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DIREITO DO CONSUMIDOR - Código do consumidor comentado #CDC #Resumo

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1
DIREITO DO CONSUMIDOR
RESUMO GERAL - código do consumidor comentado
- O consumo, pelo menos teoricamente, tem que ser acessível a todos. Quem oferece
o produto ou o serviço não pode fazer qualquer tipo de discriminação.
- Constituição de 1988 influência o Direito do Consumidor: ênfase na livre iniciativa e
na valorização do trabalho.
- A relação capital-trabalho é atrasada no Brasil devido ao seu passado histórico, com
a exploração portuguesa e tardia abolição da escravidão. Por isso, a livre
concorrência é quase inexistente no Brasil. E a ordem econômica só vai
efetivamente funcionar quando houver a livre concorrência.
ar�. 1º
Art 1º diz respeito à força normativa da Constituição, sendo então, a defesa do consumidor,
um direito fundamental da CF.
Objetivo: aplicar e efetivar a defesa do ente vulnerável na relação, o consumidor.
- PRINCÍPIO DA IMPERATIVIDADE: o CDC é lei de ordem pública e há o interesse
do Estado de que essa lei sempre prevaleça em todas as situações. Se há uma
cláusula no contrato que contradiga o CDC, o que prevalece é a norma do CDC.
Sempre o que prevalece é a lei independente do contrato.
Atualmente os direitos fundamentais penetram nas relações privadas, com a teoria
conhecida por eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
Há disposições contratuais desiguais, em que não se observa a boa fé objetiva,
transparência e o equilíbrio na relação contratual. - Isso não é compatível com o princípio
constitucional fundamental da dignidade da pessoa humana.
Exemplos de violações:
Que ferem honra, nome, intimidade, integridade físico-psíquica e imagem dos
consumidores.
2
Exemplo de caso julgado pelo STF: Ao ficar inadimplente, um consumidor teve a dívida
elevada em mais de quatro vezes no período inferior a 2 anos.
● Caso o consumidor fosse compelido ao pagamento de dívida abusiva, passaria o
resto da vida em débito, o que feriria sua liberdade e consequentemente, a liberdade
da pessoa humana.
EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
● a) Primeira Geração: dominou século XIX sobre direitos de liberdade (titular é o
indivíduo e se apresentam como direito de resistência ao Estado)
● b) Segunda Geração: a partir do século XIX, após a Revolução Industrial europeia.
Havia péssimas condições de trabalho e logo surgiu necessidade de privilegiar
direitos sociais, culturais e socioeconômicos = direitos de igualdade. Seria
necessário maior participação do Estado para igualdade se concretizar.
● c) Terceira Geração: final do século XX (período em que aconteceu muitas
mudanças, como um crescente desenvolvimento tecnológico e científico). Surgiu
muitos direitos transindividuais, direito de pessoas consideradas coletivamente.
Exemplo: direitos de fraternidade e solidariedade, como direito ao meio ambiente,
proteção dos consumidores, etc.
● A CF de forma inovadora, introduziu a figura do consumidor como agente econômico
e social “defesa do consumidor” art. 170, V e possibilita intervenção do Estado nas
relações privadas.
● Livre iniciativa e crescimento econômico previstos na CF
● Código de defesa do consumidor procura compatibilizar defesa do consumidor +
livre iniciativa
Foi elaborado o código de defesa do consumidor com o intuito de intervir nas relações de
consumo para a proteção do sujeito vulnerável (desigual na relação com o consumidor)
para manter igualdade e equilíbrio nas contratações.
● Macrossistema jurídico - objetivo: tutelar os desiguais
● Art. 51. São nulas de pleno direito as cláusulas abusivas nas relações de consumo.
● O magistrado pode intervir na relação, de ofício, para manter o equilíbrio contratual.
● Há também a possibilidade do Ministério Público atuar em todas as lides coletivas de
consumo
● Cláusula pétrea = garantia constitucional de proteção e defesa do consumidor - por
isso, não podemos admitir qualquer retrocesso na defesa e proteção do consumidor.
3
AR�. 2º
3 elementos compõem o conceito de consumidor:
● 1 - subjetivo (pessoa física ou jurídica)
● 2- objetivo (aquisição ou utilização de produtos ou serviços
● 3- teleológico (finalidade pretendida).
Não é consumidor somente quem compra/adquire, mas também quem ganha de presente
ou algum familiar que utiliza o produto.
O que significa destinatário final?
Doutrina consumerista: 2 correntes (finalistas e maximalistas):
- finalista: concepção de destinatário final restrita, colocando somente o consumidor
com tutela, por ser a parte mais vulnerável. Então, consumidor seria o não
profissional. Não basta ser destinatário fático do produto, é necessário ser
destinatário final econômico do bem (não adquiri-lo para revenda ou para uso
profissional).
Destinatário final = simplesmente irá utilizá-lo e põe fim a cadeia de produção.
A pessoa jurídica não seria considerada consumidora (ex: algodão), mas poderia ser
considerada sim uma consumidora no caso de comprar um veículo ou comprar
produtos de limpeza para serem utilizados na empresa.
- maximalista: o destinatário final seria somente o destinatário fático, pouco
importando a destinação econômica que lhe deva sofrer o bem. É uma definição
mais ampla, para que possa atingir cada vez mais relações de mercado. Definição
objetiva, não importando a finalidade da aquisição, podendo até mesmo ter intenção
de lucro.
- Existem 3 tipos de VULNERABILIDADES:
1- TÉCNICA: O consumidor não possui conhecimentos específicos sobre o produto ou
serviço, podendo ser facilmente iludido no momento da contratação.
2 - JURÍDICA: falta de conhecimentos jurídicos. exemplo: contabilidade; economia.
3- FÁTICA: vulnerabilidade real diante do parceiro contratual, como grande poderio
econômico; razão da essencialidade do serviço que presta.
4- INFORMACIONAL: o fornecedor deve procurar dar o máximo de informações ao
consumidor sobre a relação contratual, e sobre produtos e serviços a serem adquiridos.
A vulnerabilidade seria o marco central para aplicação de regras especiais do CDC, para
fortalecer a parte que se encontra em inferioridade, restabelecendo o equilíbrio contratual.
4
Discute-se se as pessoas jurídicas seriam vulneráveis frente às empresas prestadoras de
serviços públicos, como as de energia elétrica e água, em razão da dependência e da
posição de monopólio que elas têm. = o que geraria, a priori, uma vulnerabilidade fática.
➔ o STJ não vem aplicando vulnerabilidade presumida, faz análise caso a caso.
- Com o novo CDC, a teoria finalista ganha força!
- O consumidor intermediário (aquele que adquiriu produto/serviço para utilizá-lo em
sua atividade empresarial), desde que provada sua vulnerabilidade, poderá sofrer a
aplicação do CDC às relações comerciais.
- No caso concreto a pessoa jurídica pode se equiparar ao consumidor comum.
VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR PESSOA FÍSICA = é presumida pela lei.
VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR PESSOA JURÍDICA= deve ser demonstrada
no caso concreto.
- Parágrafo único: é necessário que a coletividade de pessoas de alguma
forma tenha participado da relação de consumo. O CDC equipara a
coletividade lesada ao consumidor stricto sensu.
CONSUMIDOR STRICTO SENSU
Toda pessoa física ou jurídica que adquire
ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
CONSUMIDOR EQUIPARÁVEL
➔ A coletividade de pessoas ainda
que indetermináveis que tenham
intervido nas relações de consumo.
➔ Todas as vítimas de danos
ocasionais pelo fornecimento do
produto ou serviço defeituoso.
➔ Todas as pessoas expostas às
práticas comerciais e contratuais
abusivas.
AR�. 3º
➔ o Código optou por dar máxima amplitude ao conceito de fornecedor, mas exclui os
contratos firmados entre dois consumidores não profissionais que não atuem naquela
atividade como fim e que não tenham habitualidade. = “desenvolvem habitualidade”
Exemplo: uma escola decide vender o carro que faz o transporte dos professores.
Embora o comprador seja pessoa física, a escola não é fornecedora de carros,
porque não exerce isso com habitualidade. Logo, não se estabeleceu uma relação
de consumo.
5
➔ FORNECEDOR: pode ser o fabricante originário, o intermediário ou ocomerciante,
bastando que faça disso sua profissão ou atividade principal.
O pagamento de tributos não entra como relação fornecedor x consumidor.
Exemplos: camelô é considerado fornecedor; espectador pagante de jogos de futebol são
considerados consumidores; Bancos são considerados fornecedores.
➔ PRODUTO: bem amplo - móvel ou imóvel, imaterial ou material.
➔ SERVIÇO: qualquer atividade exercida no mercado externo mediante remuneração, ainda
que de forma indireta nos serviços aparentemente gratuitos. - Alguns serviços embora
sejam gratuitos são abrangidos pelo CDC, uma vez que o fornecedor de alguma forma está
sendo remunerado pelo serviço.
Exemplo: gratuidade do transporte coletivo para maiores de 65 anos - está sendo
remunerado pela coletividade. Outro exemplo são os estacionamentos gratuitos
oferecidos nos supermercados, nos shoppings, em que a gratuidade é apenas
aparente e se houver furto, a empresa terá que responder pelos bens.
➔ Não há incidências das normas do CDC aos serviços públicos de saúde.
➔ Estão excluídas as relações trabalhistas dos Serviços.
OS ELEMENTOS DA RELAÇÃO DE CONSUMO SÃO RELACIONAIS E DEPENDEM UM
DO OUTRO. FALTANDO QUALQUER UM DOS ELEMENTOS NÃO TERÁ RELAÇÃO DE
CONSUMO.
6
AR�. 4º
➔ Esse artigo enumera os objetivos a serem perseguidos pela política de proteção ao
consumidor e os princípios que deverão ser observados.
Princípios:
PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE
A vulnerabilidade deve se fazer presente para que o consumidor seja tutelado pela CDC.
Esse princípio é a base do sistema consumerista, dele decorrente todos os demais
princípios.
Todo consumidor é por natureza vulnerável ao fornecedor. O CDC tem por finalidade, ao
proteger o consumidor, promover o equilíbrio contratual.
PRINCÍPIO DO DEVER GOVERNAMENTAL
O Estado tem por necessidade promover a proteção do elo mais fraco (consumidor
vulnerável), pelos meios legislativos e administrativos, visando garantir equilíbrio e harmonia
nas relações de consumo.
A atuação do Estado é feita por instituição de órgãos públicos de defesa do consumidor (ex:
Procons, e também no incentivo da criação de associações destinadas a esses interesses.
➔ compete ao Estado proteger o consumidor, intervindo no mercado, zelando pela
garantia de produtos e serviços.
PRINCÍPIO DA HARMONIZAÇÃO DOS INTERESSES E DA GARANTIA DE
ADEQUAÇÃO
O fornecedor deverá ser responsável pela efetivação da adequação dos produtos e
serviços, atendendo as necessidades dos consumidores, mas com segurança e qualidade.
Respeitando saúde e interesses econômicos também.
PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO NAS RELAÇÕES DE CONSUMO
O equilíbrio na relação contratual é um valor fundamental de proteção contratual.
São vedadas: obrigações injustas, abusivas ou que ofendam o princípio da boa-fé objetiva e
a equidade (justiça no caso concreto).
PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA
A boa-fé objetiva (refere-se a elementos externos, que determinam como o sujeito deve
agir) estabelece um dever de conduta: fornecedor e consumidor tem que agir com lealdade
e confiança. Isso protege a expectativa de ambas as partes.
➔ ex: é muito comum que planos de saúde coloquem termos que não serão cobertos
pelo plano, como “doenças infectocontagiosas”, sendo que o contratante não sabe o
que são. Normalmente só descobre quando precisa.
7
➔ Este princípio será o primeiro parâmetro utilizado para aferir os limites do abuso de
direito - Ato será considerado abusivo e ilícito.
O fornecedor deve dar o máximo de dados e riscos possíveis sobre o produto/serviço.
A relação contratual deve ser clara para as partes.
PRINCÍPIO DA EDUCAÇÃO E INFORMAÇÃO DOS CONSUMIDORES
É dever de todos, Estado, entidades privadas de defesa do consumidor, empresas, etc;
informar e educar o consumidor quanto seus direitos e deveres, para que possa atuar de
forma mais consciente na sociedade de consumo.
➔ quanto maior o grau de informação existente, menor será o índice de conflitos nas
relações de consumo
➔ a educação informal é a de responsabilidade dos fornecedores sobre as
características dos produtos e serviços.
➔ Cartilhas, debates, pesquisas de mercado: procuram conscientizar os consumidores.
➔ também há a existência de uma norma obrigatória nos estabelecimentos comerciais,
o exemplar do Código de Defesa do Consumidor. O consumidor poderá exigi-lo.
➔ As informações devem ser acessíveis às pessoas com deficiência.
PRINCÍPIO DO INCENTIVO AO AUTOCONTROLE
As empresas devem manter o controle de qualidade também do atendimento aos
consumidores. O autocontrole pode acontecer de 3 formas distintas:
1. controle de qualidade dos produtos defeituosos no mercado;
2. prática do recall (convocação dos consumidores de bens produzidos em série e que
contêm defeitos de fabricação).
3. criação pelas empresas de departamentos de atendimento ao consumidor de forma
direta, para resolver reclamações.
PRINCÍPIO DA COIBIÇÃO E REPRESSÃO DE ABUSOS NO MERCADO
➔ lei de propriedade industrial que protege nomes que sejam muito semelhantes para
não confundir o consumidor quanto às marcas.
PRINCÍPIO DA RACIONALIZAÇÃO E MELHORIA DOS SERVIÇOS PÚBLICOS
O Poder Público quando atua como fornecedor na relação de consumo, principalmente na
prestação de serviços (transportes coletivos, energia elétrica, etc.), deve respeitar a regra
geral do sistema de proteção ao consumidor. O Cumprimento deve ter qualidade,
segurança, adequação, pontualidade, etc.
PRINCÍPIO DO ESTUDO DAS MODIFICAÇÕES DO MERCADO
O fornecedor é o responsável pela segurança das transações ocorridas no ambiente virtual,
principalmente quando o consumidor agir de boa-fé.
➔ ex: transações via Internet.
De acordo com as evoluções sociais, as normas instituídas nas relações de consumo não
podem ficar ultrapassadas e sem eficácia.
8
AR�. 5º
➔ Assistência judiciária gratuita para o consumidor carente, prestada pelas
Defensorias Públicas - deverá haver devida atenção aos consumidores.
➔ Promotorias, delegacias, etc, especializados nas relações de consumo para
propiciar ao consumidor instrumentos e profissionais qualificados visando equilíbrio
nas relações de consumo.
AR�. 6º
Os direitos contemplados pelo código são somente para a proteção do consumidor, não
podendo ser utilizado pelo fornecedor a seu favor.
Segundo o próprio CDC, o consumidor tem ao seu favor, como princípio estampado no
art 4, o reconhecimento de sua vulnerabilidade no mercado de consumo. Sendo assim,
não se torna necessário provar o elemento subjetivo, uma vez que já é presumido no
microssistema.
AR�. 7º
Sistema com abertura para outros direitos constantes de leis, tratados e regras
administrativas, no intuito de aplicarem as normas mais favoráveis ao consumidor.
O CDC teve a preocupação de disciplinar conceitos específicos ao Direito do Consumidor
(conceito de consumidor, fornecedor, produto e serviço).
E conceitos gerais utilizamos os do CC (prescrição, decadência, etc).
CDC- aplicação prioritária nas relações de consumo
CC- aplicação subsidiária
**a única exceção é na hipótese de contrato de transporte, em que há prioridade do CC.
Parágrafo ùnico:
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS CAUSADORES DO DANO - o consumidor
prejudicado poderá intentar a ação de reparação contra todos que estiverem na cadeia de
responsabilidade, contra todos os que forem responsáveis pela colocação do produto no
mercado ou pela prestação de serviço.
➔ exemplo: Contrato de viagem de férias em uma agência de turismo. Se por exemplo,
deixou de viajar por “venda de passagens acima do número de assentos”, embora o
responsável direto do dano seja a companhia aérea, pode também responsabilizar a
agência de turismo.
➔ princípio da solidariedade foi inserido para proteger o consumidor
➔ facilita reparação de danos materiais e a compensação (danos morais)
➔ também serve para que os consumidores tenham mais cuidado na escolha dos
serviços que oferecem.
9
AR�. 8º, 9º e 10º
Os produtos e serviços oferecidos no mercado de consumo não poderão acarretar riscos à
saúde e segurança dos consumidores, salvo aqueles que por sua próprianatureza
apresentem risco inerente. Exemplo: faca (só é boa faca se for afiada).
2 critérios para saber se é normal e previsível:
➔ OBJETIVO: periculosidade de acordo com o tipo do produto. ex: faca que corta;
agrotóxico que causa intoxicação;
➔ SUBJETIVO: analisando se o consumidor tinha condições para prever a
periculosidade.
- Consumidor sempre tem que informar riscos. Senão informar e causar danos,
poderá ser pleiteada indenização frente ao fornecedor.
- também analisar a época, ex: uso do microondas no início precisava de muito mais
cuidado para prestar as informações do que hoje em dia.
➔ PERICULOSIDADE INERENTE: quando a insegurança for normal e previsível.
exemplo: mulher que se acidentou com faca na cozinha; uso de cigarro.
➔ PERICULOSIDADE ADQUIRIDA: torna-se perigoso em decorrência de uma
periculosidade que apresenta. Podem ser defeitos de fabricação, concepção ou de
comercialização.
➔ PERICULOSIDADE EXAGERADA: é defeituoso por ficção. Tem grande
potencialidade causar danos aos consumidor, exemplo: brinquedo com grande
possibilidade de sufocamento de criança.
PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO
Há conhecimento sobre a periculosidade de
produtos e serviços, devendo tomar as
medidas para que não ocorram riscos à
saúde dos consumidores.
Não se conhece os possíveis danos que o
produto possa causar e por isso, não pode
introduzi-los ao mercado.
ex: transgênicos.
- Se colocou no mercado e depois teve conhecimento de algum vício, deverá alertar
através de anúncios publicitários ou comunicar às autoridades competentes.
- RECALL: (chamar de volta) quando se descobre que algum produto foi posto no
mercado com algum defeito de fabricação; chama de volta do mercado os produtos
imprestáveis e/ou perigosos.
10
AR�. 11º e 12º
- Responsabilidade pelo fato: incolumidade físico-psíquica (protege saúde e
segurança).Respondendo somente com culpa. Aplica-se prescrição.
➔ do produto art. 12 do fornecedor
➔ do serviço do comerciante art. 13
➔ do serviço do fornecedor art.14
- Responsabilidade pelo vício: busca garantir incolumidade econômica do
consumidor. Aqui, pouco importa a figura do comerciante, que será responsável
assim como o fornecedor. Responsabilidade objetiva. Aplica-se decadência.
➔ do produto de qualidade art. 18
➔ do produto de quantidade art. 19
➔ do serviço de qualidade art. 20
➔ do serviço de quantidade art. 19
VÍCIO X DEFEITO
- Vício: O produto se torna inadequado, mas não atinge o consumidor ou outras
pessoas. Ex: televisão adquirida que funciona mal.
- Defeito: gera inadequação do produto + dano ao consumidor ou a outras pessoas.
Ex: televisão que explode. (Dano que possa causar lesão corporal, morte, ou
destruição a outro bem).
“Há vício sem defeito, mas não defeito sem vício”.
O art. 12 trata da responsabilidade pelo fato do produto de todos os integrantes do ciclo
produtivo-distributivo, excluindo o comerciante.
O FABRICANTE é qualquer um, que direta ou indiretamente, inserir produtos no mercado.
É considerado fabricante o mero montador e, se houver algum dano, são responsáveis
solidários pelo seu fabricante.
O PRODUTOR é aquele que coloca no mercado de consumo produtos não industrializados.
- A responsabilidade no art.12 ocorrerá independentemente de investigação de culpa,
sendo suficiente que o consumidor demonstre o dano ocorrido.
- não será considerado defeituoso o produto pelo simples fato de outro de melhor
qualidade ter sido colocado no mercado. Ex: um carro tem air bags e o outro não.
- São excludentes da responsabilidade:
● se o dano foi causado por culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
(É ônus do consumidor provar os excludentes de responsabilidade).
● se o produto não foi inserido no mercado de consumo
● falsificação do produto
● se não há defeito (o defeito é presumido, bastando o consumidor demonstrar
o dano com o produto adquirido).
● se o comportamento do consumidor ou de terceiro é o único causador do
acidente de consumo (**quando o fato de terceiro for inevitável, mas
11
previsível, quando o fornecedor tiver como prever a ocorrência, não poderá
servir para excluir a responsabilidade).
Exemplo: STJ não exclui a responsabilidade de instituição bancária pelo
roubo de talões de cheque, porque furtos e roubos é um risco que tem
previsibilidade quanto a ocorrência.
AR�. 13º
Somente ocorrerá a responsabilidade do comerciante quando não conservar
adequadamente os produtos perecíveis ou quando o fabricante, o construtor, o produtor,
importador, não puderem ser identificados.
A responsabilidade do comerciante nos acidentes de consumo é subsidiária.
“Se acontecer qualquer das hipóteses do art. 13, a responsabilidade será direta e solidária
do comerciante”.
O dever jurídico do fornecedor é duplo porque tem que colocar no mercado produtos sem
vícios, mas também deve impedir que os que comercializam maculem a qualidade original
de seu produto.
Ex: se perceber que o comerciante não possui equipamentos adequados para conservar o
produto ou que expõe à venda produtos com qualidade vencida, não escolherá/permitirá
que este comerciante venda seus produtos.
AR�. 14º
Do mesmo modo que no artigo 12, a responsabilidade é objetiva baseada na teoria do risco
da atividade, e não do risco integral, uma vez que também contempla hipóteses de exclusão
de responsabilidade, Desse modo basta que o fornecedor demonstre que, tendo prestado o
serviço, o defeito inexiste ou que houve culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro para
que fique isento de responsabilidade.
AR�. 15º, 16º e 17º
O legislador estendeu a proteção concedida ao destinatário final de produtos e serviços
para terceiros (vítimas), estranhos à relação jurídica, mas que sofreram prejuízo em
decorrência do acidente de consumo.
➔ Isso se aplica somente à responsabilidade pelo fato de produto e serviço.
Então um terceiro pode ser ressarcido pelos danos sofridos com base no CDC. São aquelas
pessoas que foram atingidas em sua integridade física ou segurança, em virtude do defeito
do produto.
Exemplo 1: pessoa que foi atropelada na rua, porque o carro tinha defeito no freio.
Exemplo 2: acidente aéreo que caiu sobre várias casas e pessoas que estavam trafegando
na via terrestre, que não tinham relação contratual com a empresa aérea, mas foram
vítimas do acidente de consumo.
12
AR�. 18º
Trata da responsabilidade por vício de qualidade do produto. Aqui, não há responsabilidade
diferenciada para o comerciante.
- não se indaga se o vício decorre de conduta culposa ou dolosa do fornecedor
- também não importa se o fornecedor tinha ou não conhecimento do vício.
- a responsabilidade por vícios é solidária. Exemplo: Quando o consumidor adquire
veículo com vícios na concessionária, são legitimados a responder tanto o
comerciante (concessionária), quanto a fábrica (montadora).
- não pode alegar isenção de responsabilidade por vício em razão do produto ter sido
adquirido no exterior.
VÍCIOS DE QUALIDADE:
1) Aqueles capazes de torná-los impróprios ou inadequados ao consumo; ex: veículo
com falha no freio (inadequado); enlatados com conteúdo deteriorado (impróprio).
2) aqueles que lhe diminuam o valor; ex: veículo com lataria amassada.
3) aqueles que contêm falhas na informação em razão da disparidade com as
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem
publicitária. ex: produto em que as informações sobre o uso estejam incorretas.
O §1º dispõe que o fornecedor tem a oportunidade de sanar o vício em 30 dias. Somente
se não foi sanado o vício nesse prazo, é que o consumidor poderá exigir, a sua
escolha:
- substituição do produto por outro de mesma espécie
- restituição da quantia paga , monetariamente atualizada, exigindo perdas e danos
- abatimento proporcional do preço.
Caso o consumidor escolha substituir produtos da mesma espécie e o fornecedor não
conseguir possibilitar, o consumidor poderá optar por outro de espécie diversa.
**Poderá ocorrer exigência de perdas e danos em qualquer hipótese.
O consumidor não precisa notificar o fornecedor sobre o aparecimentodo vício. Basta ter
prova de que o fornecedor teve conhecimento do vício e que não houve a sanação no prazo
de 30 dias.
Pelo §2º, o Código também prevê a possibilidade das partes convencionarem a redução ou
ampliação do prazo de 30 dias para que seja sanado o vício, mas não poderá ser nunca
inferior a 7 dias e nem superior a 180 dias.
13
Hipóteses em que de acordo com o §3º, o consumidor não vai precisar esperar o
prazo de 30 dias para sanar o vício:
1) A substituição das partes viciadas compromete o produto. ex: queima no circuito
elétrico do produto.
2) A substituição das partes viciadas compromete características do produto. ex: copo
de liquidificador trincado em que não há outro para reposição, apenas de outra
marca.
3) A substituição das partes viciadas diminui o valor do produto. ex: automóvel com
lataria amassada.
4) Quando se tratar de produto essencial. ex: vício em telefone celular que é utilizado
profissionalmente.
No caso dos produtos in natura, o fornecedor não poderá se valer do prazo de 30 dias. De
imediato, o fornecedor deve providenciar a substituição do produto ou a restituição da
quantia paga ou abatimento proporcional do preço.
AR�. 19º
O artigo trata da responsabilidade por vício de quantidade do produto. Quando, por
exemplo, o produto apresentar conteúdo líquido inferior ao indicado no recipiente,
embalagem, rótulo ou mensagem publicitária. Consumidor poderá optar por:
- abatimento do preço
- complementação do peso ou medida
- substituição do produto por outro de mesma espécie
- restituição imediata da quantia paga, inclusive perdas e danos
* IMPORTANTE: Não precisa esperar 30 dias.
*Fornecedores também respondem solidariamente. Somente há exceção de acordo
com o §2º, que determina responsabilidade exclusiva do fornecedor imediato ou
comerciante quando fizer a pesagem ou a medição do produto e o instrumento utilizado não
estiver aferido segundo os padrões oficiais.
Exemplo: pesagem de frutas adulterada em feiras. O produtor rural será eximido da
responsabilidade.
AR�. 20º
O artigo trata da responsabilidade por vício de qualidade do serviço.
Quando o serviço é prestado deve ser adequado para os fins que adequadamente dele se
esperam.
- Vícios de qualidade: são aqueles que fazem com que os serviços se tornem
impróprios ao consumo ou que lhe diminuam o valor.Também os serviços que
apresentem falhas na informação.
Os fornecedores também respondem solidariamente pelos vícios.
Opções do consumidor no Vício de Qualidade do Serviço:
14
1) Reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
2) Restituição imediata da quantidade paga;
3) Abatimento proporcional do preço.
IMPORTANTE: não precisa esperar prazo de 30 dias.
*o consumidor sempre poderá ser ressarcido por perdas e danos
Opções do consumidor no Vício de Quantidade de serviço:
1) abatimento proporcionou ou;
2) complementação do serviço ou;
3) reexecução do serviço ou;
4) restituição imediata da quantia paga, exigindo perdas e danos;
- Caso o pintor que foi contratado para pintar 4 paredes somente execute a pintura em
3 delas, está caracterizado o vício de quantidade do serviço. E aí além das opções
elencadas, poderá exigir Complementação do serviço.
IMPORTANTE: não precisa esperar prazo de 30 dias.
AR�. 21º
Nos consertos e reparações, deverá utilizar componentes:
- originais e adequados (produzidos por fabricante ou marca sugerida);
- novos
- que mantenham as especificações técnicas do fabricante.
*Salvo: o consumidor somente poderá autorizar a utilização de peças não originais e/ou
usadas.
AR�. 22º
Pessoas jurídicas de direito público ou privado, estão submetidas às regras do CDC. Estão
sujeitos a prestar serviços adequados, eficientes e seguros, como também sujeitos a
reparar danos que porventura vierem a causar aos consumidores.
Serviço público com remuneração X Serviço público com tributos
Não é todo serviço público que se submete às regras do CDC, mas somente aquelas
realizados mediante uma contraprestação ou remuneração diretamente efetuada pelo
consumidor ao fornecedor.
Serviço público realizado mediante tributos, prestado a toda coletividade, não se submete
ao CDC, pois aí o que há é um consumidor e um contribuinte, que não efetua um
pagamento direto pelo serviço, mas paga aos cofres públicos que destinam as verbas.
- Serviços de energia elétrica, de água, telefonia, de transporte público, etc =
Aplica-se CDC
- Serviços relativos à segurança e à iluminação pública = não amparados pelo CDC.
Serviços essenciais não podem ser interrompidos.
O serviço público é fundamental e não pode parar.
15
AR�. 23º
O empresário que explora a atividade econômica deve suportar os riscos provenientes do
seu negócio. O fornecedor não pode se eximir de sua responsabilidade dizendo que não
conhecia o vício. Pro CDC não importa se houve ou não culpa, basta a verificação do vício
para que o fornecedor seja obrigado a responder.
** Boa fé não é capaz de retirar responsabilidade como é pelo CC.
AR�. 24º
Garantia independe de termo expresso já que não decorre da vontade das partes, mas da
lei. A garantia legal existe naturalmente, mesmo que o fornecedor não garanta a adequação
do produto ou do serviço, sendo nula qualquer cláusula exonerativa.
➔ A garantia legal do produto não é reduzida pela garantia do fabricante, que tem
caráter meramente complementar.
AR�. 25º
Serão proibidas cláusulas que impossibilitem, exonerem ou atenuem as obrigações de
indenizar previstas no CDC.
Ex: frases em estacionamento “não nos responsabilizamos por eventuais danos sofridos
pelo veículo” - Essa cláusula é considerada como não escrita, devendo ser excluída no
aferimento de responsabilidade pelo fornecedor. = Não tem validade.
AR�. 26º
Decadência: afeta o direito de reclamar.
X
Prescrição: afeta a pretensão à reparação dos danos.
Os vícios podem ser:
1) Aparente ou de fácil constatação: não exige conhecimento especializado
por parte do consumidor e a constatação se dá somente com o exame
superficial do produto ou serviço ou através de experimentação do uso do
bem. A contagem do prazo decadencial inicia-se a partir da entrega do
produto ou da execução do serviço.
2) Oculto: vício já está presente na aquisição do bem, mas somente se
manifestou algum tempo depois. Prazo decadencial começa a partir da
constatação do defeito.
16
PRAZO DECADENCIAL:
- Produtos e serviços duráveis = 90 dias. Não exaurem após o consumo, mas que
também não se perpetuam, tendo sua vida útil. Ou se tratando da prestação de um
serviço, a durabilidade dos efeitos da dedetização, por exemplo, sendo irrelevante o
tempo que foi utilizado para realizar o trabalho.
- Produtos e serviços não duráveis = 30 dias. São aqueles que exaurem após o
consumo.
Somente a partir da descoberta do vício (talvez meses ou anos após o contrato) é que
passarão a correr os 30 ou 90 dias. Isso significa garantia legal eterna? Não, porque os
bens de consumo possuem uma durabilidade determinada (vida útil do produto).
“A garantia legal tem um limite, que é a vida útil do produto”.
➔ O fornecedor precisa informar qual o período de vida útil de cada produto nos rótulos
e manuais.
AR�. 27º
O prazo prescritivo se exaure em 5 anos, contados da data do conhecimento do dano e de
sua autoria.
Isso é importante porque às vezes o consumidor sofre o dano, mas não tem conhecimento
do fator responsável que ocasionou o dano. Ex: consumidor que tomou vários
medicamentos.
AR�. 28º
Desconsideração de personalidade jurídica quando tiver:
- abuso de direito
- excesso de poder
- infração da lei
- fato ou ato ilícito
- violação dos estatutos ou do contrato social
- falência
- estado de insolvência
- encerramento ou inatividade da pessoa jurídica quando provocados por má
administração.
Tipos de sociedade e responsabilidade:
- Integrantes dos grupos societários e controladas = Subsidiária.
- Consorciadas = Solidária.
- Coligadas = Só respondem por culpa.
17
AR�. 29º
Os consumidores não são somente aqueles que adquirem produtos ou serviços como
destinatários finais, mas tambémaqueles que estão expostos às práticas de oferta,
publicidade, cobrança de dívidas, inserção de seu nome em banco de dados/cadastros e as
abusividades contratuais. Exemplo: coletividade exposta a publicidade enganosa.
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores
todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
Os consumidores não são somente aqueles que adquirem os produtos ou serviços como
destinatários finais, mas também todos aqueles que estiverem expostos às práticas de
oferta, publicidade, cobrança de dívidas e a abusividades contratuais. Exemplo: pode-se
utilizar do CDC a uma coletividade exposta a publicidade enganosa.
AR�. 30º
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por
qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços
oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se
utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
Toda publicidade veicula alguma forma de informação, mas nem toda informação é
publicidade. A publicidade é veiculada por qualquer meio de comunicação, inclusive
embalagens, rótulos, folhetos e material do ponto de venda.
A oferta (ou proposta) é a declaração inicial de vontade direcionada à realização de um
contrato. Ela já é suficiente para criar um vínculo entre fornecedor e consumidor, surgindo
uma obrigação pré contratual.
O FORNECEDOR PRECISA CUMPRIR COMO NOS TERMOS ANUNCIADOS! (Princípio
da vinculação contratual da publicidade).
Mas, para aplicar esse princípio a informação precisa ser muito precisa. Os exageros
(puffing) como “o melhor carro do mundo” ou “o mais elegante terno” não obrigam os
fornecedores e nem aplica esse artigo.
➔ O fornecedor poderá alegar que houve equívoco na oferta e se escusar da
responsabilidade?
Em respeito ao princípio da boa fé objetiva, tem-se admitido o chamado “erro
grosseiro” como forma de não responsabilizar o fornecedor. A boa fé objetiva evita a
vantagem desmedida de um dos envolvidos do negócio jurídico.
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ERRO GROSSEIRO: erro latente, facilmente identificável pelo consumidor e que teria
condições de perceber o equívoco, por fugir do padrão normal.
A regra do art. 30 só vale quando os consumidores se encontram em situação de
vulnerabilidade.
AR�. 31º
Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar
informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas
características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de
validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à
saúde e segurança dos consumidores.
Parágrafo único. As informações de que trata este artigo, nos produtos
refrigerados oferecidos ao consumidor, serão gravadas de forma indelével.
Direito à informação ganha importância principalmente para aqueles produtos ou serviços
que possam causar risco à saúde e segurança dos consumidores.
Ex: as embalagens de alimentos industrializados precisam conter a informação
“Contém/Não contém Glúten” e “Glúten é prejudicial à saúde dos doentes celíacos”.
AR�. 32º
Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e
peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto.
Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser
mantida por período razoável de tempo, na forma da lei.
O CDC não estipula esse período de tempo que o fabricante deve disponibilizar as peças no
mercado, por isso cabe ao juiz fazê-la no caso concreto. Este período razoável nunca pode
ser inferior ao tempo de vida útil do produto ou serviço.
AR�. 33º
Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar o
nome do fabricante e endereço na embalagem, publicidade e em todos os impressos
utilizados na transação comercial.
Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e serviços por telefone,
quando a chamada for onerosa ao consumidor que a origina
Exemplo: quando feito a contratação a distância, como os feitos pela Internet.
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Nos SAC’s de energia elétrica, telefonia, televisão por assinatura, planos de saúde, etc, os
fornecedores não poderão veicular durante a ligação mensagens publicitárias, a menos que
o consumidor consinta expressamente.
AR�. 34º
Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos
de seus prepostos ou representantes autônomos.
**mesmo que não haja vinculação trabalhista ou de subordinação.
AR�. 35º
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta,
apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre
escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta,
apresentação ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente
antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
A opção por uma das alternativas é do consumidor!
Em todas as hipóteses o consumidor poderá ainda pedir indenização pelos eventuais danos
sofridos em decorrência da quebra de confiança e pleitear o ressarcimento dos danos
sofridos.
SEÇÃO III
Da Publicidade
AR�. 36º
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e
imediatamente, a identifique como tal.
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços,
manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados
fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.
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PUBLICIDADE X PROPAGANDA
- Publicidade: tornar público o produto ou serviço com o intuito de aproximar o
consumidor do fornecedor, promovendo o lucro da atividade comercial.
- Propaganda: fato de difundir uma ideia, promovendo adesão a um dado sistema
ideológico.
O Conar (Conselho de Autorregulamentação Publicitária): controla eticamente as
publicidades enganosas e abusivas, mas não exercem controle legal.
Este artigo adota o Princípio da identificação obrigatória da publicidade (consumidor tem
que identificar de forma fácil e imediata a publicidade veiculada).
Também proíbe a publicidade subliminar, que atinge o inconsciente do indivíduo, fazendo
que não perceba que está sendo induzido a compras.
Merchandising: técnica utilizada para vender produtos de forma camuflada , inserido em
programas de televisão, rádio, espetáculos teatrais, etc. O consumidor não sabe que está
diante de uma publicidade. O CDC não proíbe o merchandising, mas repele quando é feito
de forma clandestina, quando não obedece o princípio de identificação obrigatória.
Princípio da transparência da fundamentação: os fornecedores precisam manter em seu
poder dados fáticos, técnicos e científicos capazes, a quem interessar, de comprovar a
veracidade do vinculado na publicidade. Os anunciantes não podem oferecer vantagens
fantasiosas. Ex: publicidades de sabão em pó com testes comprovados; anúncio de cursos
pré-vestibulares que precisam mostrar o número real de aprovados e as faculdades que
seus alunos passaram.
AR�. 37º
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter
publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por
omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza,
características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer
outros dados sobre produtos e serviços.
§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza,
a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência
de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja
capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua
saúde ou segurança.
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§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando
deixar de informar sobre dado essencialdo produto ou serviço.
§ 4° (Vetado).
A publicidade enganosa é aquela inteira ou parcialmente falsa. Basta que a publicidade
induza o consumidor a erro para que a publicidade também seja considerada enganosa. A
análise da indução ao erro é objetiva e independe da intenção do consumidor. Exemplo:
outdoor que veicula preço de carro simples, mas na imagem mostra adicionais e não
informa o consumidor que os adicionais não entram no valor.
Publicidade enganosa pode ser:
- Comissiva: quando afirma algo que na verdade não é. Ex: anunciar que X veículo é
mais econômico, sendo que o mais econômico é Y.
- Omissiva: quando não informa sobre algo fundamental (“essencial”) do produto ou
serviço. (Essencial = que pode influenciar o consumidor nas compras).
Exemplo: precisa informar que o apartamento não tem vaga de garagem; os
fabricantes de televisão de plasma precisam informal que o sinal é prejudicado
quando o sinal é analógico.
Todos aqueles que tiverem proveito da publicidade enganosa terão que responder por isso
solidariamente, perante o consumidor.
Publicidade “chamariz”: consiste em atrair o consumidor de maneira enganosa. Ex:
fornecedor anuncia preço muito baixo na loja, mas chegando lá dizem que acabou o
estoque ou que só são algumas prateleiras em promoção.
Publicidade abusiva: fere a vulnerabilidade do consumidor, que pode ser verdadeira, mas
ofendem valores básicos da sociedade. É muito comum ter publicidades abusivas
envolvendo crianças (são ingênuas e inexperientes). Ex: propaganda de tênis que o garoto
destruía o tênis para ganhar um novo da marca.
A RESPONSABILIDADE do anunciante é objetiva pelos danos que vier a causar. A agência
de publicidade só será responsabilizada se tiver agido com culpa ou dolo.
CONTRAPROPAGANDA: visa reparar a verdade da publicidade enganosa e desqualificar a
mensagem abusiva.
22
AR�. 38º
Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação
publicitária cabe a quem as patrocina.
As agências de publicidade e os veículos de comunicação só responderão a título de dolo e
culpa, recaindo a responsabilidade da prova da veracidade e correção da informação sobre
o fornecedor que patrocinou sua campanha publicitária.
A jurisprudência do STJ entende que não é dever dos veículos de comunicação apurar a
veracidade ou abusividade do anúncio contratado, pois esse ônus é do
fornecedor-anunciante. Exemplo: o jornal não responderá por anúncio de instituição
financeira em que se faz a oferta de juros abusivos.
*a publicidade de palco feita pelo apresentador não implica corresponsabilidade da empresa
de televisão pelo anúncio divulgado
AR�. 39º
Neste artigo estão referidas Práticas Abusivas, que quando constatadas, devem ser
repelidas.
O princípio da boa-fé objetiva será o parâmetro utilizado para aferir os limites do abuso de
direito. Ou seja, quando não houver lealdade no exercício do direito subjetivo, frustrando a
confiança criada, o ato será abusivo e considerado ilícito.
Espécies de atos abusivos:
➔ proibição do comportamento contraditório - ex: “caso dos tomates”
➔ supressio: o não exercício de um direito durante um longo tempo poderá significar a
extensão desse direito, quando contrariar o princípio da boa-fé. O não exercício de
um direito por um período de tempo pode gerar a expectativa na outra parte de que
o direito não vai mais ser exercido; e caso venha a ser exercido, será considerado
abusivo. Demanda a análise de confiança despertada na outra parte.
3 requisitos são necessários para a caracterização do supressio:
- omissão no exercício do direito
- transcurso de um determinado período
- indícios objetivos que esse direito não seria mais exercido.
➔ surrectio- ex: quando o fornecedor aceita que o pagamento do financiamento
concedido ao consumidor seja efetuado em lugar diferente do previsto no contrato,
por um longo período, gerará a confiança no consumidor. Isso gera no beneficiário a
expectativa de continuidade.
23
supressio Ocorre a suspensão do direito em razão da
inércia do seu titular.
surrectio Gera a aquisição do direito subjetivo em
razão de um comportamento continuado.
➔ tu quoque: “até tu Brutus?” - A ideia é de que ninguém pode invocar normas
jurídicas, após descumprí-las. Se a parte não executou a sua prestação no contrato
sinalagmático, não poderá exigir da outra parte a contraprestação.
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro
produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
- Venda casada não é permitida. O STJ entendeu que as empresas cinematográficas
não podem proibir os consumidores de entrarem com outros produtos alimentícios
adquiridos de outro lugar.
- O consumidor também não pode condicionar o fornecimento de produto ou serviço a
limites quantitativos, com imposição de limite máximo ou mínimo, por exemplo,
quando ocorre uma promoção.
- O STJ analisou que não ofende o direito do consumidor a cobrança de tarifa mínima
de água, telefonia, etc.
II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de
suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e
costumes;
- o fornecedor não pode se negar a prestar o serviço ou vender o produto a qualquer
consumidor que se disponibilize a pagar, desde que tenha os produtos em estoque
ou esteja habilitado para prestar o serviço. ex: taxista não pode se negar a fazer
corrida só porque ela é pequena.
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto,
ou fornecer qualquer serviço;
- Se isso ocorrer, os produtos ou serviços serão considerados amostras grátis,
inexistindo obrigação de pagamento.
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua
idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou
serviços;
- O fornecedor não pode se aproveitar das vulnerabilidades do consumidor para impor
produtos ou serviços. Ex: são comuns práticas abusivas de oferta de crédito aos
idosos.
- Além dos vulneráveis, algumas pessoas são consideradas Hipervulneráveis:
➔ crianças
➔ pessoas com deficiencia
➔ indígenas
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
24
- o fornecedor não pode causar prejuízo ao consumidor, rompendo com o equilíbrio
contratual”.
VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização
expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as
partes;
- o próprio artigo 40 prevê a necessidade de orçamento prévio e também de
autorização EXPRESSA do consumidor para execução de quaisquer serviços.
VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor
no exercício de seus direitos;
ex: fornecedor não pode divulgar que o consumidor deixou queixas no Procon ou propõe
demandas judiciais contra os fornecedores. O consumidor não pode se sentir constrangido
pela prática de seus direitos.
VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em
desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se
normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou
outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (Conmetro);
Quando o consumidor está obrigado a observar normas expedidas pela ABNT ou
CONMETRO, não poderá colocar o produto no mercado, fora das especificações previstas.
Essas normas técnicas visam melhorar a qualidade dos produtos ou serviços.
IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se
disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de
intermediação regulados em leis especiais;
- A diferença em relação à norma prevista no inciso II é que aqui a prática abusiva
acontece quando o fornecedor se recusa a vender produto ou prestar serviço
diretamente ao consumidor, impondo intermediários para a conclusão do negócio.
- odispositivo não impede que continue a existir atacadista que venda apenas para
pessoa jurídica intermediária e não para o consumidor final.
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços.
- O que se veda é a possibilidade de uma elevação nos preços sem que se tenha um
justo motivo, como o aumento da matéria-prima, do salário-mínimo, que reflita no
produto/serviço.
- o STJ entende que a mudança abrupta nos preços de seguro ofende o sistema de
proteção ao consumidor e a boa-fé objetiva.
- alterações de valores devem ser feitos de maneira amena e gradativa, não
causando impacto surpreendente ao consumidor.
- o STJ entendeu que a diferenciação de preços para pagamento em cartão ao invés
de dinheiro é prática de consumo abusiva.
XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar
a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério.
25
O CDC estipula que é necessário, que todo contrato de consumo, tenha necessariamente o
prazo de cumprimento da obrigação, para possibilitar que o consumidor exija o cumprimento
forçado da obrigação.
XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente
estabelecido.
XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de serviços de um
número maior de consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como
máximo.
Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues
ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis,
inexistindo obrigação de pagamento.
AR�. 40º
Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio
discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados,
as condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços.
§ 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de dez
dias, contado de seu recebimento pelo consumidor.
§ 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento obriga os contraentes e
somente pode ser alterado mediante livre negociação das partes.
§ 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da
contratação de serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio.
AR�. 41º
Art. 41. No caso de fornecimento de produtos ou de serviços sujeitos ao regime de controle
ou de tabelamento de preços, os fornecedores deverão respeitar os limites oficiais sob pena
de não o fazendo, responderem pela restituição da quantia recebida em excesso,
monetariamente atualizada, podendo o consumidor exigir à sua escolha, o desfazimento do
negócio, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.
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SEÇÃO V
Da Cobrança de Dívidas
AR�. 42º
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a
ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
- A cobrança de débitos deve sempre respeitar o princípio da dignidade da pessoa
humana.
- O STJ entende que não se admite o corte de energia elétrica ou água de futuras
energias. Para que a concessionária possa suspender o fornecimento do produto ou
serviço, a inadimplência do consumidor deve ser atual.
- se o consumidor se sentir prejudicado pelas cobranças vexatórias ou abusivas,
poderá pleitear indenização por dano moral.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à
repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido
de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
A sanção prevista (repetição em dobro) somente é aplicada se houver:
1) cobrança indevida
2) pagamento em excesso
3) inexistência de engano justificável.
**a duplicação somente ocorrerá em relação ao valor pago em excesso
- além da repetição em dobro, o consumidor faz jus a perdas e danos (desde que
comprovados).
- se o fornecedor provar que houve negligência, imprudência ou imperícia de sua
parte, ficará isento de indenizar o consumidor pelo dobro da quantia cobrada. Mas, o
fornecedor não pode se eximir dos atos causados por seus
subordinados/empregados.
Para que haja a devolução em dobro, o STJ tem entendido que:
➔ Nos casos envolvendo serviços públicos, basta a verificação de culpa.
➔ Nos demais casos, tem que haver má-fé do fornecedor na cobrança indevida.
- MAS, quando a concessionária não prestou o serviço e efetuou a cobrança indevida,
não cabe alegação de erro justificável e deve indenizar o consumidor pelo dobro do
pagamento indevido.
- o art. 42 se aplica às cobranças judiciais e extrajudiciais.
Art. 42-A. Em todos os documentos de cobrança de débitos apresentados ao
consumidor, deverão constar o nome, o endereço e o número de inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica –
CNPJ do fornecedor do produto ou serviço correspondente.
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- introduzido para dar mais transparência ao procedimento de cobrança de dívidas.
- com essa determinação fica mais fácil para o consumidor ter acesso a informação
de quem está fazendo a cobrança da dívida e assim, questionar eventuais erros na
cobrança e evitar maiores transtornos.
SEÇÃO VI
Dos Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores
AR�. 43º
Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às
informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de
consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes.
§ 1° Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros,
verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações
negativas referentes a período superior a cinco anos.
§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo
deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.
● Deve ser comunicado, sob pena de dano moral.
● Quando não há notificação, além da indenização por dano moral, o consumidor terá
direito ao cancelamento da inscrição, independentemente da existência do débito.
● Tem que ser por escrito! não tem validade a comunicação feita por e-mail ou
comunicação oral.
● Havendo dúvida se houve ou não a comunicação, o ônus é do fornecedor.
§ 3° O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e
cadastros, poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de
cinco dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários das informações
incorretas.
● A comunicação também deve ser de 5 dias úteis, de modo que se existir alguma
inexatidão na informação, possa ser ratificada.
§ 4° Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de
proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público.
§ 5° Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não
serão fornecidas, pelos respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer
informações que possam impedir ou dificultar novo acesso ao crédito junto aos
fornecedores.
§ 6o Todas as informações de que trata o caput deste artigo devem ser
disponibilizadas em formatos acessíveis, inclusive para a pessoa com deficiência,
mediante solicitação do consumidor.
- O armazenamento de dados sobre os consumidores é uma atividade lícita e
permitida pelo CDC, mas deve respeitar os limites para não ocorrerem abusos.
- SPC: SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO
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- SERASA: CENTRALIZAÇÃO DE SERVIÇOS DOS BANCOS S.A.
GÊNERO: ARQUIVOS DE CONSUMO
ESPÉCIES: BANCO DE DADOS + CADASTRO DE CONSUMIDORES
- Banco de dados: SPC: SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO + SERASA:
CENTRALIZAÇÃO DE SERVIÇOS DOS BANCOS S.A.
- Cadastro de consumidores: é particularizado no interesse da atividade comercial.
O legislador quis possibilitar um amplo controle desses arquivos de consumo, evitando a
violação de direitos fundamentais dos consumidores, como a privacidade e a dignidade da
pessoa humana, permitindo o uso de certos instrumentos processuais garantidores desses
direitos como o habeas data.
➔ HABEAS DATA utilizado para assegurar o conhecimento de informações relativas à
pessoa epara a retificação de dados.
O CDC GARANTE QUATRO DIREITOS AOS CONSUMIDORES EM RELAÇÃO AOS
ARQUIVOS DE CONSUMO:
1) Direito de acesso
2) Direito de informação
3) Direito de retificação
4) Direito de exclusão
- Os órgãos responsáveis pelo armazenamento de dados e dos cadastros aos
consumidores, quando solicitados, devem fornecer aos consumidores todas as
informações arquivadas e qual a fonte. O acesso deve ser imediato.
- E ainda todas as informações devem ser acessíveis às pessoas com deficiência
- A recusa ou imposição de dificuldades por parte do arquivista em fornecer
informações é considerada infração Penal (art. 72 do CDC).
- O acesso de onde veio a informação é muito importante, para que, se o consumidor
quiser retificar alguma informação, ter meios. Deixar de fazer retificação também é
considerado infração penal (art. 73 CDC).
SOLICITAR RETIFICAÇÃO - IMEDIATO e prazo de 5 dias úteis para comunicar os outros
destinatários as informações incorretas.
ENTIDADE DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO DEVE CONCLUIR AS INVESTIGAÇÕES EM
RELAÇÃO AO DIREITO DE RETIFICAÇÃO: 1O dias.
A PARTIR DO INTEGRAL E EFETIVO PAGAMENTO: incumbe ao credor excluir o registro
da dívida no cadastro de inadimplentes, no prazo de 5 dias úteis.
29
- A recusa do acesso às informações, bem como da retificação das informações
inexatas, enseja interposição do habeas data.
- O real responsável pelo pagamento da indenização pode ser responsabilizado em
ação regressiva! Todavia, o STJ considerou que a comunicação ao consumidor
sobre a inscrição nos registros de proteção ao crédito é obrigação do órgão
responsável pela manutenção do cadastro, e não do credor (fornecedor). Cabe
exclusivamente ao Serasa a responsabilidade pela indenização por danos morais,
pela ausência de comunicação ao devedor, de inscrição em seus cadastros.
- Mas a responsabilidade pela retirada do nome do consumidor do cadastro, quando
quitada a dívida, é do fornecedor.
RESPONSABILIDADE COMUNICAÇÃO Órgão responsável pelo arquivo (SPC,
Serasa, etc).
RESPONSABILIDADE PELA RETIRADA
E INSCRIÇÕES INDEVIDAS
Somente do fornecedor.
Não cabe dano moral pela falta de notificação do consumidor, quando a informação que
possibilitou a negativação é acessível ao público!
No caso de emissão de cheque sem fundo: somente o consumidor emissor do cheque
poderá ser inscrito no arquivo de consumo, quando há conta conjunta.
Erro no valor inscrito na dívida: não gera danos morais.
“A simples propositura da ação de revisão do contrato não inibe a caracterização da
mora do autor”:
Para evitar abusos, o STJ tem entendido que, para permitir o cancelamento ou a abstenção
da inscrição do nome do devedor em cadastro de proteção ao crédito, o juiz deve agir com
cautela, analisando o caso concreto, sendo indispensável a existência de prova do direito
alegado, ou ainda na presença de 3 elementos:
1) a existência de ação proposta pelo devedor, contestando a existência integral ou
parcial do débito.
2) efetiva demonstração de que a cobrança indevida se funda em jurisprudência
consolidada
3) o depósito do valor referente à parte incontroversa do débito ou que seja prestada
caução idônea.
Limite de registro - as informações negativas não podem ser mantidas:
DIREITO DE EXCLUSÃO DO CONSUMIDOR
1) por prazo superior a cinco anos (contado a partir do dia seguinte do vencimento da
dívida) §1º do art. 43
30
2) após a consumação da prescrição da ação de cobrança §5º
Destacamos:
- necessidade de autorização prévia do cadastrado mediante consentimento
informado por meio de assinatura em instrumento específico ou em cláusula
apartada;
- no banco de dados somente poderão ser armazenadas informações objetivas,
claras, verdadeiras e de fácil compreensão;
- ficam proibidas anotações com informações excessivas, desproporcionais, que
não estiverem vinculadas à análise do risco de crédito ao consumidor e
informações sensíveis, pertinentes à origem social, à saúde, à orientação sexual,
convicções políticas e religiosas, etc.
É direito do cadastrado:
- obter cancelamento do cadastro quando solicitado
- acessar gratuitamente informações sobre ele existentes no banco de dados, seu
histórico
- solicitar impugnação de informação errônea anotada no banco de dados, sua
correção ou cancelamento
- ser informado previamente sobre o armazenamento, identidade do gestor do
banco de dados e os destinatários do banco
- ter os seus dados pessoais utilizados somente de acordo com a finalidade para a
qual eles foram coletados
- informações de adimplemento não podem constar por período superior a 15 anos.
*ATENÇÃO: o novo CPC possibilitou a inclusão do nome do devedor de qualquer dívida nos
órgãos de proteção de crédito, sejam elas dívidas alimentícias, empresariais, de aluguel,
etc.
AR�. 44º
Art. 44. Os órgãos públicos de defesa do consumidor manterão cadastros atualizados
de reclamações fundamentadas contra fornecedores de produtos e serviços, devendo
divulgá-lo pública e anualmente. A divulgação indicará se a reclamação foi atendida
ou não pelo fornecedor.
§ 1° É facultado o acesso às informações lá constantes para orientação e
consulta por qualquer interessado.
§ 2° Aplicam-se a este artigo, no que couber, as mesmas regras enunciadas no
artigo anterior e as do parágrafo único do art. 22 deste código.
A ideia é informar ao máximo o consumidor sobre quais são os fornecedores que mais
sofrem reclamações de seus produtos e serviços, e se essas reclamações são atendidas ou
não. Como lei de função social, o artigo visa com que o fornecedor possa melhorar sua
atuação no mercado, de modo a não aparecer mais nas listas.
31
O artigo fala que a publicação é anual, mas ela também pode ser mensal, semestral, desde
que menor ou igual a um ano.
AR�. 45º
Art. 45. (Vetado).
CAPÍTULO VI
Da Proteção Contratual
SEÇÃO I
Disposições Gerais
AR�. 46º
Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os
consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de
seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a
dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.
Para que o contrato que regule a relação de consumo tenha validade, precisa oportunizar
que o consumidor tenha conhecimento efetivo de todos os seus direitos e deveres,
principalmente nos contratos de adesão (que precisam ser redigidas em destaque,
permitindo fácil compreensão). Disso decorre a obrigação do fornecedor de entregar uma
via do contrato ao consumidor.
Cláusulas inseridas ou alteradas unilateralmente pelo fornecedor, sem que o consumidor
tenha conhecimento prévio, não obrigará o consumidor.
São inválidas as cláusulas ambíguas, obscuras ou em linguagem técnica. Ex: não vinculam
os consumidores as cláusulas inseridas em planos de saúde que excluem determinadas
doenças ou cirurgias, com o rótulo de “doenças crônicas” ou “doenças infectocontagiosas”,
não esclarecendo amplamente o consumidor.
AR�. 47º
Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao
consumidor.
O consumidor é sempre a parte mais fraca e aplica-se o princípio constitucional da
isonomia, em que os desiguais devem ser tratados desigualmente na medida de suas
desigualdades.
32
AR�. 48º
Art. 48. As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e
pré-contratos relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor, ensejando
inclusive execução específica, nos termos do art. 84 e parágrafos.
Toda proposta ou declaração constante de escritos particulares, recibos ou pré-contratos,
em decorrência do princípio da vinculação, faz com que o fornecedor seja compelido ao
dever de prestá-los. Podem sofrer execução específica nos termos do art. 84, que trata
sobre tutela de obrigação de fazer.
Quando o fornecedor entrega um orçamento ao consumidor, ele é obrigado a prestar o
serviço pelo modo e preço orçado. O consumidor só pode exigir a prestação no prazo de
validade do orçamento (é de 10 dias e outro não tiver sido estipulado pelas partes).
AR�. 49º
Art. 49.O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua
assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a
contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento
comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.
Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto
neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de
reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.
- prazo de reflexão obrigatório, de modo a assegurar que o consumidor faça uma
compra consciente, equilibrando a relação de consumo
- por ser fora do estabelecimento comercial, o consumidor fica ainda mais vulnerável.
Dentro do estabelecimento, o consumidor atua de maneira mais consciente, porque
pode verificar o produto ou serviço (tamanho, cores, condições da prestação, etc),
comparar com outras marcas e modelos, tirar dúvidas pessoalmente com o devedor.
- para exercitar o direito de arrependimento é importante que o produto a ser
devolvido possa ser novamente utilizado pelo fornecedor em futura transação.
exemplo: compra de um tênis - Se o consumidor resolver usar o produto durante um
dia de trabalho, não poderá devolvê-lo.
- A jurisprudência tem aplicado o direito de arrependimento até mesmo quando a
contratação ocorrer no estabelecimento do fornecedor se o consumidor estiver sobre
forte pressão psicológica que o coloca em situação desvantajosa, impedindo-o de
refletir e manifestar livremente sua vontade.
- O direito de arrependimento não está vinculado a qualquer vício do produto ou
serviço, ou a qualquer justificativa por parte do consumidor. Ou seja, o direito de
desistir do negócio celebrado é imotivado. Qualquer explicação que o consumidor
der a respeito dos motivos de desistência, além de ser voluntário, servirá apenas
para que o fornecedor saiba o porque o consumidor está desistindo do produto ou
serviço.
- Depois de exercido o direito de arrependimento, o consumidor deverá receber de
forma imediata a quantia paga, voltando ao status quo ante. Todo e qualquer custo
33
despendido pelo consumidor deverá ser ressarcido, exemplo os custos de
transporte.
São nulas as cláusulas que:
- subtraia do consumidor a opção do reembolso da quantia já paga;
- que impõe multa para a hipótese de não conclusão do negócio.
AR�. 50º
Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo
escrito.
Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e
esclarecer, de maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a
forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do
consumidor, devendo ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no
ato do fornecimento, acompanhado de manual de instruções, de instalação e uso do
produto em linguagem didática, com ilustrações.
- A garantia contratual é complementar à garantia legal. Os prazos estipulados no art.
26 só começarão a correr depois do prazo de garantia que o fornecedor oferecer.
Exemplo:
O fornecedor deu 1 ano de garantia do seu produto. O produto está coberto sobre eventuais
vícios no prazo de 1 ano, e caso apareça algum vício nesse período, o prazo decadencial
de 30 ou 90 dias do art. 26, para reclamar, somente começará após o prazo da garantia
contratual.
No caso dos vícios ocultos, se visto pelo art. 26 o fornecedor fica responsável pelos vícios
nesse período de 30 ou 90 dias, se aparecer, sejam eles aparentes ou ocultos. Agora, nos
casos de vícios que apareceram pela má utilização do consumidor ou por evento fortuito, o
fornecedor não se responsabiliza, mesmo se dentro dos 30 ou 90 dias, pois a garantia legal
foi cumprida, de entregar o produto ou o serviço sem vícios. Somente no caso dos vícios
ocultos fica obrigado a saná-los, após esse período de 30/90 dias.
X
Já na garantia contratual, o fornecedor é responsável pelos vícios que aparecem no período
de garantia concedido, pouco importando se ocorreu por má utilização do consumidor (salvo
se forem excluídos expressamente da garantia) ou por caso fortuito, como uma pane na
rede elétrica.
34
SEÇÃO II
Das Cláusulas Abusivas
AR�. 51º
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por
vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou
disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor
pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
O fornecedor não poderá inserir em contrato cláusula que o isente do dever de indenizar ou
mesmo que atenue a responsabilidade. Exemplo: “o estacionamento não se responsabiliza
por eventuais danos sofridos pelo veículo”.
A única exceção é para pessoa jurídica, que pode ser limitada em situações justificáveis.
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos
casos previstos neste código;
III - transfiram responsabilidades a terceiros;
exemplo: é vedado às agências de turismo, fornecedoras diretas de pacotes turísticos,
transferir a responsabilidade pelos danos causados ao consumidor ao hotel ou às
companhias aéreas.
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a
eqüidade;
Obrigações iníquas são aquelas que são injustas, contrárias à equidade.
exemplo: não tem sido admitidas cláusulas em planos de saúde que excluem doenças
como a AIDS ou que limitem o tempo de internação.
● CLÁUSULA SURPRESA: são aquelas que, surpreendem o consumidor, justamente
porque não possibilitam a correta informação sobre as suas consequências, não
permitindo, portanto, que o consumidor celebre um contrato consciente. Exemplo:
material escolar como Giz, papel higiênico, já devem estar incluídos no custo da
mensalidade e não podem ser cobradas a parte.
V - (Vetado);
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
A inversão do ônus da prova só pode ocorrer a favor do consumidor. É o fornecedor que
possui os meios de prova, porque tem conhecimento do produto/serviço.
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
Somente é admissível a convenção de arbitragem pós-dano.
35
VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico
pelo consumidor;
Não pode o fornecedor valendo-se da fragilidade do consumidor, impor representante para
celebrar negócio jurídico em seu nome. ex: o banco não pode se constituir procurador, para
assinar nota promissória.
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora
obrigando o consumidor;
O consumidor não pode inserir cláusula se desobrigando-o de cumprir o contrato, porém
obrigando somente o consumidor, porque isso feriria o equilíbrio contratual.
X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de
maneira unilateral;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que
igual direito seja conferido ao consumidor;
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua
obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a
qualidade do contrato, após sua celebração;
XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias
necessárias.
Benfeitorias necessárias são aquelas que tem por fim conservar a coisa ou evitar que se
deteriore. Quando o consumidor precisar realizar qualquer benfeitoria necessária, terá
sempre o direito de ser ressarcido pelos gastos efetuados, ainda que exista cláusula
excluindo tal direito.
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
I - ofende osprincípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;
II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do
contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;
III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a
natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias
peculiares ao caso.
§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato,
exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus
excessivo a qualquer das partes.
- princípio da conservação dos contratos
§ 3° (Vetado).
36
§ 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao
Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de
cláusula contratual que contrarie o disposto neste código ou de qualquer forma não
assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes.
- As cláusulas abusivas são nulas de pleno direito;
- Por se tratar de norma de ordem pública, o Poder Judiciário decretará a nulidade
absoluta das cláusulas abusivas de ofício, ou a pedido dos consumidores, das
entidades que o representem ou do Ministério Público.
AR�. 52º
Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de crédito ou
concessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros
requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre:
I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;
II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros;
III - acréscimos legalmente previstos;
IV - número e periodicidade das prestações;
V - soma total a pagar, com e sem financiamento.
§ 1° As multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigações no seu
termo não poderão ser superiores a 2% do valor da prestação.
§ 2º É assegurado ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou
parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos.
Esse artigo abrange todas as relações de crédito e de financiamento. Ex: abertura de
cheque especial, cartão de crédito, financiamento de aquisição de produto durável por
alienação fiduciária, empréstimo para aquisição de imóvel, etc.
Pelo princípio da informação e transparência o fornecedor tem que informar todas as
informações prévias! O legislador se preocupa muito com esse tipo de contrato, para que o
consumidor não fique em situação eterna de endividamento (superendividamento).
SUPERENDIVIDAMENTO = impossibilidade global do devedor pessoa física, consumidor,
leigo e de boa-fé, de pagar todas as suas dívidas atuais e futuras de consumo (excluídas as
dívidas com o Fisco, de delitos e de alimentos). Existe o ativo e o passivo. Ativo é quando o
consumidor se endivida voluntariamente, iludido pelo marketing da empresa, seja de má-fé
(sabia que não ia conseguir pagar) ou de boa-fé (agiu impulsivamente). Passivo quando se
endivida por fatores externos, como desemprego, divórcio, doença, necessidade de
empréstimo, etc.
- Somente o superendividamento Ativo Inconsciente e o Passivo é que merecerão
tutela estatal para reorganizar suas vidas financeiras.
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Quando o consumidor quiser quitar o débito, total ou parcialmente, terá direito à redução
proporcional dos juros e demais acréscimos, não podendo o consumidor se opor a isso, sob
pena de responder por perdas e danos.
AR�. 53º
Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento
em prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se
nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações
pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução
do contrato e a retomada do produto alienado.
§ 2º Nos contratos do sistema de consórcio de produtos duráveis, a
compensação ou a restituição das parcelas quitadas, na forma deste artigo, terá
descontada, além da vantagem econômica auferida com a fruição, os prejuízos que o
desistente ou inadimplente causar ao grupo.
§ 3° Os contratos de que trata o caput deste artigo serão expressos em moeda
corrente nacional.
CLÁUSULA DE DECAIMENTO = aquelas que preveem a perda total das prestações pagas
quando houver inadimplência por parte do consumidor. Serão nulas de pleno direito.
Uma vez rescindido o contrato, ao consumidor cabe o direito de reaver a quantia que
pagou, descontado somente o percentual pela participação do fornecedor no contrato (taxa
de administração) ou por perdas e danos sofridas por este.
SEÇÃO III
Dos Contratos de Adesão
AR�. 54º
Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela
autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos
ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente
seu conteúdo.
§ 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do
contrato.
§ 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a alternativa,
cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2° do artigo
anterior.
38
§ 3o Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com
caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo
doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor.
§ 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser
redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.
Ao contrário do contrato de comum acordo em que as partes negociam cláusula por
cláusula, o contrato de adesão já tem cláusulas aprovadas pela autoridade competente (ex:
cláusulas gerais para fornecimento de água, energia elétrica, etc) e o consumidor não tem
como recusar. Ou são estabelecimentos de modo que o consumidor não possa questionar
ou modificar substancialmente. 1
CONTRATO DE ADESÃO:
- previamente elaborados unilateralmente
- ofertados uniformemente
O fato de ser inserida alguma cláusula posteriormente, mesmo que com anuência e
interesse do consumidor, não tem o poder de descaracterizar o contrato como de adesão.
1 RESUMO DIREITO DO CONSUMIDOR - Por: Juliana Ferraz.

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