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GESTÃO ESTRATÉGICA DE CUSTOS W BA 00 57 _v 2 © 2018 POR EDITORA E DISTRIBUIDORA EDUCACIONAL S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Danielle Leite de Lemos Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Mariana Ricken Barbosa Priscila Pereira Silva Coordenador Mariana Ricken Barbosa Revisor Bruno Pizol Invernizzi Editorial Alessandra Cristina Fahl Daniella Fernandes Haruze Manta Flávia Mello Magrini Hâmila Samai Franco dos Santos Leonardo Ramos de Oliveira Campanini Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Gofredo, Tania Regina G612g Gestão estratégica de custos/ Tania Regina Gofredo. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018. 127 p. ISBN 978-85-522-0812-9 1. Contabilidade de custo. I. Gofredo, Tania Regina. II. CDD 300 Thamiris Mantovani CRB-8/9491 2018 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ GESTÃO ESTRATÉGICA DE CUSTOS SUMÁRIO Apresentação da disciplina 4 Tema 02 – Sistema de Custeamento, Custos dos Produtos Tema 03 – Sistema de Acumulação de Custos por Tema 07 – Gestão de Custos: Margem de Contribuição Tema 01 – Os C’s do Preço: Concorrência, Custos e Clientes 6 e Departamentos 28 Ordem de Produção e Processo Contínuo 55 Tema 04 – Método de Custeio Variável e por Absorção 74 Tema 05 – Método de Custeio Baseado em Atividade (ABC) 91 Tema 06 – Estratégias de Custos 113 e Ponto de Equilíbrio 140 Tema 08 – Markup: Usos e Limitações 159 Gestão Estratégica de Custos 3 Apresentação da disciplina O contato e o entendimento sobre a disciplina de Gestão Estratégica de Custos se apresenta como elemento imprescindível dentro de uma re- alidade de mercado globalizado com consequente impacto sobre deci- sões. E por quê? A globalização do mercado de bens e serviços, apesar de não ser um fenômeno novo, o seu ritmo e dinamismo se acelerou com o desenvolvimento da tecnologia da informação (CAVUSGIL, KNIGHT, RIESENBERGER, 2010). Nesse sentido, a necessidade das empresas de se manterem competitivas se acentuou significativamente em função de for- te aumento da concorrência e de alternativas de novos produtos e serviços ofertados para o consumidor. Respondendo à pergunta inicial, entender sobre Gestão Estratégica de Custos é fazer uma boa gestão dos custos da empresa e, portanto, é uma alternativa relevante na busca pela vantagem competitiva que diferencia a empresa de seus concorrentes. No tocante aos custos, o foco na sua redução não deve ser o único cami- nho a ser percorrido, mas conhecê-los e saber alocá-los eficazmente é tarefa primordial que deve ser perseguida pelos gestores, pois essa ação direciona a empresa a escolher produtos mais rentáveis, pois o ambiente competitivo nos dias atuais não permite que a empresa defina seus pre- ços de vendas com base apenas em seus custos, mas também com base nos preços de seus concorrentes, de seu posicionamento de mercado e na percepção de agregação de valor que o consumidor tem sobre o pro- duto. É nesse contexto que nasce a importância da Gestão Estratégica de Custos que, se bem utilizada, pode se constituir em um importante ativo estratégico para a empresa, uma vez que fornecerá subsídios relevantes que contribuirão para essas decisões adequadas na busca pela criação ou manutenção de uma boa estratégia que garantirá vantagem competitiva para a companhia. Portanto, a disciplina de Gestão Estratégica de Custos tem como princi- pal objetivo apresentar esses conceitos para a elaboração da gestão dos Gestão Estratégica de Custos 4 custos. Vale destacar que sobre essa gestão, a literatura tem se expan- dido significativamente com indicações de conceitos novos, mas que os conceitos mais tradicionais extraídos da base de dados da Contabilidade Gerencial têm sido ainda os mais utilizados pelas corporações, pois seu uso, quando adequado, tem contribuído significativamente para as de- cisões dos gestores. Portanto, a disciplina focará em: a) o entendimento da importância da gestão estratégica de custos e sua relação com a con- tabilidade de custos e/ou gerencial; b) os elementos e a classificação dos custos como: variável e fixo, mão-de-obra, matéria-prima direta, custos indiretos de fabricação; c) os sistemas de custeio: por absorção, por or- dem de produção e processo contínuo, por atividade (ABC), por esforço de produção (EP) e, por fim: d) conceitos de margem de contribuição, cus- to-volume-lucro, ponto de equilíbrio e o mark-up. Gestão Estratégica de Custos 5 TEMA 01 OS C’S DO PREÇO: CONCORRÊNCIA, CUSTOS E CLIENTES Objetivos • Compreender o processo de evolução da Contabilidade de Custos/Gerencial até a Gestão Estratégica de Custos para a busca da vantagem competitiva. • Apresentar a terminologia da Gestão de Custos. • Classificar os custos quanto ao seu objeto. • Classificar os custos quanto a sua variabilidade. Gestão Estratégica de Custos 6 Gestão Estratégica de Custos 7 Introdução Como ponto de partida para se entender a relevância da Gestão de Custos como ferramenta de tomada de decisão, é importante contextualizar, tam- bém, a vastidão de estudos relacionados aos impactos que a globalização e suas origens trouxeram para a economia como um todo, e do lado das empresas, a maior preocupação dos gestores é alavancar suas operações para o atingimento de resultados num ambiente altamente concorren- cial, que segundo muitos autores, são resultados que estão diretamente relacionados à conquista e manutenção de vantagem competitiva. Nesse sentido, o direcionamento e a gestão estratégica dos negócios de uma empresa passou a ser objeto de estudos entre vários acadêmicos, sendo Michael Porter um dos principais estudiosos desse assunto. Portanto, op- tou-se por citá-lo em algumas ideias centrais sobre os direcionadores da estratégia de uma empresa dentro de uma realidade globalizada e, con- sequentemente, os seus impactos para uma nova visão de gerenciamen- to de custos que as empresas passaram a ter, sendo este gerenciamento o principal assunto desta disciplina. Segundo Souza et al. (2010, p. 149), “para Porter (1989) existem dois ti- pos básicos de vantagem competitiva: baixo custo ou diferenciação, que quando combinados, resultam em três estratégias genéricas para alcan- çar desempenho superior: liderança de custo, diferenciação e enfoque”. Como primeira estratégia, tem-se a liderança de custos que está con- centrada em iniciativas voltadas para o controle dos custos referentes ao projeto de um produto, a sua produção, a sua distribuição e o seu pós- -venda. Segundo Porter, o resultado desse esforço se traduz em preço inferior ao do concorrente, sem que se altere a qualidade do produto ou do serviço oferecido. A segunda estratégia diz respeito à diferenciação, que está relacionada à customização do produto ou serviço oferecido de forma que vá de encontro com as necessidades específicas do cliente. E como terceira estratégia está o enfoque, onde é escolhido um segmento de produtos, de maneira que a empresa atenda seu público escolhido de forma mais efetiva do que a de seus competidores. Como se pode observar, o autor leva as empresas a refletirem fortemente sobre gestão de custos se quiserem fazer frente às três estratégias e, assim, conquistarem ou manterem sua vantagem competitiva. Vale destacar que, segundo Souza et al. (2010, p. 151), em uma de suas menções sobre os au- tores que estudam a gestão estratégica cita Martins (2008) que enfatiza que, “a gestão estratégia de custos, numa visão mais abrangente, reflete análises que incluem o ambiente externo da empresa (cadeia de valor), o que o que significa avaliar os custos dos fornecedores, clientes e consumidor final”. Como já mencionado, com a forte aceleração do crescimento do mercado nos últimos 40 anos, há muitos conceitos propostos por diversos auto- res para a gestão de custos, mas as empresas ainda têm se utilizado de conceitos tradicionais, pois são consideradas práticas muito úteis e apli- cáveis. A redução de custos é importante, mas a mesma se concretiza na medida em que a alocação dos dados contábeis e sua interpretação são feitas de forma correta, transformando-se em informações relevantes na condução das decisões estratégicas para as empresas, por exemplo: es- colher que produto ou serviço oferecer que traga mais rentabilidade para a empresa, pois o preço final que gera a receita, num ambiente tão com- petitivo, não é mais formado por meio apenas dos custos, mas sim com base também no preço do concorrente. Portanto, este tema abordará a evolução da contabilidade de custos até a visão de gestão estratégica, a terminologia utilizada na gestão de custos e a classificação desses custos quanto ao seu objeto e sua variabilidade, a fim de dar todo o suporte conceitual para o seu uso adequado. 1. Contabilidade de custos/gerencial versus gestão estratégica de custos Não se pode falar sobre Gestão Estratégica de Custos sem antes entender a evolução da Contabilidade Gerencial dentro do Sistema de Contabilidade Gestão Estratégica de Custos 8 Financeira. Para aprofundar nestes conceitos específicos é fundamental compreender que a contabilidade, visando acompanhar o desenvolvimen- to das empresas quanto à necessidade de informações para um processo decisório eficaz, foi, ao longo do tempo, criando subsistemas contábeis. Neste sentido, a base de todos os subsistemas contábeis é a Contabilidade Financeira, que traz como principal característica a padronização das re- gras que devem ser utilizadas para todas as empresas no tocante às suas demonstrações financeiras. Nesse sentido, ela pode ser utilizada como uma base de dados contábeis confiável que servirá de suporte para os trabalhos a serem desenvolvidos pela Contabilidade Gerencial, pois dife- rentemente da Contabilidade Financeira, a Contabilidade Gerencial foca no usuário interno da empresa, ou seja, o tomador de decisões, e seu objetivo é utilizar a ciência contábil, por meio de instrumentos de gestão, para suportar os processos decisórios com perspectiva de futuro em ter- mos de análise de custos, riscos, alavancagem operacional e financeira, volumes, lucros e margem de contribuição. Falando em Contabilidade Gerencial, é importante esclarecer que se tra- ta da Contabilidade de Custos, porém com tarefas de mais agregação de valor. A Contabilidade de Custos deixou de se preocupar apenas com a avaliação de estoques e passou a contribuir, também, com o estabeleci- mento de controles no tocante à padronização de orçamentos e outras formas de previsão e, com isto, a ajudar as empresas em decisões frente à uma realidade de alta competitividade. E sobre isso é importante que se diga que, segundo Martins (2010, p. 22): Com o significativo aumento de competitividade que vem ocorrendo na maioria dos mercados, sejam industriais, comerciais ou de serviços, os custos tornam-se altamente relevantes quando da tomada de decisões. Isto ocorre pois, devido à alta competição existente, as empresas já não podem mais definir seus preços apenas de acordo com os custos incorridos, e sim, também, com base nos preços praticados no mer- cado em que atua. O conhecimento dos custos é vital para saber se, dado o preço, o produto é rentável; ou, se não é rentável, e quanto aos custos, se é possível reduzi-los. Gestão Estratégica de Custos 9 Sistema de lnloonações Gerenciais Contabilldade rinunceue I Contabilidade de Custos X Contabilidade Gerencial I Sistema O<çamontáno - Nesse sentido, a Gestão Estratégica de Custos deve ser percebida como uma ferramenta que se utiliza das informações sistematizadas da Contabilidade Gerencial para produzir uma gestão dos negócios que es- teja alinhada com a estratégia, ou até mesmo, mudar o direcionamento estratégico para a conquista e manutenção da vantagem competitiva. É nesse sentido, que como mencionado acima e na introdução da discipli- na, num ambiente altamente concorrencial é necessário o conhecimento de toda a base de custo da empresa, pois numa realidade de mercado altamente competitivo a definição do preço que vai gerar receita e dife- renciação para o cliente não é mais definido a partir apenas do custo, mas sim pelos preços praticados no mercado em que atua e, nesse sentido, a empresa muitas vezes precisa optar por produtos que sejam rentáveis e que façam frente a seus concorrentes. Portanto, conhecer a composição e o fluxo do Sistema de Informações Gerenciais ajuda o profissional a entender como pode contribuir para a empresa transformar os núme- ros contabilizados como custos em informação estratégica. Este sistema pode ser visto na Figura 1. Figura 1: Sistema de Informações Gerenciais Fonte: Elaborado pela autora e retirado na íntegra de Martins (2010, p. 22). Gestão Estratégica de Custos 10 LINK A literatura tem buscado se aprofundar em vários conceitos voltados para a gestão estratégica de custos visando atender à uma deman- da pela busca de conhecimento frente a um mercado tão competi- tivo. Vale a pena a leitura do artigo de SOUZA, Marcos Antonio et al. Práticas de Gestão Estratégica de Custos: Um Estudo em uma Empresa Multinacional. In: Congresso USP de Controladoria e Contabilidade, 10. 2010, São Paulo. Artigo. São Paulo: Revista de Contabilidade e Organizações, 2010. v. 4, p. 145 – 167. Disponível em: <http://redalyc. org/pdf/2352/235217198008.pdf>. Acesso em: 07 mai. 2018. 2. Origem da contabilidade de custos e sua terminologia 2.1 Origem Segundo Martins (2010, p. 19) “até a Revolução Industrial (século XVIII), quase só existia a Contabilidade Financeira (ou Geral), que, desenvolvi- da na Era Mercantilista, estava bem estruturada para servir as empresas comerciais”. Dessa forma, para se apurar os resultados de um período de um determinado negócio, bastava apenas o levantamento dos esto- ques em termos físicos, uma vez que sua medida em termos de valores monetários era extremamente simples: verificava-se o montante pago por determinado produto estocado, e assim valorava os mercados, onde esse cálculo era feito por diferença, ou seja, contava-se o quanto possuía de estoques iniciais, adicionava-se as compras do período e comparando com o que ainda restava, apurava-se o valor de aquisição das mercado- rias vendidas, que quando se confrontava esse montante com as receitas líquidas advindas das vendas dos bens, chegava-se ao lucro bruto, que ao se deduzir as despesas necessárias para a manutenção da instituição, bem como despesas com as vendas dos bens e possível financiamento, chegava-se ao Demonstrativo de Resultados da empresa. Gestão Estratégica de Custos 11 Essa forma de contabilizar atendia bem à situação vivida naquela época, por se tratar de negócios voltados para o comércio e não para a fabricação, que veio se estabelecer justamente após a Revolução Industrial. Com o apa- recimento das indústrias, a contabilização dos negócios se complicou, pois, passou-se a computar informações que até então não eram necessárias para o levantamento do Balanço e da Apuração do Resultado. No que até então era utilizado o valor de Compras para apurar o Custo das Mercadorias Vendidas, com o aparecimento das indústrias este valor foi substituído por uma série de valores pagos pelos fatores de produção utilizados. PARA SABER MAIS Os fatores de produção são compostos por: Trabalho (Mão de Obra), Capital (Máquinas e Equipamentos) e os Recursos Naturais (Terra, Recursos Extrativos), de maneira que quando organizados e combina- dos produzam algum bem ou serviço para atender às necessidades de uma sociedade. Portanto, trazendo para os dias atuais, segundo Perez; Oliveira; Costa (2012, p. 5), “entende por empresa industrial aquela que adquire deter- minadas matérias-primas, que em conjunto com as máquinas e equipa- mentos e com a mão de obra especializada, transformam tudo isso em produtos acabados” ou até mesmo serviços. Ainda, segundo os autores (2012, p. 3): As organizações, para a realização das suas atividades do dia a dia, na bus- ca pelas suas metas, efetuam uma série de Gastos que serão devidamente analisados, classificados, codificados e registrados pela Controladoria, nos Setores de Contabilidade Geral e de Custos e, por via de regra, esses Gastos precisam ser separados e, portanto, classificados em três grandes grupos: Investimentos, Custos e Despesas. Dessa forma, os dois primeiros importantes conceitos a serem compreendidos são: Custos de Produção são os Gastos necessários para a produção de bens e serviços e; Despesas são os Gastos necessários para a geração de receitas. Gestão Estratégica de Custos 12 Os Gastos (Custos de Produção) utilizados nesse processo produtivo, co- nhecidos como os fatores de produção, são classificados em três grandes grupos e podem ser vistos na Tabela 1. Tabela 1: Classificação dos Gastos utilizados no processo produtivo (Custos de Produção) 1º Grupo de Contas Materiais • Matérias-Primas Consumidas; Materiais de Embalagens, Materiais Auxiliares, etc. • Trabalhadores dos Departamentos diretamente ligados à produção. 2º Grupo de Contas Mão de Obra • Trabalhadores dos setores auxiliares da produção. • Gerência e supervisão da fábrica. • Salários e benefícios da Diretoria Industrial, etc. • Depreciação do prédio da fábrica, Máquinas e Equipamentos, Energia Elétrica, Água, etc. 3º Grupo de Contas Outros Custos de Produção • Serviços de Apoio à Produção, como: Manutenção e limpeza das máquinas, almoxarifado, refeitório, ambulatório médico, sistemas de informação, gerenciamento de produção, etc. • Seguros contra incêndio da fábrica. • Seguros contra acidentes pessoais e demais riscos envolvendo o pessoal da fábrica, etc. Fonte: Preparado pela Autora, mas com base nas informações de Perez; Oliveira; Costa (2012, p. 6 e 7). Dessa forma, após se verificar a origem dos custos industriais e seus gru- pos de contas, para que se faça uma correta avaliação da alocação dos custos é preciso conhecer a terminologia utilizada pela gestão de custos e como estes custos devem ser alocados. 2.2 Terminologia para a gestão de custos Quando se pensa em “despesas”, é a mesma coisa que “custos”? E inves- timento, qual a similaridade com eles? Gastos e desembolsos? Perda e Gestão Estratégica de Custos 13 desperdício? São termos parecidos quando ouvidos, mas com significados diferentes em Contabilidade. O entendimento correto faz com que sua alo- cação seja também correta, e o contrário também pode ocorrer, ou seja, quando interpretados incorretamente se tem uma alocação incorreta. Vale destacar que, segundo Perez; Oliveira; Costa (2012, p. 8), “dependendo da aplicação, o Gasto poderá ser classificado em Custos, Despesas, Perdas ou Desperdícios”. Essa classificação pode ser vista na Tabela 2. Tabela 2: Terminologia na Gestão de Custos Termo Significado Exemplo Desembolsos • Saídas de dinheiro do caixa ou do banco. Eles ocorrem para pagamento de uma compra efetuada à vista ou de uma obriga- ção assumida anterior- mente. • Compra de Matéria-Prima à vis- ta; • Pagamento de Salário aos fun- cionários; • Pagamento de Empréstimo Ban- cário; • Pagamento de Despesas provi- sionadas no período anterior. Gastos • Consumo genérico de bens e serviços. Eles ocorrem a todo momen- to e em qualquer setor da empresa. Não pode ser confundido com desem- bolsos, pois desembolso está relacionado a dinhei- ro e gasto é tudo o que é consumido por meio do desembolso. • Matéria-Prima consumida no processo produtivo; • Material de expediente consumi- do para um processo produtivo; • Serviço de frete num processo de venda; • Energia Elétrica consumida. Investimentos • Gasto atribuído em fun- ção de sua vida útil ou de benefícios a serem retor- nados no futuro, ou seja, é o valor de insumos ad- quiridos, mas que serão utilizados ao longo de pe- ríodos futuros. • Compra de Matéria-Prima para a fabricação de produtos; • Compra de Máquinas e Equipa- mentos que serão utilizados na produção; • Participação societária em outra empresa. Gestão Estratégica de Custos 14 Custos • Gastos relativos aos bens e serviços consumidos na produção de outros bens e serviços, ou seja, o Gasto na qual a empresa dispende no momento de utilização dos fatores de produção. • Matéria-Prima consumida; • Materiais Auxiliares; • Mão de Obra Produtiva; • Mão de Obra da Gerência e Su- pervisão da Fábrica. • Etc. Despesas • Gastos relativos aos bens e serviços consumidos no processo de geração de receitas e manutenção dos negócios da empresa. Todas as despesas estão diretas ou indiretamente ligadas à geração de receitas. • Gastos com estrutura adminis- trativa; • Gastos com a estrutura comer- cial; • Aluguéis e depreciação de imó- veis, móveis e utensílios; • Etc. Perdas • Gastos não considerados normais dentro de um processo produtivo e podem ser involuntários e que não geram um novo bem ou serviço e nem tampouco receitas e ocorrem de fatos não previstos. • Vazamento de materiais líquidos ou gasosos; • Material com prazo de validade vencido; • Gastos por conta de paralisação de produção por falta de insumos; • Problemas com equipamentos, greves, enchentes, inundações, sinistros, etc. Desperdícios • Gastos incorridos nos processos produtivo ou de geração de receitas e que podem ser elimina- dos sem prejuízo para a qualidade ou a quantida- de dos bens, serviços ou receitas geradas. Numa realidade de muita com- petitividade, os desper- dícios são sinônimos de prejuízos, pois esses não poderão ser repassados para os preços. • Retrabalho advindo de defeitos de fabricação; • Estocagem e movimentação des- necessária de materiais e produ- tos; • Relatórios Financeiros, adminis- trativos e contábeis sem qual- quer utilidade; • Cargos intermediários de chefia e supervisão desnecessários. Fonte: Preparado pela Autora, mas com base nas informações de Perez; Oliveira; Costa (2012, p. 7 a 9). Gestão Estratégica de Custos 15 Há outros termos mais detalhados sobre o conceito de Custos e demais terminologias que são importantes para a complementação de toda a es- trutura em gestão de custos. PARA SABER MAIS Há mais detalhamento sobre a terminologia dos custos e demais con- ceitos, como: custo de aquisição ou de produção; custo de aquisição de materiais; custo das mercadorias vendidas e outros que podem ser estudados em: PEREZ JUNIOR, José Hernandez et al. Gestão Estratégica de Custos. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012, p. 10 e 11. Compreendida essa terminologia, a classificação dos gastos complemen- ta o conhecimento no tocante à alocação correta dos custos, que será estudada no próximo tópico. 3. Classificação dos custos/gastos 3.1 Objeto de custo Objeto de custo é o elemento pelo qual se deseja ter o custo específico apurado ou rateado, que poderá ser mensurado pela definição de certas medidas de consumo ou por meio de algum critério arbitrário ou defini- do, por exemplo: rateios ou estimativas, com finalidade de se obter custo unitário ou total. Os objetos de custos podem ser um produto, um serviço, uma mercado- ria, uma atividade, um departamento, uma divisão, um processo, um re- curso, entre outros, sendo que os produtos e serviços são os objetos de custos mais comuns para mensuração, pois são elementos fundamentais para obtenção de rentabilidade de uma determinada empresa. Portanto, a mensuração dos custos envolvidos é básica para uma gestão finan- ceira assertiva, pois, dentro de um ambiente altamente competitivo onde Gestão Estratégica de Custos 16 os preços de vendas já não são mais definidos a partir do custo, mas sim, com base no preço da concorrência, a mensuração correta desses custos traz impactos positivos sob duas óticas: a) a empresa tem a visão clara dos produtos que são rentáveis e dos que não são, de maneira que opta por qual deverá manter negociando no mercado, a fim de reverter em lu- cratividade para a empresa e, consequentemente; b) quais produtos têm mais vantagem competitiva frente a seus concorrentes. EXEMPLIFICANDO A empresa pode definir que para ela é mais importante tomar conhe- cimento do custo de um produto ou serviço, considerando todos os custos fixos e variáveis, ou os custos diretos ou indiretos, ou pode definir o custo e sua rentabilidade por um departamento, por exem- plo: qual o custo total para manter um determinado setor e o impacto disto no produto final? Outro exemplo hipotético: imagine que uma loja de departamentos define que para ter uma ideia clara de sua ren- tabilidade, quer conhecer os custos relativos aos seus departamentos individuais, ou seja: sua rentabilidade do setor de vestuário, de aces- sórios ou de sapatos. Dessa forma, vai alocar todos os custos de forma separada, para se ter conhecimento de quais de seus departamentos são mais e os que são menos rentáveis, de forma a tomar ações de melhorias ou mudança de estratégia de vendas. 3.2 Comportamento de custo A contabilidade de custos visa separar os custos para analisá-los nos pro- cessos decisórios segundo grupos, os quais são denominados por ele- mentos de custos diretos e indiretos. Outra forma de analisá-los é pela sua variabilidade, ou seja, o comportamento de custo trata a evolução do valor de custos (fixos e variáveis) em relação ao volume de atividade. Toma-se como referência o volume de produção (ou vendas) e se verifica como os custos variam (aumentam ou diminuem) em relação a este volu- me. Nos tópicos seguintes serão mostrados os conceitos do custo direto e indireto, bem como, do custo fixo e do custo variável. Gestão Estratégica de Custos 17 3.2.1 Custo direto e indireto É a classificação mais antiga e utilizada com relação ao objeto de custo, ou seja, classificar os custos incidentes sobre os produtos e serviços como diretos e indiretos, de forma a alocá-los corretamente conforme mencio- nado no tópico 3.1 Objeto do Custo. 3.2.1.1 Custos diretos Os custos diretos são aqueles que podem ser fisicamente identificados dentro de um processo no momento da produção, comercialização ou prestação de serviços. Segundo Perez; Oliveira; Costa (2012, p. 15) “não necessitam de critérios de rateios para serem alocados aos produtos fa- bricados ou serviços prestados, já que são facilmente identificados. Estes custos, na grande maioria das indústrias, compõem-se de materiais dire- tos e mão de obra”. Ainda segundo os autores, estes custos podem ser vistos na Tabela 3. Tabela 3: Custos Diretos e Exemplos Tipo O que são Exemplo Materiais Diretos • Matérias-Primas, Materiais de Embalagem, Compo- nentes e outros materiais necessários à produção, ao acabamento e à apre- sentação final. • Fábrica de Móveis: madeira, as chapas, compensados, o couro, etc., que servem para produzir, sofás, camas, cadeiras, mesas, etc. • Editora ou Gráfica: papel, tintas, que servem para produzir livros, revistas e demais impressos. Mão de Obra Direta • É o trabalho aplicado dire- tamente na confecção do produto, partes ou com- ponentes, ou na prestação de serviços. Em alguns se- tores e empresas este tipo de custo vem sendo grada- tivamente substituído por • Empresa de Auditoria: a mão de obra direta é representada, na quase totalidade, pelos salários e encargos dos auditores. • Fábrica de Sapatos: mão de obra direta é composta dos gastos incorridos com salários e encargos de funcionários que máquinas e equipamen- tos. Este custo é composto por: salários, encargos e provisões para férias e 13º salário. atuam diretamente no processo produtivo e são responsáveis pelo corte do couro, montagem, costura e acabamento de sapatos. Fonte: Preparado pela Autora, mas com base nas informações extraídas de Perez, Oliveira, Costa (2012, p.16). Gestão Estratégica de Custos 18 3.2.1.2 Custos indiretos Todos os gastos que não são considerados diretos classificam-se como indiretos, ou seja, aqueles que não podem ser alocados de forma direta ou objetiva aos produtos ou a outro segmento ou atividade operacional, e, caso sejam atribuídos aos produtos, serviços ou departamentos, esses gastos serão alocados por meio de critérios de distribuição entre os pro- dutos e serviços, através de mecanismos de rateio, alocação, apropriação. Também são denominados custos comuns, podendo ser fixos ou variáveis. Os custos indiretos possuem como característica básica o caráter genéri- co e não específico de produtos finais, ou seja, sua relação existe em fun- ção dos produtos finais, porém de forma indireta. Um exemplo clássico de custo indireto é o gasto com as gerências ou diretoria da fábrica, pois essas pessoas trabalham de forma genérica para todos os produtos. A classificação desses custos pode ser vista na Tabela 4. Tabela 4: Custos Indiretos e Exemplos Tipo O que são Exemplo Materiais Indiretos São materiais empre- gados nas atividades auxiliares de produ- ção, ou cujo relaciona- mento com o produto é irrelevante. Graxas e lubrificantes utilizados na manu- tenção e limpeza das máquinas, ou, lixas e parafusos de pequenos valores utilizados na produção de móveis. Não estão relacionados diretamente à produção dos móveis. No en- tanto, se for uma empresa que presta servi- ço de manutenção, pois este é o seu principal negócio, nesse caso as graxas e lubrificantes pode ser considerado custo direto. Gestão Estratégica de Custos 19 Mão de Obra Indireta É representada pe- lo trabalho realizado nos departamentos auxiliares nas indús- trias ou prestadores de serviços e que não são mensuráveis em nenhum produto ou serviço executado. Indústria: gastos com pessoal responsável pela manutenção dos equipamentos, pelo planejamento e controle a produção, ou seja, não estão relacionados diretamente à pro- dução. No entanto, conforme o exemplo aci- ma, se a empresa for de manutenção, nesse caso, este exemplo de mão de obra empre- gada pode ser considerado custo direto. Serviços: uma empresa de auditoria, com- preende os salários e encargos dos instruto- res de treinamento de auditores, visto que tais custos não são passíveis de identificação com as diversas auditorias realizadas no pe- ríodo, o que torna dificultoso a apropriação desses custos com treinamento para cada cliente atendido. Outros Custos Indiretos Depreciação com máquinas e equipamen- tos, valor dos materiais consumidos nas ma- nutenções, seguro contra incêndio e outros acidentes na fábrica, transporte, refeições, etc. Fonte: Preparado pela Autora, mas com base nas informações extraídas de Perez, Oliveira, Costa (2012, p. 17). 3.2.2 Custos fixos e variáveis Os custos diretos e indiretos podem ser classificados como fixos ou variá- veis, quando analisamos sob o viés do seu comportamento com relação ao volume de produção ou venda. Para que possamos elaborar estudos com previsões, esta classificação é fundamental, pois dentro do processo deci- sório o comportamento dos custos poderá influenciar em decisões para novos caminhos e objetivos a serem tomados pela empresa. Nesse contex- to, tem-se dois raciocínios para interpretá-los quanto a sua variabilidade. • O valor do custo dos recursos é considerado dependente, pois está condicionado a cada volume de produção ou de venda e; • O volume e/ou quantidade de produção ou venda para gastos comerciais e administrativos é considerado independente, pois não depende de outras variáveis. A Figura 2 identifica uma representa- ção gráfica entre os eixos, mostrando o comportamento dos custos. Gestão Estratégica de Custos 20 y Eixo Y • variável dependente Valor do custo do recurso Eixo X • variável independente x Quantidade produzida ou vendida Figura 2 – Modelo para análise de comportamento de custos Fonte: A autora 3.2.2.1 Custos fixos Como o próprio nome nos indica, um custo fixo não tem variação de acor- do com o volume de produção ou venda. Portanto, independentemente do volume, ele manterá o seu valor constante. De um modo geral, são gastos (custos e despesas) necessários para se manter um nível mínimo de ativida- de operacional, por isso também denominados por custos de capacidade. Citamos como exemplo o gasto que a empresa possa ter com aluguel de um prédio em que funciona uma fábrica, expedição e seu administrativo. Segundo Perez, Oliveira e Costa (2012, p. 12) As principais características do custo fixo são: a) o valor permanece cons- tante dentro de determinada faixa da produção; b) o valor da unidade produzida varia à medida que ocorre variação no volume de produção, por tratar de um valor fixo diluído port uma quantidade maior; c) sua alo- cação para os departamentos ou centros de custos necessita, na maioria das vezes, de critérios de rateios determinados pela administração e; d) a variação dos valores totais podem ocorrer em função de desvalo- rização da moeda ou por aumento ou redução significativa no volume de produção. Gestão Estratégica de Custos 21 A Tabela 5 mostra um exemplo de como se comporta o Custo Fixo Unitário a partir do Custo Fixo Total de um período com volumes de produção se alterando. Tabela 5: Exemplo do comportamento dos Custos Fixos Custos Fixos de um Período Volume de Produção Custos fixos por unidade $ 20.000 6.000 unidades $ 3,33 $ 20.000 8.000 unidades $ 2,50 $ 20.000 4.000 unidades $ 5,00 Fonte: Preparado pela Autora, mas com base nas informações extraídas de Perez, Oliveira, Costa (2012, p. 12). Como se pode observar, quando o custo é fixo, e no caso do exemplo hipotético pode ser o aluguel de um prédio, o custo unitário (por unida- de) diminuiu conforme se aumenta a quantidade produzida ou vendida (depende da atividade comercial). Por esse motivo, as empresas ficam bastante atentas ao seu custo fixo, pois numa situação de queda de pro- dução ou venda, seu preço unitário se eleva e pode contabilizar prejuízos para uma empresa. 3.2.2.2 Custos variáveis No caso dos custos variáveis, o montante de gastos irá variar de acordo com o volume de produção ou venda. Para cada alteração no volume, os custos classificados como variáveis irão se alterar, ou seja, se o volume de produção ou vendas aumentar em 15% e um determinado custo também aumentar em 15%, ele será considerado variável, ou se o volume cair 20% e o custo também cair proporcionalmente a 20%, também será classifica- do como variável. Segundo Perez, Oliveira e Costa (2012, p. 14) “suas principais caracterís- ticas são: a) seu valor total varia na proporção direta do volume de pro- dução; b) o valor é constante por unidade, independentemente da quan- tidade produzida, diferentemente do custo fixo, que o preço unitário por unidade do produto varia de acordo com o volume produzido ou vendido Gestão Estratégica de Custos 22 e; c) a alocação aos produtos ou centros de custos é normalmente, feita de forma direta, sem a necessidade de utilização de critérios de rateios”. A Tabela 6 mostra o comportamento do Consumo Total da Matéria-Prima de acordo com a variação dos volumes e, nesse caso, o Custo Total que também se altera. Tabela 6: Exemplo do comportamento dos Custos Variáveis Produção do Período Consumo de tecido por unidade Consumo total de couro 1.000 peças 2 metros 2.000 metros 2.000 peças 2 metros 4.000 metros 3.000 peças 2 metros 6.000 metros Fonte: Preparado pela Autora, mas com base nas informações extraídas de Perez, Oliveira, Costa (2012, p. 12). No caso dos custos variáveis, o preço unitário não se altera, o que altera é o Custo Total da Produção (quantidade X preço), pois o custo variável de- penderá da quantidade de insumos a ser utilizada na produção de deter- minado produto, ou seja, caso sua produção aumente ou diminua, este volume de matéria-prima aumentará ou se reduzirá também. ASSIMILE Portanto, quando se pensa e se trata em Custo Total da Produção, pode-se entender que este Custo Total (CT) é a soma do Custo Fixo (CF) mais o Custo Variável (CV), ou a soma do Custo Direto (CD) mais o Custo Indireto de Fabricação (CIF), ou seja, o Custo Total (CT) atende às seguintes fórmulas: CT = CF + CV ou CT = CD + CIF QUESTÃO PARA REFLEXÃO Um bom exercício para entender custos é realizar uma reflexão so- bre nosso cotidiano. Elabore uma planilha para computar os seus gastos pessoais, buscando identificar os seus custos e o respectivo Gestão Estratégica de Custos 23 comportamento sobre a sua vida financeira. Identifique dentro dos levantamentos, quais gastos são essenciais para sua sobrevivência? Quais gastos você poderia deixar de ter para realização dos seus so- nhos, quais são aqueles que independentemente de seu consumo estão sempre em seu orçamento, e aqueles que variam de acordo com o seu estilo de vida? 4. Considerações finais • A Gestão Estratégica de Custos pode ser considerada como uma fer- ramenta estratégica, pois reúne todas as informações extraídas da Contabilidade de Custos/Gerencial e fornece à empresa parâmetros para tomada de decisão em um ambiente altamente competitivo, onde os preços já não são mais definidos a partir do custo, mas sim, com base em seu concorrente. • O Custo Total pode ser obtido por meio da soma dos Custos Fixos mais os Variáveis, bem como, pelos Custos Diretos mais os Custos Indiretos. • O Custo de Produção é todo o Gasto necessário para a produção de bens e serviços, e as Despesas são todos os Gastos necessários para a geração da receita. Glossário • Custo Fixo: não varia de acordo com a quantidade produzida ou vendida. • Custo Variável: varia de acordo com a quantidade produzida ou vendida. Gestão Estratégica de Custos 24 • Gasto: é o consumo genérico de bens e serviços. Não pode ser con- fundido com desembolsos, pois desembolso está relacionado a di- nheiro e gasto é tudo o que é consumido por meio do desembolso. VERIFICAÇÃO DE LEITURA TEMA 01 1. Quando falamos do objeto de estudo de custo, assinale a alternativa que identifica como são agrupados os gastos da empresa: a) Custos base zero e custeio por atividade. b) Custos diretos e variáveis. c) Custos indiretos e variáveis. d) Custo de oportunidade e indiretos. e) Custos diretos e indiretos. 2. Um leasing de uma máquina utilizada em uma fábrica é um gasto que classificamos como custos. O valor mensal- mente despendido pela empresa não possui variação com relação ao volume de produção ou venda, ou seja, o valor será sempre constante. Baseado nesta afirmação, assinale a alternativa que classifica corretamente o tipo de custo envolvido: a) Custos fixos. b) Custos variáveis. c) Custo de transformação. d) Custo de oportunidade. e) Custo operacional. 3. Com relação aos aspectos envolvidos numa indústria me- talúrgica, classifique os custos com a letra “D” para custos diretos e “I” para custos indiretos: Gestão Estratégica de Custos 25 ( ) Aço e ferro fundido. ( ) Salários e encargos de pessoal de produção. ( ) Embalagens para acomodar as peças prontas. ( ) Detergente para limpeza do chão de fábrica e máquinas. ( ) Fluido de corte para centro de usinagem. Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta: a) D, D, I, I, D. b) D, D, D, I, I. c) I, I, D, D, I. d) I, D, D, I, D. e) D, I, D, I, I. Referências bibliográficas CAVUSGIL, S.T.; KNIGHT, Gary; RIESENBERGER, John R. Tradução Técnica, Sonia Midori Yamamoto e Leonardo Piamonte. Negócios Internacionais: Estratégia, Gestão e Novas Realidades. 1. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. MARTINS, E. Contabilidade de Custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. PEREZ JUNIOR, J.H.; OLIVEIRA, L.M.; COSTA, R.G. Gestão Estratégica de Custos. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012. SOUZA, Marcos Antonio et al. Práticas de Gestão Estratégica de Custos: Um Estudo em Uma Empresa Multinacional. In: Congresso USP de Controladoria e Contabilidade. 10. 2010, São Paulo. Artigo. São Paulo: Revista de Contabilidade e Organizações, 2010. v. 4, p. 145 - 167. Disponível em: <http://redalyc.org/pdf/2352/235217198008.pdf>. Acesso em: 08 mai. 2018. Gestão Estratégica de Custos 26 Gabarito – Tema 01 Questão 01 – Resposta: E Resolução: Os gastos de uma empresa são classificados como dire- tos e indiretos para que as análises possam ser feitas com mais deta- lhamento e exatidão, permitindo assim a criação de regras durante o processo de tomada de decisão. Questão 02 – Resposta: A Resolução: Denominamos por custos fixos quando temos um deter- minado gasto que não tem variação com relação ao volume de pro- dução e venda. Questão 03 – Resposta: B Resolução: Todos os materiais e gastos com mão de obra que são ligados diretamente à produção, ou seja, que podem ser medidos e atribuídos diretamente ao produto fabricado, são considerados cus- tos diretos. Os demais gastos, que são de utilização geral da produ- ção, são denominados por custos indiretos. Gestão Estratégica de Custos 27 TEMA 02 SISTEMA DE CUSTEAMENTO, CUSTOS DOS PRODUTOS E DEPARTAMENTOS Objetivos • Entender o conceito de sistemas de custeamento, o que são e sua importância para o gerenciamento de custos. • Compreender a importância da contabilização de cus- tos para os custos dos produtos. • Conceituar Departamentalização e o Método de Centro de Custos. Gestão Estratégica de Custos 28 Gestão Estratégica de Custos 29 Introdução Após entender a terminologia usada na gestão de custos e os conceitos relacionados aos custos fixos, variáveis, os diretos, e os indiretos, é impor- tante saber alocá-los eficazmente de forma a suportar a empresa no con- texto do planejamento estratégico e demais decisões para a maximização dos seus resultados. De acordo com o que já foi mencionado no Tema 01, a globalização pôs à prova a capacidade das empresas em gerenciar seus negócios frente à forte concorrência, e a maneira de formar os seus preços, muitas vezes baseada no seu concorrente, tem sido fortemente considerada. Dessa forma, as empresas têm buscado se especializar em como calcular e in- terpretar os seus custos, que é o que de fato ainda conseguem ter gestão, de tal sorte a garantirem a sua lucratividade. Para isso, se por um lado classificar esses custos de forma eficaz é imprescindível, por outro, não é uma tarefa fácil para as empresas. Nesse sentido, as organizações foram levadas a praticarem melhorias con- tínuas em seus processos, em seus sistemas de informações e na profis- sionalização de seu quadro de pessoas, que por sua vez, têm impactado significativamente no aumento dos custos classificados como indiretos e que normalmente são custos fixos. Segundo Fontoura (2013, p. 55) “este aumento dos custos indiretos e normalmente fixos, necessitam de revi- sões constantes na forma de sua alocação aos custos dos produtos”. Ainda segundo o autor, “do lado dos custos variáveis (CVD), estes já são mais facilmente identificados por meio de controles estatísticos de produção”. Os modelos de análise de custeio têm por principal objetivo mostrar para as empresas possíveis cenários econômicos de forma a apontar vantagens competitivas e os produtos mais e/ou menos rentáveis que estão sendo oferecidos por ela ao mercado. Para isso dois pontos necessitam ser con- siderados: o volume e o lucro, sendo que o volume interfere diretamente nos indicadores e nos cálculos efetuados para apuração dos custos e, o lucro, é afetado diretamente pelos custos, pois dependendo de um deter- minado volume de produção, os custos, principalmente os fixos, sofrerão impactos tanto positivos como negativos, que por sua vez, afetarão o re- sultado da empresa, vindo a apresentar lucro ou prejuízo. Outro ponto importante a ser considerado e questionado é a perpetuidade das ativida- des das organizações, pois pode ser afetada por reveses econômicos ou até mesmo pela adoção de modelos que perderam a validade por algum motivo, em função do crescente dinamismo do mercado e de sua forma de atuação, fazendo com que as empresas reavaliem os sistemas de cus- teamento ao longo do tempo e procurem adaptá-los à realidade atual da organização. Dessa forma, com este tema, objetiva-se explorar dois assuntos e concei- tos considerados como ponto de partida na busca pelo entendimento de como fazer apropriações de custos, que são: a) o que são os sistemas de custeamento e, b) o custo do produto, departamentalização e centros de custos. Todos esses conceitos se constituem em uma base importante para assimilar a racionalidade de como esses sistemas e métodos de cus- teio devem ser compreendidos a fim de garantir à empresa uma estrutu- ra sólida de informações para a sua tomada de decisão. 1. Sistema de custeamento Pode-se considerar que o objetivo principal de uma empresa é gerar lu- cros. O Demonstrativo do Resultado de um Exercício reflete os lucros e prejuízos dessa empresa e, portanto, a forma de alocar os custos refletirá, com certeza, nesse resultado. Para reforçar o que já foi mencionado des- de a introdução da disciplina, a busca pela vantagem competitiva é uma realidade que interfere diretamente no resultado das empresas e, portan- to, os gestores têm sido cobrados intensamente por essa busca. Um fator Gestão Estratégica de Custos 30 importante que desencadeou essa busca está relacionado ao fato do ciclo de vida dos produtos estar cada vez menor, bem como a necessidade e a dificuldade na gestão de pessoas, de forma que têm feito as empresas re- visarem constantemente seu sistema de informações, especialmente na alocação de custos indiretos, que segundo Fontoura (2013, p. 56) “tendem a ser cada vez mais representativos” na estrutura de custos das empresas. Quando nos referimos à contabilidade de custos como um dos suportes à contabilidade gerencial, o principal fator envolvido é a mensuração do custo unitário dos produtos e serviços, sendo o principal foco dos ges- tores no processo de tomada de decisão para que possam fazer a ges- tão unitária dos produtos e serviços ofertados pela empresa ao mercado. Estas informações podem, por exemplo, auxiliar os gestores a identificar qual produto ou serviço é mais rentável (vantajoso) e se deve ser mantido, garantindo assim a maximização dos lucros da empresa. Contudo, a apuração dos custos unitários requer uma série de definições e estar compatível a um sistema de custeamento. Os profissionais da área de contabilidade devem ter pleno domínio dos conceitos envolvidos em cada sistema de custeamento e assim proporcionar à empresa a infor- mação que de fato agregará valor à tomada de decisão. Para isso, este método deve estar de acordo com a estratégia da empresa e a realidade de mercado, comparativamente a seus concorrentes. Portanto, falemos a partir de agora de forma mais específica sobre o con- ceito de Sistema de Custeamento. O que significa Custeio? Custeio significa apropriação de custos. O que é um Sistema de Custeamento? É um con- junto de elementos que visa determinar o custo que incide no processo de produção de um bem ou serviço. É importante reforçar que o critério e método de apuração que serão utilizados dependerão da utilidade que esta informação terá para a empresa, sendo que os seus resultados serão diferentes. Outro ponto relevante sobre o sistema de custeamento é que ele fornece, também, informações sobre os gastos incididos sobre os diver- sos departamentos que compõem a estrutura organizacional da empresa. Gestão Estratégica de Custos 31 Dessa forma, consegue-se identificar o responsável pelo consumo dos gas- tos, para assim, facilitar o controle gerencial e a produção de orçamentos. Mas do que é composto o Sistema de Custeamento? O sistema de cus- teamento é composto dos seguintes elementos: Sistema de Acumulação de Custos, Sistema de Custeio e Modalidade ou Método de Custeio. Para que uma empresa inicie uma análise e avaliação do sistema de custe- amento que adotará, é importante seguir os seguintes critérios: a) primei- ramente a empresa deve se orientar sobre qual o sistema de acumulação de custos usará para a apropriação de seus custos, cuja escolha deve ser feita baseando-se em seu Sistema Produtivo; b) o segundo passo será es- colher o sistema de custeio a ser adotado, ou seja, se baseará em custos históricos ou custos predeterminados e; c) o terceiro e último passo, após essas escolhas, decidirá que modalidade ou método de custeio assumi- rá, considerando que a diferença entre as modalidades e/ou métodos a serem adotados está vinculada ao grau de variabilidade dos gastos que serão apropriados aos bens ou serviços produzidos pela organização. Segundo Cardoso, Pueri, Aquino (2007, p. 85) apud Fontoura (2013, p. 56): No processo de apuração de custos dos produtos, os gestores dispõem de dois sistemas (por ordem e por processo), e de três metodologias (custeio por absorção, custeio variável e o custo baseado nas atividades). Embora cada qual apure um valor diferente para o resultado e para o estoque final, não há como afirmar que um sistema ou método seja melhor que o outro, pois essa avaliação depende do objetivo que se tem ao apurar os custos e do fluxo de produção analisado. a) Primeiro Passo: qual o sistema de acumulação de custos a empresa deverá adotar? O sistema de acumulação de custos que deverá ser adotado está condicionado ao sistema básico de produção que a empresa prati- ca. Nesse caso existem dois sistemas de produção, que são: Gestão Estratégica de Custos 32 i. Sistema de Produção por Ordem ou Encomenda que está rela- cionado à produção de um produto ou serviço para atender à uma demanda específica, como por exemplo: uma empresa produz uma máquina especial para um determinado cliente, ou no caso de um serviço, uma agência de publicidade cria uma campanha especial para o seu cliente, ou seja, não há uma produção em escala do bem ou do serviço. Exemplo de empresas que utilizam o sistema de pro- dução por Ordem ou Encomenda: Para bens (produtos): Indústria Aeronáutica, Indústria Marítima, Máquinas e Equipamentos. Para serviços: Empresas de Consultoria de Projetos; Agências de Publicidade; Auditorias Independentes e outras. Portanto, esse sis- tema de produção será atendido pelo Sistema de Acumulação de Custos por Ordem ou Encomenda. ii. Sistema de Produção por Processo Contínuo: que está relaciona- do à produção de produtos e serviços idênticos ou similares, ou seja, a indústria produz bens sem especificidade e em escala e, com rela- ção aos serviços, as prestadoras fornecem o mesmo serviço para diversos clientes. Exemplo de empresas que utilizam o sistema de produção por Processo Contínuo. Para bens (produtos): Indústria Alimentícia, Cimento, Química, Petróleo e outras. Para serviços: Indústria de Energia Elétrica, Saneamento Básico (água e esgoto), Telefonia e outras. Portanto, esse sistema de produção será atendi- do pelo Sistema de Acumulação de Custos por Processo Contínuo. iii. O detalhamento dos dois sistemas de acumulação de custos será feito no Tema 03, específico para este assunto. Uma vez definido o sistema de acumulação de custos que será utilizado pela empresa, este deve partir para o segundo passo. b) Segundo Passo: qual sistema de custeio a empresa deverá adotar? Esta escolha não depende do sistema produtivo da empresa, mas sim do tipo de informação e de controle que a empresa quer ter Gestão Estratégica de Custos 33 por meio do sistema de custeio que adotará, ou seja, esse sistema utilizará dados contábeis históricos ou predeterminados. Os dados históricos são os dados atuais e reais, ou seja, são os dados como de fato ocorrem e, portanto, são determinados apenas após o fim da fabricação do produto ou do serviço. Quanto aos dados predetermi- nados, estes são dados também conhecidos como dados estimados e, portanto, os gastos gerais contabilizados são com base nos usos, volumes e preços previstos. São usados como referência para com- parar com os custos reais. Definido, portanto, o sistema de custeio, segue-se para o terceiro passo. c) Terceiro passo: qual a modalidade e/ou método de custeio a empresa deverá adotar? As modalidades e/ou métodos de sistemas dispõem de três meto- dologias, também conhecidas como métodos de custeio, que são: Custeio por Absorção, Custeio Variável e Custeio por Atividade. Os métodos por Absorção e Variável são focados no produto e o méto- do por atividade ABC é focado na atividade para fazer a alocação de custos, de maneira que esta diferença de foco muda muito a visão gerencial. Quanto aos dois primeiros métodos, estes se dife- renciam pelo grau de variabilidade dos gastos que são apropriados aos produtos ou serviços. Nesse sentido há a modalidade/método por absorção, que quando os produtos da empresa são fabricados, são atribuídos a eles os gastos (custos) tanto variáveis como tam- bém os gastos (custos) fixos. Obviamente que quando se trata de custos fixos, estes são considerados a partir de rateios, o que torna o sistema frágil, uma vez que, por mais criterioso que seja, deixa o sistema arbitrário e passível a erros. Esta modalidade é a que ofi- cialmente é aceita pela legislação para efeito de Imposto de Renda. Outra modalidade/método a ser adotado trata-se do custeio variá- vel, onde se consideram apenas os custos variáveis e diretos como apropriação ao custo do produto, não necessitando, portanto, de Gestão Estratégica de Custos 34 rateios. Para efeito de legislação este método não é aceito, no entan- to, é bastante simpático aos olhos da contabilidade gerencial para efeito de tomada de decisão. Estes dois métodos serão vistos com mais detalhes no Tema 05. Existe ainda um outro método de custeio conhecido como sistema de custeio baseado em Atividades (ABC), que visa, por meio do seu uso, identificar melhorias de processos evitando-se assim os des- perdícios. Este método será visto de forma detalhada no Tema 04. Os objetivos da apuração versus o método de custeio correspondente, pode ser observado na Tabela 1 abaixo: Tabela 1: Objetivos de Apuração do Custo e o Sistema de Custeio correspondente Objetivo Método de Custeio Apuração de custo dos produtos e dos departamentos Por absorção ou ABC Contábil Por absorção Fiscal Por absorção ou arbitrado Controle Padrão ou Standard Melhoria de Processos Por atividades Gerencial Variável ou Direto Otimização de Resultados Teoria das Restrições Fonte: Preparado pela Autora, mas com informações extraídas na íntegra de Perez; Oliveira; Costa (2012, p. 21). Como a análise de um sistema/método deve ser feita para que se de- cida qual é o sistema/método mais apropriado? Vale ressaltar que os sistemas/métodos de custeio devem estar atrelados à estratégia da em- presa (premissa norteadora, também conhecida como princípio do cus- teio) e ao tipo de produto ou serviço que a empresa oferece (por ordem ou por processo). Análises com base em Bornia (2002) apud Fontoura (2013) apontam que há dois critérios importantes que devem ser analisados: Gestão Estratégica de Custos 35 1º critério: se o tipo de informação que está sendo gerada pelo sistema/ método satisfaz às necessidades da empresa e quais seriam as informa- ções relevantes que deveriam ser disponibilizadas. Deve-se alertar que estas informações precisam estar intimamente vinculadas com os obje- tivos do sistema (premissas norteadoras), uma vez que a relevância das informações depende de sua finalidade. Portanto, a importância da infor- mação é relativa na medida em que pode ajudar em uma decisão, mas não necessariamente em outra. 2º critério: a forma como os dados são processados para a obtenção de informações. A análise do sistema sob o enfoque dos princípios de custeio (as premissas norteadoras) é denominada de métodos de custeio, que é o terceiro passo a ser seguido. Portanto, apesar de já terem sido mencio- nados acima, os princípios de custeio podem ser observados na Tabela 2: Tabela 2: Princípios de Custeio O que contempla Custeio Variável • Consideram-se custos dos produtos apenas os custos variáveis, sendo os custos fixos lançados como despesas do período. Custeio Integral, ou Total • A totalidade dos custos fixos são alocados aos produtos, ou seja, são considerados como custos, juntamente com os custos variáveis. Esse é o método aceito pela legislação para efeitos de avaliação de estoques. Custeio por Absorção • Os custos fixos também são computados como custos dos produtos, juntamente com os custos variáveis. No entanto, os custos fixos relacionados com a capacidade da empresa que não é usada (ociosidade) ou mal usada (ineficiência), são lançados como perdas do período. Dessa forma, as diferentes perdas são isoladas e não creditadas aos produtos. Fonte: Preparado pela Autora, mas com informações extraídas na íntegra de Bornia (2002, p. 51) apud Fontoura (2013, p. 57). Para entender na prática a importância de se definir corretamente um método de custeio, veja abaixo um exemplo também extraído integral- mente de Fontoura (2013, p. 58), que mostra a diferença que os resulta- dos apresentam quando da aplicação dos três princípios de custeio men- cionados na Tabela 2. Gestão Estratégica de Custos 36 Exemplo Hipotético para mostrar os três princípios: Imagine uma empresa que possua capacidade para produzir 100.000 uni- dades de um produto e, em determinado mês, produza 80.000 unidades. Os custos fixos do período atingem $ 1.000.000,00, e os custos variáveis são $ 5,00 por unidade, atingindo, portanto, $ 400.000,00 ($ 5,00 X 80.000 unidades) no período. Interpretações: • O custeio variável considera apenas os $ 5,00 como sendo custos do produto. O restante ($ 1.000.000,00) é despesa do período. Esse princípio de custeio é usado para apoio a decisões de curto prazo, pois os custos variáveis se tornam mais relevantes. • O custeio integral alocaria $ 17,50, que é resultado de ($ 1.400.000 (CF + CV) / 80.000 unidades), a cada produto, sendo: CF = Custo Fixo + CV = Custo Variável. Esse princípio de custeio é usado para se atender às exi- gências do fisco no tocante à avaliação de estoques. • O custeio por absorção alocaria $ 15,00, que é resultado de ($ 1.000.000,00 (CF) / 100.000 unidades + $ 5,00), por item produzido, e o restante $ 200.000,00, que é resultado de (($ 1.400.000,00 (CF + CV) – ($ 15,00 X 80.000)), seria considerado perda do período por ociosidade. Neste caso, na equação foi contemplado o CF de $ 1.000.000,00 / 100.000 unidades porque se refere ao que a fábrica tem de efetiva capacidade de produzir, pois dessa forma consegue se identificar a perda por ociosida- de. Esse princípio adapta-se ao auxílio do controle de custos e apoio a decisões de longo prazo, e para planejamento de melhoria contínua dos processos a fim de evitar perdas. Após a exposição de todo o conceito, o que e quais são os sistemas/mé- todos de custeio e a sua contribuição para as decisões gerenciais das em- presas, o tópico seguinte traz a formação de um sistema de informações que permite a apropriação dos custos ao produto ou ao serviço por meio Gestão Estratégica de Custos 37 da utilização da estrutura organizacional da empresa (departamentaliza- ção), de forma a dar embasamento para um melhor entendimento dos sistemas/métodos de custeio que serão abordados nos temas seguintes a este (Temas 03, 04 e 05). 2. Custos dos produtos e dos departamentos Após entender sobre a terminologia da contabilidade de custos e os con- ceitos sobre custos fixos, variáveis, diretos e indiretos apresentados no Tema 01, bem como de que forma se classifica o sistema de custeamento, o próximo passo é preparar o profissional para que ele saiba como efe- tuar os cálculos por departamentalização, centros de custos e rateios de custos, que serão utilizados pelo sistema de acumulação de custos, bem como pelos métodos de custeio. Segundo Perez; Oliveira; Costa (2012, p. 20) a Contabilidade de Custos tem o papel de produzir um sistema de informações que seja útil para a administração das empresas de forma a garantir uma “sistemática de análise dos gastos; classificação e conta- bilização e; geração de relatórios e informações sobre os custos de pro- dução”. Essas informações visam atender a dois importantes enfoques: a) análise gerencial da empresa e; b) obrigações fiscal e societária. Ainda segundo os autores, sobre a “análise gerencial, não há uma obrigação por parte da empresa em produzir relatórios para atender à alguma legisla- ção ou princípios contábeis, mas sim, para atender a sua própria neces- sidade no tocante a gerar informações eficientes e confiáveis que emba- sem a empresa em suas decisões. Quanto à obrigação fiscal e societária esta sim visa atender a exigências por parte das autoridades fiscais e pela legislação comercial e societária, pois a empresa precisa manter uma con- tabilidade de custos integrada e coordenada com o restante da escritura- ção mercantil da empresa, sob pena de arbitrar valores que porventura tenham impacto sobre o imposto de renda e sobre a contribuição social”. Gestão Estratégica de Custos 38 É importante reforçar, portanto, que o entendimento sobre a departa- mentalização, métodos de centros de custos e o rateio de custos, dá o embasamento necessário para o cálculo dos sistemas/métodos de cus- teio a serem adotados pela organização, sejam eles como sistema de acu- mulação de custos (por ordem ou por processo) ou como método, por produto (absorção e variável) ou por atividade (ABC). 2.1 Departamentalização Segundo Perez, Oliveira e Costa (2012, p. 38), “departamentalização é a divisão da empresa em áreas distintas, de acordo com as atividades de- senvolvidas em cada uma dessas áreas. Dependendo da nomenclatura utilizada nas empresas, essas áreas poderão ser chamadas de departa- mentos, setores, centros de custos ou centros de despesas”. O correto entendimento sobre essas nomenclaturas é importante de forma a evitar interpretações errôneas. Vale destacar e conceituar o que são e quais são os departamentos envolvidos na operação de uma empresa, pois essa definição refletirá no rateio dos custos que, por sua vez, terá a apropria- ção ao produto e serviço de forma diferenciada em termos de impacto. A departamento refere-se como sendo uma unidade operacional que é representada por um conjunto de homens ou máquinas de característi- cas semelhantes, cuja função é desenvolver atividades homogêneas den- tro de uma mesma área. Esses departamentos não estão restritos ape- nas à área industrial, mas também às áreas administrativas, comerciais, financeiras, etc. Como exemplo de departamentos, de acordo com Perez, Oliveira e Costa (2012, p. 39), da área industrial: “Cromação, Usinagem, Montagem, Manutenção; e como outras áreas: Contabilidade, Tesouraria, Jurídico, Pessoal, Comerciais (Vendas, Marketing, Transportes, Expedição)”. Nesse contexto, cada departamento possui um responsável com poder de gestão sobre os custos, ou seja, forte influência sobre o aumento ou diminuição dos seus gastos com os impactos sobre os resultados do de- partamento sob sua responsabilidade. Gestão Estratégica de Custos 39 Do ponto de vista de apropriação de custos, para a contabilidade de cus- tos, apesar de existirem muitos departamentos relacionados a uma in- dústria, importa apenas os departamentos que atuam diretamente sobre o produto ou serviço. Por esse motivo, há a necessidade de se dividir os departamentos industriais em departamentos produtivos e departamen- tos auxiliares. A Tabela 3 traz um exemplo de departamentos produtivos e auxiliares considerados por uma área industrial. Tabela 3: Departamentos de Área Industrial versus Características Departamentos Características Produtivos: (Exemplo: Estamparia, Usinagem, Forjaria, Pintura, Mon- tagem) • Atuam diretamente na produção de um produto ou serviço. São os departamentos que de fato promovem modificação no produto. Auxiliares: Manuten- ção, Almoxarifado, Controle de Qualida- de, Suprimentos. • Não atuam diretamente na produção de um produto, ou seja, por isso não são considerados departamentos produtivos. Existem para prestar serviços para os demais departamentos. Fonte: Preparado pela Autora, mas com dados extraídos de Perez; Oliveira; Costa (2012, p. 39 e 40). Vale destacar que a departamentalização é utilizada também por empre- sas prestadoras de serviços como bancos, construtoras, consultorias em geral. A tomar como exemplo um escritório de contabilidade, este pode ter departamentos como: Fiscal e Tributário; Pessoal e de Contabilidade. É interessante ressaltar que enquanto mencionamos os departamentos neste exemplo, em uma empresa produtora de um determinado bem consideraria-os como departamentos auxiliares; para o escritório de con- tabilidade, eles são considerados como departamentos produtivos, pois são o que o escritório se dispõe a fazer na medida em que está gerando um serviço por meio desses departamentos. Exemplo de um produto ge- rado: o Departamento Fiscal e Tributário faz o planejamento tributário, assessoria fiscal e outros serviços a seus clientes. Possivelmente esse es- critório tem um departamento de cobrança para gestão dos pagamentos feitos ao escritório. Nesse caso, esse departamento de cobrança é um departamento auxiliar dentro dessa estrutura. Gestão Estratégica de Custos 40 2.2 Método de centro de custos e rateio dos custos Após estruturados todos os departamentos, como explicitado acima, en- tende-se cada centro de custo como um departamento, e nele será apro- priado todos os custos indiretos, sendo, portanto, os centros de custos entendidos como a menor unidade acumuladora dos custos indiretos. O comum é que os custos sejam apropriados aos centros de custos dentro da estrutura já departamentalizada. No entanto, há casos em que os de- partamentos são divididos em áreas distintas para a apuração de custos também específicos. Isso pode ocorrer quando em um só departamento existirem, por exemplo, máquinas distintas para produtos específicos de forma que cada uma só produza um tipo de produto, então nesse caso, há a necessidade de se calcular o custo da atividade de forma individual. A tomar como exemplo de Perez, Oliveira e Costa (2012, p. 40), imaginem uma empresa na qual seu departamento produtivo possui 4 máquinas distintas, sendo que cada uma das máquinas é operada de forma indi- vidual por 1 funcionário, e cada uma fabrica determinado produto dife- rente. Observe duas situações relacionadas à necessidade de criação de centros de custos, conforme a Tabela 4: Tabela 4: Situações versus necessidade de criação de Centros de Custos Situações Divisão do Departamento em Centro de Custo Diferente • Situação nº 1: Uma empresa possui 4 máquinas. As 4 má- quinas têm condições técni- cas para fabricar qualquer um dos produtos. • Apesar da empresa produzir produtos diferen- tes, nessa situação, não haverá a necessidade de dividir o departamento em centros de cus- tos distintos, pois qualquer produto poderá ser produzido em qualquer uma das 4 máquinas e, portanto, não tendo a necessidade de custos di- ferenciados. Gestão Estratégica de Custos 41 • Situação nº 2: Os produtos possuem exigências técnicas diferenciadas e cada uma das 4 máquinas também possui características técnicas dis- • Nesse caso há a necessidade de dividir o tintas, de forma que os fun- departamento em centros de custos distintos, cionários também possuem a fim de se diferenciar cada um dos produtos grau de especialização dife- fabricados. renciado para atender às de- mandas específicas de produ- tos específicos, com impacto em salários. Fonte: Preparado pela Autora, mas com dados extraídos de Perez; Oliveira; Costa (2012, p. 41). Entendida a importância da departamentalização como centros de custos e a criação de centros de custos específicos dentro de um mesmo depar- tamento visando a apropriação devida dos custos, é importante tomar conhecimento sobre as vantagens dessa departamentalização e contato com uma simulação de como isso funcionaria na prática. Dentre as vantagens percebidas na departamentalização das empresas, a principal delas é que por meio desse instrumento a empresa reduz o risco de apropriação indevida de seus custos indiretos aos seus produtos ou serviços oferecidos ao mercado. Essa fragilidade se dá pelo fato de que esses custos indiretos são formados pelos custos fixos, que têm como principal característica a NÃO relação direta com os produtos fabricados, ao contrário do custo variável que está diretamente relacionado à pro- dução do produto ou ao serviço prestado pelas empresas. Para entender como funciona esse processo, se fará cálculos de apropriação de custos indiretos tanto por produtos como por departamentos, iniciando pelos cálculos de apropriação por produto. 2.2.1 Custo de produção total por PRODUTO: Observe as Tabelas 5 e 6 que trazem dados dos Custos Variáveis e Fixos da Empresa X, que serão utilizados para o cálculo de apropriação do cus- to indireto de fabricação para assim se chegar ao Custo de Produção Gestão Estratégica de Custos 42 Total dos produtos A, B e C, e que tem como base Perez, Oliveira e Costa (2012, p. 41 a 45). Tabela 5: Custos Variáveis de Produção da Empresa X Produtos Matéria-Prima - $ Mão de Obra Direta - $ Horas-Máquinas A 160.000 120.000 1.500 B 60.000 200.000 1.200 C 100.000 80.000 2.500 Tabela 6: Custos Indiretos de Fabricação a serem apropriados Custo $ Energia Elétrica 80.000 Água 100.000 Mão de Obra Indireta 220.000 Depreciação 130.000 Aluguéis 100.000 Total 630.000 Fonte: Preparado pela Autora, mas com dados extraídos de Perez; Oliveira; Costa (2012, p. 41 e 42). A pergunta que deve ser respondida é: Qual seria o custo de produção de cada um dos três produtos (A, B e C) após a apropriação dos custos indiretos incorridos no período? Ao olharmos as duas tabelas, vemos que apenas a Tabela 5, que contém os custos variáveis, traz a informação de maneira clara sobre o valor gasto na produção de cada produto. A Tabela 6, que contém os custos indiretos de fabricação e também considerados como fixos, não apresenta com cla- reza como estes custos deveriam ser apropriados aos produtos. É nesse contexto que surgem as dúvidas de qual critério de rateio deve ser utiliza- do para se fazer a apropriação dos custos aos produtos. Como no exem- plo, faltam mais detalhes, não se sabe qual o melhor critério a ser adotado, o que é muitas vezes o que acontece na prática nas empresas. No entanto, Gestão Estratégica de Custos 43 segundo os referidos autores, deve-se usar a imaginação e eles sugerem 3 critérios distintos para apropriarem os custos indiretos de fabrica- ção ao produto, utilizando a Matéria-Prima ou a Mão de Obra ou Horas- Máquina para o cálculo do rateio. Neste material será apresentado apenas uma das hipóteses, que pode ser verificada por meio da Tabela 7 e 8. Critério: utilizar os custos da Matéria-Prima como referência uma vez que foram necessários esses custos indiretos (fixos) para a sua armazenagem. Em função disso, decide-se pela utilização da participação percentual da matéria-prima de cada um dos produtos, dentro do consumo total, como critério para distribuição dos custos indiretos aos produtos A, B e C, que pode ser observado na Tabela 7: Tabela 7: Apropriação dos custos indiretos proporcionalmente à Matéria-Prima consumida Produtos Matéria-Prima - $ % Proporcional Custos Indiretos - $ A 160.000 50,00% 315.000 B 60.000 18,75% 118.125 C 100.000 31,25% 196.875 Total 320.000 100,00% 630.000 Fonte: Preparado pela Autora, mas com dados extraídos de Perez, Oliveira e Costa (2012, p. 42). A partir da utilização desse critério de rateio tem-se o Custo de Produção Total. Ressaltando que a quantidade de Horas-Máquinas colocada como informação na Tabela 5 é para que se tenha os dados no caso de utilizar as Horas-Máquina como referência de apropriação proporcional dos cus- tos indiretos de fabricação, mas que para efeito de Custo de Produção Total, soma-se os gastos com a Matéria-Prima, mais a Mão de Obra Direta (ambos Custos Variáveis), mais os Custos Indiretos de Fabricação apro- priados ao Custo do Produto, que pode ser observado na Tabela 8: Gestão Estratégica de Custos 44 Tabela 8: Custo de Produção Total, considerando a Matéria-Prima como referência para a apropriação dos Custos Indiretos de Fabricação. Produ- tos Matéria-Prima - $ Mão de Obra Direta - $ Custos Indiretos - $ Total - $ A 160.000 120.000 315.000 595.000 B 60.000 200.000 118.125 378.125 C 100.000 80.000 196.875 376.875 Total 320.000 400.000 630.000 1.350.000 Fonte: Preparado pela Autora, mas com dados extraídos de Perez; Oliveira; Costa (2012, p. 43). PARA SABER MAIS Para acompanhar e conhecer os resultados dos Custos Indiretos de Fabricação considerando os outros dois critérios, que são: a Mão de Obra Direta e a quantidade de Horas-Máquina como referência para a apropriação do custo e, assim, se chegar ao Custo de Produção Total, consulte PEREZ JUNIOR, J.H.; OLIVEIRA, L.M.; COSTA, R.G. Gestão Estratégica de Custos. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012 (p. 43 a 45). Importante que se mencione que, ao utilizar as outras hipóteses como referência para se apropriar os custos indiretos de fabricação, o resulta- do do Custo de Produção Total será o mesmo, o que se altera é a forma de rateio por Produto e é nesse contexto que é importante que se defina um critério que mais represente e reflita a realidade da empresa junto ao mercado, de forma que a mesma se utilize das análises produzidas pela contabilidade de custos e garanta que as decisões baseadas nesses cus- tos se revertam em bons resultados. 2.2.2 Custo de produção total por DEPARTAMENTO: A fim de refinar ainda mais o cálculo do Custo de Produção Total, é interes- sante calcular também os custos incididos pelos departamentos respon- sáveis, que segundo Perez, Oliveira e Costa (2012, p. 45), “a distribuição dos custos indiretos incorridos nos departamentos responsáveis ameniza Gestão Estratégica de Custos 45 a probabilidade de erros na apropriação, devido ao fato de alguns cus- tos indiretos serem facilmente identificados na estrutura da empresa, re- presentada pelos departamentos”. Os autores seguem afirmando que “a apropriação dos custos indiretos dos departamentos aos produtos deve respeitar a proporcionalidade da utilização de cada departamento e que com a departamentalização é possível que se tenha um controle mais efe- tivo nos gastos de determinado departamento”. Dessa forma, o objetivo desse cálculo, como já mencionado acima, será refinar o Custo de Produção Total já calculado no tópico 2.2.1 por Produto, porém agora mostrando o rateio também por Departamento, de forma que os valores dos Custos Indiretos de Fabricação (Custos Fixos) serão os mes- mos e, que após o seu rateio, serão somados aos Custos de Matéria-Prima e de Mão de Obra Direta (Custo Variável), de forma a compor o Custo de Produção Total por Produto, com a adição agora da informação de rateio por Departamento. Vale destacar que continuará se utilizando do exemplo trazido por Perez, Oliveira e Costa (2012, p. 46 a 48). As informações que serão utilizadas para esse cálculo estão mencionadas na Tabela 9: Tabela 9: Informações para o Cálculo do Custo de Produção Total por Departamento. Informações Fonte da Informação Critérios adotados • Valor dos Custos Indiretos de Fabricação – Custos Fixos • Tabela 6 do Tópico 2.2.1. Gestão Estratégica de Custos 46 • Mapa de Rateio dos Custos Indiretos de Fabricação • Os valores constantes no Mapa de Rateio que serão usados obedeceram aos critérios que a Empre- sa X definiu e, que para efeito deste • Energia Elétrica: parte-se do princípio que a empresa mantém um controle de consumo de energia elétrica de cada máquina/equipamento. Este é o parâmetro. • Água: controla por um medidor para apontamento do consumo e se utiliza desses apontamentos para distribuição aos departamentos. • Mão de Obra Indireta:
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