Prévia do material em texto
FACULDADE DE TECNOLOGIA EBRAMEC ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DE PACIENTE COM CORDOMA, ESTUDO DE CASO: Amenizar os sinais e sintomas do Cordoma e de uma de suas disfunções, a Bexiga Neurogênica, através da acupuntura. Autor: Helena Cristina dos Santos Monteiro SÃO PAULO 2017 FACULDADE DE TECNOLOGIA EBRAMEC ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DE PACIENTE COM CORDOMA, ESTUDO DE CASO: Amenizar os sinais e sintomas do Cordoma e de uma de suas disfunções, a Bexiga Neurogênica, através da acupuntura. SÃO PAULO 2017 Autor: Helena Cristina dos Santos Monteiro Monografia apresentada à Faculdade de Tecnologia Ebramec como requisito parcial para obtenção do certificado de Acupunturista. Orientadora: Miriam Leite Kajiya Co-orientador: Professor Reginaldo de Carvalho Silva Filho Dedico este trabalho à Miriam Leite Kajiya AGRADECIMENTOS Ao meu Co-orientador, o professor Reginaldo Filho, por aceitar meu trabalho e me dar total apoio. Como você mesmo disse “sonhar pequeno ou grande, dará o mesmo trabalho para realizar”, por essa frase decidi levar meu trabalho à diante. Ao professor Gustavo Villela por iniciar essa jornada comigo, por me ajudar com materiais necessários para iniciar meu projeto. Aos meus mestres, que me apresentaram a Medicina Chinesa de uma forma tão especial que me incentivou a buscar sempre mais. A equipe da Ebramec, vocês são demais, sempre solícitos e amigos. A Miriam Leite Kajiya, minha amiga, acupunturista e fisio, você é a peça fundamental desse sonho, pois me apresentou a Medicina Chinesa de uma forma muito especial, foi seu amor por esta medicina que me encantou, me incentivou a estar aqui hoje, não tenho palavras para descrever tamanha gratidão. No momento mais difícil da minha vida, você me estendeu a mão, me incentivou a recomeçar, a voltar a estudar, a me refazer e a me sentir feliz por descobrir algo novo e fantástico. Hoje sou apaixonada por essa profissão e você é a grande culpada por isso, obrigada! Ao meu tio Valdir Eduardo de Moraes, sem palavras, pois sabendo que era um estudo e que poderia dar certo ou não, acreditou na Medicina Chinesa e em mim. Com sua ajuda, conseguimos desenvolver técnicas para auxiliar outros pacientes. Ao meu marido Christiano Monteiro, que me deu total apoio quando disse que iria voltar a estudar, esteve comigo em todos os momentos, em todas as viagens, nos bons e maus momentos, quando pensei em desistir, esteve ao meu lado dando forças para seguir em frente, passou noites em claro me ajudando a escrever o TCC. Nós sabemos o significado desse curso para nossa família, só nós. Simplesmente, te amo! A minha filha Júlia, você é um anjo em minha vida, quantas vezes precisei deixá-la com meus pais para estar em São Paulo, só Deus sabe o quão difícil era fazer isso, mas foi por nós e isso me deu forças, pois esse curso é nosso! Agradeço a Deus todos os dias por você existir em minha vida, minha “vidinha”, te amo! Aos meus pais Carlos e Wilma, pelo apoio, sempre cuidando da minha filha, minhas cachorras e minha casa, para eu viajar, correr atrás do meu sonho e recomeçar. Ao meu sogro Álvaro que me incentivou a voltar a estudar. Aos amigos especiais que surgiram no início do curso e me ajudaram muito. Sem vocês eu não teria conseguido: Jozi M. Trabachini, Fernando Freire, Iramaia N. Z. Borgheresi, Renato Leone Borgheresi e Claudia Altavista. Amizade para a vida inteira! Sou grata a Deus, a vida e ao universo, pela oportunidade de estar aqui! O sentido da vida é encontrar o seu dom. O propósito do dom é oferecê-lo. - Carl J. Jung Resumo Quando se pensa em um paciente com câncer, pensa-se em: emocional abalo pela notícia; falta de informação; falta de expectativa e de esperança, pois pensam nas dificuldades e o fato de depender dos cuidados de alguém por conta da doença e do tratamento. A dúvida é sempre a mesma. O que é a doença? O que vem com ela? Como será o tratamento? O objetivo deste estudo de caso é explicar e tratar o Cordoma: Tumor Sacrococcígeo com a disfunção Bexiga Neurogênica, através da Medicina Chinesa, comprovando a eficácia das técnicas aplicadas com resultados satisfatórios. Palavras-chave: Acupuntura, Cordoma Tumor Sacrococcígeo e Bexiga Neurogênica. Abstract When one thinks of a cancer patient, one thinks of: emotional upset by the news; lack of information; Lack of expectation and hope, because they think about the difficulties and the fact of depending on the care of someone because of the illness and the treatment. The doubt is always the same. What is the disease? What comes with it? How will the treatment be? The purpose of this case study is to explain and treat Chordoma: Sacrococcygeal Tumor with Neurogenic Bladder dysfunction, through Chinese Medicine, proving the effectiveness of the applied techniques with satisfactory results. Key words: Acupuncture, Chordoma Tumor Sacrococcygeal and Neurogenic Bladder. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 9 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................................... 10 2.1 Cordoma ...................................................................................................................................... 10 2.2 Bexiga Neurogênica ..................................................................................................................... 11 3 TRATAMENTO DO CORDOMA E BEXIGA NEUROGÊNICA ATRAVÉS DA MEDICINA CHINESA ............. 12 3.1 Conceitos Gerais da Acupuntura ................................................................................................. 12 3.1.1 Teoria Yin e Yang .................................................................................................................. 12 3.1.2 Teoria dos Cinco Movimentos .............................................................................................. 12 3.1.3 Teoria de Zang Fu (Órgãos e Vísceras) ................................................................................. 12 3.1.4 Os Órgãos Fu (Vísceras) Extraordinários .............................................................................. 13 3.1.5 Teoria dos Canais ................................................................................................................. 13 3.2 Substâncias: Qi, Xue (Sangue), Jin Ye (Líquidos Orgânicos), Jing (Essência) e Shen (Espírito) .... 14 3.3 Desequilíbrios Energéticos dos Canais ........................................................................................ 14 3.3.1 Princípios e Métodos de Tratamento ................................................................................... 15 3.3.2 Desequilíbrios por Vento, Calor, Secura, Frio e Umidade .................................................... 15 3.3.3 Princípios de Tratamento ..................................................................................................... 15 3.3.4 Classificação das Síndromes de Órgãos ...............................................................................15 3.4 O Rim e sua função com relação aos Ossos, Medula, Cérebro, Lombar e Bexiga. ..................... 16 3.5 Cordoma: Tumor Sacrococcígeo e Bexiga Neurogênica de acordo com a Medicina Chinesa .... 17 4. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................................... 18 4.1 Relato de Caso: ............................................................................................................................ 18 5 DISCUSSÕES ........................................................................................................................................ 20 6 RESULTADOS ...................................................................................................................................... 22 7 CONCLUSÃO ....................................................................................................................................... 23 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 24 9 1 INTRODUÇÃO O Cordoma é um tumor maligno que se origina na coluna vertebral e seu crescimento é lento e age de forma agressiva no local, afirma Linhares et al (2009). Os pacientes portadores do Cordoma melhoraram sua expectativa de vida de forma significativa através de cirurgias agressivas, ressalta Moya (1960, apud PEREIRA & ZELAUY, 1964). As cirurgias podem gerar sequelas neurológicas e ortopédicas definidas como: incontingência fecal, impotência sexual, anestesia em sela, claudicação, instabilidade lombar e retenção urinária, enfatiza Ghezzi et al. (2009). Para Linhares et al (2009), a retenção urinária grave por bexiga neurogênica possui como principais sequelas, em estudos de caso, são a incontinência fecal e défice motor em membros inferiores. A Bexiga Neurogênica é uma disfunção ligada a uma alteração do sistema nervoso correspondente ao transtorno do controle da função vesical, explica Holzer & Holzer (1993, apud FURLAN 1998), provocando micção anormal, aumento da pressão urinária e estagnação da urina, possibilitando infecções, lesões da pele e deterioração renal, conclui Furlan (1998). O objetivo deste estudo de caso é tratar o paciente portador de Cordoma, com isso, amenizar os sinais e sintomas do Cordoma e de uma de suas disfunções, a Bexiga Neurogênica, através da acupuntura. Para isso, realizou-se pesquisa com base nas teorias da Medicina Chinesa, onde se desenvolveu um tratamento para o estudo de caso, com a finalidade de regular a função da Bexiga, reduzindo o uso do cateter diariamente, bem como minimizar o processo degenerativo causado pelo Cordoma. 10 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Cordoma Para Linhares et al (2009), o Cordoma é um tumor maligno que se origina nos remanescentes ectópicos de tecido notocordial (coluna vertebral), onde seu crescimento se desenvolve lentamente e atua de forma agressiva no local. Novas técnicas cirúrgicas agressivas melhoraram significativamente a expectativa de vida dos pacientes portadores de Cordoma. Segundo Moya (1960, apud PEREIRA & ZELAUY, 1964, p. 256) a grande maioria das publicações sobre Cordoma baseiam-se nas observações isoladas ou em pequeno número de casos, sendo pouquíssimos autores que registram casuísticas próprias numerosas, constituindo assim prova da sua raridade literária. Entre 1.800 tumores operados, encontraram apenas 13 Cordomas, 0,72% (Poppen & King, 1952, apud PEREIRA & ZELAUY, 1964, p. 256). De acordo com Pereira & Zelauy (1964), a maioria dos Cordomas origina-se em restos heterotópicos da notocorda situados nas regiões sacrococcígea e esfeno-occipital. Cerca de 85% dos cordomas distribuíam-se nas regiões sacrococcígea e intracraniana e apenas 15% em outras partes da coluna vertebral (Forti e Venturini, 1960, apud PEREIRA & ZELAUY, 1964, p. 257). Pereira & Zelauy (1964, grifo do autor) relata ainda, que os Cordomas ocorrem com maior frequência no sexo masculino produzindo sintomas de compressão radículo-medular e quando sacrococcígeos comprometem as últimas raízes da cauda equina, provocando dores e desordens esfincterianas. Pereira & Zelauy (1964) explica que mesmo com os elementos fornecidos pela radiologia simples, que podem sugerir o diagnóstico do Cordoma, existe uma dificuldade clínica em determiná-lo antes das intervenções cirúrgicas. Com relação a anatomia patológica do Cordoma, Pereira & Zelauy (1964) explica que o Cordoma possui forma globosa com limites e dimensões variáveis, onde os maiores atingem o volume de uma cabeça de adulto localizando-se na região sacroccígea, podendo apresentar-se como massas sólidas, consistentes, densas e opacas, de coloração branco-acinzentado e em outras vezes sofre uma degeneração mucoide, tornando-se gelatinoso, transparente, de coloração branca ou azulada e de consistência diminuída. No que se refere ao aspecto macroscópico no sentido de esclarecer o grau de malignidade da neoplasia, pode-se estabelecer que o tumor será benigno quando for mais extenso o processo de degeneração mucoide, enquanto os malignos são aqueles em que os lóbulos se apresentam densos e opacos (Pereira & Zelauy, 1964, p.259). Pereira & Zelauy (1964) explana que a célula fisalífera é o elemento característico desta neoplasia, que enquanto jovem possui forma arredondada ou poliédrica com citoplasma abundante, homogêneo e eosinófilo. [...] o núcleo é grande, central, redondo ou ovoide, contendo massas de cromatina separadas por espaços claros. Esta célula, à medida que amadurece, sofre degeneração mucoide, aparecendo em seu citoplasma vacúolos que aumentam progressivamente de número e tamanho, permanecendo separados por fino retículo de citoplasma. (PEREIRA & ZELAUY, 1964, P. 259, grifo do autor) O arranjo alveolar do parênquima é outro importante caráter microscópico do Cordoma típico, pois possui alvéolos grandes e pequenos. Os pequenos são formados por acumulo de células jovens, dando a característica epitelial a neoplasia, enquanto nos alvéolos grandes os elementos celulares são formados por estados de maturação e possuem uma forma regular e ordenada de se organizar, explica Pereira & Zelauy (1964). Com relação a metástases Pereira & Zelauy (1964, grifo do autor) relata que “Os Cordomas têm grande tendência a invadir os vasos sanguíneos, formando verdadeiros trombos neoplásicos”. 11 Mabrey encontrou estas tromboses em 6 casos, 5 dos quais ainda não tinham metástases. A via linfática é a mais importante, sendo comum as metástases ganglionares; são descritas também metastases no fígado, pulmão, miocárdio, baço, rim, tireóide, pele e tecido celular subcutâneo e peritônio. Fato interessante é a grande frequência de metástases nos cordomas sacrococcígeos 62,5%. Mabrey (1935, apud PEREIRA & ZELAUY, 1964, p. 260, grifo do autor). Para Pereira & Zelauy (1964), a remoção total do Cordoma por meio cirúrgico é impossível, exceto e excepcionalmente os localizados na região sacrococcígea com operações radicais que removem todo o osso comprometido e as partes moles adjacentes. A remoção parcial do tumor é recomendada pela maioria dos autores, para descomprimir estruturas vitais e efeitos de derivação do trânsito liquórico nos casos em que há bloqueio. 2.2 Bexiga Neurogênica De acordo com Ghezzi et al. (2009, grifo do autor), dependendo do nível de secção do sacro, podem ocorrer sequelas neurológicas e ortopédicas definitivas como: incontinência fecal, impotência sexual, anestesia em sela, claudicação, instabilidade lombar e retenção urinária. Linhares et al (2009) em seus estudos de caso, ressalta que as principais sequelas observadas em seus grupos foram: a retenção urinária grave por Bexiga Neurogênica, incontinência fecale défice motor em membros inferiores. Furlan (1998) explica que “[...] a Bexiga Neurogênica é patologia resultante de um defeito, congênito ou adquirido, na medula espinhal”. Segundo Holzer & Holzer (1993, apud FURLAN 1998, P. 8, grifo do autor), “[...] Bexiga Neurogênica, que é aquela bexiga cuja disfunção está ligada a uma alteração do sistema nervoso (espinha bífida, agenesia sacra, diastermatomielia), ou seja, correspondem a um transtorno do controle nervoso da função vesical.” Furlan (1998) relata que: A essa disfunção vesical alterada, secundária a um comprometimento do sistema nervoso, dá-se a denominação de bexiga neurogênica. O comprometimento do sistema nervoso pode ser congenito ou adquirido. As mielodisplasias são citadas na literatura como a causa mais frequente de lesão congênita dos nervos medulares, e os traumatismos e tumores de medula espinhal como a causa mais frequente de lesão adquirida,[...] nos adultos. (JOHNSTON & FARKAS, 1975; YUNGE, 1987; DE BADIOLA, 1989; BAUER & JOSEPH, 1990; apud FURLAN 1998, p. 8, grifo do autor). Para Furlan (1998, grifo do autor), a Bexiga Neurogênica provoca a micção anormal por causa da lesão ocorrida na inervação dos músculos vesicais e esfincterianos relacionados à micção. Em alguns casos há estagnação da urina e em outros há o aumento da pressão na bexiga, possibilitando infecções urinárias, perda contínua de urina com odor desagradável e lesões da pele em contato com a urina e progressiva deterioração renal por aumento da pressão nas vias urinárias. Com relação ao tratamento da Bexiga Neurogênica, Fernandes et al. (1994, apud FURLAN 1998, p.15) determina como tratamento adequado um bom esvaziamento da bexiga, baixa pressão intravesical, prevenir a infecção do trato urinário e tratar o refluxo vesicouretral. Duas formas de esvaziamento da bexiga são: cateterismo vesical ou autocateterismo intermitente, complementa Furlan (1998). 12 3 TRATAMENTO DO CORDOMA E BEXIGA NEUROGÊNICA ATRAVÉS DA MEDICINA CHINESA 3.1 Conceitos Gerais da Acupuntura Reichmann (2002) explica que, a Acupuntura baseia-se em quatro teorias da Medicina Chinesa: a teoria do Yin e Yang, a teoria dos Cinco Movimentos, a teoria Zang Fu (Órgãos e Vísceras) e a teoria dos Canais. 3.1.1 Teoria Yin e Yang O Yin e Yang são dois princípios universais interdependentes, complementares, opostos e unidos que explicam os movimentos do universo, através das mutações e transformações. Estas duas energias fundamentais interagem na origem do universo, pois tudo na natureza e no homem são baseados em ciclos induzidos pelos movimentos e variações do Yin e Yang. Os ciclos, tanto do macrocosmo planetas e galáxias quanto do microcosmo células e átomos possuem ritmos próprios, assim como na fisiologia humana, uma vez alterados este ritmo equilibrado do Yin e Yang a patologia aparece, explica Sionneau (2014). Para Sionneau (2014), o Yin e Yang podem ser expressos no universo e na natureza da seguinte forma: YIN: terra, lua, interior, água, frio, umidade, denso, xing forma, lentidão, feminino e noite. YANG: céu, sol, exterior, fogo, calor, secura, sutil, Qi, rapidez, masculino e dia. 3.1.2 Teoria dos Cinco Movimentos De acordo com Sionneau (2014), “Os Cinco Movimentos Wu Xing são principalmente as cinco qualidades universais que caracterizam o conjunto de objetos ou fenômenos”. Segundo Sionneau (2014): FOGO: expressão do Yang em seu apogeu, movimento de eclosão e de ação, calor associado ao verão, gerado pela madeira. Alegria, amargo, vermelho, Coração/Intestino Delgado – Pericárdio/Triplo Aquecedor, calor. TERRA: elemento central para qual todos os outros movimentos são reduzidos sem parar para se manifestar, controladora dos cinco movimentos, movimento de conciliação, união, coesão. Preocupação, adocicado, amarelo, Baço/Estômago, umidade. METAL: movimento descendente, sol poente, separação, rígido, gerado pela terra. Tristeza, picante, branco, Pulmão/Intestino Grosso, secura. ÁGUA: Expressão do Yang em seu esgotamento máximo, movimento da calma, do repouso, da imobilização, gerado pelo metal. Medo, salgado, preto, Rim/Bexiga, frio. MADEIRA: Movimento de nascimento, sai da terra, sai de si mesmo, força bruta, para se separar e se distanciar do Yin, necessário a mudança e transformação, ideia de dinamismo, mobilidade, agitação, gerado pela água. Raiva, azedo/acido, verde, Fígado/Vesícula Biliar, vento. 3.1.3 Teoria de Zang Fu (Órgãos e Vísceras) Sionneau (2015) explana que, “o objetivo dos Zang Fu é estudar a anatomia e a fisiologia dos órgãos, assim como as relações que existem entre eles e os diferentes tecidos e estruturas do corpo. Em Medicina Chinesa eles possuem um lugar especial na descrição da fisiologia e da patologia”. Os cinco órgãos Zang (órgãos): Rim, Fígado, Coração, Baço e Pulmão; 13 Os órgãos Fu (vísceras): Bexiga, Vesícula Biliar, Intestino Delgado, Estômago, Intestino Grosso e Três Fogareiros; Os órgãos Fu Extraordinários: Cérebro, Medula, Ossos, Vasos e Útero. Todos são constituídos de um aspecto Yin e de um aspecto Yang. A Forma e a Estrutura de cada Zang Fu correspondem ao Yin, Jing, Sangue, e Líquidos de cada um deles. Estes representam o Yin Qi e as Funções de cada Zang Fu correspondem ao Yang e ao Qi, que representam o Yang Qi, explica Sionneau (2015). De acordo com Sionneau (2015), Os Órgãos Zang (órgãos), podem ser classificados: O Coração (Xin) é a raiz da vida, é o Grande Yang (Tai Yang), se encontra nos vasos sanguíneos, se comunica com o Qi do verão; O Pulmão (Fei) é a raiz do Qi, é o Pequeno Yin (Shao Yin) dentro do Yang, se encontra na pele, se comunica com o Qi do outono; O Rim (Shen) governa a hibernação, é a raiz do armazenamento, é o Grande Yin (Tai Yin) no centro do Yin, se encontra nos ossos, se comunicam com o Qi do inverno; O Fígado (Gan) é a extremidade de um ciclo, a raiz de um novo ciclo, é o Pequeno Yang (Shao Yang) dentro do Yin, se encontra nos tendões, ele produz o Sangue e o Qi, se comunica com a primavera; O Baço (Pi) com ajuda do Estômago (Wei), do Intestino Grosso (Da Chang), do Intestino Delgado (Xiao Chang), do Triplo Aquecedor (San Jiao) e da Bexiga (Pang Guang), é a raiz do celeiro público, morada do nutritivo, ele permite a transformação de resíduos, a transmissão dos sabores com a entrada e saída, se encontra nos músculos, se classifica no Extremo Yin, se comunica com o Qi da terra. Para Sionneau (2015), Os Órgãos Fu (vísceras), podem ser citados: Bexiga (Pang Guang), Vesícula Biliar (Dan), Intestino Delgado (Xiao Chang), Estômago (Wei), Intestino Grosso (Da Chang) e o Triplo Aquecedor (San Jiao). Segundo a classificação dos Cinco Movimentos os Fu (vísceras) são de natureza Yang e associados a um certo número de realidades fisiológicas ou patológicas. Os seis Órgãos Fu (vísceras) transmitem e transformam as substâncias. A função básica de cada Fu é receber os alimentos e os líquidos, ajudar a transformação do bolo alimentar para extrair o Jin Qi, depois evacuar e excretar em descendência os resíduos, frutos desta transformação. O movimento dos Órgãos Fu é descendente, complementa Sionneau (2015). 3.1.4 Os Órgãos Fu (Vísceras) Extraordinários Sionneau (2015) explica que, os Fu Extraordinários são seis: Cérebro, Medula, Ossos, Vasos Sanguíneos, Vesícula Biliar e Útero. Todos são de natureza Yang, porém possuem uma função particular. Eles são gerados pelo Qi da terra, esta é a razão pela qual eles armazenam e não excretam por isso o nome deles é Órgãos Extraordinários. Anatomicamente são Fu (vísceras), a função deles é armazenar o Jing Qi e assim fisiologicamente são Zang. A diferença entre os Fu ordinários é que eles não recebem nem alimentos, nem líquidos e que eles não evacuam os resíduos. 3.1.5 Teoria dos Canais Para Reichmann (2002), os canaisde energia subcutâneos bilaterais, correspondendo a doze linhas invisíveis associadas aos Zang Fu (Órgãos e Vísceras) principais. Canais Yin Zang (órgãos): 14 Coração Baço Pulmão Rim Fígado Pericárdio Canais Yang Fu (vísceras): Intestino Delgado Estômago Intestino Grosso Bexiga Vesícula Biliar Triplo Aquecedor 3.2 Substâncias: Qi, Xue (Sangue), Jin Ye (Líquidos Orgânicos), Jing (Essência) e Shen (Espírito) A base do entendimento das substâncias é o entendimento do Yin e Yang. O conceito de Yin e Yang são relativos. Exemplo: Jing é Yin em relação ao Qi, porém é Yang em relação ao Xue, e em segundo lugar, todos os fenômenos em relação ao conceito de Yin e Yang apresentam aspectos Yin assim como Yang, explana Ross (1994). A Medicina Chinesa explica o relacionamento entre os seres humanos e seu meio ambiente e leva isto em consideração para determinar a Etiologia, o Diagnóstico e o Tratamento, complementa Maciocia (1996). Qi é uma energia que se manifesta sobre os níveis físico e espiritual. O Qi está em constante fluxo, quando se condensa a energia se se transforma e se acumula em forma física; Xue é o Sangue, uma forma de Qi mais densa e material, ele nutre o Qi e eles fluem em conjunto em todo o organismo; Jin Ye são os Líquidos Orgânicos ou Corporais, eles se originam dos alimentos e dos líquidos, são fluidos corpóreos; Jing é a nossa Essência, classificada em pré-celestial, pós-celestial e Essência do Shen Rim; Shen é o Espírito, a Consciência. 3.3 Desequilíbrios Energéticos dos Canais De acordo com Ross (2003), os quatro desequilíbrios de Qi são a Deficiência, o Excesso, a Estagnação e a Irregularidade. Todas as desarmonias de Qi podem ser classificadas em termos dos quatro principais fatores de desequilíbrios ou de suas combinações. Deficiência é a falta de energia, seja no corpo como um todo, seja em órgãos específicos ou partes do corpo; Estagnação é o movimento insuficiente em canais específicos ou entre eles, em órgãos ou parte deles, ou seja, bloqueios ou obstruções no fluxo de energia; Excesso é o acúmulo de energia, que pode ser gerada por Deficiência anterior que bloqueia a energia do canal; Irregularidade é um distúrbio no livre fluxo de Qi dentro ou entre os canais, nos órgãos ou em determinadas partes, com distúrbios associados nas funções físicas, nas emoções e no comportamento. 15 3.3.1 Princípios e Métodos de Tratamento Ross (2003) relata sobre deficiência, excesso, estagnação e irregularidade da seguinte forma: Deficiência: Tonificar com Moxa ou Acupuntura em tonificação; Excesso: Dispersar com Eletroacupuntura, Ventosa ou Sangria; Estagnação: Mover, Dispersão, Harmonização, Eletroacupuntura, Moxa, Ventosa e Sangria; Irregularidade: Acalmar, Dispersão quando por Excesso e Harmonização quando por Deficiência. 3.3.2 Desequilíbrios por Vento, Calor, Secura, Frio e Umidade Ross (2003) continua a explicar que além dos quatro desequilíbrios de Qi, há também os desequilíbrios associados a Vento, Calor, Secura, Frio e Umidade, eles podem ser por fatores Externos ou Internos. Vento: é o movimento e a mudança e é Yang. Vento Exterior resulta em Excesso agudo localizado na superfície do corpo; Vento Interior é a Irregularidade que pode estar associada a Excesso, como por exemplo, Fogo no Fígado, ou à Deficiência, como Deficiência de Sangue no Fígado. Calor: é Yang e aumenta o movimento, portanto é mais provável sua associação com Irregularidade que com Estagnação, embora exista essa possibilidade, como no caso de Calor- Umidade do Fígado e Vesícula Biliar, ou quando o Calor está associado com retenção de Mucosidade nos Pulmões. Ele pode estar associado a Deficiência ou Excesso. Secura: pode estar associado aos padrões de Excesso de Calor ou Deficiência de Sangue ou Deficiência de Yin. A Secura é um padrão de Deficiência representado por falta de fluídos. Frio: é Yin e pode se originar do Excesso de Frio Exterior ou da Deficiência de Yang Interior. O Frio reduz o movimento provocando a Estagnação de Qi e de Sangue. Umidade: é Yin e se origina tanto do Excesso de Umidade Exterior como da Deficiência Interior do Baço e do Rim. A Umidade é lenta e pesada e é associada com Estagnação. 3.3.3 Princípios de Tratamento Para Ross (2003), os princípios de tratamento podem ser: Vento Exterior é dispersado e Vento Interior é acalmado. Se a origem do Vento Interior for por Excesso, ele será dispersado, se for por Deficiência será tonificado. Calor Exterior ou Excesso de Calor Interior são dispersados e no caso de Calor Interior por Deficiência, o Calor é dispersado e a Deficiência de Yin é tonificada. Secura por Vento Exterior, o Vento é dispersado e se necessário o Yin tonificado. Secura Interior, tonificar o Yin. Frio Exterior e o Excesso de Frio são dispersados e o Frio Interior por Deficiência, o Frio é dispersado e a Deficiência de Yang é tonificada. Umidade Exterior ou Interior deve ser dispersada e a Estagnação deve-se estimular para se mover, se a Umidade Interior tiver base na Deficiência do Baço ou do Rim, estes deverão ser tonificados. 3.3.4 Classificação das Síndromes de Órgãos Ross (2003) explica que, as Síndromes de órgãos podem ser classificadas em 10 categorias de Deficiência, Excesso, Estagnação e Irregularidade, com seis combinações, podendo se observar que o Rim tende à Deficiência e a Irregularidade e nem tanto ao Excesso. 16 O Fígado e Coração são propensos a padrões de Irregularidade em decorrência de um distúrbio associado com: o Fogo do Coração, Fogo do Fígado, Hiperatividade do Yang do Fígado ou Ascenção do Vento do Fígado, causando distúrbios do Espírito do Coração. De acordo com Ross (2003), as combinações podem acontecer das seguintes formas: Deficiência + Excesso; Irregularidade + Deficiência; Estagnação + Excesso; Irregularidade + Estagnação; Irregularidade + Excesso e Estagnação + Deficiência. 3.4 O Rim e sua função com relação aos Ossos, Medula, Cérebro, Lombar e Bexiga. De acordo com Huáng Dì Nèi Jing Sù Wèn apud Sionneau (2015, p. 157), “o Rim governa os ossos”, gera a medula, se comunica com o cérebro. “Os ossos, a medula e o cérebro são órgãos extraordinários. Isto significa que eles não são nem Zang, nem Fu, e que eles não têm características nem funcionamento comuns”. Os três se relacionam diretamente com o Rim, mais precisamente o crescimento dos ossos, medula e cérebro dependem do Jing do Rim. A medula se situa no interior dos ossos, sua principal função é nutrir os tecidos que a abrigam: ossos, coluna vertebral e cérebro, além de favorecer o desenvolvimento deles e sua manutenção. É o Jing a essência vital do Rim que produz a medula, explana Sionneau (2015). Para Sionneau (2015), quando há Jing e medula em grande quantidade, ossos, coluna vertebral e cérebro funcionam perfeitamente, porém, em pouca quantidade, estes três tecidos são mal nutridos, o crescimento ou o funcionamento deles é comprometido. Podendo gerar uma fraqueza, dores: ósseas ou na coluna vertebral ou problemas cerebrais. “Os ossos constituem o suporte do corpo, eles mantém a forma do organismo, protegem os Zang Fu, permitem os deslocamentos (com os tendões e músculos)” (Sionneau 2015, p. 157). Quando o Qi do Rim está equilibrado os tendões e ossos são vigorosos e fortes. Sionneau (2015) explica ainda que, quando o Jing Qi do Rim está insuficiente, então a medula é insuficiente, os ossos são mal nutridos e isso resulta em uma fraqueza óssea, deformações ósseas, facilidade em ocorrer fraturas, atraso ou falha de crescimento, reumatismos, fraqueza e fadiga lombar e das pernas. “O Rim é fraco por isso a forma e o corpo estão cansados” (Zhòng Guang Bu Zhu Huáng Dì Nèi Jing Sù Wèn apud Sionneau 2015, p. 157). Se a boa constituição dos ossos dependedo Jing/Yin do Rim, seu funcionamento depende do Yang do Rim. “O Rim armazena o Yang verdadeiro, o Yang está prospero então as cem articulações estão aquecidas, o Yang está fraco então o corpo todo está gelado” (Yù Chang apud Sionneau 2015, p. 157). O cérebro é protegido pela caixa craniana, cuja parte superior é delimitada pelas fontanelas e a parte inferior pelo VG16. Este ponto está localizado acima da extremidade superior da coluna vertebral que leva a medula até o cérebro, a medula da coluna vertebral se transforma em medula cerebral, que ao se acumular gera o Mar da Medula Sui Hái. Podemos dizer que o cérebro é produzido pelo Rim (Sionneau 2015, p. 158). “A lombar é o palácio do Rim” ( Huáng Dì Nèi Jing Sù Wèn apud Sionneau 2015, p. 159, grifo do autor), está localizada nas costas em ambos os lados da coluna vertebral, acima do sacro. Os canais tendíneo, principal e divergente do Rim passam pelas vértebras lombares, a Bexiga que é o órgão Fu ligado pela relação externo/interno com o Rim, possui assim muitos canais que atravessam a região lombar, tais como canal principal, tendíneo, conexão e divergente, relata Sionneau (2015). Para Sionneau (2015), a insuficiência do Jing Qi, o Qi do Rim não circula de maneira fluida nos canais, provocando má nutrição, dor e fraqueza na lombar, “se o Qi do Rim é insuficiente, o vento umidade frio aproveita o vazio para atacar o interno. Ele se encontra e briga com o Qi correto, os canais estagnam e não podem nutrir a lombar e as pernas” (Sionneau 2015, p.160). 17 Sionneau (2015) explana que, o Rim e a Bexiga pertencem ao mesmo movimento, juntos governam o movimento água, eles têm o papel fundamental de controle dos líquidos, o Rim governa os líquidos e a Bexiga os armazena. O Rim através do Qi original Yuan Qi estimula e aquece: Estômago, Intestino Delgado, Baço e Pulmão. O Rim recebe os líquidos, os aquece, os separa claro/turvo, depois são transportados e distribuídos em todo o corpo, o Rim recupera a pequena parte clara que reside nos líquidos turvos ao nível da Bexiga e os vaporiza em direção ao pulmão a fim de reenviá- los ao sistema. Já a Bexiga, expulsa os líquidos turvos para fora do corpo, sob a forma de urina. Através da função de transformação do Qi do Rim na Bexiga, ocorre a metamorfose dos líquidos turvos em urina antes de evacuá-los. São eles que dão a ordem à Bexiga para excretar ou reter a urina. “Os líquidos são armazenados na Bexiga, eles não podem sair espontaneamente. É preciso o mecanismo do Qi para transmitir (isto é, transportar) e transformar, assim os líquidos saem, é a urina” (Huang Di Nei Jing Su Wen Wu Zhu apud Sionneau 2015, p. 387). “A função de retenção ou de liberação da urina pela Bexiga depende diretamente do Qi do Rim” (Sionneau 2015, p.387). 3.5 Cordoma: Tumor Sacrococcígeo e Bexiga Neurogênica de acordo com a Medicina Chinesa Para Riefi (2008), O câncer é normalmente classificado como um quadro de Mucosidade-Calor. Qualquer doença com característica de Mucosidade faz o Qi e Xue estagnarem no local afetado, provocando dor surda, sensação de peso e degeneração. O Calor provoca sintomas inflamatórios, acelera o metabolismo, condensando os fluídos corpóreos e facilita a expansão da doença pelo corpo, consumindo sua estrutura. As características acima citadas combinadas caracterizam a maior parte dos cânceres. De acordo com Ross (2003), para a Medicina Chinesa o Cordoma: Tumor Sacrococcigeo é uma Mucosidade-Calor gerada por uma Deficiência de Qi e de Yin do Rim. Emoções como medo, o pavor e o choque podem enfraquecer o Rim e a Bexiga, resultando então no aumento da fraqueza da micção, incontinência e enurese associadas com a Deficiência do Qi e do Yang do Rim. Esta fraqueza pode também resultar na diminuição da resistência às infecções, com o aparecimento, por exemplo, de dirúria e hematúria, sinais de Calor pela Deficiência do Yin do Rim. O medo das mudanças, o medo da vida, suspeita e paranoica constantes, as atitudes de se restringir e se apagar, podem também resultar na Estagnação de Qi do Rim-Bexiga, com sensação de distensão e dor, ou micção incompleta ou difícil. A Estagnação do Qi do Rim e a Deficiência do Yin do Rim podem se combinar, proporcionando a síndrome da Umidade Calor na Bexiga. (Ross 2003, p. 402, grifo do autor). Ross (2003) explana que, a Deficiência do Qi do Baço e/ou a Estagnação de Qi do Rim, podem gerar a Umidade. Pessoas com Deficiência de Yin ou constituição do tipo Fogo são propensas a Síndromes de Calor por evolução da Estagnação do Qi. A Umidade e o Calor podem se combinar para produzir uma das síndromes mais comuns, a síndrome de Umidade Calor na Bexiga. 18 4. MATERIAIS E MÉTODOS Para a analise e discussão dos temas discorridos anteriormente nesta monografia, pretendeu-se fazer um estudo de caso de um homem com Cordoma: Tumor Sacrococcígeo e Bexiga Neurogênica. 4.1 Relato de Caso: O paciente é um homem de 57 anos, diabético há 25 anos, trabalhava como motorista há 28 anos e ao fazer exames de rotina solicitado por sua empresa, em um raio-x da coluna, foi relatada uma mancha na região lombar que os médicos não conseguiam diagnosticar, solicitaram então ao paciente que fizesse uma ressonância magnética. Nesse exame foi diagnosticado com Cordoma: Tumor Sacrococcígeo e o paciente deu início ao tratamento em 2001. Depois da ressonância foi solicitado ao paciente que fizesse uma tomografia para fazer a biópsia guiada por imagem, logo após a biópsia o paciente seguiu para a cirurgia de remoção do tumor. Na cirurgia, em 13 de agosto de 2002, não foi possível remover todo o tumor, pois estava localizado no final da coluna vertebral entre T12 e S3, na medula, nas terminações nervosas que comandam braços e pernas. Em 2006, o paciente se aposentou. O paciente relatou que não houve outra opção a não ser o procedimento cirúrgico, relatou também que após a cirurgia o tumor cresceu um pouco e que depois de 2007 não cresceu e estabilizou. Todo ano o paciente faz exames de imagens para acompanhar o desenvolvimento do tumor. Em 2013 o paciente sentiu incômodo na bexiga, fez exames e constatou a Bexiga Neurogênica, desde então o paciente faz uso de cateter Speed-cath 12”x4m, cateter intermitente masculino polido e lubrificado, 4 (quatro) vezes ao dia. Paciente relata que às vezes sente dor na lombar e na coluna, relata também que sente incomodo após urinar, sentindo a retenção da urina. De acordo com exames de 28 de setembro de 2016, concluiu que havia: Sinais de retificação da lordose fisiológica lombar; Sinais de escoliose lombar esquerda ao presente estudo; Sinais de desidratação de todos os discos intervertebrais lombares avaliados, notadamente ao nível de T12-L1, notando-se a presença de nódulos de Schmorll, provenientes dos discos intervertebrais de T12-L1, L1-L2, L2-L3, L3-L4 e L4-L5 e em L5-S1, que tocam a face ventral do saco dural e que em associação a hipertrofia das articulações interapofisárias posteriores, reduzem a amplitude dos respectivos neuroforames, sendo de modo mais significativo em L4-L5, notadamente à direita. Sinais de rotura periférica da porção posterior do anel fibroso do disco intervertebral de T12-L1, com saída discal focal paramediana à esquerda, comprimindo a face ventral do saco dural; Alteração da modelagem óssea do sacro, às custas de lesão expansiva infiltrativa, captante ao meio de contraste paramagnético endovenoso, acometendo os corpos S1, S2 e S3, estendendo-se para o interior do canal raquiano, com sua extremidade superior ao nível do canal medular posteriormente ao corpo vertebral de L5 e sua porção inferior ao nível do canal raquiano ao nível de S3, medindo 8,5cm em seu eixo crânio-caudal, 6,75cm em seu eixo laterolateral e 5,35cm em seu eixo anteroposteior, com volume de 159,61cm3, com discretoaumento de suas dimensões, quando comparado ao estudo de ressonância magnética anterior datado do dia 01/07/2015, disponível para comparação. Nota-se lipossubstituição parcial da musculatura paravertebral, com alterações pós- cirúrgicas, comprometendo partes moles paravertebrais posteriores em segmento lombossacro; Alterações osteodegenerativas em articulações sacroilíacas. 19 Foram realizadas 10 (dez) sessões de acupuntura no paciente, uma vez por semana. Os pontos de acupuntura utilizados para o tratamento foram: B11(Dazhu), B23(Shenshu), B40(Weizhong), B67(Zhiyin), VC4(Guangyuan), VG4(Mingmen), R3(Taixi), R6(Zhaohai), PC7(Dalin) e BA1(Yinbai). 20 5 DISCUSSÕES No tratamento segundo a Medicina Chinesa, têm duas frentes: a eliminação da Mucosidade-Calor e o aumento da resistência do corpo para combater esses fatores patogênicos. Serão discutidos a seguir os pontos utilizados no tratamento, com suas indicações e localização. B11(Dazhu) Localiza-se 1,5 cun lateral à margem inferior do processo espinhosos da T1. Beneficia os ossos, expele o Vento (+Frio ou Calor), nutre o Xue, tonifica o Wei Qi e o Ying Qi. É utilizado para rigidez e dor em toda coluna e distúrbios ósseos. B23(Shenshu) Localiza-se 1,5 cun lateral à margem inferior do processo espinhosos da L2 ou 1,5 cun lateral à VG4(Mingmen). Tonifica o Rim (Qi, Yang, Yin e Jing), beneficia os ossos e medula, nutre o Xue, drena a Umidade (+Calor), beneficia a lombar, regula amplamente o elemento água, distúrbios urinários, sexuais e congênitos, lombalgia, fraqueza nos joelhos, frio, medo, depressão, doenças crônicas e debilidades em geral. B40(Weizhong) Localiza-se no meio da prega do joelho, entre os tendões dos mm, bíceps femoral e semitendíneo. Drena a Umidade-Calor da Bexiga, beneficia a lombar, refresca o Xue, elimina o Calor do Verão, rigidez e dor lombar aguda e peso. B67(Zhiyin) Localiza-se 0,1 proximal ao ângulo ungueal lateral do 5º artelho. Alcançar o Yin, elimina o Vento Interno e Externo, beneficia a visão, influencia o parto, desobstruí o canal, clareia a mente, trata a retenção urinária. R3(Taixi) Localiza-se na depressão a meia distância entre a proeminência do maléolo medial e o tendão de Aquiles. Grande Riacho, beneficia o Rim (Qi, Yin, Yang e Jing), estabiliza a recepção do Qi do Pulmão, tranquiliza o Shen, fortalece a lombar e os joelhos, distúrbios urinários, suor noturno, artrose, insônia, depressão, labilidade emocional e lombalgia. R6(Zhaohai) Localiza-se na depressão abaixo do maléolo medial. Regula o Yin Qiao, nutre o Yin do Rim, refresca o Calor e o Xue, tranquiliza o Shen, beneficia a garganta e os olhos. Trata insônia, fogachos, suor noturno, infertilidade, contratura da musculatura medial da perna. PC7(Dalin) Localiza-se na prega de flexão do punho entre os tendões do mm palmar longo e flexor radial do carpo. Fonte, Shu, Riacho, Sedação, Grande Colina. Tranquiliza o Shen, elimina o Calor Tóxico e harmoniza o Estômago, alterações mentais ou emocionais (ansiedade, labilidade, histeria, pavor e separações). VC4(Guangyuan) Localiza-se a 3 cun abaixo do centro do umbigo. Ponto Mu do Intestino Delgado, encontro dos três Yin da perna e Chong Mai, residência do Yuan Qi. Fortalece todos os Zang Fu (ênfase no Rim), regula o útero, estabiliza as emoções, beneficia Yin, Yang, Xue, Qi, Yuan Qi, Wei Qi, 21 Ying Qi e Jing, excelente para tonificar as deficiências crônicas, medos, depressão, desânimo, frio, lombalgia, edemas, alterações urinárias, patologias severas e crônicas. VG4(Mingmen) Localiza-se abaixo do processo espinhosos de L2, ao nível de B23 e B52. Canal espinhal, portal da Vida, aquece o Ming Men, tonifica o Yang (todos os Zang Fu, ênfase no Rim), beneficia o Jing e Yuang Qi, expele o Frio e Umidade, ergue o Qi, fortalece a lombar, clareia a mente, fortalece o Zhi (Vontade). Problemas de deficiência crônicas e severas, aquece o fogo da vida. BA1(Yinbai) Localiza-se a 0,1 cun proximal ao ângulo ungueal medial do hálux. Ponto Poço Jing, regula o Baço, detem a Hemorragia, tranquiliza o Shen. Hemorragias: Bexiga, útero, nariz, Estômago, Intestinos, diarreia, agitação, tristeza, insônia, depressão e pesadelos. 22 6 RESULTADOS A partir da quinta sessão o paciente apresentou uma melhora significativa com relação aos sinais e sintomas das lesões na coluna, bem como na Bexiga Neurogênica. Relatando ainda a diminuição de uso diário do cateter. A partir da sétima sessão o paciente apresentou melhora nos aspectos emocionais e um grande avanço com relação à disfunção na Bexiga. 23 7 CONCLUSÃO A Acupuntura que foi utilizada para o tratamento de Cordoma: Tumor Sacrococcígeo e Bexiga Neurogênica, foi efetiva na diminuição dos episódios reclamados pelo paciente: dor lombar, retenção urinária, comprometimento da marcha e emocional. Observou-se que estes benefícios permaneceram por um certo período após o fim do tratamento com a acupuntura, melhorando a vitalidade, o bem-estar físico e o emocional do paciente. No entanto, mais estudos devem ser realizados para determinar melhor a eficácia da acupuntura no tratamento do Cordoma: Tumor Sacrococcígeo e Bexiga Neurogênica. 24 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHONGHUO, Tian. Tratado de medicina chinesa. Tradução de Ysao Yamamura. São Paulo: Roca, 1993. 691 p. FURLAN, Maria de Fátima Farinha Martins. O “cuidar” de crianças portadoras de bexiga neurogênica: representações sociais das necessidades dessas crianças e suas mães. 1998. 157 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Departamento de Enfermagem Geral e Especializada, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto. GHEZZI, Thiago Leal. et al. Cordoma sacrococcígeo gigante: relato de caso. Rev bras coloproct. 2009. p. 233-236. Dissertação ( Mestrado em medicina: ciências cirúrgicas) – Departamento de cirurgia da faculdade de medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. LIMA, Paulo Renato. Manual de acupuntura: direto ao ponto. 3. ed. Porto Alegre: Zen, 2016. 339 p. LINHARES, Eduardo. et al. Tratamento dos cordomas sacrais. Arquivos de medicina. INCA. Brasil, v. 23, n. 3, p. 103-107, 2009. MACIOCIA, Giovani. Os fundamentos da medicina chinesa: um texto abrangente para acupunturistas e fitoterapeutas. Tradução de Luciane M. D. Farber. São Paulo: Roca, 1996. 658 p. PEREIRA, Walter C.; ZELAUY, Maurício A. Tumores congênitos do sistema nervoso: cordoma. ARQ. NEURO-PSIQUIAT. USP. São Paulo, v. 22, n. 4, p. 256-270, 1964. REICHMANN, Brunilda T. Auriculoterapia: fundamentos de acupuntura auricular. 2. ed. Curitiba: Tecnodata, 2002. 193 p. RIEFI. (Edgar Cantelli) Nova visão sobre o câncer, disponível em: http://www.terapiaschinesas.com.br/index.php/2008/02/27/nova-visao-sobre-o-cancer/. Acesso em: 24 de jan. 2017. ROSS, Jeremy. Combinações dos pontos de acupuntura: a chave para o êxito clínico. São Paulo: Roca, 2003. 490 p. ROSS, Jeremy. Zang Fu: Sistemas de órgãos e vísceras da medicina tradicional chinesa. São Paulo: Roca, 1994. 267 p. SENA, Kanthya Arreguy de et al. Ressecção de cordoma sacral com abaixamento de cólon: relato de caso. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101- 98802006000300013&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 26 de jan. 2017. SIONNEAU, Philippe. A essênciada medicina chinesa: retorno às origens livro 2. Tradução de Silvia Ferreira. São Paulo: EBMC, 2015. 512 p. SIONNEAU, Philippe. A essência da medicina chinesa: retorno às origens livro 1. Tradução de Silvia Ferreira. São Paulo: EBMC, 2014. 493 p. http://www.terapiaschinesas.com.br/index.php/2008/02/27/nova-visao-sobre-o-cancer/ http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-98802006000300013&lng=pt&tlng=pt http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-98802006000300013&lng=pt&tlng=pt