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Sociologia da Educacao_Para Diagramação (1)

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1 
 
WILLYANS MACIEL 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
2017 
Curitiba-PR 
Editora São Braz 
 
 
 
2 
 
Sumário 
Palavra do professor-autor ..................................................................................... 6 
Aula 1 – Introdução conceitual ............................................................................... 7 
1.1 O que é sociologia ....................................................................................... 10 
1.2 Os três pilares da sociologia ....................................................................... 11 
1.3 Dissidência .................................................................................................. 15 
1.4 Sociologia e ciência sociais ........................................................................ 16 
Aula 2 – Métodos e as duas linhas da sociologia ................................................ 19 
2.1 Métodos da sociologia ............................................................................. 21 
2.2 Análise crítica .............................................................................................. 24 
2.3 Modo de operação ...................................................................................... 25 
2.4 Métodos quantitativos e qualitativos ........................................................... 25 
2.5 Objetivo ....................................................................................................... 26 
2.7 Elementos focais ......................................................................................... 28 
Aula 3 – Histórico e surgimento ............................................................................ 31 
3.1 Raciocínio sociológico ................................................................................. 33 
3.2 A origem do termo sociologia ..................................................................... 36 
3.3 Positivismo .................................................................................................. 38 
3.4 Estudo da história ........................................................................................ 41 
3.5 Críticas à Comte .......................................................................................... 42 
Aula 4 – Sociologia como disciplina ..................................................................... 44 
4.1 Herbert Spencer ........................................................................................ 45 
4.2 Fundação acadêmica .................................................................................. 48 
4.3 O método de Durkheim ............................................................................... 51 
4.4 Sociologia como uma ciência ..................................................................... 52 
Aula 5 – Anti-positivismo e a escola sociológica alemã ....................................... 55 
5.1 Positivismo ................................................................................................ 56 
5.2 Variedade acadêmica ................................................................................. 57 
5.3 Neo-kantianos ............................................................................................. 59 
 
 
3 
 
5.4 A escola sociológica alemã ......................................................................... 60 
5.5 A contribuição de Max Weber ..................................................................... 60 
5.6 Sociologia pura e aplicada de Tönnies ....................................................... 61 
5.7 Ação humana e ação social ........................................................................ 61 
5.8 Georg Simmel.............................................................................................. 62 
5.9 Racionalização ............................................................................................ 64 
Aula 6 – Teorias sociológicas ............................................................................... 66 
6.1 Teorias sociológicas ................................................................................. 69 
6.2 Teoria sociológica moderna ........................................................................ 70 
6.3 Funcionalismo ............................................................................................. 71 
6.4 Teoria do conflito ......................................................................................... 72 
6.5 Interação simbólica ..................................................................................... 73 
6.6 Utilitarismo ................................................................................................... 75 
6.7 Problemas sociológicos centrais ................................................................. 76 
Aula 7 – Sociologia da educação ......................................................................... 79 
7.1 Conceito de Sociologia da Educação ......................................................... 81 
7.2 Fundação da sociologia da educação ........................................................ 82 
7.3 O cenário pós II Guerra Mundial (1939–45) ............................................... 83 
7.4 Mobilidade social ......................................................................................... 85 
7.5 Perspectivas teóricas .................................................................................. 87 
7.6 Utilitarismo ................................................................................................... 92 
Aula 8 – Sociologia no mundo e no Brasil ............................................................ 95 
8.1 Sociologia e o Brasil República .................................................................. 96 
8.2 Linhas e escola sociológica no Brasil ......................................................... 99 
8.3 Questões de sociologia atual .................................................................... 102 
Referências ......................................................................................................... 110 
Currículo do professor-autor ............................................................................... 111 
 
 
 
 
4 
 
FICHA TÉCNICA 
 
 
Direção Geral 
Silvio Nobuyuki Akiyoshi 
 
 
Diretor Comercial 
Vagner Cauneto 
 
 
Coordenação Acaêmica 
Renata Ballarini Troiani Vicentini 
 
 
Coordenação do Curso 
Fábio Vaz dos Santos 
 
Coordenação de Educação a Distância 
Wanderlane Gurgel do Amaral 
 
Projeto Instrucional 
Materson Christofer Martins 
Wanderlane Gurgel do Amaral 
 
Diagramação 
Renata Ballarini Troiani Vicentini 
Lucas Conceição Gomes 
 
 
Catalogação na fonte da Biblioteca da Faculdade 
 
 
 
 
 
GUIA DA DISCIPLINA 
 
 
 
5 
 
Esse guia da disciplina e as rotas de aprendizagem fornecem um direcionamento 
para os estudos, por isso, podem ser acessados a qualquer momento do percurso da 
disciplina. Lembramos ainda, que o tutor online é o seu primeiro ponto de apoio nesse 
processo educacional, conte com ele sempre que desejar. 
 
1- Título da Disciplina 
Sociologia 
 
2- Carga Horária 
2.1 Carga horária total: 80 horas 
 
2.2 Carga-horária presencial: encontros obrigatórios realizados uma vez por mês 
na instituição. Este momento é destinado à interação com o tutor presencial e colegas 
de turma para a discussão e socialização das temáticas estudadas. Para integração dos 
conhecimentos, serão propostas atividades em equipe (como apresentações, 
pesquisas, discussões e outros). 
 
2.3 Carga-horária a distância: horas de estudos com orientação dos tutores on-
line. Esses estudos incluem vídeo aulas, participação em fóruns, chats e outras 
atividades no ambiente virtual de aprendizagem. 
 
3- Ementa 
 
4- Objetivos Geral 
 
4.1 Objetivos Específicos: 
 
5- Programa 
 
6- Metodologia 
Você estará em contato com os colegase com os tutores por meio de uma sala 
de aula virtual exclusiva para a disciplina. Esta sala de aula virtual está sediada no 
MOODLE, um programa computacional conectado à Internet. No ambiente virtual de 
aprendizagem a disciplina está organizada em rotas de aprendizagem. A rota de 
aprendizagem apresenta-se como um aprofundamento detalhado deste plano de ensino 
da disciplina. Cada etapa das rotas de aprendizagem tem duração semanal e iniciam 
com atividades de sensibilização e contextualização sobre as temáticas a serem 
estudadas nessa disciplina. Após a semana destinada à sensibilização e 
contextualização, você inicia a leitura do material didático (livro) e assiste às vídeoaulas. 
É importante observar os horários dos chats para a discussão e interação com os 
colegas do curso e com o tutor online. Nas rotas de aprendizagem também estão 
previstas atividades online. Você poderá realizar as atividades sugeridas e dialogar com 
os seus colegas de estudo e tutores. A organização das rotas de aprendizagem prevê, 
por módulo, dois encontros presenciais obrigatórios no polo de apoio. Durante os 
encontros presenciais com sua turma, serão propostas atividades para você resolver 
nos momentos presenciais, seja individualmente ou em grupo, com a supervisão do 
tutor do seu polo. 
 
7- Avaliação 
A avaliação da aprendizagem se efetiva no percurso da disciplina, a partir das 
atividades realizadas no ambiente virtual de aprendizagem, por meio dos registros das 
análises críticas das leituras, participação nos fóruns, desenvolvimento de pesquisa, 
produção de textos e outros. 
Nos encontros presenciais, a partir das atividades desenvolvidas. 
 
 
6 
 
Avaliação escrita ao término da disciplina, na modalidade presencial e sem 
consulta. 
 A média para a aprovação em cada disciplina deve ser igual ou superior a 7,0 e 
é composta da seguinte maneira: 
 
Caso você não atinja esta média, poderá realizar uma avaliação de exame final, 
desde que tenha frequência mínima de 75% e média não inferior a quarenta (40). No 
exame final será aprovado o aluno que obtiver grau numérico (nota) igual ou superior a 
50 na média aritmética entre o grau do exame final e a média do conjunto das avaliações 
realizadas. Alunos que não obtiverem a nota mínima de 50 estarão reprovados. A 
frequência mínima de 75% compreende a presença nas atividades presenciais previstas 
e as atividades descritas nas rotas de aprendizagem. A frequência das atividades 
presenciais é apreciada e monitorada pelo tutor do Polo via portal acadêmico (relatório 
de chamada). Para as atividades a distância, a frequência é aferida através do sistema 
acadêmico da FSB (sala de aula virtual Moodle), onde é possível retirar relatórios a 
respeito dos acessos dos estudantes, downloads realizados, mensagens enviadas e 
recebidas, postagens nos fóruns e participação nos chats. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palavra do professor-autor 
(Soma das atividades online) X 4 + (Nota prova presencial) X 6 : 10= MÉDIA 
 
 
7 
 
Olá estudante. Compreender o que falamos ao entrar em um diálogo é 
fundamental para que possamos proceder este dialogo de maneira adequada e 
produtiva. Quando apenas um sabe onde quer chegar, temos uma exposição, 
mas quando ambos sabem onde querem chegar, temos um trabalho 
colaborativo. Nesta disciplina procuraremos trabalhar da segunda maneira. 
Procederemos o estudo do contexto histórico do surgimento da 
Sociologia, das principais correntes e concepções dos autores clássicos com 
ênfase nos que se destacaram no Brasil priorizando-se conceitos e elementos 
sociológicos para a análise e intervenção nas práticas educativas. 
Como forma de ampliar seus conhecimentos, não deixe de explorar as 
outras ferramentas do curso, como as videoaulas e o ambiente virtual de 
aprendizagem. 
 
Bons estudos! 
 
Prof. Willyans Maciel 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 1 – Introdução conceitual 
 
 
8 
 
 
 
 
 
https://br.freepik.com/fotos-gratis/homem-que-monta-sua-bicicleta-na-
rua_980036.htm#term=pessoas andando&page=2&position=6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
Olá estudante! Seja bem-vindo, seja bem-vinda à primeira aula da disciplina de 
sociologia. Nesta aula estudaremos o conceito e histórico de sociologia, 
perguntando-nos como ela surge e quais as razoes de seu surgimento. 
Exploraremos também a condição da sociedade no momento em que surge a 
sociologia, bem como os fatores históricos que deram origem a esta disciplina, 
mas prioritariamente, nesta aula, procuraremos compreender o que é a 
sociologia e ter uma visão ampla desta disciplina, mesmo que ainda parcial. 
 
 
Figura 1.1 - Relações sociais 
Fonte: © Freepik 
https://br.freepik.com/fotos-gratis/grupo-de-amigos-que-andam-e-que-
falam_899408.htm#term=pessoas andando&page=3&position=0 
 
 
Esta visão geral da sociologia nos permitirá avançar pela exploração da 
história da sociologia da educação sem perdermos a visão geral, além de nos 
atermos aos critérios fundamentais, o que também impedirá que nos 
detenhamos em ideias e teorias ultrapassadas ao longo do caminho. Ao fazê-lo 
procuraremos entender a aplicação e os ramos em que se divide a sociologia na 
atualidade. 
Nesta aula faremos jus à ideia de saber onde queremos chegar, 
explorando o que é a sociologia na atualidade. Muitas vezes temos uma visão 
 
 
10 
 
simplista, oriunda do cotidiano, ou mesmo não estamos familiarizados com o 
termo. Por esta razão, a primeira pergunta que faremos nesta disciplina é: O que 
é sociologia? 
 
 
1.1 O que é sociologia 
Em uma concepção geral, podemos responder à pergunta “o que é 
sociologia”, de duas formas. A primeira, que a sociologia é o estudo da sociedade 
e a segunda que a sociologia é o estudo dos indivíduos quando em sociedade. 
Porém, em uma acepção mais contemporânea e se quisermos ser mais 
rigorosos com os elementos envolvidos na formação e funcionamento da 
sociedade, podemos dizer que a sociologia é o estudo do comportamento dos 
indivíduos quando em sociedade. 
Esta distinção entre “sociedade”, como uma estrutura que determina os 
indivíduos e comportamentos e, “indivíduos agindo em sociedade”, como 
elementos que a compõe, será mais relevante quando falarmos da distinção 
objetivo/subjetivo. 
Por hora e, em termos gerais, a sociologia é uma disciplina cujo objeto e 
métodos tratam da sociedade, de suas estruturas, de sua organização. Uma 
disciplina muito recente e ainda em pleno desenvolvimento, cujo estatuto 
científico ainda é questionado mesmo entre sociólogos. 
 
 
Glossário 
Estatuto científico - categorização como ciência, parte da ciência ou relativo à 
ciência. Trata também da aceitação da comunidade científica de um elemento 
ou disciplina como uma ciência em si ou como algo que se vale do método 
científico. 
 
Neste estudo da sociedade a sociologia inclui as origens, o 
desenvolvimento, as instituições, a organização e conexões do comportamento 
social, entre outros elementos que podem surgir durante a investigação. A 
sociologia objetiva compreender a sociedade como um todo. 
 
 
11 
 
 
1.2 Os três pilares da sociologia 
Como uma disciplina que se pretende científica, a sociologia precisa ter 
ordem e estrutura. Precisa organizar-se em torno de alguns elementos que 
permitam que seja compreendida e estudada em si mesma, bem como possa 
executar seus estudos sobre a sociedade. 
Esta estrutura é representada pelos três elementos que compõem a 
sociologia: 
 Ordem social; 
 Desordem social; 
 Mudança social. 
 
Com estes elementos em conjunto a sociologia estrutura-se e constitui 
seu ambiente de trabalho. 
 
1.2.1 Ordem social e desordem social 
Thomas Hobbes foi o primeiro a formular a questão da ordem social, na 
forma de como e por que existe ordem social. Esta questão torna-se central e 
relevante para diversas áreas além da sociologia, como a filosofia política e a 
ciência política. 
 
 
 
12Figura 1.2: Thomas Hobbes (1588–1679), de John Michael Wright (1617–
94) 
Fonte: © Wikimedia Commons 
Link: 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Thomas_Hobbes_by_John_Michael_Wright.jp
g 
 
Atualmente a ordem social é entendida como a forma pela qual a 
sociedade se organiza e mantém esta organização. Podendo ser compreendida 
a partir de duas vias: 
 Conjunto de estruturas. 
 Contraste ordem/desordem. 
 
Como um conjunto de elementos a ordem social é um sistema de 
estruturas interligadas da sociedade incluindo as instituições, valores, relações 
e costumes. 
 
 
Para que se considere que há ordem social é preciso que estas estruturas 
interligadas conservem e reforcem padrões de relacionamento e comportamento 
dos indivíduos que compõem a sociedade. 
Como exemplo temos os sistemas políticos e econômico-estrutural, as 
repúblicas democráticas da atualidade, as monarquias (constitucionais ou não), 
em termos econômicos o livre mercado e assim por diante. 
Cada sistema ou estrutura econômica desencadeará um tipo de 
comportamento e relacionamento diferente entre os indivíduos. Temos um 
exemplo no livre mercado quando as pessoas se relacionam por trocas 
voluntárias, sem que haja distinção entre as diferentes pessoas, imperando 
apenas o interesse em realizar a troca. 
Por outro lado, no feudalismo as pessoas se relacionavam por servidão e 
comando, dependendo da posição das pessoas envolvidas poderia haver uma 
troca voluntária, um confisco, infringindo os direitos naturais das pessoas, mas 
que naquela época era aceito socialmente. 
 
Glossário 
Feudalismo - modo de organização social e político baseado nas relações servo-
contratuais (servis). Teve origem a partir da decadência do Império Romano. 
Predominou na Europa Ocidental durante a Idade Média (Sec. V até séc. XIV). 
 
 
13 
 
 
Direitos naturais - conceito estabelecido por John Locke, descreve os direitos 
que todos os seres humanos possuem como indivíduos e que não podem ser 
coagidos ou infringidos. Locke seleciona um conjunto de direitos que seriam os 
únicos capazes de atender ao conceito, por não dependermos de nenhum fator 
externo para os possuir: direitos à liberdade, direito à vida e direito à propriedade. 
 
Com relação à comparação entre ordem e desordem social, a ordem 
social é descrita como um estado de sociedade estável, organizada e ordenada. 
Por estável entende-se que a forma de funcionamento da sociedade é aceita e 
mantida por seus membros, não há revoltas ou guerras civis, as instituições são 
minimamente respeitadas e as funções administrativas são cumpridas. 
Atualmente entende-se que a ordem social, para que possa ser 
adequadamente descrita, precisa reunir ambos os sentidos, de conjunto de 
estruturas e de comparação com a desordem social. Desta forma, a ordem social 
seria: O conjunto de estruturas de uma sociedade funcionando de modo estável, 
aceito e mantido por seus membros. 
Descrita de tal maneira, podemos dizer que a ordem social estabelece o 
que chamamos costumeiramente, mas nem sempre entendemos 
completamente, de status quo. O status quo é a abreviação da expressão em 
latim moderno in statu quo res erant ante bellum, cuja tradução é "no estado em 
que as coisas estavam antes da guerra", indicando um estado de conformidade 
e adesão à norma, de manutenção e respeito às instituições, mesmo que o 
usuário da frase não concorde com as instituições. 
Status quo não é, portanto, uma expressão positiva ou negativa por si 
mesma, embora possa ser usada como tal. Ao nos referirmos a uma situação ou 
cenário como status quo não dizemos se a ordem social à qual nos referimos é 
vista por nós como boa ou ruim, apenas dizemos que ela é a ordem social atual 
ou do período ao qual nos referimos. 
Esta concepção de ignorar, ao menos momentaneamente ou 
conceitualmente, a nossa percepção de positivo e negativo para analisar o fato 
ou utilizar o termo adequadamente é fundamental para a formação da sociologia 
como disciplina acadêmica e, mais ainda, se pretendemos que ela seja 
respeitada como ciência. 
 
 
 
14 
 
1.2.2 Mudança social 
De modo resumido poderíamos dizer que a mudança social é a alteração, 
proposital ou acidental, do status quo. 
Esta alteração pode acontecer de modo amplo e abrangente ou pode ser 
uma mudança pontual e que não altera o todo da sociedade. Podemos ter, por 
exemplo, uma mudança social que afeta os membros de uma determinada 
religião, isto é algo que afeta o status quo, afeta a forma como veremos aqueles 
indivíduos em sociedade e a maneira como eles se comportarão e a maneira 
como os outros se comportarão em relação a eles. 
Porém, neste caso, há pouca influência nos indivíduos que não fazem 
parte daquela religião e não têm a necessidade de contato constante e direto 
com tais indivíduos. 
 
Uma mudança social no sentido de uma alteração no sistema político de 
um país, no seu regime, na forma como este país regula ou não regula algum 
setor causa uma mudança muito mais ampla e que afeta toda a sociedade. 
Exemplificamos aqui por meio de instituições, mas, a mudança social 
começa com indivíduos, mesmo quando é procedida por instituições, não 
podemos esquecer que as instituições não possuem vida própria, mas são 
dirigidas por indivíduos. 
Ainda, as mudanças sociais tendem a ser demoradas em sua maioria, 
especialmente as mudanças que começam por indivíduos. Como exemplo 
podemos utilizar a mudança na visão do homem cotidiano, não cientista, quanto 
à revolução copernicana. 
Durante muito tempo as pessoas continuaram a aderir ao modelo 
geocêntrico, tendo a terra como centro do que hoje chamamos de sistema solar 
e todo o universo girando em torno dela, mesmo quando a comunidade científica 
já havia aderido ao novo paradigma, o modelo heliocêntrico, tendo o Sol como 
centro do sistema e a Terra girando em torno dele. 
 
Glossário 
Paradigma - conceito em ciência que estabelece um modelo ou exemplo padrão 
para interpretação de fenômenos, expressando um padrão a ser seguido na 
análise de tal fenômenos, seja um fenômeno natural ou social. 
 
 
15 
 
 
Isto acontece pois, talvez por razões evolutivas pautadas pela sensação 
de segurança do paradigma anterior, as pessoas tendem a manter sua adesão 
a um paradigma até que um volume razoável de outras pessoas da mesma 
sociedade aceite o novo paradigma e aquela pessoa que se mantém no antigo 
passe a sentir-se deslocada. 
Para este processo a funcionalidade ou não do paradigma não importa, 
tudo o que importa é a sensação de segurança de aderir a um paradigma mais 
antigo em relação a um mais moderno. 
 
1.2.3 Resistência à mudança social 
Por outro lado, podemos ter a resistência à mudança social, quando a 
sociedade está mudando de forma geral e indivíduos discordam desta mudança 
resistindo a ela. 
Este conceito nos ajuda a entender por que a sociologia atual apresenta 
um enfoque maior nos indivíduos. Ao ver indivíduos deliberadamente resistindo 
à mudança social geral. 
Estes indivíduos não apenas mantêm sua adesão a um paradigma 
anterior, mas de modo pensado e refletido resistem a um movimento geral da 
sociedade em direção a uma mudança. Percebemos, assim, que os fatores 
estruturais da sociedade não definem todas as relações e todos os 
comportamentos que compõem a ordem social. 
 
1.3 Dissidência 
Para compreender o funcionamento dos três itens (ordem, desordem e 
mudança social) um conceito fundamental é o conceito de “dissidência”. 
A dissidência é o posicionamento ou o sentimento de não-concordância 
com o consenso geral, ou mesmo um afastamento das posições e interpretações 
gerais da nossa sociedade. 
Um dissidente político, por exemplo, é um indivíduo que não concorda 
com o sistema político que é consenso em seu país. O conceito não cabe muito 
 
 
16 
 
bem para repúblicas democráticas, baseadas no direito natural à liberdade, que 
inclui a liberdade de expressão, mas é importantepara compreendermos 
ditaduras. 
Em uma ditadura um dissidente político é aquele que não concorda com 
a condução feita pelo partido ou organização no poder e assim manifesta-se 
contrário a ela. 
O dissidente pode ser alguém que inicia uma mudança social como pode 
ser aquele que inicia a resistência a esta mesma mudança social. 
Em qualquer dos casos, o processo de dissidência é importante para as 
sociedades modernas, uma vez que permite o estabelecimento ou 
desenvolvimento do diálogo, ao levantar uma abordagem ou posição diferente 
do status quo. 
Em regimes totalitários, como ainda temos alguns no mundo, ou mesmo 
em algumas comunidades religiosas fechadas o processo de dissidência pode 
ser perigoso para o indivíduo, mas na sociedade moderna como um todo é visto 
como um processo natural e uma expressão da liberdade, desde que não 
infringida a liberdade de nossos pares. 
Em um regime totalitário ocorre a supremacia total dos interesses do 
Estado sobre os interesses dos cidadãos. O Estado possui um governo forte, 
capaz de controlar de forma absoluta os diversos setores da vida social, como 
os meios de comunicação, órgão de segurança, entre outras coisas e não há 
democracia. Nos Estados totalitários não pode haver oposição, pois seus 
governos prendem ou simplesmente matam seus opositores. A população vive 
reprimida, sem nenhum direito de expressão. Alguns países que vivem sob 
regimes totalitários atualmente são China, Cuba, Vietnã, Venezuela, Coréia do 
Norte e Sudão. 
 
 
 
1.4 Sociologia e ciência sociais 
Uma confusão comum, até pelo nome semelhante, acontece entre 
sociologia e ciência sociais. 
 
 
 
17 
 
 
As ciências sociais são um campo mais amplo que a sociologia, no sentido 
de que congregam diversas disciplinas que nem sempre se conciliam com a 
sociologia. 
Entre estas disciplinas encontramos a antropologia, que se colocou como 
uma abordagem diferente de questões semelhantes às da sociologia, mas com 
um enfoque maior na ideia de homem como ser humano com seus diversos 
aspectos. 
Estes diversos aspectos incluem não só o aspecto social, mas também 
incluem o aspecto evolutivo, da origem da espécie, da forma como evoluímos e 
nos organizamos, o surgimento da linguagem, das instituições, entre diversos 
outros temas. 
Diverge da sociologia na medida em que a sociologia, mesmo quando 
considera os indivíduos, preocupa-se com a estrutura da sociedade e como esta 
estrutura se relaciona com os comportamentos e com os relacionamentos que 
construímos em sociedade. 
A lista básica de ciências sociais inclui: 
 Sociologia; 
 Antropologia; 
 Economia; 
 Geografia humana; 
 Psicologia; 
 Demografia; 
 Arqueologia; 
 Jurisprudência; 
 História; 
 Linguística; 
 Ciência política. 
 
Em alguns países a antropologia e arqueologia são consideradas a 
mesma disciplina, sendo a arqueologia um campo da antropologia. Esta lista não 
é exaustiva, trata-se apenas de listar as principais áreas geralmente incluídas 
 
 
18 
 
nas ciências sociais, mas podendo variar de acordo com o país em termos de 
disciplinas acadêmicas, departamentos nas universidades e produção científica. 
A sociologia é, portanto, uma das ciências sociais. É hoje uma disciplina 
acadêmica e um campo da investigação humana que procura entender o 
funcionamento da sociedade e, quando possível, oferecer respostas aos 
problemas encontrados. Seu principal escopo leva em consideração três 
elementos, que precisamos compreender bem afim de compreender a 
sociologia: a ordem social, a desordem social e a mudança social. Para 
entendermos bem estes conceitos precisamos compreender a ideai de 
dissidência e como ela aparece na sociedade. 
Ainda, a sociologia analisa as estruturas e instituições da sociedade 
levando em consideração os indivíduos quando atuando em coletivo. 
As considerações acerca dos aspectos internos dos indivíduos, por outro 
lado, ficam a cargo da psicologia, geralmente considerada outra ciência social, 
ou da filosofia, a mais ampla área do conhecimento e das disciplinas 
acadêmicas. 
 
Atividades de Aprendizagem 
Considerando o chamado problema hobbesiano, que trata de como e por 
que a ordem social existe, pesquise e desenvolva um texto de no máximo quinze 
linhas discutindo qual a ordem social da sociedade brasileira atual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
Aula 2 – Métodos e as duas linhas da sociologia 
 
 
 
 
Link da figura: https://br.freepik.com/fotos-gratis/mulher-de-negocios-feliz-com-guarda-chuva-
vermelho_973645.htm#term=pessoas andando&page=3&position=42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
Olá estudante! Seja bem-vindo, seja bem-vinda à nossa segunda aula. Agora 
que já compreendemos o conceito geral de sociologia e os elementos que a 
compõem, nesta aula iremos um pouco mais a fundo na sociologia para tratar 
dos principais métodos de trabalho utilizados pelos sociólogos, profissionais que 
atuam nesta disciplina. 
 
 
 
Figura 1.1: Método científico 
Fonte: © Freepik 
Link da figura: https://br.freepik.com/fotos-gratis/alunos-de-colheita-com-livros-e-
bone_1639963.htm#term=ciencia&page=5&position=20 
 
 
 
Exploraremos ainda as linhas de pesquisa e análise sociológica que dão 
base para a sua formatação acadêmica e para a atuação profissional e científica, 
na análise da sociedade, na coleta de dados e na interpretação destes dados, 
que como em toda área do conhecimento humano precisa ser procedida de 
modo idôneo, isento e imparcial. 
 
 
21 
 
Nenhuma forma de investigação pode ser considerada científica ou 
pretender vir a ser uma disciplina acadêmica se não possuir métodos próprios 
para realizar coletas de dados e análise destes dados. 
2.1 Métodos da sociologia 
 
A sociologia precisa ser baseada na realidade da sociedade e desta 
forma precisa conhecer a sociedade. Para tanto, é imprescindível que disponha 
de métodos de coleta de dados e de análise dos dados coletados. Estas duas 
categorias conceituais da forma de atuação (coleta e análise) serão a base para 
a seleção dos métodos utilizados pela sociologia. 
Os métodos empregados pela sociologia se dividem em duas categorias: 
 Investigação empírica 
 Análise crítica 
 
Nestas duas categorias poderemos encontrar diversos métodos 
específicos incluídos e, a sua seleção será feita de acordo com a necessidade 
em questão, podendo variar de coleta direta, entrevistas, formulários até análise 
de bibliografias. 
 
2.1.1 Investigação empírica 
A investigação empírica, também referida como pesquisa empírica, trata 
da verificação de evidências na realidade, tendo como base a observação e 
experimentação. Isto significa ir ao universo de investigação da sociologia, a 
sociedade, e observar ou experimentar as informações. 
A investigação empírica não inclui qualquer processo de análise ou 
interpretação mais sofisticada dos dados, trata-se de um trabalho muito próximo 
da estatística, mas com suas particularidades, que verificaremos mais à frente. 
A investigação empírica pode ocorrer de duas maneiras, direta ou 
indiretamente. A investigação empírica direta trata da coleta de dados, da 
aplicação de questionários, procedimento de entrevistas e aplicação de 
experimentos com estruturas de dados. 
 
 
22 
 
De forma geral, trata-se dos momentos em que o profissional de 
sociologia vai a campo e coleta os dados da realidade, em contato direto com os 
indivíduos que são sujeitos nos fenômenos acerca dos quais o sociólogo 
pretende coletar dados. 
A pesquisa direta exige comprometimento e diligência, além dos atributos 
óbvios de qualquer cientista, idoneidade, imparcialidade, honestidade e 
autocontrole para não interferir nas respostas que os sujeitos apresentam em 
seus questionários e entrevistas. 
 
Figura 2.2: Pesquisa por meio de entrevista 
Fonte: © katemangostar / Freepik 
Link: http://br.freepik.com/fotos-gratis/mulher-asiatica-de-negocios-que-agitam-parceiros-mao_1027120.htm#term=interview&page=3&position=22 
 
A investigação empírica indireta, por seu turno, trata da verificação de 
dados coletados, revisão bibliográfica e de bases experimentais. Trata-se de um 
acesso indireto àquela mesma realidade que se verificaria na investigação 
empírica direta, mas agora o trabalho inicial foi realizado por outra pessoa e o 
sociólogo realiza a sua investigação com base nos resultados deste trabalho. 
Isto é necessário pois nem sempre somos capazes de coletar todos os 
dados de que necessitamos. Se por exemplo queremos avaliar a progressão da 
expectativa de vida no Brasil ao longo do século XX, teremos de nos valer dos 
 
 
23 
 
dados coletados por profissionais no passado, pois não somos capazes de 
coletar dados no passado. 
Ao proceder desta maneira é recomendável que as fontes sejam 
verificáveis e os experimentos, se for o caso, sejam replicáveis para verificar 
seus efeitos. Como não estamos coletando dados diretamente na realidade, não 
basta que sejamos idôneos e imparciais, é preciso saber se a coleta de que nos 
valemos o foi. 
Para isto geralmente utiliza-se a processos de comparação. Atualmente 
este trabalho é mais facilitado, já que diversos softwares fazem o trabalho de 
comparar amostras ou resultados de coletas de dados e experimentos, 
evidenciando diferenças e inconsistências entre estes dados. 
Se os dados coletados de uma mesma população por autores diferentes 
apresentam uma inconsistência muito grande, tendemos a desconfiar da forma 
como foram coletados ou se os dados tratam de fato da mesma amostra, da 
mesma abordagem ou foram coletados sob as mesmas condições. 
 
2.1.2 Desafios da investigação empírica 
Especialmente quando tratamos de amostras, precisamos ser criteriosos. 
Via de regra todos os dados coletados precisam ser processados 
conjuntamente, sem manipulação. 
Não obstante, a experiência mostra que se, em uma pesquisa que busque 
identificar o nível de conhecimento de uma população quanto a um fato 
específico, um indivíduo de uma amostra de 100 (cem) sujeitos de um conjunto 
de entrevistas propositalmente responde com “não sei” para todas as questões, 
isto irá resultar em um décimo da amostra demonstrando ignorância sobre o fato 
em questão. 
Ao processar os dados teremos um décimo (10%) da população sendo 
considerada ignorante quanto ao fato em questão. Este número é real ou é 
apenas fruto de um indivíduo que não deu a devida atenção à pesquisa? 
A maior parte dos programas de doutorado em sociologia atualmente 
requer grande habilidade em estatística, não apenas para proceder a pesquisa 
direta e processar os dados, mas para prevenir falhas ao realizar a pesquisa 
 
 
24 
 
indireta, que possui desafios próprios, como a necessidade de verificar-se a 
autenticidade dos dados. 
 
 
2.2 Análise crítica 
 
Figura 2.3: Processo de análise 
Fonte: © suksao / Freepik 
Link: http://br.freepik.com/fotos-gratis/conceito-de-trabalho-
empresarial_1155989.htm#term=table charts&page=1&position=20 
 
A análise crítica trata da verificação dos dados com base em estruturas 
teóricas objetivas. Também referida como análise objetiva, trata de verificar os 
fatos coletados na investigação empírica com objetivo de formar um juízo acerca 
destes dados. 
O principal juízo a se formar, é se os dados indicam algum padrão ou 
direcionamento. A comparação entre dados de diferentes amostras e a 
formulação de explicações acerca das diferenças quando encontradas ou da 
ausência de diferenças dependendo do caso. 
Inclui abordagens baseadas no pensamento dedutivo, ceticismo e 
avaliação de evidência factual. 
 
 
 
25 
 
2.3 Modo de operação 
O sociólogo pode atuar na investigação empírica e na análise crítica 
separadamente ou em conjunto. Dependerá do tipo de trabalho a ser realizado, 
da preferência do profissional em sua atuação e das necessidades especificas 
de cada pesquisa. 
Ao proceder a análise o sociólogo necessariamente considerará 
possibilidades opostas, com fim a encontrar a que se adequa aos fatos e melhor 
os explica. A apresentação dos resultados, no entanto não comporta 
contradição. Havendo contradição entre os dados e a estrutura teórica, há duas 
possibilidades. A primeira possibilidade é a de que os dados foram coletados de 
modo inadequado ou não expressam a realidade daquela amostra, por diversos 
motivos, incluindo os desafios anteriormente apresentados na investigação 
empírica ou outros fatores. Amostra é um recorte da realidade, de uma 
população ou seguimento, para fins de pesquisa. Por exemplo, coletamos uma 
amostra de 2% da população brasileira para realizar uma pesquisa de intenções 
de voto. A partir desta amostra extrapolamos os dados por meio da análise 
estatística e chegamos ao que deve ser a média nacional para cada elemento 
da pesquisa, sempre com uma margem de erro. 
A segunda possibilidade é a de que a análise esteja incorreta. Não raro 
este é o problema, pois as estruturas teóricas precisam ser formuladas de modo 
a explicar os fatos e não os manipularem, por isto sempre estará subordinada ao 
crivo da realidade. Se a realidade apresenta dados que contradizem uma teoria 
que pretendia explicar esta mesma realidade, não temos a possibilidade de 
alterar a realidade, devemos alterar a teoria. 
 
2.4 Métodos quantitativos e qualitativos 
Quanto ao direcionamento do método sociológico, incluindo investigação 
empírica e análise crítica, há duas abordagens possíveis, a quantitativa e a 
qualitativa. 
A abordagem quantitativa trata de abordar os fenômenos sociais a partir 
das evidências quantificáveis, então, por exemplo, irá incluir as estatísticas. Por 
meio da coleta e verificação de dados procede-se a análise estatística de grande 
 
 
26 
 
volume de dados. A partir destes dados procura-se criar argumentos gerais 
confiáveis, que podem ser replicados e adquiridos novamente se consideradas 
as mesmas condições dos dados originais. 
Métodos qualitativos, por outro lado, enfatizarão a observação direta a 
análise de textos e estudos e a comunicação com os participantes da pesquisa. 
Tende a valorizar a precisão subjetiva e contextual dos dados em oposição à 
generalidade da pesquisa quantitativa. 
Ambas as abordagens têm suas próprias formas de lidar com os desafios 
da investigação e da análise. Uma parte da comunidade de profissionais de 
sociologia vê estes métodos como distintos, cada um em sua esfera, sendo que 
a sociologia deveria ser trabalhada a partir de um método específico. 
Outros sociólogos vêm os dois métodos como uma continuidade. Uma 
grande vantagem desta forma de ver os métodos quantitativos e qualitativos é 
que uma porcentagem de análise qualitativa acaba sendo necessária em casos 
como o exemplo da desconfiança de que o participante desejava sabotar os 
dados coletados em uma amostra respondendo “não sei” para todas as 
questões. 
Assim, podemos coletar os dados de modo quantitativo, mas utilizar o 
método qualitativo para verificar a veracidade e honestidade dos dados em 
questão. O risco dos métodos qualitativos é que eles facilmente se tornam 
dependentes da visão do pesquisador e podem ser facilmente manipulados, uma 
vez que experimentos não podem ser replicados com facilidade e a análise pode 
incluir aspectos subjetivos do próprio investigador. 
 
2.5 Objetivo 
Objetivo da sociologia é construir um corpo de conhecimento acerca da 
ordem, desordem e mudança social com base na aplicação dos métodos de 
investigação empírica e análise crítica. Seja pela abordagem quantitativa, que 
tem se tornado cada vez mais comum atualmente, ou qualitativa. 
2.6 Linhas principais da sociologia 
 
 
27 
 
A combinação de métodos e objetivos compõe as linhas de pesquisa de 
uma disciplina acadêmica ou científica. No caso da sociologia verificamos a 
presença de duas linhas principais: 
 Políticas sociais e assistência social. 
 Refinara compreensão teórica dos processos sociais. 
 
As políticas sociais tratam de aspectos estruturais e compreendem várias 
áreas das políticas públicas ou sociais, agendas políticas ou propostas 
governamentais. 
Como exemplo desta linha temos os estudos acerca dos serviços sociais. 
Serviços sociais são um campo específico dos serviços públicos dedicados a 
fortalecer e abastecer comunidades ou promover oportunidades. Entre os 
serviços públicos mais comuns estão as escolas, atendimento de saúde, 
alimentação, entre outros. 
Trata-se, portanto, de um aspecto mais estrutural dos serviços colocados 
à disposição da população de uma determinada comunidade ou nação, afim de 
prover a todos os indivíduos com estes elementos. 
A assistência social, por outro lado, trata especificamente dos indivíduos 
considerados vulneráveis pela nossa sociedade. É uma atuação mais direta para 
promoção de bem-estar e suporte social para os cidadãos sem condições de 
atender às próprias necessidades básicas. 
A primeira linha da sociologia trata, portanto, da recomendação e atuação 
direta na realidade, com vistas a melhorar a estrutura e o atendimento aos 
indivíduos em sociedade. Neste processo o questionamento acerca da 
legitimidade de proceder estes atendimentos também deve entrar em questão, 
de acordo com a ordem social e com as possíveis mudanças sociais em curso 
ou a serem implementadas. 
A compreensão teórica por outro lado irá tratar dos aspectos conceituais 
e da explicação de como a sociedade funciona e por quais razões é desta 
maneira. 
Enquanto a linha de políticas oferece opções e analisa dados referentes 
a estas opções, a linha de compreensão teórica estrutura as informações e 
procura explicar o que funciona ou não e por qual razão. 
 
 
28 
 
Ao proceder desta forma oferece-se uma base teórica para a aplicação ou 
recomendação de políticas sociais, públicas ou não. 
Por esta razão, uma interseção teórico-prática se faz necessária em 
ambas as linhas e mesma entre as duas linhas. A sociologia é necessariamente 
uma relação interdependência entre teoria e prática, ignorar este aspecto pode 
levar a má compreensão e direcionamento do trabalho sociológico. 
 
 
 
2.7 Elementos focais 
De acordo com o tipo de trabalho a ser realizado, a estrutura da sociedade 
na qual estamos inseridos, a estrutura dos cursos de graduação e da academia 
em geral, a sociologia poderá focar em diferentes elementos da nossa 
sociedade. Por exemplo, nos Estados Unidos da América, onde a sociologia tem 
um caráter iminentemente prática, o ramo da criminologia é muito mais 
desenvolvido do que no Brasil. 
No mundo, alguns dos elementos de foco da sociologia atualmente são: 
 Mobilidade social; 
 Religião; 
 Secularização; 
 Lei; 
 Sexualidade; 
 Divergência. 
 
Estas e muitas outras questões são discutidas pela sociologia com vistas 
a compreender que tipo de influência exercem na sociedade no sentido de 
condicionar comportamentos, formular visões de mundo e a cultura de uma 
população. 
Neste processo compreende-se ainda a mudança social que permeia 
estes elementos, entre elas, a revisão de leis injustas, como foi o caso da vitória 
do movimento pelos direitos civis norte-americano, a perda de poder da Igreja 
Católica Apostólica Romana em relação aos estados que controlava antes do 
 
 
29 
 
início do processo de secularização, o ganho de influência de outras 
manifestações religiosas por meio da política partidária, em um processo que 
pode ser descrito como uma espécie de secularização reversa, entre diversos 
outros casos. 
 
Glossário 
Secularização - transformação ou passagem de coisas, fatos, pessoas, crenças 
e instituições, que estavam sob o domínio religioso, para o regime leigo. 
 
Isto também nos mostra que estes pontos de foco não são isolados, como 
uma estrutura complexa, a sociedade funciona como um todo e assim, muitas 
das questões estão relacionadas. Religião, lei e secularização, por exemplo, 
sempre estiveram intimamente ligadas. 
Podemos ter ainda a intersecção da religião, lei e sexualidade, nos casos 
em que o estado procura regulamentar elementos que envolvem o 
reconhecimento legal de tipos de diferentes de famílias, ou como no passado em 
que alguns aspectos da sexualidade eram legalmente proibidos com base na 
religião. 
 
Atenção! 
Estes são pontos focais, não pontos de defesa. A sociologia avalia todas as 
posições em cada caso e todos os elementos envolvidos, para que a conclusão 
ou recomendação não seja viciada por aspectos subjetivos dos envolvidos nas 
pesquisas. 
 
Em síntese, a sociologia utiliza-se de métodos teóricos e práticos para 
analisar o funcionamento da sociedade e oferecer alternativas quanto ao que se 
supõe ser mais adequado em cada caso. Neste processo procurar ampliar o 
conhecimento acerca da ordem social, da desordem social e possíveis 
mudanças sociais. 
Neste processo utiliza-se de métodos quantitativos e qualitativos, da 
análise crítica e da investigação empírica para coletar e processar dados da 
realidade, afim de não apenas dar base para as teorias, mas julgá-las quanto a 
sua capacidade de explicar ou oferecer soluções para a realidade. 
 
Atividades de Aprendizagem 
 
 
30 
 
Concentrando-se no elemento focal lei e nas diversas transformações 
pelas quais o Brasil têm passado nos recentes anos, como as demandas por 
menor intervenção na cultura e econômica, encontramos divergências do 
padrão que o Brasil apresentava até há poucos anos. Quais podem ser os 
métodos de análise e coleta de dados empregados pela sociologia para entender 
este cenário? 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
Aula 3 – Histórico e surgimento 
 
Fonte: © Wikimedia Commons 
Link: 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Arnaudin_%CC%A0Hommes_jouant_aux_quill
es.JPG 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
Olá estudantes, seja bem-vindo, seja bem-vinda à terceira aula da disciplina de 
sociologia. Até aqui temos uma compreensão mínima do que é a sociologia como 
disciplina acadêmica e ramo do conhecimento humano na atualidade. 
Conhecemos os seus métodos, objetivos, pontos de foco e estrutura de 
investigação. 
 
Figura 3.1: Sociologia e a organização social 
Fonte: © Freepik 
Disponível em: http://br.freepik.com/fotos-gratis/bonecas-de-pano-cinzento-em-
alvos_959205.htm#term=multidão&page=3&position=2 
 
Agora entramos em um segundo momento da nossa disciplina, nesta aula 
iniciaremos o nosso estudo acerca do histórico do surgimento da sociologia. 
Neste processo compreenderemos a diferença entre o raciocínio sociológico, 
muito mais antigo e já presente entre os gregos e a sociologia, que se inicia no 
século XIX. 
Aprenderemos sobre como surgiu o termo sociologia e qual foi a primeira 
teoria moderna acerca do funcionamento da sociedade, que veio a fundar a 
própria sociologia. 
Analisar a sociedade não é nenhuma novidade. Como seres construtivos, 
investigativos e curiosos por natureza, os seres humanos investigam tudo quanto 
é possível e não é de se admirar que tenhamos estudos sobre a sociedade muito 
antes do surgimento da sociologia. 
 
 
 
33 
 
3.1 Raciocínio sociológico 
O raciocínio sociológico é o raciocínio sobre a sociedade com vias a 
realizar um estudo de seu funcionamento e os fatores que influenciam ou 
determinam o comportamento dos indivíduos nesta sociedade, suas instituições, 
a força destas instituições, a participação dos indivíduos e o modo como estes 
conduzem as decisões em sociedade. 
Tal modo de pensar, investigar e analisar a sociedade é muito mais antigo 
que a disciplina de sociologia em qualquer das suas formas. Na verdade, data 
de milhares de anos e têm sido mantidos ao longo de toda a história da 
humanidade por autores e pensadores de diversas disciplinas. 
E seria tolo de nossa parte pensar que nenhum ser humano, com todos 
os desenvolvimentos que procedemos ao longo dos milênios jamaistenha se 
debruçado sobre as questões da sociedade afim de formular uma teoria para 
explica-las e oferecer propostas de soluções daquilo que identificava como 
problemas. 
 
 
Figura 3.2: Escola de Atenas (1509–11), Rafael Sanzio 
 
Fonte: © Wikimedia Commons 
Link: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Rafael_-_Escola_de_Atenas.jpg 
 
 
34 
 
 
O raciocínio sociológico era originalmente baseado na análise social, uma 
metodologia própria da filosofia que se vale dos elementos observados, na 
lógica, proposições da ética e de estruturas teóricas para promover uma 
explicação das razões pelas quais a sociedade é da forma que é, bem como 
quais deveriam ser as soluções propostas, como vemos na obra A República de 
Platão (c. 428–348 a.C.). 
 
 
Figura 3.3: A Escola de Atenas – Platão 
Fonte: © Wikimedia Commons 
Link: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Raffael_067.jpg 
 
 
Em sua obra A República, Platão, um dos três mais importantes e 
influentes filósofos da Grécia antiga, faz a análise da forma de funcionamento da 
sociedade grega e oferece sugestões para um possível aperfeiçoamento, entre 
estas sugestões o rei filósofo, uma descrição de diversos métodos de eugenia e 
modelos de discussão política. 
Saiba mais 
Eugenia é um termo cunhado por Francis Galton, pesquisador que lançou as 
bases da genética, trata dos agentes, controlados socialmente, que podem 
empobrecer ou melhorar as qualidades das gerações futuras em uma sociedade, 
seja física ou mentalmente. Embora o termo seja recente, a eugenia era 
praticada pelos gregos, com objetivo de eliminar crianças que nasciam com 
deficiências físicas e limitações cognitivas. Possui duas formas, a positiva e a 
negativa. Na positiva se procura melhorar a espécie pelo aperfeiçoamento das 
próximas gerações, controlando, por exemplo, os casamentos. Na negativa, se 
elimina os indivíduos considerados inadequados aos propósitos da sociedade, 
seja para melhorar ou empobrecer. 
 
 
35 
 
 
A eugenia, por exemplo, é hoje vista como uma aberração incivilizada e 
conceitualmente inaceitável, mas para a época era um processo normal. Isto não 
apresenta uma relatividade das posições, mas apresenta a ideia de que, ao 
menos do ponto de vista da forma como a nossa civilização se desenvolveu, 
Platão estava errado. 
É importante que mantenhamos em mente esta ideia de que grandes 
pensadores podem estar errados, especialmente por que Platão, ao utilizar o 
raciocínio sociológico, representa apenas um lado desta equação, o lado teórico. 
Como vimos anteriormente, a sociologia exige um lado prático. 
 
3.1.1 Domesday Book 
O lado prático desta equação não provinha dos filósofos, mas da 
administração, geralmente por meio da coleta de dados e tomada de decisões 
baseadas nestes dados. 
A coleta de dados, ou coleta de informações, a partir de amostras de 
indivíduos para fins administrativos mais antiga de que se tem registro é de 1086. 
Isto não significa que não haviam coletas de dados anteriores a esta, na 
época de Platão, na Grécia antiga, já se dispunha de informações precisas sobre 
a sociedade, que puderam servir de base para o filósofo promover seus estudos. 
Mas o Domesday book, como foi chamado, é o registro mais antigo que 
sobreviveu até os nossos tempos, com as características de coletada de dados. 
Mas o que foi o Domesday book? Trata-se de um levantamento promovido 
na Inglaterra por Guilherme I semelhante a um censo. Seu objetivo era verificar 
as condições da terra recém conquistada, para assim prover Guilherme I com as 
informações necessárias para governar a Inglaterra. 
Neste processo Guilherme I enviou emissários a todos os proprietários de 
terras afim de saber deles quantas cabeças de gado possuíam, qual a extensão 
de suas terras, quantas pessoas trabalhavam para eles, qual a forma de 
pagamento e quanto era o pagamento oferecido aos indivíduos que trabalhavam 
as suas terras. 
 
 
36 
 
O Domesday book pode ser considerado a fundação da investigação 
empírica sociológica. Uma vez que seus métodos seriam empregados na 
estruturação do que hoje chamamos de censo. 
 
3.1.2 O problema da divisão 
O problema, ou a dificuldade que se enfrentava até então, era a separação 
entre a teoria e a prática. Enquanto administradores atuavam para tomar 
medidas práticas com relação a sociedade, os homens de ciências, que 
formulavam as teorias e procediam análises minuciosas sobre a sociedade eram 
muitas vezes ignorados. 
Ao mesmo tempo, estes homens de ciências, que acreditavam ter teorias 
fantásticas e soluções finais para os problemas da sociedade, não tinha acesso 
aos dados reais e a possibilidade de verificar na realidade a correção de suas 
teorias. 
Esta divisão entre a teoria e a prática foi uma das grandes responsáveis 
por problemas nas teorizações e na administração, uma melhor combinação 
entre os dois elementos poderia ter evitado diversas mazelas pelas quais a 
humanidade passou. 
Estes dois ramos da análise e pesquisa permanecem separados entre a 
análise filosófica e levantamentos administrativos até por volta do século XVII ou 
XVIII, quando começa o processo de formação da sociologia. 
 
3.2 A origem do termo sociologia 
A palavra sociologia foi cunhada em 1780 por Emmanuel-Joseph Sieyès 
(1748–1836), em um manuscrito não publicado. Era composta de dois 
vocábulos, um do latim e outro do grego. "Socius", do latim, significando 
"companheiro", com sentido de aquele que acompanha, que age em conjunto 
compartilhando as dificuldades e as benesses. "Lógos", do grego, significando 
“discurso de” ou “estudo”, nesta acepção foi utilizado como significando "ciência", 
o que já começava a se tornar um padrão na comunidade científica, como vemos 
na biologia (bios e logos), a ciência da vida. 
 
 
37 
 
3.2.1 Apropriação por Auguste Comte 
Em 1838, Auguste Comte (1798–1857), considerado o primeiro sociólogo, 
se apropria do termo cunhado por Sieyès e o utiliza para descrever uma nova 
forma de olhar à sociedade que pretendia criar. 
 
 
 
Figura 3.4: Auguste Comte († 1857) 
Fonte: © Wikimedia Commons 
Link: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Auguste_Comte2.jpg 
 
Neste processo abandona o termo "física social", sua primeira opção, uma 
vez que o termo fora utilizado por outros autores, em sentido diverso daquele 
que pretendia lhe dar Comte, gerando confusão e disputas acerca da 
originalidade do uso do termo “física social”. 
O que Comte objetivava com esta física social, que agora passava a se 
chamar sociologia, era unir os aspectos teóricos e práticos do raciocínio 
sociológico sob uma nova forma de olhar a sociedade, utilizando-se de 
elementos da economia, da história e da psicologia. 
Para Comte, no entanto, não bastava utilizar os elementos de outras 
ciências, era preciso uma unidade e estrutura através do método científico, para 
efetivamente gerar uma unificação destes elementos, afim de compreender a 
sociedade. 
O uso original do termo física social não era despropositado, Comte 
pretendia que a sua proposta de uma nova visão para a sociedade fosse tão 
rigorosa, sujeita à lógica e a leis fixas quanto a física. 
 
 
38 
 
3.2.2 A proposta de Comte 
A visão de Comte propunha que os problemas da sociedade, após serem 
bem compreendidos, poderiam ser remediados através de uma abordagem 
epistemológica que chamou de "positivismo". 
Estes problemas incluíam desde a fome até as questões políticas, desde 
disputas nos ambientes de trabalho que começavam a se complexificar nesta 
época pós-revolução francesa e revolução industrial, até a política internacional 
e as estruturas do estado. 
 
3.3 Positivismo 
Comte propunha a teoria positivista, uma forma de analisar a história da 
humanidade, particularmente em seu aspecto social, ao mesmo tempo em que 
pretendia indicar o caminho para o futuro da sociedade humana. A proposta de 
positivista de Comte incluía três estágios: 
 Teológico; Metafísico; 
 Positivo. 
Estes estágios compreenderiam a história da sociedade, especialmente 
nos séculos mais recentes da Idade Média (476–1453), o período Moderno 
(1453–1789) e o Contemporâneo (1789–atualidade). 
 
3.3.1 Estágio teológico 
Segundo Comte, o estágio teológico trata da explicação do mundo e ação 
em sociedade com base em divindades. Começa com a Grécia antiga, valendo-
se da mitologia para determinar os comportamentos e relações em sociedade e 
passa para a Idade Média com o cristianismo e a teoria teológica desenvolvida 
pela igreja. Este estágio estende-se até o iluminismo. 
Comte está particularmente interessado na Idade Média, não dando muita 
atenção para o período da mitologia. Portanto, a instituição predominante no 
estágio teológico, segundo ele, é a Igreja Católica Apostólica Romana, 
estabelecendo a forma como os homens deveriam operar em sociedade. 
 
 
39 
 
Neste estágio identifica-se uma sobreposição da fé à capacidade racional, 
não nas atividades cotidianas e que envolvem o mundo natural, físico, mas 
naquelas decisões que envolvem elementos abstratos, legislações, organização 
das instituições e seu funcionamento. Todas estas operações eram reguladas 
pela igreja e qualquer levante, por mais racional que fosse, que não estivesse de 
acordo com as determinações de tal instituição era considerado inaceitável. 
Neste estágio começamos a compreender ideia de determinação de 
Comte, como a sociedade estava sob controle da igreja, os comportamentos e 
as relações não poderiam ser de forma a contrariar tal instituição, então, fosse 
pelo medo ou pelo hábito, as pessoas necessariamente agiam de acordo com 
as determinações da igreja. 
 
3.3.2 Estágio metafísico 
O estágio metafísico, na análise de Comte, vai desde o período do 
Renascimento (séc. XIV– XVI), com o surgimento do Iluminismo (séc. XVIII) e os 
grandes avanços em ciência e filosofia, até a Revolução Francesa (1789), que 
promoveu grandes mudanças na sociedade em termos estruturais e 
organizativos, mas também mudanças conceituais, como a proposição de 
direitos humanos e da superioridade dos interesses dos indivíduos perante os 
interesses dos governantes. 
Ainda segundo a abordagem e classificação de Comte, nesta fase o 
raciocínio lógico suplanta a fé e se torna o padrão de pensamento e 
funcionamento da maioria dos indivíduos, mesmo que nem todos tivessem 
acesso à educação científica e filosófica sofisticada, os desenvolvimentos nestas 
áreas influenciam o senso comum. 
Surge o conceito de esclarecimento (Aufklärung), que ajuda a reduzir a 
influência da igreja e da fé nas decisões da forma como os homens se 
relacionam e comportam em sociedade. 
Indo um pouco além, em termos daquele momento histórico e a despeito 
das críticas que serão apontadas posteriormente, Comte tem alguma razão. 
Embora o iluminismo tenha começado com pessoas mais abastadas, que tinham 
condições de acessar a educação científica e filosófica, conforme nos 
 
 
40 
 
aproximamos do século XIX as ideias foram se espalhando pela sociedade, pois 
as barreiras que existiam nos séculos anteriores caíram ao longo da idade 
moderna e mais aceleradamente na idade contemporânea. O artigo “O que é o 
esclarecimento” do filósofo alemão Immanuel Kant é um bom exemplo deste 
processo, pois ao ser publicado em jornais foi lido por todos os tipos de pessoas. 
Isto é parte das ideias iluministas, dar o máximo de publicidade aos trabalhos e 
ideias da época. Leia o artigo “O que é esclarecimento” de Immanuel Kant 
gratuitamente em: https://bioetica.catedraunesco.unb.br/wp-
content/uploads/2016/04/Immanuel-Kant.-O-que-%C3%A9-esclarecimento.pdf 
A educação também atingia uma quantidade muito maior de indivíduos no 
século XIX, do que em qualquer época anterior, facilitando a mudança de padrão. 
Esta é a fase em que tem origem a ideia de que direitos universais da 
humanidade são mais importantes do que a lei da igreja. 
Em todos estes pontos a maioria de nós concordaria com Comte, o ponto 
polêmico de sua teoria é que este desenvolvimento é necessário, não podendo 
ser de outra forma. 
 
3.3.3 Estágio positivo 
Também chamado de "estágio científico", caracteriza-se pela ideia de que 
os direitos individuais são mais importantes do que as regras de qualquer 
governo ou estrutura social. 
Neste ponto Comte acerta, uma vez que de fato esta é a fase, a partir da 
Revolução Francesa, em que a ideia de que os direitos individuais, 
especialmente os naturais (liberdade, vida e propriedade) seriam superiores às 
vontades dos governos, começou a proliferar-se pela Europa. 
Segundo Comte, o efeito da proliferação destas ideias é que, neste 
estágio, a vontade livre permitiria que os indivíduos se autogovernassem, 
superando a ideia de governo. 
A sociedade iria se organizar em um corpo autônomo e desenvolver-se 
sozinha, sem a necessidade de regulamentações e com todos os indivíduos 
criando relações e comportamentos de acordo com a racionalidade e respeito 
coletivo. 
 
 
41 
 
3.3.4 Progresso 
A posição de Comte também é chamada de progressista, pois ele 
acreditava que todos os estágios eram necessários e se sucederiam em uma 
progressão impossível de alterar-se. 
Havendo a necessidade de que os estágios sejam cumpridos em 
sucessão progressiva, como uma regra universal para as sociedades humanas, 
esta é a primeira teoria sociológica estruturada de que se tem notícia. 
O progresso, segundo Comte, era consequência da regularidade das leis 
de funcionamento da sociedade, como acontecia na física. Uma vez que a 
progressão da metafísica para a ciência se desse, seria impossível que os 
homens se comportasse de modo a não atender à razão científica. 
 
3.4 Estudo da história 
Para justificar a sua visão progressista, Comte entendia que o estudo da 
história se uniria aos conhecimentos técnicos para formar uma visão que 
permitiria compreender o passado e progredir para o próximo estágio. 
Assim, ao entender as causas do passado, seria possível aplicar as regras 
da lógica e o método científico para prever os eventos do futuro e agir de acordo 
com estas predições. 
Isto seria possível, pois segundo Comte, a sociedade seguia as mesmas 
leis da natureza, que são governadas pela causalidade, de modo que se era 
possível prever o comportamento de uma pedra ao saber que ela rola de um lado 
para o outro, seria possível prever o comportamento dos homens em sociedade. 
Comte formula então não apenas uma teoria sobre como funciona a 
sociedade ou quais devem ser as atuações em sociedade, mas formula um 
sistema que pretende reformular toda a forma como vemos a sociedade e 
mesmo a natureza, pois agora a sociedade, seguindo as mesmas regras da 
natureza, deverá ser entendida como um elemento também natural. 
 
 
 
 
 
42 
 
3.5 Críticas à Comte 
Como é de se esperar em qualquer disciplina que se pretenda científica, 
especialmente em uma nova disciplina, como era o caso da sociologia de Comte, 
as críticas não tardaram a aparecer. 
A principal delas trata da possibilidade de superar a fase metafísica. Uma 
vez que a humanidade constantemente utiliza a ciência e a filosofia, nesta época 
já em fase de reaproximação uma da outra, como veríamos com mais ênfase no 
século XX, para descobrir novas coisas, fatos e fenômenos no mundo, bem como 
para reformular sua compreensão do mundo, a fase metafísica jamais seria 
superada. 
Isto por que o mundo estaria sempre se expandindo e assim nunca 
teríamos todos os dados para operar os cálculos que Comte julgava serem 
possíveis. 
Outra crítica dá conta de que não há de fato diferença real entre as fases 
positiva e metafísica, uma vez que estamos constantemente descobrindo novas 
coisas e aplicando estas mesmas cosias no mundo. 
A fase positiva do processo de Comte só seria possível com uma 
compreensão total do universo e do mundo a nossa volta. Desta forma, mesmo 
que fosse possívelconhecermos e compreendermos todo o universo, jamais 
saberíamos ter atingido este nível de compreensão, de modo que a sociedade 
jamais saberia se está na fase positiva ou não. 
A sociedade humana se torna mais complexa dia após dia, sem dúvida, e 
a posição de Comte, do ponto de vista de seus críticos, simplifica demais a fase 
na qual estamos a partir de transformações observadas nas fases anteriores. 
De fato, a igreja forçava a sociedade a comportar-se de uma determinada 
maneira e sem dúvida a mudança para o período do iluminismo teve um efeito 
grande na forma como as pessoas se relacionam em sociedade. 
Porém afirmar que o desenvolvimento da ciência determinaria o 
comportamento dos indivíduos em sociedade, de tal maneira que estes não 
tivessem opção senão envolver-se em um progresso sistemático é uma posição 
determinista-mecanicista. 
 
 
43 
 
O determinismo trata do fato de que Comte acaba por equiparar a vontade 
humana aos processos em sociedade, afirmar que estes são determinados pela 
estrutura social e não pela vontade livre. 
Mecanicista por que trata de uma consequência direta da estrutura social 
que determina os indivíduos e os faz agir do modo que agem, como uma 
consequência lógica e mecânica. 
Para muitos pensadores de outras áreas e mesmo o sociólogo, como 
veremos em outras aulas, esta é uma posição que dificilmente estaríamos 
dispostos a aceitar. 
Assim, o raciocínio acerca da sociedade e análise da mesma, seja de 
modo conceitual e teórico, seja por meio de dados estatísticos para fins 
administrativos, são investigados desde muito tempo na história da humanidade. 
A união destes elementos, no entanto, em termos de teoria e prática começa a 
aparecer a partir do século XVII e toma forma primeiramente com a teoria de 
Auguste Comte. 
O posicionamento de Comte é sujeito de diversas críticas e possui vários 
pontos falseados pelo próprio desenvolvimento da sociedade, mas é sem dúvida 
a primeira formulação de uma teoria propriamente sociológica. Sendo assim, 
Comte é considerado o primeiro sociólogo no sentido moderno do termo. 
 
Atividades de Aprendizagem 
Como os aspectos teórico e prático apresentados por Platão e no Domesday 
book poderiam ser compreendidos em relação ao positivismo? Comte trata 
principalmente de um período em que a igreja católica já está no comando da 
sociedade, mas o que ele diria se considerasse as posições de Platão, na antiga 
Grécia, em conjunto com os dados levantados por Guilherme I? 
 
 
 
 
 
 
44 
 
Aula 4 – Sociologia como disciplina 
 
 
Link da figura: https://br.freepik.com/fotos-gratis/meninas-e-meninos-que-
estudam-na-parede_1308504.htm#term=sala de aula&page=2&position=35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
Olá estudantes, chegamos à metade da nossa disciplina. Nesta aula 
estudaremos mais um pouco da história da sociologia, agora trataremos da sua 
formação como disciplina acadêmica. Ainda, trataremos das influências do 
período posterior à Comte e da estruturação da sociologia como uma ciência. 
 
 
Figura 4.1: A estruturação da disciplina 
Fonte: © Freepik 
Disponível em: http://br.freepik.com/fotos-gratis/grafico-de-computador-areia-estudante-de-
notas-intelectual_1077841.htm#term=literatura&page=2&position=22 
 
A história da sociologia como uma disciplina acadêmica começa muito 
antes da formação do primeiro departamento em uma universidade, como 
geralmente acontece com disciplinas que se tornam acadêmicas. 
 
4.1 Herbert Spencer 
Um dos nomes mais influentes para a estruturação que permitiu à 
sociologia tornar-se uma disciplina acadêmica e abriu caminho para que tal 
disciplina pudesse ser respeitada como ciência, foi sem dúvida, Herbert Spencer 
(1820–1903). 
Spencer foi ainda um dos mais influentes sociólogos em língua inglesa e, 
tanto para inspiração quanto crítica, muito influenciado pelo trabalho de Comte. 
Certamente é o sociólogo mais influente no público externo da sociologia para 
sua época. 
 
 
46 
 
Spencer procurou aperfeiçoar o trabalho de Comte, tornando-o mais 
rigoroso cientificamente e menos idealista. Rejeitou, assim, os aspectos 
idealistas de Comte e propôs uma visão da sociologia baseada na evolução. 
 
 
Figura 4.2: Herbert Spencer 
Fonte: © Wikimedia Commons 
 
Link: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Herbert_Spencer.jpg 
 
Quando Spencer fala em aspectos idealistas, não pensemos que refere-
se ao ramo da filosofia chamado de idealismo, mas sim, refere-se a adesão de 
Comte a um ideal de sociedade, que ele acreditava que seria materializado 
independente do que acontecesse. 
Este ideal de sociedade, ao qual Comte aderiu e defendeu com todos os 
seus esforços, se manifesta em sua teoria na forma do progressismo, a ideia de 
que a sociedade estaria determinada a seguir para o estágio científico em um 
desenvolvimento no qual os homens são mecanismos determinados pela 
estrutura da sociedade. 
Ao observar o que considerou os erros de Comte, Spencer propôs a 
análise de como a sociedade se altera em suas formas de organização por 
processos de crescimento e diferenciação, não necessariamente de forma 
progressiva, mas tornando-se mais complexa ao longo do tempo. 
Este processo de complexificação aumentaria a quantidade de 
informações para serem conhecidas e analisadas, o que inviabilizaria o processo 
sugerido por Comte, uma vez que sempre teríamos mais a analisar, mais a 
desenvolver e mais a compreender sobre o mundo e sobre a própria sociedade. 
 
 
47 
 
4.1.1 Darwinismo sociológico 
Spencer possuía muitos trabalhos em outras áreas do conhecimento 
humano, como a biologia e a física. Produziu obras explorando questões acerca 
da evolução das espécies e da seleção natural. 
Seus trabalhos em diversas áreas levaram alguns a pensarem que 
poderia haver uma linha guia em sua obra, conectando seus trabalhos no ramo 
que hoje chamamos de biologia com os trabalhos em sociologia. 
Embora tenha sido uma ideia muito popular, a proposta conhecida como 
"darwinismo sociológico" não era própria de Spencer, mas uma má interpretação 
de seus trabalhos sociológicos a partir de seus trabalhos sobre biologia. 
O próprio termo seria inadequado uma vez que Spencer era muito mais 
um proponente do lamarckismo do que do darwinismo. 
Não obstante, a ideia cresceu devido a visão de que, sendo inspirado por 
Comte, Spencer deveria ter a ideia de aplicar o funcionamento da ciência natural 
no funcionamento da análise da sociedade e como seus trabalhos em biologia 
eram considerados de destaque, imaginou-se que esta seria a fonte de suas 
ideias para a sociologia. 
Foi um erro, uma vez que Spencer era um proponente do Laissez-faire e 
como tal não poderia aderir a um modelo tão mecanicista como o de Comte, 
ainda mais baseado na estrutura da biologia que se desenvolvia lentamente na 
época. 
O conceito de Laissez-faire (do francês, “deixe fazer”), tornava-se popular 
na época de Spencer, por já fazer jus a uma estrutura teórica robusta e bem 
desenvolvida, de modo a influenciar a sociedade, principalmente a Inglaterra, 
que no século XIX já era um estado liberal na forma como vemos hoje. 
A expressão completa, da qual se deriva a expressão laissez-faire, é 
laissez faire, laissez aller, laissez passer (do francês, "deixai fazer, deixai ir, 
deixai passar"), e aparece em registros pela primeira vez na obra do Marquês de 
Argenson, por volta de 1751. 
Trata da liberdade dos indivíduos de realizarem, em especial, transações 
econômicas, sem a interferência do governo. Portanto, uma expressão da 
liberdade individual em oposição à determinação das estruturas da sociedade, 
em especial das instituições. 
 
 
48 
 
Na borda de Spencer o termo aparece em suas acepções econômica e 
cultural, manifestando a percepção do autor de que os indivíduos eram 
relevantes para a constituição da sociedade e não poderiam ser ignorados em 
sua liberdade, como fazia a obra de Comte.Saiba mais 
O debate acerca do conceito de laissez-faire é muito mais antigo do que Spencer 
ou o Marquês de Argenson. Suas origens remontam a discussões entre os 
funcionários eruditas do governo chinês durante as dinastias Han, Tang, Sung e 
Ming. Estes eruditos criticavam a interferência do governo na economia com 
base na teoria confucionista. Com a subida ao trono da dinastia Qin, que 
defendia e instaurou um grande monopólio estatal, estes debates foram 
suprimidos. Foram então restaurados na Europa pela obra de François Quesnay 
e pela atuação pública de Vincent de Gournay. 
 
4.1.2 A influência de Spencer 
Spencer não foi um autor mediano de sociologia. Durante sua vida vendeu 
um milhão de livros, um número surpreendente mesmo para os dias atuais, em 
se tratando de obras de ciência e sociologia. 
Seus estudos foram influentes na sociedade em geral e também entre 
outros importantes estudiosos. Entre estes temos um dos pilares da fundação da 
sociologia como disciplina acadêmica e principalmente da sociologia da 
educação do século XIX, Émile Durkheim, que define seu trabalho a partir da 
obra de Spencer. 
Nem todos os autores do século XIX concordam com as posições de 
Spencer, nem tão pouco Émile Durkheim o faz, mas todos concordam com sua 
influência, com a relevância do seu raciocínio e a inteligência de suas teorias. 
Graças ao trabalho de Spencer, muitos estudiosos começam a considerar 
a fundação de um departamento de sociologia, ou ao menos que esta fosse 
incluída como uma disciplina de um possível departamento de ciência sociais, já 
que na Inglaterra o trabalho dos antropólogos avançava tanto quanto o dos 
sociólogos na Europa continental. 
 
4.2 Fundação acadêmica 
 
 
49 
 
Graças a grande popularidade atingida pela sociologia, especialmente 
pelo trabalho de autores de grande alcance como Spencer, começa a 
organização de uma disciplina acadêmica para a nova ciência. 
No ano de 1892, a Universidade de Chicago (EUA), convida o professor 
Albion Woodbury Small (1854–1926) para fundar um departamento de 
sociologia. Torna-se assim a primeira a criar formalmente um departamento para 
a disciplina. 
 
Figura 4.3: Albion Woodbury Small 
Fonte: © Wikimedia Commons 
Link: 
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?search=Albion+Woodbury+Small&title=Sp
ecial:Search&go=Go&searchToken=27w1mhzpp2pil58eeq5akxjr8#/media/File:Albion_
Woodbury_Small.png 
 
Muitos dos estudiosos da sociologia eram membros de outros 
departamentos e desta forma a sociologia estava em maior ou menor medida já 
incluída no ambiente acadêmico havia algum tempo. 
Com a formação do primeiro departamento muitas questões são 
levantadas, entre elas destacamos: 
 Qual seria o currículo? 
 Em que periódico os estudantes vão publicar? 
 Os professores virão de quais disciplinas? 
 E a produção destes pesquisadores, será publicada onde? 
 Como poderemos dar acesso ao conteúdo científico rigoroso para 
os estudantes se basearem? 
 
 
 
50 
 
Afim de responder a estas questões e atender não apenas ao público 
acadêmico, mas chamar a atenção da comunidade científica para o que era feito 
na Universidade de Chicago, começa-se a pensar em um periódico e em 
congressos científicos, para estimular a criação de outros departamentos e o 
envolvimento da comunidade acadêmica com os temas de sociologia. 
Assim, como passo importante para a formalização da sociologia como 
disciplina acadêmica, o professor Small sabiamente também funda o American 
Journal of Sociology (Jornal Americano de Sociologia) em 1895, um periódico 
dedicado à sociologia editado e publicado pela Chicago University Press até os 
dias atuais. 
A despeito dos esforços do professor Small, que trouxeram grandes 
benefícios para a discussão em sociologia na Universidade de Chicago, outros 
departamentos americanos demoraram a ser fundados. 
 
4.2.1 Institucionalização 
A institucionalização da sociologia, ou seja, como disciplina acadêmica se 
deu em maior medida pelo trabalho do já citado Émile Durkheim, que se utilizou 
do positivismo de Comte, inspirado nos trabalhos de Spencer, como base para 
o que chamou de pesquisa social prática. 
A pesquisa social prática como uma metodologia de trabalho permitiu que 
houvesse conteúdo para a fundação de um departamento europeu de sociologia, 
um dos critérios da época. Agora a sociologia contava com um método moderno, 
próprio e poderia se tornar uma disciplina acadêmica na Europa, assim como já 
acontecera nos Estados Unidos da América. 
Em 1895 Durkheim foi autorizado a organizar o primeiro departamento 
europeu de sociologia na Universidade de Bordeaux, data que coincidiu não 
apenas com a fundação do American Journal of Sociology, do professor Small, 
mas também com a publicação da obra Les Règles de la Méthode Sociologique, 
(do francês, “As regras do método sociológico”) de autoria do próprio Durkheim. 
 
 
 
 
 
51 
 
4.3 O método de Durkheim 
Com inspiração em Spencer, Durkheim rejeitou as teorias idealistas de 
Comte, mas manteve seus métodos, procurando refiná-los. 
Por outro lado, contrariando afirmações de Spencer, defendeu que a 
sociologia é a continuação lógica das ciências naturais. 
Por continuação lógica, Durkheim entendia uma progressão natural, 
consistente e continua como em um argumento. Assim, se as leis da natureza, 
por exemplo a gravidade, determinam o comportamento dos corpos, a sociedade 
determina o comportamento dos indivíduos. Desta maneira, Durkheim acaba por 
atender à ideia de uma sociedade determinista-mecanicistas. 
Se nas ciências naturais temos estruturas fixas que determinam os 
eventos e podemos prever os eventos com precisão se conhecemos as 
estruturas, também acreditava Durkheim que poderíamos prever os eventos na 
sociedade ao entendermos as estruturas sociais. 
Desta forma podemos entender que a única parte da teoria de Comte 
abandonada por Durkheim foi a progressão dos períodos e o idealismo quanto a 
um período científico positivo que estaria por vir. 
A metodologia e as ideias gerais de Comte, quanto a forma como a 
sociologia deveria funcionar e a maneira como a sociedade funciona 
necessariamente, não tiveram grandes alterações na proposta de Durkheim, 
sendo este classificado como um positivista. 
Não obstante, Durkheim trouxe alguns elementos de grande relevância 
para a constituição da sociologia como disciplina acadêmica. Como uma 
continuação das ciências naturais a sociologia deveria manter seus principais 
aspectos: 
 Objetividade – A sociologia deve ter um objeto de estudo específico 
e não compartilhado, ao menos não inteiramente, com outras 
disciplinas. 
 Racionalidade – deve pautar-se pela razão e pelo raciocínio 
dedutivo, como acontece nas ciências naturais. 
 Causalidade – sendo uma continuação das ciências naturais e 
estando as leis da natureza sujeitas a causalidade, a sociologia 
também precisaria conservar este elemento. 
 
 
52 
 
 
Com isto Durkheim não apenas estabelece a sociologia com a pretensão 
de que se torne uma ciência, mas dá os critérios para que ela seja considerada 
uma ciência. 
 
4.4 Sociologia como uma ciência 
Durkheim pretendia que a sociologia fosse não apenas uma disciplina 
acadêmica que parte das ciências naturais e utiliza parte de seus métodos, mas 
que ela fosse em si mesma uma ciência legítima e reconhecida como tal pela 
comunidade científica e pela academia. 
Então estabelece que, para não ser considerada uma pseudociência, a 
sociologia precisa atender a dois critérios: 
 Deve ter um objeto de estudo específico. 
 Deve respeitar e aplicar um método científico objetivo reconhecido. 
 
Glossário 
Pseudociência - Informação ou estrutura informativa, podendo ser uma disciplina 
acadêmica ou não, que se pretende uma ciência, mas parte de premissas falsas, 
não rigorosas ou que não possuem critérios de falseabilidade. 
 
Em sua obra As Regras do Método Sociológico, Durkheim

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