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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO 
Me. Paula de Freitas Denari 
GUIA DA 
DISCIPLINA 
 2021 
 
 
1 Leitura e Produção de Texto 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1. ESTRATÉGIAS PARA LER 
 
“A leitura do mundo precede a leitura da palavra. ” 
“Se for capaz de escrever minha palavra estarei, de certa forma transformando o mundo. ” 
“O ato de ler o mundo implica uma leitura dentro e fora de mim. Implica na relação que eu tenho com 
esse mundo”. 
Paulo Freire – 
 (Abertura do Congresso Brasileiro de Leitura 
 – Campinas, novembro de 1981). 
 
Objetivo 
Compreender a forma como lemos e quais as etapas no processo de compreensão 
de um texto. 
 
Introdução 
Muitas pessoas não conseguem entender aquilo que leem. Desconhecem que não 
compreendem um texto porque, na verdade, nem sabem o que é um texto efetivamente. 
São capazes de decodificar as palavras em sequência, mas não entendem o todo. Muitas 
até querem compreendê-lo, porém só são capazes de leituras superficiais, ou seja, não 
mergulham nas inúmeras camadas que permeiam um texto. 
 
De acordo com Solé (1998), poder ler, isto é, compreender e interpretar textos 
escritos de diversos tipos com diferentes intenções e objetivos contribui de forma decisiva 
para autonomia das pessoas, na medida em que a leitura é um instrumento necessário para 
que nos manejemos com certas garantias em uma sociedade letrada. 
 
A leitura é um processo que se movimenta entre o que se reconhece no texto e o 
que se expropria dele, revelando estratégias dinâmicas de produção de sentido que 
possibilitam as várias condições de interação entre sujeito e linguagem, deve então, ser 
entendida como habilidade fundante do ser humano, como prática social e como ato de co-
produção do texto. 
 
O sujeito faz uma leitura textual com todo seu ser e sua bagagem sociocultural, o 
leitor constitui-se, identifica-se e projeta-se no texto, aproximando-se e distanciando-se das 
ideias que o texto sugere, mesclando às suas ideias, as saliências textuais que lhe 
 
 
2 Leitura e Produção de Texto 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
sobressaem, o que lhe é permitido pela incompletude do texto, pelas lacunas deixadas pelo 
autor. 
 
Nessa relação que, a princípio parece-nos tão simples, há inúmeros fatores a ser 
considerado: o texto, o discurso, os interlocutores. Falaremos deles nas próximas aulas. 
Nesse momento, vamos centrar nossos estudos nas estratégias de leitura. Para isso, 
vamos fazer uma síntese do que é texto. Voltaremos a esse assunto mais adiante, nesse 
momento compreenda apenas o aspecto global desse conceito. 
 
1.1 Conceito de texto 
A palavra texto vem do latim textum que significa tecido, entrelaçamento. O texto 
seria então o resultado de uma combinação perfeita de “fios” (orações) tendo como 
resultado uma costura (texto propriamente dito). 
 
O conceito de texto varia nas muitas teorias que o tem como objeto de estudo porque 
parte de lugares diferentes. Assim sendo, podemos afirmar que não existe uma única 
definição sobre o que é um texto. A conceituação considera determindados aspectos sendo 
o principal o embasamento teórico de estudo. 
 
Texto em sentido lato, designa toda e qualquer manifestação da capacidade textual 
do ser humano (…) isto é, qualquer tipo de comunicação realizada através de um 
sistema de signos. (…) Em sentido estrito, o texto consiste em qualquer passagem, 
falada ou escrita, que forma um todo significativo, independente de sua extensão. 
Trata-se, pois de uma unidade de sentido, de um contínuo comunicativo contextual 
que se caracteriza por um conjunto de relações responsáveis pela tessitura do texto 
– os critérios ou padrões de textualidade, entre os quais merecem destaque especial 
a coesão e a coerência. (Fávero & Koch, 1994:25) 
 
 Para os autores, o conceito de texto envolve um ato comunicativo. Ou seja, um gesto, 
uma fotografia, são texto, já que comunicam. É importante compreender que para esses 
autores, o texto não é um objeto. É o processo que envolve interlocutores, sujeitos que 
participam do ato. 
 
(…) o texto deve ser visto como uma sequência de atos de linguagem (escritos e 
falados) e não uma sequência de frases de algum modo coesas. Com isto, entram, 
na análise do texto, tanto as condições gerais dos indivíduos como os conceitos 
institucionais de produção e recepção, uma vez que estes são responsáveis pelos 
processos de formação de sentidos comprometidos com processos sociais e 
configurações ideológicas.” (Marcuschi, 1983:22) 
 
 
3 Leitura e Produção de Texto 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
 Quero que você compreenda que, para esses autores da Linguística Textual, uma 
folha de papel com frases escritas, um livro, esses objetos isolados não são textos. O 
processo comunicativo de alguém que os produziu com alguém que os leu, isso é texto. De 
acordo com as teorias que seguimos. Mais para frente voltaremos a esse assunto. 
 
Por outro lado, segundo Platão e Fiorin (2000, p. 17), apesar de ser difícil definir o 
que é um texto, esses autores dão algumas características do que um texto deve 
apresentar. Para eles, um texto deve conter coerência de sentido, pois não podemos 
apenas disponibilizar algumas frases sem conectá-las adequadamente umas às outras. Ao 
utilizarmos os conectivos adequados estaremos interligando as orações e diminuiremos o 
risco de comprometer a ideia central do texto. 
 
Além disso, devemos levar em consideração não só o indivíduo que produziu 
determinado texto, mas também o ambiente em que ele está inserido. Esses fatores terão 
uma grande influência no resultado final do trabalho. 
 
 Vamos trabalhar com a ideia de que texto é uma forma de comunicação coerente 
dotada de sentido (que está ligada aos implícitos e pressupostos) e que possui um objetivo. 
Sendo assim, podemos considerar como texto: fábula, notícia, receitas, história em 
quadrinhos, entre outros, ou seja, adotamos a visão de que ao escrevermos, produzimos 
gêneros textuais específicos que cumprem funções comunicativas determinadas. 
Ressaltamos que existem os textos não verbais, tais como quadros, figuras, gráficos, 
gestos etc. 
 
 Nessa relação entre o texto e seu leitor, podemos ter diferentes buscas e propósitos. 
Por exemplo, você pode ler por prazer, para obter informações ou para completar uma 
tarefa. A técnica escolhida irá depender do objetivo da leitura. Scanning, skimming, e 
leituras críticas são diferentes estilos de leituras. Se você está procurando por informação, 
deve-se usar scanning para uma palavra específica. Se você está explorando ou revendo 
um documento deve usar a skimming. Muitos admitem que scanning e skimming não 
são estratégias de leitura e sim estratégias de pesquisa, mas é interessante oferecer 
estas explicações já que no curso você fará pesquisas. 
 
 
 
4 Leitura e Produção de Texto 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1.2 Etapas da leitura 
Como já dissemos, quando falamos em leitura nos referimos ao ato de ler e também 
à apreensão do conteúdo de um texto escrito. Perceba que ler não significa apenas 
decodificar as letras que compõem o texto, pois o processo de leitura para ser completo 
exige que se apreenda o conteúdo do texto, ou seja, é necessário captar, assimilar, 
compreender a mensagem do texto. 
 
Para melhor compreender o processo de leitura consideremos as etapas 
apresentadas por Cabral (1986), identificadas como: decodificação, compreensão, 
interpretação e retenção. A decodificação resulta do reconhecimento dos símbolos escritos 
e da sua ligação com os significados; a compreensão ocorre quando o leitor capta do texto 
a temática e as ideias principais; a interpretação é a fase de utilização crítica do leitor, o 
momento em que faz julgamentos sobre o que lê e a retenção é o que o leitor absorve do 
que compreendeu ou interpretou sobre o texto. Parasua melhor compreensão, observe o 
esquema abaixo: 
 
DECODIFICAÇÃO - Decodificar é ser capaz de entender os símbolos escritos, 
relacionando-os a seus devidos significados. Essa é ainda a fase primária da leitura, o 
importante é que o leitor conheça o código usado e consulte no dicionário os vocábulos 
desconhecidos. Por exemplo, quando estamos aprendendo um novo idioma, temos muita 
dificuldade em decodificar as palavras. 
COMPREENSÃO - Após a decodificação, o leitor passa pela fase de compreensão, 
na qual ele deve ser capaz de identificar o sentido global do texto, a estrutura (começo, 
meio e fim), gênero (receita, carta) e em que contexto (um programa de TV, uma aula) está 
inserido. O leitor deve entender o que o autor do texto que dizer, além de ser capaz de 
resumir em poucas palavras ou frases a ideia central do texto, ou que tipo de mensagem o 
texto transmite. Enfatiza-se nessa fase os aspectos explícitos no texto. 
INTERPRETAÇÃO - A interpretação é uma fase mais profunda do que a 
compreensão. Aqui é necessário que o leitor seja capaz de interagir com o texto. Além 
disso, é nessa fase que se apreende as informações que estão implícitas. Essa fase exige 
do leitor uma atitude mais crítica diante do texto. É a leitura dos “não-ditos”, dos aspectos 
de manipulação e idologias. É preciso que consigamos nos posicionar diante do texto, 
concordando ou não com ele, e sabendo argumentar por que concordamos ou não. Na 
interpretação nem sempre é possível que se marque no texto o que se quer dizer sobre ele, 
 
 
5 Leitura e Produção de Texto 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
exigindo que o interpretemos e o expliquemos com nossas palavras, por se tratar de algo 
que muitas vezes está implícito. 
RETENÇÃO - A última fase da leitura é a retenção. É importante você não confundir 
reter com memorizar. A fase de retenção exige que o leitor, após a leitura ou leituras do 
texto, seja capaz de reter as informações, conhecimentos ou ensinamentos apresentados. 
Essa retenção, porém, é ativa. Portanto o leitor deve ser capaz de assimilar o novo 
conteúdo apreendido a conhecimentos prévios. Outro fator importante é a aplicação daquilo 
que se reteve em outros contextos. Portanto, a retenção é a fase em que se assimila, 
relaciona, compara e aplica o conteúdo do texto lido 
 
1.3 Técnicas de leitura 
Scanning 
Em português, é a habilidade de leitura em alta velocidade e ajuda o leitor a obter 
informação de um texto sem ler cada palavra. É uma rápida visualização do texto como um 
scanner faz quando, rapidamente, lê a informação contida naquele espaço. Scanning 
envolve mover os olhos de cima para baixo na página, procurando palavras chaves, frases 
específicas ou ideias, muitas vezes correndo o dedo em diagonal de cima para baixo, da 
esquerda para direita numa página. Ao realizar o scanning procure verificar se o autor fez 
uso de organizadores no texto, como: números, letras, passos ou as palavras primeiro, 
segundo... procure por palavras em negrito, itálico, tamanhos de fontes ou cores 
diferentes. O processo de scanning é muito útil para encontrar informações específicas de, 
por exemplo, um número de telefone numa lista, uma palavra num dicionário, uma data de 
nascimento, ou de falecimento numa biografia, um endereço ou a fonte para a resposta de 
uma determinada pergunta sua. Após “escanear” o documento, você deve usar a técnica 
de skimming. 
 
Skimming 
O uso do skimming é frequente quando a pessoa tem muito material para ler em 
pouco tempo. Geralmente a leitura no skimming é realizada com a velocidade de três a 
quatro vezes maior que a leitura normal. Diferentemente do scanning, skimming é mais 
abrangente; exige conhecimento de organização de texto, a percepção de “dicas” de 
vocabulário, habilidade para inferir ideias e outras habilidades de leitura mais avançadas. 
Existem muitas estratégias que podem ser usadas ao realizar o skimming. Algumas 
 
 
6 Leitura e Produção de Texto 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
pessoas leem o primeiro e o último parágrafo usando títulos, sumários e outros 
organizadores à medida que leem a página ou a tela do monitor. Você pode ler o título, 
subtítulo, cabeçalhos e ilustrações. Considere ler somente a primeira sentença de cada 
parágrafo. Esta técnica é útil quando você está procurando uma informação especifica em 
vez de ler para compreender, quando você sabe o que está procurando. Skimming funciona 
bem para achar datas, nomes, lugares e para revisar figuras e tabelas. Use skimming para 
encontrar a ideia principal do texto e ver se um artigo pode ser de interesse em sua 
pesquisa. E também para localizar conceitos, exemplos e citações. 
 
Para ser atingida a compreensão do texto lido, depende-se: da capacidade do leitor 
em relacionar ideias, estabelecer referências, fazer inferências1 ou deduções lógicas, achar 
palavras que sinalizam ideias, além da percepção de elementos que colaborem na 
compreensão de palavras, como os prefixos e sufixos e não simplesmente, como muitos 
acreditam, o conhecimento de vocabulário, ou seja, só o conhecimento de vocabulário é 
insuficiente para compreender um texto. Como a leitura é um processo, para ler de forma 
mais ativa, rápida e, desse modo, mais efetiva, procure: 
1. Quebrar o hábito de ler palavra por palavra; 
2. Usar seu conhecimento prévio sobre o assunto e caso não o tenha pesquise um 
pouco antes de ler 
3. Dominar as estratégias que fortalecerão este processo; 
4. Prestar atenção ao contexto em que o texto está inserido; 
5. Fortalecer as estruturas gramaticais que sustentam a formulação das ideias 
apresentadas) mecanismos de coesão e coerência. 
 
Por fim, volto a lembrar que para vencer o cansaço, ou possível monotonia de leitura 
de um livro é deixar-se raptar pela leitura. Melhor explicando é interagir com ela, dialogar 
com ela. Enfim, é envolver-se e para se ter tal sensação/ ilusão pode-se experimentar duas 
outras estratégias. 
 
Outras estratégias de leitura 
Prever o conteúdo de um texto é a primeira coisa a fazer antes de começar a leitura 
do texto. É possível, muitas vezes, antecipar ou prever o conteúdo de um texto, através do 
 
 
 
 
7 Leitura e Produção de Texto 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
título, de um subtítulo, gráfico ou figura incluídos. O título, quando bem escolhido, identifica 
o assunto do texto. 
 
Também aconselho você a elaborar protocolos de leitura para garantir uma base 
de compreensão, pois os protocolos além de se constituírem uma estratégia valiosa pode 
ser também uma forma de incentivo para que se anote, às margens do texto ou na janela 
de comentários, perguntas, ideias ou outras marcas que auxiliem a retomada do texto. Ao 
ler, não se anda só para frente. Muitas vezes precisamos retomar dados anteriores para os 
relacionarmos com novas informações ou relembrar o que pode ter sido esquecido e mais 
ainda trocarmos: a suposição feita num protocolo anterior que foi destruído depois com uma 
releitura. Protocolo é um instrumento usado pelo interlocutor (leitor) que tem como objetivo 
definir quais interpretações são as corretas e também para o leitor conferir se está usando 
o texto de forma adequada há dois tipos de protocolos: o primeiro refere-se aos elementos 
determinados pelo autor conforme suas intenções. Por exemplo, quando ele usa itálicos, 
títulos ou negritos para chamar a atenção do leitor para algo que julga importante. São 
também protocolos: ilustrações que dialogam com o texto, a disposição do material, as 
fontes e as subdivisões do texto. 
 
Outro tipo de protocolo de leitura encontra-se na própria matéria tipográfica que é de 
responsabilidade do editor. Podem ser notas de rodapé, orelhas e capas. 
 
 A estratégia de inferência permite perceber o que não está sendo dito pelo texto de 
forma clara. A inferência é aquilo que lemos, mas não está escrito.São adivinhações, 
baseadas tanto em pistas dadas pelo texto como em conhecimentos prévios. Às vezes as 
inferências se confirmam, às vezes não. Não importa acertar e sim fazer a inferência, 
dialogar com o texto. Um fato é certo: inferências não são “chutes”, ou melhor dizendo, não 
são adivinhações guiadas pela sorte. Inferência é uma estratégia a ser empregada com 
muita ética. Quando vejo alguém com o rosto vermelho, um pouco inchado, posso inferir 
que a pessoa chorou. 
 
Falaremos mais sobre inferência em outro momento, por hora é importante ressaltar 
que o hábito de leitura se constrói. Como já disse, ler é tão complexo que exige não apenas 
aspectos cognativos, como também físico. Por isso, assim como você se esforça para ir à 
academia e exercitar os músculos, faça o mesmo com seu cérebro e mantenha a leitura 
como rotina diária. Se ela ainda não faz parte do seu dia a dia, comece com textos mais 
 
 
8 Leitura e Produção de Texto 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
agradáveis ao seu estilo e mais curtos. Finalmente, deixe-se atrair pelo universo 
apaixonante das palavras. 
 
 
 
FIORIN, José Luiz, PLATÃO, Francisco. Para entender um texto- leitura e 
redação. SP: Ática, 16ª Ed. 
 BORTOLLETO, Galaor "TÉCNICAS DE LEITURA: SKIMMING E SCANNING" 
ww.galaor.com.br acesso em 13 de fevereiro 2016 
BERNÁRDEZ, Enrique. Introdución a la lingüística del texto. Madrid: Espasa-
Calpe, 1982. 
FÁVERO, Leonor L.; KOCH, Ingedore G. V. Línguística textual:uma 
introdução.São Paulo: Cortez, 1994. 
KOCH, Ingedore; TRAVAGLIA, Luiz C. Texto e coerência.São Paulo: Cortez, 1992. 
MARCUSCHI, Luiz A. Linguística textual: o que é e como se faz. Recife, UFPE. 
Séries DEBATES.V1, 1983. 
VAL, M. G. Costa. Redação e textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1991. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 Leitura e Produção de Texto 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
2. A LEITURA DE DIFERENTES LINGUAGENS. 
 
Ler não é decifrar, escrever não é copiar. 
Emilia Ferreiro 
 
Objetivos 
Apresentar as diferentes linguagens. Refletir sobre a área de conhecimento: 
“Linguagens, Códigos e suas Tecnologias”. Compreender que a palavra “Linguagens” 
abarca não só a nossa língua materna como as línguas estrangeiras. Diferenciar a 
linguagem verbal, mas a musical, a gestual, a corporal, a literária, a plástica. 
 
Introdução 
A sociedade contemporânea exige o letramento. Vivemos imersos em imagens, 
fotografias, letreiros, manchetes de jornais, placas de rua, sinais de trânsito, cartões de 
crédito, cheques, notas fiscais, documentos, rótulos, revistas, livros, entre outros. 
 
Somos leitores em tempo integral, mas não lemos do mesmo jeito os diferentes 
textos que se apresentam e nem todos têm acesso ao letramento necessário para utilizar 
a leitura no enfrentamento aos desafios da vida em sociedade e fazer uso do conhecimento 
adquirido para continuar aprendendo e se desenvolvendo ao longo da vida. 
 
É papel da escola fornecer aos estudantes, através da leitura, os instrumentos 
necessários para que eles consigam buscar, analisar, selecionar, relacionar, organizar as 
informações complexas do mundo contemporâneo e exercer a cidadania. 
 
No entanto, deparamos no dia a dia escolar com alunos que não gostam de ler ou 
que dizem não entender o que leram, ou ainda, que apenas conseguem indicar informações 
presentes no texto, não é este o letramento necessário para o exercício da cidadania e para 
o combate aos desafios da vida. 
 
Por outro lado, as pesquisas atuais de educação apontam que fragmentar o 
conhecimento em professores diferentes, horários diferentes, e conteúdos igualmente 
fracionados, em nada contribui positivamente para a aprendizagem. Tanto que conceitos 
como interdisciplinaridade, temas transversais e áreas de conhecimento começaram a 
integrar, desde 1997, elementos do Sistema Nacional da Educação para os 16 anos de 
 
 
10 Leitura e Produção de Texto 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Educação Básica. Já está superada a discussão sobre a necessidade da apresentação dos 
saberes de forma integrada e contextualizada. 
 
A própria BNCC também aponta a necessidade de ser pensar o texto como um 
constructo multiosemiótico. 
 
As práticas de linguagem contemporâneas não só envolvem novos gêneros e textos 
cada vez mais multissemióticos e multimidiáticos, como também novas formas de 
produzir, de configurar, de disponibilizar, de replicar e de interagir. As novas 
ferramentas de edição de textos, áudios, fotos, vídeos tornam acessíveis a qualquer 
um a produção e disponibilização de textos multissemióticos nas redes sociais e 
outros ambientes da Web. (BNCC p. 68) 
 
Acredito, porém, que apesar de todas essas reflexões acerca da escola e do processo 
de leitura, muitos de vocês, estudantes do ensino superior ainda encontram enormes 
dificuldades em ler com autonomia, compreendendo as várias camadas de um texto. 
 
Na aula anterior, conversamos um pouco sobre as possíveis definições de texto e 
sobre algumas estratégias de leitura, vamos agora, compreender um pouco mais sobre 
esse nosso objeto de estudo: o texto e algumas ciências em torno dele. 
 
2.1. Em primeiro lugar, o que é linguagem? 
A linguagem é considerada como a capacidade humana de articular significados 
coletivos e compartilhá-los, em sistemas arbitrários2 de representação, que variam de 
acordo com as necessidades e experiências da vida em sociedade. A principal razão de 
qualquer ato de linguagem é a produção de sentido. 
 
A linguagem é uma herança social, uma “realidade primeira”, que, uma vez 
assimilada, envolve os indivíduos e faz com que as estruturas mentais, emocionais e 
perceptivas sejam reguladas pelo seu simbolismo. A compreensão da arbitrariedade da 
linguagem pode permitir aos falantes a problematização dos modos de “ver a si mesmos e 
ao mundo”, das categorias de pensamento, das classificações que são assimiladas como 
dados indiscutíveis. 
 
2Arbitrariedade do signo linguístico é dizer que as palavras não se inspiram nas coisas que elas representam e sim há um 
acordo entre membros de uma comunidade linguística para nomearem as coisas com um determinado signo que se 
consagra com o passar o tempo 
 
 
11 Leitura e Produção de Texto 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
A linguagem permeia o conhecimento e as formas de conhecer, o pensamento e as 
formas de pensar, a comunicação e os modos de comunicar, a ação e os modos de agir. 
Ela é a “roda” inventada, que movimenta o homem e é movimentada pelo homem. Produto 
e produção cultural, nascida por força das práticas sociais, a linguagem é humana e, tal 
como o homem, destaca-se pelo seu caráter criativo, contraditório, pluridimensional, 
múltiplo e singular. 
 
Não há linguagem no vazio, seu grande objetivo é a interação, a comunicação com 
o outro, dentro de um espaço social, como, por exemplo, a língua, produto humano e social 
que organiza e ordena de forma articulada3 os dados das experiências comuns aos 
membros de determinada comunidade linguística. 
 
Observe como se deu o processo da criação no caso de palavras novas que foram 
introduzidas no mundo, em diferentes línguas, para dar conta da necessidade de nomear 
objetos recém-criados. 
 
Mouse (rato) foi empregada para o equipamento de informática por haver uma 
semelhança entre o aparelho e o animal. Neste caso houve entre os falantes da língua 
inglesa uma criação de palavra de forma motivada – que é o caso oposto da arbitrariedade. 
Mas quando essa palavra chegou entre os falantes de língua portuguesa houve uma 
diferença quanto ao combinado social para a designação do aparelho. Em Portugal, eles 
chamam de RATO e no Brasil, optamos por adotar o termo inglês MOUSE – que passou a 
fazer parte do léxico da língua Portuguesa como um estrangeirismo da mesma forma que 
chofer (do francês) e pizza (italiano).No campo dos sistemas de linguagem, podemos delimitar a linguagem verbal e não 
verbal e seus cruzamentos verbo-visuais, audiovisuais, áudio-verbo-visuais etc. A estrutura 
simbólica da comunicação visual e/ou gestual como da verbal constitui sistemas arbitrários 
de sentido e comunicação. A organização do espaço social, as ações dos agentes coletivos, 
 
3Forma articulada. A língua é constituída de unidades mínimas de significado, por exemplo a sílaba DOR, que anexada 
ao substantivo TRABALHO passa significar “o ser que trabalha”. O DOR pode se combinar com OPERAÇÂO, com 
INSTRUÇÃO ETC. Veja o A e o O que podem significar o Gênero feminino ou masculino quando usados ao final dos 
nomes. 
 
 
12 Leitura e Produção de Texto 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
normas, os costumes, rituais e comportamentos institucionais influem e são influenciados 
na e pela linguagem, que se mostra produto e produtora da cultura e da comunicação social. 
 
Podemos assim falar em linguagens que se confrontam, nas práticas sociais e na 
história, e fazem com que a circulação de sentidos produza formas sensoriais e cognitivas 
diferenciadas. Por exemplo, as artes visuais que se expressam com a ajuda a tecnologia 
virtual. 
 
2.2. Linguagem Verbal e Não Verbal 
No âmbito histórico-social, a linguagem é a responsável pela interação e a 
constituição dos sujeitos. Assim, os sujeitos constituem-se pela apropriação dos signos 
presentes nas interações verbais e não-verbais, de que participam. 
2.2.1 Linguagem Verbal 
 Através da palavra, defino-me em relação ao outro, isto é, em última análise em 
relação à coletividade. A palavra é uma espécie de ponte lançada entre mim e os outros. 
Se ela se apoia sobre mim numa extremidade, na outra apoia-se sobre o meu interlocutor. 
A palavra é território comum do locutor e do interlocutor. (BAKHTIN, 2007, p.113). 
 
 
 
 
 
 
INTERLOCUTORES 
RECEPTORES 
 
O termo “verbal” tem origem no latim “verbale”, proveniente de “verbu”, que quer 
dizer palavra. Linguagem verbal é, portanto, aquela que tem por unidade a palavra (oral ou 
escrita). Entre a linguagem oral e a escrita há diferenças, mas não uma oposição rígida. 
 
Nessa perspectiva, peço que leia o que diz Manosso (2008), quando afirma que: 
 
Não existem motivos convincentes para justificar o desprezo a uma modalidade de 
LOCUTOR 
EMISSOR 
 
 
13 Leitura e Produção de Texto 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
expressão em favor da outra. Cada uma delas tem sua relevância cultural, social e 
histórica. Ambas desempenham funções importantes em sociedade e se articulam 
em um sistema integrado de trocas contínuas. 
 
Desta forma concluímos que podemos ser a favor da valorização das duas 
modalidades da linguagem verbal oral e escrita, no processo de interação entre os sujeitos. 
Serão as circunstâncias da interação que determinarão a eficácia ou não de uma ou de 
outra. 
 
2.2.2 Linguagem não verbal 
A linguagem não verbal utiliza qualquer código que não seja a palavra, como a 
música, que tem o som por sinal; a dança, que tem o movimento por sinal; a mímica, que 
tem o gesto por sinal; a pintura, a fotografia e a escultura, que têm a imagem por sinal etc. 
 
O fato é que vivemos num mundo que fala por imagens e que influenciam de forma 
marcante a leitura que dele fazemos. 
 
2.2.3 Linguagem verbal e linguagem não verbal ou linguagem mista. 
No contexto atual percebemos que as interações sociais são marcadas pelo 
entrelaçamento entre o desenho, a fotografia, a ilustração, a figura, os sons, o movimento 
e os textos verbais. Assim, podemos dizer que essas linguagens são mistas. 
 
Um exemplo dessa fusão de linguagens é o protesto do grupo ecologista 
Greenpeace contra o desmatamento da Amazônia: 
 
 
 
 
 
14 Leitura e Produção de Texto 
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Usando o próprio espaço da floresta e do campo cultivado pelo agronegócio o Green 
Peace imita com a imagem um outro símbolo: a nossa bandeira. Sobre esse fundo tão 
significativo, há sobrepostos dois textos. “Cadê a floresta que estava aqui? Que é um jogo 
infantil e inocente com a resposta parodiada do ”Gato Comeu” pela frase “a Soja comeu” 
inscrita na faixa do lema nacional “ Ordem e Progresso”. 
 
Veja que a intenção do protesto ganha um grande apelo de comunicação por criticar 
o desmatamento da floresta. 
 
Já que cada vez mais empregamos a linguagem não verbal, pode-se dizer que entre 
ela e a linguagem verbal existe integração e influência recíproca. Há, pois, um diálogo entre 
as diferentes linguagens, e com isso as interações comunicativas se tornam mais fortes e 
complexas em suas formas de expressão (produção) e leitura (recepção). 
 
 
 
 
FIORIN, José Luiz, PLATÃO, Francisco. Para entender um texto- leitura e 
redação. SP: Ática, 16ª Ed. 
 BERNÁRDEZ, Enrique. Introdución a la lingüística del texto. Madrid: Espasa-
Calpe, 1982. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 Leitura e Produção de Texto 
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3. O DISCURSO E O TEXTO 
 
Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos 
serão incapazes de escrever – inclusive a sua própria história. 
Bill Gates 
 
Objetivo 
Identificar as marcas ideológicas de um texto. Diferenciar os conceitos de discurso e 
texto. Analisar a interlocução textual. Refletir sobre o ensino a partir do texto e do discurso. 
 
Introdução 
Nós produzimos e lemos textos em diferentes contextos cotidianos. Como dissemos 
nas outras aulas, eles são fundamentais na nossa relação social. Por outro lado, é 
importante uma reflexão: será que na comparação entre dois gêneros, teremos dois textos 
iguais? O que pode diferenciar um gênero dentre dele mesmo? 
 
3.1. Discurso e ensino – Análise diacrônica 
Hoje é quase consensual que o ensino da língua deve estar centrado no texto. Se a 
década de 60 foi marcada pela discussão da linguística no ambiente escolar, a década de 
80 trouxe um conjunto de obras que colocaram o texto como pretexto para a reflexão das 
formas gramaticais. No entanto, para muitos pesquisadores, esse estudo do texto ainda 
não atingiu uma dimensão discursiva em que haja uma concepção sociointeracionista 
voltada a interlocução. 
 
Neste tipo de abordagem, é preciso o olhar para cada texto de forma diferenciada, 
reconhecendo que há formas múltiplas de textualização. Neste aspecto, a compreensão da 
noção de gênero é fundamental. Mais ainda, o entendimento de que o conceito de gênero 
perpassa as diferentes épocas e ciências. A princípio, ele era estudo da poética, porém a 
pesquisa em textos sociais diferentes dos literários (notícias, receitas, bilhetes) transpôs 
esse estudo para a Linguística. 
 
Essa necessidade de classificação teve por objetivo organizar tamanha 
heterogeneidade textual presente em nossa sociedade e, assim, melhor compreendê-los. 
Da mesma forma, podemos pensar como surgiu a classificação dos discursos. Essa 
https://pensador.uol.com.br/autor/bill_gates/
 
 
16 Leitura e Produção de Texto 
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classificação teve uma ancoragem forte em um grupo de pesquisadores chamados 
Estruturalistas e, depois, os formalistas russos. 
 
Vamos começar nossos estudos, diferenciando gêneros e tipos textuais. 
 
3.2. Tipos e gêneros textuais 
Chamamos de tipos textuais o grupo de enunciados organizados em uma estrutura 
definida, facilmente reconhecida por suas características principais. Podem variar entre 
cinco e nove tipos. Os mais estudados são a narração, a argumentação, a descrição, a 
injunção e a exposição. 
 
Diferente do que acontece com os gêneros textuais, a tipologia textual, apresenta 
propriedades linguísticas específicas, tais como o vocabulário, relações lógicas, tempos 
verbais e construções frasais. Os gêneros surgempor mudanças sócio históricas e pela 
necessidade dos falantes em um dado contexto cultural. Por outro lado, enquanto os tipos 
já estão definidos, prontos para receberem os diversos gêneros em sua estrutura. 
 
Abaixo observamos um esquema, um contínuo dos gêneros textuais da fala e da 
escrita. É interessante observar a enorme variedade desses textos em nossas vidas. E 
como eles nos inserem na sociedade. 
 
 
 
17 Leitura e Produção de Texto 
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[Marcushi, 2001, p. 41] 
 
Para apreender muitos destes gêneros, somos exigidos em nossa competência 
leitora. Afinal, existem diferentes estilos de leituras para diferentes situações. Não lemos da 
mesma maneira as páginas na internet, os romances ou os manuais. Mesmo gêneros 
próximos como revistas e jornais exigem estratégias de leitura diferentes. Por esta razão, 
leitores eficientes e efetivos aprendem a usar muitos estilos de leitura para diferentes 
propósitos. 
 
Os gêneros textuais são “maleáveis”, ou seja, são criados e utilizados de acordo 
com a necessidade de comunicação do indivíduo. O avanço da tecnologia tem sido um 
grande aliado na criação de diversos gêneros. Encontramos os gêneros textuais em 
diversas situações que envolvam algum tipo de comunicação em nosso cotidiano. Sendo 
assim, são gêneros textuais: carta, receita, e mail, piada, anúncio publicitário, charge, 
poema, bilhete, artigo científico, entre, literalmente, uma infinidade de outros textos. 
 
Os gêneros textuais funcionam como paradigmas porque nos oferecem modelos de 
comunicação para que esta seja eficaz, não só verbalmente como também através da 
produção escrita. Ao produzir um texto, optamos também pela melhor forma de transmitir a 
 
 
18 Leitura e Produção de Texto 
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mensagem. Se alguém pretende se comunicar com uma pessoa que mora longe e não tem 
acesso a meios eletrônicos, poderá utilizar o gênero carta para transmitir sua mensagem. 
Ele utilizará uma determinada estrutura (tipo textual) que se apresentará em forma de 
gênero (a carta em si), a qual requer um destinatário, um remetente, data, local, corpo do 
texto e assinatura. Porém, se essa carta não for assinada por alguma razão, por exemplo, 
não deixará de ser uma carta, nem mesmo deixará sua função de comunicação. 
(MARCUSCHI, 2010) 
 
Sendo assim podemos reafirmar que cada gênero textual pode conter vários tipos, 
ou seja, o gênero é a funcionalidade do tipo textual dentro da comunicação 
 
3.3 As tipologias enunciativas 
As tipologias enunciativas estão fundadas nas diferentes formas da presença das 
marcas da enunciação no discurso, seja nos interlocutores, no lugar ou no tempo da 
enunciação. Um bom exemplo, nos é trazido por Benveniste (1966) que traz uma didática 
explicação sobre a diferença entre enunciação histórica e discurso. 
 
Para ele, enunciação histórica: 
 
Trata-se da apresentação dos fatos sobrevindos a um certo momento do tempo, 
sem nenhuma intervenção do locutor na narrativa [...]. Definiremos a narrativa 
histórica como o modo de enunciação que exclui toda forma linguística 
“autobiográfica”. O historiador não dirá jamais eu nem tu nem aqui nem agora, 
porque não tomará jamais o aparelho formal do discurso que consiste em primeiro 
lugar na relação de pessoa eu: tu. Assim na narrativa histórica estritamente 
desenvolvida, só se verificarão formas de terceira pessoa. 
 
Podemos perceber que para Benveniste, o discurso é marcado pela subjetividade 
(sujeito da enunciação) 
 
Já para Mikhail Bakhtin, nenhum discurso é original. Toda palavra é uma resposta à 
palavra do outro, todos discurso reflete e refrata outros discursos. Assim, sempre devemos 
analisar uma linha teórica quando fazemos determinados estudos. De maneira geral, 
podemos analisar o discurso a partir da situação comunicativa e sua relação com outros 
elementos que também auxiliam na construção de sentido. Ou seja, 
 
 
 
19 Leitura e Produção de Texto 
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DISCURSO: atividade comunicativa – constituída de texto e contexto discursivo (quem fala, 
com quem fala, com que finalidade etc.) – capaz de gerar sentido desenvolvida entre 
interlocutores (sujeitos). 
 
3.4 As marcas ideológicas dos textos 
O texto, como uma atividade discursiva, apresenta diversas marcas ideológicas. 
Ideologia é um sistema de ideias (crenças, tradições, princípios e mitos) interdependentes, 
sustentadas por um grupo social de qualquer natureza ou dimensão, as quais refletem, 
racionalizam e defendem os próprios interesses e compromissos institucionais, sejam estes 
morais, religiosos, políticos ou econômicos. 
 
Como seres humanos, recorremos à linguagem para expressar nossos sentimentos, 
opiniões, desejos. É por meio dela que interpretamos a realidade que nos cerca. Essa 
interpretação, porém, não é totalmente livre. Ela vem carregada de nossa formação 
ideológica. Logo, há uma clara relação entre o discurso e a ideologia. Todo discurso vem 
carregado de ideologias. Elas não são necessariamente intrínsecas, mas relacionam-se ao 
ambiente e até a época em que tal discurso foi produzido. 
 
Podemos refletir, por exemplo, sobre as propagandas de cerveja. Vemos a tentativa 
das grandes empresas em rever sua antiga conduta. Hoje, a ascensão do feminismo vem 
combatendo o estereótipo imposto de mulher objeto que tais propagandas difundiam. 
 
3.5. Formação ideológica e formação discursiva 
Vimos que, por meio da linguagem, explicitamos nossa visão do mundo. No uso que 
fazemos da linguagem, encontramos as pistas de formação ideológica. 
 
A linguagem é, portanto, a materialização da nossa ideologia. Textos que reforçam 
a imagem de que somente a mulher cuida da casa, expõe ainda a desigualdade presente 
na nossa sociedade. 
 
 
 
FIORIN, José Luiz, PLATÃO, Francisco. Para entender um texto- leitura e 
redação. SP: Ática, 16ª Ed. 
 MARCUSCHI, Luiz A. Linguística textual: o que é e como se faz. Recife, UFPE. 
Séries DEBATES.V1, 1983. 
 
 
20 Leitura e Produção de Texto 
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4. CARACTERÍSTICAS DE UM TEXTO: COESÃO E COERÊNCIA 
 
“– Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para ir embora daqui?– Isso depende muito 
de para onde quer ir – respondeu o Gato. 
– Para mim, acho que tanto faz… – disse a menina. 
– Nesse caso, qualquer caminho serve – afirmou o Gato.” 
Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll 
 
Objetivo 
Identificar os elementos que compõe a textualidade. Diferenciar os conceitos de 
coesão e coerência. Analisar a unidade textual. Refletir sobre a intertextualidade 
 
Introdução 
Ao longo de nossas primeiras aulas, vimos o que é leitura de mundo e leitura de 
textos verbais e não verbais. Também estudamos as várias possibilidades de leitura, desde 
a mais superfi cial até a leitura mais interpretativa, mais crítica. Assim como observamos a 
diversidade da língua portuguesa. Conhecemos os vários tipos de texto e observamos 
como vamos construindo novos textos à medida que lemos e relacionamos o nosso 
conhecimento de mundo e os diferentes textos lidos. 
 
Nessa aula, vamos nos centrar na tessitura, nos elementos que garantem a 
textualidade, sendo dois deles fundamentais: a coesão e a coerência. Há autores que 
distinguem dois níveis de análise, correspondendo a coesão e coerência, embora a 
terminologia possa ser diferente; outros não distinguem, e outros ou fazem referência a 
apenas um desses fenômenos ou estudam vários de seus aspectos sem qualquer rotulação 
 
4.1. O texto 
Compreu um carro, está sol, falta sal na comida. Minha filha saiu sem meia. 
 
Você entendeu o texto anterior? Certamente ele não fez sentido. Isso aconteceu 
porque as idéias ali expostas não estão relacionadas entre si, causando a falta de sentido. 
Para que isso não ocorra nos textos produzidospor você, apresentaremos agora, além dos 
conceitos, alguns recursos que asseguram a coesão e a coerência. 
 
A palavra é o maior instrumento de comunicação criado pelo ser humano, mas para 
comunicar ela precisa estar ligada a outras palavras, formando o discurso. É sobre essa 
 
 
21 Leitura e Produção de Texto 
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ligação que nós vamos falar nesta aula. A ligação entre as palavras é o que denominamos 
sintaxe da língua. Essa sintaxe ocorre tanto entre palavra e palavra, em um enunciado, 
quanto entre oração e oração, formando textos maiores. A essa conectividade do discurso, 
denominamos coesão. Assim, uma das propriedades que distinguem um texto de um 
amontoado de palavras ou frases, como o exemplo dado acima, é a relação que se 
estabelece entre as palavras e entre as frases. 
 
Nunca é demais lembrar alguns conceitos que já vimos nas aulas anteriores. O termo 
“texto” pode ser tomado em duas acepções: 
 
“texto em sentido amplo, designando toda e qualquer manifestação da capacidade 
textual do ser humano (uma música, um filme, uma escultura, um poema etc.), e, 
em se tratando de linguagem verbal, temos o discurso, atividade comunicativa de 
um sujeito, numa situação de comunicação dada, englobando o conjunto de 
enunciados produzidos pelo locutor (ou pelo locutor e interlocutor, no caso dos 
diálogos) e o evento de sua enunciação” 
(Fávero e Koch, 1983, p. 25). 
 
O discurso é manifestado, linguísticamente, por meio de textos (em sentido estrito), 
O texto consiste, então, em qual quer passagem falada ou escrita que forma um todo 
significativo independente de sua extensão. Trata-se, pois, de um contínuo comunicativo 
contextual caracterizado pelos fatores de textualidade. Entre eles, coesão e coerência. 
 
4.2. Coesão 
Hailiday e Hasan (1976) afirmam que o que permite determinar se uma série de 
sentenças constitui ou não um texto são as relações coesivas com e entre as sentenças, 
que criam a textura. “Um texto tem uma textura e é isto que o distingue de um não texto. O 
texto é formado pela relação semântica de coesão” (p. 2). 
 
A coesão diz respeito à ligação, à relação, à conexão entre as palavras de um texto, 
por meio de elementos formais, que assinalam o vínculo entre os seus componentes. 
Quando construímos um texto falado ou escrito, usamos alguns mecanismos que a língua 
nos oferece para garantir a compreensão do nosso leitor/ouvinte. 
 
A coesão é uma espécie de costura. Assim, seja inter-relacionando orações, 
períodos, parágrafos ou, ainda, segmentos maiores − como um parágrafo final conclusivo 
que se articula a todos os parágrafos antecedentes, ou até mesmo a articulação de 
 
 
22 Leitura e Produção de Texto 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
capítulos entre si − os mecanismos coesivos estabelecem um entrelaçamento na superfície 
textual. 
 
Além disso, se bem utilizada, a coesão contribui de forma decisiva para que o tema 
tratado se mantenha ao mesmo tempo em que progride, acabando por se tornar um dos 
recursos responsáveis pela coerência textual. Observe os exemplos abaixo. 
I. Acordei atrasado. Não tomei café. Meu dia foi ruim. 
II. Acordei atrasado, com isso não tomei café. Por essa razão meu dia foi ruim. 
 
Na sentença I, não há qualquer tipo de ligação entre as sentenças. Há apenas um 
amontoado de frases em sequência. Na sentença II, foram usados termos que conectam 
as frases, estabelecendo entre entre elas uma relação, uma unidade. Assim, dizemos que 
o texto II apresenta elementos de coesão. 
 
Existem diversas perspectivas de análise dos mecanismos de coesão. Vilela e Koch 
(2001), por exemplo, dividem os mecanismos coesivos em duas categorias básicas: os 
mecanismos de coesão referencial e os de coesão sequencial. 
 
A coesão referencial, como os próprios autores explicam, ocorre por meio do uso 
de certos itens na língua que têm a função de estabelecer referência. Isto é, elementos que 
não são interpretados semanticamente por seu sentido próprio, mas fazem referência a 
alguma coisa necessária a sua interpretação. “A referência constitui um primeiro grau de 
abstração: o leitor/alocutário relaciona determinado signo a um objeto tal como ele o 
percebe dentro da cultura em que vive.” Os autores citam como exemplo: 
 
 Machado de Assis = nosso maior escritor = Mestre = ele = bruxo de Cosme Velho. 
 
Coesão referencial 
- por substituição: usos de pronomes, numerais, artigos, elementos de conexão 
ou expressões de síntese e elipse 
- por reiteração: sinonímia, repetição, expressões equivalentes 
 
Os mecanismos de coesão seqüencial strictu sensu (porque toda coesão é, num 
certo sentido, sequencial) são os que têm por função, da mesma forma que os de 
recorrência, fazer progredir o texto, fazer caminhar o fluxo informacional. A coesão 
 
 
23 Leitura e Produção de Texto 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
sequencial se caracteriza pela possibilidade de tornar mais clara a progressão do tema do 
texto. 
 
Resumindo, trata-se da coesão entre as diversas sequências do texto, ou seja, entre 
orações, períodos e parágrafos. Essas sequências precisam ser relacionadas por meio de 
expressões e conectivos adequados para que o texto seja de fácil compreensão. Para cada 
tipo de relação que se pretende estabelecer entre duas orações, existe uma conjunção que 
se adapta perfeitamente a ela. 
 
Além das conjunções, outra forma de se estabelecer a coesão sequencial se dá pelo 
uso de marcadores temporais,(expressões e partículas temporais como: hoje, no dia 
seguinte, na próxima semana), expressões ordenadoras ( por um lado, em primeiro lugar, 
no parágrafo seguinte seguinte) e correlação dos tempos verbais ( pretérito perfeito e futuro 
do pretérito, pretérito perfeito e pretérito imperfeito etc.). 
 
 
 
Site Beduka.com 
 
É importante ressaltar que há inúmeros autores que discutem os elementos 
coesivos, assim como há outrso muitos exemplos de coesão. Nos preocupamos aqui, em 
ressaltar o conceito, para conhecer mais, indico a leitura do livro da série Princípios Coesão 
e Coerência Textuais. 
 
 
 
24 Leitura e Produção de Texto 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
4.3 Coerência 
A coerência se manifesta em grande parte macrotextualmente, refere-se aos modos 
como os componentes do universo textual, isto é, os conceitos e as relações subjacentes 
ao texto de superfície, se unem numa configuração, de maneira reciprocamente acessível 
e relevante. Assim a coerência é o resultado de processos cognitivos operantes entre os 
usuários e não mero traço dos textos. 
 
A coerência depende, principalmente, do conhecimento prévio dos interlocutores de 
um texto. Tal conhecimento diz respeito tanto ao conhecimento de mundo quanto ao 
conhecimento linguístico. 
 
Sendo assim, a coerência se estabelece numa situação comunicativa; ela é a 
responsável pelo sentido que um texto deve ter quando partilhado pelos usuários, 
pressupondo, inclusive, um domínio comum da língua. Ela está ligada, ao texto como um 
todo e é por isso que dizemos que ela se refere à estrutura global do texto. 
 
Importante ressaltar que a coerência não é independente do contexto pragmático no 
qual o texto está inserido, isto é, não é independente de fatores, tais como, escritor/locutor, 
leitor/alocutário, lugar e tempo do discurso, ou, como diz Marcuschi (1983, p. 22): 
 
 o texto deve ser visto como uma seqüência de atos de linguagem (escritos ou 
falados) e não uma seqüência de frases de algum modo coesas. Com isto, entram, 
na análise geral do texto, tanto as condições gerais dos indivíduos como os 
contextos institucionais de produção e recepção, uma vez que estes são 
responsáveis pelos processos de formação de senti dos comprometidos com 
processos sociais e configurações ideológicas. 
 
 
Veja esse exemplo apontado pelo autor 
 
Comemora-seeste ano o sesquicentenário de Machado de Assis. As comemorações 
devem ser discretas para que dignas de nosso maior escritor. Seria ofensa à memória do 
Mestre qualquer comemoração que destoasse da sobriedade e do recato que ele imprimiu 
a sua vida, já que o bruxo de Cosme Velho continua vivo entre nós. 
 
Aqui “Machado de Assis” foi substituído, dentre outros, por “bruxo de Cosme Velho”; 
neste caso, deve-se saber um pouco de sua vida (morou vinte e quatro anos em Cosme 
 
 
25 Leitura e Produção de Texto 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Velho, no Rio de Janeiro), e isto não se obtém a partir do conhecimento da língua, mas, 
sim, da cultura. 
 
Para finalizar, devo ressaltar que há outros elementos necessários à textualidade. 
Um bastante interessante é a intertextualidade, ou seja, a relação entre os textos. A 
intertextualidade acontece quando um texto cita outro texto, como em uma paródia de uma 
música. Optei, nesse curso em evidenciar o que seria relevante para seus estudos 
universitários. Mas seria interessante você buscar essas referências. 
 
 
 
 
FIORIN, José Luiz, PLATÃO, Francisco. Para entender um texto- leitura e 
redação. SP: Ática, 16ª Ed. 
 MARCUSCHI, Luiz A. Linguística textual: o que é e como se faz. Recife, UFPE. 
Séries DEBATES.V1, 1983. 
KOCH, Ingedore Villaça. A coesão textual. 3. ed. São Paulo: Contexto, 1991. 
VILELA, M.; KOCH, I. V. Gramática da língua portuguesa. Coimbra: Almedina, 
2001. 
 
 
 
 
 
26 Leitura e Produção de Texto 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
5. UM EXERCÍCIO DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE UM TEXTO 
NÃO VERBAL 
 
Em situação de poço, a água equivale 
A uma palavra em situação dicionária: 
Isolada, estanque no poço dela mesma, 
E porque assim estanque, estancada; 
E mais: porque assim estancada, muda, 
E muda porque com nenhuma comunica, 
Porque cortou-se a sintaxe desse rio, 
O fi o de água que por ele discorria. 
(João Cabral de Melo Neto, Rios sem discurso) 
 
 
Operários — 1933 óleo/tela 150 X 205cm, 
Tarsila do Amaral 
 
Objetivo 
Discutir as possibilidades do trabalho de leitura de texto não verbal em sala de aula. 
Perceber as mensagens possíveis dentro de uma obra de arte. 
Introdução 
Muitas vezes, a leitura de uma imagem pode acarretar múltiplas interpretações. 
Quando falamos em artes plásticas, então, essa interpretação é mais heterogênea e até 
envolve preconceito. O que é arte afinal? A linguagem verbal pode ser empregada para 
analisar, ler e interpretar imagens. 
 
 
27 Leitura e Produção de Texto 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
Nesta aula iremos trabalhar a leitura de uma obra de arte brasileira. Tal competência 
deve ser desenvolvida desde a Educação Infantil, já que os pequenos são capazes de nos 
surpreender com suas leituras profundas e desafiadoras. O docente em formação 
permanente precisa assumir o compromisso de individualmente buscar informações sobre 
as artes plásticas, porque, na verdade, as pessoas para discutirem precisam ter 
conhecimentos sobre a linguagem artística. Mas há em nossos dias – com a escolarização 
universal das novas gerações – a esperança de acreditarmos que gosto se aprende e há 
uma linguagem com elementos próprios que podem nos ajudar a ver, a observar e sentir 
prazer estético. 
 
Conforme os Parâmetros Curriculares e as Diretrizes de toda Educação Básica, cada 
arte tem sua linguagem. A música fala através do som/silêncio; a pintura, através de cores, 
linhas e formas; o cinema, através da imagem-pensamento no tempo. A essa materialidade 
o artista – usando metáforas, paródias, alegorias4 – empresta uma transcendência. O 
resultado é o que chamamos forma artística. Entretanto, não existem regras para se ver um 
quadro. Desenvolve-se a sensibilidade para que as pessoas sintam a beleza e tenham o 
prazer estético. 
 
A linguagem da pintura não se presta a argumentações. A pintura não é um 
enunciado científico, nem ideológico, nem moral. O que não impede, como vimos, que se 
preste a tudo isso, mas no sentido de funções secundárias. 
 
Não se deve buscar uma única mensagem na pintura, pois a grande obra pode 
conter várias ou nenhuma. Mais do que denotativos (de conteúdo meramente informativo), 
os signos da pintura tendem para a conotação (ideias associadas, sugestão ao leitor de 
uma visão de mundo). É preciso entender que uma pintura pode revelar o inconsciente, 
seja do artista, seja de uma cultura, e que ela brota no limite entre real e imaginário. Do 
 
4Metáfora- é uma figura de linguagem onde se usa uma palavra ou uma expressão em um sentido que não é muito 
comum, revelando uma relação de semelhança entre dois termos. ’ O meu amigo é um leão Ele sempre reage com 
braveza. 
Paródia - A paródia é uma releitura cômica de alguma composição literária, que frequentemente utiliza ironia e deboche. 
Ela geralmente é parecida com a obra original, e quase sempre tem sentidos diferentes. 
Alegoria- A noção permite referir-se ao tipo de figura de linguagem em que algo representa ou significa outra coisa 
diferente. Da mesma forma, dá-se o nome de alegoria à obra literária ou artística de sentido alegórico. 
 
 
 
28 Leitura e Produção de Texto 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
mesmo modo, é preciso entender que uma pintura só alcança o universal se estiver fundada 
no particular. O universal sem o particular é vazio. 
 
 
CONOTAÇÃO – Quando uma palavra é usada no sentido conotativo (figurado) 
quando apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes interpretações, 
dependendo do contexto em que aparece. Quando se refere a sentidos, 
associações e ideias que vão além do sentido original da palavra, ampliando sua 
significação mediante a circunstância em que a mesma é utilizada, assumindo 
um sentido figurado e simbólico. Exemplos: 
• Você é o meu sol! 
• Minha vida é um mar de tristezas. 
• Você tem um coração de pedra! O cara é uma mala sem alça. 
DENOTAÇÃO – Uma palavra é usada no sentido denotativo (próprio ou literal) 
quando apresenta seu significado original, independentemente do contexto 
frásico em que aparece. Quando se refere ao seu significado mais objetivo e 
comum, aquele imediatamente reconhecido e muitas vezes associado ao 
primeiro significado que aparece nos dicionários, sendo o significado mais literal 
da palavra. Exemplos: 
• O elefante é um mamífero. 
• Já li esta página do livro. 
• A empregada limpou a casa. 
• Ele ainda não pegou a mala no bagageiro do ônibus. 
 
Apresento a seguir dois exemplos de pintura uma do (1) inconsciente e outra do (2) 
imaginário projetado sobre o real. 
 
 
29 Leitura e Produção de Texto 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
1) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O GRITO – Edvard Munch 
http://pt.slideshare.net/Inaframboesa/o-grito-de-edvard-munch acesso em 25/11/2019 
 
 
2) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Noite Estrelada -Van Gogh 
https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Noite_Estrelada acesso em 25/11/2019 
 
 
http://pt.slideshare.net/Inaframboesa/o-grito-de-edvard-munch
https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Noite_Estrelada
 
 
30 Leitura e Produção de Texto 
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 
O quadro “O Grito”, de Munch é uma das obras mais conhecidas e parodiadas das 
artes plásticas. Faz parte de uma trilogia e é o ícone do expressionismo, corrente artística 
que (como o nome diz) evidencia a expressão e não o objeto real. Aliás, as vanguardas 
europeias (cubismo, futurismo, surrealismo, expressionismo) trazem essa nova concepção 
de arte, não a cópia do cenário, mas a visão do artista sobre esse cenário, essa realidade. 
Temos uma profunda subjetividade e, por esta razão, um constante diálogo entre o artista 
e o observador. Uma leitura possível do quadro é mostrar uma angústia retratada na 
expressão da figura central. Um ser que não apresenta característicasde gênero, logo, é 
uma angústia universal. Alguém assiste ao grito dado, como se houvesse espectadores 
para esse sofrimento. Também pode pensar em um significado para a ponte. Ponte 
representa elo. A figura parou nesse caminho para dar um grito. Forte isso, não é? 
 
Já o segundo quadro, Noite Estrelada, de Van Gogh, pode ter uma leitura 
relacionada a própria história do pintor. Van Gogh foi um artista que (como muitos) teve 
uma mente perturbada, confusa. Tanto que cortou a própria orelha! Essa noite estrelada 
apresenta movimentos no céu, ondas. No entanto, não é uma noite tranquila. Esses 
movimentos do céu, representados pelas pinceladas em onda, talvez reflitam a alma 
conturbada do artista. O que você acha? 
 
Esta é a minha leitura , mas como você já leu: “ Não se deve buscar uma única 
mensagem na pintura, pois a grande obra pode conter várias ou nenhuma.” O importante 
é que a arte nos faz parar para pensar. Sempre! 
 
 
 
Convido você fazer mentalmente a sua leitura da tela 2 de Van Gogh. Como 
“dica” dirijo seu olhar para as linhas retas e as curvas. Digo que nessa tela há 
realidade transformada pela imaginação. Você leu isso? Incentivo você a ler 
pinturas ou fotos, pois é praticando que você ganhará habilidade e fará muitas 
crianças felizes por obterem informações sobre a pintura e escultura. Afinal são 
linguagens milenares da humanidade. 
 
 
 
Agora, vamos voltar à proposta inicial: a Leitura de Operários de Tarcila do Amaral. 
O título da Tela já nos ajuda a identificar as faces que são apresentadas apenas por uma 
palavra: OPERÁRIOS – no plural, indicando um coletivo, ou seja, o quadro tem o obejtivo 
 
 
31 Leitura e Produção de Texto 
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de retratar um coletivo, não o específico. Tanto que não há a determinação dada pelo artigo 
“os”. Os rostos se misturam formando um todo, um bloco. Espera-se anular as identidades. 
Os operários são massa. 
 
Olhando mais de perto, observamos diferentes tipos físicos. Essa massa é formada 
de tipos diferentes, mas que no grupo perdem sua identidade, sua unidade, são apenas um 
bloco que exercem o mesmo trabalho, são ninguéns. 
 
Podemos levar essa reflexão para a sala de aula e pensar se vemos nosso grupo de 
colegas a partir de suas especificidades ou se são apenas A TURMA, A SALA... 
 
Espero ter estimulado você a visitar exposições e principalmente o MASP em São 
Paulo ou a Galeria Benedito Calixto em Santos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6. O DESAFIO DA ESCRITA 
 
Objetivo 
Refletir sobre as dificuldades existentes no processo de produção de um texto. 
Analisar as especificidades das escritas dos diferentes tipos de texto. 
 
Introdução 
Ao longo do tempo, com o advento da tecnologia, é corriqueira a afirmação de que 
o homem perdeu sua capacidade escritora. Hoje passamos longas horas digitando em 
celulares e computadores, dificilmente nos vemos elaborando um longo texto no papel. 
Além disso, muitos ainda se apropriam de material alheio pela total incapacidade de 
produzir um texto autoral. Afinal, deixamos realmente de produzir textos escritos ou houve 
uma mudança nessa produção? 
 
Muitas pessoas associam um texto proficiente com as competência gramatical que 
possui. Na verdade, apenas o bom uso da língua portuguesa não define um texto bem 
escrito. Ele deve promover a reflexão ou inspirar uma determinada ação, de acordo com o 
desejo do seu interlocutor. Isso sem falar em questões de sua microestrutura como coesão 
e coerência. 
 
Mas encarar uma página em branco sem saber como organizar e expor as suas 
ideias é um luxo a que a maioria dos profissionais não pode se dar. Aliás, acredito que há 
uma pane das pessoas ao se depararem com a página em branco. Seja ela física, seja a 
tela do editor de texto do computador. 
 
É importante ressaltar que a competência escritora não cabe apenas a profissionais 
como escritor, jornalista ou professor. Em algum momento da sua vida, você irá de deparar 
com a necessidade de escrever um texto. 
 
Um dos motivos apontados para essa dificuldade na escrita refere-se a defasagem 
no hábito de leitura. Quase todo bom leitor se transforma em um bom escritor. O hábito da 
leitura é capaz de aprimorar a habilidade comunicativa, melhorar o uso da norma culta da 
língua portuguesa e enriquecer o vocabulário. Além de aumentar o nosso repertório, nosso 
conhecimento. 
 
 
33 Leitura e Produção de Texto 
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Outra vantagem é que com o passar do tempo o leitor começa a perceber se uma 
mensagem é transmitida com eficácia ou um texto é apenas um emaranhado de palavras 
sem sentido. Quanto mais textos se lê, mais crítico ficamos. 
 
Como leitor, o ideal é que você não apenas percorra os parágrafos, mas interaja com 
com o texto, questionando-o. Identificar os recursos linguísticos que ele utiliza e pensar no 
que você faria diferente na posição dele te ajudará a moldar a sua mente também para a 
escrita. Isso vale para um livro, uma notícia jornalística ou um artigo. 
 
6.1. O ambiente e a escrita 
Teorias que lidam com o processo de aprendizado de escrita sustentam que crianças 
vão para a escola com habilidade para o acesso a um “novo” meio de expressão que é o 
texto escrito. No entanto, sabemos que a maior parte das cidades do Brasil não oferecem 
um meio-ambiente adequado para o desenvolvimento da escrita e da leitura. Logo, parece 
ser lógico considerar que boa parte das crianças não vão à escola com maturidade 
lingüística suficiente para alcançar esse “novo” meio de expressão. Algumas pesquisas 
acreditam que o uso oral da linguagem tem prevalecido tão fortemente em nossas práticas 
cotidianas de comunicação, que os modelos de texto escrito tornam-se cada vez mais 
distantes. Em termos mais precisos, apesar dos programas governamentais, alguns 
pesquisadores reconhecem a ocorrência de simplificação na prática lingüística 
contemporânea. 
 
A mídia escrita tem progressivamente mais ilustrações do que texto; a venda de 
jornais no Brasil diminuiu 17% ao longo dos últimos cinco anos; e o número de aparelhos 
de TV passou de 200 mil em 1960 para 27 milhões em 1980; hoje estima-se um número 
próximo a 55 milhões de aparelhos de TV. Esses dados comprovam que estamos 
mergulhados em um ambiente linguístico essencialmente oral. Posso inclusive propor um 
questionamento: Quantos livros você leu no último mês? 
 
6.2. A escrita no ambiente escolar 
As dificuldades que os alunos enfrentam quando vão produzir um texto são 
inúmeras. Na maioria dos casos, eles não apresentam dificuldades em se expressar na 
oralidade através da linguagem coloquial. Os problemas aparecem quando surge 
necessidade de produção textual. Acontece que na linguagem oral o falante se expressa 
 
 
34 Leitura e Produção de Texto 
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não só através da fala, mas também através de gestos, sinais e expressões. Esses recursos 
não são explorados na modalidade escrita, pois ela tem normas próprias, como regras de 
ortografia, pontuação que não são reconhecidas na fala. 
 
Não adianta saber que escrever é diferente de falar. É necessário preocupar-se com 
o sucesso dos objetivos da produção textual, como a interação entre o produtor do texto e 
o seu receptor. 
 
Outro aspecto importante é evidenciar ao aluno os objetivos da escrita. Nada mais 
desanimador do que escrever sem um propósito. Além disso, sugiro às escolas elaborar 
um mapa de gêneros de apropriação e gêneros de aproximação em casa série escolar. 
Esse mapa deve ser de conhecimento de todos os integtrantes da equipe pedagógica e 
cada um deve assumir a resposabilidade de trabalhar esses gêneros em sua disciplina. É 
preciso que todos os professores entendamque a capacidade escritora e leitora não são 
exclusivas da Língua Portuguesa 
 
6.3. A prática de escrever 
A dificuldade da escrita é um problema inicial, que normalmente advém da falta de 
prática em escrever. Graduandos, ao se defrontarem com a produção de um primeiro artigo 
ou de uma monografia, podem passar por essa dificuldade. Escrever é como um exercício 
físico ou o aprendizado de um instrumento, para se obter resultado é preciso treino, um 
treino praticamente diário. 
 
Além disso, é preciso reconhecer o bloqueio da escrita. O bloqueio da escrita 
geralmente é causado por variáveis psicológicas, tais como um certo sentimento de 
incapacidade diante da tarefa de produzir conhecimento, estafa mental, insegurança. Isto 
porque o aluno não tem a prática e o hábito dessa escrita. Outro fator que contribui para 
quadros de bloqueio e o desconhecimento do assunto ou do gênero solicitado. 
 
6.4. Como tecer um texto - Relembrando 
Existe uma razão etimológica para não esquecermos que produzir um texto é o 
mesmo que tecer, entrelaçar unidades e partes com a finalidade de formar um todo. A razão 
é que a palavra texto é originada do latim textum, que significa “tecido, entrelaçamento”. 
Você se lembra? 
 
 
35 Leitura e Produção de Texto 
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A partir dessa ideia falamos em textura de um texto: que é a rede de relações que 
garantem sua coesão. Assunto já discutido por nós. 
 
Por esta razão é importante conhecer quais elementos micro e macroestruturais que 
envolvem o momento da escrita. 
 
 
 
 
 
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7. O PLANEJAMENTO: UMA ETAPA FUNDAMENTAL PARA 
PRODUÇÃO TEXTUAL 
 
Objetivo 
Refletir sobre a importância do plano ou roteiros na elaboração de um texto. 
Compreender as ambiguidades e incoerências. 
 
Introdução 
Antes de escrever uma redação, é preciso planejá-la bem, procurando elaborar um 
esquema. No entanto, é importante não confundir esquema com rascunho! Esquema é um 
guia que estabelecemos para ser seguido, no qual você se expressa em frases sucintas 
(ou mesmo palavras) o roteiro para a elaboração do texto. No rascunho, por outro lado, 
damos forma à redação, pois nele as ideias previstas no esquema passam a ser redigidas, 
tomando a forma de frases que aos poucos se transformam em um texto coerente. 
 
Quando falamos de texto argumentativo, por exemplo, o primeiro passo para a 
elaboração do esquema é ter entendido o tema, pois de nada adiantará um ótimo esquema 
se ele não estiver adequado ao tema proposto. Em seguida, você poderá dividir seu 
esquema nas três partes básicas - introdução, desenvolvimento e conclusão. Na 
Introdução, é necessário informar a tese que você irá defender. No Desenvolvimento, 
escreva palavras capazes de resumir os argumentos que você apresentará para sustentar 
sua tese. Na Conclusão, escreva palavras que representem sua ideia final. 
 
Atenção: quando você estiver fazendo o esquema do desenvolvimento, surgirão 
inúmeras ideias. Registre todas, mesmo que mais tarde você não venha a utilizá-las. Essas 
ideias normalmente vêm sem ordem alguma; por isso, mais tarde, é preciso ordená-las, 
selecionando as melhores e colocando-as em ordem de importância. Esse processo é 
conhecido como hierarquização das ideias. 
 
Veja a seguir, um exemplo de esquema com as ideias já hierarquizadas: 
 
 
 
 
 
 
37 Leitura e Produção de Texto 
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Tema: O Estado e os Direitos Humanos 
Introdução: Os Direitos Humanos não são garantidos pelo Estado, principalmente para as 
minorias excluídas da população. 
 
Desenvolvimento: 
1º parágrafo: reconhecimento de que as prisões brasileiras não garantem dos direitos do 
detendo. As rebeliões e violências 
2º parágrafo: os cidadãos brasileiros não têm seus direitos garantidos em outras políticas 
públicas, como a Educação. 
Conclusão: Diante de uma realidade polêmica, propõe-se uma discussão nacional sobre 
que medidas deverão ser adotadas pelo estado diante das falhas das políticas, para que a 
justiça seja praticada em relação a todas políticas públicas? 
 
Feito o esquema, é só segui-lo passo a passo, transformando as palavras em frases, 
dando forma à sua redação. 
 
Veja a seguir outro tipo de roteiro. Siga os passos: 
 
 
Interrogue o 
tema;
Responda-o 
de acordo 
com a sua 
opinião
Apresente 
um 
argumento 
básico
Apresente 
argumentos 
auxiliares
Apresente 
um fato-
exemplo
Conclua
 
 
38 Leitura e Produção de Texto 
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Especificando o roteiro, temos: 
1. Transforme o tema em uma pergunta; 
2. Procure responder à pergunta, de um modo simples e claro, concordando ou 
discordando (ou concordando em parte e discordando em parte): essa resposta 
é o seu ponto de vista; 
3. Pergunte a você mesmo, o porquê de sua resposta, uma causa, um motivo, uma 
razão para justificar sua posição: aí estará o seu argumento principal; 
4. Agora, procure descobrir outros motivos que ajudem a defender o seu ponto de 
vista, a fundamentar sua posição. Estes serão os argumentos auxiliares; 
5. Em seguida, procure algum fato que sirva de exemplo para reforçar a sua 
posição. Este fato-exemplo pode vir de sua memória visual, das coisas que você 
ouviu, do que você leu. Pode ser um fato da vida política, econômica, social. 
Pode ser um fato histórico. Ele precisa ser bastante expressivo e coerente com 
o seu ponto de vista. O fato-exemplo geralmente dá força e clareza à 
argumentação. Além disso, pessoaliza o nosso texto, diferenciando-o dos 
demais. 
6. A partir desses elementos, você terá o rascunho de sua redação. 
 
 
 
Leia aqui 10 recomendações para serem observadas durante a produção de 
sua redação: 
1. Pense no que você quer dizer e diga da forma mais simples. Procure ser 
direto (conciso) na construção das sentenças. 
2. Use a voz ativa, evite a passiva. Evite termos estrangeiros e jargões. 
3. Evite o uso excessivo de advérbios. Tome cuidado com a gramática. 
4. Tente fazer com que os diálogos escritos (em caso de narração) pareçam 
uma conversa. O uso do gerúndio empobrece o texto. Exemplo: 
Entendendo dessa maneira, o problema vai-se pondo numa perspectiva 
melhor, ficando mais claro... 
5. Evite o uso excessivo do "que". Essa armadilha produz períodos longos. 
Prefira frases curtas. Exemplo: O fato de que o homem que seja inteligente 
tenha que entender os erros dos outros e perdoá-los não parece que seja 
certo. Adjetivos que não informam também são dispensáveis. Por exemplo: 
luxuosa mansão (Toda mansão é luxuosa!). 
6. Evite clichês (lugares comuns) e frases feitas. Exemplos: "fazer das tripas 
coração", "encerrar com chave de ouro", “silêncio mortal", "calorosos 
aplausos". 
 
 
39 Leitura e Produção de Texto 
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7. Verbo "fazer", no sentido de tempo, não é usado no plural. É errado 
escrever: "Fazem alguns anos que não viajo". O certo é “Faz alguns anos 
que não viajo”. 
8. Cuidado com redundâncias. É errado escrever, por exemplo: "Há cinco anos 
atrás". Corte o "há" ou dispense o "atrás". A forma correta é “Há cinco 
anos...” 
9. A leitura intensiva facilita o uso da vírgula corretamente. Leia muito, leia 
sempre! 
10. Nas citações: use aspas, coloque vírgula e um verbo seguido do nome de 
quem disse ou escreveu o que está sendo citado. Exemplo: “O que é escrito 
sem esforço é geralmente lido sem prazer. ”, disse Samuel Johnson. 
 
 
Para garantir um bom resultado em seus textos, não deixe de ler as orientações que 
selecionamos. 
 
a) SIMPLICIDADE 
Use palavras conhecidas e adequadas. Para ter um bom domínio do texto, prefira 
frases curtas. Cuidado para não mudar de assunto de repente. Conduza o leitor de 
maneira leve pela linha de argumentação. 
 
b) CLAREZA 
Osegredo está em não deixar nada subentendido, nem imaginar que o leitor sabe o 
que você quer dizer. Evidencie todo o conteúdo da sua escrita. Lembre-se: você está 
comunicando a sua opinião, falando de suas ideias, narrando um fato. O mais 
importante é fazer-se entender. Não faça ironias e nem queira divertir o avaliador. 
 
c) OBJETIVIDADE 
Você tem que expressar o máximo de conteúdo com o menor número de palavras 
possíveis. Por isso, não repita ideias, não use palavras em excesso buscando 
aumentar o número de linhas. Concentre-se no que é realmente necessário para o 
texto. 
 
d) UNIDADE 
Não esqueça, o texto deve ter unidade, por mais longo que seja. Você deve traçar 
uma linha coerente do começo ao final do texto. Não pode perder de vista essa 
 
 
40 Leitura e Produção de Texto 
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trajetória. Por isso, muita atenção no que escreve para não se perder e fugir do 
assunto. Eliminar o desnecessário é um dos caminhos para não se perder. 
 
e) COERÊNCIA 
 A coerência entre todas as partes do texto é fator primordial para a boa escrita. É 
necessário que as partes formem um todo. Estabeleça uma ordem para que as ideias 
se completem e formem o corpo da narrativa. Explique, mostre as causas e as 
consequências. 
 
f) ORDEM 
 Obedecer uma ordem cronológica é uma maneira de acertar sempre, apesar de não 
ser criativa. Nesta linha, parta do geral para o particular, do objetivo para o subjetivo, 
do concreto para o abstrato. Use figuras de linguagem para que o texto fique 
interessante. As metáforas também enriquecem a redação. 
 
g) ÊNFASE 
 Procure chamar a atenção para o assunto com palavras fortes, cheias de 
significado, principalmente no início da narrativa. Use o mesmo recurso para 
destacar trechos importantes. Uma boa conclusão é essencial para mostrar a 
importância do assunto escolhido. Remeter o leitor à ideia inicial é uma boa maneira 
de fechar o texto. 
 
h) LEIA E RELEIA 
Lembre-se, é fundamental ter conhecimentos prévios sobre o tema, pensar, 
planejar, escrever e reler seu texto. Mesmo com todos os cuidados, pode ser que 
você não consiga se expressar de forma clara e concisa. A pressa pode atrapalhar. 
Com calma, verifique se os períodos não ficaram longos, obscuros. Veja se você não 
repetiu palavras e ideias. À medida que você relê o texto, essas falhas aparecem, 
inclusive, erros de ortografia e acentuação. Não se apegue ao que já foi escrito. 
Refaça, se for preciso. 
 
 
 
 
 
 
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8. INFERÊNCIAS – PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS 
 
Objetivo 
Analisar as camadas de leitura existentes em um texto. Diferenciar pressupostos e 
subentendidos 
 
Introdução 
Para que os sujeitos falantes possam comunicar-se eficazmente, é preciso que 
utilizem um mesmo código linguístico, um mesmo conjunto de significantes e significados. 
E, mesmo assim, ainda é possível ocorrerem mal-entendidos, tendo em vista que, numa 
língua qualquer, é comum que um plano da expressão (um significante) seja suporte para 
mais de um plano de conteúdo (significado), ou seja, que um mesmo termo tenha vários 
significados. 
 
Além disso, será que um texto apresenta mais do que aquilo que se apresenta 
explicitamente em suas linhas? 
 
8.1 Inferência 
A leitura pode ser fonte de prazer, quando se consegue penetrar no sentido por meio 
da percepção mais aprofundada do jogo das palavras que constroem o texto. A verdadeira 
leitura ultrapassa os significantes e chega aos possíveis significados permitidos pelo texto. 
 
Nesse contexto, a leitura não é aceitação passiva, mas é construção ativa. O leitor 
constrói, e não recebe um significado pronto para o texto. Como afirma Martins (1994), 
 
(...) a retomada do texto significa também uma nova postura diante dele; outras, o 
fato de termos interrompido a leitura não nos impede de mergulharmos novamente 
nela, como se narcotizados, mesmo havendo então emoções diferenciadas. 
(MARTINS, 1994, p. 61) 
 
O sentido não é algo dado, pronto, mas é construído na interação texto-sujeitos. 
Leitura, texto e sentido fazem parte do processo de interpretação. Se não existe texto, seja 
ele verbal ou não verbal, não há leitura e muito menos produção de sentidos. 
 
 
 
42 Leitura e Produção de Texto 
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Identificar a intenção do produtor do texto permite que o leitor construa, a partir de 
pistas fornecidas pelo texto, possíveis significados. Além disso, quando o leitor consegue 
atribuir significados, ele é capaz de ver os horizontes do texto, ou seja, ampliar a sua leitura, 
entendendo as experiências trazidas pelo texto. Esse leitor consegue compreender, 
inclusive, que os não-ditos são comunicativos e mostram certas intencionalidades do autor. 
Por meio dos implícitos, lemos além do óbvio e partimos para camadas mais profundas de 
leitura. 
 
A ideia de implícito em um texto está naquilo que está presente pela ausência, ou 
seja, o conteúdo implícito pode ser definido como o conteúdo que fica à margem da 
discussão, porque ele não vem explicitado no texto. Segundo Orlandi (2006), o 
implícito consiste naquilo que não está dito e que também está significando: 
a) o que não está dito, mas que, de certa forma, sustenta o que está dito; 
b) o que está suposto para que se entenda o que está dito; 
c) aquilo a que o que está dito se opõe; 
 
Um exemplo: quando eu digo “Adoro dias de sol”, é possível deduzir que não gosto 
de das nublados ou chuva. Esse é um exemplo de leitura de implícitos. Entre os implícitos 
há os pressupostos e os subentendidos. Vamos a eles: 
 
8.2 Pressupostos e subentendidos 
Como dissemos, todo texto se constrói por aquilo que é dito explicitamente e 
por aquilo que não é dito explicitamente, isto é, por aquilo que está posto em palavras, 
frases e períodos e por aquilo que não está posto explicitamente, mas que é 
significativo para estabelecer um sentido ao texto: os implícitos. 
 
Dentre esses implícitos, vamos começar com os pressupostos. Seguindo Moura 
(1999,p. 13), “vamos denominar, de acordo com Ducrot (1987), de conteúdo posto a 
informação contida no sentido literal das palavras de uma sentença, e de conteúdo 
pressuposto ou pressuposição as informações que podem ser inferidas da enunciação 
dessas sentenças”. Pressupostos, assim, são aquelas ideias não expressas de maneira 
explícita, mas que o leitor pode perceber a partir de certas palavras ou expressões contidas 
na frase. Por exemplo, quando digo Parou de chover, há uma informação posta, não está 
 
 
43 Leitura e Produção de Texto 
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chovendo, e uma informação pressuposta, estava chovendo. O termo que me permite essa 
leitura é o verbo parar. 
 
Os pressupostos fazem parte de muitos textos, tendo em vista que explicitá-los 
significaria, muitas vezes, informar o óbvio, o esperado em um dado contexto. 
 
Já os subentendidos, são observados pelo leitor a partir de um contexto, não há 
pistas lexicais, mas uma situação que me permite determinada leitura. Algumas vezes, essa 
leitura pode não ser verdadeira. Há muitas questões que englobam os subentendidos, como 
valores e até preconceito. 
 
O subentendido difere do pressuposto num aspecto importante: o 
pressuposto é um dado posto como indiscutível para o falante e par o ouvinte, 
não é para ser contestado; o subentendido é de responsabilidadedo ouvinte, pois o 
falante, ao subentender, esconde-se por trás do sentido literal das palavras e pode 
dizer que não estava querendo dizer o que o ouvinte depreendeu. 
 (PLATÃO; FIORIN, 2000, p. 244) 
 
Em síntese, segundo Ducrot (1987, p. 41), “[...] a pressuposição é parte 
integrante dosentido dos

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