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Duda Luizeto Sabiston Doença Intestinal Inflamatória a. Colite Ulcerativa · Epidemiologia e causa (desconhecida): · Mais comum em pacientes menores que 30 anos · Mais comum em brnacos, judeus ashkenazi · Sexos igualmente afetados · Mais prevalente em países industrializados (influencia ambiental) · Possível influencia da ingesta inadequada de fibras, aditivos químicos dos alimentos, acucares refinados e leite de vaca · O tabagismo parece conferir um efeito protetor: a nicotina induz remissão de alguns casos · Isso contrasta com a doença de Crohn que é mais comum em tabagistas · Uma história familiar de DII é um fator significativo · Características patológicas · Aparência macroscópica: mucosa hiperemica · Os processos patológicos envolvem a mucosa e submucosa do colon (sem comprometimento da muscular) · É comum mucosa friável e granular nos casos mais graves · Pode ter ulceração de grau variado · O envolvimento retal (proctite) é o marco da doença · Um diagnostico de colite ulcerativa é a detecção de uma inflamação ininterrupta da mucosa colonica começando no reto distal estendendo-se proximalmente por uma distancia variável · Isso se contrapõe a doença de Crohn, na qual segmentos normais do colon (áreas salteadas) podem estar intercalados com segmentos de inflamação colonica · A colite ulcerativa não compromete o íleo terminal · Pode haver estenose · Aparência histológica típica: inflamação da mucosa e da submucosa poupando a camada muscular · Lesão mais característica: abscesso da cripta (não específica da colite ulcerativa) · Congestão vascular: gera hematoquezia · Redução de celular caliciformes · Apresentação clínica · Diarreia e eliminação de muco · Os pacientes com colite ulcerativa tendem a ter mais urgência do que os pacientes com Crohn · Sangramento retal · Os pacientes com inicio agudo de colite ulcerativa se queixam de distensão abdominal, mas a dor não é acentuada como encontrada na doença de Crohn · Uma massa abdominal palpável (fleimao ou abscesso) é mais comumente associado a Crohn · A doença perianal é um achado incomum em pacientes com doença ulcerativa, enquanto pode ser o único achado da doença de Crohn · O envolvimento retal esta presente em quase 100% dos casos, enquanto o envolvimento anal é raro · Em contrapartida, os pacientes com doença de Crohn podem ter mucosa retal normal, embora a doença anal seja comum · Manifestações extraintestinais · Artrite (joelhos, tornozelos, quadris e ombros): geralmente em associação com a maior atividade da doença intestinal · Pioderma gangrenoso: mais comum na região pre-tibial com placa eritematosa que evolui para ferida ulcerada e dolorosa · Espondilite anquilosante, eritema nodoso e colangite esclerosante primaria (maior chance de câncer do colon) · A artrite, a espondilite anquilosante, o eritema nodoso e o pioderma gangrenoso melhoram após colectomia · Diagnostico · Exame endoscópico do colon e reto · A colonoscopia oferece pouca infomracao adicional no quadro agudo e aumenta o risco de perfuração · A presença de doença difusa, confluente, simétrica começando na linha denteada proximalmente é compatível com colite ulcerativa, e a aparência da mucosa pode variar da perda do padrão de vaso normal secundaria ao edema nos estágios iniciais da doença até ulceração franca na doença mais avançada · Se a inflamação se estender além do nível do sigmoidoscopio, deve ser realizada uma colonoscopia total · Uma radiografia gastrointestinal alta incluindo todo o intestino delgado deve ser obtida para excluir seu envolvimento (achado que pode sugerir doença de Crohn) · Diagnostico diferencial com condições infecciosas: C. difficile, citomegalovírus, Entamoeba histolytica, C. jejuni e Salmonella enteritidis · Risco de carcinoma · É uma das sequelas mais graves da colite ulcerativa · Fatores de risco: duração prolongada da doença, doença pancolonica, doença continuamente ativa e intensidade da inflamação · Os carcinomas que surgem na colite ulcerativa tendem a ser tumores pouco diferenciados a altamente agressivos · Toda estenose deve ser suspeitada como carcinoma · Rastreamento: a cada 1-2 anos, iniciando 8 anos após a detecção da pancolite, e 12-12 anos após o inicio de colite localizada a esquerda · Tratamento · Terapia clinica: o uso das medicações anti-TNF-alfa ou tiopurinas são indicados para terapia de manutenção · 5-aminossalicílico: primeira linha para manter a remissão em pacientes com colite ulcerosa leve a moderadamente ativa (efeitos adversos: dor abdominal, náusea, diarreia e dispepsia) · Corticoesteroides: indução da remissão em pacientes que não tem uma boa resposta ao acido 5-aminossalicilico. Também são utilizados no tratamento da colite ulcerosa aguda (metilprednisola ou hidrocortisona IV) · Tiopurina (imunomodulador): uso em pacientes com colite ulcerosa moderada a grave com necessidade de tratamento a longo prazo. Não suficientes para tratar as crises agudas. Utilizada na transição do controle inciial com esteroides para terapia de manutenção · Tacrolimo: terapia de segunda linha em pacientes com colite ulcerosa gravemente ativa que não respondem aos esteroides · Ciclosporina: terapia de segunda linha no caso de colite ulcerosa grave, refrataria aos esteorides. O tratamento é inciado após 3-5 dias de falha da resposta aos esteroides. Se o tratamento falhar, a cirurgia esta indicada em 4-7 dias · Biologicos (deve-se exluir a coexistência de infecção por citomegalovírus): · Infliximabe (anticorpo anti-TNF-alfa): tratamento da colite ulcerosa moderada a grave · Adalimumabe: efeitvo em pacientes que não toleram o infliximabe · São terapia de segunda linha para colite ulcerosa grave, refrataria a esteroides · Indicações: · Colite fulminante: febre alta, dor abdominal intensa, sensibilidade exacerbada, taquicardia e leucocitose · Hidratacao IV, descompressão nasogastrica, esteroides IV com doses elevados e antibioco · A deterioração ou ausência de melhora em 48-72 horas do inicio do tratamento clinico justifica uma intervenção urgente · Megacolon toxico: ocorre uma infiltração bacteriana das paredes do colon provocando uma dilatação que evolui ao ponto de perfuração eminente. Isso resulta em parede adelgaçada do intestino necrótico e no qual pode-se observar pneumatose · A colectomia abdominal total com ileostomia e preservação do reto é a operação preferível para essa condição · Sangramento copioso (raro): colectomia total é o procedimento de escolha · Intratabilidade: colite com sintomas refratários ao tratamento clinico · Displasia ou carcinoma b. Colite de Crohn · Pode afetar qualquer segmento do TGI · Epidemiologia e causa: · Picos entre as idades de 15-30 anos · Etiologia não determinada: resposta a um agente infecciosos especifico, uma barreira mucosa deficiente que permite maior exposição aos antígenos e uma resposta anormal do hospodeira aos antígenos dietéticos · Fatores de risco: tabagismo · Características patológicas · Aparência macroscópica: inflamação predominantemente da submucosa por uma parede colonica espessada · Mucosa em aspecto de pedra de paralelepípedo. Pode apresentar ulceras lineares profundas e longas (trilho ou garras de urso) · A mucosa normal pode interpor-se entre áreas de inflamação, causando as chamadas áreas salteadas · Na doença grave, a parede do intestino pode ser totalmente coberta por gordura do mesentério e estenoses podem-se desenvolver no intestino delgado e grosso · Aparência histológica: comprometimento transmural, edema submucosa, agregação linfoide e fibrose · Característica patognomonica: granuloma não caseoso · Apresentação clinica · Tríade clássica: dor abdominal, diarreia e perda de peso (diagnostico diferencial com gastroenterite viral ou síndrome do colon irritável) · Anorexia, febre e ulceras aftosas orais recidivantes · 60% desses pacientes possuem doença retal (fistulas, fissuras e estenoses anais): apresença de doença anal em um paciente com colite sugere o diagnostico de Crohn · 2/3 dos pacientes tem envolvimento de todo o colon · Diagnostico · Padrão ouro: colonoscopia · O edema da mucosa e ulceras aftosas estão presentes na fase inicial da doença, com ulcera lineares e profundas na fase mais grave e estenose na fase crônica · Achados radiológicos característicos: lesões salteadas, defeitos de contorno, ulceras longitudinais e transversas, padrão mucoso do tipo pedra de paralelepípedo, estenose, espessamento da borda haustral e defeitos nodulares irregulares · Se houver comprometimento do intestino delgado, provável que o diagnostico seja doença de Crohn · Tratamento: · Terapia clínica: · Ao contrario da colite ulcerosa, o uso isolado de tiopurinas (azatioprina, 6-mercaptopurina) como agentes únicos não é adequado para a manutenção da remissão da doença de Crohn. O metotrexato pode ser uma alternativa no caso de falha ou intolerância as tiopurinas · O infliximabe e o adalimumabe são efetivos na indução e manutenção da remissão na doença moderada e grave refrataria aos esteroides · Indicações para cirurgia: · Intratabilidade: pacientes que não respondem a terapia clinica · Obstrução intestinal (por inflamação ativa, estenose fibrotica, abscesso, fleimao ou aderencias) · Abscesso intra-abdominal: é resultado de perfuração intestinal causada por inflamação transmural · Fistulas: maioria para o intestino delgado (ileossigmoide) · Colite fulminante e megacolon toxico (pode não ter a dilatação característica, mas sim a toxicidade) · Sangramento volumoso (menos comum): mais comum em íleo terminal · Câncer · Manifestações extracolonicas · Retardo do crescimento: resultado de uma ingesta calórica inadequada · Fatores associados a recidiva pos operatória: duração e gravidade da doença antes da resseccao, tabagismo e presença de granulomas no tecido ressecado c. Colite infecciosa · Infecção por Clostridium difficile (mais comum): anaeróbio, gram positivo · É o patógeno mais relacionado a infecções nosocomiais e diarreia · Fator de risco: uso prévio de antibióticos (clindamicina, cefalosporinas e algumas penicilinas e fluoroquinolonas) · A colite por C. difficile começa geralemten em 4 a 9 dias após o inicio da antibioticoterapia · Apresentação clinica: diarreia aquosa com ou sem dor abdominal e febre · A infecção pode ir de diarreia discreta a infecção fulminante com megacolon toxico, perfuração cólica e sepse sitemia · Diagnostico laboratorial: presença de toxinas nas fezes através de ELISa · Lesoes patognomonicas na proctoscopia ou sigmoideoscopia flexível: mucosa inflamada coberta de membranas tipo placa ou pseudomembranas amareladas · Tratamento: · A terapia cirurgia é necessária apenas para os casos fulminantes refratários ao tratamento medico ou em casos de progressão para sepse grave, megacolon toxico e perfuração colonica colectomia abdominal com ileostomia e preservação do reto · Tratamento inicial: cessação do antibiótico e manejo dos fluidos e eletrólitos · Primeiro episodio de infecção leve a moderada: metronidazol 250-500mg – 3 a 4x/dia por 14 dias · Caso não responda ao tratamento por 3 a 4 dias, mas permanece estável: iniciar vancomicina oral 125mg – 4x/dia por 10 dias · Se um paciente tiver uma segunda recorrência, um curso de vancomicina fracionado (7 semanas) é a terapia recomendada · Tratamento emergente promissor: transplante de microbiota fecal · Infecções graves: iniciar o tratamento com vancomicina oral · Infecção com complicação grave: metronidazol IV + vancomicina oral (oral, sonda ou enema) · Outros patógenos: indicação de cirurgia apenas na presença de complicações (megacolon toxico, hemorragia e perfuração) · Campylobacte jejuni: febre, diarreia aquosa e dor abdominal, muitas vezes dois a quatro dias após exposição a frango ou carne de vaca inadequadamente preparados. Tratamento de suporte, se necessário usar macrolideo · Yersinia enterocolitica: infecções entéricas após exposição a agua ou a alimentos contaminados. Apresenta-se como diarreia hemática e dor abdominal. Tratamento de suporte, se necessário trimetropim+sulfametoxazol · Salmonella typhi e S. enteritidis: dor abdominal, cólicas, diarreia e vômitos. Tratamento com fluoroquinolonas ou cefalosporinas de terceira geração · Shigella: febre, dora abdominal e diarreia aquosa (pode progredir para sanguinolenta). Tratamento com trimetropim+sulfametoxazol para casos graves · Citomegalovírus: febre, diarreia sanguinolenta e dor abdominal. Observado em indivíduos imunocomprometidos. Tratamento primário com ganciclovir. d. Colite isquêmica · É a forma mais comum de isquemia gastrointestinal · Dor abdominal, diarreia sanguinolenta, febre e sepse · Causas oclusivas: tromboembolismo do lado esquerdo do coração, oclusao aguda da AMI · Causas não oclusivas: choque profundo, hipotensão e baixo fluxo de sangue · Fatores de risco: idade superior a 65 anos, arritmias cardíacas, síndromes do intestino irritável, obstipação e DPOC · Classificação: · Isquemia de espessura parcial: insulto vascular limitado a mucosa e por vezes submucosas. Geralmente, é transitória. Pode progredir para isquemia segmentar crônica com sepse e ulceração cólica recorrentes · Isquemia de espessura total: é comum perfuração cólica e intervenção cirúrgica urgente · Apresentação e diagnostico · Inicialmente se manifesta como dor abdominal em cólica, febre e diarreia sanguinolenta frequente · A isquemia de espessura parcial de um segmento curto do colon pode resultar apenas em leve dor abdominal e passagem de uma pequena quantidade de diarreia sanguinolenta · A isquemia de espessura total pode resultar em peritonite, febre alta, leucocitose da colite isquêmica · RX de abdome: sinal da impressão digital (causado por edema da parede) é mais especifico para isquemia, mas não é diagnostico. A presença de ar livre sugere perfuração intestinal (tratamento cirúrgico imediato) · Achado da TC de abdome: espessamento da parede cólica ou pneumatose, estriacao pericolica e ar venoso portal · Tratamento · A maior parte dos pacientes com colite isquêmica não necessita de intervenção cirúrgica urgente · Para pacientes sem evidencia de isquemia de espessura total ou perfuração intestinal, o tratamento conservador consiste na pausa alimentar, sonda nasogastrica, fluidos IV, antibióticos e exames abdominais seriados · Instabilidade hemodinâmica, peritonite ou preocupação com uma perfuração ditam que o paciente deve ser submetido a exploração cirúrgica e resseccao cólica · A isquemia cólica de espessura parcial pode criar uma estenose crônica · Indicação de cirurgia: · Agudas: sinais peritoneais, sangramento maciço, colite fulminante universal com ou sem megacolon toxico · Subagudas: incapacidade de uma colite isquêmica segmentar responder em 2/3 semanas, com sintomas contínuos ou com um colopatia perdedora de proteínas. Aparentemente em cicatrização, mas com surtos recorrentes de sepse · Crônicas: estenose colonica sintomática e colite isquêmica segmentar sintomática
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