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FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DAS CIÊNCIAS DA NATUREZA CURSOS DE GRAUAÇÃO – EAD Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza – Profa. Ms. Alessandra Corrêa Farago e Profa. Dra. Neusa Regina Pires Barbieri Meu nome é Alessandra Corrêa Farago, sou Mestre em Educação Escolar, especialista em Planejamento e Gestão de Organizações Educacionais pela Unesp e em Tecnologia da Informação e da Comunicação pela UNB, graduada em Letras e Pedagogia. Minha linha de pesquisa é voltada para a Formação de Professores alfabetizadores, especificamente investigando concepções, currículo e práticas de Ensino. Fui professora de Língua Portuguesa da Rede Pública Estadual por 16 anos. E também atuei como Coordenadora Pedagógica do Curso Normal Integral, nos moldes do Cefam, por 6 anos na Escola Estadual Otoniel Mota, em Ribeirão Preto. Atualmente, sou professora nos cursos de Graduação e Pós-graduação em Faculdades na cidade de Ribeirão Preto, Bebedouro, bem como no Centro Universitário Claretiano, em Batatais. E-mail: farago@claretiano.edu.br Meu nome é Neusa Regina Pires Barbieri. Sou graduada em Ciências Biológicas pela FFCLRP-USP, fiz curso de Aperfeiçoamento em Educação: Ensino de Ciências pela FFCLRP-USP, sou mestre em Imunologia Básica e Aplicada e doutora em Ciências Médicas – Investigações Biomédicas pela FMRP-USP. Minha área de pesquisa é Imunologia e Microbiologia, nas quais desenvolvi projetos em laboratório de pesquisa. Sou professora efetiva de Biologia na rede Pública Estadual há 15 anos e professora efetiva de Ciências Físicas e Biológicas na Rede Pública Municipal de Ribeirão Preto, desde 1998. Atuei como professora universitária nos cursos de Biomedicina e Fisioterapia em faculdades de Ribeirão Preto e nos cursos de Pedagogia, na EAD, em Batatais. E-mail: nrpbarbieri@yahoo.com.br Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DAS CIÊNCIAS DA NATUREZA Alessandra Corrêa Farago Neusa Regina Pires Barbieri Batatais Claretiano 2014 Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação © Ação Educacional Claretiana, 2014 – Batatais (SP) Versão: dez./2014 500 F225f Farago, Alessandra Corrêa Fundamentos e métodos do ensino das ciências da natureza / Alessandra Corrêa Farago, Neusa Regina Pires Barbieri – Batatais, SP : Claretiano, 2014. 304 p. ISBN: 978-85-8377-352-8 1. Ciência, tecnologia e sociedade. 2. Ciências naturais e cidadania. 3. Concepções epistemológicas no ensino de ciências. 4. Ensino e aprendizagem das ciências naturais. 5. Ensino de ciências na educação infantil. 6. Ensino de ciências no ensino fundamental. 7. Ciências naturais no primeiro e segundo ciclo. 8. Estratégias e recursos didáticos no ensino de ciências. I. Barbieri, Neusa Regina Pires. II. Fundamentos e métodos do ensino das ciências da natureza. CDD 500 Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A. Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Patrícia Alves Veronez Montera Raquel Baptista Meneses Frata Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Bibliotecária Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Eduardo Henrique Marinheiro Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Juliana Biggi Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz Rafael Antonio Morotti Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Claretiano - Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br SUMÁRIO CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9 2 ORIENTAÇÕES GERAIS PARA O ESTUDO ............................................................. 11 3 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ........................................................................................ 27 4 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ........................................................................ 28 UniDADE 1 – CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 31 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 31 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 32 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 35 5 HISTÓRICO DO ENSINO DE CIÊNCIAS ................................................................. 36 6 TEXTOS COMPLEMENTARES ............................................................................... 59 7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 61 8 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 64 9 E-REFERÊnCiAS .................................................................................................. 65 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 66 UniDADE 2 – PRESSUPOSTOS TEÓRICOS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 67 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 67 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 68 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 70 5 ENSINO DE CIÊNCIAS .......................................................................................... 71 6 APRENDER E ENSINAR CIÊNCIAS ........................................................................ 86 7 SABERES NECESSÁRIOS PARA UM BOM PROFESSOR DE CIÊNCIAS .................... 101 8 TEXTOS COMPLEMENTARES ............................................................................... 116 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 118 10 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 119 11 E-REFERÊnCiAS .................................................................................................. 121 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 121 UniDADE 3 – ENSINO DE CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 123 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 123 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 124 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 125 5 PRESSUPOSTOS DOS CONHECIMENTOS SOBRE NATUREZA E SOCIEDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL .................................................................................... 126 6 CONTEÚDOS, OBJETIVOS E PRESSUPOSTOS DIDÁTICOS DO EIXO NATUREZA E SOCIEDADE ...................................................................................................... 136 7 ESTRATÉGIAS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ........................................... 151 8 SUGESTÕES DE ATIVIDADES NA EDUCAÇÃO INFANTIL NA ÁREA DE CIÊNCIAS NATURAIS ........................................................................................................... 154 9 SUGESTÃO DE PROJETO NA EDUCAÇÃO INFANTIL NA ÁREA DE CIÊNCIAS NATURAIS ........................................................................................................... 157 10 TEXTO COMPLEMENTAR .................................................................................... 181 11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 185 12 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................... 186 13 E-REFERÊnCiAS .................................................................................................. 187 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 187 UniDADE 4 – ENSINO DE CIÊNCIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 189 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 190 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 190 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 191 5 OBJETIVOS E CONTEÚDOS DE CIÊNCIAS NATURAIS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL .................................................................................................. 192 6 CIÊNCIAS NATURAIS NO PRIMEIRO CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL ............ 199 7 CIÊNCIAS NATURAIS NO PRIMEIRO CICLO DE ENSINO FUNDAMENTAL ............. 205 8 BLOCOS TEMÁTICOS ........................................................................................... 218 9 CONTEÚDOS: PROFESSOR × ALUNO .................................................................. 234 10 CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DOS CONTEÚDOS ..................................................... 236 11 TEXTOS COMPLEMENTARES ............................................................................... 237 12 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 249 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 252 UniDADE 5 – ESTRATÉGIAS E RECURSOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE CIÊNCIAS 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 255 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 256 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .................................................... 256 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ................................................................................. 258 5 ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS .................................................................................... 260 6 RECURSOS DIDÁTICOS ........................................................................................ 289 7 TEXTO COMPLEMENTAR .................................................................................... 296 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 299 9 CONSIDERAÇÕES ................................................................................................ 302 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 303 CRC Caderno de Referência de Conteúdo Conteúdo ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Histórico do Ensino de Ciências. Concepção de Ciências. Ciência, Tecnologia e Sociedade. Ciências Naturais e cidadania. Concepções epistemológicas no Ensino de Ciências. Ensino e aprendizagem das Ciências Naturais. Ensino de Ciências na Educação Infantil. Pressupostos dos conhecimentos sobre a natureza e sociedade na Educação Infantil. Ensino de Ciências no Ensino Fundamental. Ciências Naturais no primeiro e segundo ciclo. Estratégias e recursos didáticos no Ensino de Ciências. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1. INTRODUÇÃO Seja bem-vindo! Você está iniciando o estudo de Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza, que é uma das obras que com- põem os Cursos de Graduação e que será desenvolvida na modali- dade EaD. Descobriremos, juntos, todos os procedimentos neces- sários para a sua iniciação nesta estudo. Você precisará acompanhar as aulas com dedicação, admi- nistrar bem seu tempo, interagir constantemente com seus tuto- © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza10 res e colegas de curso, para, assim, ficar sempre atualizado não só com o conteúdo desta obra, mas também com as discussões. O Ensino de Ciências Naturais é um espaço privilegiado para as diferentes explicações sobre o mundo, fenômenos da natureza e transformações produzidas pelo homem, podendo ser expostos e comparados. É um espaço de expressão das explicações espontâneas dos alunos e daquelas oriundas de vários sistemas explicativos. Con- trapor e avaliar diferentes explicações favorece o desenvolvimento de postura reflexiva, crítica, questionadora e investigativa, de não acei- tação, a priori, de ideias e informações. Possibilita a percepção dos limites de cada modelo explicativo, inclusive dos modelos científicos, colaborando para a construção da autonomia de pensamento e ação. Não consideraremos o Ensino de Ciências como um ensino propedêutico, voltado para uma aprendizagem efetiva em mo- mento futuro. A criança não é cidadã do futuro, mas já é cidadã hoje, e, nesse sentido, conhecer ciência é ampliar a sua possibi- lidade presente de participação social e viabilizar sua capacidade plena de participação social no futuro. É importante ressaltar que a obre Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza mostrará que a ciência escolar não é a mesma ciência dos cientistas, pois a ciência é uma ativida- de criadora, complexa, que tem o objetivo de esclarecer, descre- ver e prever. Para isso, a pesquisa científica exige uma inteligência lúcida, disciplina, observação, paciência, perseverança e retidão. Como diferenças entre a ciência "do cientista" e a escolar pode- riam ser abordados fatores com maior contato com o mundo do professor. Um exemplo bem simples seria o grau de complexidade e aplicabilidade, bem distintos entre as duas ciências. Esperamos que o corpo teórico, as discussões e as reflexões realizadas na obra Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza contribuam para sua atuação como docente. Ao longo das unidades, torna-se evidente que o professor deverá ter consciência de que a aprendizagem dos nossos alunos Claretiano - Centro Universitário 11© Caderno de Referência de Conteúdo precisa ser significativa,para que eles adquiram um novo conceito. Além disso, desde que o professor faça uma intervenção adequa- da, o aluno pode ganhar consciência da coexistência de diferentes sistemas explicativos para o mesmo conjunto de fatos e fenôme- nos, estando apto a reconhecer e aplicar diferentes domínios de ideias em diferentes situações. 2. ORIENTAÇÕES GERAIS PARA O ESTUDO Abordagem Geral Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estuda- do neste material didático. Aqui, você entrará em contato com os as- suntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a opor- tunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. Esta Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento bá- sico necessário, a partir do qual você possa construir um referen- cial teórico com base sólida – científica e cultural –, para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência cognitiva, ética e responsabilidade social. Vamos começar nossa aventura pela apresentação das ideias e dos princípios básicos que fundamentam esta obra. Durante este, você irá desenvolver uma postura investigati- va e reflexiva diante do corpo de teorias que serão tratadas nesta obra. Por meio da análise dos pressupostos teóricos e práticos do Ensino das Ciências Naturais sob o ponto de vista técnico, humano, tecnológico, científico e político-social. Para isso, será importante você compreender conceitos, prin- cípios e fenômenos e transitar pelos diferentes campos do saber, incorporando procedimentos, valores e atitudes necessários à sua prática profissional docente, a fim de ampliar a visão crítica sobre a realidade do ensino e da aprendizagem, estabelecendo um espaço de reflexão e ação sobre as teorias e práticas pedagógicas vigentes. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza12 Esperamos que, por meio deste estudo, você tome consci- ência de que o aluno é sujeito de sua aprendizagem, ou seja, ele é responsável por ressignificar o mundo e por construir explicações norteadas pelo conhecimento científico. Esse movimento de res- significação daquilo que está à sua volta não é espontâneo, mas construído com a intervenção do professor. É o professor que deve orientar a construção dos conheci- mentos realizada pelo aluno, criando situações interessantes e sig- nificativas, fornecendo informações que permitam a reelaboração e a ampliação dos conhecimentos prévios, propondo articulações entre os conceitos construídos, para organizá-los em um corpo de conhecimentos sistematizados. Cabe ao professor selecionar, organizar e problematizar con- teúdos que abarcam o Ensino de Ciência, de modo a promover um avanço no desenvolvimento intelectual do aluno, na sua constru- ção como ser social. Em contrapartida, a ciência escolar objetiva o desenvolvi- mento de habilidades e competências importantes para o pro- cesso de ensino-aprendizagem do aluno. Assim, é necessário que ocorra uma mudança didática no conhecimento científico, para fa- cilitar a estruturação do pensamento da criança. Vale lembrar que a construção do conhecimento feita pelo educando deverá ser o mais próximo do conhecimento científico. Na Unidade 1, vamos conhecer sobre o Histórico do Ensino de Ciências no Brasil, para que você possa evidenciar as tendên- cias pedagógicas que influenciaram a organização curricular e os aspectos metodológicos que compõem o Ensino das Ciências Na- turais que temos hoje, nas escolas. Além disso, daremos ênfase ao Ensino de Ciências Naturais com vistas a uma formação emancipatória e transformadora, de- finindo o conceito de Ciência ao longo dos tempos e identificando os conhecimentos científicos e tecnológicos como atividades hu- manas de caráter histórico. Claretiano - Centro Universitário 13© Caderno de Referência de Conteúdo na Unidade 2, serão apresentados os pressupostos episte- mológicos existentes para ensinar Ciências na escola. Para isso, faz-se necessário compreender que epistemologia é a teoria do conhecimento e, portanto, ao pensar o Ensino de Ciências, pode- mos nos remeter ao entendimento do "como" se constitui o co- nhecimento científico. Vale pontuar que a epistemologia se interessa pelos méto- dos, objetos e formas de pensamento próprios da Ciência. É um dos termos mais usados para referir-se à discussão sobre como construímos nossos conhecimentos de cunho científico. Nessa perspectiva, buscaremos, nessa unidade, tanto dis- cutir as questões didático-metodológicas constitutivas da prática docente, quanto subsidiar você, futuro professor, com a discussão teórica da área no que se refere a conceitos que são essenciais para o trabalho com Ciências nos primeiros anos do Ensino Fun- damental. na Unidade 3, estudaremos o Ensino de Ciências na Educa- ção Infantil por meio do eixo Natureza e Sociedade definido pelo Referencial Curricular nacional para Educação infantil (RCnEi). Segundo esse documento, esse eixo reúne temas que envol- vem a compreensão do "mundo social" e do "mundo natural" de forma integrada. Nessa etapa, é necessário ressaltar que o trabalho com os co- nhecimentos derivados das Ciências Naturais devem ser voltados para a ampliação das experiências das crianças e para a construção de conhecimentos diversificados sobre o meio físico e natural. Assim, o trabalho refere-se à pluralidade de fenômenos e acontecimentos − físicos e biológicos −, ao conhecimento da di- versidade de formas de explicar e representar o mundo, ao conta- to com as explicações científicas e à possibilidade de conhecer e construir novas formas de pensar sobre os eventos que cercam as crianças. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza14 Por isso, é importante que as crianças tenham contato com diferentes elementos, fenômenos e acontecimentos do mundo, sejam instigadas por questões significativas para observá-los e explicá-los e tenham acesso a modos variados de compreendê-los e representá-los. na Unidade 4, vamos discutir os eixos temáticos de Ciências Naturais para o Ensino Fundamental, partindo dos pressupostos estabelecidos pelos Parâmetros Curriculares nacionais (PCns), com o propósito de apresentar os conteúdos e objetivos propostos para essa etapa de formação. É importante lembrarmos que o processo de aprendizagem das Ciências Naturais pelas crianças nas séries iniciais partem de conhecimentos prévios adquiridos pela vivência em ambiente fa- miliar, pela cultura regional, de massa e pela mídia. Assim, as crian- ças colocam-se como curiosas investigativas, livres para perguntar o que veem, ouvem e sentem, e isso facilita o ensino de Ciências no Ensino Fundamental. Podemos, então, concluir que as crianças chegam à escola tendo um repertório de representações e explicações da realida- de. É importante que tais representações encontrem lugar na sala de aula para se manifestarem, pois, além de constituírem impor- tante fator no processo de aprendizagem, poderão ser ampliadas, transformadas e sistematizadas com a sua mediação. A escola e o professor têm o papel de estimular os alunos a perguntar e a buscar respostas sobre a vida humana, os ambientes e os recursos tecnológicos que fazem parte do cotidiano ou que estejam distantes no tempo e no espaço. É importante ressaltar que o papel do educador é de grande relevância nesse processo, no sentido de incentivar o educando a perguntar e formular suposições e, assim, conhecer as represen- tações e os conceitos intuitivos do aluno. Dessa forma, é possível orientá-lo em seu processo de construção do conhecimento. Claretiano - Centro Universitário 15© Caderno de Referência de Conteúdo Na Unidade 5, conheceremos as estratégias e recursos didá- ticos que podem ser utilizados para potencializar a aprendizagem no Ensino de Ciências, com a finalidade de subsidiar a prática do-cente. Esse estudo possibilitará que você conheça um referencial para a análise e escolha de diferentes estratégias didáticas, assim como as características e o uso dos recursos didáticos. Veremos, também, o papel e a importância que os recursos didáticos adquirem no Ensino de Ciências, nas diferentes formas de intervenção, como instrumentos para a comunicação da infor- mação, para propor atividades, observação, experimentação, pro- blematização, para a elaboração e construção do conhecimento ou para o exercício e a aplicação. Na Unidade 5, a fim de subsidiar a prática pedagógica, ofere- ceremos algumas sugestões de atividades a serem desenvolvidas no Ensino de Ciências, organizadas em modalidades ou situações didáticas. O fundamental nesse processo é que os alunos sejam incen- tivados em sua curiosidade e que procurem satisfazê-la de forma investigativa, utilizando-se dos conhecimentos construídos para orientar suas ações no dia a dia. Esperamos, com isso, auxiliá-lo como professor, tornando o Ensino de Ciências mais atraente, participativo, provocador e divertido, possibilitando a compreensão correta dos conteúdos científicos pelos alunos a partir de uma ação investigativa e ques- tionadora. Isso contribuirá para o desenvolvimento de sua aprendiza- gem da docência, desenvolvendo uma postura reflexiva diante dos conhecimentos que serão estudados e das práticas que estão por vir em seu futuro trabalho docente. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza16 Glossário de Conceitos O Glossário permite a você uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimen- to dos temas tratados em Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza. Veja, a seguir, a definição dos principais con- ceitos: 1) Ação didática: "[...] refere-se à relação entre o aluno e a matéria, com o objetivo de apropriar-se dela com a me- diação do professor" (LiBÂnEO, 1994, p. 55). 2) Aprendizagem significativa: termo cunhado pelo psi- cólogo da aprendizagem Ausubel. Ele define a apren- dizagem significativa como o processo em que a nova informação trazida pelo professor "ancora-se" nos co- nhecimentos já existentes dos alunos, que são os conhe- cimentos prévios. O que importa é que as aprendizagens novas sejam vinculadas aos elementos da estrutura cog- nitiva existente do aluno, a fim de que ele possa apreen- der de forma significativa. 3) Capacidades cognoscitivas: "[...] são as energias mentais disponíveis nos indivíduos, ativadas e desenvolvidas no processo de ensino, em estreita relação com os conheci- mentos. O desenvolvimento das capacidades se verifica no decorrer do processo de assimilação de conhecimen- tos e é, ao mesmo tempo, condição para a aquisição e aplicação dos conhecimentos" (LiBÂnEO, 1994, p. 80). 4) Conhecimentos prévios: "[...] são os conhecimentos que os alunos já possuem sobre o conteúdo concreto que se propõe aprender, conhecimentos prévios que abrangem tanto conhecimentos e informações sobre o próprio conteúdo como conhecimentos que, de maneira direta ou indireta, estão relacionados ou podem relacionar-se com ele" (MiRAS, 2004, p. 61). 5) Conteúdo escolar: significa tudo o que se ensina e se aprende formal ou informalmente na escola: fatos, con- ceitos, procedimentos, normas, valores, atitudes. De Claretiano - Centro Universitário 17© Caderno de Referência de Conteúdo acordo com César Coll (2006, p. 22): "[...] esse concei- to de conteúdo escolar propõe romper com um ensino centrado apenas na memorização repetitiva de fatos e na assimilação mais ou menos compreensiva de con- ceitos ou sistemas conceituais.". Esse autor amplia o conceito de "conteúdo escolar", incluindo os aspectos conceituais, procedimentais e atitudinais e sugere que o professor planeje e desenvolva atividades de ensino que permitam a seus alunos trabalharem de forma inter- -relacionada com esses três aspectos de conteúdo. 6) Consciência ecológica: não é apenas a tomada de consci- ência da degradação da natureza. É a tomada de consci- ência, na esteira da ciência ecológica, do próprio caráter da nossa relação com a natureza viva: aparece na ideia de duas faces que a sociedade é vitalmente dependente da eco-organização natural e que está profundamente comprometida, trabalhada e degradada nos e pelos pro- cessos sociais. Desde aí, a consciência ecológica apro- funda-se em consciência eco-antropossocial; desenvol- ve-se em consciência política na tomada de consciência de que a desorganização da natureza suscita o problema da organização da sociedade. A consciência eco-política suscita um "movimento" de mil formas individuais (ética e diéticas), e coletivas, existenciais e militantes (MORin, 2002, p. 111). 7) Consigna ou comanda: "[...] é a instrução geralmente acompanhada de algumas orientações relacionadas à execução de uma determinada tarefa, feita oralmente, por escrito ou das duas formas" (WEiSZ, 1999, p. 21). 8) Construtivismo: "[...] concepção que entende a aprendi- zagem escolar como um processo de construção de signi- ficados e de atribuição de sentido, cuja responsabilidade principal corresponde ao aluno. O construtivismo enten- de o ensino como a ajuda que os professores dão ao alu- no para que esse processo de construção possa realizar-se e orientar-se na direção adequada" (COLL, 2006, p. 31). © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza18 9) Contrato didático: expressão utilizada por Masetto (apud AnASTASiOU; ALVES, 2005, p. 7), [...] "indica o contrato proposto pelo professor aos alunos, no início do semestre ou ano curricular, em torno do compromis- so que conjuntamente assumem quanto à construção do conhecimento, dentro do currículo que os une.". 10) Desenvolvimento cognitivo: "Piaget concebe como uma sucessão de estágios e subestágios caracterizados pela forma particular de como os esquemas – de ação ou conceituais – se organizam e se combinam entre si for- mando estruturas. Desse modo, a descrição que nos é oferecida do desenvolvimento cognitivo em termos de estágios é uma visão estrutural e inseparável da análise formalizante" (COLL, 2006, p. 46). 11) Epistemologia: teoria do conhecimento em geral e do conhecimento científico. A epistemologia interessa-se pelos métodos, objetos e formas de pensamento pró- prios da ciência. É um dos termos mais usados para referir-se à discussão sobre como construímos nossos conhecimentos. 12) Epistemologia genética: "Piaget define como a disciplina que estuda os mecanismos e os processos mediante os quais se passa dos estados de menor conhecimento aos estados de conhecimento mais avançados, sendo crité- rio para julgar se um estado de conhecimento é mais ou menos avançado ou de sua maior ou menor proximida- de com o conhecimento científico" (PiAGET, 1973, p. 16). 13) Estratégia: "[...] do grego strategía e do latim strategia, é a arte de aplicar ou explorar os meios e condições fa- voráveis e disponíveis, com vista à consecução de objeti- vos específicos" (AnASTASiOU; ALVES, 2005, p. 32). 14) Fenômeno educativo: "[...] por sua própria natureza, não é uma realidade acabada que se dá a conhecer de forma única e precisa em seus múltiplos aspectos. É um fenôme- no humano, histórico e multidimensional. Sendo constitu- ído pela dimensão humana, técnica, cognitiva, emocional, sócio-política e cultural" (MiZUKAMi, 1986, p. 55). Claretiano - Centro Universitário 19© Caderno de Referência de Conteúdo 15) Intervenção pedagógica: o ato de formular perguntas que ajudem os alunos a pensar enquanto trabalham, oferecer sugestões e informações úteis para fazê-los avançar em suas aprendizagens. 16) Interdisciplinaridade: "[...] impõe a cada disciplina que transcenda suaespecialidade formando consciência de seus próprios limites para acolher as contribuições de outras disciplinas" (BERGER, 1972, n. p). É a interação existente entre duas ou mais disciplinas. Essa interação pode ir desde a simples comunicação das ideias até à integração mútua dos conceitos diretivos, da episte- mologia, da terminologia, da metodologia, dos proce- dimentos, dos dados, da organização da investigação e do ensino correspondentes. Um grupo interdisciplinar compõe-se de pessoas que receberam formação nos di- ferentes domínios do conhecimento (disciplinas), tendo cada um: conceitos, métodos, dados e temas próprios. 17) Material didático: "[...] é todo aquele material que seja utilizado em situações de ensino/aprendizagem, como um recurso que faz parte das condições necessárias ao êxito do processo" (RAnGEL, 1994, p. 49). 18) Método científico: definido por Krasilchik (1987), é a postura investigativa, de observação dos fenômenos e solução de problemas. Pode ser dividido por etapas de- marcadas (passos para a descoberta científica): identifi- cação de problemas; estabelecimento de hipóteses para resolvê-los; organização e execução de experiências para a verificação das hipóteses; conclusão (com a validação ou não das hipóteses). 19) Objeto sociocultural real: os conteúdos desenvolvidos na escola não devem ser fragmentados ou "escolarizados" de forma a perder seu contexto real, ou seja, deve-se garan- tir o significado social real que os conteúdos apresentam. 20) Pedagogia tradicional: é pautada na transmissão dos co- nhecimentos e valores sociais acumulados historicamente. O aluno é passivo no processo de ensino-aprendizagem e © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza20 atento à aula expositiva, respondendo apenas às perguntas do professor, a fim de manter o silêncio e a disciplina. 21) Pedagogia tecnicista: estrutura-se na teoria comportamen- talista, idealizada por Skinner. Tal abordagem de ensino é orientada por objetivos instrucionais predefinidos e tecni- camente elaborados, visando à racionalização do processo de ensino-aprendizagem, a fim de obter mudanças de com- portamento nos indivíduos. Desse modo, valorizam-se os aspectos mensuráveis e observáveis (VEiGA, 1992). 22) Pedagogia libertadora: defende que a transformação da sociedade virá pela emancipação das camadas popula- res, cujo idealizador é Paulo Freire. 23) Pedagogia crítico-social dos conteúdos ou histórico-crí- tica: foi representada pelo grupo de Dermeval Saviani, que vê a prática educacional, visando à socialização dos conhecimentos sistematizados e à aquisição de habilida- des, ambas indispensáveis a uma prática social transfor- madora. 24) Pedagogia Construtivista: essa nova tendência para o ensino das Ciências da Natureza tinha como objetivo promover uma aprendizagem significativa, não sendo baseada puramente na memorização do conteúdo. Essa tendência, a que chamamos de Construtivismo, tem al- guns princípios orientadores, tais como: considerar o que a pessoa já sabe ou pensa a respeito de determina- do assunto (levantamento dos conhecimentos prévios); encontrar um sentido supõe estabelecer relações (o que está na memória não são coisas isoladas, mas coisas que guardam relações com outras em nossa mente); quem aprende constrói ativamente significados; os alunos são responsáveis por sua própria aprendizagem juntamente ao professor. 25) Pedagogias Progressistas: se subdividem em Libertado- ra, Libertária e Crítico social dos conteúdos ou Históri- co-crítica. A função da escola refere-se à formação da consciência política do aluno para intervir e transformar sua realidade. A concepção defendida nessa abordagem Claretiano - Centro Universitário 21© Caderno de Referência de Conteúdo acredita que o homem cria a cultura na medida em que, integrando-se nas condições de seu contexto de vida, reflete sobre ela e dá respostas aos desafios que nela encontra. Essa prática é vivenciada entre educador e educando e deve se pautar no processo de discussão em grupo permeado pela busca da compreensão dos con- textos por meio da reflexão crítica. O professor é aque- le que coordena as discussões e os debates em sala de aula, e o aluno, extremamente ativo e envolvido nesta dinâmica de sala de aula, contextualiza suas vivências e problemática sociais. 26) Problematização: "[...] é o processo que visa facilitar a aplicação da experiência escolar para a compreensão da experiência pessoal em níveis mais sistemáticos e abstra- tos e o aproveitamento da experiência escolar para facili- tar o processo de concreção dos conhecimentos abstratos que a escola trabalha" (BRASiL, 1999, p. 95-96). 27) Processo didático: é o ensino, compreendido como o modo peculiar de orientar a aprendizagem e criar espa- ços formativos entre docentes e alunos, cuja razão de ser é a prática pedagógica de maneira criativa e enrique- cedora. 28) Sequencias didáticas: "[...] são um conjunto de ativida- des ordenadas, estruturadas e articuladas para a realiza- ção de certos objetivos educacionais que têm um prin- cípio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos" (ZABALA, 1998, p. 18). 29) Técnica: "[...] do grego technikós, relativo à arte. Refere- -se à arte material ou ao conjunto de processos de uma arte, maneira, jeito ou habilidade especial de executar ou fazer algo" (AnASTASiOU; ALVES, 2005, p. 35). 30) Tendência de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS): carac- teriza-se pela inovação no que se refere à escolha de conte- údos a serem estudados no Ensino de Ciências. Entretanto, mesmo tendo recebido influências das tendências pedagó- gicas progressistas e contemporâneas, o mesmo não acon- teceu no que tange ao processo de ensino-aprendizagem, © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza22 pois ainda perseverava o ideário do "método da redesco- berta", que, desde os anos de 1960, prevaleceram na práti- ca docente do Ensino de Ciências Naturais. 31) Teorias críticas em Educação: aquelas que, partindo da visão de que a sociedade atual se estrutura sobre rela- ções de dominação de uma classe social sobre outra e de determinados grupos sociais sobre outros, preconi- zam a necessidade de superação dessa sociedade. Com esse objetivo, essas teorias procuram entender como e com que intensidade a educação contribui para a repro- dução dessas relações de dominação. Todas as teorias críticas têm em comum a busca de desfetichização das formas pelas quais a educação reproduz as relações de dominação, pois entendem isso como fundamental para a própria luta contra essas relações. Mas, esse ponto em comum de forma nenhuma significa que não sejam grandes e fundamentais os pontos de divergência entre essas teorias. Quais sejam essas relações de dominação, qual sua origem, qual o papel da educação em sua re- produção, quais as formas pelas quais se realiza essa re- produção na educação em geral e na educação escolar em particular, se é possível realizar algo em educação que contribua para a superação da sociedade que gera essas relações de dominação etc., são pontos em tor- no dos quais as teorias críticas podem divergir de forma bastante acentuada (DUARTE, 1993, p. 8). 32) Transposição didática: é um conceito cunhado por Che- vallard e refere-se ao princípio didático, o qual visa as- segurar a máxima coincidência possível entre a "versão escolar" e "versão social" das práticas e conhecimentos que se convertem em conteúdos na sala de aula e a in- teração entre os alunos como vantagem pedagógica em favor da aprendizagem. 33) Trabalhos por projetos: é um tipo de método globalizado; é o mesmo que elaborar um plano para realizar determi- nada ideia, um projeto supõe a realização de algo que não existe, um futuro possível; tem a ver com a realidade em cursoe com a utopia possível, realizável, concreta. Claretiano - Centro Universitário 23© Caderno de Referência de Conteúdo Esquema dos Conceitos-Chave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Esquema dos Conceitos-Chave. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignificando as informações a partir de suas próprias percepções. É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitos-Chave é representar, de maneira gráfica, as relações entre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende- se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem escolar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-Chave baseia- se, ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que estabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem. Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape- nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci- so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con- siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais 24 © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei- tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog- nitivas, outros serão também relembrados. Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da construção do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas e externas, o Esquema dos Conceitos-Chave tem por objetivo tornar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs. br/edutools/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 27 ago. 2012). Claretiano - Centro Universitário 25© Caderno de Referência de Conteúdo Hi st ór ic o do E ns in o de C iê nc ia s Es co la N ov a (1 95 0) – ap re nd er a a pr en de r N at ur ez a e So ci ed ad e RC N EI (R ef er en ci al C ur ric ul ar N ac io na l da E du ca çã o In fa nt il) Pe da go gi a Tr ad ic io na l ( LD B 4. 02 4/ 61 ) En sin o de C iê nc ia s Ap re nd er F az en do (u so d o la bo ra tó rio ) Tr an sm iti r i nf or m aç õe s a tu al iza da s Pe da go gi a Te cn ic ist a (L ei 5 .6 92 /7 1) Vi ve nc ia r o m ét od o ci en tíf ic o Pe da go gi a Co ns tr ut iv ist a (L DB 9 39 4/ 96 Pe ns ar ló gi ca e c rit ic am en te Pe da go gi a Hi st ór ic o‐ cr íti ca (A no s 2 00 0) An al isa r i m pl ic aç õe s s oc ia is do de se nv ol vi m en to c ie nt ífi co e te cn ol óg ic o ED U CA ÇÃ O IN FA N TI L O bj et iv o do E ns in o de C iê nc ia s (E d. In fa nt il) – Co m pr ee nd er , o bs er va r e in ve st ig ar o m ei o na tu ra l p or m ei o da c ur io sid ad e e ex pe rim en ta çã o. EN SI N O F U N DA M EN TA L Ci ên ci as N at ur ai s PC N s ( P ar âm et ro s C ur ric ul ar es N ac io na is) O bj et iv o do E ns in o de C iê nc ia s (E ns in o Fu nd am en ta l) – Co m pr ee nd er o m un do e a tu ar co m o in di ví du o e co m o ci da dã o, u til iza nd o co nh ec im en to s c ie nt ífi co s e te cn ol óg ic os . CO N TE Ú DO S O BJ ET IV O S Pr in cí pi os M et od ol óg ic os do E ns in o de C iê nc ia s Co nc ei tu ai s e F ac tu ai s Pr oc ed im en ta is At itu di na is Tr ês g ra nd es a ce pç õe s in te gr ad as e c om pl em en ta re s sã o: ‐ C on ju nt o co nc ei tu al ; ‐ F or m a de p ro du çã o de c on he ci m en to s ‐ M od al id ad e de v ín cu lo c om o sa be r e su a pr od uç ão . CO RP O D E CO N HE CI M EN TO S Bl oc os T em át ic os 1) Am bi en te ; 2) S er h um an o e Sa úd e; 3) R ec ur so s T ec no ló gi co s; 4 ) T er ra e U ni ve rs o ES TR AT ÉG IA S DI DÁ TI CA S PR O CE DI M EN TO S DI DÁ TI CO S Pr ob le m at iza çã o; B us ca d e in fo rm aç õe s em f on te s va ria da s; O bs er va çã o; E xp er im en ta çã o; Le itu ra d e te xt os in fo rm at iv os ; Si st em at iza çã o de c on he ci m en to s; E ns in o co m p es qu isa ; Au la ex po sit iv a di al og ad a; D ra m at iza çã o; S em in ár io ; E st ud o do m ei o; P es qu isa d e ca m po e P ro je to s. La bo ra tó rio ; A ud io vi su al ; J og os ; P or tf ól io ; L iv ro d id át ic o. Figura1 Esquema dos Conceitos-Chave de Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza26 Questões Autoavaliativas No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados. Responder, discu- tir e comentar essas questões, relacionando-as com a prática do ensino de História pode ser uma forma de você medir o seu co- nhecimento, de ter contato com questões pertinentes ao assunto tratado e de lhe ajudar na preparação para a prova final, que será dissertativa. Além disso, é uma maneira privilegiada de você ad- quiriruma formação sólida para a sua prática profissional. Bibliografia Básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio- grafias complementares. Figuras (ilustrações, quadros...) As ilustrações neste material instrucional fazem parte inte- grante dos conteúdos; não são meramente ilustrativas. Elas esque- matizam e resumem conteúdos explicitados no texto. Portanto, não deixe de observar a relação dessas figuras com os conteúdos, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual. Dicas (motivacionais) O estudo desta obra convida você a um olhar mais apurado da educação como processo de emancipação do ser humano. Pro- cure ficar atento às explicações teóricas, práticas, do senso comum e científicas presentes nos meios de comunicação e partilhe com seus colegas seus comentários. Ao compartilhar o que observamos com outras pessoas, temos a oportunidade de perceber o que nós ainda não sabemos, aprendendo a ver e notar o que não tínhamos percebido antes, desenvolvendo, assim, discriminações. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade. Claretiano - Centro Universitário 27© Caderno de Referência de Conteúdo Você, como aluno dos cursos de Graduação na modalidade EaD e futuro profissional da educação, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a aju- da do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da intera- ção com seus colegas. Sugerimos que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas. É importante que você anote suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, poderá utilizá-las na elaboração de sua monografia ou de produções científicas. Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Discuta as unidades com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. No final de cada unidade, como dissemos anteriormente, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são impor- tantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para verificar se estes foram significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas – esses procedimentos serão importantes para o seu amadurecimento intelectual. Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores. Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este conteúdo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você. 3. BIBLIOGRAFIA BÁSICA CAMPOS, M. C. C.; NIGRO, R. G. Didática de Ciências: o ensino-aprendizagem como investigação. São Paulo: FTD, 1999. POZO, J. i. (Org.). A solução de problemas nas Ciências da Natureza. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. WEiSSMAnn, H. (Org.). Didática das Ciências Naturais: contribuições e reflexões. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza28 4. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ALVES, n. (Org.). Formação de professores de ciências: pensar e fazer. São Paulo: Cortez, 1993. (Série Questões de nossa Época.) AnASTASiOU, L. G. C.; ALVES, L. P. (Org.). Processos de ensinagem na universidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. 8 .ed. Joinville: Univille, 2009. ARAÚJO, U. F. Temas transversais e a estratégia de projetos. São Paulo: Moderna, 2003. ARRIBAS, S. D. Experiências de Física ao alcance de todas as escolas. Rio de Janeiro: Ministério da Educação/FAE, 1988. ASTOLFI, J. P.; DEVELAY, M. A didática das ciências. Tradução de Magda Sento Sé Fonseca. 8. ed. Campinas: Papirus, 2003. AUSUBEL, D. et al. Psicologia educacional. Rio de Janeiro: interamericana, 1980. BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: ciências naturais. 2. ed. Brasília: DP&A, 2000. v. 4. BUSQUETS, M. D et al. Temas transversais em educação: bases para uma formação integral. Tradução de Cláudia Schilling. 2. ed. São Paulo: Ática, 1998. CARRAHER, T. n. (Org.). Aprender pensando: contribuições da psicologia cognitiva para a educação. Petrópolis: Vozes, 1993. CARVALHO, A. M. P. Formação de professores de ciências: tendências e inovações. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1998. CAMPOS, M. C. C.; NIGRO, R. G. As linguagens da Física. São Paulo: Ática, 1990. ______. O céu. São Paulo: Ática, 1993. CAMPOS, M. C. C.; NIGRO, R. G. Didática das Ciências: o ensino-aprendizagem como investigação. São Paulo: FTD, 1999. COLL, C.; MARTÍN, E. et al. Aprender conteúdos & desenvolver capacidades. Porto Alegre: Artmed, 2004. DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A.; PERNAMBUCO, M. M. Ensino de Ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2003. RACALANZA, H. et al. O Ensino de Ciências no 1º Grau. São Paulo: Atual, 1986. GALLIANO, A. G. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986. GASPAR, A. Experiências de Ciências para o 1º Grau. São Paulo: Ática, 1995. GRESSLER, L. A. Pesquisa educacional. 3. ed. São Paulo: Loyola, 1989. HENNIG, G. J. Metodologia do Ensino de Ciências. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1994. HERNÁNDEZ, F. Transgressão e mudança na Educação: os projetos de trabalho. Tradução de Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. HERNANDEZ, F; VENTURA, M. A organização do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. Tradução de Jussara Haubert Rodrigues. 5. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. JOULLIÉ, V.; MAFRA, W. Didática das ciências através de módulos instrucionais. Petrópolis: Vozes, 8. edição, 1993. KinDEL, E. A. i.; SiLVA, F. W.; SAMMARCO, Y. M. (Orgs.). Educação ambiental: vários olhares e várias práticas. 2. ed. Porto Alegre: Mediação, 2006. Claretiano - Centro Universitário 29© Caderno de Referência de Conteúdo KRASiLCHiK, M. O professor e o currículo das ciências. São Paulo: Edusp, 1987. LEITE, M. A. Formação docente: Ciências e Biologia: estudo de caso. Bauru: Edusc, 2004. LEVINE, S.; GRAFTON, A. Brincando de Einstein: atividades científicas e recreativas para sala de aula. Campinas: Papirus, 1995. LUNGARZO, C. O que é ciência. São Paulo: Brasiliense, 1989. (Coleção Primeiros Passos). MOREIRA, M. A. Ensino e aprendizagem: enfoques teóricos. São Paulo: Moraes, s.d. ______; MASINI, E. F. S. Aprendizagem significativa: a teoria de aprendizagem de David Ausubel. 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Oficinas pedagógicas de ciências: os movimentos pedagógicos predominantes na formação continuada de professores. Ciência & Educação, São Paulo, 1999, v. 12, n. 3, p. 31 - 53, set./dez. 2006. TEiXEiRA, P. M. M. (Org.). Ensino de Ciências: pesquisa e reflexões. Ribeirão Preto: Holos, 2006. ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Tradução de Ernani F.da F. Rosa. Porto Alegre: Artes Médicas, 4. ed., 2007. Claretiano - Centro Universitário 1 EA D Ciência, Tecnologia e Sociedade 1. OBJETIVOS • Conhecer o histórico das tendências pedagógicas predo- minantes no Ensino de Ciências. • Caracterizar o conhecimento científico e tecnológico como atividades humanas de caráter histórico. • Conhecer a evolução histórica do Ensino de Ciências, nor- teando-se pelas legislações educacionais do Brasil. 2. CONTEÚDOS • Histórico do Ensino de Ciências. • Pedagogia Tradicional, a Lei de Diretrizes e Bases nº 4.024/61 e o Ensino de Ciências. • Pedagogia Tecnicista, Lei nº 5.692/71 e o Ensino de Ciências. • O Construtivismo e o Ensino de Ciências. • A Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/96 e o Ensino de Ciências. • As tendências pedagógicas progressistas e o Ensino de Ciências. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza3232 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Nesta unidade, você aprenderá sobre o histórico do Ensino de Ciências no Brasil, para que possa evidenciar as tendências pedagógicas que influenciaram o currículo e os aspectos metodológicos do Ensino das Ciências Naturais. Para se aprofundar mais nesse assunto, seria interessante que você fizesse a leitura do livro O professor e o currículo das ciências, de Myriam Krasilchik (2005). 2) Além disso, é importante consultar os conceitos apresentados no Glossário e no Esquema de Conceitos- Chave à medida que forem aparecendo dúvidas, pois tal procedimento facilitará o entendimento e potencializará o seu aprendizado. 3) Para que você amplie o aporte teórico apresentado nesta unidade, leia os livros indicados na bibliografia e discuta com o tutor os referenciais propostos. 4) Antes de iniciarmos, faz-se necessário conhecer a biografia dos teóricos cujo pensamento norteia o estudo desta obra. Myriam Krasilchik Myriam Krasilchik é professora emérita na área de Ensino da Ciência e da Biologia da Faculdade de Educação da USP, onde também já exerceu a função de diretora. É membro do Conselho Universitário da USP e da Academia Paulista de Educação. Em 1994, tornou-se a primeira mulher a assumir a vice-reitoria da USP. Integrou a Câmara de Ensino Superior do Conselho Nacional de Educação, desenvolveu pesquisas pelas universidades de Londres, do Colorado e de Jerusalém e participa da Comissão de Educação de Biologia da União Internacional de Ciências Biológicas (imagem e texto adap- tado disponíveis em: <http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2002/ jusp626/pag05a.htm>. Acesso em: 15 jun. de 2014). Claretiano - Centro Universitário 33© U1 - Ciência, Tecnologia e Sociedade John Dewey John Dewey graduou-se pela Universidade do Vermont, em 1879, e exerceu as funções de professor do secundário durante dois anos, tempo em que desenvolveu um profundo interesse por Filosofia. Em Setembro de 1882 deixou o ensino e começou a estudar Filosofia na Universidade Johns Hopkins, onde obteve o doutoramento. Dewey exerceu a função de professor de Filosofia na Universidade de Michigan. Três anos mais tarde (1887), publicava o seu primeiro livro, Psychology, no qual propunha um sistema filosófico que conjugava o estudo científico da Psicologia com a filosofia idealista alemã. Esse livro foi importante para o passo seguinte da carreira de Dewey: o cargo de professor de Filosofia Mental e Moral na Universidade de Minnesota, que assumiu em 1888. Depois regressou à Universidade de Michigan para se tornar chefe do Departamento de Filosofia. Em 1894, no entanto, saiu de Michigan para a recém-criada Universidade de Chicago, onde, em breve, passava a liderar o departamento de Filosofia e o departamento de Pedagogia, criado por sua sugestão. Depois de problemas graves na política interna do Departamento de Educação da Universidade de Chicago, Dewey abandonou a instituição para se ligar à Universidade de Columbia, em Nova Iorque, onde permaneceu até o fim da sua carreira no ensino, em 1930. Continuou, no entanto, a ensinar como Professor Emérito até 1939 e continuou a escrever e a intervir socialmente até as vésperas da morte. Entre suas obras, destacam-se The School and Society (A Escola e a Sociedade, 1889) e Experience and Education (Experiência e Educação, 1938). Seu ideário criticava a "educação para a instrução", defendida por Herbart; com isso, constata-se que fazia oposição às ideias apresentadas pela tendência tradicional. Era contrário à escola como um local de transmissão de conhecimento e propunha uma educação mais ativa no que se refere ao desenvolvimento da criança, partindo da experiência, da vivência do aluno em seu meio social. Esse importante filósofo acreditava na democracia e liberdade de pensamento como instrumentos para desenvolver os indivíduos num todo, considerando o crescimento físico, emocional e intelectual. Dewey, influenciado pela vertente pragmatista, criou uma escola-laboratório para testar métodos pedagógicos. Ele se preocupava em desfazer a dicotomia teoria-prática, pois acreditava que a teoria só se faz quando é possível ser aplicada. Algumas de suas concepções são enfatizadas até hoje: valorizar a capacidade de pensar dos alunos, preparando-os para questionar a realidade; o aprendizado se dá compartilhando experiências, em um ambiente democrático e com liberdade para pensar; promover situações de cooperação e intercâmbio entre os alunos; propor para os alunos problemas reais, para que eles estejam em constante experimentação; a escola não só deve preparar para a vida, promovendo o constante desenvolvimento, mas ser a própria vida; a experiência educativa reflexiva resulta em novos conhecimentos; os conteúdos escolares devem ser propostos na forma de questões ou problemas; reflexão e ação são parte de um todo indissociável; o educador deve descobrir os verdadeiros interesses da criança, para que, apoiando-se nesses interesses, possa propor verdadeiras experiências de aprendizagem (imagem e texto disponíveis em: <http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/2002/08/15/000. htm>. Acesso em: 11 abr. 2014). © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza3434 Rheta DeVries Rheta DeVries é Ph.D. em Psicologia, diretora do Regent’s Center para o Desenvolvimento Educacional e, também, professora de Currículo e Instrução da Universidade do Norte de Iowa, EUA. DeVries é coautora, entre outros livros, de A ética na Educação Infantil (1997) e O conhecimento físico na educação pré escolar (2000), ambos editados pela editora Artes Médicas (imagem e texto adaptado disponíveis em: <http://www2.education. uiowa.edu/html/iae/Pages/bio-devries.html>. Acesso em: 20 jun. 2014). Jean Piaget Jean Piaget (1896-1980) foi um teórico da educação e psicólogo suíço, considerado um dos maiores no segmento da educação no século 20. Foi o fundador da epistemologia genética, cujo estudo central é a investigação da gênese e desenvolvimento psicológico do pensamento humano (imagem disponível em: <http://1sadieparish.wordpress.com/2013/10/24/jean- piaget-stages-of-cognitive-development/>. Acesso em: 20 jun. 2014. Texto disponível em: <http://www.e-biografias. net/jean_piaget/>. Acesso em: 16 jun. 2014). Constance Kazuko Kamii Constante Kazuko Kamii, norte-americana, é professora da Universidade do Alabama, EUA, e uma das pioneiras na pesquisa do desenvolvimento do raciocínio lógico- matemático nas crianças. Com base no Construtivismo de Jean Piaget, com quem trabalhou por 12 anos (como pesquisadora e professora adjunta na Universidade de Genebra, na Suíça), ela desenvolveu uma abordagem inovadora para ensinar noções físicas e matemáticas em Educação Infantil. É autora de A criança e o número, publicadopela Editora Papirus, em 1996, e coautora de Reinventando a aritmética: implicações da teoria de Piaget, publicado, também, pela mesma editora, em 1994 (imagem disponível em: <http://galdinowanzellersantos.blogspot.com.br/2013/04/ o-ensino-da-matematica-sob-o-olhar-dos.html>. Acesso em: 20 jun. 2014. Texto adaptado de: <http://www.fecilcam.br/educacaoelinguagens/documentos/v1n1/09- 22.pdf>. Acesso em 11 abr. 2014). Claretiano - Centro Universitário 35© U1 - Ciência, Tecnologia e Sociedade Burrhus Frederic Skinner Burrhus Frederic Skinner, eminente psicólogo contemporâneo, nascido nos Estados Unidos, em 1904. Lecionou nas Universidades de Harvard, Indiana e Minnesota. Entre outros trabalhos, publicou os seguintes livros: Behavior of Organisms (O comportamento dos organismos); Verbal Behavior (Comportamento verbal); Science and Human Behavior (Comportamento científico e humano). Em 1932, B. F. Skinner relatou uma de suas observações sobre o comportamento de pombos e ratos brancos. Para seus experimentos, Skinner inventou um aparelho que, depois de passar por modificações, é hoje muito conhecido e utilizado nos laboratórios de Psicologia, chamado "caixa de Skinner". Influenciado pelos trabalhos de Pavlov e Watson, Skinner passou a estudar o comportamento operante, desenvolvendo intensa atividade no estudo da psicologia da aprendizagem. Esses estudos o levaram a criar os métodos de ensino programado, que podem ser aplicados sem a intervenção direta do professor, por meio de livros, apostilas ou mesmo máquinas (imagem disponível em: <http://www.visualphotos.com/image/1x3745155/burrhus_frederic_ skinner_burrhus_frederic_skinner>. Acesso em: 20 jun. 2014. Texto disponível em: <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/per07.htm>. Acesso em: 11 abr. 2014). 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Quero saber quantas estrelas tem no céu Quero saber quantos peixes tem no mar Quero saber quantos raios tem o sol (GUABiRABA; ViEiRA, 1988, p. 15). Nesta unidade, apresentaremos um breve histórico das tendên- cias pedagógicas predominantes na área de Ciências e discutiremos a importância do Ensino de Ciências naturais para uma formação emancipatória e transformadora, além de definir o conceito de Ciên- cia ao longo dos tempos, caracterizando os conhecimentos científicos e tecnológicos como atividades humanas de caráter histórico. Para isso, compartilharemos das ideias dos PCns (2000, p. 15), que afirmam: [...] a formação de um cidadão crítico exige sua inserção numa so- ciedade em que o conhecimento científico e tecnológico é cada vez mais valorizado. Nesse contexto, o papel das Ciências Naturais é o de colaborar para a compreensão do mundo e suas transforma- ções, situando o homem como indivíduo participativo e parte inte- grante do Universo. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza3636 É importante lembrar que enfatizaremos os conteúdos con- ceituais, procedimentais e atitudinais que envolvem a área de Ci- ências da Natureza. Tais conteúdos contribuirão para aprofundar e ampliar as discussões no que tange aos fenômenos naturais, a fim de entendermos e questionarmos as diferentes possibilidades de utilização e preservação de tais fenômenos. Esperamos contribuir para a sua aprendizagem da docência e para que você desenvolva uma postura reflexiva diante dos co- nhecimentos que serão estudados e das práticas que estão por vir em seu futuro trabalho docente. 5. HISTÓRICO DO ENSINO DE CIÊNCIAS Para iniciarmos nossos estudos, faremos uma breve retros- pectiva, a fim de auxiliá-lo na compreensão da trajetória histórica do Ensino de Ciências no Brasil, durante o século 20. Essa volta no tempo proporcionará subsídios para que você, como futuro professor, possa se posicionar diante das novas exi- gências e expectativas para o Ensino de Ciências no século 21. Iniciaremos pela década de 1950, época em que os conte- údos referentes ao Ensino de Ciências Naturais eram estudados apenas nas últimas séries do antigo curso ginasial. O objetivo do ensino era formar a elite brasileira, pois a escola pública era de qualidade, porém, destinada a poucos. Neste momento histórico existiam, em nossas escolas, as in- fluências do movimento da Escola Nova, com origem na Europa e nos Estados Unidos, a partir do pensamento do filósofo norte- -americano John Dewey, que cunhou o ideário da pedagogia de "aprender a aprender" e do "aprender fazendo". Essa pedagogia tinha como principal característica o aluno como centro de todo o processo educativo, sendo a mola propulsora da aprendizagem o ajustamento aos interesses e às necessidades dos educandos. Claretiano - Centro Universitário 37© U1 - Ciência, Tecnologia e Sociedade No Ensino de Ciências, a tendência do "aprender a apren- der" e do "aprender fazendo" influenciou o trabalho pedagógico de sala de aula por meio da utilização de aulas práticas e de labo- ratório para transmitir informações atualizadas e dar uma maior relevância aos conteúdos estudados por meio da descoberta e da experimentação. Observe a imagem da escola-laboratório de John Dewey, em que todos os alunos estão envolvidos com a experimentação, des- coberta e curiosidade para aprender os conteúdos nas práticas de aulas de laboratório. Figura 1 Escola-laboratório. Somente a partir da década de 1960, com a promulgação da Primeira Lei de Diretrizes e Bases nº 4.024/61, é que a obriga- toriedade do Ensino de Ciências se estendeu a todas as séries do curso ginasial. As proposições pedagógicas discutidas para o Ensino de Ci- ências e que se materializaram na Lei (LDB nº 4.024/61) tiveram como referência a necessidade de se construir um currículo que correspondesse ao avanço do conhecimento científico. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza3838 A promulgação dessa lei alterava, entre outras coisas, o cur- rículo do Ensino de Ciências, por meio da instituição da disciplina de Iniciação à Ciência, incluída desde a primeira série do curso gi- nasial, além do aumento da carga horária das disciplinas de Física, Química e Biologia. Segundo Santos (2006): Até os anos 60, por exemplo, o ensino de Ciências passou por uma longa fase em que a ciência era apresentada como neutra e o im- portante eram os aspectos lógicos da aprendizagem e a qualidade dos cursos era definida pela quantidade de conteúdos conceituais transmitidos. Em 1960, a proposta de ensino adotada nas escolas era domi- nada pela pedagogia tradicional, que estava pautada na transmissão dos conhecimentos e valores sociais acumulados historicamente. Mizukami (1986) aponta que, na perspectiva tradicional, o aluno é passivo no processo de ensino-aprendizagem: atento à aula expositiva, ele responde apenas às perguntas do professor, que preza por manter o silêncio e a disciplina. Os Parâmetros Curriculares nacionais (PCns) mencionam que "o professor é a autoridade máxima em sala, sendo o organi- zador das estratégias e conteúdos de ensino, portanto, único guia do processo educativo" (BRASiL, 2000, p. 29). Figura 2 Sala de aula tradicional. Claretiano - Centro Universitário 39© U1 - Ciência, Tecnologia e Sociedade Como você pôde observar nas imagens anteriores, as cartei- ras enfileiradas representam a imposição de uma hierarquia ne- cessária entre professor e aluno. Muitas vezes, a sala apresenta um "palquinho" com um degrau, colocando o professor em um lugar mais elevado que o do aluno, para manter o controle do pro- cesso e a disciplina. Desse modo, constata-se que a aprendizagem, nessa tendên- cia, torna-se artificial. Memorizar serve para "ganhar nota" e não para aprender um conteúdo e adquirir conhecimento; estimula a competição entre os alunos, que são submetidos a um sistema es- tritamente classificatório, no que tange aos processos de avaliação. Assim, define-se a avaliaçãocomo classificatória, pois o que a valoriza são as questões cognitivas, envolvendo a análise de re- sultados que podem ser mensuráveis por meio da obtenção de uma nota. Desse modo, ao aluno cabe reproduzir, na íntegra, tudo o que lhe foi ensinado, sendo seu aprendizado verificado por meio de provas, "exercícios mecânicos", entre outras avaliações. A influência da pedagogia tradicional para o Ensino de Ciên- cias caracteriza-se pela valorização dos experimentos, que se tor- naram marcantes na organização do trabalho pedagógico, uma vez que as atividades práticas foram consideradas como as grandes potencializadoras do processo de transmissão do saber científico. Krasilchik (1987, p. 9) pondera que nesse período histórico os programas oficiais e os textos escolares tinham como objeti- vo "transmitir informações, apresentando conceitos, fenômenos, descrevendo amostras e objetos, enfim o que se chama de produ- to da ciência". O fato é que o professor, nessa tendência, está preocupado apenas com o que irá dizer aos alunos e com o que espera que eles digam durante as aulas. Essa forma de conduzir a situação didáti- ca desconsidera o conhecimento de mundo trazido pelas crianças para o espaço de sala de aula. © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza4040 Seguindo essa ideia, o pensamento do professor, às vezes, é centrado em sua própria ideia sobre as coisas e não no modo como as crianças as veem. Para esse tipo de professor, tudo deve ocorrer conforme o planejado. De certa maneira, essa perspectiva supõe que somente o professor sabe das coisas e, portanto, é o único que pode se mani- festar sobre o mundo que nos cerca. Professores que pensam desse modo costumam adotar o modelo de ensino por transmissão-recepção em suas aulas, o que conhecemos como ensino tradicional. Em geral, esse tipo de estra- tégia de ensino não leva em consideração as orientações constru- tivistas, estando mais próximo das teorias behavioristas. Você sabia que não se pode falar de teorias behavioristas de modo genérico, pois há diferenças muito grandes entre os vários behavioris- mos? Segundo o Behaviorismo radical, proposto por Skinner, a subje- tividade humana é construída na interação do homem com o mundo, e a aprendizagem é um produto da interação professor-aluno. Podemos dizer que os professores de Ciências que se orien- tam pelas ideias behavioristas costumam considerar que todo o conhecimento já está estabelecido e contido nos "livros já escri- tos". Acreditam que cabe a eles, como professores, somente ler, de forma adequada, esse "livro dos conhecimentos" para os alu- nos. A estes caberia unicamente aprender (por memorização) aquilo que o professor lhes diz durante a leitura desse livro. Assim, a aprendizagem reflete uma resposta apropriada a um estímulo e pode ocorrer somente por memorização. Claretiano - Centro Universitário 41© U1 - Ciência, Tecnologia e Sociedade Figura 3 Avanços Tecnológicos. Como afirmam os PCns de Ciências naturais (2000): Nessa época, o objetivo fundamental do ensino de Ciências era formar um aluno capaz de identificar problemas por meio das ob- servações de fatos, ou levantar hipóteses, refutá-las e testá-las, dando condições para que o educando tire suas próprias conclu- sões. O objetivo fundamental do ensino de Ciências passou a ser o de dar condições para o aluno identificar problemas a partir de observações sobre um fato, levantar hipóteses, testá-las, refutá-las e abandoná-las quando fosse o caso, trabalhando de forma a tirar conclusões sozinho. O aluno deveria ser capaz de "redescobrir" o já conhecido pela ciência, apropriando-se da sua forma de traba- lho, compreendida então com "o método científico": uma seqüên- cia rígida de etapas pré-estabelecidas. É com essa perspectiva que se buscava, naquela ocasião, a democratização do conhecimento científico, reconhecendo-se a importância da vivência científica não apenas para eventuais futuros cientistas, mas também para o cidadão comum (BRASiL, 2000, p. 19). Durante um longo período, os objetivos do Ensino de Ciên- cias se restringiam ao enfoque no "método científico". Segundo os PCNs referidos, as concepções de aprendizagem utilizadas nessa época "eram de cunho empirista: por meio da experiência dire- ta com os fenômenos naturais, seria possível descobrir as leis da natureza"(BRASiL, 2000, p. 20). © Fundamentos e Métodos do Ensino das Ciências da Natureza4242 A partir dos anos sessenta, houve uma maior valorização da participação ativa do aluno no processo de aprendizagem, e as ati- vidades práticas começaram a ter uma representatividade maior na organização do trabalho de sala de aula. Isso se deu porque essas atividades viabilizavam uma melhor compreensão de concei- tos, sendo assim capazes de gerar uma aprendizagem significativa. Krasilchik (1987, p. 9-10) afirma que: [...] uma das importantes transformações que ocorreu a partir dos anos sessenta, na estrutura curricular de ensino das Ciências, deveu-se às transformações políticas e sociais que se sucederam naquela época. Nesse período, os grandes projetos passaram a in- corporar mais um objetivo – permitir a vivência do método cientí- fico como necessário à formação do cidadão, não se restringindo mais apenas à preparação do futuro cientista [...]. Começava-se, assim, a se pensar na democratização do ensino destinado ao ho- mem comum, que tinha que conviver com o produto da Ciência e da Tecnologia e do qual se requeria conhecimento. [...] A mudan- ça valorizava a participação do aluno na elaboração de hipóteses, identificação de problemas, análise de variáveis, planificação de experimentos e aplicação de resultados obtidos. A criação da disciplina de Iniciação à Ciência refletia uma nova fase no ensino, uma vez que buscava apresentar a "Ciência como um processo contínuo de busca do conhecimento" (KRASiL- CHiK, 1987, p. 16). A ênfase dada não era a determinados conteú- dos, mas à postura investigativa, de observação dos fenômenos e solução de problemas. Para o aprimoramento do Ensino de Ciências continuava se defendendo a importância das aulas práticas, não pela atividade em si, mas pelo intuito de fazer o aluno pesquisar e participar de momentos de reflexão e descobertas. Krasilchik (1987) afirma que o método científico, nesse mo- mento, era dividido por etapas demarcadas (passos para a desco- berta científica): 1) identificação de problemas; 2) estabelecimento de hipóteses para resolvê-los; Claretiano - Centro Universitário 43© U1 - Ciência, Tecnologia e Sociedade 3) organização e execução de experiências para a verifica- ção das hipóteses; 4) conclusão (com a validação ou não das hipóteses). Com o golpe militar em 1964, o sistema educacional brasi- leiro passou por uma nova reestruturação, e o Ensino de Ciências passou a ser valorizado pela possibilidade de contribuir para a for- mação da mão de obra qualificada, intenção que se materializou na Lei nº 5.692/71. Década de 1970 Na década de 1970, a partir da promulgação da Lei nº 5.692/71, o Ensino de Ciências naturais passou a ser obrigatório nas oito séries do primeiro grau. Nesse período, a preocupação voltou-se para um modelo de ensino ajustado ao uso do método científico, infundido pelas teorias behavioristas da aprendizagem e da abordagem sistêmica do ensino, ficando conhecido como "tecnicismo educacional", ou "tendência tecnicista". O método científico estrutura-se em: 1) observação; 2) levantamento do problema; 3) elaboração de hipótese; 4) realização de experimento e generalização. Esse tecnicismo educacional pôde ser constatado nos pro- gramas oficiais que eram elaborados para serem implementados nos sistemas de ensino (no âmbito estadual ou federal). Tais pro- gramas passaram a diversificar suas atividades, produzir recursos audiovisuais,
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