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Tuberculose: uma doença infecciosa prevalente

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Tuberculose:
- A tuberculose é uma das doenças infecciosas mais 
prevalentes no ser humano, de longa trajetória 
histórica (milênios), manifestando-se em diversos 
órgãos ou sistemas, mas com os pulmões sendo 
comprometidos em torno de 80% das vezes, seguindo-
se pleura, gânglios linfáticos, ossos e sistemas 
urinário e nervoso central. 
- O Mycobacterium tuberculosis – variedade humana 
das micobactérias – é o mais importante agente 
causador da doença. 
*Esse germe é um aeróbio estrito, com metabolismo 
acentuadamente dependente de oxigênio, mas que, sob 
condições adversas, consegue sobreviver mantendo-
se viável por longos períodos (anos). 
*Tem parasitismo intracelular, estimulando os 
mecanismos de defesa do hospedeiro e provocando 
nele o surgimento de hipersensibilidade de tipo tardio 
(mediada por células), e exibe características 
estrutural e tintorial de um bacilo álcool-ácido 
resistente (BAAR). 
- Gotículas com menos de 10 μm de diâmetro, 
dessecadas na atmosfera, contendo de um a três 
bacilos (núcleos goticulares), eliminadas 
principalmente através da tosse por indivíduos adultos 
portadores de lesões pulmonares ativas, escavadas 
(densamente habitadas), uma vez inaladas, podem 
chegar ao compartimento alveolar de outro indivíduo. 
- Esse aporte pode ocorrer por primeira vez 
(tuberculose primária), ou em vez subsequente 
(tuberculose pós-primária ou secundária). Em cada 
uma de tais situações, os fenômenos que se seguem 
costumam cursar diferentes caminhos 
1. Infecção Primária 
- Na infecção primária (mais comum em crianças), que 
é o primeiro contato com a bactéria, uma dessas 
gotículas chegando ao compartimento alveolar do 
pulmão, os bacilos que elas contêm serão englobados 
pelos macrófagos ali presentes, mas em geral não são 
inativados ou lisados. Em vez disso, usarão o interior 
dessas células para se multiplicar, destruindo-as, 
ficando liberados para tentativas de fagocitose por 
outros macrófagos. 
- Desse modo, uma pequena lesão vai se formando em 
qualquer local da zona cortical do pulmão (cancro de 
inoculação), em geral não visível na radiografia, com 
progressivamente maior número de unidades 
bacilares. 
- A partir dessa lesão inicial, os bacilos chegam aos 
gânglios mediastinopulmonares, formando-se o 
complexo primário, com seus polos parenquimatoso e 
ganglionar, este último mais vezes visível à radiografia 
(adenopatias) – lesões macroscópicas características 
da tuberculose primária. 
- Via coletores linfáticos maiores, os germes acabam 
chegando à circulação sanguínea e, por conseguinte, 
órgãos diversos. 
- Nessa fase inicial da infecção, não há evidência 
clínica ou imunológica de anormalidade (ausência de 
sintomas, reação tuberculínica negativa). 
- Toda essa permissividade, possibilitando a livre 
disseminação por diferentes órgãos no decorrer da 
primoinfecção, ocorre em indivíduos ainda sem o seu 
sistema imunológico especificamente ativado contra 
os germes. 
- A ativação do mecanismo, desde o aporte alveolar 
dos bacilos, progride pelo tempo de três a oito 
semanas, após o que aparecem os sintomas, 
geralmente sistêmicos, incluindo febre, e o indivíduo 
passa a manifestar reatividade à tuberculina (viragem 
tuberculínica). 
- A partir desse ponto, na infecção primária, uma de 
duas situações ocorre: 
→ Ou os sintomas se atenuam e terminam por 
desaparecer, caracterizando a situação de 
infecção tuberculosa primária não evolutiva, que é 
a mais frequente; 
→ Ou os sintomas aumentam, com piora clínica 
progressiva, envolvimento multissistêmico, 
podendo incluir a forma miliar grave da doença, e 
meningite. 
- Em ambos os casos, daí para frente, a reação 
tuberculínica manter-se-á positiva – enquanto houver 
bacilos vivos, viáveis, nos tecidos do hospedeiro. 
OBS.: Uma criança com sintomas gerais, incluindo 
febre persistente por mais de 10 dias, sem uma causa 
alternativa para explicar as manifestações, deve levar 
à suspeita de tuberculose primária evolutiva, em 
especial se for comunicante de um adulto portador da 
doença. 
*Um teste tuberculínico positivo e a radiografia de 
tórax mostrando a presença de adenomegalias 
mediastinopulmonares deverão corroborar o 
diagnóstico. 
 
*Na grande maioria de tais casos, a identificação do 
bacilo não terá sucesso. 
- As complicações mais importantes da tuberculose 
primária (pneumonia, derrame pleural, disseminação 
hemática, meningite) costumam ocorrer dentro do 
primeiro ano de sua evolução. 
- Decorrido esse tempo, elas terão menos 
probabilidade de acontecer. Mais adiante, em geral na 
vida adulta, caso o mesmo indivíduo volte a apresentar 
a doença, ela ocorrerá revestindo o padrão secundário 
(pós-primária). 
2. Infecção Secundária (Pós-primária) 
- A tuberculose pós-primária (secundária) se 
manifesta em indivíduos adultos, tem sua origem a 
partir de bacilos que causaram a primoinfecção e que 
persistiram nos tecidos desses indivíduos (patogenia 
endógena), ou em indivíduos adultos que já tiveram a 
primoinfecção e que voltam a se infectar, novamente 
inalando bacilos (patogenia exógena). 
- No primeiro caso, a reativação costuma iniciar-se 
localizada, restrita a um órgão (pulmão mais 
frequentemente, pleura, gânglio linfático, osso, rim, 
tuba uterina) para onde foram semeados germes na 
fase de bacilemia assintomática da infecção primária, 
e ali evoluir. 
- No segundo caso, a doença se inicia e progride no 
pulmão. 
- De modo geral, todavia, as lesões pulmonares da 
tuberculose secundária predominam nos quadrantes 
posterossuperiores, o que se explica por ser mais 
vantajoso para os bacilos, devido ao teor mais alto de 
oxigênio ali disponível, e pelo fato de esses germes já 
não encontrarem toda a permissividade imunológica 
por parte do hospedeiro que havia na época da infecção 
primária. 
- Na maioria das vezes, a tuberculose pós-primária no 
pulmão inicia-se como uma lesão exsudativa 
(infiltrado precoce), que evolui e acaba necrosando, 
formando a caverna, contendo grande número de 
bacilos. 
- Embora seja mais raro, pode manifestar-se como 
uma lesão produtiva encapsulada (tuberculoma), 
pobremente habitada. 
- O pulmão pode, ainda, ser comprometido 
secundariamente a partir de uma lesão extrapulmonar, 
como um gânglio com doença evolutiva fistulizando 
para o brônquio, determinando o aparecimento de 
pneumonia tuberculosa, ou ser envolvido, junto com 
outros sistemas, na progressão da tuberculose miliar, 
também dependente da abertura de uma lesão ativa 
para o interior de veia sistêmica. 
- Essas lesões caseosas, sobretudo as ganglionares 
linfáticas, podem ainda se abrir para a pleura, 
formando o derrame pleural tuberculoso, para o 
pericárdio (pericardite) ou peritônio (peritonite). 
OBS.: Um indivíduo adulto com manifestações 
respiratórias, em especial tosse produtiva, 
acompanhadas de sintomas sistêmicos, incluindo febre 
persistente, por algumas semanas a poucos meses, 
deve sugerir o diagnóstico de tuberculose. 
*Uma radiografia de tórax mostrando lesões em 
quadrante superior dos pulmões e a pesquisa direta de 
BAAR no escarro devem confirmar o diagnóstico. 
 
- O diagnóstico da tuberculose (TB) é confirmado pelo 
isolamento do microrganismo responsável 
(Mycobacterium tuberculosis) em secreções ou 
tecidos, sendo baseado em dados epidemiológicos, na 
clínica e no estudo radiológico. 
- A radiografia de tórax e a pesquisa do bacilo álcool-
ácido resistente (BAAR) no escarro são os principais 
exames a serem realizados. 
- Os principais sintomas da TB são: 
→ Tosse com expectoração, ou não, por mais de duas 
a três semanas 
→ Inapetência 
→ Perda de peso 
→ Fraqueza 
→ Febre vespertina baixa 
→ Sudorese noturna 
→ Dor torácica 
→ Escarro hemático 
- Em adultos e crianças maiores de 5 anos, o 
diagnóstico de TB é baseado na história e no exame 
físico que identificam o pacientede risco. 
*Este deve submeter-se a uma radiografia de tórax; se 
as imagens sugerirem TB, três amostras de escarro 
devem ser submetidas à baciloscopia para pesquisa de 
BAAR e cultura. 
- Em crianças menores de 5 anos, o aspirado gástrico 
para cultura de micobactéria deve ser realizado, já que 
elas não têm habilidade para expectorar. 
*Na suspeita de TB extrapulmonar, deve ser obtida 
amostra de secreção ou tecido para realização de 
exame histopatológico, microbiológico e teste 
molecular (PCR). 
- O diagnóstico de TB pulmonar baseia-se, 
preferencialmente, na presença de duas baciloscopias 
diretas positivas no escarro ou uma cultura positiva 
para M. tuberculosis, radiografia de tórax compatível e 
reação de Mantoux positiva. 
- Em casos sem expectoração e radiografia de tórax 
sugestiva, o escarro induzido com solução salina está 
indicado e tem rendimento semelhante em relação à 
broncoscopia com lavado broncoalveolar (LBA). 
- A identificação das micobactérias se faz com a 
cultura, que também permite a realização de teste de 
sensibilidade. 
OBS.: A principal abordagem da TB deve ser a 
identificação e a cura dos casos infectantes 
(transmissores da doença), cuja baciloscopia de 
escarro é positiva. 
- A TB primária é mais comum em crianças e 
adolescentes, mas pode ocorrer em adultos. Sua 
apresentação clínica costuma ser de doença aguda e 
grave, embora possa se manifestar de maneira 
insidiosa e lenta. Por vezes é acompanhada de eritema 
nodoso, conjuntivite e artralgia de Poncet, que são 
manifestações de hipersensibilidade. 
- A apresentação radiológica da TB pulmonar primária 
inclui: 
→ Opacidades parenquimatosas unifocais 
→ Opacidades arredondadas (3 cm de diâmetro) nos 
lobos superiores e calcificações de linfonodos 
hilares 
→ Linfadenomegalia unilateral, hilar e paratraqueal 
direita (mais em crianças), podendo ocorrer em 
adultos, associadas ou não a opacidades e 
atelectasias 
→ Atelectasias devidas à compressão extrínseca das 
vias aéreas por linfonodos aumentados, mais em 
crianças com menos de 2 anos, nos segmentos 
anterossuperiores e no lobo médio 
→ Padrão miliar (opacidades de 1 a 3 mm de 
diâmetro) simétrico associado ou não a linfonodos 
aumentados 
→ Derrame pleural, manifestação tardia, raro em 
crianças. 5-8 
- O diagnóstico na TB primária em muitas ocasiões é 
presuntivo, baseado na história de contato com TB 
pulmonar, no teste tuberculínico positivo e nas 
imagens radiológicas, pois tanto a baciloscopia como a 
cultura de escarro costumam ser negativas. 
- As principais alterações de TB pós-primária ou de 
reativação ou secundária incluem: 
→ Opacidades parenquimatosas ápico-posteriores 
dos lobos superiores e segmentos superiores dos 
lobos inferiores 
→ Disseminação linfática (finas linhas entre as 
opacidades) e broncogênica (pequenas opacidades 
lineares e nodulares agrupadas), mais bem vistas 
na tomografia computadorizada de alta resolução 
→ Cavidade única ou múltipla nos segmentos apicais 
e dorsais, em média com 2 cm de diâmetro, sem 
nível líquido, sendo considerada o achado mais 
típico de TB pós-primária 
→ Lesões fibróticas, calcificadas, bronquiectasias de 
tração, desvio da estrutura do mediastino e 
tuberculoma. 
- Em situações nas quais a radiografia de tórax é pouco 
esclarecedora, sugere-se realizar tomografia 
computadorizada (TC) de tórax. 
*Os principais achados são nódulos do espaço aéreo 
ou nódulos acinares associados a ramificações 
lineares (padrão de árvore em brotamento), 
opacidades acinares e espessamento das paredes 
brônquicas. 
*Na TB miliar, a TC define a distribuição dos 
micronódulos e avalia melhor o mediastino. 
*Em imunossuprimidos e em pacientes com febre de 
origem desconhecida, a TC pode auxiliar, já que a 
apresentação radiológica costuma ser diferente do 
padrão habitual. 
- A reação de Mantoux como método diagnóstico não 
distingue a infecção por M. tuberculosis da doença 
tuberculosa. 
*A exposição à micobactéria não tuberculosa pode 
ocasionar um teste tuberculínico falso-positivo, e um 
teste tuberculínico negativo pode ocorrer em casos de 
tuberculose ativa. 
*São exemplos infecção pelo vírus da imunodeficiência 
humana (HIV), desnutrição e tuberculose miliar. 
- Em situações nas quais o BAAR de escarro é 
negativo, pode-se tentar um curso de antibiótico 
(evitando o uso de fluoroquinolonas pelo seu efeito em 
micobactérias) para a exclusão de infecção bacteriana. 
- O teste terapêutico com tuberculostáticos não está 
indicado como diagnóstico. 
DIAGNÓSTICO DA TUBERCULOSE EXTRAPULMONAR 
- A TB extrapulmonar é uma doença paucibacilar, 
mesmo assim o diagnóstico bacteriológico e 
histopatológico deve ser realizado. 
- As formas mais comuns são pleural, linfática, do 
sistema nervoso central, pericárdica, ileocecal, 
peritoneal, da coluna vertebral, outras lesões ósseas e 
articulares. 
- Não são comuns empiema, acometimento do trato 
geniturinário, renal, da glândula suprarrenal e da pele. 
- Em HIV-negativos, a forma mais comum costuma ser 
a pleural; já em HIV-positivos, a mais comum é a 
linfática. 
DIAGNÓSTICO DA TUBERCULOSE EM SITUAÇÕES 
ESPECIAIS 
1) Tuberculose em HIV-positivos: 
- O risco de um indivíduo infectado pelo HIV 
desenvolver TB doença é de 50%; portanto, ao avaliar 
portadores de HIV, deve-se procurar TB, 
principalmente onde sua prevalência é alta. 
- Em HIV-positivos, quando ocorre progressão para 
doença, observa-se uma diminuição da subpopulação 
de linfócitos CD4, ocasionando perda da capacidade do 
sistema imune em controlar a replicação do vírus e a 
progressão de infecções oportunistas. 
- Tal fato explica o aparecimento de formas 
extrapulmonares e disseminadas da TB. Pacientes 
HIV-positivos têm menor rendimento da pesquisa de 
BAAR no escarro, maior prevalência de infecção por 
micobactérias não tuberculosas e maior incidência de 
TB multirresistente. 
- Por essa razão, além da pesquisa de BAAR, estão 
indicados cultura, identificação da espécie e teste de 
sensibilidade. 
2) Tuberculose em pacientes transplantados 
- A TB em tais pacientes costuma ser grave em função 
de dificuldades em reconhecer a doença, do retardo no 
seu diagnóstico e da complexa interação 
medicamentosa no seu tratamento. 
- Ocorre mais frequentemente nos receptores de 
transplante pulmonar como resultado de infecção 
latente no receptor, mas pode não ter sido reconhecida 
no doador, ou pode ocorrer por uma nova infecção. 
- Existem vários relatos de transmissão de 
tuberculose do doador para o receptor. 
- A prevalência de TB em transplantados de pulmão em 
países desenvolvidos fica em torno de 1 a 6,5%, mas em 
regiões endêmicas chega a 10% 
3) Infecção latente por M. tuberculosis ou tuberculose 
latente 
- Este é o período entre a penetração do bacilo no 
organismo e o aparecimento da tuberculose-doença, 
momento ideal para oferecer tratamento e evitar sua 
progressão. 
- O seu diagnóstico é feito pela positividade do teste 
tuberculínico (TT) associado à exclusão de 
tuberculose-doença. 
- O tamanho da induração cutânea do TT orienta a 
necessidade de tratamento em diferentes situações 
epidemiológicas. 
- Imunodeprimidos, curados da doença sem 
tratamento com medicamentos, pacientes com 
indicação de cirurgia pulmonar com suspeita ou 
evidência de doença anterior ou candidatos a 
transplantes devem ser incluídos nesse grupo, assim 
como grávidas e população indígena. 
- Outro recurso para o diagnóstico de tuberculose 
latente (TBL), hoje feito pelo TT, são os chamados 
testes com base na detecção da liberação de interferon 
gama (IGRA), quando linfócitos do investigado são 
submetidos a fragmentos do bacilo não presentes no 
bacilo de Calmette-Guérin (BCG). 
- O tratamento da TB é realizado com diferentes 
medicamentos combinados levando-se em conta as 
peculiaridades da população bacilar. 
- O M. tuberculosisse multiplica em velocidades 
diferentes: alguns são de crescimento rápido e lento, 
outros somente lentos e alguns ainda permanecem 
latentes, tendo atividade esporádica. 
- Portanto, a combinação de diferentes fármacos tem 
como objetivos uma ação bactericida precoce, a 
prevenção da seleção de bacilos resistentes e a 
esterilização das lesões. 
ESQUEMA DE TRATAMENTO DA TUBERCULOSE NO 
BRASIL CONFORME RECOMENDAÇÃO DO PROGRAMA 
NACIONAL DE CONTROLE DA TUBERCULOSE DO 
MINISTÉRIO DA SAÚDE (PNCT/MS): 
- O esquema básico (dois meses de rifampicina, 
hidrazida, pirazinamida e etambutol – RHZE/quatro 
meses de rifampicina e hidrazida – RH) está indicado 
para todos os casos novos de todas as formas clínicas 
(exceto meningoencefalite), bem como recidivas e 
retorno após abandono. 
- Faz parte dessa composição o etambutol (E) como 
quarta droga e a adequação das doses de H e Z em 
adultos para 300 mg/dia e 1.600 mg/dia, 
respectivamente. 
ATENÇÃO: Segundo o PNCT, todo paciente que 
apresentar ao final do segundo mês de tratamento 
baciloscopia positiva no escarro deve ser submetido a 
exame cultural com identificação da micobactéria e 
teste de sensibilidade face à possibilidade de tratar-se 
de tuberculose resistente. 
ESQUEMA PARA MENINGOENCEFALITE: 
- Consiste em dois meses de RHZE/sete meses de RH, 
uso concomitante de corticoide (prednisona na dose de 
1 a 2 mg/ kg/dia por quatro semanas) ou 
intravenosamente nos casos graves (dexametasona na 
dose de 0,3 a 0,4 mg/kg/dia por 4 a 8 semanas), com 
redução gradual da dosagem nas quatro semanas 
subsequentes. 
ESQUEMA PARA MULTIRRESISTÊNCIA: 
- Consiste em dois meses de SELZT /quatro meses de 
SELZT/ 12 meses de ELT. 
- A estreptomicina (S) deve ser utilizada cinco dias por 
semana nos dois primeiros meses, seguida de três 
vezes por semana nos quatro meses subsequentes, 
em um total de 18 meses, supervisionados. Etambutol 
(E), Levofloxacina (L), e Tiacetazona (T) são usadas 
durante os 18 meses. Pirazinamida (Z), durante os 
primeiros 6 meses. 
- Esse esquema deve ser acompanhado em unidade de 
referência terciária. Deve ser usado em caso de 
falência do esquema básico, com resistência à R + H ou 
R + H + outro fármaco de primeira linha e intolerância 
a dois ou mais fármacos do esquema básico. 
- Na impossibilidade de usar S, substituí-la por 
amicacina na mesma frequência. 
ESQUEMA DE RESISTÊNCIA A RIFAMPICINA: Consiste 
em 2-3SHZE/8-10 HE. 
ESQUEMA DE RESISTÊNCIA A HIDRAZIDA: Consiste em 
2RZE/8-4 RE. 
ATENÇÃO: Preferir sempre usar rifampicina ou 
hidrazida, por serem mais eficazes contra os bacilos. 
- Em crianças, é mantido o esquema RHZ, para evitar 
efeitos colaterais do etambutol (neurite ótica e sua 
dificuldade de identificação nessa faixa etária). 
- Menores de 10 anos de idade continuam o tratamento 
atual com três medicamentos: R (10 mg/kg), H (10 
mg/kg) e Z (35 mg/kg). 
- Em situação de super-resistência, o paciente deve 
ser encaminhado para referência terciária para 
utilização de fármacos de reserva como capreomicina, 
moxifloxacina, PAS e etionamida. 
- No caso de polirresistência, deverá ser montado 
esquema conforme o teste de sensibilidade. 
ESQUEMA EM CASO DE INTOLERÂNCIA A UM 
MEDICAMENTO: 
→ Intolerância à R: 2HZES5*/10HE 
→ Intolerância à H: 2RZES5/7RE 
→ Intolerância à Z: 2RHE/7RH 
→ Intolerância ao E: 2RHZ/4RH 
(A estreptomicina deverá ser usada em cinco dias da 
semana.) 
TRATAMENTO DA TUBERCULOSE LATENTE (TBL) 
- É indicada hidrazida (H) na dose de 5 a 10 mg/kg de 
peso até 300 mg/dia por seis meses (efeitos colaterais 
são infrequentes). 
- Caso ocorra intolerância à H, sugere-se R por dois a 
quatro meses. 
- Contatos com portadores de bacilos resistentes 
podem ser tratados com fluoroquinolona e etambutol. 
- O retratamento da TBL está indicado em 
imunossuprimidos enquanto persistirem a 
imunossupressão e a reexposição a focos bacilíferos 
(a cada 2 ou 3 anos). 
ATENÇÃO: Tuberculose-doença deve sempre ser 
afastada antes de se iniciar o tratamento da TBL. 
RECOMENDAÇÕES PARA HEPATOPATIAS: 
- Solicitar provas de função hepática no início e 
durante o tratamento de adultos com história de 
consumo de álcool, doença hepática ou hepatite 
(passada ou atual), em uso de outras medicações 
hepatotóxicas e infecção pelo HIV. 
TRATAMENTO DA TUBERCULOSE E HEPATOPATIA 
- Sem cirrose: 
a) ALT/AST > 3 × LSN = RHE por nove meses 
b) ALT/AST ≤ 3 × LSN = RHZE por seis meses 
- Com cirrose: 
a) Cirrose hepática = RE + (levofloxacina ou 
moxifloxacina ou ofloxacina ou ciclosserina) por 12-18 
meses 
b) Doença hepática crônica estabelecida 
→ Sem evidência clínica de doença e com 
transaminases (ALT/AST) ≤ 3 × LSN (limite 
superior da normalidade): RHZE normalmente 
(mesmo que sejam portadores de vírus da hepatite 
ou tenham antecedentes de hepatite aguda ou 
hábitos alcoólicos excessivos). Acompanhar com 
exames laboratoriais periódicos. 
→ Com evidência clínica de doença ou com ALT/AST > 
3 × LSN: 2HRES/6HE ou 2HRE/6HE ou 2HSE/10HE 
ou 3SEO/9EO 
ATENÇÃO: A tuberculose, por si mesma, pode alterar a 
função hepática (FH) e, nesta situação, a FH melhora 
com o tratamento específico. 
- Alcoolismo: utilizar piridoxina 50 mg/dia (para 
prevenir neurite periférica). 
TUBERCULOSE NA GRAVIDEZ 
- Os tuberculostáticos (RHZE) atravessam a placenta, 
mas não têm efeito nocivo para o feto e podem ser 
utilizados nas doses habituais. Deve-se evitar 
estreptomicina, etionamida, canamicina, amicacina, 
capreomicina e fluoroquinolonas, pois oferecem risco 
ao feto. 
- Sugere-se que grávidas com TBL recebam hidrazida 
por seis meses, com suplementação de piridoxina 
(para evitar crise convulsiva no recém-nascido). 
- Os fármacos de primeira escolha (RHZE) têm baixa 
concentração no leite materno; portanto, nestes casos 
a amamentação é recomendada. 
TUBERCULOSE NO DIABÉTICO: 
- Pode-se estender o tratamento para nove meses nos 
dependentes de insulina. 
- Naqueles não dependentes, sugere-se manter o 
esquema habitual. 
- Recomenda-se substituir o hipoglicemiante oral por 
insulina, quando houver necessidade (manter a 
glicemia de jejum igual ou menor a 160 mg/dL). 
- Indica-se ainda o uso profilático da piridoxina. 
TUBERCULOSE NA INSUFICIÊNCIA RENAL: 
- R, H e Z podem ser prescritas nas dosagens normais. 
- Deve-se modificar o tratamento em casos de 
insuficiência renal com depuração da creatinina ≤ 30 
mL/min ou em diálise. 
- É importante evitar S e E, ou administrá-las em doses 
reduzidas e com intervalos maiores. 
- O esquema mais seguro é 2RHZE/4RH. 
QUANDO INDICAR TRATAMENTO CIRÚRGICO DA 
TUBERCULOSE PULMONAR ATIVA 
- Em casos de TB-MDR (tuberculose multi-droga 
resistente); efeitos adversos graves aos 
tuberculostáticos; hemoptise não controlada; 
empiema; pneumotórax e fístula broncopleural; 
linfadenomegalia com compressão da árvore 
traqueobrônquica. 
QUANDO INDICAR TRATAMENTO CIRÚRGICO DA 
SEQUELA DE TUBERCULOSE 
- Em casos de resíduo sintomático; cavidade 
colonizada por fungo; hemoptise não controlada; 
empiema, fístula broncopleural e pneumotórax. 
- A prevenção é feita pela vacina BCG na criança de 0 
a 4 anos de idade. É obrigatória para menores de 1 ano. 
- Ela protege a criança contra manifestações graves da 
primoinfecção tuberculosa, como a disseminação 
hematogênica e a meningoencefalite, embora crianças 
e adultos já vacinados possam ser contaminados pelo 
M. tuberculosis também. 
BIOSSEGURANÇA EM TUBERCULOSE 
- A transmissão da TB em ambientes fechados, como 
unidades de saúde, prisões e asilos, tem aumentado, 
daí a preocupação com a adoção de medidas efetivas 
de proteção. 
- Em todos os locais com chance alta de transmissão 
do M. tuberculosis, seja de paciente para indivíduos 
sadios, de paciente para paciente ou de paciente para 
profissionais de saúde, devem ser adotadas medidas 
de biossegurança. 
- O que define quaismedidas de biossegurança devem 
ser adotadas é o tipo de ambiente de exposição, ou 
seja, de risco baixo, médio ou alto. 
- Essas medidas podem ser administrativas, de 
controle ambiental e de proteção respiratória, também 
orientadas conforme o ambiente de exposição. 
TUBERCULOSE E TABAGISMO: 
- O tabagismo pode dificultar a negativação do escarro 
durante o tratamento da tuberculose, bem como 
aumentar a taxa de recidiva da doença. 
- Portanto, combater o tabagismo por meio de 
programas de cessação associados à rotina de 
atendimento dos portadores de tuberculose pode ser 
uma boa alternativa. 
PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DA 
TUBERCULOSE: 
- No Brasil, os casos de tuberculose diagnosticados 
devem ser encaminhados a uma unidade de saúde 
mais próxima ao domicílio do paciente para inscrição 
no programa, prescrição e fornecimento gratuito dos 
medicamentos. 
- A inscrição do paciente no programa garante a 
notificação do caso e permite o controle 
epidemiológico da doença. 
- Com o objetivo de aumentar a adesão ao tratamento, 
a Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 1990, 
recomenda a adoção da estratégia de Tratamento 
Diretamente Observado (TDO), e desde 1998 o Brasil 
também recomenda tal estratégia. 
- A adoção da estratégia TDO, bem como a integração 
do Programa de Controle da Tuberculose com outros 
programas (Saúde da Família, Agentes Comunitários 
de Saúde, Antitabagismo, AIDS), fazem parte de um 
conjunto de medidas para controlar a doença no Brasil

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