Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP ENGENHARIA MECÂNICA EXPERIMENTO 2 – TUBO DE PITOT Carlos Eduardo Aquiles – D7722F0 – EM5P13 Danilo Hideki Kasegawa – N349670 – EM4P13 Gabriel Lucio Monteiro Ferreira – D82JIF2 – EM4P13 Mabily Monique Beltrame – D543II2 – EM4P13 Profª Iara Batista de Lima São Paulo 2020 SUMÁRIO 1. OBJETIVOS ................................................................................................... 3 2. INTRODUÇÃO TEÓRICA .............................................................................. 4 2.1. Fluido ....................................................................................................... 4 2.2. Pressão .................................................................................................... 5 2.3. Tubo de Pitot ........................................................................................... 8 2.3.1. Funcionamento.................................................................................. 9 2.4. Aplicações do Tubo de Pitot .................................................................. 12 2.4.1. Medidas Pontuais de Velocidade .................................................... 13 3. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................ 17 3.1. Materiais ................................................................................................ 17 3.2. Métodos ................................................................................................. 19 4. RESULTADOS E ANÁLISES ....................................................................... 21 5. CONCLUSÃO ............................................................................................... 24 6. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................ 25 1. OBJETIVOS O experimento consiste na análise e obtenção dos valores de velocidade do fluido em relação aos pontos localizados na extensão do diâmetro do tubo de escoamento, utilizando um tubo de Pitot instalado. 2. INTRODUÇÃO TEÓRICA 2.1. Fluido Um fluido pode ser descrito como substâncias, sejam estas no estado líquido ou gasoso, que possuem capacidade de fluir ou escoar por não possuírem cristais, como é o caso de substâncias sólidas. Figura 1 – Representação das moléculas nos respectivos estados de um fluido. Fonte: Mundo Engenharia. Estes possuem características próprias, como a pressão e a massa específica, também conhecida por densidade. A pressão é uma força ocasionada pela aplicação da força deste fluido em uma determinada área. É calculada à partir da Lei de Stevin, onde a pressão exercida por um fluido por ser calculada pela soma entre a pressão atmosférica e o produto entre a massa específica, a aceleração da gravidade e a altura do fluido em relação ao plano horizontal de referência. Já a massa específica consiste na razão entre a massa do fluido e o volume ocupado por ele, determinando sua capacidade de escoar; o valor de massa específica para um fluido liquida não possui grandes variações em relação à pressão, enquanto fluidos gasosos apresentam grandes variações entre si. Os fluidos também podem ser divididos entre compressíveis e incompressíveis. Uma vez que não há alterações em sua massa específica, o fluido poderá ser classificado como incompressível, possibilitando a determinação de mesmos valores para sua densidade entre dois pontos estudados. Esta situação é geralmente adotada para líquidos e passa a ser ideal, uma vez que na prática não existem fluidos incompressíveis. Entretanto, se o fluido apresentar variações em sua massa específica nas situações pelas quais são submetidas, será classificado como compressível. Em geral, os gases são assim classificados, devido à alta variabilidade em suas propriedades em função de pressão exercida sob estes. 2.2. Pressão A pressão é um dos conceitos mais importantes para o estudo de sistemas que partem da utilização de fluidos e pode ser definida como força aplicada sobre determinado comprimento de área. Um dos primeiros conceitos de pressão conhecido foi estabelecido por Torricelli após o experimento realizado no século XVII, que tinha como objetivo determinar a pressão atmosférica ao nível do mar (pressão exercida pelos gases atmosféricos sobre a superfície da Terra). Torricelli utilizou um tubo graduado de 1 metro de comprimento fechado em uma das extremidades. Encheu o tubo completamente com mercúrio e mergulhou a extremidade aberta em um recipiente contendo também mercúrio. Observou-se que após um determinado tempo, o nível da vasilha não teve variação por conta da ação realizada pela atmosfera. E como a marca apresentada era de 76 centímetros, concluiu que a pressão atmosférica teria o valor de 760 milímetros de mercúrio. Figura 2 – Representação do experimento de Torricelli. Fonte: Google Imagens. Torricelli realizou esse experimento por mais vezes, variando o local. Verificou que a altitude influenciava na altura da coluna de mercúrio, o que levou a conclusão que a pressão atmosférica diminui com a altitude. Por isso, utiliza-se como referência a pressão atmosférica no nível do mar para determinados experimentos. Para sistemas que possuem tubulações, existe o surgimento de diferentes tipos de pressão; a pressão estática que é a real pressão do fluido gerado sem que haja movimento, a pressão dinâmica que está associada a velocidade do fluido e ao seu fluxo de movimento e a pressão de estagnação que é a pressão que ocorre em determinado ponto de estagnação. Esse ponto de estagnação ocorre em um escoamento quando um corpo estacionário é inserido dentro da corrente, tendo nesse corpo um ponto em que a velocidade será zero. Figura 3 – Representação dos medidores de pressão. Fonte: Google Imagens. Tendo em vista que a pressão de estagnação é a soma da pressão estática e pressão dinâmica, torna-se possível realizar a medição das diferentes pressões, através da utilização do tubo de Pitot e as relacionando à equação de Bernoulli. 2.3. Tubo de Pitot Uma série de estudos sobre escoamentos é necessária para determinar o módulo e a direção da velocidade do fluido em determinados pontos de regiões estudadas. Propriedades como velocidade média em pequenas áreas ou volumes podem ser demarcadas através de instrumentos específicos. Existem variados métodos para obter-se a velocidade dos fluidos, entre eles podemos destacar: a medição do tempo em que uma partícula leva para percorrer uma determinada distância, medir a rotação de uma hélice que está introduzida em um escoamento (molinete e anemômetro) e identificar a diferença entre as pressões totais e estáticas; o método mais comum foi criado por Henri Pitot no ano de 1732, através de um dispositivo conhecido por tubo de Pitot (ou pitômetro). Figura 4 – Tubo de Pitot de uso aeronáutico. Fonte: Guia da Engenharia. O tubo de Pitot é um instrumento que mede a velocidade de fluidos segundo modelos físicos simulados em laboratórios de hidráulica, aerodinâmica e também de hidrologia, exercendo a função de medir indiretamente vazões em rios, canais, redes de abastecimento de água, adutoras, oleodutos e a velocidade de aviões, através do escoamento do ar. 2.3.1. Funcionamento Figura 5 – Desenho representativo do tubo de Pitot. Fonte: USP e-Disciplinas. No ponto 1, a energia total referida a unidade de peso é igual a: Onde “P1” é a pressão estática no ponto 1, “v1” é a velocidadedo fluido neste ponto, “γ” é o peso específico e “g” a aceleração gravitacional. No ponto 2, localizado na entrada do tubo de Pitot, a partícula que estava no ponto 1 é desacelerada até a velocidade nula; a energia total referida à unidade de peso é igual a: Ressalta-se que estes passos, derivados da equação de Bernoulli, não possuem indicações de altura, pois os pontos estão localizados no mesmo plano horizontal de referência e, portanto, se anulam. Devido à proximidade entre os pontos 1 e 2, pode-se considerar que não houve dissipação de energia, isto é, a energia total referida à unidade de peso é igual nos pontos 1 e 2. A pressão estática P1 (efetiva) é dada pela altura de coluna de fluido acima da linha com cota z, ou seja, “h1“. A pressão total efetiva P2 (de estagnação) é dada pela altura “h“. Como: Obtém-se: Portanto, através da leitura da altura de coluna de fluido no tubo de Pitot acima da superfície livre, pode-se obter a velocidade do escoamento na cota z. Velocidade de uma tubulação: Figura 6 – Desenho representativo do tubo de Pitot dentro de uma tubulação. Fonte: Unesp Sorocaba. A equação de Bernoulli é aplicada entre os pontos 1 e 2 : Sendo a equação do manômetro diferencial (Tubo de Pitot): Então, através do deslocamento radial do tubo de Pitot no interior da tubulação, pode-se levantar o diagrama de velocidades v (r) na seção estudada. 2.4. Aplicações do Tubo de Pitot Uma das aplicações do tubo de Pitot ocorre na indústria aeronáutica, pois funciona como um sensor de pressão que possibilita o funcionamento de um dos mais importantes instrumentos de uma aeronave, o velocímetro. O funcionamento é dado por um tubo instalado paralelamente ao vento relativo e com um ducto voltado diretamente para o fluxo de ar resultante da velocidade aerodinâmica. Este ducto se comunica com o interior de uma cápsula aneroide, instalada no velocímetro da aeronave. A caixa do instrumento recebe a pressão estática do ar de uma fonte estática, a qual não é afetada pela variação de velocidade da aeronave. Quando a mesma está estacionária e não há vento relativo, nem real, a pressão que entra pelo ducto do Pitot é somente equivalente à pressão atmosférica estática. A cápsula aneroide permanece então em uma posição neutra e a velocidade indicada é zero. Quando a aeronave se desloca na massa de ar, o vento relativo causa um aumento na pressão de ar admitida pelo ducto do tubo de Pitot em relação à pressão estática, e essa "pressão de impacto", somada à pressão estática, faz a cápsula aneroide expandir. O movimento de expansão da cápsula é transmitido aos ponteiros do velocímetro por hastes e engrenagens, do tipo setor e pinhão, o qual possibilita o ponteiro se movimentar, indicando ao piloto a velocidade da aeronave. Figura 7 – Funcionamento da medição de velocidade à partir do tubo de Pitot. Fonte: Google Imagens. Entretanto, em uma situação real, um avião não voa em ambientes de pressão constante e, portanto, a densidade do ar varia. Outro fator de adversidade é que a partir de determinada velocidade (250 Knots) as equações mais utilizadas de forma simplificada na física não funcionam, sendo necessário considerar efeitos de compressibilidade decorrentes da alta velocidade. 2.4.1. Medidas Pontuais de Velocidade Existem diferentes modos de se medir a pressão total e a pressão estática, criando assim diferentes configurações de Pitot. As mais comuns são: O Pitot simples serve para a medição da pressão de estagnação do escoamento. Esse tipo de Pitot deve ser utilizado em conjunto com alguma tomada de pressão estática de referência, para que a pressão dinâmica possa ser determinada. Figura 8 – Representação do tubo de Pitot simples. Fonte: Google Imagens. Figura 9 – Esquema de representação do tubo de Pitot. Fonte: Guia da Engenharia. As tomadas estáticas devem ser sempre perpendiculares à direção do escoamento de modo a evitar que componentes da pressão de estagnação influenciem na medição da pressão estática. No caso de escoamentos sobre superfícies, geralmente utilizar-se furos como tomadas de pressão estáticas. Nesses casos deve-se tomar cuidado para que a linha de eixo de cada furo fique sempre alinhada perpendicularmente com superfície. Figura 10 – Tubo de Pitot de tomada estática. Fonte: Google Imagens. A geometria das tomadas de pressão pode influenciar significativamente as medições de pressão estática em uma superfície. Por isso deve-se ter extremo cuidado na confecção de modelos. Figura 11 – Geometria das tomadas de pressão. Fonte: Google Imagens. Para a medição conjunta das pressões total e estática, utilizam-se tubos de Pitot estáticos. Essa é uma configuração bastante usada, pois as pressões são medidas em um mesmo local. Deve-se atentar para o problema da utilização deste sensor em escoamentos próximos a superfícies e em esteiras, devido à influência desses fatores na medição da pressão estática. Figura 12 – Tubo de Pitot Estático. Fonte: Google Imagens. Figura 13 – Pressões no tubo de Pitot estático. Fonte: Google Imagens. 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Materiais Para a realização do experimento, foram utilizados os seguintes materiais: Manômetro digital; Tubo de Pitot; Tubo acrílico para escoamento do fluido; Bombas hidráulicas; Fluido (água). As bombas hidráulicas são responsáveis pela vazão do fluido que escoa por toda a tubulação da estrutura do laboratório, na qual interessa apenas a parte do tubo acrílico. Figura 14 – Bomba hidráulica. Fonte: Autoral. O tubo acrílico utilizado é apenas para visualização do escoamento do fluido, bem como da posição em que o tubo de Pitot se estabelece. O tubo de Pitot utilizado é inserido dentro do tubo por onde passa o fluido. O ajuste de altura é feito por um disco rosqueado, o qual possui uma régua ao lado, demarcando variação de cerca de 40 milímetros (mm). Por fim, existem dois conectores de engate rápido para colocarem os cabos ligados ao manômetro. Figura 15 – Tubo de Pitot inserido no tubo acrílico. Fonte: Autoral. O manômetro digital ilustrado abaixo é um instrumento pelo qual é possível medir a pressão estática ou a diferença de pressão (pressão de estagnação subtraída pela pressão estática) se for conectado ao tubo de Pitot. A partir da diferença de pressão, é possível descobrir a velocidade do fluido. Figura 16 – Manômetro digital. Fonte: Autoral. 3.2. Métodos Inicialmente, é necessário conectar o tubo de Pitot ao manômetro, selecionar o modo de medição “Diferencial de Pressão”. Posteriormente, ligar as bombas para que a água circule e chegue à seção do tubo acrílico, onde está localizado o tubo de Pitot. Com o sistema em funcionamento, é possível realizar as medições das diferenças de pressões a partir da regulagem presente no próprio tubo de Pitot. Realizadas as determinadas medições e anotados os valores das diferenças de pressões em cada posição determinada, são feitos os cálculos para determinar a velocidade do fluido em cada uma delas. Neste experimento, o diferencial de pressão foi medido a cada dois milímetros, iniciando na posição de 14 milímetros inferiores ao centro (posição 0 milímetros) e concluindo na posição de 14 milímetros superiores ao centro. 4. RESULTADOS E ANÁLISES De acordo com as variações de posição, obtiveram-se os seguintes resultados: Tabela 1 – Diferença de pressão em relação à posição. POSIÇÃO (mm) DIFERENÇA DE PRESSÃO (Pa) -14 1000 -12 1900 -10 2700-8 3500 -6 3700 -4 4000 -2 4000 0 3700 2 3500 4 2900 6 2100 8 1800 10 1200 12 700 14 500 Fonte: Autoral. Devido à instabilidade do manômetro, no qual demonstrava variabilidade nos valores de diferencial de pressão, para a inserção de dados na coluna de diferença de pressão na tabela acima, foram utilizadas as medidas mais estáveis em suas respectivas posições. Para calcular a velocidade, basta utilizar a equação de Bernoulli utilizando dois pontos, sendo um no ponto de estagnação no tubo de Pitot e o outro fora, no mesmo plano horizontal de referência. Assim, é possível determinar que a velocidade pode ser calculada à partir da equação: √ Aonde velocidade (v) é calculada pela raiz quadrada do dobro da diferença entre a pressão de estagnação e da pressão estática dividida pela massa específica do fluido. Sabendo que o peso específico da água vale aproximadamente 10.000 N/m³ e a massa específica 1.000 kg/m³, obtêm-se os seguintes valores de velocidades: Tabela 2 – Representação da diferença de pressão e velocidade em relação à posição. POSIÇÃO (mm) DIFERENÇA DE PRESSÃO (Pa) VELOCIDADE (m/s) -14 1000 1,4142 -12 1900 1,9494 -10 2700 2,3238 -8 3500 2,6458 -6 3700 2,7203 -4 4000 2,8284 -2 4000 2,8284 0 3700 2,7203 2 3500 2,6458 4 2900 2,4083 6 2100 2,0494 8 1800 1,8974 10 1200 1,5492 12 700 1,1832 14 500 1,0000 Fonte: Autoral. Tendo o conhecimento dos valores de velocidade de acordo com a posição do tubo de Pitot, é possível construir o gráfico do perfil de velocidade da água, como demonstra o gráfico abaixo: Gráfico 1 – Representação da velocidade em função da posição. Fonte: Autoral. O gráfico apresenta uma curva, na qual seu valor máximo se dá nas posições 2 e 4 milímetros inferiores à posição 0 milímetros. Visto o perfil parabólico do gráfico, é possível determinar a velocidade média a partir da metade da velocidade máxima apresentada; neste caso, o valor da velocidade máxima tem valor 2,8284 m/s, e sua metade resulta em 1,4142 m/s. Assim, com o conhecimento da área da tubulação, pode-se obter o valor da vazão volumétrica do escoamento do fluido. -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 0,000 0,500 1,000 1,500 2,000 2,500 3,000 P o si çã o ( m m ) Velocidade (m/s) Tubo de Pitot - Perfil de velocidade 5. CONCLUSÃO Os valores de velocidades obtidos durante o experimento realizado demonstram uma curva; a partir do gráfico, podemos notar o perfil curvilíneo da velocidade do fluido em relação à sua posição, o qual nos indica que a velocidade máxima alcançada pelo fluido se localiza próxima ao ponto médio da variação da distância. Por sua vez, a menor velocidade alcançada é obtida nos pontos mais próximos à extremidade do tubo acrílico. Este fenômeno pode ser explicado devido à tensão de cisalhamento provocado pelas paredes da tubulação; quanto mais próximo às extremidades, maior será a atuação desta resistência, enquanto mais próximo ao centro, a atuação é quase nula. Os valores de pressão obtidos demonstraram grandes variações, uma vez que o escoamento não se mantem uniforme na situação real. Entretanto, estipulam-se valores médios das medições do manômetro, possibilitando melhores precisões e reduções nas margens de erros. Em suma, o tubo de Pitot proporciona análises precisas quando os dados para os quais são utilizados nos cálculos forem definidos; justifica-se assim, o uso deste nos setores aeronáuticos e automobilísticos. 6. BIBLIOGRAFIA BRUNETTI, F. Mecânica dos Fluidos. 2 ed. rev. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008 FOX, Robert W. et. al. Introdução à mecânica dos fluidos. 9 ed. Brasil: LTC Exatas Didático, 2018. JÚNIOR, Joab Silas da Silva. O que é um fluido? Brasil Escola. Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/fisica/o-que-e-um-fluido.htm> Acesso em: 29 abr. 2020. WHITE, Frank M. Mecânica dos Fluidos. 6 ed. Porto Alegre: AMGH, 2011.
Compartilhar