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Parasitologia

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Parasitas quanto a localização
Externo Ectoparasita Sarna
Interno Endoparasita Vermes
Parasitas quanto a especificidade
Externoxeno
Espécie específica, só consegue parasitar um único tipo de hospedeiro. 
Plasmodium Vivax que parasita a espécie humana, sendo incapaz de parasitar outras.
Oligoxenos
Parasita um determinado número de hospedeiros dentro da mesma classe zoológica. 
Echinococcus granulosus, que parasita canídeos. 
Eurixenos
Parasito capaz de acometer vários grupos zoológicos.
Taxoplasma Gondii
Parasitas quanto a necessidade parasitária
Facultativos
Parasitam em uma determinada fase da vida.
Cochliomyia hominivorax – Mosca da bicheira. 
Obrigatórios
São obrigados a passar toda a sua vida sob ou dentro de seu hospedeiro.
Sarcoptes scabiei- Sarna
Acidental 
Não devia acometer uma determinada espécie mas acomete.
Larva migrans cutânea ou bicho geografico acomete cães, mas acidentalmente acomete humanos.
Resumo Livro Luis Rey 
Pag- 8 a 
A Parasitologia, é o estudo dos organismos que vivem em intima e estreita dependência de outros seres vivos e que, quando tenham o homem por hospedeiro, podem causar doenças muitas vezes graves.
Parasita
 Um indivíduo que viva à custa de outro, ou da sociedade a que pertence, incluindo nesse conceito uma censura ou coordenação por oportunismo, abuso ou mau caráter. 
 Biologicamente quase todos os seres dependem de outros organismos para existir. São exceções poucas espécies de bactérias capazes de viver exclusivamente de materiais inorgânicos e utilizando, como fonte energética, a luz solar ou a energia química contida em alguns compostos que podem metabolizar. 
 Mesmo as plantas verdes, que também utilizam a luz solar através da fotossíntese, necessitam encontrar, no solo, os compostos nitrogenados que lhes são indispensáveis. 
 Os animais todos, que não podem se quer usar a energia solar para suas sínteses orgânicas e exigem para seu metabolismo muitos aminoácidos prontos, além de numerosos compostos, devem buscar energia e matérias-primas semielaboradas em seus alimentos. 
 Os herbívoros ingerem e digerem plantas e os carnívoros comem os herbívoros que haviam se alimentado de vegetais. 
Cadeia Alimentar
Uma cadeia alimentar, que se inicia com microrganismos e vegetais sintetizados e se continua através dos herbívoros, frutívoros, etc., até chegar aos carnívoros e onívoros, transfere sucessivamente a matéria através de sistemas ecológicos, permitindo que a vida continue a se desenvolver. 
Sintetizadores
Os ecologistas chamam os grandes sintetizadores de matéria orgânica (os vegetais, fundamentalmente) de organismos produtores. Os demais são organismos consumidores. 
A energia solar é utilizada pelos vegetais (organismos produtores) para a síntese de moléculas que acumulam essa energia através da fotossíntese. Sob a forma de alimento, os materiais e energia passam para o organismo dos herbívoros, etc. (consumidores primários) e depois para o dos carnívoros e onívoros (consumidores secundários e terciários) que as utilizam para seu metabolismo, crescimento e reprodução. 
Consumidores primários
São aqueles que se alimentam dos produtores, isto é, os herbívoros, granívoros, frugívoros, etc. 
Consumidores secundários
São carnívoros que se alimentam de herbívoros, etc.
Consumidores terciários
São carnívoros que se alimentam de outros carnívoros
Os parasitas são classificados em:
 Segundo a natureza de seus hospedeiros (plantas, animais herbívoros ou carnívoros), podem se situar em níveis de consumidores primários, secundários, terciários ou quaternários. Metabolicamente, comportam-se como os demais consumidores. 
 Entretanto, por serem eles de porte muito menor que seus hospedeiros, as populações de parasitos podem ser muito maiores que das espécies parasitadas. Mas evidentemente, a biomassa dos parasitos é sempre muito menor que a de seus hospedeiros. 
Sistemas Ecológicos
Nas relações entre os seres vivos, alguns fatos merecem destaque: 
Na natureza, todos os organismos vivos e meio físico em que se encontram formam um todo inter-relacionado – o sistema ecológico ou ecossistema – em cujo seio há intensa circulação de materiais e de energia, transferidos dos organismos produtores para os consumidores e retornando ao meio ambiente não-vivo quando as plantas ou os animais morrem e seus corpos são destruídos por microrganismos decomponentes. Como, o fechamento dos ciclos de carbono, do oxigênio, nitrogênio, etc. 
Sem a morte e a decomposição, o meio acabaria por esgotar-se de materiais essenciais a continuidade dos processos metabólicos e da reprodução dos seres vivos e conduziria ao colapso do ecossistema. 
A sucessão das gerações, dentro da população de determinada espécie, é outro acontecimento essencial a sobrevivência dessa espécie, pois é a reprodução que cria oportunidade de mutações de recombinações genéticas pelas quais surgem indivíduos diferentes e eventualmente mais adaptados as condições atuais do meio. 
Sendo a morte essencial a vida e indispensável a sobrevivência e evolução das espécies, mesmo quando seu acontecimento seja o resultado da competição entre organismos, dentro do ecossistema. 
A intervenção humana tem contribuído, de mil maneiras, para causar profundas distorções no equilíbrio ecológico natural e já desperta preocupações sobre o futuro da vida no planeta. 
Tipos de relações entre os seres vivos
Nos ambientes naturais observa-se que os organismos presentes formam comunidades biológicas complexas, onde o equilíbrio entre as populações de diferentes espécies depende das relações que estas mantenham entre si. 
Competição entre Organismos 
Visto que todos os organismos utilizam os recursos do meio ambiente, uma competição de maior ou menor grau pode estabelecer-se entre eles. As necessidades de cada espécie são em geral distintas mas podem coincidir.
Predatismo
Dizemos que há Predatismo quando uma espécie destrói os membros de outra para prover sua alimentação, sendo ambas de porte não muito diferente. Todos os carnívoros são predadores. Mas quando a predação é desenvolvida por pequenos animais em relação a outros muito maiores, como quando carrapatos e insetos hematófagos sugam o homem ou outros mamíferos, falamos de micro predadores.
Associação entre organismos 
Entre as relações de cooperação, encontramos modalidades bastante diferentes umas são intraespecíficas e outras interespecíficas. 
Associação intraespecíficas 
São indivíduos de uma mesma espécie que se reúnem em grupos ora mais frouxos como colônias, ora mais cerrados e organizados como nos formigueiros. 
Associação interespecífica 
Nas relações de coabitação entre os indivíduos de espécies diferentes podem ser também complexas e diversificadas. Podemos simplificar dizendo que, se baseiam em conceitos modernos apoiados sobretudo nos aspectos metabólicos e ecológicos dessas relações. 
Forésia
Descreve a situação em que uma espécie utiliza outra como suporte abrigo ou meio de transporte. 
Mosca do berne (Dermatobia hominis), que é um inseto robusto, apanha em voo moscas ou mosquitos hematófagos sobre o abdome dos quais deposita seus ovos, colando-os suas secreções. As larvas que ai completam seu desenvolvimento, ao fim de algum tempo, aproveitam-se de ocasiões em que o inseto hematófago vai picar o gado ou homem para levantem o opérculo dos ovos, agarrarem-se a pele e nela se implantarem, passando a comporta-se como parasitos. 
Comensalismo
Indica relação entre duas espécies, pela qual uma partilha dos nutrientes que a outra consegue. Tanto no comensalismo como na Forésia, a associação costuma ser temporária e geralmente não é obrigatória para nenhum dos parceiros. 
Parasitismo 
 Estabelece entre os indivíduos de duas espécies diferentes, um contato íntimo e duradouro, em nível histológico. Na maioria dos casos um organismo (hospedeiro) passa a constituir o meio ecológico onde vive o outro (parasito). 
 Além disso, criam-se entre eles laços de dependência metabólica, ficando o metabolismo do parasito vinculado ao de seu hospedeiro, essa vinculaçãoé primordialmente de natureza nutritiva. 
Os ectoparasitos podem obter o oxigênio diretamente do meio exterior, como fazem o “berne” ou o “bicho do pé”. 
 Os endoparasitos, dependem, totalmente, de seus hospedeiros como fonte nutritiva. 
 Mas a vinculação metabólica não se limita a obtenção de alimentos. No processo de adaptação do parasito as novas condições de vida, ele pode ter perdido, eventualmente, a função de alguns genes importantes para seu metabolismo, como por exemplo, genes que codificavam a síntese de proteínas. 
 O grau de dependência metabólica aumenta com o número de substancias que o parasito necessita encontrar pré-formadas no meio. Muitas vezes, chamamos essas substancias, indispensáveis ao parasito, de fatores de crescimento.
 Outras vezes, o hospedeiro deve fornecer estimulo ou sinal adequado (térmico, químico ou outro) necessário ao desenvolvimento do parasito. 
A larva do Schistocephalus solidus (um cestoide que habitava a cavidade geral de peixes) se matem viva, mas sem evoluir, se um peixe comer outro que esteja infectado. Mas quando o peixe é consumido por uma ave, a temperatura do corpo desta, que é de 40ºC, desencadeia o mecanismo de transformação da larva em verme adulto.
Parasitismo é toda relação ecológica desenvolvida, entre indivíduos de espécies diferentes, em que se observa, além de associação intima e duradoura, uma dependência metabólica de grau variável. 
 O grau de parasitismo permite imaginar uma escala, como por exemplo, que vai desde a dependência metabólica igual a zero (comensais), passando pelos que querem um ou mais fatores de crescimento de seu hospedeiro, até a dependência total, quando os parasitos vivem inteira e permanentemente no meio interno de outra espécie. 
Mutualismo e Simbiose
Podem ser consideradas como casos particulares do parasitismo. No mutualismo, se por um lado o hospedeiro fornece, ao parasito, alimentos e outras vantagens, por outro utiliza em seu metabolismo alguns dos produtos elaborados pelo organismo associado e se beneficia também. Por isso, a convivência, além de intima e duradoura, é reciprocamente vantajosa. 
As larvas de Spirometra mansonoides (uma tênia, de gatos, que completa seu ciclo através de crustáceos do gênero Cyclops e de peixes, batráquios ou serpentes aquáticas), quando administras experimentalmente a camundongos (que não seus hospedeiros naturais), promovem um desenvolvimento corpóreo desses roedores que é de 3 ou 4x maior que o dos camundongos não parasitados, graças a secreção de um fator semelhante ao hormônio de crescimento hipofisário
 A simbiose (que etimologicamente, significa vida em comum), seria a forma extrema de associação interespecífica, na qual a dependência metabólica reciproca entre 2 indivíduos de duas espécies chegou a tal ponto que nenhuma delas podem viver isolada da outra. 
Os cupins ou térmites, que se alimentam de madeira, não podem viver sem as triconinfas (protozoários flagelados que habitam o tubo digestivo dos insetos), pois são elas que produzem as enzimas para digerir a celulose. 
Ciclo biológico dos parasitos
 Cada espécie de parasito tem seus próprios hospedeiros. 
Parasitos Estenoxenos
Podem infectar uma ou poucas espécies muito próximas. 
Parasitos Eurixenos
Podem viver em uma grande variedade deles, que infectam indistintamente. 
 Muitos desses parasitos se localizam no aparelho digestivo ou na pele de seu hospedeiro, mas alguns só podem viver em lugares muito especiais, como o fígado, pulmão, sistema nervoso, etc., portanto, para se propagar, cada parasito deve contar com dispositivos que lhe permitam deixar o organismo de um hospedeiro para alcançar outro, igualmente adequado, e chegar a seu habitat normal. 
 A passagem de seu hospedeiro a outro é fenômeno complexo, pois envolve eventualmente certos mecanismos necessários para: 
que os parasitos possam deixar, no momento adequado, o organismo de seu hospedeiro atual;
transporte ou deslocamento até o novo hospedeiro;
identificação deste, mediante sistemas de reconhecimento (bioquímica) situados no tegumento, nas mucosas ou nas membranas celulares do hospedeiro, como também deve contar com os recursos correspondentes destinados a penetração através dessas estruturas ou a um processo de endocitose;
migrações por vezes muito complicadas das formas infectantes ou dos parasitos adultos, já no interior do novo hospedeiro, até que finalmente alcancem e reconheçam sua localização definitiva e ai completem seu desenvolvimento. 
 Esse programa de reações fisiológicas a determinados estímulos e sinais, seguidas de ações precisas e cronologicamente ordenadas, traduz-se por uma sequência regular de acontecimentos que constituem o ciclo vital ou ciclo biológico do parasito. Seu conhecimento é necessário não só para a compreensão da biologia e da patogenia de cada parasitose, como para o estudo e seleção de métodos de diagnóstico, prevenção e controle das doenças parasitárias.
Ciclos monóxenos e heteróxenos
Há parasitos que necessitam de um só hospedeiro para completar seu ciclo vital. Ao passar de um hospedeiro a outro (da mesma espécie ou de espécies diferentes), repetem sempre, exatamente a mesma história de eventos biológicos, esse tipo de ciclo é dito monóxeno. 
No desenvolvimento do Enterobius vermicularis (verme intestinal) que parasita o intestino humano. Seus ovos saem como as femeas para o meio exterior, onde são liberados e embrionam ao fim de algumas horas. Quando esses ovos são ingeridos por outras pessoas, eles descem pelo tubo digestivo até o intestino, eclodem e liberam suas larvas. Estas crescem e se transformam em vermes adultos, sendo então as femeas, fecundadas pelos machos, onde logo começara a produção de ovos, que saindo para o exterior, vão se repetir sempre o mesmo ciclo.
 O ciclo heteróxeno é mais complicado, pois o parasito só completa seu desenvolvimento passando sucessivamente e sempre na mesma ordem por dois ou mais hospedeiros. Os primeiros hospedeiros, onde crescem e se diferenciam as fases larvárias do parasito são considerados hospedeiros intermediários, o ultimo onde se desenvolvem e vivem as formas adultas do parasito, é chamado de hospedeiro definitivo.
 Muitas vezes nos referimos aos hospedeiros intermediários (normalmente quando são artrópodes ou moluscos) como sendo os vetores da infecção. 
 
A Taenia solium, proporciona bom exemplo de ciclo heteróxeno, pois exige dois hospedeiros; o homem e o porco. Os ovos da tênia (ou suas proglotes cheia de ovos) são expulsos com as fezes de pessoas infectadas. A contaminação fecal do solo faz com que os ovos de tênia sejam ingeridos pelos porcos, quem tem hábitos coprófagos. No aparelho digestivo desses animais dá-se a eclosão dos ovos e a penetração das larvas (oncosferas) através da mucosa intestinal. Ganhando a circulação sanguínea, as oncosferas acabam por alojar-se em diferentes pontos da massa muscular do porco, onde se transformam em outro tipo de larva, o cisticerco. Ao alimentarem-se da carne de porco malcozida, outras pessoas irão infectar-se, se aí houver algum cisticerco, no intestino humano, a larva fixa a mucosa e cresce formando uma tênia completa. Suas proglotes logo estarão produzindo ovos que reiniciam o ciclo, sempre da mesa forma. 
Foco natural de uma parasitose 
 Os parasitos, como os outros organismos da biosfera, cada um deles ocupa determinados territórios e nichos ecológicos bem precisos. 
 No caso do Ascaris, os vermes adultos vivem no intestino delgado de uma parte da população humana, principalmente nas zonas rurais de países tropicais. Muitas famílias vivem em precárias condições, habitando casas sem instalações sanitárias ou com latrinas de tipo tão primitivo e desagradável que preferem fazer suas necessidades no chão, em lugares discretos protegidos pela vegetação. 
 A poluição fecal do solo pelos membros da família, em fundos de quintal, por exemplo, chega a ser importante, e havendo pessoas com ascaríase, grande quantidade de ovos pode acumular-se no peridomicílio. Esses ovos podem contaminaralimentos ou serem levados direto a boca, podem infectar ou reinfectar as pessoas. Chamamos essa área, construída pelo domicilio, o peridomicilio e seus moradores, onde circula o parasito, de foco elementar da ascaríase.
Zoonoses
Refere-se a circulação habitual de uma infecção entre animais. 
Epizootia
Utilizado para descrever um surto extraordinário de determinada infecção entre os animais (equivalente a uma epidemia entre os humanos).
Uma epizootia de peste entre os ratos, procede, e geralmente determina, em seguida, uma epidemia de peste na população humana. 
Condições essenciais para que existam os focos naturais de uma parasitose 
A presença simultânea, no espaço e no tempo dos membros da cadeia epidemiológica que asseguram a circulação do parasito. (Hospedeiros e vetores);
A densidade populacional dos hospedeiros (e dos vetores, se estes fizerem parte da transmissão) de tal ordem que possa assegurar boa probabilidade da passagem do parasito de um hospedeiro a outro (ou entre vetores e hospedeiros definitivos);
A existência de condições do meio ambiente compatíveis com as necessidades que os cistos, ovos ou larvas dos parasitos tem, para que possam sobreviver até encontrar um novo hospedeiro.
E, naturalmente, a presença do parasito ou sua introdução em dado momento, no ecossistema adequado a sua manutenção. 
Relações entre o parasito e seu hospedeiro
 Quando um parasito tem a capacidade de se desenvolver no organismo de um determinado animal, dizemos que eles são suscetíveis a tal parasito. Essa condição por vezes é apenas teórica, pois na realidade nunca se verifica tal infecção. 
 As razoes podem estar na existência de barreiras geográficas, ecológicas, comportamentais ou outras que impeçam contato ou a penetração do parasito no organismo suscetível. 
O camundongo Mus musculus, por exemplo, nunca se encontra infectado na natureza pelo Schistosoma, pois não frequenta os lugares onde poderia se contaminar, as coleções de agua doce onde vivem os moluscos vetores. 
Sabe-se que a Taenia saginata é rara entre os hindus, que não comem carne bovina, e a Taenia solium não se encontra entre os mulçumanos e os judeus, que se proíbem a carne de porco.
Resistencia natural ao parasitismo 
 Os organismos oferecem resistência a penetração ou a sobrevivência dos parasitos. Essa resistência é absoluta quando determinado parasito não dispõe de mecanismos que lhe permitam invadir o organismo de determinada espécie, ou quando não encontram nesta as condições exigidas por seu metabolismo e desenvolvimento. 
 Outras vezes a resistência é relativa e varia quanto ao seu grau de eficiência, havendo então indivíduos mais e outros menos resistentes. 
 Em geral estamos diante de mecanismos biológicos inerentes ao organismo do hospedeiro, que foram preservados ou favorecidos pela seleção natural.
 
Resistencia natural 
Quando as barreiras que se opõe ao parasitismo existem independentemente de qualquer contato anterior com o parasito e são comuns a todos os indivíduos da mesma espécie. Essa resistência é quase sempre uma característica genética. 
Mecanismos que protegem o hospedeiro
Entre os vários mecanismos que protegem o hospedeiro contra parasitos, deve-se contar a natureza do tegumento cutâneo e a das mucosas, com suas secreções e movimentos ciliares (drenando a arvore respiratória, por exemplo), várias substancias do sangue e dos tecidos com poder antimicrobiano, mas principalmente as células com capacidade fagocitária.
Fagocitose
 Esta função é encontra em grande variedade de células e em toda a escala biológica, desde as amebas até os animais superiores. Ela compreende mecanismos de aderência, de ingestão e digestão de corpos estranhos encontrados no meio interno dos organismos por células como os polimofornucleares e monócitos do sangue, pelos macrófagos e demais elementos do sistema fagocíticos mononuclear (SFM) e constitui um dos mais importantes dispositivos antiparasitários.
Sistema Fagocítico Mononuclear -SFM
 O SFM encontra-se distribuído por todo o organismo. Seus elementos fazem parte do tecido conjuntivo mas predominam ao longo dos capilares e concentram-se em órgãos como baço, fígado, os linfonodos e outros tecidos linfoides. 
 Se um microrganismo entra na circulação sanguínea, qualquer que tenha sido o ponto de penetração, será levado a passar por um dos leitos capilares de circulação lenta (fígado, pulmões, baço, etc.), onde os macrófagos vão agarrá-lo e eventualmente fagocitá-lo
Inflamação Aguda.
 O parasito ou seus produtos, ao lesarem os tecidos do hospedeiro, provocam liberação de substancias biologicamente muito ativas (mediadores químicos do tipo histamina, cininas, etc.), que desencadeiam uma reação inflamatória.
 Na fase aguda da inflamação, a região torna-se congesta, quente e dolorosa, extravasando-se o plasma sanguíneo, que cria um edema local, ao mesmo tempo que para aí são atraídos e se concentram diversos tipos de células inflamatórias, como linfócitos, eosinófilos e outros elementos, vindo do sangue ou macrófagos, mastócitos, etc. do próprio tecido lesado. 
 Aumentam os mediadores químicos e outras substancias capazes de produzir a lise (quebra) celular, a agregação de plaquetas e a coagulação sanguínea. Também passa a ser ativado o sistema complemento (de proteínas do plasma), que desencadeia uma cascata de reações pelas quais são liberadas enzimas que, aderindo aos parasitos, facilitam sua fagocitose pelos macrófagos ou causam a ruptura da membrana plasmática, e portanto, sua morte. 
Reação inflamatória
É outro mecanismo importante que tende a destruir os parasitos, ou quando menos, a isolá-los e limitar seu desenvolvimento. 
Resistencia ou Imunidade 
É a resposta fisiológica desenvolvida pelo hospedeiro, em função de um contato atual ou anterior com os antígenos parasitários, que tende a impedir ou limitar a implantação dos parasitos, ou sua sobrevivência, ou então sua multiplicação no organismo do hospedeiro. 
Resistencia Adquirida
É uma propriedade individual, não herdada, propriedade esta surgida em função de uma experiência pessoal do hospedeiro em contato com o parasito ou seus produtos. Os mecanismos de resistência adquirida estão ligados fundamentalmente a atividade dos linfócitos e plasmócitos.
Linfócitos B 
 Se diferenciam no baço e constituem numerosas populações (ou clones) de pequenas células sanguíneas dotadas de receptores de membrana diferentes para cada clone. Estes receptores são proteínas, incrustadas na superfície da membrana celular do linfócito, mas com tal conformação que podem aderir as moléculas dos parasitos que possuam forma complementar a sua.
Antígeno
 Se na superfície de um parasito houver um arranjo molecular que possa ser reconhecido por um determinado clone de linfócitos B e ligar-se aos receptores destes, nós o chamamos de antígeno. 
 O linfócito B, quando se combina com o respectivo antígeno, fica sensibilizado ou ativado, passando a reproduzir-se abundantemente e transforma-se em plasmócito.
Plasmócito
É uma célula de maior tamanho (graças ao crescimento de seu reticulo endoplasmático granuloso) e que, por isso, adquiriu a capacidade de produzir grande quantidade de molecular proteicas de um tipo especial, denominado anticorpo. 
Anticorpos
 Os anticorpos são moléculas com a forma de um Y, que apresentam, na extremidade de seus dois braços, estruturas com a mesma configuração morfológica que os receptores de membrana do linfócito que os produziu: são os sítios ativos do anticorpo. 
 Esses anticorpos podem ligar-se ao tipo de antígeno que desencadeou o processo de sua formação. 
Ligação antígenos e anticorpos
 A combinação de antígenos e anticorpos formam complexos antígeno-anticorpo que podem ser solúveis (complexos circulantes) ou insolúveis (precipitados) e que, por sua vez podem provocar diversos tipos de respostas fisiológicas da parte do hospedeiro. Tais como:
Estimulação da fagocitose 
Estimulação da reação inflamatória
Ativação do sistema complemento 
 Destruição (lise) dos parasitos portadoresdo antígeno específico e, até mesmo, de células do hospedeiro que contenham tais parasitos. 
Linfócitos T
 Os linfócitos T se diferenciam inicialmente no timo, também possuem receptores de membrana. Há várias classes de células T, dentre as quais se destacam: 
Células T Auxiliares 
 Quando ativadas pelos antígenos específicos, multiplicam-se e passam a excretar pequenas quantidades de substancias fisiologicamente muito potentes, mas de ação local e transitórias, que são as linfocinas, cuja participação no processo inflamatório e no ataque aos parasitos é muito importante. 
 Entre as linfocinas encontram-se fatores citotóxicos, ativadores de macrófagos e quimiotáticos, que atraem outras células inflamatórias para o local. 
Células T Supressoras
 Exercem ação controladora sobre outros elementos do sistema imunológico. 
Células T Citotóxicas 
 Possuem capacidade de destruir diretamente células-alvo do processo imunológico, desde que ativadas. 
Imunidade Celular
É a imunidade desenvolvida pelos linfócitos T e tem uma participação direta dessas células ao ataque aos parasitos. 
Imunidade Humoral
É a imunidade promovida pelos linfócitos B, é mediada pelos anticorpos produzidos, que passam a circular no plasma. 
Inflamação Crônica Granulomatosa
 Desencadeado o processo imunológico pela sensibilização das células imunocompetentes, a reação inflamatória toma um curso de algo diferente do que descrevemos na inflamação aguda. Ela se torna de evolução mais lenta e de efeitos duradouros, com pouco edema e a presença de grandes números de células, principalmente macrófagos, eosinófilos, plasmócitos e fibroblastos. 
 Essas células organizam-se geralmente em camadas concêntricas, em torno do parasito ou de materiais dele derivados, formando o que se chama de granuloma. Os macrófagos do tecido (histiócitos) acumulam-se na parte central, em contato direto com os elementos parasitários, seja simulando uma estrutura epitelial, seja fundindo-se para construírem células multinucleadas gigantes: os gigantócitos. Os fibroblastos fusiformes e alongados dispõem-se em camadas e começam a produzir fibras elásticas e colágenas, em torno do parasito morto e em via de reabsorção. 
Imunodepressão 
 É quando o sistema imunológico do indivíduo é deprimido ou alterado, deixando de exercer suas funções. 
 Essas circunstancias apresentam-se quando um paciente deve tomar medicamentos imunodepressores, por ocasião, por ocasião de enxertos de órgãos, ou corticoides para o tratamento de doenças alérgicas, mas principalmente quando ocorre a infecção pelo vírus HIV (causador da síndrome de imunodeficiência adquirida, ou AIDS). 
Métodos imunológicos de diagnóstico do parasitismo
 No laboratório dispõe-se de uma série de métodos destinados a diagnosticar a presença do parasitismo, em um paciente, graças a demonstração da existência de anticorpos específicos para o parasito no soro desse paciente. 
 O princípio em que se baseiam os métodos imunológicos consiste em tomar o soro do paciente, adicionando antígenos conhecidos, verificar in vitro a formação do complexo antígeno-anticorpo. Caso isto aconteça, torna-se patente que o organismo está infectado ou já esteve, pois havia sido induzido a produzir o respectivo anticorpo.
 Segundo o método utilizado para se pôr em evidencia a formação do complexo antígeno-anticorpo, falamos em reações de precipitação (se o complexo forma precipitado visível), reações de aglutinação (se consegue aglutinar partículas ligadas ao antígeno, como na hemaglutinaçao), reações de fixação do complemento, etc. 
 A técnica ELISA, é atualmente das mais empregadas, permitindo tanto detectar a presença de anticorpos específicos como a de antígenos parasitários. Os complexos antígenos-anticorpos formados são revelados pela reação de um anticorpo marcado com uma enzina capaz de produzir reação colorida ao se lhe adicionar um substrato adequado muda de cor quando o teste é positivo. 
Métodos moleculares de diagnóstico das parasitoses
 O diagnóstico molecular de doenças parasitárias se baseia na detecção de DNA de agentes parasitários em amostras clínicas de hospedeiros humanos, reservatórios e vetores. 
 Técnicas de amplificação de DNA (PCR) tornam possível a detecção de agente usualmente encontrados em quantidades escassas nos mais diferentes materiais.
Detecção de Plasmodium sp. em pacientes portadores de malária assintomática.
 As técnicas de amplificação de DNA além de sua alta sensibilidade e especificidade, trouxeram consigo melhor abordagem diagnóstica para o paciente. 
 A alta sensibilidade do método de PCR é devida ao potencial de amplificação do DNA. Teoricamente, pode-se gerar a partir de uma única molécula alvo, ao final de uma reação normal de PCR, cerca de um bilhão de fragmentos idênticos ao alvo original. A especificidade é dada pelos iniciadores da reação que correspondem a sequencias especificas do agente etiológico pesquisado. 
 Além da perspectiva do agente parasitário, as técnicas de diagnóstico molecular possibilitam a tipagem do parasito envolvido. Podendo fechar ciclos epidemiológicos entre hospedeiros humanos e reservatórios, por exemplo, uma vez que a técnica pode demonstrar que em ambos os casos circulam o mesmo genótipo parasitário.

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