simon, após o qual afirma ter expandido suas vi-
sões filosóficas e políticas em 6 meses mais do que teria em 3 anos de leituras.
7. A elaboração do curso e, consequentemente, das obras: Curso de Filosofia Positiva e
Discurso Sobre o Espírito Positivo; no período de seu primeiro divórcio.
8. A reedição do Curso de Filosofia Positiva, em 1842, na qual ele critica os matemáticos
da escola politécnica, fato que leva à sua demissão e perda do sustento, passando a
depender de amigos e admiradores para sobreviver, como John Stuart Mill e Littré.
9. Clotilde de Vaux, a qual, após sua morte, inspira em Comte a redação da obra em 4 vo-
lumes Política Positiva ou Tratado de Sociologia Instituindo a Religião da Humanidade.
10. Por fim, seu período de Higiene Cerebral permite que Comte produza a obra Catecis-
mo Positivista ou Exposição Sumária da Religião Universal, sua última obra e uma das
quais Comte perde seu maior apoiador até então, Émile Littré. Esse fato consolida um
período de solidão e desilusão em Comte que dura até o fim de sua vida, em 1857
Em seguida, o autor discorre a respeito dos três temas básicos para a filosofia Comteana, a
qual só poderia ser reformada, de acordo com Comte, através de uma reforma intelectual
completa do homem; de tal modo que “seria necessário fornecer aos homens novos hábitos
de pensar de acordo com o estado das ciências de seu tempo”. Ou seja, seria exímio a integra-
ção da filosofia da ciência no pensamento da época. Assim, seu sistema se estrutura nos se-
guintes temas: uma filosofia da história, uma fundamentação e classificação das ciências base-
ada na filosofia positiva, e, por fim, uma sociologia que permitisse a reforma prática das insti-
tuições. 
Comte introduz seu primeiro tema, a filosofia da história, sintetizando-a na lei dos três
estados, a qual prediz três fases para o desenvolvimento das ciências e do espírito humano: a
fase teológica, a metafísica, e a fase positiva. Seus principais pontos podem ser resumidos no
aspecto de formação de certa progressão entre elas. Assim:
1. A fase teológica compreenderia a primeira fase do desenvolvimento espiritual e ci-
entífico humano; nela, “a imaginação desempenha papel de primeiro plano”. Ou
seja, a crença em seres pessoais e que estariam presentes próximos aos homens
permite muito além da explicação de fenômenos e problemas pessoais, seria um
meio da própria obtenção da coesão social. Esse período poderia ainda ser subdivi-
do em três outros, os quais são: o fetichismo, o politeísmo, e o monoteísmo. Em
especial, a fase do monoteísmo representaria, para Comte, um estágio de mudan-
ça entre a teológica e a metafísica da lei dos três estados.
2. Apesar de dividido em outro âmbito, a fase metafísica teria, por si, algumas cone-
xões com a fase anterior teológica; assim, pode ser dizer tratar-se de uma transição
mais sublime do que uma renovação completa dos padrões de época. Para ele, a
maior diferença entre estas estaria no fato da metafísica “colocar o abstrato no lu-
gar do concreto e a argumentação no lugar da imaginação”. Por isso, a argumenta-
ção viria para destrinchar contradições inerentes ao próprio discurso teológico, tra-
zendo à tona princípios lógicos relacionados à ideias ou forças, não aos caprichos
divinos. Esse desenvolvimento de ideias abstratas traria, portanto, a ruptura com a
fase teológica e abriria espaço para o surgimento da fase do Pensamento Positivo,
última das fases históricas atribuídas por Comte.
3. Por fim, a fase do Pensamento Positivo, como descreveu Comte, se caraterizaria
pela “subordinação da imaginação e argumentação à observação”. Segundo ele, o
grande lema de tal época seria ver para prever, e teria despontado em algumas
épocas como a dos gregos, com o desenvolvimento da astronomia e matemática, e
nas obras de Francis Bacon, Galileu e René Descartes. O tal lema se deve, portanto,
à importância atribuída à união entre teoria e experimentação, tendo em vista que
só assim seria possível reconhecer as constantes da natureza e premeditar seus
passos. 
Segundo o tema básico da filosofia Comteana, a classificação das ciências vincula-se à filosofia
da história. Ou seja, obedece a Lei dos Três Estados, mas não ao mesmo tempo, concomitan-
temente entre elas. Assim, o estágio metafísico da disciplina da Física, por exemplo, ocorreria
em um período prévio ao da Biologia. Porém, apesar disso, Comte ressalta que “o desenvolvi-
mento das ciências é assintótico, isto é, elas jamais atingem a compreensão absoluta dos seus
objetos respectivos” e que elas podem ser classificadas de acordo com seu nível de complexi-
dade crescente em: matemática, astronomia, física, química, biologia, e sociologia. Esta última
seria vista por Comte como “o fim essencial de toda a filosofia positiva”, tendo em vista que a
sociedade seria o órgão de estudo mais complexo e verdadeiramente universal. Além disso,
Comte associa a ela o estudo de toda a economia política, psicologia, ética e filosofia da histó-
ria, de tal modo que a disciplina é entendida no seu sentido mais amplo. Por fim, vale ressaltar
que um aspecto fundamental da sua filosofia, relacionada a análise sociológica, seria a distin-
ção entre estática e dinâmica. A Estática seria a ideia de ordem, relacionada à presença da re-
ligião, família, propriedade, linguagem, entre outros fatores, na sociedade, e a Dinâmica esta-
ria subordinada a tal conceito, representando o progresso, o avanço nos níveis permanentes.
O desígnio de Comte de fazer da filosofia positiva um instrumento de reforma intelec-
tual no homem seria cumprido com o pressuposto de que “a sociologia conduziria à política”.
Para ele, a Revolução Francesa fora necessária para quebrar as instituições anteriores, mas
por ter sido “negativa e metafísica em seus pressupostos”, não reorganizou a sociedade de
modo a permitir o surgimento de uma elite científica e industrial. Comte considerava, com
base nisso, que todas as reformas sociais deveriam ser vistas a partir das consequências para a
classe mais numerosa e pobre, amenizando até mesmo a visão revolucionária de Karl Marx,
porexemplo. Por fim, vale ressaltar o ideal de substituir o Deus cristão pela Humanidade, pro-
posta por Comte em seu novo catecismo, nos últimos anos de sua vida.
O autor finaliza o capítulo ressaltando a influência de Comte para o Brasil, o qual era
um país de “menor tradição cultural e carente de ideologia para seus anseios de desenvolvi-
mento”. As primeiras manifestações do positivismo ocorreram durante o segundo império,
mas específicamente na década de 1850, quando Manuel Joaquim Pereira de Sá doutorou-se
em ciências físicas e naturais. O passo mais importante, no entanto, foi dado pela publicação
de As Três Filosofias, por Luís Pereira Barreto, em que propunha a substituição da tutela inte-
lectual da igreja no país pela positivista. Vale ressaltar, concluindo, a importância da participa-
ção dos positivistas no movimento republicano, ao fim do século XIX; apesar de não poder ser
dito que foram eles os responsáveis pela proclamação da República, de fato eles influenciaram
na elaboração da constituição de 1891 e na confecção da bandeira da república, que passou a
ostentar os termos Ordem e Progresso, referencial direto da filosofia positivista e sua análise
sociológica. 
CAPÍTULO 2: CURSO DE FILOSOFIA POSITIVA
1. Primeira Lição
Comte inicia o livro expondo as considerações fundamentais, as quais ele considera
como essenciais ao nascimento do curso. Segundo ele:
A circunscrição geral do campo de nossas investigações, traçada com toda
severidade possível, constitui, para o nosso espírito, preliminar particularmente
indispensável num estudo tão vasto e até aqui pouco determinado, como aquele de
que vamos nos ocupar.
A seguir, o autor discorre a respeito dos estados históricos pelos quais o conhecimento
passa, sendo eles: “teológico ou fictício”, “metafísico ou abstrato”, e “científico ou positivo”.
Com isso, Comte argumenta que o primeiro estado e o último seriam, respectivamente, o iní-
cio e o fim da inteligência humana (não como um fim, mas como o objetivo primordial), en-
quanto o estado intermediário, o metafísico, seria a transição entre eles. Assim, não seria ge-
rada uma transformação abrupta na metodologia da explicação dos fenômenos naturais, ou
seja, o período de transição representaria uma adequação ao pensamento posterior, que seria
o pensamento positivo ou científico. 
Retomando o capítulo anterior, é dada uma explicação breve dos três períodos em
suas características gerais:
1. O estado teológico apresentaria “fenômenos produzidos pela ação direta e contínua
de agentes sobrenaturais”. Em outras palavras, seres incontroláveis ou incompreensí-
veis pelos humanos, mas que poderiam ser agradados por toda sorte de ritos e hábi-
tos.
2. O estado metafísico seria aquele em que agentes sobrenaturais são substituídos por
forças abstratas, ou seja, entidades inerentes aos seres do mundo.
3. O estado positivo, por fim, seria o período em que o ser humano toma consciência da
impossibilidade de explicar tudo no universo, e se preocupa com o saber em si, preo-
cupando-se em descrever a causa íntima dos fenômenos com o uso do raciocínio e ra-
zão.
Comte enfatiza que o objetivo primordial do sistema positivo, a qual ele provavelmente nunca
chegará, é unir o conhecimento de todas as ciências em uma causa única. A exemplo disso,
Comte cita a gravitação, o que hoje sabe-se tratar-se de apenas uma das 4 forças primordiais
da natureza; no entanto, a tarefa de união de tais forças ainda persiste, de tal modo que a filo-
sofia positiva pode ser encontrada em alguns pontos específicos da metodologia científica
atual, não a caracterizando completamente, mas complementando o significado do fazer ciên-
cia na atualidade.
Para demonstrar a exatidão de sua filosofia, Comte apresenta a presente necessidade
inerente de um estado intermediário entre a teologia e o positivismo, de tal modo que ele res-
salta a inexistência, na sua época, de uma ciência verdadeiramente positiva, já que todas
apresentavam, segundo ele, graus variáveis da presença de aspectos teológicos e metafísicos.
Também para ele, é notável “que as questões mais radicalmente inacessíveis a nossos meios
[…] sejam aquelas que a nossa inteligência se propõe acima de tudo a tomar como indignos
de sérias meditações”; ou seja, Comte ressalta a importância da experiência, mas não deixan-
do a meditação de lado, a ruminação de pensamentos. Assim, percebe-se que Comte também
diminui o endeusamento humano através de sua doutrina, de tal modo que a importância ab-
soluta do homem no universo, criada pela visão teológica do conhecimento, constitui um ideal
aversivo se olhado do ponto de vista positivista; isso se deve justamente pela necessidade ine-
rente de seu método se basear na experiência, na “esperança de descobrir as leis dos fenôme-
nos”, conforme ressaltado por ele. 
Posteriormente, Comte já inicia a análise da natureza do espírito positivo, enqua-
drando-o como uma filosofia que toma todos os fenômenos como sujeitos a leis invariáveis,
cujo objetivo seria a redução de tais leis ao menor número possível destas, e ressaltando tam-
bém a inutilidade da investigação das causas primeiras e finais para as explicações positivas.
Porém, Comte ressalta que mesmo com a limitação do objeto de estudo (em leis irredutíveis),
é possível a aquisição de uma fonte inesgotável de conhecimento, revelado assim pela profun-
didade da ciência e de suas problemáticas. Mais adiante ele indica que a data a qual o espírito
positivo iniciou sua pronunciação no mundo foi a do início do movimento impresso, pois per-
mitiu a divulgação de trabalhos como o de Bacon e Descartes; de tal modo que “as concep-
ções positivistas se desprenderam do amálgama supersticioso e escolástico que encobria, de
certo modo, o verdadeiro caráter de todo os trabalhos anteriores”. 
Segundo Comte, a situação da filosofia positiva é de um desenvolvimento crescente
em seu século, no entanto, um âmbito ao qual ele pensa ainda não estar contemplada a filo-
sofia positiva é a chamada física social. Além disso, ele ressalta a devida importância da defini-
ção de tal ciência pelo próprio objetivo do curso, a fundação de tal disciplina, a “única lacuna
que se trata para constituir a filosofia positiva”. Assim, após contemplar tal caráter, a filosofia
positiva adquiriria tal grau de universalidade que seria passível de substituir as demais filosofi-
as, ou seja, a filosofia teológica e a metafísica. Trata-se de um fato relevante a se pensar pois,
mesmo quase 200 anos depois, a filosofia positiva não reina soberana na sociedade, nem
tampouco acredita-se em uma sociedade formada unicamente pela ciência e conhecimento
científico, de tal modo que pessoas convivem com tecnologias diariamente, mas ainda man-
tém crenças religiosas ou metafísicas; o ideal comteano está, por assim dizer, ultrapassado,
ou, pelo menos, muito distante de se tornar realidade.
A partir do supracitado, Comte reitera a segunda meta do curso, depois da criação da
física social, a qual é a união de todas as demais disciplinas em um tronco único, que se ramifi-
ca para formar especializações nas pontas. Ou seja, ele busca, assim, findar as divisões exis-
tentes entre as disciplinas para que estas deixem de ser apenas “corpos isolados”, possuindo
todas uma conexão em sua base. O autor ainda ressalta: “Podemos, todavia, parece-me, por
meio convenientes, evitar os mais preciosos efeitos da especialidade exagerada, sem prejudi-
car a influência vivificadora da separação das pesquisas”. Através de tal pensamento haveria
uma verdadeira aperfeiçoamento das ciências no seu estudo, ao mesmo tempo em que faz-se
da generalização destas uma nova disciplina, ou uma nova especialidade. Aqui vale ressaltar o
papel da medicina na atualidade, em que a busca crescente por especialidades integrais no
campo médico abriu as portas para vários setores profissionais, tais como a Medicina de Famí-
lia e Comunidade, a Medicina doEsporte, a Medicina do Sono, a Nutrologia, e tantos outros
ramos que se dizem especialidades, mas que tratam do indivíduo como um ser integral, em
suas necessidades fisiológicas, sociais e psicológicas. 
O autor introduz então os conceitos de leis lógicas, as quais ele atribui dois componen-
tes, o estático e o dinâmico; para ele, as leis lógicas partem do pressuposto de que toda teoria
científica deve ser entendida como diferentes grandes fatos lógicos, e pela observação de tais
fatos, ocorre a formação das leis. Quanto aos componentes estáticos e dinâmico do estudo,
principalmente biológico, ao qual ele exemplifica, tratam de considerar os processos, respecti-
vamente, a partir das condições orgânicas de que dependem e reduzindo ao estudo da mar-
cha efetiva do espírito em exercício; daí surgem os conceitos de ordem e progresso atribuídos
ao ideal positivista. Pata Comte, estas são as únicas vias de se chegar verdadeiramente aos fa-
tos e fenômenos intelectuais; para ele, a chamada psicologia ilusória, da qual se tenta resgatar
conceitos hoje, não possui mais lugar, levando em conta que se trata de filosofia teológica, e
que tenta-se a partir dela descobrir leis a partir do espírito humano, abstraindo todos os efei-
tos e causas. Ou seja, Comte comenta a ineficiência desse método afirmando que “a observa-
ção interior engendra quase tantas opiniões divergentes quantos indivíduos há que acredi-
tam a ela se entregar”. E como exemplo dessa divergência ele aponta para as escolas de psico-
logia da época, às quais não utilizavam do método científico e, quando o utilizavam, era dema-
siado subjetivo para produzir resultados significativos.
Com base nisso, Comte aponta para os principais resultados diretos da filosofia positi-
va: a manifestação direta das leis experienciadas por nossa capacidade intelectual, junto com
o conhecimento da metodologia para adquirir o conhecimento de tais leis, e “a reforma geral
do nosso sistema de educação”, o qual seria, de acordo com ele, voltado para a investigação
científica (positivos) dos temas e não por métodos teológicos e metafísicos. Para este último
fim, portanto, ele aponta para a necessidade da união entre as ciências e seus campos de es-
tudo; ou seja, a união em um tronco único apontada por ele, e discutida anteriormente. Por
fim, para justificar a ideia da união das diferentes disciplinas, o autor esclarece:
As divisões que estabelecemos entre nossas ciências, sem serem arbitrárias, como
alguns o creem, são, com efeito, essencialmente artificiais. Na realidade, o assunto
de nossas investigações é uno; nós o dividimos com o fito de separar as dificuldades
para melhor resolvê-las (p.63).
Para ele, portanto, a união das disciplinas biologia, física, química e até sociologia, são algo
inerente à própria noção das disciplinas, tratando a divisão como algo criado por conveniência
de estudo. Após dar alguns exemplos disso, como os estudos de Berzelius, e ressaltar que “a
filosofia positiva pode ser considerada a única base sólida da reorganização social” e que ela
deve terminar o estado de crise das nações civilizadas, Comte retoma o assunto da inserção
dos estudos sociais na filosofia positiva, sendo este a única característica em falta para seu ca-
ráter de generalidade conveniente. 
Ao fim do capítulo, Comte propõe duas reflexões, uma a respeito da validade da filoso-
fia positiva ao desacreditar as demais, e outra sobre a utopia da formação de uma lei única
para explicar tudo. Com relação à primeira reflexão, Comte propõe que, por se tratar de algo
consolidado e já provado na contestação de ideais metafísicos e teológicos, devemos colocar a
filosofia positiva no desempenho de um papel ativo, ou seja, de modo que ela contribua para
a mudança efetiva da sociedade, “completando a vasta operação intelectual iniciada por Ba-
con, por Descartes, e por Galileu”. Já com relação à segunda reflexão, Comte assume que não
espera o desenvolvimento de uma lei única a partir da filosofia positiva, pois isto é um argu-
mento reservado às filosofias teológicas e metafísicas, de tal modo que as leis tenderão a se
reduzirem no método positivo, mas nunca se aglutinarem a uma só. Quanto a isso, observa-se
hoje, ao menos no campo da física, a junção de duas equações principais que seriam a rela-
ção principal observada no universo; estas equações fariam referência à mecânica quântica e
a relatividade geral, que seriam unidas pela Gravitação Quântica. Assim, o ideal de união da
ciência, de Comte, pode estar próximo, ao menos no que se refere à análise matemática dos
processos físicos primordiais.
2. Segunda Lição
Na sua segunda lição Comte discorre a respeito da classificação histórica das principais
disciplinas consideradas por ele. Assim, ele inicia a lição explicitando a importância de tal clas-
sificação. Segundo ele, as classificações enciclopédicas até então, principalmente as de Bacon
e D’Alembert, são imperfeitas, tanto por apresentar pouca solidez em suas projeções, quanto
pelos autores possuírem um espírito alheio à natureza das suas classificações e descrições.
Outro fator, e o mais importante segundo ele, que leva à imperfeição de tais classificações, se-
ria a “homogeneidade que sempre existiu […] entre as diferentes partes do sistema intelectu-
al, umas chegando a ser positivas sucessivamente, enquanto outras permaneceram teológicas
ou metafísicas”. Assim, Comte ressalta, é necessário que todas as bases disciplinares se tor-
nem ultimamente positivas para que uma homogeneização propriamente dita ocorra. 
Através disso, considera-se uma divisão pela “afinidade real do encadeamento natural”
das disciplinas; ou seja, a classificação consiste em separar disciplinas mas manter as que pos-
suem uma dependência maior entre si mais próximas. A princípio, Comte considera plausível
diferenciar conhecimentos teóricos de práticos, ressaltando que apenas os do primeiro tipo
são plausíveis de classificação pelo método positivo. Essa exemplificação é justificada mais
adiante pelos dizeres “ciência, daí previdência; previdência, daí ação” como uma fórmula que
exiba a preponderância dos conhecimentos teóricos sobre os práticos, de tal forma que sejam
mais plausíveis de classificação; além disso, Comte ressalta que é natural à necessidade orga-
nizacional humana dispor objetos de tal forma que se torne facilitada a compreensão por
este, assim, ignorar tal preceito, para ele, seria equivalente a retornar ao estado explicativo te-
ológico ou metafísico. 
Mais adiante, Comte reafirma essa necessidade de organização ao comparar exemplos
dos geômetras gregos com marinheiros da sua época, os quais utilizavam dos conhecimentos
dos primeiros para realizar seus cálculos e rotas. Com base nisso, para Comte, surge uma nova
classe de pesquisadores, os Engenheiros, que seriam responsáveis pela aplicação dos conheci-
mentos teóricos das ciências, seja matemática, física, química ou até biologia; seriam, portan-
to, um intermediário entre a teoria e a prática. No entanto, Comte ressalta que a dificuldade
para explicar tal ação intermediária ou tais aplicações da ciência em si ultrapassariam e muito
o propósito do livro, de tal modo que o objetivo maior deste será a classificação apenas das
ciências teóricas, como descrito anteriormente e ressaltado por ele em “não devemos consi-
derar neste curso a não ser teorias científicas e de modo nenhum suas aplicações”.
Em seguida, é realizada a distinção entre as ordens dos fenômenos abordados no livro,
de tal modo que podem ser tanto abstratos quanto concretos. A respeito disso, Comte discor-
re que apenas os primeiros, por se tratarem de uma ordem mais geral, seriam devidamente
abordados na obra, enquanto os segundos, que tratam das aplicações e descrições das ciên-
cias naturais seriam deixados de lado na classificação. Para exemplificar e justificar sua esco-
lha, Comte compara ramos das ciências tais como a botânica e a fisiologia, a mineralogia e a
química,em que um estudo se baseia no outro, ou é tão mais abrangente que inibe o próxi-
mo, levando a pouca necessidade de ser reclassificado após o primeiro. Assim, segundo ele,
uma disciplina que procede outra só pode se desenvolver a partir da compreensão completa
do estudo abstrato da disciplina predecessora; ou seja, para ele “é precisamente por esse mo-
tivo que a física concreta fez até agora poucos progressos reais, pois só começou a ser estuda-
da […] depois da física abstrata, quando todos os diversos ramos principais desta tomaram ca-
ráter definitivo”. Ele resume o supracitado em dois pontos: só se ocupará na obra dos conheci-
mentos especulativos, não dos de aplicação, e será considerado apenas conhecimentos teóri-
cos, de modo que a ciência geral será trabalhada apesar de a ciência particular, limitando o es-
tudo à física abstrata, por exemplo, mas com vistas ao interesse pela física concreta.
Logo depois, o autor explica os meios pelos quais uma ciência pode ser exposta, os
quais podem ser: o caminho histórico ou o caminho dogmático; segundo ele, o primeiro se
basearia pela exposição dos conhecimentos na ordem em que o espírito humano teria adqui-
rido-os, ou seja, “adotando, na medida do possível, as mesmas vias”, enquanto o segundo se-
ria a apresentação de um sistema de ideias prontas, que teria o papel de refazer a ciência em
seu conjunto. Assim, o caminho histórico seria a própria aprendizagem pelas mesmas tentati-
vas e erros passadas, o que seria um caminho impraticável, considerando os longos períodos
históricos e alterações às quais as ciências sofreram ao longo do tempo, i.e. ciências como a
matemática e astronomia, com mais de dois milênios de história. Para tanto, o caminho dog-
mático seria convenientemente mais plausível e necessário para o ensino das ciências, princi-
palmente por ser mais direto. Um exemplo dessa ideia atualmente é o próprio ensino univer-
sitário, no qual quase nunca se fala dos procedimentos técnicos ou dos artigos primordiais
que criaram a base do conhecimento atual, seja matemático, físico ou fisiológico, mas se usam
livros didáticos com uma síntese do que é factual e amplamente comprovado, acelerando o
processo de apreender os conceitos pelo discente. Assim, como ressalta Comte, “a tendência
é […] substituir a ordem histórica pela dogmática, a única conveniente ao estado aperfeiçoado
de nossa inteligência”. 
Posteriormente, Comte explica a necessidade do estudo histórico, apesar de o dog-
mático ser o mais plausível. Para ele, o estudo histórico se justifica na sua análise para classifi-
car as ciências, mas deve ser realizado separado do estudo dogmático, pois, conforme assinala
ele, não é possível apresentar uma ciência sem tomar emprestado noções de outra. Assim,
para sua classificação, a astronomia deveria vir antes mesmo da física, apesar de que ramos
da segunda, como a óptica, são indispensáveis à primeira. Assim, para sua classificação enci-
clopédica, as ciências consideradas anteriores serão aquelas que são mais antigas e estão mais
adiantadas em sua estrutura positiva; além disso, ele distingue tal classificação em não mais
que 6 divisões, da qual são possíveis até 720 permutações para a classificação, e é nisso que
ele justifica a maior dificuldade do projeto de classificação, a escolha da ordem correta. Por-
tanto, por questão de facilidade e dependência maior, como ressaltado anteriormente e como
afirmado por Comte, essa ordem “é determinada pelo grau de simplicidade ou, o que vale o
mesmo, pelo grau de generalidade dos fenômenos”. 
A classificação assumida por Comte para a divisão histórica das ciências ficaria, a prin-
cípio, da seguinte forma: astronomia, física, química, biologia, física social; a matemática, por
ser a base de todas as ciências, segundo ele, é trabalhada mais adiante. Assim, nos parágrafos
subsequentes, Comte discorre a respeito da justificativa de sua classificação, a qual pode ser
resumida nos seguintes pontos:
• A física inorgânica e a química são mais abstratas e fundamentais que a orgânica, que
é mais complexa e aplicada. Assim, a física e a química devem vir antes da fisiologia e
da física social, por exemplo.
• A química, por tratar de constituintes da matéria, deve vir após a física inorgânica, a
qual relacionaria as forças mecânicas pelas quais a matéria se rearranja ou se movi-
menta. 
• Quanto à física inorgânica, a astronomia, ou física celeste, deve vir antes da física ter-
restre, pois esta última se relaciona a corpos e objetos mais complexos em um âmbito
mais específico.
• Voltando à questão da física orgânica, os fenômenos do âmbito animal são mais com-
plexos que os do vegetal, mas, por se tratarem de uma divisão inerente à física concre-
ta, serão considerados em conjunto, pois o trabalho foca na física abstrata.
• Os fenômenos da física social, portanto, seriam da mais alta complexidade e dificulda-
de, pois se tratam de uma consequência dos fenômenos fisiológicos, assim, estariam
no fim da sua classificação.
Conforme ressalta Comte: 
É fácil perceber que, quanto mais os fenômenos são gerais, simples e abstratos,
menos dependem dos outros, mais ainda os conhecimentos que a eles se dirigem
podem ser precisos, ao mesmo tempo que sua coordenação pode ser mais
completa.
Assim, os fenômenos orgânicos possuem uma característica inerente ao seu estudo
que impede a generalização e abstração como um todo, pois devido a sua complexidade, são
altamente complexos e dependentes nos seus estudos dos demais níveis anteriores da ciência
descrita, como a química e a física. Deste modo, Comte destaca que a “a propriedade mais in-
teressante de nossa fórmula enciclopédica, por causa da importância de suas múltiplas aplica-
ções imediatas possíveis, é determinar diretamente o verdadeiro plano geral duma educação
científica inteiramente racional”. Ou seja, criar bases para que o ensino das ciências se dê de
modo congruente com sua historicidade. Um exemplo dessa aplicação no ensino brasileiro po-
deria ser, por exemplo, a divisão do ensino das ciências da natureza em três níveis de acordo
com a matéria, no qual o primeiro nível ficaria com a Física, ensinada durante o primeiro ano
do ensino médio, o segundo nível com a química e físico-química, ensinada no segundo ano
do ensino médio, e, no último ano do ensino médio, seria ensinado a biologia, bioquímica e
biofísica, respeitando a classificação de Comte; esta divisão teria seus defeitos e vantagens,
mas seria algo contrário ao próprio sistema de ensino universitário, que ainda não prepara os
docentes tão bem nesse ponto de inter-relacionamento entre as ciências naturais. Essa ideia é
perpetrada pelo próprio Comte posteriormente, quando afirma que o ensino da fisiologia em
sua época ainda é feita mesmo sem conceder bases físicas e químicas sólidas aos alunos. Tam-
bém cita este exemplo ao se referir aos estudiosos da física social, que deveriam ter o conhe-
cimento de todas as demais esferas prévias antes de se atentar aos fenômenos sociais em si; o
que fere o princípio racional de sua divisão das ciências. 
Por fim, Comte justifica a sua classificação com enfoque na ciência matemática. Para
ele, a ciência matemática deve ser olhada “menos como parte constituinte da filosofia natural
propriamente dita do que sendo […] a verdadeira base fundamental de toda essa filosofia”;
porém, conforme ressalta, a ciência matemática possuiria em sua época muito menos impor-
tância “em virtude de seus conhecimentos muito reais e precisos”, dividindo-se, portanto, em
matemática abstrata, ou cálculo, e matemática concreta, a qual seria responsável pela geome-
tria e pela mecânica. Por sua parte concreta se fundar na parte abstrata, o âmbito considera-
do por ele para a classificação se resumiria na primeira, de modo que esta também constitui-
ria o próprio método de análise das ciências subsequentes; tratando-se “muito mais do que
uma doutrina direta” conforme ressaltadopor ele. Assim, sua classificação enciclopédica in-
cluiria a matemática como base, mas também como primeiro termo da sequência, ficando
constituída em: matemática, astronomia, física, química, fisiologia (biologia) e física social (so-
ciologia). Tratando-se esta, segundo Comte, da “única conforme a hierarquia natural e invariá-
vel dos fenômenos”. 
Referência:
COMTE, Auguste; GIANNOTTI, José Arthur. Os pensadores. In:______. Curso de filoso-
fia positive; Discurso preliminar sobre o conjunto do positivismo; Catecismo positivista. 5. ed. 
São Paulo: Nova cultural, 1991.
	Resenha do Livro: Coleção Os Pensadores - Augusto Comte (1798-1857)
	CAPÍTULO 1: VIDA E OBRA
	CAPÍTULO 2: CURSO DE FILOSOFIA POSITIVA
	1. Primeira Lição
	2. Segunda Lição
	Referência:

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