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FUNDAMENTOSSOCIOLÓGICOS E ANTROPOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO

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FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS 
E ANTROPOLÓGICOS DA 
EDUCAÇÃO
PROFESSORAS
Me. Daiany Cris Silva
Me. Milena Cristina Belançon
ACESSE AQUI 
O SEU LIVRO 
NA VERSÃO 
DIGITAL!
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3259
EXPEDIENTE
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. SILVA, Daiany Cris; BELANÇON, 
Milena Cristina.
Fundamentos Sociológicos e Antropológicos da Educação. 
Daiany Cris Silva; Milena Cristina Belançon. 
Maringá - PR.: UniCesumar, 2020. Reimpresso em 2021. 
184p.
“Graduação - EaD”. 
1. Fundamentos 2. Sociológicos 3. Antropológicos 4. Educação. 
EaD. I. Título. 
FICHA CATALOGRÁFICA
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 
Coordenador(a) de Conteúdo 
Roney de Carvalho Luiz
Projeto Gráfico e Capa
Arthur Cantareli, Jhonny Coelho
e Thayla Guimarães
Editoração
Arthur Cantareli Silva
Design Educacional
Jociane Karise Benedett
Revisão Textual
Meyre A. P. Barbosa
Ilustração
Produção de Materiais
Fotos
Shutterstock CDD - 22 ed. 370.1 
CIP - NBR 12899 - AACR/2
ISBN 978-65-5615-224-0
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
DIREÇÃO UNICESUMAR
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação 
Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head 
de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie Medeiros Vilela Daros Head de Tecnologia e 
Planejamento Educacional Tania C. Yoshie Fukushima Head de Recursos Digitais e Multimídias Franklin Portela 
Correia Gerência de Planejamento e Design Educacional Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção Digital 
Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Recursos Educacionais Digitais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Design 
Educacional e Curadoria Yasminn T. Tavares Zagonel Supervisora de Produção Digital Daniele Correia
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de 
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino 
de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi
BOAS-VINDAS
Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra-
balhamos com princípios éticos e profissiona-
lismo, não somente para oferecer educação de 
qualidade, como, acima de tudo, gerar a con-
versão integral das pessoas ao conhecimento. 
Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis-
sional, emocional e espiritual.
Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com 
dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, 
temos mais de 100 mil estudantes espalhados 
em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais 
(Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e 
em mais de 500 polos de educação a distância 
espalhados por todos os estados do Brasil e, 
também, no exterior, com dezenas de cursos 
de graduação e pós-graduação. Por ano, pro-
duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos 
mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe-
cidos pelo MEC como uma instituição de exce-
lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos 
e estamos entre os 10 maiores grupos educa-
cionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos edu-
cadores soluções inteligentes para as neces-
sidades de todos. Para continuar relevante, a 
instituição de educação precisa ter, pelo menos, 
três virtudes: inovação, coragem e compromis-
so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, 
para os cursos de Engenharia, metodologias ati-
vas, as quais visam reunir o melhor do ensino 
presencial e a distância.
Reitor 
Wilson de Matos Silva
Tudo isso para honrarmos a nossa mis-
são, que é promover a educação de qua-
lidade nas diferentes áreas do conheci-
mento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A
Me. Daiany Cris Silva
Cientista Social com Mestrado e Licenciatura em Ciências Sociais pela Universidade 
Estadual de Maringá (UEM). É especialista em Estudos Geracionais, realiza pesquisas 
sobre a participação social e política de jovens e idosos, utilizando como principal 
abordagem teórica e metodológica a antropologia. Possui experiência com políticas 
públicas para a juventude, em razão do trabalho realizado no setor responsável por 
essa temática, na Prefeitura Municipal de Maringá, entre os anos de 2015 a 2017. 
Atua, desde o ano de 2018, como Professora de Sociologia no Ensino Médio Regular 
e na Educação de Jovens e Adultos da Rede Básica de Educação do Estado do Paraná.
http://lattes.cnpq.br/9836626816148868
Me. Milena Cristina Belançon
Mestra em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Maringá (2020) e também 
bacharela (2017) e licenciada (2016) em Ciências Sociais, pela mesma universida-
de. Pesquisadora do Núcleo de Pesquisas em Participação Política (NUPPOL/UEM), 
possui experiência com pesquisas em políticas públicas para mulheres e realiza, 
também, pesquisas sobre participação política, repertórios de ação política e mo-
vimentos sociais, utilizando como principal abordagem teórica e metodológica a 
Ciência Política.
http://lattes.cnpq.br/6653565063142893
A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A
FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS E 
ANTROPOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
Seja bem-vindo(a), caro(a) estudante, a discussão sobre os Fundamentos Sociológicos e An-
tropológicos da Educação tange conceitos e métodos de pesquisa que produzem interpreta-
ções sobre o mundo moderno, por isso, fornecem aparato científico para a prática e didática 
pedagógica cotidiana. O estudo das sociedades humanas promove o desenvolvimento de 
concepções atentas às diversas expressões culturais e políticas das relações sociais. E para 
dimensionar estas dinâmicas, este livro retrata temas centrais de duas das principais áreas 
das Ciências Sociais: a Sociologia e a Antropologia.
O nosso intuito é oferecer um panorama básico sobre teorias, correntes de pensamento 
e metodologias clássicas e contemporâneas da Sociologia e Antropologia, que contribuem 
para a orientação e qualificação de profissionais da educação. Para isso, apresentamos, na 
Unidade 1, o contexto de surgimento das Ciências Sociais como um campo de investigação 
que emergiu dos processos de transformação social da modernidade.
Nas Unidades 2 e 3 abordaremos as correntes de pensamento da Sociologia, ciência que 
trata das relações humanas e suas instituições sociais. Na primeira, apresentamos o tripé da 
Sociologia clássica, Émilie Durkheim, Max Weber e Karl Marx, autores que orientaram a disci-
plina em sua consolidação e influenciam muitas discussões na atualidade, discussões essas 
que serão abordadas na unidade posterior, que trata não só da Sociologia contemporânea 
como da sua difusão no Brasil. Em ambas as unidades buscamos demonstrar a importância 
das discussões sociológicas para as questões escolares atuais.
Nas unidades seguintes, tratamos da Antropologia, ciência que possui como principal objeto 
de estudo as culturas humanas. Na Unidade 4, buscamos apresentar as principais caracte-
rísticas da disciplina, suas diferentes correntes teóricas e seu principal método de pesquisa, 
a etnografia. Quanto à presença da disciplina no Brasil e suas reflexões sobre temas da 
sociedade contemporânea, discutimos na Unidade 5, abordando a pluralidade de vivências 
na urbanidade. Destacamos nessas duas unidades como a antropologia pode contribuir na 
compreensão da realidade social do ambiente escolar. 
Esperamos que nossas discussões possam colaborar para a sua formação na prática 
educacional.
Bons Estudos!
ÍCONES
Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele-
mento ajudará você a conceituá-la(o) melhor da maneira mais simples.
conceituando
No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida 
para ajudar você a fixar e a memorizar melhoros conceitos aprendidos. 
quadro-resumo
Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco 
mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. 
explorando ideias
Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e 
transformar. Aproveite este momento! 
pensando juntos
Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes 
online e aprenderá de maneira interativa usando a tecno-
logia a seu favor. 
conecte-se
Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar 
Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo 
está disponível nas plataformas: Google Play App Store
CONTEÚDO
PROGRAMÁTICO
UNIDADE 01 UNIDADE 02
UNIDADE 03
UNIDADE 05
UNIDADE 04
FECHAMENTO
INTRODUÇÃO ÀS
CIÊNCIAS SOCIAIS
E SUA RELAÇÃO COM A 
EDUCAÇÃO
8
TEORIAS 
SOCIOLÓGICAS COMO
INSTRUMENTOS
PARA A EDUCAÇÃO
40
73
SOCIOLOGIA E
EDUCAÇÃO NA 
CONTEMPORANEIDADE
101
PERSPECTIVAS
ANTROPOLÓGICAS
COMO INSTRUMENTOS 
PARA EDUCAÇÃO
137
ANTROPOLOGIA 
E EDUCAÇÃO NA 
CONTEMPORANEIDADE
173
CONCLUSÃO GERAL
1
INTRODUÇÃO ÀS
CIÊNCIAS SOCIAIS
e sua relação com a educação
PLANO DE ESTUDO 
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • As Ciências Sociais como um 
campo de estudos que emerge de uma sociedade em transformação • Sociologia e Antropologia: 
produzindo um olhar orientado sobre a vida em sociedade • As ciências sociais e as diretrizes nacio-
nais da Educação Básica.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
• Compreender o surgimento da sociologia como resultado das transformações sociais ocorridas com as 
Revoluções Industrial e Francesa. Conhecer a perspectiva de Auguste Comte, ao criar a física social para 
demonstrar sua preocupação em racionalizar as mudanças ocorridas no período • Analisar a Sociologia 
e a Antropologia como ferramentas de se localizar, socialmente, buscando a compreensão da socieda-
de em que vivemos e percebendo a interferência das estruturas sociais na vida cotidiana • Entender a 
relação das ciências sociais com as diretrizes nacionais de Educação Básica, pontuando em que medida 
a disciplina pode contribuir para o alcance dos objetivos da política educacional brasileira.
PROFESSORAS 
Me. Daiany Cris Silva
Me. Milena Cristina Belançon
INTRODUÇÃO
Prezado(a) estudante, a sociologia e a antropologia são áreas do saber que 
estão inclusas na grande área das humanidades, focadas em compreender 
as diferentes sociedades, suas relações, diversidade, entre tantos outros as-
suntos que buscaremos abordar ao longo desta unidade.
A educação está presente em todas as sociedades e, por isso, é um objeto 
de análise muito importante para essas áreas há muito tempo. Eixos de tra-
dição clássica e contemporânea buscam responder uma série de questões 
que ligam sociedade e educação, compreendendo que essas relações se auto 
alimentam, ou seja, a educação impacta nas práticas sociais, assim como 
as práticas sociais impactam a educação. Desse modo, pensar a educação 
na perspectiva sociológica e antropológica, nos faz refletir sobre processos 
de socialização contidos em sistemas simbólicos e culturais, ou seja, em 
dimensões das sociedades que organizam e “regularizam” os processos de 
reprodução da vida, a qual a educação está contida.
Para iniciarmos este caminho cujo objetivo é nos aproximar das refle-
xões sociológicas e antropológicas da educação, traremos, nesta unidade, 
três grandes tópicos que nos farão compreender melhor os fundamentos 
dessas áreas e em que elas podem ajudar na prática escolar: as ciências 
sociais como um campo de estudos que emerge de uma sociedade em 
transformação; sociologia e antropologia, produzindo um olhar orientado 
sobre a vida em sociedade; e, as ciências sociais e as diretrizes nacionais da 
Educação Básica.
Desse modo, apresentaremos a você um breve histórico do surgimen-
to dessas ciências, introduzindo sua aplicabilidade e, também, indicando 
a relação destas com a educação. Nosso objetivo é que esta unidade possa 
aproximá-lo da Sociologia e da Antropologia, enxergando, nesse caminho, as 
possibilidades de moldar-se enquanto profissional da educação. Bons estudos!
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AS CIÊNCIAS 
SOCIAIS COMO UM 
CAMPO DE ESTUDOS
que emerge de uma sociedade 
em transformação
Prezado(a) aluno(a), buscaremos compreender o surgimento da Sociologia, contex-
tualizando-a como resultado de transformações sociais. Para tanto, apresentaremos a 
perspectiva do autor conhecido como fundador desta ciência, Auguste Comte (1798-
1857), e sua preocupação em racionalizar as mudanças ocorridas neste cenário.
Desde já, gostaríamos de pontuar que as Ciências Sociais subdividem-se em três 
grandes áreas: a sociologia, a antropologia e a ciência política. Porém este grande 
campo surge com o nome de Sociologia e, posteriormente, é subdivido entre as 
áreas específicas, em todos eles o conhecimento gerado é sobre a sociedade, porém 
cada área parte de um viés particular. Desse modo, esta seção trata da sociologia, 
todavia entendendo que a antropologia também está contida neste histórico.
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Tente você, aluno(a), imaginar-se nesse contexto enquanto um artesão independente que 
vê a chegada das máquinas e todas as mudanças que esse fato acarreta.
pensando juntos
O século XVIII marcou o mundo por contar com duas grandes Revoluções, a 
Industrial (1780-1860) e a Francesa (1789-1799). Estas marcaram, definitiva-
mente, a instalação da sociedade capitalista e desencadearam acontecimentos 
que tornaram possível o que entendemos por criação da sociologia.
A revolução industrial, iniciada na Inglaterra, modificou os métodos pro-
dutivos que, até então, eram, em grande parte, manuais, introduzindo a máqui-
na a vapor e seus sucessivos aperfeiçoamentos. Dessa forma, progressivamente, 
poucas pessoas foram acumulando os novos 
meios de produção, as máquinas, e convertendo 
muitas pessoas em seus empregados. Portanto, 
esse momento concatena a consolidação da so-
ciedade capitalista, e disto decorre uma série de 
mudanças nos costumes e nas instituições até 
então existentes, sendo necessárias novas formas 
de organização da vida social. 
Os artesãos tiveram que se adaptar, pois o 
seu produto não era mais competitivo tanto pelo 
trabalho manual despendido quanto pelo tem-
po usado na produção. Dessa forma, todo o país 
se modificou, reunindo a população, até então, 
predominantemente rural, em grandes cidades 
no entorno das indústrias. Nessa realidade, mui-
tos tiveram suas formas habituais de vida, radi-
calmente alteradas tanto pela necessidade de se 
mudar para a cidade quanto pelas rígidas regras 
de trabalho impostas, inclusive, às crianças.
Com isso, podemos imaginar o quanto essas 
cidades cresceram, demograficamente, e muito 
rápido. Este crescimento não foi acompanhado 
por uma estrutura adequada de moradia e saúde, 
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o que tornou o cenário propício para que as cidades industriais passassem a abrigar 
altos índices de suicídio, alcoolismo, criminalidade, violência, surtos de epidemia etc.
Nos anos seguintes, registraram-se os efeitos desta realidade em manifestações 
de revolta dos trabalhadores, como a destruição de máquinas, atos de sabotagem e 
a organização destes operários em associações que enfrentavam os proprietários 
dos instrumentos de trabalho em busca de melhores condições de vida.
Em toda essa efervescência de mudanças e rearranjos, a sociedade passou a ser 
um problema que precisava ser investigado e analisado. E estas digressões começa-
ram a ser feitas por pessoas que desejavam modificar essa realidade caótica. Estas 
pessoas já estavam fazendo sociologia, ainda que este termo não fosse empregado.
Outra circunstância que engrossou o caldo para o surgimento da sociologia foi 
a mudança que ocorria nas formas de pensamento. Com as mudanças econômicas 
ocorridas, desde o século XVI, a visão sobrenatural para explicar os fenômenos 
foi dando lugar ao uso da racionalidade. O desenvolvimento de métodos de ob-servação da natureza fez com que os seres humanos pudessem, cada vez mais, 
dominá-la e controlá-la. Desse modo, o pensamento filosófico e científico pôde se 
aprimorar e abrir espaço para o uso da razão, em oposição ao controle teológico.
Nessa perspectiva, no século XVIII, destacam-se os pensadores franceses, 
chamados iluministas. Estes se ocuparam em atacar os fundamentos da socie-
dade feudal em busca de uma transformação da sociedade. Em suas análises, os 
iluministas indicavam que as instituições existentes iam contra a natureza de 
liberdade e igualdade presente nas pessoas, e, por isso, reivindicavam a liberação 
do indivíduo de todos os laços sociais tradicionais.
Munida desta perspectiva é que a burguesia toma o poder, na França, em 
1798, o que ficou conhecido como Revolução Francesa. A partir daí, desenrola-se 
uma grande mudança de regime, que impactou, também, o modo de organização 
da sociedade francesa. Toda essa mudança foi objeto de estudos de muitos pen-
sadores, que questionaram cada vez mais a ordem e a racionalização.
Dessa forma, a sociologia surge com interesses práticos, de propor soluções 
para os problemas da industrialização e suas consequências, para analisar e discu-
tir sobre a “ordem social”. Uma série de pensadores cedeu ao mundo suas digres-
sões usadas na formação do saber sociológico, desse modo, não há um criador a 
quem se endereça a criação dessa ciência, mas, sim, um conjunto destes. Dentre 
estes, destacamos o filósofo Auguste Comte.
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Auguste Comte foi um filósofo francês 
que viveu entre 1798 e 1857. O autor de-
senvolveu a teoria positivista, que consi-
dera a ideia de que o conhecimento verda-
deiro é dado por meio da experimentação 
e do aferimento científico. Dessa forma, 
o que autor chamava de física social (que 
agora chamamos de sociologia) deveria 
orientar-se em direção ao conhecimento 
das leis imutáveis da vida social. Segundo 
as palavras de Comte, na obra “Conceitos 
Gerais e Surgimento da Sociologia”:
 “ Entendo por física social a ciência que tem por objeto próprio o estudo dos fenômenos sociais, segundo o mesmo espírito com que são considerados os fenômenos astronômicos, físicos, químicos e 
fisiológicos, isto é, submetidos a leis invariáveis, cuja descoberta é 
o objetivo de suas pesquisas. Assim, ela se propõe diretamente a 
explicar, com a maior precisão possível, o grande fenômeno do de-
senvolvimento da espécie humana, visto em todas as suas partes 
essenciais (COMTE, 1972, p. 86).
Desse modo, podemos compreender os motivos de Comte chamar essa nova 
ciência de “física social”, já que ele expressava o desejo de construí-la aos moldes 
das ciências naturais. Por sugerir este método e molde é que a criação da socio-
logia é, muitas vezes, atribuída ao positivismo de Comte, pois foi assim que esta 
ciência começou a se oficializar.
O positivismo é uma corrente teórica que defendia a disciplina e a ordem como 
fatores essenciais para o progresso social. Nesse sentido, a função do pensamento 
social deveria ser a de orientar a indústria e a produção, acreditando que o progresso 
econômico acabaria com os conflitos sociais e traria segurança para as pessoas. Des-
sa maneira, a ciência, para os autores dessa corrente, poderia desempenhar a mesma 
função que a religião desempenhava no período feudal quanto à conservação social.
Com isso, compreendemos que a sociologia surgiu num momento de grande 
expansão do capitalismo e efervescência de conflitos e lutas em que se envolviam 
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A escolha de Comte pela palavra “positiva” para qualificar sua filosofia tinha a intenção de 
diferenciar da filosofia do século dezoito, que era negativa, ou seja, contestava as institui-
ções sociais que ameaçavam a liberdade das pessoas. Desse modo, sua filosofia positiva 
não possuía caráter destrutivo, apenas de organizador da realidade. 
Fonte: as autoras.
conceituando
as classes sociais. Nesse cenário, um conjunto de pensadores faziam duras críticas 
à modernidade, urbanização, industrialização, ficando conhecidos como “Profe-
tas do passado”, pelo apego que mantinham com as instituições feudais, religiosas 
e aristocráticas. Esses profetas estavam preocupados com a coesão social, a ordem 
e os valores morais da tradição. Essas ideias influenciaram, também, a forma de 
pensar dos pioneiros da sociologia, que estavam preocupados com a preservação 
da nova ordem econômica e política. 
Comte analisava que as ideias religiosas haviam perdido sua força na condu-
ção das pessoas e, por isso, não era mais suficiente para organizar a nova socie-
dade. Porém o autor também discordava dos iluministas, pois acreditava que a 
propagação dessas ideias pela sociedade só traria mais desunião. Segundo Comte 
(1972), era necessário restabelecer a ordem nas ideias e nos conhecimentos, a 
partir de uma nova maneira de conhecer a realidade. Para tanto, o autor partia da 
ciência e de seus avanços em diversas áreas e, principalmente, da visão positiva da 
realidade, reforçando a necessidade de se analisar a sociedade usando os mesmos 
métodos das demais ciências. Dessa forma, a sociologia deveria dedicar-se à busca 
dos acontecimentos constantes e repetitivos da natureza.
Auguste Comte formulou a lei dos três estados, que, segundo ele, rege o modo 
de pensar da humanidade. Segundo essa lei, as concepções da história humana 
passam por três fases: teológica, metafísica e positiva. O estado teológico seria 
aquele em que as respostas para os fenômenos sociais e naturais são buscadas 
no sobrenatural, na ação divina, ou seja, sem uso da racionalidade. O estado 
metafísico seria um estágio de transição entre o estado teológico e o positivo, 
em que o sobrenatural é substituído por forças abstratas personificadas. Desse 
modo, a razão começa a se preparar para o exercício científico, mas ainda 
não está solidificada. Portanto, o estado positivo é o estado científico cujos 
fenômenos não são mais explicados de forma sobrenatural, mas, sim, pela 
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Notou alguma familiaridade nestes con-
ceitos? Isso mesmo, é do positivismo de 
Auguste Comte que veio a escrita “Ordem 
e Progresso”, na bandeira do Brasil. Os 
ideais positivistas de “evolução organiza-
da” impulsionaram a mudança de regime 
ocorrida com a Proclamação da Repúbli-
ca e acabaram por ser homenageados na 
nova bandeira nacional, que é a que co-
nhecemos hoje.
explorando Ideias
observação e atestação via método. Sendo assim, este seria o último estágio 
da evolução mental da razão humana.
Dessa forma, Comte fundava-se na “ordem” e no “progresso” como agentes 
de atuação mútua na nova sociedade. Enquanto para ele, os iluministas se preo-
cupavam só com a ordem, os revolucionários somente com o progresso, insistia 
na necessidade de uma ação mútua desses dois fatores. 
Nesse sentido, podemos concluir que o positivismo foi um movimento intelectual 
e político que influenciou, fortemente, governos e, também, sistemas educacio-
nais, a exemplo da Reforma Educativa Brasileira, de 1891.
A Reforma Educativa de 1891 foi impulsionada por Benjamin Constant (1833 
– 1891), chefe do Ministério da Instrução Pública, Correios e Telégrafos – órgão 
que se ocupava com assuntos educacionais em nível nacional, na época , inspirado 
em Comte, promoveu uma série de mudanças na tradição do currículo jesuítico. 
Constant propôs substituir o ensino acadêmico por um conjunto mais amplo de 
matérias, que incluíam disciplinas científicas, como proposto pelo positivismo.
A partir de então, uma série de pensadores se dedicaram cada vez mais a 
compreender a sociedade e tecer constatações sobre esta, tendo em vista que 
com o desenvolvimento da sociedade e do pensamento surgia, também, a ne-
cessidade de novas explicações e formulações. Como apresentamos até aqui, a 
Sociologia é resultado das transformações sociais que vivemos entre os séculos 
XVIII e XIX. A modernização e a industrialização da nossa sociedade trouxeram 
muitas mudanças para a convivência social,suscitando questões relacionadas 
às desigualdades sociais, que se tornaram determinantes para influenciar a ma-
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O indivíduo só pode compreender sua própria experiência e avaliar o seu próprio destino 
localizando-se dentro de seu período; só pode conhecer suas possibilidades na vida tor-
nando-se cônscio das possibilidades de todas as pessoas, nas mesmas circunstâncias que 
ele. Sob muitos aspectos, é uma missão terrível, sob muitos outros, magnífica. 
(Wright Mills)
pensando juntos
neira com que as pessoas se relacionam, coletivamente. Em outras palavras, as 
relações sociais mudaram e, como consequência disso, a organização política e 
a forma com que construímos significados sobre a vida em sociedade também 
se modificaram. Para compreender estas mudanças, as ciências naturais e exatas 
não seriam suficientes, portanto, sentiu-se a necessidade de criar uma ciência que 
pensa a coletividade e sua forma de organização, uma Ciência Social.
2 
SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA:
PRODUZINDO UM 
OLHAR ORIENTADO
sobre a vida em sociedade
Dizer que é preciso se tornar cônscio, lúcido das nossas próprias possibilidades 
de vida e de quem nos cerca é a maneira encontrada pelo Sociólogo Wright 
Mills (1975) para nos provocar a olhar o mundo a nossa volta e compreendê-lo 
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para além do que já nos acostumamos como preestabelecido, desenvolvendo 
nossas próprias percepções e, o mais importante, localizando-se dentro de uma 
sociedade que possui a ordem e a estrutura que precisam ser reveladas a quem 
vive sob suas influências.
Considerando o papel social da Sociologia de construir concepções sobre a 
forma como funcionamos e nos organizamos, coletivamente, Wright Mills (1975) 
diria-nos que nos tornar conscientes da sociedade em que vivemos é o passo 
inicial para que nós e todos que estão à nossa volta compreendamos melhor a 
própria experiência neste mundo. Por esse motivo é que toda essa contextuali-
zação histórica do surgimento da Sociologia como conhecimento científico é 
essencial, pois, a partir desse movimento, entendemos como as Ciências Sociais 
se relacionam com a realidade cotidiana.
É preciso ter em mente, portanto, assim como discutimos na seção anterior, 
que a modernidade modificou a maneira como nos relacionamos no nosso dia 
a dia, deixamos de ser donos do nosso próprio trabalho e passamos a vendê-lo 
para os donos das fábricas, trocamos os comandados de reis e rainhas, a monar-
quia, por uma organização política em que a maior parcela da população possui 
direito de escolha e influência. O que conhecemos hoje como estado democráti-
co, diminui-se a importância dos conhecimentos de senso comum, aqueles que 
aprendemos com a experiência, ou que ouvimos de familiares e vizinhos, lendas 
e crendices populares, em favor da ciência, que tomou um lugar de destaque e de 
razão absoluta. Todas essas mudanças proporcionaram nova maneira de pensar 
e agir, coletivamente, pois a vida em sociedade já havia se transformado.
O desemprego, a fome, os problemas da vida urbana, como a falta de habita-
ção para todos(as), são novas questões, a própria urbanização e o surgimento das 
cidades tornam-se novidade. E a pergunta que insistia em rodear os pensamentos 
de quem vivia esse momento de grandes transformações sociais era: Como po-
demos explicar todos esses acontecimentos? As Ciências Sociais seriam, então, 
uma possível resposta ou, pelo menos, um campo científico que poderia indicar 
bons caminhos para se lidar com todas essas situações.
Cabe evidenciar que há maior destaque para a Sociologia, pois, como apre-
sentamos no tópico anterior, foi esta disciplina que inaugurou os estudos sobre 
as questões sociais, tendo como seu pioneiro Auguste Comte e sua ciência posi-
tivista. Mas como é possível perceber na nossa vivência cotidiana, muitos temas 
estão presentes na estrutura de uma sociedade, e entre esses temas estão a cultura 
e a política, dimensões que são tratadas, respectivamente, pela Antropologia e a 
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Ciência Política, campos científicos que desenvolveram teorias e técnicas espe-
cíficas para tratar destas temáticas. Para que você, caro(a) aluno(a), compreenda 
melhor estas subdivisões das Ciências Sociais, trataremos, brevemente, sobre 
cada uma de suas áreas.
“A Sociologia é o estudo da vida e do comportamento social, sobretudo em 
relação a sistemas sociais, como eles funcionam, como mudam, as consequências 
que produzem e sua relação complexa com a vida” (JOHNSON, 1997, p. 217). A 
Sociologia é uma ciência que analisa nossas relações interpessoais: família, relacio-
namentos, grupos sociais e nossas relações com a vida pública: escola, trabalho, re-
ligião, estado, justiça, entre outros meios sociais com que convivemos, diariamente.
Já a Antropologia, definida, essencialmente, como o estudo da humanidade, 
concentrou-se, inicialmente, em investigar sociedades primitivas, com organiza-
ção simples, restritas a ilhas e localizações distantes, que tiveram pouco contato 
com sociedades ocidentais, e que por serem “qualificadas como ‘simples’, em con-
sequência, elas irão permitir a compreensão, como numa situação de laboratório, 
da organização ‘complexa’ de nossas próprias sociedades” (LAPLANTINE, 2003, 
p. 8). Desse modo, o estudo antropológico se concentra no entendimento da 
racionalidade humana em sua coletividade, como a humanidade produz signifi-
cados e simbolismos, ou seja, o que é cultura e como ela se constrói. O olhar an-
tropológico mostra-nos que, ao conhecer o outro, sociedades distintas da nossa, 
conhecemos a nossa própria realidade.
Quanto à Ciência Política, podemos compreendê-la, mais amplamente, como 
o conjunto de “estudos sobre os fenômenos e as estruturas políticas, conduzido 
sistematicamente e com rigor, apoiado num amplo e cuidadoso exame dos fatos 
expostos com argumentos racionais” (BOBBIO; MATTEUCCI; PASQUINO, 
1998, p. 164). O que isso significa? Estudar os fenômenos e estruturas políticas é 
verificar tendências de comportamento político, determinados grupos tendem a 
se identificar com quais posições políticas? Realizar uma leitura orientada sobre 
dados eleitorais, fazer pesquisas de intenção de votos, mapear as ações do estado, 
ou avaliar políticas públicas. Este é o âmbito das Ciências Sociais que investiga 
nossas ações com relação às instâncias de poder, às estruturas políticas do estado 
e suas instituições.
Com essa breve explicação sobre as três áreas das Ciências Sociais, é possível 
diagnosticar que não há uma divisão bem clara entre uma área e outra, todos os 
temas se entrelaçam. Isso é muito construtivo para a consolidação das Ciências 
Sociais como campo de estudos, pois possibilita a produção de um conhecimen-
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to científico comprometido com a realidade social que, por sua vez, é diversa e 
dinâmica e, por isso, não pode ser lida por meio de uma única perspectiva.
Como o próprio nome dessa disciplina nos diz, nesta seção, daremos mais 
ênfase à Sociologia e à Antropologia por entender que estes campos científicos 
proporcionam instrumentos de leitura da realidade social muito profícuos a pro-
fissionais da educação, que são pessoas que estão em contato diário com questões 
emergentes da nossa organização social, além de considerar a grande influência 
que essas duas disciplinas possuem sobre a construção de teorias educacionais, 
tema que trataremos com mais profundidade nos capítulos seguintes.
Então, quer dizer que a Ciência Política 
é um campo de estudos dispensável para se 
pensar a educação? De maneira alguma, lem-
bra de quando dissemos que todas as áreas 
de estudo das Ciências Sociais estão, de certa 
maneira, interligadas? Pois é, embora a Ciên-
cia Política não seja o nosso foco principal, 
ela fará parte de nossas discussões, dado que 
não há como discutir educação sem tocar em 
questões políticas, as próprias diretrizes curri-
culares, as legislações e o sistema educacional 
que fazem parte das estruturas políticas.No 
entanto esta dimensão macroestrutural não é 
o principal ponto nesta disciplina, o que nos 
interessa, no momento, é discutir como utili-
zar as Ciências Sociais como ferramenta para 
atuação prática na política educacional.
A produção de conhecimento socio-
lógico e antropológico, especificamente, 
fornecem suporte teórico e metodológico 
à implementação de políticas educacionais 
à prática docente e à organização pedagógi-
ca, e é esse contexto que buscamos abordar 
nesta unidade. Sob esta perspectiva, você, 
caro(a) leitor(a), poderia nos questionar: 
Como, afinal, a Sociologia e a Antropolo-
gia contribuem para a produção deste olhar 
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orientado sobre a vida em sociedade? Ou melhor, o que significa esse olhar orien-
tado? Bom, a nossa proposta, aqui, é demonstrar como é possível fazer do conhe-
cimento sociológico e antropológico uma ação e fornecer conhecimento básico 
sobre este campo de estudos, uma das formas de proporcionar meios para que 
você possa realizar interpretações conscientes sobre a realidade em que vive. 
São estas interpretações conscientes sobre a realidade que chamamos de olhar 
orientado pela Sociologia e a Antropologia, que se caracteriza por uma análise 
atenta ao contexto social em que estamos inseridos.
Assim como afirma Florestan Fernandes (FERNANDES apud FORACHI; 
MARTINS, 2008), o modo de agir, a capacidade de decisão e o julgamento depen-
dem do grau de consciência dos indivíduos sobre as ações dos outros ou os efeitos 
das possíveis alterações da estrutura e do funcionamento das instituições. Desse 
modo, compreender as relações estabelecidas em seu entorno e possuir o enten-
dimento sobre como as instituições sociais e as estruturas políticas desenvolvem 
interferências sobre a nossa vida cotidiana são conhecimentos que proporcionam 
mais capacidade de ação efetiva na sociedade e fazem com que um profissional da 
educação, por exemplo, se depare com problemas sociais e possa interpretá-los de 
maneira consciente e, por meio de sua análise, tomar decisões fundamentadas.
Nosso objetivo é, portanto, nos distanciar do senso comum, dessas leituras 
preestabelecidas que temos sobre o mundo em que vivemos e que estão a salvo 
de questionamento, pois temos a plena certeza de que estão corretas por expe-
riência. O senso comum pode ser traduzido em frases, como: “sempre pensei 
dessa forma” ou “eu sempre fiz assim porque é o certo a se fazer”, porém, frases 
como essas são acompanhadas de ações pouco avaliadas em que o contexto 
social é desconsiderado.
Com toda certeza, nossa experiência pode e deve orientar nossas ações, afi-
nal, é no convívio cotidiano que aprendemos muito sobre como nos relacionar, 
socialmente. No entanto há questões em que a experiência não pode dizer por 
si mesma a maneira de agir mais conveniente, pois não vivemos em todos os 
meios sociais existentes e, muito menos, passamos por todas as situações que 
viver nessa sociedade pode nos proporcionar, o que significa que não podemos 
ter conhecimento sobre tudo apenas por experiência prévia.
Citamos como exemplo a seguinte situação: uma professora possui anos de 
experiência no ensino privado cuja ênfase do trabalho está no preparo para ves-
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tibulares e avaliações seletivas. Essa professora é aprovada em um concurso da 
rede pública e planeja replicar seu método de ensino no novo local de trabalho. 
Ao assumir suas turmas em um bairro periférico, percebe que há uma série de 
defasagens no processo de aprendizagem e entende que isso é resultado da falta de 
esforço dos alunos(as). Então, a professora decide que é preciso ser mais rígida e 
cobrar mais empenho dos(as) alunos(as), e o resultado não foi satisfatório. Depois 
de um tempo maior convivendo com as turmas, após trocar experiências com 
outros(as) professores(as) de sua área, receber orientações da equipe pedagógica 
e ao conhecer, realmente, a realidade do colégio em que trabalhava, a professora 
compreendeu, aos poucos, que a dificuldade de aprendizado dos alunos era con-
sequência de fatores externos ao empenho de cada um. Assim, decide rever a sua 
metodologia de ensino para se adequar à linguagem cotidiana dos(as) discentes, 
e a nova metodologia surtiu melhor efeito.
Percebe que a professora precisou realizar uma análise mais aprofundada 
sobre a realidade de seu público-alvo? Se esse momento de análise de contexto 
fosse ignorado, e a professora insistisse em replicar o método de ensino que uti-
lizava na rede privada na rede pública, a grande possibilidade é que o processo 
de ensino e aprendizagem fosse um fracasso, durante todo o ano letivo.
Realizar análises sociais é um exercício que aprendemos com os estudos das 
Ciências Sociais, e utilizar este conhecimento como meio de lidar com situações 
como a citada anteriormente é extremamente importante para a atuação no meio 
educacional. Segundo Florestan Fernandes, esse exercício é um elemento típico 
dos estudos sobre a sociedade:
 “ Visto que as Ciências Sociais exige de nós, como requisito essencial, um estado de espírito que permite entender a vida em sociedade como estando submetida a uma ordem, produzida pelo próprio 
concurso das condições, fatores e produtos da vida social (FER-
NANDES apud FORACHI; MARTINS, 2008, p. 10-11). 
Dessa forma, entende-se que compreender qual é a ordem estabelecida e como 
ela funciona é essencial para que possamos agir de maneira acertada com relação 
às questões que podem surgir durante a nossa atuação profissional.
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Toma-se Auguste Comte como referência. Suas indagações correspondiam a questões 
que não poderiam ser formuladas e respondidas no âmbito do conhecimento do senso 
comum ou da filosofia pré-científica: O que é ordem social? Como ela se constitui? Como 
ela se mantém? Como ela se transforma? Em outras palavras, com o aparecimento da 
Sociologia não só se amplia o sistema das ciências, como se descobrem meios intelectuais 
plenamente adequados às necessidades de desenvolvimento criador ou construtivo dos 
modos secularizados de perceber e de explicar o mundo. 
( Florestan Fernandes)
pensando juntos
O destaque nesta perspectiva do sociólogo Florestan Fernandes (2008) dá-se na 
capacidade das Ciências Sociais de construir concepções de mundo e maneiras 
de interpretar a realidade. Considerando esta possibilidade que essa ciência no 
trás, cabe a nós exercitar o desprendimento das nossas concepções de mundo 
que já estão cristalizadas e preestabelecidas, as de senso comum e construir novas 
formas de compreender a vida em sociedade.
Para que esse exercício seja possível, será preciso relembrar Wright Mills 
(1975). O sociólogo aponta que o processo de conscientização só é possível quan-
do nos disponibilizamos a avaliar a própria experiência. Parece contraditório 
dizer isso neste momento, pois não deveríamos deixar de lado o senso comum e o 
conhecimento adquirido por experiência? Em parte sim, principalmente quanto 
a pré-noções, aquelas que não são questionadas, cotidianamente, e são apenas 
reproduções inconscientes. Porém a experiência diz respeito, também, a como 
nos relacionamos com o mundo em que vivemos.
Retomemos o caso da professora, por experiência, ela tinha plena certeza de 
que o método de ensino que foi, comprovadamente, funcional na rede privada, era 
efetivo, mas, ao tentar replicar os mesmos métodos na rede pública, percebe que o 
resultado não foi o mesmo. A experiência de anos de ensino na rede privada diria 
que seu método é que estava correto, portanto, o problema estava na participação 
dos(as) estudantes que não se empenhavam o suficiente nos estudos. Contudo a 
sua pré-concepção de que um bom método de ensino poderia ser aplicado com 
igual resultado em qualquer realidade a impediu de ter bons resultados. Para re-
verter esta situação, foi necessário realizar uma avaliação detida sobre a situação.
Tendo em vista ocasiões como a dessa professora, é possível perceber que avaliar 
a própria experiência no sentido queprovoca Wright Mills (1975) é ponderar deci-
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sões e agir de maneira consciente. Para aquela professora avaliar a própria experiên-
cia, seria preciso admitir que lecionar para jovens de grupos privilegiados é ensinar 
pessoas que possuem mais intimidade com o conhecimento formal, pois possuem 
mais acesso à informação e a materiais de ensino de mais qualidade, se comparadas 
a jovens da rede pública que, junto ao seu histórico escolar, possuem uma série de 
questões sociais com que precisam lidar, muitas delas intensificadas pela sua condição 
de classe social e pelas desigualdades sociais que vivenciam, diariamente.
Para Mills (1975), este movimento de avaliar a própria experiência, ponderar 
decisões e agir de maneira consciente, considerando os contextos sociais, chama-
-se imaginação sociológica, termo criado pelo autor para conceituar o exercício 
de questionamento sobre a realidade social. Segundo o sociólogo, para exercitar a 
imaginação sociológica, é necessário realizar um conjunto de três séries de questões:
 “ 1) Qual a estrutura dessa sociedade como um todo? Quais seus componentes essenciais, e como se correlacionam? Como difere de outras variedades de ordem social? Dentro dela, qual o sentido 
de qualquer característica particular para a sua continuação e para 
a sua transformação?
2) Qual a posição dessa sociedade na história humana? Qual a 
mecânica que a faz modificar-se? Qual é seu lugar no desenvol-
vimento da humanidade como um todo, e que sentido tem para 
esse desenvolvimento? Como qualquer característica particular que 
examinemos afeta o período histórico em que existe, e como é por 
ele afetada? Como difere de outros períodos? Quais seus processos 
característicos de fazer a história?
3) Que variedades de homens predominam nessa sociedade e nesse 
período? E que variedades irão predominar? De que formas são 
selecionadas, formadas, liberadas e reprimidas, tornadas sensíveis 
ou impermeáveis? Que tipos de “natureza humana” se revelam na 
conduta e caráter que observamos nessa sociedade, nesse período? 
E qual é o sentido que para a “natureza humana” tem cada uma das 
características da sociedade que examinamos? (MILLS, 1975, p. 13).
Ufa! Quantas questões não é mesmo? Mas calma, o intuito não é responder com-
pletamente cada uma dessas questões, o que desejamos é provocar reflexão. Após 
a leitura de todos esses questionamentos, você se sentiu incentivado a pensar 
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melhor sobre o mundo em que vive? Ou, até mesmo, buscou responder algumas 
dessas questões? E aquelas perguntas com que você se sentiu inábil para respon-
dê-las, provocaram curiosidade sobre suas possíveis respostas? É esse exercício de 
instigar curiosidades sobre o mundo a nossa volta que buscamos realizar, e é por 
isso que destacamos, na íntegra, esse conjunto de questões propostas por Mills 
(1975), para que compreendam o movimento de questionamento à realidade que 
Cientistas Sociais utilizam para investigar a vida em sociedade.
A imaginação sociológica, no entanto, não é uma exclusividade de pesquisa-
dores, ela é possível para todas as pessoas que se dispõem a desenvolver a razão 
a fim de perceber, com lucidez, o que está ocorrendo no mundo e o que pode 
estar acontecendo dentro de si mesmo (MILLS, 1975). Isso significa que imaginar, 
sociologicamente, é interpretar os acontecimentos sociais e ter o discernimento 
sobre como eles influenciam suas próprias decisões, e essa capacidade de inter-
pretação é possível para todas as pessoas.
Se restringirmos as nossas respostas a cada uma daquela série de questões 
a um tema central, o sistema capitalista e suas relações econômicas, percebere-
mos que cada questão e sua respectiva resposta revelam instâncias da vida em 
sociedade que podemos sentir em nossa vida cotidiana. Sintetizando de uma 
maneira muito simplória as possíveis respostas a todo este conjunto de ques-
tões propostas por Mills (1975), podemos dizer que vivemos em uma sociedade 
que passou por um processo de industrialização, o que transformou a maneira 
de produzir e constituiu o sistema capitalista. As consequências disso em nosso 
dia a dia podem ser vistas em nossas relações de trabalho, no acesso desigual a 
direitos básicos. A simplificação é sintomática nos exercícios que realizamos nas 
ciências sociais pois, nossos modelos sempre serão simplificações grosseiras da 
realidade (FONSECA, 1999) pela simples impossibilidade de descrever em sua 
totalidade a realidade social.
É notável, quando analisamos o público em geral da educação pública, por 
exemplo, que possui pouco poder econômico, o que é determinante para muitos 
comportamentos, principalmente, no processo de ensino-aprendizagem. No caso da 
professora que citamos anteriormente, muitos diriam que aluno é aluno, não importa 
de onde é e como é, mas a prática pedagógica demonstra que a realidade possui uma 
lógica diferente. Isso nos mostra que não é possível planejar uma atuação profissional 
efetiva se não analisarmos todas as condições de vida de nossos(as) estudantes.
Embora todas aquelas três questões sejam reveladoras, em muitos sentidos, 
uma dimensão específica foi deixada de lado, propositalmente. Como a nossa 
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organização social difere de outras variedades de ordem social? Essa pergunta 
está na primeira série de questões proposta por Wright Mills (1975) e revela uma 
preocupação do autor, que é recorrente a muitos outros autores(as) das Ciências 
Sociais: quais são as nossas aproximações e nossos distanciamentos com relação 
a outras sociedades? O que o conhecimento sobre outras estruturas sociais pode 
revelar sobre a nossa própria organização? A intenção de tratar dessa dimensão de 
maneira mais aprofundada, separadamente, diz respeito a qual campo de estudos 
esses questionamentos reflete mais força, a Antropologia, outra área das Ciências 
Sociais que nos ajudará a orientar o nosso olhar sobre a realidade em que vivemos.
Vamos pensar a educação como um processo de comunicação, que, geralmen-
te, se constitui, também, como um processo de orientação. Para se comunicar, é 
necessário ter domínio da língua do outro, saber expressões, se fazer compreensí-
vel. Então, imagine você, como podemos desenvolver esses conhecimentos de lin-
guagem? Concordamos que conhecer o terreno onde estamos nos comunicando 
é essencial, certo? Logo, conhecer com quem buscamos conversar é, igualmente, 
importante. É nesse sentido que a antropologia nos ajuda na atuação educativa: 
“o sucesso do contato educativo depende do diálogo estabelecido entre o agente 
e seu interlocutor, e é nessa área de comunicação que o método etnográfico atua” 
(FONSECA, 1998, p. 59). Etnográfico? O que é isso? Calma.
O método etnográfico, mais conhecido como etnografia, “é uma explicação 
descritiva da vida social e da cultura de um dado sistema social, baseado na ob-
servação detalhada do que as pessoas de fato fazem” (JOHNSON, 1997, p. 101). 
Essa é uma metodologia criada por antropólogos para investigar sociedades não 
ocidentais. Com a riqueza de detalhes que esta técnica proporciona, é possível 
realizar análises aprofundadas sobre a organização e o funcionamento das mais 
variadas sociedades.
Ressaltamos, veementemente, que esta tradição da antropologia de estudar 
sociedades não ocidentais foi inicial. É importante destacar que essa característica 
de formação da disciplina construiu um modo de conhecimento característico, 
apoiado na riqueza de detalhes e na construção de percepções sobre o outro. 
No entanto de acordo com o que afirma Laplantine (2003, p. 12), “se o campo 
de investigação da antropologia consistisse, apenas, no estudo das sociedades 
preservadas do contato com o Ocidente, ela se encontraria hoje sem objeto”.
Ao se reinventar e expandir seu campo de pesquisa às configurações de nossa 
própria sociedade, a antropologia contribuiu para que as Ciências Sociais de-
senvolvessem uma postura de investigação mediada pela observação direta e 
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interação lenta e contínua com pequenos grupos humanos. Este posicionamento 
metodológico, representado pelo olhar etnográfico, “além de ser um instrumento 
importante para a compreensão intelectual de nosso mundo, também pode ter 
uma utilidade prática” (FONSECA, 1998, p. 59) por proporcionar o entendimento 
da diversidade de vivências humanas.
Em contexto escolar, conhecer o método de pesquisa da antropologia, a et-
nografia, possibilita a compreensão das diferenças entre os comunicadores no 
processo de ensino-aprendizagem, professor(a) e aluno(a). Para isso, é preciso 
realizar um movimento crucial: tornar familiar o que é estranho e tornar estranho 
o que nos é familiar (FONSECA, 1998). Isso é o que chamamos na antropologia 
de estranhamento, esta postura motiva-nos a conhecer histórias, maneiras de 
agir e pensar, que são novas para nós, as quais não temos explicações prévias, ou 
problematizar situações que parecem possuir soluções evidentes, mas que, com 
uma análise detida, se mostram de difícil resolução.
Por um lado deve haver um movimento de aproximação a ser realizado de 
maneira cautelosa e atenta, para que todos os novos elementos sejam mapeados 
e conhecidos. De outro lado, quando se trata do que nos é familiar, o movimento 
deve ser inverso, um desprendimento de conhecimentos prévios e a busca por 
maneiras imprevistas de se olhar e compreender uma situação.
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A atitude de estranhamento mostra-nos que nada é inato, todas as ações e 
comportamentos são escolhas culturais, além disso, permite-nos descobrir que: 
aquilo que tomávamos por natural em nós mesmos é, de fato, cultural; aquilo que 
era evidente é infinitamente problemático (LAPLANTINE, 2003). Esse termo 
é muito utilizado na antropologia, e ele só é possível em razão do contexto de 
surgimento da disciplina. Contudo o estranhamento é uma das etapas do mé-
todo etnográfico, que, segundo a antropóloga Cláudia Fonseca (2003), pode se 
desdobrar em cinco: “1) Estranhamento; 2) Esquematização; 3) Desconstrução; 
4) Comparação e 5) Sistematização do material em modelos alternativos” (FON-
SECA, 1998, p. 66). Abordaremos cada uma dessas fases buscando exemplificar 
com uma situação do dia a dia da escola.
Imagine que você é coordenador(a) pedagógico(a) de uma escola e recebe 
reclamações de professores das mais diversas áreas sobre o comportamento de 
um aluno. As reclamações retratam atitudes de agitamento durante as aulas e 
posturas inconvenientes em momentos inoportunos. Alguns dos(as) docentes, 
ao tratar sobre o aluno, logo indicam que aquele seria um caso de indisciplina e 
desrespeito à autoridade e, por isso, o aluno deveria ser tratado com rigor e com 
as punições devidas. Porém, ao ouvir, atentamente, todos os relatos, você percebeu 
que existiam indícios de que aquele comportamento possuía outra explicação, 
menos óbvia, dado que os(as) professores(as) relataram que era caracte-
rístico daquele aluno a falta de concentração em uma única atividade, 
a fácil distração com elementos externos e atrasos no cumprimento de 
suas tarefas em comparação aos seus colegas. Percebendo essa situação, 
você, prontamente, buscou mais informações sobre o aluno, conversou, 
pessoalmente, com ele, consultou outros profissionais sobre a situação e, 
então, contatou a família para que um laudo médico fosse feito, pois tudo 
indicava que havia um fator inexplicado que seria determinante para o mau 
comportamento daquele aluno. A família acatou o pedido e, como resultado 
da avaliação médica, o aluno foi diagnosticado com hiperatividade, um 
transtorno neurológico cujas características são: desatenção, agitação e 
impulsividade, entre outros comportamentos que poderiam ser, facil-
mente, confundidos com pura indisciplina e desobediência. O problema, 
claramente, não poderia ser resolvido apenas com a constatação do qua-
dro médico do aluno, ainda seria necessária uma boa orientação de modo 
a propor mudanças na abordagem pedagógica em sala de aula.
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Perceba que, nesta situação, foi preciso ativar uma postura de estranhamento 
com relação às informações que recebeu, assim, houve a necessidade de se refuta-
rem as explicações de fácil acesso e analisar a situação com mais afinco. Isso só foi 
possível, por meio de uma esquematização, um mapeamento das informações que 
chegaram até você, que, por sua vez, precisaram ser desconstruídas e vistas, por 
meio de uma nova lente, repensada e analisada, mais detidamente, de acordo com 
uma nova hipótese, seguido de análise comparativa ao desenvolvimento comum 
de outros(as) estudantes. Todo este caminho percorrido foi necessário para se 
compreender que a situação do aluno era, de fato, uma questão de hiperatividade 
e não poderia ser lida de maneira tão óbvia como indisciplina.
Constata-se que, de alguma maneira, todos os passos do método etnográfico 
foram utilizados nesta situação hipotética, e quanto à última etapa, sistematização 
do material em modelo alternativo, está aqui, no relato desse caso, que serve como 
referencial para que se possa analisar situações semelhantes.
Uma maneira interessante de sistematizar e referenciar as situações que 
enfrentamos no dia a dia escolar é a leitura de publicações acadêmicas. Ex-
perimente acessar a coletânea de estudos de caso, organizada pelo Departa-
mento de Educação da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC 
Minas). Nesta coleção, há uma série de situações que precisaram contar com 
uma análise detida do contexto de cada discente. 
Fonte: as autoras.
conecte-se
Embora tenhamos traduzido o método etnográfico de maneira prática e apro-
ximada ao cotidiano, “a etnografia não é tão aberta, pois faz parte das Ciências 
Sociais e precisa de enquadramento (político e histórico) do comportamento 
humano” (FONSECA, 1998, p. 62). Esta objetividade de centrar um método es-
pecífico para investigar as maneiras de ser e agir da humanidade em suas diversas 
expressões culturais é uma das principais características da Antropologia.
http://www4.pucminas.br/graduacao/cursos/arquivos/ARE_ARQ_REVIS_ELETR20081205200459.pdf
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A disciplina foi criada após o movimento intelectual do século XVIII que 
tornou a humanidade objeto de estudo científico, tomando o lugar da natureza, 
porém replicando métodos e técnicas de pesquisa das ciências naturais. Esse é 
o movimento responsável pelo surgimento do Positivismo de Auguste Comte, 
citado no início desta unidade. A antropologia, seguindo esse fluxo de mudan-
ças no pensamento social, surge com um objeto e um método de investigação 
específicos: “as sociedades então ditas “primitivas”, ou seja, exteriores às áreas de 
civilização européias ou norte-americanas (LAPLANTINE, 2003, p. 7 - 8).
O encontro com sociedades que possuem formas de organização social com 
lógicas tão distintas da nossa proporciona às Ciências Humanas como um todo 
um novo olhar científico, que só foi possível, por meio da história de formação 
da antropologia como disciplina e sua imersão em sociedades não-ocidentais.
Ao possibilitar o entendimento de outras culturas, o debate antropológico 
permite notar, com a maior proximidade possível, que as formas de compor-
tamento e de vida em sociedade que tomávamos todos, espontaneamente, por 
“inatas (nossas maneiras de andar, dormir, nos encontrar, nos emocionar, come-
morar os eventos de nossa existência...) são, na realidade, o produto de escolhas 
culturais” (LAPLANTINE, 2003, p. 13). Este contexto possibilitou a criação do 
termo estranhamento sobre o qual discutimos anteriormente.
O saber antropológico é, portanto, o conhecimento do plural, da diversidade 
de escolhas que a humanidade possui. Por meio dessa característica da disciplina, 
o campo de estudos da educação se motivou a adotar posicionamentos teóricos, 
também plurais, que consideram a diversidade de vivências que compartilham 
o espaço escolar.
Em um âmbito geral, a Sociologia e a Antropologia contribuem para que 
os(as)profissionais da educação construam uma atuação profissional contex-
tualizada, considerando os diversos âmbitos da vida em sociedade, economia, 
cultura e política, como elementos determinantes e formadores de seres sociais. 
Orientar o nosso olhar por meio da Sociologia e a Antropologia é essencial para 
que a prática na política educacional tenha a análise social como norteadora de 
suas ações e, por meio disso, possa contextualizar histórias individuais. Em sín-
tese, a reflexão que os olhares que essas duas ciências constroem trabalham com 
uma lente multifuncional, que não isola a individualidade de sua origem social.
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Buscamos mostrar, na seção anterior, que as Ciências Sociais, como um campo de 
estudos mais amplo, proporciona, por meio do estudo científico, a produção de um 
olhar mais orientado sobre a realidade em que vivemos. A sociologia colabora para 
que sejamos mais curiosos e atentos com relação às explicações sobre como nos 
organizamos, coletivamente, e a antropologia revela que existem inúmeros signifi-
cados para as maneiras de agir, ser e pensar da humanidade, assim como há diversas 
possibilidades de se estabelecer a convivência social. Essa capacidade de produzir 
percepções sobre o mundo pode ocasionar um lugar de privilégio a esta ciência 
na articulação de políticas educacionais, e é sobre este tema que trata esta seção.
Segundo do Artigo 205, da Constituição da República Federativa do Brasil 
de 1988 (BRASIL, 1988, on-line):
 “ A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício 
da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Vista como direito social básico, a educação possuía um papel central no processo 
de redemocratização do estado brasileiro. No final do século XX, a Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996), que institui a necessidade 
de orientar os currículos dos sistemas e redes de ensino brasileiras de maneira 
3 
AS CIÊNCIAS SOCIAIS
E AS DIRETRIZES 
NACIONAIS DA
educação básica
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uniforme, para que se possa garantir o direito de educação a todos, de maneira 
igualitária e formativa, foi um importante passo para alcançar esse objetivo de uma 
educação para o exercício da cidadania e qualificação para o mercado de trabalho.
O texto da LDB serviu de amparo para a consolidação da Base Nacional 
Comum Curricular (BNCC), que é como se chama o documento que foi desen-
volvido para estabelecer competências, habilidades e conhecimentos a serem 
desenvolvidas nos estudantes brasileiros. O que se destaca no processo de cons-
trução das políticas curriculares no Brasil é que ele se deu em um contexto de 
configuração de nossa Democracia e de disputa de pautas políticas, que versam 
sobre o direito à aprendizagem e ao desenvolvimento da população brasileira 
(SILVA; NETO; VICENTE, 2015).
A BNCC, assim como os principais documentos que norteiam o sistema edu-
cacional brasileiro, reconhece que a educação tem um compromisso com “a for-
mação e o desenvolvimento humano global, em suas dimensões intelectual, física, 
afetiva, social, ética, moral e simbólica” (BNCC, 2018, p. 16). Isso significa que a 
consolidação das diretrizes curriculares do estado brasileiro segue, em grande 
medida, os propósitos de desenvolvimento social que foi tão cara ao surgimento 
da Sociologia, e como consequência, as Ciências Sociais de forma mais abrangen-
te. Essa relação pode ser vista, principalmente, no Brasil, quando relacionamos à 
consolidação das investigações sobre educação e das Ciências Sociais.
Segundo Henriques (1998), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Edu-
cacionais Anísio Teixeira (INEP) teve um importante papel na formação de um 
campo de estudos da educação como uma ciência. Entre as décadas de 50 e 
60, Anísio Teixeira, o então diretor do INEP, firmou parcerias com instituições, 
como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura 
(UNESCO), para lançar programas de pesquisa no âmbito educacional. Nesse 
momento, o INEP enfatizava o objetivo de “aplicar a pesquisa sociológica à po-
lítica educacional, dentro de uma perspectiva de uso das Ciências Sociais para 
a solução dos problemas da educação no Brasil” (HENRIQUES, 1998, p. 83).
Caro(a) aluno(a), você se lembra de que pontuamos, na primeira seção, que o 
movimento positivista, aquele criado por Auguste Comte, o precursor da Socio-
logia, influenciou o poder político do Brasil República, contribuindo na reforma 
educativa de 1891? Qual era mesmo o intuito do positivismo? Conhecer a ordem 
da sociedade para estabelecer o progresso social, certo? Vejamos, aqui, mais um 
momento em que a Sociologia é utilizada para buscar o avanço social por meio 
do conhecimento científico. A postura do INEP, autarquia que, durante o Jusce-
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lino Kubitschek (JK), manteve-se sob a direção de Anísio Teixeira, fomentava 
pesquisas educacionais, tinha como objetivo explorar os resultados de pesquisas 
das ciências sociais sobre a temática para ajustar o sistema educacional às condi-
ções existentes e às exigências do desenvolvimento econômico, social e cultural 
das diversas regiões do nosso país (HENRIQUES, 1998, p. 83). Dessa maneira, o 
projeto desenvolvimentista de “50 anos em 5” de JK estaria mais próximo.
Esse contexto de fomento à consolidação da educação como campo cientí-
fico deu-se junto da estruturação das Ciências Sociais no Brasil. Percebe-se esse 
movimento ao constatar que grandes pesquisadores da área desenvolveram pes-
quisas junto ao Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE), Florestan 
Fernandes é um deles (HENRIQUES, 1998).
Perceba que buscar o apoio do olhar científico das ciências sociais foi, nes-
se contexto de fortalecimento das pesquisas educacionais, primordial para as 
organizações que estavam à frente deste movimento. Os propósitos do uso de 
uma ciência como a Sociologia para se pensar as políticas educacionais são es-
tratégicos para as estruturas de poder se pensamos no seu uso de uma maneira 
positivista, avaliando a vida em sociedade para estabelecer formas de regulação 
social. Em contrapartida, quando a relação entre a educação e as Ciências Sociais 
é promovida a fim de estabelecer vínculos democráticos, veremos a construção 
de estratégias que culminam em iniciativas, como a criação da BNCC, que possui 
valores democráticos e inclusivos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estimado(a) aluno(a), nesta unidade, percebemos como as Ciências Sociais, des-
de seu surgimento com a corrente positivista, estiveram, intimamente, ligadas 
com a questão da educação e da busca por conhecimento. Além disso, pudemos 
conhecer um pouco mais sobre a área da sociologia e da antropologia, produ-
zindo reflexões sobre a sociedade e suas instituições.
A necessidade de produzir conhecimento sobre o mundo acompanha a hu-
manidade desde o seu surgimento, e as mudanças nos modos de produção e nas 
formas de governo impactam, diretamente, na organização da sociedade e no 
modo como levamos a vida.
Desse modo, essas mudanças geram impacto também na forma como a escola 
se organiza, como a educação é manipulada pela sociedade e como podemos 
interpretar esses novos modelos de socialização. Assim, pudemos compreender 
que a sociologia e a antropologia influenciam à educação e ao mesmo tempo são 
por ela impactada, fazendo com que os modelos de análise e observação sejam 
constantemente repensados.
O olhar orientado, que a Sociologia e a Antropologia buscam desenvolver, 
auxiliam, portanto, nas interpretações conscientes sobre a realidade com atenção 
ao contexto social em que estamos inseridos. Dessa forma, estas áreas contribuem 
para que os(as) profissionais da educação construam uma atuação profissional 
contextualizada, ou seja, considerem os diversos âmbitos da vida em sociedade 
como elementos determinantese formadores de seres sociais. Assim, estas inter-
pretações conscientes são essenciais para a prática na política educacional e au-
xiliam na construção de uma sociedade mais justa, por meio de suas ferramentas 
de compreensão da realidade.
Nas próximas unidades, vamos nos aprofundar ainda mais nestes campos 
do conhecimento. Esperamos que você tenha um bom caminho com as teorias 
sociais e antropológicas.
34
na prática
1. “[...] o desenvolvimento do sistema das ciências se tem processado sob o influxo de 
duas ordens e fatores. Uma, de natureza especificamente positivo-racional, ligada 
com as exigências da própria marcha das investigações científicas. Outra, de natu-
reza ultracientífica, constituída pelo conjunto de necessidades práticas (econômicas, 
culturais e sociais), que podem ou precisam ser satisfeitas, de modo direto ou indi-
reto, mediante a descoberta ou a utilização de conhecimentos científicos. Algumas 
disciplinas como Química, emergiram graças à concorrência de fatores das duas 
ordens. Outras, como a Sociologia, nasceram da conjugação dos efeitos das crises 
sociais com os da revolução da mentalidade, produzida pelo advento do pensamento 
científico” (FERNANDES, 2008, p. 10). 
FERNANDES, F. A herança intelectual da sociologia. In: FORACHI, M. M.; MARTINS, J. de 
S. Sociologia e Sociedade: leituras de introdução à sociologia. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
A partir da leitura do excerto, analise as afirmativas:
I - Apenas os avanços no pensamento científico devem ser considerados quando 
se trata do desenvolvimento das ciências na modernidade. Fatores de natureza 
ultracientífica, que possuem relação com a economia, a cultura e o contexto 
social, não influencia sob o advento científico.
II - O campo de estudos das ciências naturais, representado pela Química, é tão 
influenciado por fatores sociais quanto a Sociologia, assim como, também, se 
desenvolveram em razão dos avanços do pensamento positivo-racional.
III - O autor desconsidera que o surgimento das ciências possa estar relacionado a 
condições sociais, econômicas e culturais.
IV - A Sociologia é uma ciência que emerge das transformações sociais, dessa ma-
neira, os efeitos das crises sociais são determinantes para o surgimento desta 
disciplina.
É correto o que se afirma em:
a) IV apenas.
b) I e III apenas.
c) I e IV apenas.
d) II e IV apenas.
e) I, II, III e IV.
35
na prática
2. “O Positivismo influenciou, de maneira considerável, a sociedade, nos séculos XIX 
e XX. Tendo em vista que a Educação é uma atividade social, também foi marcada 
por esta influência. Nas escolas, a influência do positivismo se fez sentir com força, 
devido à influência da Psicologia e da Sociologia, ciências auxiliares da Educação. O 
positivismo esteve presente de forma marcante no ideário das escolas e na luta a 
favor do ensino leigo das ciências e contra a escola tradicional humanista religiosa. 
O currículo multidisciplinar – fragmentado – é fruto da influência positivista” (ISKAN-
DAR; LEAL, 2002, p. 89).
ISKANDAR, J. I.; LEAL, M. R. Sobre positivismo e educação. Revista Diálogo Educacional, 
Curitiba, v. 3, n. 7, p. 89-94, 2002.
Com base no texto apresentado e nos conhecimentos adquiridos, avalie as afirma-
ções a seguir:
I - O positivismo defendia a ideia de que o ensino nas escolas devia seguir as tra-
dições religiosas e os preceitos da fé cristã.
II - Segundo o positivismo, o progresso social seria alcançado, por meio da disciplina 
e da ordem.
III - Os pensadores positivistas, que, posteriormente, ficaram conhecidos como fun-
dadores da sociologia, acreditavam que a ciência deveria substituir a religião na 
função de elemento de conservação social.
IV - A corrente positivista foi criada a partir de um projeto que buscava mudanças na 
educação, porém suas ideias foram rechaçadas, e não houve aplicação prática.
As afirmações I, II, III e IV são respectivamente:
a) V, V, F, F.
b) F, V, V, F.
c) V, F, V, F.
d) F, F, F, V.
e) V, F, V, V.
3. “A reflexão do homem sobre o homem e sua sociedade, e a elaboração de um saber 
são, portanto, tão antigos quanto a humanidade, e se deram tanto na Ásia como na 
África, na América, na Oceania ou na Europa. Mas o projeto de fundar uma ciência do 
36
na prática
homem – uma antropologia – e, ao contrário, muito recente. De fato, apenas no final 
do século XVIII é que começa a se constituir um saber científico (ou pretensamente 
científico) que toma o homem como objeto de conhecimento, e não mais a natureza; 
apenas nessa época é que o espírito científico pensa, pela primeira vez, em aplicar 
ao próprio homem os métodos até então utilizados na área física ou da biologia”. 
 LAPLANTINE, F. Introdução: o campo e a abordagem antropológicos. In: LAPLAN-
TINE, F. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2003. 
Considerando a leitura do texto apresentado e seus conhecimentos sobre o surgi-
mento da Sociologia e Antropologia, considere as afirmações a seguir:
I - Tanto na Ásia como na África, na América, na Oceania ou na Europa, desde o 
século XVIII, os conhecimentos sobre o funcionamento da sociedade são dis-
pensáveis.
II - O pensamento antropológico permite conhecer e aceitar a diversidade cultural 
e, por meio do conhecimento das culturas, construir um olhar atento sobre a 
realidade social em que vivemos.
III - O conhecimento sociológico é um possibilitador para que a humanidade conhe-
ça melhor a si própria e suas construções coletivas.
IV - A Antropologia, assim como a Sociologia, faz parte do movimento na ciência 
que deixa de lado as explicações sobre a humanidade, por meio exclusivo dos 
fenômenos naturais. A vida humana, com suas características sociais, políticas 
e culturais tornam-se objeto científico.
V - Não há aplicabilidade prática dos fundamentos teóricos da Sociologia e Antro-
pologia na educação. 
É correto o que se afirma em:
a) I, II e III, apenas.
b) I, II, III e IV, apenas.
c) II, III e IV, apenas.
d) II, III, IV e V, apenas.
e) I, II, III, IV e V.
37
na prática
4. Anísio Teixeira (1971) via o sistema educacional como um reflexo da vida social do 
país. Para ele, as transformações da sociedade eram essenciais às modificações 
pretendidas para a educação brasileira, desde o início do século XX. A experiência 
educacional e a vida em coletividade deveriam interagir de modo real para que todos 
os talentos individuais fossem valorizados. 
BORTOLOTI, K. F. da S. Anísio Teixeira e as Ciências Sociais. Revista História e Cul-
tura, v. 3, n.3, p. 135-154, dez. 2014. 
Considerando a relação das ciências Sociais com a educação, indique a alternativa 
correta.
a) Não é possível associar as pesquisas sobre educação às Ciências Sociais. 
b) A experiência educacional e a vida coletiva em sociedade não possuem relação 
direta.
c) Anísio Teixeira acreditava que era preciso dissociar a educação das Ciências 
Sociais.
d) Anísio Teixeira foi um importante articulador da política educacional no Brasil, 
responsável pela consolidação da educação como uma ciência. Ele acreditava 
que experiência educacional deve considerar a vida coletiva em sociedade.
e) Determinar políticas educacionais com base na realidade social só desvaloriza 
os talentos individuais.
5. Antonio Paim afirma algo que muito importa ao conhecimento pleno da instau-
ração do sistema republicano no Brasil: — A influência política do comtismo, 
é fenômeno posterior à República. E cita José Veríssimo, para quem muitas das 
ideias cuja paternidade os positivistas “a posteriori” reclamaram, faziam parte 
do acervo comum aos espíritos liberais da época em que surgiram. Tais, por 
exemplo, as idéias relativas ao casamento civil, à separação Igreja-Estado, 
à federação e ao regime presidencial. 
LIMA FILHO, A. V. O positivismo e a República. Revista da Faculdade de Direito, 
Universidade de São Paulo, n. 99. p. 3-33, 2004. 
Com base no excerto apresentado e seus conhecimentos sobre a correntepositivis-
ta, contextualize a influência do positivismo na Proclamação da República brasileira.
38
aprimore-se
Se, na experiência de minha formação, que deve ser permanente, começo por aceitar 
que o formador é o sujeito em relação a quem me considero o objeto por ele formado, 
me considero como um paciente que recebe os conhecimentos-conteúdos-acumula-
dos pelo sujeito que sabe e são a mim transferidos. Nesta forma de compreender e 
de viver o processo formador, eu, objeto agora, terei a possibilidade, amanhã, de me 
tornar o falso sujeito da “formação” do futuro objeto de meu ato formador. 
É preciso que, pelo contrário, desde os começos do processo, vá ficando cada 
vez mais claro que, embora diferentes entre si, quem forma se forma e re-forma ao 
formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado. É neste sentido que 
ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos nem formar é ação pela qual um 
sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Não há 
docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças 
que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina 
aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina ensina al-
guma coisa a alguém. Por isso é que, do ponto de vista gramatical, o verbo ensinar 
é um verbo transitivo-relativo. Verbo que pede um objeto direto - alguma coisa - e 
um objeto indireto - a alguém. Do ponto de vista democrático em que me situo, mas 
também do ponto de vista da radicalidade metafísica em que me coloco e de que 
decorre minha compreensão do homem e da mulher como seres históricos e inaca-
bados e sobre que se funda a minha inteligência do processo de conhecer, ensinar é 
algo mais que um verbo transitivo-relativo. Ensinar inexiste sem aprender e vice-ver-
sa e foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e homens descobri-
ram que era possível ensinar. Foi assim, socialmente aprendendo, que ao longo dos 
tempos mulheres e homens perceberam que era possível - depois, preciso - traba-
lhar maneiras, caminhos, métodos de ensinar. Aprender precedeu ensinar ou, em 
outras palavras, ensinar se diluía na experiência realmente fundante de aprender. 
Não temo dizer que inexiste validade do ensino de que não resulta um aprendizado 
em que o aprendiz não se tornou capaz de recriar ou de refazer o ensinado, em que 
o ensinado que não foi apreendido não pode realmente aprendido pelo aprendiz
Fonte: Freire (2019, p. 24-25).
39
eu recomendo!
Antropologia para quem não vai ser Antropólogo
Autor: Rafael José Dos Santos
Editora: Tomo Editorial
Sinopse: neste livro, o autor introduz a Antropologia para aque-
les que não se interessam em se tornar profissionais da área, 
mas que possuem a curiosidade de conhecer a disciplina e suas reflexões sobre 
a cultura e suas construções humanas. Com uma linguagem acessível, sem pecar 
com a simplificação das questões complexas do debate antropológico, Rafael José 
Dos Santos apresenta-nos os principais elementos da Antropologia.
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O que é Sociologia?
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Editora: Brasiliense
Sinopse: o título faz parte da Coleção Primeiros Passos da edito-
ra Brasiliense, o selo possui o objetivo de introduzir importantes 
temas das ciências humanas. Escrito por Carlos Benedito Martins, este livro con-
vida-nos a compreender como os diferentes posicionamentos teóricos da Socio-
logia podem ser compreendidos, debatendo a dimensão política dessa ciência 
quanto à sua relação com a sociedade.
livro
O menino e o mundo
Ano: 2014
Sinopse: em busca do pai, um menino deixa a sua casa em uma 
comunidade distante e se aventura pelo mundo descobrindo 
uma sociedade dominada por máquinas-bichos e seres estra-
nhos. A história toca-nos por se tratar de uma animação que retrata as questões 
do mundo moderno pelo olhar de uma criança. Por meio de cores e sons muito 
vivos, a história sensibiliza o nosso olhar sobre a relação, muitas vezes, custosa da 
humanidade com o mundo do trabalho e a lógica de produção capitalista.
filme
2
TEORIAS 
SOCIOLÓGICAS COMO
INSTRUMENTOS
para a educação
PROFESSORAS 
Me. Daiany Cris Silva
Me. Milena Cristina Belançon
PLANO DE ESTUDO 
A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • A educação enquanto fato social 
• A racionalização dos processos pedagógicos • Pensando a educação na sociedade de classes.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
• Compreender a concepção de sociedade para Émile Durkheim, a partir da visão do autor sobre a 
educação e a importância dos processos educativos na socialização dos indivíduos, tratando a escola 
enquanto instituição privilegiada de inserção do indivíduo no espaço público • Entender a concepção 
de sociedade para Max Weber e sua teoria em relação à burocratização da educação moderna, assim 
como seus ideais da relação entre educação e democracia. Com isso, compreender também a “neutra-
lidade” do professor para Weber • Analisar a concepção de sociedade para Karl Marx, compreendendo 
sua teoria sobre tópicos importantes para a educação, como, estratificação social, o papel da educação 
na construção da hegemonia e os limites da educação na sociedade capitalista.
INTRODUÇÃO
Prezado(a) estudante, na unidade anterior, tivemos um primeiro contato 
com as Ciências Sociais, conhecendo um pouco do surgimento da socio-
logia, a sua divisão posterior em antropologia, ciência política e sociolo-
gia. Tivemos contato, também, com a teoria positivista, tomando ciência 
de seu principal autor, Auguste Comte. Nesta unidade, portanto, daremos 
continuidade na busca pelo conhecimento das teorias sociológicas, desta-
cando seus principais autores e enfatizando as contribuições destes para a 
educação. Tendo em vista que o objeto da Sociologia é a sociedade, temas, 
como a educação, a escola, os alunos, a prática docente estão contidos nas 
teorias que aqui estudaremos.
Dividimos esta unidade em três tópicos e, em cada um deles, aborda-
remos as teorias e as concepções de três autores que são conhecidos como 
clássicos da Sociologia, ganhando, inclusive, o apelido de “três porquinhos”, 
são eles: Émile Durkheim, e a teoria do fato social; Max Weber, e sua vi-
são sobre a burocracia e racionalidade; e Karl Marx, que desenvolveu seu 
método crítico ao capitalismo e à sociedade de classes. Estes autores se 
destacaram por construírem teorias acerca da sociedade moderna que sur-
gia com o advento das novas formas de produção e o momento histórico 
da sociedade, deixando um legado de conhecimento que movimenta as 
Ciências Sociais até hoje.
Muitos estudiosos buscam deduzir da teoria social dos clássicos da 
sociologia elementos para pensar o processo educativo, e é isso que bus-
caremos fazer nesta unidade. Compete a nós, agora, explorar conceitos e 
concepções que nos auxiliarão a entender ainda mais a relação entre so-
ciologia e educação, pontuando sempre a necessidade de se levar em conta 
o contexto macro social e político. Bons estudos! Esperamos que seja uma 
boa jornada, vamos lá!
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A EDUCAÇÃO ENQUANTO
FATO SOCIAL
Estimado(a) estudante, nesta seção, trabalharemos com a perspectiva de Émile 
Durkheim (1858-1917) sobre a sociedade e a educação. Dessa forma, buscaremos 
desenhar uma breve biografia do autor para entender o contexto e o local de onde 
partiam suas análises e teorias. 
Émile Durkheim nasceu na Alsácia, França, em 1858. Suas obras mais conhe-
cidas são “O Suicídio”, “As regras do método sociológico” e “Da divisão do trabalho 
social”. Durkheim é conhecido como fundador da Sociologia Moderna, e, assim 
como Auguste Comte, fazia parte da corrente positivista.
Émile Durkheim presenciou o nascimento 
da Terceira República da França, que aconteceu 
em 1875, após acirradas lutas entre republica-
nos e monarquistas. Nesse contexto, a expansão 
do capitalismo industrial choca-se com uma 
tomada de consciência cada vez mais aguda das 
classes operárias, que passaram a se organizar

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