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Trabalho execução trabalhista - final

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AVALIAÇÃO EXECUÇÃO TRABALHISTA
Alunos: Iria Nazir Macedo Francisco - TIA: 72001631
 Letícia Campopiano da Silva - TIA: 72016345
 Pedro Henrique Marcolino - TIA: 72018534
Tema 4: Sobre a pesquisa patrimonial por meio de convênios (Bacen Jud, SisbaJud, Simba, etc). Trata-se de direito do exequente? Quais as limites? Como fica o direito ao sigilo fiscal do devedor?
Introdução
Todas os profissionais que trabalham no direito desejam um processo eficaz. Os credores trabalhistas esperam receber os valores a que tem direito quando da propositura da ação. Durante a fase de execução, tendo em vista a inércia do devedor em não pagar ou nomear bens à penhora, inicia-se a árdua tarefa de localizar bens que possam ser penhorados. Criando-se uma angústia ao credor que se vê impedido de receber o direito que lhe foi garantido em sentença processual.
Diante de tais fatos, hoje quando o executado se cala, os credores e o Juiz contam com ferramentas – convênios que auxiliam na localização e penhora de valores em contas bancárias, aplicações financeiras, enfim, valores que possam garantir a entrega da prestação jurisdicional. Dentre estes convênios podemos destacar o Bacen jud que foi sucedido pelo SISBAJUD, conforme abaixo:
O Bacen Jud foi o sistema de comunicação eletrônica entre o Poder Judiciário e instituições financeiras e demais entidades autorizadas a funcionar pelo BC, até 4/9/2020.  Em 8/9/2020 foi sucedido pelo SISBAJUD - Sistema de Busca de Ativos do Poder Judiciário, operado pelo CNJ - Conselho Nacional de Justiça.
Cabe à instituição destinatária analisar e cumprir a ordem judicial e comunicar aos seus clientes, após cumprimento, sobre as determinações que alterem a disponibilidade dos recursos, bens, direitos e ativos (bloqueio, desbloqueio e transferências para contas judiciais), informando a origem da ordem judicial, o que inclui Vara ou Juízo, número do processo e do protocolo da ordem.[footnoteRef:1] [1: Informação obtida no sítio do Banco Central - www.bcb.gov.br] 
No entanto, apesar das facilidades, estes convênios têm sofrido críticas no que diz respeito ao sigilo fiscal do devedor.
QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO E LIMITE
A quebra do sigilo bancário foi uma das maiores preocupações de quem se opõe a este sistema de convênios. O tema ensejou, inclusive, propositura de Ações Diretas de Inconstitucionalidade.
Para os que defendem esse sistema de convênios alegam que o Poder Judiciário é competente para decretar a quebra do sigilo bancário e os juízes estão autorizados a solicitar informações ao Banco Central, por força da Lei Complementar n.º 105/2001, art. 1º, § 4º 26 e art. 3º caput27. Sobre esse tema, Rodolfo Pamplona Filho já ensinava em 2002 que: 
Por força de norma legal, já é permitido aos juízes determinar o bloqueio de ativos financeiros e obter de entidades públicas ou privadas as informações necessárias para a instrução de processos, respeitadas as regras constitucionais e processuais vigentes.[footnoteRef:2] [2: PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Convênio Bacen/TST: primeiras dúvidas. In: Revista do Curso de Direito das Faculdades Jorge Amado. Salvador: Faculdades Jorge Amado, 2002, v. 2, n. 1, p. 476, jan./dez. 2002.
] 
Além disso, se o contribuinte tem a obrigação de informar à receita federal a posição financeira de seu patrimônio e de suas contas bancárias na sua declaração anual de imposto de renda, ou seja, as informações são prestadas para fins tributários então ela também poderá ser feita em nome de uma execução de créditos trabalhistas.
Sobre este assunto Alexandre de Moraes acrescenta:
Os sigilos bancário e fiscal são relativos e apresentam limites, podendo ser devassados pela Justiça Penal e Civil, pelas Comissões Parlamentares de Inquérito e pelo Ministério Público uma vez que a proteção constitucional do sigilo não deve servir para detentores de negócios não transparentes ou de devedores que tiram proveito dele para não honrar seus compromissos [footnoteRef:3] [3: MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 62] 
No entanto é importante frisar que esta quebra de sigilo bancário não ultrapasse os limites da necessidade. Mesmo decretada a quebra de sigilo do executado deve-se incluir nos autos somente as informações necessárias, não é necessário que se conheça todas as movimentações financeiras do devedor, mas tão somente o saldo bancário. Qualquer informação que ultrapasse os limites do necessário seria uma invasão injustificada e uma inconstitucionalidade do ato. E sem dúvida a privacidade do executado não deve ser exposta ao público, mas tão somente aos interessados no processo.
Assim, a jurisprudência em geral, como será demonstrado a seguir, segue o entendimento de que, sendo justificada e proporcional, ou seja, nos limites do necessário, o sigilo bancário pode ser afastado.
Recorrente: LUCK MARKETING PROMOCIONAL E EVENTOS LTDA. Advogada: Dr.ª Maria Novaes Villas Boas. Recorrido: VICENTE MARTIN LOPES. Advogado: Dr. Rubens Garcia Filho. Advogada: Dr.ª Jamille Azevedo Dias. Recorrido: LUCIANO ROSSETTO LEOMIL. Recorrido: ARCOS DOURADOS COMÉRCIO DE ALIMENTOS LTDA. Advogado: Dr. Arnaldo Pipek. Advogado: Dr. Jefferson Valsecchi. DECISÃO. TRANSCENDÊNCIA DA CAUSA. LEI Nº 13.467/2017. Trata-se de recurso de revista interposto na vigência da Lei nº 13.467/2017, de sorte que está sujeito à demonstração prévia de transcendência da causa, conforme estabelecido nos artigos 896-A da CLT e 246 e 247 do Regimento Interno desta Corte Superior. O apelo foi recebido pelo Regional somente quanto ao tema "Nulidade do acórdão regional por negativa de prestação jurisdicional", em relação ao qual se restringirá seu exame, ante o disposto no artigo 1º da Instrução Normativa nº 40/2016 do TST e em vista do cancelamento da Súmula 285 deste Tribunal. A reclamada alega omissão no julgado, sob o argumento de que o Regional deferiu quebra de sigilo, sem a devida fundamentação e sem delimitar a sua ordem, pois não indicou a pessoa ou pessoas contra as quais pode haver pesquisa, não delimitou o período pesquisado, assim como não restou fundamentada a necessidade da pesquisa. Alega violação dos artigos 5º, X e XII e 93, IX, da Constituição da República. Todavia, verifico que o Regional manifestou-se a respeito das questões relevantes postas em discussão, consignando, que "Todas as diligência realizadas visando a satisfação do crédito restaram infrutíferas, quais sejam, mandados de citação, penhora e avaliação, convênio BacenJud, Receita Federal, ARISP, INFOSEG E RENAJUD." (fls. 793 - g.n.). Registrou, no julgamento dos embargos de declaração opostos, que "Com razão a embargante, embora apenas no tocante à tese levantada sobre garantia constitucional do sigilo fiscal, a qual passo a sanar. Ao contrário do que sustenta a embargante, a quebra de sigilo bancário nos processos que tramitam perante esta Justiça do Trabalho não constitui violação da garantia constitucional do sigilo fiscal, se justificando em hipóteses excepcionais, como no caso. Tanto que existe acordo de cooperação técnica entre o Ministério público Federal e o Conselho Superior da Justiça do Trabalho possibilitando a utilização do SIMBA no âmbito da Justiça do Trabalho. No mais, o caso não se trata de quebra de sigilo fiscal, mas sim de sigilo bancário, com o objetivo de se analisar o fluxo de ativos financeiros dos devedores inadimplentes, rastrear a origem e destino desses ativos e avaliar a capacidade patrimonial dos executados, procedimento esse que possibilita, inclusive, identificar eventual integração interempresarial para efeito de caracterização de grupo econômico, motivo pelo qual não há que se falar em omissão nesse aspecto" (fls. 802/803 - g.n.). Constata-se, assim, que a prestação jurisdicional foi entregue de forma completa, ainda que em descompasso com a pretensão da parte, carecendo o apelo da transcendência necessária à quebra da cognição meramente perfunctória da causa. Nesse contexto, NEGO SEGUIMENTO ao recurso de revista com fulcro no artigo 118, X, do Regimento Internodeste Tribunal. Publique-se. Brasília, 15 de abril de 2021. Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001) TEREZA APARECIDA ASTA GEMIGNANI Desembargadora Convocada Relatora. (TST - RR: 18668720135020040, Relator: Tereza Aparecida Asta Gemignani, 8ª Turma, Data de Publicação: 19/04/2021) [footnoteRef:4] [4: TST - RR: 18668720135020040, Relator: Tereza Aparecida Asta Gemignani, 8ª Turma, Data de Publicação: 19/04/2021. Disponível em: tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1215363199/recurso-de-revista-rr-18668720135020040/inteiro-t1215363461eor-
] 
AGRAVO DE PETIÇÃO - QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. A despeito da previsão legal autorizando, ainda que excepcionalmente, a quebra de sigilo bancário, a sua permissão deve, além de se submeter ao poder de direção do processo (art. 795 da CLT), estar aliada à presença de indícios de que os sócios estariam se utilizando de manobras bancárias para impedir que valores que valores fossem localizados e contritos pela Justiça do Trabalho, o que não restou evidenciado no caso dos autos. (TRT-20 00019812020105200006, Relator: JORGE ANTONIO ANDRADE CARDOSO, Data de Publicação: 02/08/2018)[footnoteRef:5] [5: TRT-20 00019812020105200006, Relator: JORGE ANTONIO ANDRADE CARDOSO, Data de Publicação: 02/08/2018. Disponível em: https://trt-20.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/649177826/19812020105200006/inteiro-teor-649177836
] 
MANDADO DE SEGURANÇA. QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO. LEGALIDADE. Não se caracteriza ilegal ou abusiva, tampouco fere direito líquido e certo do impetrante, decisão que, de forma motivada e com o fim de obter instrumento destinado a conferir efetivação da res judicata, ordena a quebra do sigilo bancário do devedor, posto que o direito ao sigilo fiscal e bancário não se constitui em direito absoluto, pois sofre contingenciamento do paradigma constitucional do estado democrático de direito, motivo pelo qual o interesse público prevalece sobre o direito individual invocado. Segurança denegada. (TRT 17ª R., MS 0043100-55.2013.5.17.0000, Rel. Juíza Sônia das Dores Dionísio, DEJT 25/02/2014)[footnoteRef:6] [6: TRT 17ª R., MS 0043100-55.2013.5.17.0000, Rel. Juíza Sônia das Dores Dionísio, DEJT 25/02/2014. Disponível em: https://trt-17.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/416954889/mandado-de-seguranca-ms-431005520135170000/inteiro-teor-416954900] 
CONCLUSÃO
Uma das coisas mais frustrantes para o credor é ver o seu direito reconhecido judicialmente e no momento da execução o devedor não paga e não oferece bens à penhora. Para uma pessoa comum, sem acesso às ferramentas de pesquisa, fica quase impossível localizar bens para satisfazer o seu crédito. Neste momento os convênios firmados pelo poder judiciário dão ao credor uma possibilidade de receber o que tem direito. Diante dos fatos a opinião de nosso grupo é que estes convênios contribuem para aumentar a eficácia do processo de execução desde que utilizados dentro do limite que atendam à eficácia e a satisfação do crédito do exequente e sem o massacre ou exposição do patrimônio do executado.

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