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Esportes de Combate

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Prévia do material em texto

Esportes de Combate 
#CURRÍCULO LATTES# 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Professora Ma. Kauana Borges Marchini 
 
● Graduada em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) 
● Mestre em Atividade Física relacionada à Saúde (UEM) 
● Doutoranda em Atividade Física relacionada à Saúde (UEM) 
● Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisa em Exercício e Nutrição para a 
Saúde e no Esporte (GEPENSE) 
 
 
Possui experiência na atuação como prescrição de exercício e treinamento 
personalizado para populações especiais. Graduada em Aikido, arte marcial de origem 
japonesa, pela Aikikai Fundashion (Hombu Dojo – Japão). Pratica Aikido desde o ano de 
2001, e atua no ensino desta arte marcial para crianças e com treinamento de técnicas 
de defesa pessoal, especialmente para o público feminino. 
 
Link para o currículo: http://lattes.cnpq.br/2983402137242625 
 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DA APOSTILA 
 
 
Caro(a) aluno(a), 
 
Seja bem-vindo(a) à disciplina de Esportes de Combate. 
Esta disciplina se desenvolverá com o objetivo de ampliar o seu conhecimento no 
campo da Educação Física, de modo que você possa vislumbrar diferentes campos de 
conhecimento e atuação na nossa área e aprimore ainda mais a sua formação 
profissional. 
Este material foi preparado com a preocupação de ofertar a você os conteúdos 
necessários e relevantes para sua formação no contexto dos Esportes de Combate, 
possibilitando não apenas o entendimento e compreensão dos referenciais teóricos, mas 
também a aplicação prática do conhecimento adquirido. 
As unidades estão organizadas numa sequência que objetiva facilitar a 
compreensão lógica dos assuntos abordados. Na unidade I abordaremos o conceito e 
as características gerais dos Esportes de Combate, como eles são classificados bem 
como um apanhado geral sobre os aspectos históricos dessa modalidade. Nesta unidade 
também falaremos a respeito da relação dos esportes de combate com a agressividade 
e a violência, abordando as diferenças entre Esportes de Combate e brigas. 
Na sequência, na unidade II, você irá conhecer com mais detalhes alguns dos 
esportes de combate mais populares. Cada um deles terá uma breve abordagem sobre 
suas origens, além da apresentação de suas principais características, nomenclaturas e 
regras. 
Já na unidade III, você irá saber mais sobre os Esportes de Combate no ambiente 
escolar. Buscaremos compreender quais os principais desafios para o ensino deste 
conteúdo na escola, além dos aspectos relacionados à prática pedagógica, como o 
planejamento e a utilização dos conhecimentos adquiridos nas aulas de Educação 
Física. 
Na unidade IV, finalizaremos este conteúdo voltando nosso olhar para os esportes 
de combate em espaços não formais, como as academias e clubes. Iremos conhecer 
formas de trabalhar com os esportes de combate no ensino para as crianças e como 
campo de atuação profissional. 
 Espero que possamos trilhar esse caminho juntos, com a expectativa de que seus 
conhecimentos sejam ampliados e você sinta-se ainda mais motivado(a) na sua 
formação profissional. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE I 
INTRODUÇÃO AOS ESPORTES DE COMBATE 
Professora Mestra Kauana Borges Marchini 
 
 
Plano de Estudo: 
• O que são Esportes de Combate? Definição e características gerais; 
• Formas de classificação dos Esportes de Combate; 
• História dos Esportes de Combate; 
• Esportes de Combate x Brigas. 
 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Conceituar e contextualizar os Esportes de Combate; 
• Conhecer as formas de classificação dos Esportes de Combate; 
• Compreender as origens e os principais aspectos históricos dos Esportes de 
Combate; 
• Estabelecer a diferença entre Esportes de Combate e brigas. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Prezado(a) aluno(a), 
 
Que bom tê-lo(a) aqui para iniciar nossa jornada de estudos sobre os Esportes de 
Combate. Esta primeira etapa tem por objetivo introduzir alguns conceitos fundamentais 
para o entendimento dos Esportes de Combate como parte da Educação Física. 
Nesta unidade abordaremos aspectos ontológicos acerca dos Esportes de 
Combate. Essa compreensão dos referenciais teóricos auxiliará no entendimento de 
como este conteúdo pode ser explorado na prática profissional, tanto no ambiente 
escolar quanto nos espaços não formais de atuação do profissional de Educação Física. 
É importante ressaltar que este material não encerra todas as fontes referentes a 
esse tema. Há um vasto conteúdo disponível que pode enriquecer ainda mais a sua 
formação docente. Sabendo disso, é muito importante que você complemente seus 
estudos com auxílios de outras fontes, algumas das quais estão apontadas ao longo 
deste material. 
A sequência de apresentação dos conteúdos dessa unidade inicia-se com uma 
importante discussão que gera bastante confusão em nossa área: as diferenças entre 
Lutas, Artes Marciais e Esportes de Combate. Na sequência, apresentaremos a definição 
e as classificações dos Esportes de Combate, seguido de seus aspectos históricos. Por 
fim, abordaremos as questões relacionadas à agressividade e a violência, discutindo 
sobre a diferença entre brigas e Esportes de Combate. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. O QUE SÃO ESPORTES DE COMBATE? DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS 
GERAIS 
 
 
Imagem do Tópico: ID 557179486 
 
1.1. Lutas, Artes Marciais e Esportes de Combate: sinônimos de uma mesma 
coisa? 
 
Conhecer os esportes de combate implica em ir além das regras e características 
de cada esporte. Para entender os detalhes é necessário desvendar a etiologia deste 
fenômeno, e o passo inicial está em definir e explicar dois termos que estão intimamente 
ligados à origem dos Esportes de Combate e, por vezes, tem seus conceitos 
confundidos: as lutas e as artes marciais. Apesar de parecer que se trata de um mesmo 
assunto, lutas, artes marciais e Esportes de Combate apresentam importantes 
diferenças, as quais iremos detalhar a seguir. 
 O termo “luta” é bastante dinâmico e diversificado, não se tratando somente dos 
embates físicos e corporais, mas também da dimensão relacionada à sua intenção, como 
as lutas de classes, lutas de direitos, luta pela vida (CORREIA; FRANCHINI, 2010). Para 
que a luta aconteça são necessárias ambivalência e contradição e ela pode acontecer 
no campo das ideias e/ou no plano físico. Assim, temos na luta pela sobrevivência o 
ponto inicial, como a busca de alimentos e proteção contra as ameaças do ambiente. 
 
Seguido, conforme a sociedade evolui, por intenções de subjugações entre os sujeitos, 
como a dominação do mais fraco pelo mais forte. Como cultura corporal de movimento, 
podemos entender a luta como qualquer atividade de oposição, com objetivo de ataque, 
defesa e contra-ataque que envolvam duas ou mais pessoas como adversárias, e que 
pode ou não fazer o uso de implementos. 
Quando este embate toma maiores proporções, com a criação de códigos e 
costumes, passando a atingir povos e civilizações, temos o início das guerras 
(GASTALDO, 1995). Para se vencer o inimigo, passa a ser necessário estratégia e 
“tecnologia”. Os guerreiros se tornam soldados especializados, tanto nas técnicas de 
lutas corporais quanto na utilização de armas. São essas técnicas de guerra que dão 
origem às Artes Marciais. A palavra “arte” indica as diversas possibilidades criativas que 
surgem das manifestações culturais e aqui pode ser entendida como técnica refinada. O 
termo “marcial” está relacionado ao universo mitológico (Marte, deus romano da guerra) 
e aos conflitos inerentes às relações humanas. De modo simplista, poderíamos traduzir 
arte marcial como arte da guerra (CORREIA; FRANCHINI, 2010; GASTALDO, 1995). 
Contudo, a arte marcial vai além dos movimentos corporais com finalidade militar e 
bélica, mas se relaciona também com as manifestações culturais dos povos que a 
criaram, como a filosofia e a religião. 
 Nas artes marciais,além das técnicas de combate e do aprimoramento dos 
componentes de aptidão física, também há o desenvolvimento mental e espiritual do 
sujeito (ANTUNES, 2009). Como “arte da guerra”, o treinamento da arte marcial implica 
na preparação “completa”. Aprimora-se os movimentos corporais, com treinamentos 
rígidos, que podem garantir a vitória na batalha, em conjunto com o desenvolvimento de 
princípios filosóficos, espirituais (religiosos) e culturais, que exigem respeito a códigos 
éticos e rituais de passagem (MARTA, 2009). Um exemplo para ilustrar esse conceito 
são os antigos samurais japoneses. Além da destreza na luta com a espada, necessária 
para proteger seu território, havia um código moral que os samurais deviam seguir, o 
Bushido, que pode ser traduzido como “caminho do guerreiro”. Por seguir esses 
princípios em todos os aspectos de sua vida, os samurais conquistaram respeito e 
prestígio perante toda a sociedade (MARTINS; KANASHIRO, 2010). 
 
 Como é possível verificar com o exemplo acima, em geral, nós utilizamos o termo 
‘arte marcial’ para as lutas que se desenvolveram nas civilizações orientais, como o Jiu-
jitsu e o Kung-fu, principalmente por essa relação com os aspectos filosóficos, religiosos 
e culturais dos povos orientais. Mas também pode ser utilizado para as lutas de origem 
ocidental, como é o caso da Capoeira. 
 As mudanças sociais e culturais, especialmente após a Revolução Industrial 
iniciada no século XIX, transformou as lutas e artes marciais de modo significativo. Sem 
a necessidade de preparação dos guerreiros e de dominar o inimigo, há o direcionamento 
do treino ao desenvolvimento individual do praticante, sobretudo, com um 
aperfeiçoamento moral e condicionamento físico. As batalhas são “substituídas” pelas 
competições (MARTINS; KANASHIRO, 2010). Desse movimento de modernização é que 
nascem os Esportes de Combate. 
 Assim, podemos resumir esse tópico enfatizando que o termo “luta” se relaciona 
movimento corporal de combate. Já o termo “arte marcial” engloba, além das técnicas e 
movimentos de combate, elementos filosóficos e religiosos. Desse modo, podemos dizer 
que nem toda luta é arte marcial, mas toda arte marcial é um tipo de luta. Quanto aos 
Esportes de Combate, neste contexto podemos entendê-los como lutas ou artes marciais 
praticadas de maneira competitiva. No próximo tópico, veremos como ocorreu esse 
processo de esportivização das lutas e artes marciais. 
 
1.2. Esportivização das Lutas e das Artes Marciais 
 
Quando observamos nosso cotidiano atual, é praticamente impossível perceber 
um ambiente no qual as lutas e as artes marciais sobrevivessem em sua essência. Nós 
não caçamos nosso alimento, nem treinamos nossos corpos e mentes para o combate, 
como acontecia com os antigos guerreiros. Desse modo, para que essas práticas 
corporais fossem absorvidas no contexto do nosso momento histórico, algumas 
“adaptações” foram necessárias. Essa contextualização é denominada esportivização, 
que é um conceito proposto pelo sociólogo alemão Norbert Elias (MARTINS; 
KANASHIRO, 2010). 
 
A esportivização das lutas e das artes marciais iniciou-se no século XIX e teve 
seu ápice em meados do século XX. Essa modernização teve por objetivo diminuir o 
grau de violência, permitir uma igualdade entre os jogadores, inclusive com limites para 
o uso da força, e criar uma codificação e padronização das regras (MARTINS; 
KANASHIRO, 2010). Agora não há mais inimigo, mas o adversário. O fim da batalha não 
é a morte do oponente, mas são estabelecidas regras e limites para que o combate seja 
encerrado e um dos adversários seja considerado o vencedor. 
Esse processo foi responsável pelo surgimento das federações esportivas, com o 
objetivo de unificar os regulamentos das modalidades; pela especialização na 
preparação de atletas e a inclusão de algumas dessas modalidades nos Jogos Olímpicos 
modernos. Ainda assim, muitas das artes marciais continuaram preservando sua 
essência, valorizando os aspectos éticos e filosóficos que as originaram (CARNEIRO; 
PÍCOLI; SANTOS, 2015; MARTA, 2009; MARTINS; KANASHIRO, 2010). 
 
 
Figura 1 – Escultura representando o Pancrácio, 
antiga luta grega que poderia levar os combatentes 
à morte. 
F 
Fonte: Shutterstock. #SHUTTER 4140892 
 
 
Figura 2 – Competidores de Luta Livre 
(versão moderna do Pancrácio) durante um 
campeonato mundial. 
Fonte: Shutterstock. #SHUTTER 1867899793 
 
 
Neste sentido, as artes marciais de origem oriental foram amplamente 
beneficiadas. Primeiro, pelo processo histórico de ocidentalização do oriente, 
especialmente após a Segunda Guerra Mundial. Depois, pela valorização de elementos 
da cultura oriental no ocidente, como as artes marciais retratadas nos filmes de 
Hollywood. A união do treinamento físico, da possibilidade de aprimorar de técnicas de 
defesa pessoal, aliados a princípios filosóficos, caiu como uma luva na necessidade do 
sujeito contemporâneo em buscar um equilíbrio entre corpo e mente. O desenvolvimento 
moral e espiritual das artes marciais, antes relacionados ao caráter religioso de suas 
origens, agora passa a ter um sentido ético, de dominação do ego e de disciplina diante 
da sociedade (CARNEIRO; PÍCOLI; SANTOS, 2015; MARTA, 2009). 
 
 Ainda assim, cabe destacar que, de acordo com o objetivo do praticante uma 
determinada modalidade pode ser realizada como arte marcial ou apenas como Esporte 
de Combate. Por exemplo, um praticante de Judô que além das técnicas de luta, pratica 
os princípios relacionados à filosofia e cultura japonesa, realiza essa prática como arte 
marcial. Contudo, se ele utiliza dessas técnicas apenas para aprender uma forma de 
defesa pessoal, ou se preparar para uma competição, sem considerar os demais 
 
 
aspectos que caracterizam essa luta como arte marcial, ele pratica Judô como um 
Esporte de Combate. 
Mais recentemente, observamos uma transformação das artes marciais e mesmo 
dos Esportes de Combates em produtos fitness. Há uma total desvinculação dos 
princípios filosóficos e até mesmo das regras desportivas, apenas para atender a 
necessidade de um público que busca uma atividade “diferente” das ginásticas 
convencionais (MARTA, 2009). Essas modalidades são oferecidas em ambientes 
neutros das academias, e em geral, se apropriam de elementos de várias dessas 
modalidades, como técnicas de combate, vestimenta, postura, exercícios de treinamento 
e une-os em uma modalidade fitness. Para exemplificar, podemos citar o body combat, 
modalidade muito popular em grandes academias de ginástica. 
 Ainda neste tópico, é importante salientar que este processo não deve ser visto 
simplesmente como algo negativo. Essa massificação e o entendimento das lutas e artes 
marciais como Esportes de Combate, permitem aproximar e ampliar o conhecimento do 
público acerca de diferentes culturas. Além de desassociar essas práticas corporais de 
atitudes violentas, especialmente sobre esse assunto falaremos com mais detalhes no 
último tópico desta unidade. 
 
1.3. Afinal, o que são Esportes de Combate? 
 
 
Figura 3 – Figura de Baybard publicada em 
1867, retratando Yushitsune, popular 
samurai japonês, lutando. 
Fonte: Shutterstock. #SHUTTER 93727141 
 
Fonte: Shutterstock. #SHUTTER 61656484 
Figura 4 – Foto de uma competição de Kendô, arte 
marcial japonesa que utiliza movimentos e golpes 
com uma espada de bambu baseados nos 
combates samurais. 
 
 
Esportes de Combate podem ser definidos como “práticas de lutas, das artes 
marciais e dos sistemas de combate sistematizados em manifestações culturais 
modernas, orientadas a partir das decodificações propostas pelas instituições esportivas” 
(CORREIA; FRANCHINI, 2010, p. 02). O objetivo do praticante é dominar ou nocautear 
o adversário por meio de golpes. 
Para que uma prática corporal de Luta ou Arte Marcial seja considerada um 
Esporte de Combate, ela precisa apresentar algumascaracterísticas (FRANCHINI; 
VECCHIO, 2011; MARTINS; KANASHIRO, 2010): 
a) Diminuição do grau de violência: as regras e normas da prática desportiva de 
combate deve garantir a integridade física dos competidores; 
b) Codificação das regras e das práticas: organizações, como as Federações e 
Confederações, são responsáveis por centralizar a administração, o controle 
e a organização dos regulamentos e das competições; 
c) Igualdade entre os competidores: essa equiparação é garantida com a 
classificação dos competidores por categorias. Essas categorias podem ser 
determinadas pelo sexo, idade, peso corporal, etc. 
d) Secularização: a prática é desvinculada dos rituais religiosos; 
 
Assim, ainda que se permita o enfrentamento entre os adversários, é algo 
diferente de um “combate real”, pois há uma garantia de igualdade de oportunidades por 
meio do controle da força física e da violência. 
Diante do exposto, fica evidente o quão grande é o universo das modalidades que 
compõem os Esportes de Combate, dentre os mais populares podemos citar: 
● Boxe 
● Esgrima 
● Jiu-jitsu 
● Judô 
● Karatê 
● Kendô 
● Kung Fu 
 
● Lutas (Greco-romana e Livre) 
● Muay Thai 
● Sumô 
● Taekwondo 
 
 
SAIBA MAIS 
 
Os samurais surgiram durante a Era Heian (794 a 1192), inicialmente como parte do 
exército dos proprietários de terras (daimôs). Esses guerreiros eram considerados 
exemplares por sua conduta moral. Sua vida era regida pelo Bushido, o código de 
conduta que alertava para aspectos de ética, disciplina, respeito, lealdade, honra e 
coragem. Durante a Era Meiji (1867 a 1912), os samurais perderam o seu prestígio, 
porém deixaram seu código de conduta (Bushido) e suas disciplinas marciais (Bujutso) 
como legados para as artes marciais de origem japonesa. 
O Bujutso (técnica marcial), juntamente com o Bushido (caminho do guerreiro) dão 
origem ao Budo (caminho marcial), que nada mais é do que uma versão moderna do 
Bujutso. No Budo, busca-se um desenvolvimento pessoal de corpo (prática marcial) e de 
mente (filosofia e princípios do Bushido). O Budo é a filosofia condutora das artes 
marciais japonesas. 
 
Fonte: Martins e Kanashiro (2010). 
 
#SAIBA MAIS# 
 
 
2. FORMAS DE CLASSIFICAÇÃO DOS ESPORTES DE COMBATE 
 
 
Imagem do Tópico: RETIRAR A PARTE ESCRITA DA IMAGEM 
SHUTTER: 1833401278 
 
Os Esportes de Combate podem ser classificados por diferentes perspectivas. 
Considerando a diversidade de modalidades que compõem o universo dos Esportes de 
Combate destaco que irei exemplificar somente os mais populares em nosso país. 
Lembrando que as características individuais de cada uma dessas modalidades serão 
detalhadas na próxima unidade do nosso material. 
 Quanto à origem, eles podem ser classificados em Esportes de Combate Orientais 
e Ocidentais. Essa classificação se relaciona muito mais às questões culturais, filosóficas 
e religiosas das Lutas e Artes Marciais que deram origem a cada modalidade, do que às 
questões geográficas. 
 Os Esportes de Combate também se classificam em olímpicos e não-olímpicos. 
Sendo que fazem parte do primeiro grupo as modalidades que são disputadas nos Jogos 
Olímpicos modernos. Atualmente, de acordo com o Comitê Olímpico Internacional 
(2021), os Esportes de Combate que fazem parte dos Jogos Olímpicos são: Boxe, 
Esgrima, Judô, Karatê, Lutas (Greco-Romana e Livre) e Taekwondo. 
 Os Esportes de Combate também podem ser classificados de acordo com 
características técnicas e táticas, conforme veremos nos subtópicos a seguir. 
 
 
2.1. Classificação dos Esportes de Combate por distância 
 
A divisão dos Esportes de Combate por distância permite a categorização das 
modalidades conforme o distanciamento entre os adversários e o uso de implementos 
para a disputa. Desse modo, de acordo com Carneiro, Pícoli e Santos (2015) eles podem 
ser classificados em: 
 
a) Curta distância: são modalidades que, em geral, as lutas corporais acontecem 
no solo; 
 
 
Figura 5 - Detalhe de uma técnica de Jiu-jitsu executada no solo, característica de 
modalidades classificadas como curta distância 
 
Fonte: Shutterstock #SHUTTER 612746729 
 
b) Média distância: são as modalidades em que o adversário deve ser segurado 
com “pegadas” (agarrado com as mãos) durante o combate ou aplicação do 
golpe;
 
 
 
Figura 6 - Detalhe de uma luta de Sumô. O “agarre” do adversário é característica de 
modalidades classificadas como média distância 
 
Fonte: Shutterstock #SHUTTER 748083427 
 
 
c) Longa distância: são as modalidades que apresentam como característica a 
necessidade de toques, como socos ou chutes, no adversário; 
 
Figura 7 - Detalhe de chutes trocados durante uma competição de Taekwondo. Esse tipo 
de golpe é característico das modalidades classificadas como longa distância 
 
. Fonte: Shutterstock #SHUTTER309637526 
 
d) Distância alongada: são as modalidades que tocam o adversário com o uso de 
um implemento.
 
 
Figura 8 - Detalhe de ataque e defesa efetuados com um implemento (shinai – 
espada de bambu) durante uma competição de Kendô. O uso de implementos para 
tocar o adversário é característico das modalidades classificadas como distância 
alongada 
 
Fonte: Shutterstock. #SHUTTER 1208051746 
 
A seguir, temos um quadro as modalidades olímpicas e exemplos de modalidades 
não olímpicas classificadas de acordo com a distância: 
 
Quadro 1 - Classificação das modalidades olímpicas e exemplos de modalidades não olímpicas 
de acordo com a distância entre os adversários 
Distância Olímpicas Não Olímpicas 
Curta Judô, Lutas Jiu-jitsu 
Média Judô, Lutas Sumô 
Longa Boxe, Taekwondo, Karatê Kung Fu, Muay Thai 
Alongada Esgrima Kendô 
Fonte: adaptado de Carneiro, Pícoli e Santos (2015). 
 
2.2. Classificação dos Esportes de Combate por tática de combate 
 
As táticas de combate podem ser entendidas como a capacidade do lutador em 
“coordenar a integração existente entre o espaço, o tempo e o adversário, buscando 
 
modos de romper o equilíbrio entre o ritmo, a distância e a percepção do outro e, assim, 
atingir os objetivos específicos de cada modalidade” (CARNEIRO; PÍCOLI; SANTOS, 
2015, p. 733). Assim, com base na classificação de distância, existem três categorias 
possíveis para os Esportes de Combate: 
a) Agarre: encaixam-se nesta categoria as modalidades de curta e média 
distância que tem como características essenciais para o combate o 
desenvolvimento de pegadas corporais; 
b) Impacto/ toque: enquadram-se nesta categoria as modalidades alongadas 
e de longa distância, as quais o toque intermitente no adversário, tanto com 
o corpo quanto com o uso de implementos, é característica principal do 
combate; 
c) Mistas: essa categoria é formada pelas modalidades em que o lutador 
precisa unir as habilidades de controle de pelo menos três distâncias de 
combate, além das ações de agarres e impactos com ou sem implementos. 
 
A seguir, temos um quadro com a classificação das modalidades olímpicas e 
exemplos de modalidades não olímpicas de acordo com as táticas de combate. 
 
Quadro 2 - Classificação das modalidades olímpicas e exemplos de modalidades não olímpicas 
de acordo com as táticas de combate 
Distância Olímpicas Não Olímpicas 
Agarre Judô, Lutas Jiu-jitsu, Sumô 
Impacto/Toque Boxe, Taekwondo, Karatê, 
Esgrima 
Kung Fu, Muay Thai, 
Kendô 
Mistas --- Ninjutso, MMA (Mixed 
Martial Arts) 
Fonte: A autora. 
 
 
 
3. HISTÓRIA DOS ESPORTES DE COMBATE 
 
 
Imagem do Tópico 
SHUTTER: 1745203673 
 
3.1. A origem das Lutas, das Artes Marciais e dos Esportes de Combate 
 
As lutas e as artes marciais são as expressões de práticas corporais e de cultura 
que deram origem às mais variadas modalidades de Esportes de Combate. A luta, como 
prática corporal, se desenvolveu concomitantemente à história do ser humano como ser 
social. Sendo uma das mais antigas manifestações corporais e culturaisda humanidade 
(RUFINO; DARIDO, 2011). Na pré-história, a sobrevivência estava relacionada ao 
combate, tanto para caça e captura de alimentos quanto na defesa contra outros animais 
e humanos. Lutas eram a única forma de se manter vivo. Conforme há uma evolução 
nas habilidades físicas e intelectuais, há também mudanças na organização social 
humana. Deste modo, passa a ser necessário buscar formas de garantir não apenas a 
integridade individual, mas também do grupo ao qual está inserido (SVINTH, 2002). 
Conforme há o domínio de diferentes instrumentos e materiais, estes também 
passam a ser utilizados como armas, contribuído para que o combate possa ter sucesso, 
tanto para a dominação do ambiente em que se está inserido quanto na dominação sobre 
outros humanos ou grupos. A combinação das armas com habilidades corporais, como 
lançar e golpear, dá origem a diferentes escolas e artes. Evidências históricas, como 
 
relatos, pinturas, esculturas e histórias locais, indicam que as lutas estavam presentes 
em diversas civilizações antigas como os egípcios, babilônios, chineses, japoneses, 
gregos e romanos. 
 
 
 
Apesar de estar presente como manifestação cultural em diferentes civilizações, 
como parte de rituais de cerimônias e festividades, caças, defesas de aldeias e tribos, 
não há uma data precisa para o surgimento das lutas. As lutas já aparecem descritas em 
pinturas rupestres datadas de 15 mil anos a.C. na região onde hoje é a França (SVINTH, 
2002). Os primeiros registros de lutas como formas de combate aparecem no oriente, 
mais especificamente, na Índia e na China cerca de 3.000 a.C. Também há antigos 
registros em pinturas egípcias que datam de 2.500 anos a.C. Entretanto, cabe destacar 
que é bem possível que o surgimento de formas sistematizadas de lutas tenha ocorrido 
até antes, visto que os registros históricos destes períodos são escassos e grande parte 
do conhecimento era passado verbalmente de geração em geração (GREEN; SVINTH, 
2010). 
Com o objetivo de proteger e ampliar seus territórios, passa a haver uma 
especialização (ou profissionalização) da arte de combate, com a criação de guardas e 
 
Figura 9 - Antiga pintura grega relatando 
uma luta. 
Fonte: Shutterstock. #SHUTTER 
789204352 
 
Figura 10 - Antiga cena egípcia de uma luta 
retratada no templo de Ramsés II em Tebas. 
Fonte: Shutterstock. #SHUTTER 1918218218 
 
exércitos especializados tanto na defesa do espaço físico quanto na proteção dos 
líderes. Esse fenômeno acontece em diferentes civilizações. 
 
3.2. A história no oriente e no ocidente 
 
As lutas de origem oriental, além das técnicas de combate, unem à sua prática 
elementos da filosofia e da religião e dão origem ao que conhecemos como artes 
marciais. Acredita-se que as raízes das Artes Marciais orientais sejam na Índia e na 
China. Escavações arqueológicas e relatos do 5000 a.C. indicam a origem e prática do 
Kalari Payattu indiano, que se caracterizava por unir o combate corpo a corpo com 
técnicas de meditação. Tempos depois, essa prática foi disseminada na China, entre 
monges que, unindo esses conhecimentos à prática do budismo, mais tarde criaram o 
Kung Fu (GREEN; SVINTH, 2010; PIRES, 2018). 
 No século IV a.C., Sun Tzu escreveu o livro “A Arte da Guerra”, conhecido como 
o primeiro tratado militar que se tem notícia. Nesta obra são apresentadas táticas de 
combate e aniquilação dos inimigos (CARNEIRO; PÍCOLI; SANTOS, 2015). 
Provavelmente a expansão comercial nesta região, e os conflitos advindos desse fato, é 
que permitiram o intercâmbio e disseminação das artes marciais nestas civilizações. 
Já os ocidentais, especificamente os gregos, tinham uma visão de corpo e mente 
como algo dissociados. Assim, para eles as artes marciais e lutas se desenvolveram com 
um caráter mais esportivo e de espetáculo. Destacamos aqui o Pancrácio, que era uma 
luta grega que já estava presente nos Jogos Olímpicos da antiguidade (séc. 7 a.C). O 
objetivo era derrubar o adversário três vezes de modo que ele tocasse as costas, o tórax 
ou o ombro no chão. Os praticantes lutavam nus e cobertos de óleo pelo corpo. Tinha 
por característica ser muito violento, uma vez que quase tudo era permitido (GREEN; 
SVINTH, 2010). 
 Até o século XIX, as lutas e artes marciais eram restritas a determinados grupos 
da sociedade, tanto no oriente, como é o caso dos monges na Índia e na China, como 
no ocidente, com os gladiadores romanos. Alguns desses grupos eram marginalizados, 
como os escravos brasileiros que desenvolveram a capoeira, outros tratados com muito 
respeito, como os samurais japoneses. 
 
 
3.3. Esportes de Combate no Brasil 
 
No Brasil, até o início do século XX as lutas eram bastante marginalizadas. A 
capoeira, de origem escrava, e o boxe, vindo dos ingleses, eram as modalidades mais 
praticadas. Esse cenário muda com a chegada de imigrantes de diferentes partes do 
mundo, mas especialmente os japoneses, a partir de 1908 (MARTA, 2009). 
A figura mais emblemática desse período é Mitsuyo Maeda, também conhecido 
como conde Koma. Ele trouxe ao país alguns fundamentos do jiu-jitsu e foi o responsável 
por ensinar essa arte marcial à família Gracie, que mais tarde criou o Brazilian Jiu-jitsu. 
A cidade de São Paulo, também merece destaque neste processo de popularização das 
lutas e artes marciais no Brasil. Por ser local de morada de muitos orientais, japoneses, 
chineses, coreanos, que trouxeram com eles os conhecimentos e a prática de diferentes 
artes marciais, ali também foi o principal polo de disseminação dessas modalidades para 
outras regiões, como é o caso Judô, do Aikido, do Taekwondo, dentre outros (MARTA, 
2009). 
Os detalhes históricos específicos de alguns Esportes de Combate mais 
populares no nosso país serão abordados na Unidade II deste material. Mas é importante 
destacar que é nesse período que se desenvolvem grande parte das artes marciais e 
Esportes de Combate que conhecemos e são praticados atualmente. Indicando que essa 
popularização não foi um fenômeno exclusivamente brasileiro. 
 
 
SAIBA MAIS 
 
O Pancrácio, como vimos nesta unidade, era uma forma de luta bastante popular na 
Grécia antiga e fez parte dos Jogos Olímpicos daquela época. Sua prática era 
caracterizada por uma luta “quase sem regras”. Não havia tempo máximo de combate, 
era permitido acertar o adversário com todas as partes do corpo e poucos e poucos 
golpes eram proibidos, como chutar a região genital e enfiar o dedo nos olhos. Não raro 
os competidores morriam após o combate. 
 
Diante disso é possível imaginar que não caiba um espetáculo com essas características 
nos tempos atuais, mas não é bem assim! Devido ao grau de violência, o atual MMA 
(Artes Marciais Mistas), antigamente denominado Ultimate Fighting, foi comparado ao 
Pancrácio. No MMA existem bem mais regras do que na antiga luta, mas com a liberdade 
de poder utilizar diferentes técnicas de luta. Assim, é comum que os competidores 
deixem o ring bastante machucados, o que, em geral, leva os espectadores ao êxtase. 
 
Fonte: Vasques (2021). 
 
#SAIBA MAIS# 
 
 
4. ESPORTES DE COMBATE X BRIGAS 
 
 
 Diferenciar os Esportes de Combate das brigas pode parecer algo bastante 
simples. Ora, podemos definir as brigas como situações conflituosas entre pessoas que, 
alimentadas pela agressividade, acabam por se confrontar, neste caso fisicamente e sem 
regras específicas para o combate. Já os Esportes de Combate, por definição, 
apresentam regras e posturas que minimizem a violência e garantam a integridade do 
oponente, como pode ser conferido no quadro 1. 
 
Quadro 1 – Diferenças entre brigas e Esportes de Combate 
BRIGAS ESPORTES DE COMBATE 
Não há regras. 
Há regras a serem seguidas (vestimenta, 
golpes permitidos e proibidos, tempo de 
duração) 
Não há organização oficial 
Contam com entidades reguladoras 
(federações, associações) 
Resultam de sentimento de raiva, ódio,aversão 
Valorizam o respeito entre os adversários 
Sem preocupação com a integridade do 
adversário 
Garante a integridade do oponente 
Fonte: A autora. 
 
 
Devido às suas origens, as técnicas de combate de inimigos e preparação para 
as guerras, muitas vezes, os Esportes de Combate são relacionados à violência. Não 
raramente, ouvimos notícias de pessoas praticantes dessas modalidades envolvidas em 
episódios de violência, como as brigas de rua (OLIVEIRA et al., 2020). Fatos como esses 
podem gerar pré-conceitos acerca dessas práticas esportivas, inclusive impedindo o 
desenvolvimento deste conteúdo no ambiente escolar. 
 Ainda que o processo de transformação das lutas e artes marciais em Esportes 
de Combate tenha minimizado essas características violentas, como vimos no primeiro 
tópico desta unidade, não há como negar que o objetivo do seu treinamento é o combate 
e a vitória sobre o adversário (PIMENTA, 2009). Inclusive estimulando uma certa 
agressividade, uma vez que se deve atacar o adversário e não apenas se defender de 
um ataque. 
 Atualmente, talvez pela velocidade com que as notícias chegam ao nosso 
conhecimento, nós percebemos uma realidade bastante violenta. E a união desse 
ambiente em conjunto com o estímulo de atitudes corporais agressivas e competitivas 
podem resultar em episódios de violência, não apenas física, como as brigas, mas 
também verbais e psicológicas, como é o caso do Bullying no ambiente escolar. 
 Contudo, diferente do que o senso comum pode imaginar, a prática de Esportes 
de Combate, especialmente aqueles relacionados às artes marciais tem um papel de 
controlar a violência e comportamento do indivíduo. Uma revisão sistemática realizada 
por Simões e colaboradores (2021) mostrou que crianças e adolescentes envolvidos com 
a prática de artes marciais e esportes de combate apresentam maiores níveis de 
comportamento pró-sociais entre os pares. No caso deste estudo, foi avaliado o Bullying. 
 Uma investigação com torcidas organizadas de futebol (OLIVEIRA et al., 2020), 
também mostrou que apenas uma pequena parcela dos torcedores procura desenvolver 
sua prática nas artes marciais com o objetivo de utilizar as técnicas em confrontos 
(brigas) com outros torcedores. 
 Considerando os aspectos filosóficos, éticos e morais que envolvem a prática de 
muitas artes marciais e Esportes de Combate, especialmente no que diz cerne à 
disciplina, respeito aos adversários (fair play) e respeito às hierarquias, percebemos que 
 
elas podem influenciar positivamente na busca de um ambiente mais salubre quanto à 
violência. Outro fato que poderia explicar resultados como os estudos citados 
anteriormente é a qualificação dos treinadores e o ambiente em que essa prática se 
desenvolve (SIMÕES et al., 2021). 
 Ainda se especula que a agressividade presente durante a prática dos Esportes 
de Combate seja suficiente para neutralizar a agressividade “natural” do ser humano. 
Que satisfaz essa necessidade de conflito, com as lutas simuladas nos treinos em 
competições, se tornando civilizado por meio dessas modalidades (PIMENTA, 2009). 
 Diante disso, percebemos a importância do conhecimento dos Esportes de 
Combate tanto para desmistificar ideias como a relação desses com a violência, quanto 
para que, como professores e profissionais, possamos introduzir e trabalhar com esse 
conteúdo proporcionando a oportunidade de que mais pessoas aproveitem os benefícios 
que essa prática pode proporcionar. Não só no sentido físico e fisiológico, mas também 
emocional e social. 
 
 
 
 
 
 
 
REFLITA 
 
Quem vence alguém é um vencedor, mas quem vence a si mesmo é invencível. 
 
Fonte: Morihei Ueshiba, mestre de Budo e criador do Aikido. 
 
#REFLITA# 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Chegamos ao final da Unidade I. Espero que este conteúdo tenha te auxiliado a 
adentrar no vasto mundo de conhecimento e possibilidades dos Esportes de Combate. 
A partir dos nossos estudos, pudemos compreender as diferenças existentes entre as 
Lutas, as Artes Marciais e os Esportes de Combate. 
 Também pudemos conhecer como cada modalidade se classifica, tanto em 
relação à sua origem e administração, quanto às suas características técnicas de 
combate. 
 Estudar os aspectos históricos dos Esportes de Combate nos permite entender 
como eles são importantes para compreendermos as nossas origens e também a nossa 
sociedade. 
 Por fim, vimos que a prática dessas modalidades pode nos auxiliar na construção 
de uma sociedade mais pacífica e preocupada com o outro. Espero que este conteúdo 
tenha aguçado ainda mais a sua curiosidade e vontade em estudar sobre esse tema. 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
 Na leitura complementar há a sugestão de dois artigos relacionados ao tema da 
Unidade I. No primeiro, Parizotto e colaboradores (2017), discutem acerca do processo 
de regulamentação das artes marciais no Brasil e as relações deste com a Educação 
Física, inclusive sobre a estruturação deste conteúdo na escola. Já o artigo de Vasques 
(2021), aborda sobre o processo de esportivização e espetacularização do MMA, e como 
se dá o equilíbrio entre a violência e a massificação dessa modalidade. 
 
 
PARIZOTTO, Pedro Gabriel Gil et al. O processo de institucionalização e 
regulamentação de artes marciais orientais no Brasil. Caderno de Educação Física e 
Esporte, v. 15, n. 1, p. 53-62, 2017. 
 
VASQUES, Daniel Giordani. As artes marciais mistas (MMA) como esporte moderno: 
entre a busca da excitação e a tolerância à violência. Esporte e Sociedade, n. 22, 2021. 
 
 
 
 
 
LIVRO 
 
Título: A Arte da Guerra 
Autor: Sun Tzu 
Editora: Novo Século 
Sinopse: A Arte da Guerra é o primeiro tratado militar que se tem notícia. Foi escrito por 
Sun Tzu por volta de 500 a.C. e se trata de uma coletânea de disposições a respeito de 
táticas de combate. Em A arte da guerra, as estratégias transmitidas pelo general chinês 
Sun Tzu carregam um profundo conhecimento da natureza humana. Elas transcendem 
os limites dos campos de batalha e alcançam o contexto das pequenas ou grandes lutas 
cotidianas, sejam em ambientes competitivos – como os do mundo corporativo – sejam 
nos desafios internos, em que temos de encarar nossas próprias dificuldades. Se você 
não conhece a si mesmo nem o inimigo, sucumbirá a todas as batalhas. 
 
 
FILME/VÍDEO 
Título: O Último Samurai. 
Ano: 2003. 
Sinopse: Em 1870 é enviado ao Japão o capitão Nathan Algren (Tom Cruise), um 
conceituado militar norte-americano. A missão de Algren é treinar as tropas do imperador 
Meiji (Shichinosuke Nakamura), para que elas possam eliminar os últimos samurais que 
ainda vivem na região. Porém, após ser capturado pelo inimigo, Algren aprende com 
Katsumoto (Ken Watanabe) o código de honra dos samurais e passa a ficar em dúvida 
sobre que lado apoiar. 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ANTUNES, Marcelo Moreira. A relação entre as artes marciais e lutas das academias e 
as disciplinas de lutas dos cursos de graduação em educação física. Lecturas: 
Educación Física y Deportes, Revista Digital, Buenos Aires, v. 14, n. 139, 2009. 
 
CARNEIRO, Felipe Ferreira Barros; PÍCOLI, Carlos; DOS SANTOS, Wagner. 
Fundamentos ontológicos e epistemológicos das lutas corporais. Pensar a prática, v. 
18, n. 3, 2015. 
 
COMITÊ OLÍMPICO INTERNACIONAL. Olympics, 2021. Disponível em: 
https://olympics.com/en/sports/summer-olympics. Acesso em: 27 de abril de 2021. 
 
CORREIA, Walter Roberto; FRANCHINI, Emerson. Produção acadêmica em lutas, 
artes marciais e esportes de combate. Motriz. Journal of Physical Education. 
UNESP, p. 01 - 09, 2010. 
 
FRANCHINI, Emerson; DEL VECCHIO, Fabrício Boscolo. Estudos em modalidades 
esportivas de combate: estado da arte. Revista brasileira de educação física e 
esporte, v. 25, n. SPE, p. 67 - 81, 2011. 
 
GASTALDO, Édison Luis. A forja do Homem de Ferro: a corporalidade nos esportes de 
combate.In: LEAL, Ondina Fachel (Org.). Corpo e Significado: ensaios de 
antropologia social. Porto Alegre: Editora UFRGS, 1995. 
 
GREEN, Thomas A.; SVINTH, Joseph R. Martial arts of the world: an encyclopedia 
of history and innovation. Abc-Clio, 2010. 
 
MARTA, Felipe Eduardo Ferreira et al. A memória das lutas ou o lugar do “DO”: as 
artes marciais e a construção de um caminho oriental para a cultura corporal na cidade 
de São Paulo. São Paulo (SP): Pontíficia Universidade Católica, 2009. 
 
MARTINS, Carlos José; KANASHIRO, Cláudia. Bujutsu, Budô, esporte de luta. Motriz: 
Revista de Educação Física, v. 16, n. 3, p. 638 - 648, 2010. 
 
OLIVEIRA, Jonathan Rocha et al. Narrativas de torcedores organizados praticantes de 
artes marciais acerca da violência no futebol Paranaense. LICERE-Revista do 
Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 23, n. 2, p. 
386 - 418, 2020. 
 
PIMENTA, Thiago. Racionalizando o machucar: processo civilizador e as artes 
marciais. SIMPÓSIO INTERNACIONAL PROCESSO CIVILIZADOR, v. 12, 2009. 
 
PIRES, Lucas Alexandre. Com as próprias mãos: etnografia das artes marciais e da 
defesa pessoal no treinamento policial militar. 2018. 
 
 
RUFINO, Luiz Gustavo Bonatto; DARIDO, Suraya Cristina. Lutas, artes marciais e 
modalidades esportivas de combate: uma questão de terminologia. Lecturas, 
Educación Física y Deportes, v. 158, 2011. 
 
SIMÕES, Hugo et al. As Artes Marciais e os Desportos de Combate e o Bullying: uma 
revisão sistemática. Retos: nuevas tendencias en educación física, deporte y 
recreación, n. 39, p. 51, 2021. 
 
SVINTH, J. Kronos: A Chronological History of the Martial Arts and Combative 
Sports. Electronic Journals of Martial Arts and Sciences (EJMAS), 2000 - 2002. 
Disponível em: http://ejmas.com/kronos. 
 
VASQUES, Daniel Giordani. As artes marciais mistas (MMA) como esporte moderno: 
entre a busca da excitação e a tolerância à violência. Esporte e Sociedade, n. 22, 
2021. 
 
VINCENZO, Daniel de et al. Aspectos biomecânicos, fisiológicos e psicológicos das 
artes marciais. Revista Digital, Buenos Aires, v. 16, n. 157, 2011. 
 
UNIDADE II 
EXPLORANDO OS ESPORTES DE COMBATE 
Professora Mestra Kauana Borges Marchini 
 
 
Plano de Estudo: 
• Conhecendo o Judô; 
• Conhecendo o Sumô; 
• Conhecendo o Karatê; 
• Conhecendo o Boxe; 
• Conhecendo o Muay Thai; 
• Conhecendo o Kung Fu; 
• Conhecendo o Taekwondo; 
• Conhecendo a Esgrima. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Compreender as origens e os aspectos históricos de cada um dos Esportes de 
Combate, 
• Conceituar e contextualizar cada um dos Esportes de Combate , 
• Conhecer as principais características técnicas de cada um dos Esportes de Combate. 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Prezado(a) aluno(a), 
 
Chegamos à segunda unidade de nosso plano de estudos. Agora vamos conhecer 
com detalhes algumas das modalidades de Esportes de Combate mais populares em 
nosso país e no mundo. 
Nesta unidade vamos conhecer as características de oito modalidades: o Judô, 
Sumô, Karatê, Boxe, Muay Thai, Kung Fu, Taekwondo e a Esgrima. De cada um deles, 
estudaremos os aspectos históricos do seu surgimento e a chegada ao Brasil. Também 
conheceremos algumas de suas características técnicas, como as principais regras e os 
golpes mais comuns. 
Cabe destacar que o conteúdo disponibilizado aqui é apenas a ponta do iceberg 
de todo o vasto conhecimento acerca das lutas, artes marciais e esportes de combate 
produzidos ao longo de toda a nossa história. Por isso, complementar os estudos com 
outras fontes é a melhor maneira de se aprofundar no rico e encantador cenário dos 
Esportes de Combate. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. JUDÔ 
 
Imagem do Tópico: Shutter 521102077 
 
1.1. Um pouco de história 
Judô significa “caminho suave” (“Ju”: suavidade; “Do”: caminho). Assim como 
várias outras artes marciais japonesas, o Judô teve origem no antigo Jiu-Jitsu. Jigoro 
Kano (1860-1938) foi o responsável pelo desenvolvimento desta arte marcial que se 
caracteriza por utilizar técnicas de ataque e defesa com o próprio corpo, sem o uso de 
implementos (MESQUITA, 2014). Após vários anos praticando jiu-jitsu de diferentes 
estilos e com diferentes mestres, Kano percebeu a dificuldade de aprendizado desse 
elemento da cultura japonesa. Como forma de preservar esse tesouro cultural, mas 
também realizar uma adaptação aos tempos modernos, ele sistematizou o conhecimento 
e criou uma escola, o Kodokan. A palavra Kodokan significa lugar para estudar o caminho 
(“Ko”: método, estudo; “Do”: caminho; “Kan”: instituto) (STEVENS, 2007). 
O Judô foi inspirado por três princípios: 
a) Princípio da máxima eficiência com o mínimo de esforço (seiryoku zen’yo); 
b) Princípio da prosperidade e benefícios mútuos (jita kyoei); 
c) Princípio da suavidade, ou seja, o melhor uso de energia (ju). 
 
 
 Os primeiros anos foram difíceis, a pouca idade de Kano e as instalações 
inadequadas (eles treinavam no salão de um templo e depois num galpão anexo a uma 
escola de inglês) não atraíram muitos alunos. Dos poucos alunos, a maioria morava no 
Kodokan e eram sustentados por Kano. Eles tinham uma rotina bastante rígida, com 
treinos de Judô, estudos e cuidados com a 
limpeza e alimentação (STEVENS, 2007). 
 Conforme desenvolvia sua arte marcial, 
aprimorando não só as técnicas de defesa, mas 
também a linha filosófica, com um código moral 
baseado no budismo, Jirogo Kano ganhava 
alunos e tornava a sua arte conhecida. No final do 
século XIX o Judô foi considerado desporto oficial 
no Japão e passou a ser praticado pela polícia. As 
lutas de Jirogo Kano e seus alunos tornaram o 
Judô conhecido não só no Japão, mas em todo o 
mundo. Sendo atualmente praticado por homens 
e mulheres de todas as idades. Kano sempre 
deixou claro que seu objetivo era uma arte marcial 
que desenvolvesse o físico, a mente e o espírito. 
Assim, ele criou um código moral, que objetiva 
fortalecer o guiar a prática para além da defesa pessoal (MESQUITA, 2014; DE 
OLIVEIRA, 2007). Esse código tem oito princípios básicos: 
- Cortesia, para ser educado no trato com os outros; 
- Coragem, para enfrentar as dificuldades com bravura; 
- Honestidade, para ser verdadeiro em seus pensamentos e ações; 
- Honra, para fazer o que é certo e se manter de acordo com seus princípios; 
- Modéstia, para não agir e pensar de maneira egoísta; 
- Respeito, para conviver harmoniosamente com os outros; 
- Autocontrole, para estar no comando das suas emoções; 
- Amizade, para ser um bom companheiro e amigo. 
 
 
Fonte: CBJ, 2021. 
Figura 1 - Jirogo Kano (1860-1938), 
criador do Judô. 
 
 
1.2. A chegada do Judô no Brasil 
Oficialmente o Judô foi difundido no Brasil em 1933, com a fundação da Federação 
de Judô e Kendô do Brasil, por Katsutoshi Naito, Tatsuo Okochi, Teruo Sakata,Zensaku 
Yoshida e Shigueto Yamasaki. Contudo a história dessa arte marcial iniciou cerca de 25 
anos antes, com a chegada dos primeiros imigrantes japoneses nessas terras. O Conde 
Koma é o mais conhecido dos personagens da história das artes marciais japonesas no 
Brasil. Porém, Mitsuyo Maeda e Soishiro Satake merecem destaque na história do Judô, 
ambos alunos de Jirogo Kano (DA COSTA, 2006; DE OLIVEIRA, 2007). 
 Maeda e Satake chegaram no Brasil na década de 1910 e, juntamente com o 
Conde Koma, rodaram o país e depois se estabeleceram na região Norte e Nordeste, 
realizando demonstrações e desafios, ajudando assim a difundir a prática do Judô. 
Outros polos que auxiliaram na divulgação da arte marcial foram a cidade de São Paulo 
e a região norte do estado do Paraná, especialmente as cidades de Londrina, Assaí e 
Uraí. Em 1969, foi fundada a Confederação Brasileira de Judô, a qual foi oficialmente 
reconhecida em 1972, ano em que o Brasil conquistou a primeira medalha da modalidade 
nos Jogos Olímpicos. 
 
1.3. Judô nas Olimpíadas 
O Judô passou foi introduzidonas Olimpíadas nos Jogos de Tóquio, em 1964, 
como desporto de apresentação. E oficialmente integra o programa dos jogos desde 
1972, nas Olimpíadas de Munique. Entretanto, antes disso, em 1909, Jirogo Kano se 
tornou o primeiro membro asiático do Comitê Olímpico Internacional, já com o objetivo 
de difundir a prática do Judô para todo o mundo (CBJ, 2021). 
Até os jogos de 1988, a competição olímpica era somente para categorias 
masculinas. Sendo que em 1992, nos Jogos de Barcelona, é que se iniciaram as disputas 
olímpicas das categorias femininas. O Judô é o esporte individual que mais ganhou 
medalhas olímpicas na delegação brasileira. Até os Jogos do Rio de Janeiro, 2016, foram 
22 medalhas no total (4 ouros, 3 pratas e 15 bronzes) (CBJ, 2021). 
 
1.4. Regras gerais do Judô 
 
Antes de conhecermos as regras que regem as lutas de Judô é importante 
destacarmos algumas características dessa arte marcial que estão presentes desde o 
ambiente de treino até as competições oficiais. 
A roupa para a prática, que também é o único equipamento, além do corpo, é um 
kimono denominado de judogi. Ele é composto por uma calça (shitabaki) e uma blusa 
(wagi), nas cores azul ou branca. Por cima da blusa, na altura da cintura a faixa (obi), 
com a cor que varia conforme a graduação, é amarrada (CBJ, 2021). 
 
O início e o final das aulas e das lutas é marcado por uma saudação, que tem por 
objetivo expressar o respeito, a cortesia e a amabilidade pelo professor e pelo adversário. 
Essa saudação é denominada Rei. Ela pode ser de dois tipos: 
 
a) Tachi-rei ou Ritsu-rei: cumprimento em pé feito ao entrar e sair do 
dojo, ao subir no tatame para cumprimentar o professor ou seu ajudante e ao 
início e término de um treino/luta. 
b) Za-rei: cumprimento ajoelhado. Conhecida por saudação de 
cerimônia, ela é realizada ao início e ao término dos treinos e em casos 
 
Fonte: Shutterstock #SHUTTER 782782093 
 
Figura 2 - Roupa utilizada para prática de Judô 
(judogi), composta por calça (shitabaki), blusa 
(wagi) e faixa presa à cintura (obi). 
 
 
especiais, como antes e depois dos katas, e ao iniciar um treino no solo com o 
companheiro, bem como ao terminá-lo. 
 
A prática do Judô acontece no tatame. Para treinos não há uma medida específica, 
contudo nas competições, o tatame deve ser quadrado com medidas entre 14 e 16 metros 
cada lado (CBJ, 2021). 
A luta tem a duração de 5 minutos para a categoria masculina e 4 minutos para a 
feminina. Se ao final deste tempo não houver um vencedor, são adicionados mais três 
minutos ao combate. Durante esse período, o atleta que realizar o primeiro ponto ganha 
a luta (Golden Score). 
O objetivo principal no judô é derrubar o adversário no chão ou imobilizá-lo, 
baseado no princípio idealizado por Jirogo Kano de ippon-shobu (luta pelo ponto 
completo). Assim, são possíveis três tipos de pontuação: 
a) Yuko: Quando o adversário vai ao solo de lado, ou é imobilizado por 10 a 14 
segundos. Cada yuko vale um terço de ponto; 
b) Wazari: É um ippon incompleto, ou seja, o adversário cai sem ficar com os dois 
ombros no tatame e vale meio ponto. A obtenção de dois wazaris, valem um ippon, 
encerrando a luta ao final do segundo wazari. A imobilização do oponente por 15 
a 19 segundo também vale um wazari. 
c) Ippon: É o objetivo do judô, o ponto completo, que finaliza a luta. O ippon é 
conquistado quando um judoca consegue derrubar o adversário, encostando, as 
costas ou ombros no chão, quando ele é finalizado por um estrangulamento ou 
chave de articulação, ou quando é imobilizado por 25 segundos. 
 
Durante a luta também podem ser aplicadas dois tipos de penalização: 
 
a) Shido: Infrações leves de regras são penalizadas com shido. Ele é tratado 
como um aviso. O primeiro shido é um aviso, no segundo, o adversário pontua 
um yuko, e o terceiro, vale um wazari para o adversário. 
 
b) Hansoku-Make – É uma infração grave, que resulta na desqualificação do 
competidor penalizado. Hansoku-make também é dado pela acumulação de 
quatro shidos. 
 
 
1.5. A graduação no Judô 
 
Como dito anteriormente, a graduação no judô é indicada pela cor da faixa utilizada 
pelo praticante. A graduação é dividida em duas etapas, kyu (iniciantes) e dan 
(experientes, peritos). São 8 graduações de kyu e 10 de dan, conforme especificada no 
quadro abaixo: 
 
Quadro 1 - Denominação e cores de faixa das graduações do Judô 
GRADUAÇÃO DENOMINAÇÃO COR DA FAIXA 
8º Kiu Mukyu Faixa Branca 
7º Kiu Nanakyu Faixa Cinza* 
6º Kiu Rokukyu Faixa Azul 
5º Kiu Gokyu Faixa Amarela 
4º Kiu Yonkyu Faixa Laranja 
3º Kiu Sankyu Faixa Verde 
2º Kiu Nikyu Faixa Roxa 
1º Kiu Ikyu Faixa Marrom 
1º Dan Shodan Faixa Preta 
2º Dan Nidan Faixa Preta 
3º Dan Sandan Faixa Preta 
4º Dan Yodan Faixa Preta 
5º Dan Godan Faixa Preta 
6º Dan Rokudan Faixa Vermelha e Branca 
7º Dan Nanadan Faixa Vermelha e Branca 
8º Dan Hachidan Faixa Vermelha e Branca 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hansoku-Make
 
9º Dan Kyuudan Faixa Vermelha 
10º Dan Juudan Faixa Vermelha 
*Faixa usada somente por praticantes com menos de 15 anos. 
Fonte: CBJ, 2021 
 
1.6. Técnicas básicas de Judô 
 
A prática do Judô envolve uma grande diversidade de técnicas que utilizam várias 
partes do corpo, como pés, pernas, braços e quadril. Basicamente, as técnicas do Judô 
podem ser divididas em dois grandes grupos: 
a) Nage-waza: são as técnicas que acontecem em pé e são subdivididas em 
quatro subgrupos, de acordo com a parte do corpo utilizada. 
-Te-waza: técnicas de braço 
- Koshi-waza: técnicas de quadril 
 - Ashi-waza: técnicas de perna 
 - Sutemi-waza: técnicas de sacrifício 
 
 
b) Katama-waza: são técnicas que acontecem no chão e são subdivididas em 
três grupos, conforme o tipo de técnica utilizada. 
 - Osaekomi-waza: técnicas de imobilização 
 - Shime-waza: técnicas de estrangulamento 
 - Kansetsu-waza: técnicas de chave de braço 
 
Fonte: Shutterstock #SHUTTER 396352372 
Figura 3 - Técnica do tipo nage-waza 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Shutterstock #SHUTTER 667884136 
Figura 4 - Técnica do tipo katama-waza 
 
 
2. SUMÔ 
 
 
Imagem do Tópico: #Shutter 68816917 
 
2.1. Um pouco de história 
A palavra Sumô é derivada da antiga palavra japonesa sumai e significa 
estrangulamento ou golpes de chave. Apesar de ser considerada uma arte marcial 
moderna, as origens do Sumô são bastante antigas. Acredita-se que há cerca de 2500 
anos ela já era praticada por Xintoístas, na 
forma de rituais. Por suas características 
técnicas não são descartadas as 
influências de outras culturas no 
desenvolvimento do Sumô, como os 
chineses e os coreanos. E sua origem 
religiosa, deixou inúmeras marcas e rituais 
nesta prática, como o uso da purificação 
do local de luta com sal (CARDIAS, 2008). 
Entre os séculos X e XII, o Sumô 
passou a ser utilizado como técnica de 
guerra, e a partir do século XV os lutadores ganharam projeção social, com o início de 
torneios profissionais com caráter de entretenimento esportivo. Ainda hoje, o Sumô é um 
 
Fonte: Shutterstock #SHUTTER 66683710 
Figura 5 - Purificação da área de combate de Sumô 
com sal antes da luta. 
 
 
esporte bastante popular no Japão, e os lutadores profissionais alcançam bastante 
prestígio e popularidade (CBS, 2021). 
Uma das características mais marcantes do Sumô, é a forma corporal dos seus 
praticantes, geralmente gordos. Na realidade não há uma obrigação quanto a forma 
corporal dos lutadores de Sumô, contudo como o objetivo da luta é desequilibrar o 
adversário, assim quanto mais gordo e forte, mais fácil de se vencer o combate. 
 
2.2. A chegada do Sumô no Brasil 
O Sumô chegou ao Brasil juntamente com os primeiros imigrantes japoneses que 
desembarcaram aqui em 1908, do navio Kasato Maru, no Porto de Santos. Em 1914, 
aconteceu o primeiro campeonato, na colônia de Guatapará, interior do estado de São 
Paulo. Em 1998 foi criada a ConfederaçãoBrasileira de Sumô. No ano 2000 o Brasil 
sediou o Campeonato Mundial de Sumô, disputado pela primeira vez fora do Japão (DA 
SILVA MOCARZEL, 2016). 
Por aqui, essa modalidade é praticada também por mulheres e crianças e estar 
acima do peso não é um pré-requisito. Ainda assim, as tradições são muito respeitadas 
(CARDIAS, 2008). 
 
2.3. Regras gerais 
O objetivo na luta de Sumô é 
deslocar o adversário para fora do ringue 
ou fazer com que ele toque o solo com 
qualquer parte do corpo que não seja os 
pés. O doyuo (ringue), local onde 
acontecem as lutas, tem um formato 
circular com 4,55 metros de diâmetro e 
16,26m². Ele é feito de fardos de palha de 
arroz sob uma plataforma de barro e areia. 
No centro há duas linhas brancas (shikiri-
sem) que demarcam o posicionamento dos 
lutadores no início da luta (CBS, 2021). 
 
Fonte: Shutterstock #SHUTTER 748622050 
Figura 6 - Foto de um ringue para luta de Sumô 
(doyuo). 
 
 
Antes da luta, o ringue é purificado com sal. Os lutadores costumam bater os pés 
antes da luta, numa ação que eles acreditam espantar os maus espíritos. Fora do ringue, 
os lutadores costumam lavar a boca com uma água abençoada por um sacerdote 
xintoísta e secá-la com um papel feito de arroz. 
A vestimenta dos lutadores de Sumô também é bastante característica e é 
denominada mawashi. É composta por uma faixa de tecido grosso enrolado ao redor da 
cintura e entre as pernas, para proteger as partes íntimas. Os lutadores também são 
incentivados a deixar o cabelo crescer para que possam fazer os coques característicos 
dos samurais (oicho). 
 
As lutas costumam ser curtas, durando cerca de 15 a 30 segundos. Mas se os 
competidores alcançarem o tempo de 4 minutos, o árbitro pode paralisar a luta para que 
os competidores se recuperem (CBS, 2021). 
 
 
2.4. A graduação no Sumô 
 
Para as lutas amadoras de Sumô foi adotado um sistema de categorias por idade 
e peso com o objetivo de equilibrar a disputa. É importante destacar que na luta 
 
Fonte: Shutterstock #SHUTTER 747159409 
 
Figura 7 - Foto de um lutador de de Sumô usando 
mawashi e oicho (coque samurai). 
 
 
profissional de Sumô que ocorre no Japão não há divisão de categorias, todos competem 
no adulto absoluto, sem limite de peso (CBS, 2021). 
 
Quadro 2 - Categorias do Sumô amador de acordo com a Confederação Brasileira de Sumô 
 Masculino Feminino 
Mirim Até 13 anos 
Infantil 13 a 16 anos 
Juvenil 17 a 18 anos 
Junior Leve Até 80 kg Até 60kg 
Junior Médio 80 a 100kg 60 a 75kg 
Junior Pesado Acima de 100kg Acima de 75kg 
Adulto Leve Até 85 kg Até 65kg 
Adulto Médio 85 a 115kg 65 a 85kg 
Adulto pesado Acima de 115kg Acima de 85kg 
Adulto absoluto Sem limite de peso 
Fonte: (CBS, 2021) 
 
 Quanto aos lutadores profissionais, eles seguem uma rígida hierarquia, que data 
do período Edo (1603-1868). No topo da hierarquia estão os yokozuna (grande 
campeão), seguidos pelos ozeki (campeão), e pelos sekiwake (campeão júnior). Esse 
ranking determina suas vestes no dia a dia, e em qual lado do ringue ele estará nas 
competições. Um iniciante sempre começará na divisão mais baixa, e pode subir de nível 
de acordo com os resultados nas lutas. Entretanto, a divisão yokozuna é permanente, ao 
chegar nela o lutador não pode ser rebaixado, assim, caso não consigam manter a 
performance, espera-se que eles se aposentem. 
 
 
 
 
 
 
SAIBA MAIS 
 
A rotina de um lutador profissional de Sumô pode ser bastante peculiar. Em períodos de 
competição, eles treinam cerca de cinco horas por dia. Na alimentação, bastante farta, 
podem consumir de 8 até 20 mil calorias diariamente, inclusive com o consumo de 
cerveja. Para ter um melhor conforto respiratório, alguns dormem com máscaras de 
oxigênio. 
 
Fonte: LUTADORES de sumô e sua dieta de até 10.000 kcal. Coisas do Japão, 2020. Disponível em: 
<https://coisasdojapao.com/2019/08/lutadores-de-sumo-e-a-impressionante-dieta-de-ate-10000-kcal/>. 
Acesso em 06 de maio de 2021. 
 
#SAIBA MAIS# 
 
 
 
 
3. KARATÊ 
 
 
Imagem do Tópico: SHUTTER 1022297380 
 
3.1. Um pouco de história 
A palavra Karatê significa mãos vazias. Essa arte marcial é originária do Japão, 
porém com uma forte influência chinesa. O Karatê nasceu em Okinawa, principal ilha da 
cadeia Ryukyu, provavelmente por volta do século XV. Okinawa fica a cerca de 480km 
da extremidade sul do Japão e era utilizada como rota e intercâmbio comercial para a 
China (STEVENS, 2007). 
Acredita-se que o Karatê se desenvolveu neste local devido a proibição da 
utilização das armas na ilha, obrigando que as pessoas buscassem formas de defesa e 
combate com as “mãos vazias”. Também era comum realizar a prática das artes marciais 
em segredo, para evitar a observação de rivais. Esse fato proporcionou o 
desenvolvimento de diferentes estilos de Karate. Diferente do budô incentivado e 
praticado no Japão continental, em Okinawa não havia dojos e nem lutadores 
profissionais. O Karatê era praticado às escondidas (STEVENS, 2007; MARTINS; 
KANASHIRO, 2010). 
 
O desenvolvimento do Karatê moderno é 
creditado ao mestre Gichin Funakoshi (1868-1957). 
Contudo, a história aponta que outros mestres de 
Okinawa também tiveram responsabilidade na 
expansão e reconhecimento do Karatê tanto no Japão 
quanto nos outros países. Ele praticou por muitos 
anos, treinando com vários dos mais conceituados 
mestres de Okinawa. Durante o período Meiji, o Karatê 
chamou a atenção dos militares e daqueles que viviam 
fora da ilha e começaram a levar a prática para o Japão 
continental. Em 1921, o príncipe Hirohito assistiu a 
uma apresentação do grupo de Funakoshi durante 
uma passagem por Okinawa e ficou encantado com 
este budô (STEVENS, 2007). 
Em 1922, Funakoshi foi convidado a fazer uma apresentação de Karatê em 
Tóquio. Sua arte chamou a atenção de Jirogo Kano, criador do Judô, que o convidou para 
ministrar aulas de Karatê no Kodokan. Funakoshi não aceitou, contudo resolveu 
permanecer em Tóquio para difundir a prática do Karatê. Como ele era professor, se 
preocupava em adaptar o Karatê de modo que pudesse ser praticado por qualquer 
pessoa. Seu esforço rendeu frutos, com o Karatê sendo ensinado em algumas 
universidades (STEVENS, 2007). 
Como parte da modernização e da sistematização, e inspirado pelo o que ocorreu 
com o Judô, o Karatê passou a adotar o quimono branco (karategi) e um sistema de 
graduação de faixas coloridas (MARTINS; KANASHIRO, 2010). 
Na década de 1930, o Karatê foi reconhecido como uma arte marcial japonesa e 
isso exigiu que as escolas passassem a indicar o nome do estilo praticado. O estilo de 
Funakoshi ficou conhecido como Karatê Shotokan, sendo hoje um dos mais conhecidos, 
juntamente com o Gojo-Ryu, Wado-Ryu e Shito-Ryo são os estilos reconhecidos pela 
Federação Mundial de Karatê. 
 
3.2. A chegada do Karatê no Brasil 
 
Fonte: STEVENS, 2007. 
Figura 8 - Gichin Funakoshi (1868-
1957) considerado o pai do Karatê 
moderno 
 
 
Assim como o Judô e o Sumô, o Karatê chegou ao Brasil junto com os primeiros 
imigrantes japoneses, no início do século XX. A primeira academia de Karatê, na cidade 
de São Paulo, surgiu em 1955 com o sensei Mitsusuke Harada, do estilo Shotokan. Em 
1960 foi fundada a Associação Brasileira de Karatê, que mais tarde originou a 
Confederação Brasileira de Karatê. 
Contudo, cabe destacar que não há um registro específico de quando o Karatê 
começou a ser praticado no país e quem foi o seu pioneiro no país. Vários mestres, de 
diferentes estilos, são apontados como pioneiros, porém sem um consenso. 
Independente disso, há de se enfatizar a importância desses vários grupos para a 
popularização desta modalidade no Brasil (MARTA, 2009). 
 
3.3. O Karatê nas Olimpíadas 
A Federação Mundial de Karatê foi reconhecida pelo Comitê Olímpico 
Internacional no ano de 1999. Isso abriu as portas para a introdução da modalidade nos 
Jogos Olímpicos (WKF,2019). 
Em 2016, o Karatê foi aprovado como modalidade Olímpica, sendo que sua 
primeira disputa seria realizada nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. Em virtude da 
pandemia do Coronavírus, as Olimpíadas de Tóquio foram adiadas para 2021. Contudo, 
há fortes indícios que esta será a única participação da modalidade em Jogos Olímpicos, 
pois esta deverá ser cortada dos jogos de 2024 em Paris. 
 
3.4. Regras Gerais 
No Karatê tradicional não existe competição, a prática é realizada com o objetivo 
de promover um desenvolvimento físico por meio da disciplina e da concentração. 
Contudo, o que tornou esta arte marcial um esporte de combate foi a realização de 
torneios e campeonatos. 
O treinamento do Karatê é dividido em: 
a) Kihon: são os fundamentos básicos. É caracterizado pela repetição de um 
movimento ou uma pequena sequência de movimentos. Nesta etapa do treino 
 
o objetivo é aprimorar a forma, a força, a velocidade do movimento, a contração 
e o relaxamento muscular, o ritmo e a coordenação, além da respiração. 
b) Kata: é uma sequência de movimentos geralmente retirados de situações reais 
de luta. 
c) Kumitê: é a prática com o oponente, que pode acontecer na forma de luta ou 
apenas de treinamento. 
 
Para as competições temos a modalidade de kata, na qual as técnicas são 
apresentadas sem um adversário, e de kumitê, que são as lutas entre adversários. As 
competições são realizadas em um tatame de 8x8m. Na competição de kata, os cinco 
árbitros avaliam a técnica, força, potência, equilíbrio, simetria dos golpes, velocidade e 
postura dos golpes. Existem duas listas de kata para as competições, a de kata 
obrigatórios (shitei kata), geralmente utilizada em competições com mais de oito atletas, 
e de kata livres (tokui kata). As competições podem ser realizadas individualmente ou em 
equipe, na qual três atletas apresentam o mesmo kata simultaneamente (WKF, 2019). 
Na competição de kumitê os atletas são 
divididos em categorias de acordo com o peso. Em 
algumas competições, os atletas são obrigados a 
utilizar protetores de mão, canela, pé e boca. A luta 
tem a duração de 2 a 5 minutos e vence aquele que 
acumular maior pontuação ao longo desse tempo ou 
abrir 8 pontos de diferença do adversário. Em caso 
de empate é realizada uma prorrogação com morte 
súbita (senshu), a qual vence aquele que marcar o 
primeiro ponto. As técnicas e os pontos permitidos 
para ataque variam de acordo com cada estilo (WKF, 
2019). 
Em geral, a pontuação acontece sob os 
seguintes critérios: 
a) Yuko (1 ponto): soco na área do abdome, peito, 
rosto ou costas; 
 
Fonte: Shutterstock #SHUTTER 
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Figura 9 - Foto de duas lutadoras de 
Karatê utilizando o equipamento de 
proteção exigido nas competições de 
kumitê 
 
 
b) Wazari (2 pontos): chute na área do abdômen, peito, costas e laterais do 
tronco; 
c) Ippon (3 pontos): chute na cabeça ou nas laterais do pescoço, com controle de 
contato; soco aplicado ao oponente após derrubá-lo com outro golpe. 
Durante a luta, algumas situações podem ser passíveis de penalidade, tais como: 
a) Falta de combatividade; 
b) Utilização de técnicas proibidas, como cabeçadas, cotoveladas ou joelhadas; 
c) Golpes de mão aberta contra o rosto do oponente; 
d) Chaves de braço ou estrangulamentos; 
e) Técnicas de luta agarrada, como clinchar ou agarrar o kimono do oponente, 
sem a intenção de aplicar uma queda ou pontuar; 
f) Qualquer outro movimento que possa colocar em risco a integridade física do 
adversário, inclusive o uso de força excessiva; 
g) Golpes em zonas proibidas do corpo do oponente: braços, pernas, juntas e 
peito do pé; 
 
3.5. Graduação no Karatê 
 
A graduação no Karatê é indicada pela cor da faixa do praticante, sendo que há 
7 níveis de kyu e 10 de dan. Os níveis e cores de faixas estão especificados no quadro 
a seguir: 
Quadro 3 - Cores das faixas de acordo com a graduação das faixas no Karatê 
Ordem de graduação Cor da Faixa 
7º Kyu Branca 
6º Kyu Amarela 
5º Kyu Laranja (vermelha) 
4º Kyu Azul (laranja) 
3º Kyu Verde 
2º Kyu Roxa 
1º Kyu Marrom 
1º ao 10º Dan Preta 
Fonte: Martins; Kanashiro, 2010. 
3.6. Técnicas Básicas 
 
 
Há uma densa variedade de técnicas de Karatê nos mais diferentes estilos. 
Contudo, independente do estilo, há algumas divisões e classificações comuns a todas 
as técnicas. Os dois grandes grupos são: 
a) Go waza (técnicas rígidas): golpes de impacto (saltos, socos, chutes); 
b) Ju waza (técnicas suaves): golpes de controle (projeções, quedas, 
imobilizações, luxações). 
 
As técnicas também podem se dividir em: 
a) Te waza: grupo de técnicas executadas com as mãos; 
b) Soku waza: grupo de técnicas realizadas com as pernas e pés; 
c) Atemi waza: técnicas aplicadas em pontos vitais 
 
 
 
4. BOXE 
 
 
Imagem do Tópico: SHUTTER 489885340 
 
4.1. Um pouco de história 
O Boxe tem como principal característica a luta com as mãos. Historicamente não 
há uma data ou indício da criação do Boxe. Tudo indica que ele evoluiu de formas 
rudimentares de luta com as mãos, praticadas por diferentes culturas em regiões da 
Europa, Mediterrâneo e Ásia. Essas lutas, inicialmente não possuíam regras, e 
basicamente os oponentes se atacavam com socos e golpes com as mãos (DA COSTA, 
2006). 
Inicialmente, sua denominação era pugilato, do latim pugillus, que significa punho 
cerrado em forma de soco. A denominação “Boxe” surgiu do termo em inglês “to box”, 
que significa bater. Apesar de indícios de 1500 a.C. foi no século XVII que se iniciou uma 
revolução e popularização deste esporte na Europa, especificamente na Inglaterra (DA 
COSTA, 2006). 
A primeira regulamentação do esporte aconteceu com o Marquês de Queensbury, 
que teve por objetivo tornar o boxe mais equilibrado, justo e menos violento. Ao contrário 
 
das primeiras experiências desta modalidade que aconteciam como um vale tudo e eram 
bastante sangrentas (MONTEIRO, 2017). A sua regulamentação é a base das regras 
atuais e incluía: 
a) Ringue: as lutas deveriam ocorrer num ringue 7x7m; 
b) “Rounds”: o tempo da luta é de três minutos com um de descanso; 
c) Luvas: os punhos deveriam estar protegidos por luvas. 
 
A partir desse momento, o Boxe caiu nas graças da plateia e se tornou um 
espetáculo esportivo. Assim, apesar de seu surgimento nas classes populares, conforme 
foi se tornando conhecido, o Boxe passou a ser praticado por nobres e aristocratas 
ingleses. Com a proibição das lutas sem luvas na Inglaterra, o Boxe se difundiu nos 
Estados Unidos entre 1850 e 1920. Sendo que a primeira luta profissional da modalidade 
ocorreu em fevereiro de 1982, nos Estados Unidos. Depois o Boxe se espalhou pelo 
mundo (MONTEIRO, 2017). 
 
 
4.2. A chegada do Boxe no Brasil 
No Brasil, o Boxe chegou no final do século XIX com marinheiros europeus que 
desembarcaram no porto de Santos e no Rio de Janeiro. Como os marinheiros vinham 
de uma classe mais baixa, o Boxe foi inicialmente marginalizado no país, assim como a 
capoeira (DA COSTA, 2006). 
A primeira luta de Boxe oficial aconteceu em 1913, em São Paulo, entre um ex-
boxeador profissional e um atleta de remo. Ao longo dos próximos anos, o esporte se 
popularizou no Brasil. Contudo, após uma luta em que um dos participantes sofreu um 
derrame, o Boxe ficou proibido no Brasil entre os anos de 1923 e 1925. Após a liberação 
da prática do esporte, surgiram novos métodos aos atletas, permitindo que esses 
alcançassem níveis internacionais (DA COSTA, 2006). 
 
4.3. Boxe nas Olimpíadas 
A primeira competição de Boxe nos Jogos Olímpicos aconteceu em 1904, em St-
Louis (Estados Unidos), e envolveu 7 categorias. A competição olímpica ficou restrita aos 
 
homens até os Jogos de 2008. Em Londres, 2012, a categoria feminina também passou 
a fazer parte dos jogos. 
Atualmente, o boxe olímpico conta com 10 categorias de peso para os homens e 
3 para as mulheres. Nos Jogos, as lutas sãodisputadas em três assaltos de três minutos 
para os homens e 4 assaltos de 2 minutos para as mulheres. E a idade máxima dos 
atletas para a disputa olímpica é de 34 anos (CBB, 2021). 
 
4.4. Regras Gerais 
No Boxe, só são permitidos golpes aplicados na parte frontal do adversário e 
somente da cintura para cima. Em caso de golpes aplicados fora destas exigências, o 
lutador é advertido e pode até ser desclassificado (CBB, 2021). 
Uma luta pode ser vencida por pontos, ou por nocaute, que é quando o lutador 
recebe um golpe que o derruba e o deixa no chão por mais de 10 segundos. Se o árbitro 
perceber, que mesmo levantando antes do tempo, não há condições de continuidade do 
combate, ele pode encerrar a luta. 
A arbitragem é composta por cinco juízes, sendo que somente um deles fica dentro 
do ringue. O boxe profissional possui uma luta de 10 a 12 rounds, enquanto no boxe 
amador, cada luta possui de três a quatro rounds com tempo entre 3 e 2 minutos cada, 
respectivamente. Para as lutas no Boxe amador, além das luvas é necessário utilizar 
capacete protetor (CBB, 2021). 
 
4.5. Técnicas Básicas 
 
Para a execução dos golpes no Boxe é necessário que o lutador adote uma 
posição básica, que é a posição de guarda. Os pés não devem perder o contato com o 
solo, e a movimentação se faz arrastando os pés. Os saltos devem ser evitados pois 
causam desequilíbrio. O tronco deve ficar ligeiramente inclinado para frente, assim como 
a cabeça, para proteger o queixo de eventuais golpes do oponente. A mão direita é 
mantida ao lado do queixo e o cotovelo abaixado ao longo do tronco protegendo as 
costelas. A mão esquerda é mantida alguns centímetros à frente do rosto com o cotovelo 
também abaixado. 
 
Os golpes do Boxe são: 
a) Jab: golpe reto com o punho que está à frente na guarda. 
b) Direto: golpe reto com o punho que está após na guarda. 
c) Cruzado (Cross): golpe reto com o punho que está atrás na guarda. 
d) Gancho (Hook): Golpe desferido em movimento curvo do punho. 
e) Uppercut: Golpe desferido de baixo para cima visando atingir o queixo do 
oponente. 
f) Balanço (Swing): Golpe desferido de cima para baixo visando atingir a 
têmpora ou queixo do oponente. 
 
 
 
 
5. MUAY THAI 
 
Imagem do Tópico: SHUTTER 355496294 
 
5.1. Um pouco de história 
O Muay Thai ou também como é chamado de boxe tailandês é uma arte marcial 
originária da Tailândia, onde é considerado esporte nacional. Estima-se que sua origem 
data há mais de dois mil anos juntamente com o desenvolvimento do povo tailandês. O 
Muay Thai foi desenvolvido como método de defesa dos guerreiros tailandeses, 
agregando várias técnicas de combate das tribos que formaram o povo tailandês (IVO 
JUNIOR; SONODA-NUNES, 2020). 
No século XVI, o Muay Thai passou a fazer parte do regime militar, e no século 
XVIII há relatos indicando que ele era ensinado nas escolas. Alguns nobres tailandeses 
ficaram conhecidos por serem exímios lutadores de Muay Thai, como o rei Pra Chao Sua 
e o príncipe Naresuan. Eles ganharam batalhas épicas, que garantiram, inclusive, a paz 
da Tailândia no conflito com outras nações (IVO JUNIOR; SONODA-NUNES, 2020). 
 
A partir de 1921 o Muay Thai passou pelo seu processo de esportivização, 
algumas regras semelhantes ao do Boxe inglês foram adotadas, bem como a utilização 
do ringue, um tempo cronometrado para as lutas e o uso de luvas, este último se tornou 
obrigatório no ano de 1928, após a morte de um lutador durante um combate. 
Na Tailândia, o Muay Thai mantém algumas das tradições durante as lutas, como 
a participação de músicos que tocam tambores, címbalos e flautas ao ritmo do combate. 
Bastante popular no país, as lutas movimentam apostas e há estádios específicos para 
a prática dessa modalidade. Os praticantes também realizam uma série de rituais, 
geralmente relacionados à religião budista, como o pequeno local de culto mantido nos 
locais de treino. 
Uma série de rituais e cerimônias acontecem durante os tradicionais combates de 
Muay Thai na Tailândia. O Wai kru é uma dança realizada no ringue com o objetivo de 
homenagear o mestre. Em seguida é realizada o Ram muay, um ritual também ao ritmo 
de músicas para manter afastado os maus espíritos. Em seguida o lutador e o seu mestre 
realizam uma saudação. Quando entram no ringue os lutadores usam uma coroa de 
flores (Mongok), que varia conforme o mestre e o local de treino, e que se acredita trazer 
proteção ao lutador. A coroa é retirada ao final das cerimônias e antes da luta. 
 
5.2. A chegada do Muay Thai no Brasil 
No Brasil o Muay Thai chegou como Boxe Tailandês, por meio de Nélio Naja, que 
conheceu a modalidade quando estava na aeronáutica, servindo como paraquedista. 
Naja treinava Taekwondo no Rio de Janeiro com o mestre Woo Jae Lee, após receber a 
faixa preta ele se mudou para Curitiba, e começou a ministrar aulas. Depois de um 
período de adaptações, ele cria sua versão do Boxe Tailandês, que também ficou 
conhecido como Muay Thai curitibano, Naja ou brasileiro (IVO JUNIOR; CAPRARO, 
2020). 
As técnicas do tradicional Muay Thai foram misturadas com técnicas de 
Taekwondo e FullContact, e alguns métodos da educação física militarista foram 
incorporados para ensinar a modalidade. Primeiramente o Muay Thai brasileiro se 
popularizou no exército, também devido a função de Naja. Ele também readequou o 
sistema de graduação da modalidade e instituiu o uso de uniformes. Inicialmente os 
 
acessórios e a estrutura eram improvisados e precários, como o uso de luvas de Boxe e 
a prática no chão bruto, sem o uso de tatame. 
Com a formação de mais alunos, a prática se popularizou. Mas o grande impulso 
se deu no início dos anos 2000 com o sucesso de alguns praticantes da modalidade em 
eventos de artes marciais mistas, como o MMA e o UFC. Com a popularização, as 
técnicas da modalidade também passaram a ser utilizadas em treinos de 
condicionamento físico. 
 
 
5.3. Regras Gerais 
As transformações que o Muay Thai sofreu ao chegar no Brasil fez com que a 
modalidade aqui praticada se diferenciasse bastante da original tailandesa. Ainda assim, 
alguns atletas treinados aqui conseguem se classificar para o campeonato mundial da 
modalidade na Tailândia. 
Em relação às categorias, as denominações variam conforme cada entidade. 
Contudo todos são categorizados por sexo, faixa etária e peso. A quantidade de lutas 
(experiência em combate) também é considerada para que o praticante possa competir 
em determinados eventos. 
Para a luta os competidores devem usar luvas, cujo peso varia conforme a 
categoria do atleta, e nas categorias amadoras é permitido o uso de protetores de cabeça. 
Os competidores devem apenas trajar um calção, sem o uso de camisas. Para as 
mulheres, o top também é exigido. 
O ringue de combate pode ter entre 6 a 10 metros (pequeno) ou de 7 a 30 metros 
(grande). A luta tem 5 rounds, cada um com três minutos de duração e dois minutos de 
intervalo. São responsáveis pela luta, um árbitro de ringue, um responsável máximo do 
confronto e três juízes. 
Vence a luta aquele que consegue nocautear o adversário. O nocaute pode 
acontecer quando um lutador é derrubado e não consegue se levantar dentro da 
contagem de 10 segundos, ou em caso de nocaute técnico, que é determinado quando 
um dos competidores está ferido ou debilitado. A luta também pode ser encerrada por 
 
recomendação médica. Caso os dois competidores estejam seriamente feridos e tiverem 
sido realizados menos de três rounds, é declarado empate. 
Caso não haja nocaute, o vencedor pode ser definido por um sistema de 
pontuação. Os lutadores também perdem pontos quando cometem alguma infração como 
morder, cuspir, ou cabecear o adversário; realizar bloqueio de braços; segurar as cordas 
do ringue; ofender ou desferir palavrões durante a luta; ferir o adversário após a 
paralisação do combate; atingir propositalmente a região pélvica do oponente (SOUZA;

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