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do que as do nosso amigo Weston, que aquilo era o dobre de finados
da indústria inglesa. Demonstraram que não se tratava de um simples
aumento de salários, mas de um aumento de salários provocado pela
redução da quantidade de trabalho empregado e nela fundamentado.
Afirmaram que a duodécima hora que se queria arrebatar ao capitalista
era justamente aquela em que este obtinha o seu lucro. Ameaçaram
com o decréscimo da acumulação, a alta dos preços, a perda dos mer-
cados, a redução da produção, a conseqüente reação sobre os salários
e, enfim, a ruína. Sustentavam que a lei de Maximiliano Robespierre
sobre os limites máximos5 era uma ninharia comparada com essa outra;
e, até certo ponto, tinham razão. Mas qual foi, na realidade, o resultado?
Os salários em dinheiro dos operários fabris aumentaram, apesar de
se haver reduzido a jornada de trabalho; cresceu consideravelmente o
número de operários em atividade nas fábricas; baixaram constante-
mente os preços dos seus produtos; desenvolveram-se às mil maravilhas
as forças produtivas do seu trabalho e se expandiram progressivamente,
em proporções nunca vistas, os mercados para os seus artigos. Em
Manchester, na assembléia da Sociedade pelo Progresso da Ciência,
em 1860, eu próprio ouvi o sr. Newman confessar que ele, o dr. Ure,
o prof. Senior e todos os demais representantes oficiais da ciência eco-
nômica se haviam equivocado, ao passo que o instinto do povo não
falhara. Cito neste passo o sr. W. Newman6 e não o prof. Francis
Newman, porque ele ocupa na ciência econômica um lugar proeminente,
como colaborador e editor da History of Prices (História dos Preços)
da autoria do sr. Thomas Tooke, esta obra magnífica, que retrata a
história dos preços desde 1793 a 1856. Se a idéia fixa de nosso amigo
Weston acerca do volume fixo dos salários, de um volume de produção
fixo, de um grau fixo de produtividade do trabalho, de uma vontade
fixa e constante dos capitalistas, e tudo o mais que há de fixo e imutável
em Weston, fossem exatos, o prof. Senior teria acertado em seus som-
brios presságios e Robert Owen ter-se-ia equivocado, ele que, já em
1816, pedia uma limitação geral da jornada de trabalho como primeiro
passo preparatório para a emancipação da classe operária, implantan-
do-a, efetivamente, por conta e risco próprios, na sua fábrica têxtil de
New Lanark, contra o preconceito generalizado.7
Na mesmíssima época em que entrava em vigor a Lei das Dez
Horas e se produzia o subseqüente aumento dos salários, ocorreu na
OS ECONOMISTAS
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5 A lei sobre os limites máximos, dita Lei do Máximo, foi promulgada pela Convenção Jacobina
de 1793, durante a revolução burguesa da França. Fixava, rigidamente, os limites dos
preços das mercadorias e dos salários. (N. do T.)
6 Marx se equivocou no nome do editor da obra de Thomas Tooke, que foi W. Newmarch e
não W. Newman. (N. do T.)
7 Robert Owen (1771-1858) foi um industrial britânico que se tornou “socialista utópico”. Intro-
duziu em sua fábrica a jornada de dez horas de trabalho e organizou um seguro por doença,
sociedades cooperativas de produtores, etc. Veja-se a obra de ENGELS. Do Socialismo Utópico
ao Socialismo Científico. Rio de Janeiro, Editorial Vitória Ltda., 1962. p. 37. (N. do E.)

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