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AULA 3 – DIABETES DESCOMPENSADA DANIELA FRANCO CASO CLÍNICO • ID: HE, sexo masculino, solteiro, 22 anos, estudante, branco, natural e procedente de SJRP, católico. • QD: sonolência há algumas horas. • HPMA: Paciente trazido por familiares ao PS por estar muito sonolento desde a manhã de hoje. Mãe refere que o jovem esteve na formatura de medicina do primo no final de semana passado, tendo voltado há 2 dias com mal estar, dor abdominal importante, inapetente, nauseado, com episódios de vômito, hálito “forte”, muita sede, urinando muito, irritado e com câimbras. Além disso, desde que chegou, apesar do uso correto da insulina, não tem conseguido que a glicemia entrasse na “faixa normal”, sempre muito alta. • IC: Mãe refere temperatura aumentada (não aferida) e um vermelhidão quente na perna esquerda. Sonolência de 2 dias é muito tempo para uma ressaca. Em uma pessoa normal após almoço a glicemia chega a 140 mais ou menos, sem passar de 180. Até 180 as células do túbulo proximal conseguem reabsorver a glicose (tem um co- transportador sódio glicose), e não tem glicosúria, se passar de 180 tem. Nos diabéticos esse limiar de reabsorção da glicose é diminuído com a medicação (bloqueando o transportador) para 140 e o diabético tem glicosúria (para eliminar a glicose alta do sangue). Glicemia alta não altera nível de consciência. Falta de glicose dentro das células alguém tem que servir como fonte de energia, e quem serve é triacilglirerídeos (3 ácidos graxos de cadeia longa ligado em um glicerol), para usar precisa quebrar o ácido graxo de 2 em dois carbonos para gerar componentes para entrar no ciclo de Krebs e produzir ATP, e essa quebra gera corpos cetónicos que são tóxicos. Tem aminoácidos cetogenicos também produzem corpos cetonicos. Mas a geração de energia dos corpos cetonicos é baixa. Hipóteses: Diabetes tipo I desde a infância ou diabetes tipo I mais tardia. DIABETES TIPO I Fisiopatologia é porque o pâncreas não produz insulina suficiente, por doença autoimune que os anticorpos destroem das células beta, com isso o pâncreas inflama e tem fibrose, não produzindo insulina. As causas são familiares, exposição a antígenos que tem epítopos comuns e por mimetismo molecular (vírus com epítopo parecido com o das células Beta) aí o organismo ataca o próprio pâncreas. Normalmente é multifatorial. Se não produz insulina o paciente tem que repor a insulina exógena. Tem que ter noção do tempo de ação das insulinas exógenas. A criança cresce e a dose de insulina precisa ser aumenta, fase de crescimento precisa de mais glicose, logo mais insulina. Quando normaliza o peso o nível de insulina da uma estabilizada, varia de acordo com a atividade física, quanto mais intenso mais consome insulina. OBS: Diabetes tipo II, ao longa da vida come muito açúcar, aí engorda, e a gordura tem baixa resistência a insulina, precisa de mais insulina e o pâncreas não da conta de produzir com o tempo, e começa a sobrar glicose. No início disso o pâncreas libera muita insulina, fica até normal a glicemia (essa fase chama lua de mel). Com o tempo o pâncreas começa a falir e a insulina não é mais suficiente. Nessa fase pode dosar insulinemia, hemoglobina-glicada (meia vida de 120 dias) que é uma média da glicemia dos últimos 90 dias (não só a do dia). Tem dois tipos de drogas uma que diminui a resistência insulínica (metformina) e secretagogos que estimulam a secreção de insulina (pode acelerar falência pancreática). O músculo e fígado precisam de insulina para colocar glicose para dentro. Porém no cérebro não precisa, os neurônios são as únicas células do corpo totalmente permeáveis a glicose, por isso o cérebro fica à mercê das variações da glicemia. A glicose puxa água, mas não causa edema cerebral, pois do mesmo jeito que vai, volta. Neurônio só usa glicose com fonte de energia, por isso que desmaia com hipoglicemia. O diabetes causa desidratação, temos o limiar máximo de reabsorção de glicose no rim, quando passa do limiar começa a sair a glicose na urina, e isso puxa a água por isso o paciente desidrata. Os sintomas são poliúria, polidipsia (sede), polifagia e perda de peso (4 Os da diabetes). Quando o paciente tem glicemia bem controlada, não se altera muito quando descompensa de repente o neurônio assusta com o tanto de energia e tema alteração de consciência. Se a paciente sempre tem glicemia alta quando aumenta o neurônio não está nem aí está acostumado com muito glicose, então são poucos sintomáticos. CETOACIDOSE DIABÉTICA Fatores desencadeantes: a principal causa de descompensação com cetoacidose é deixar de tomar a insulina. O problema de beber muito é a desidratação por inibição do ADH tem poliúria, e o diabético desidratando a glicemia sobre (concentra glicose) precisava de uma dose extra de insulina nesse momento, sem a dose descompensa. Outra causa importante de cetoacidose diabética é infecção, procura se tem pneumonia, infecção urinária, infecção gastrointestinal, de pele e infecção de SNC (o mais comum é o mais simples). Paciente tem febre que é um sinal que pode ser infecção. Tem uma vermelhidão quente na pele tem que pensar em celulite ou erisipela. ISDA • Náusea e vômitos há 2 dias (já referidos), nega diarréia ou qualquer outra alteração do hábito gastrintestinal, exceto por obstipação intestinal habitual. • Nega alterações respiratórias, tosse, expectoração, dispnéia ou outros. • Nega palpitação, dor torácica, edema ou outros. • Nega cefaleia, tontura ou outros sintomas neurológicos. • Sem edema. Não parece ter foco infecioso, mas ele tem poliúria, então é importante pedir Urina Tipo I para ver se tem ITU. É comum o paciente com diabetes ter hábito intestinal mais lento. A disautonomia é uma complicação comum no diabetes, pode te problemas de ereção, problemas intestinais e renais. AP: • Diabético tipo I com diagnóstico aos 3 anos de idade. • Nefropatia diabética insipiente (apenas microalbuminúria) • Último ciclo de antibiótico com Amoxicilina/Clavulanato há 1 ano por pneumonia. Na nefropatia diabética tem problema no glomerulo, ai tem problema em todo lugar que tem vasos de pequeno calibre, começa a ter risco de retinopatia diabético, coronáriopatias, neuropatia periférica (complicações cronicas presente no covid também). Lesões características de nefropatia diabética: imagem do glomérulo com umas bolas rosa, que são os nódulos de Kimmelstiel-Wilson MEDICAÇÕES DE USO CONTÍNUO: • Insulina NPH (30 + 20 + 20 UI): duração de 8 horas • Insulina R (conforme glicemias capilares, quando necessário) • Enalapril (5mg 2x/dia): é um inibidor de ECA. Os glomerulus começam a ficar entubidos e os que estão saudáveis faz hiperfiltração glomerular, mas se trabalhar demais more mais rápido, aí da inibidor de ECA, que reduz a filtração pois causa vasodilatação na arteriola eferente, tem diminuição da pressão no glomérulo, que diminui proteinuria que diminui a taxa de lesão glomerular. Saber dos antibióticos é importante, pois vai que tem que administrar um antibiótico tem que ver Resistencia. HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS: diabetes descompensada com cetoacidose diabética (complicação aguda mais comum do diabetes tipo I). Estado hiperosmolar hiperglicêmico não é provável, é mais comum no tipo II. DIAGNÓSTICO DE DIABETES TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS Metas glicêmicas Crianças e adolescentes • Glicemia pré-prandial: 70 – 145 mg/dl • Glicemia pós-prandial: 90 – 180 mg/dl • Glicemia antes de dormir: 120 – 180 mg/dl • Glicemia da madrugada: 80 – 162 mg/dl • HbA1c: < 7,5% Adultos • Glicemia capilar pré-prandial: 80-100 mg/dl • Glicemia capilar pós-prandial: < 160 mg/dl • HbA1c: < 7,0% Pacientes com diabetes tipo I não adianta dar medicamentosorais tem que ser insulina. No tipo II da a medicação pois tem resistência insulínica, com o passar do tempo o pâncreas começa a falhar ai precisa introduzir insulina também. PERFIL DE AÇÃO DAS INSULINAS: EXAME FÍSICO • Sinais vitais e antropométricos: PA: 100x60mmHg FC:98bpm FR:32irpm SatO2:98% em ar ambiente Glic. capilar: 480 mg/dL Peso: 85 Kg Alt: 1,80m Tax:37,5oC • G: REG, prostrado, corado, desidratado (+++/4+), acianótico, anictérico, subfebril, taquipneico, hálito cetônico. • N: bastante sonolento, abertura ocular aos estímulos vigorosos (Glasgow 2), balbuciando algumas palavras pouco compreensíveis (Glasgow 2), movimentando os membros descoordenadamente (Glasgow 4). OBS: Paciente com Glasgow 8 intuba? Os demais sinais vitais estão estáveis, mas ele pode bronco aspirar a qualquer momento (intuba paciente por proteção de via aérea (bronco aspiração) ou insufiência respiratória). Se tem perspectiva de melhora rápida do estado de consciência não intuba. Então se não intubar posiciona ele melhor com cabeceira elevada e decúbito lateral para não aspirar. Pega um acesso periférico e faz hidratação no paciente, vai diluir a glicose e pode ser que melhore a consciência. Não chega já colocando insulina no paciente, hidrata primeiro é de 25/30ml por Kg. Não deixar paciente sozinho. Se cair qualquer coisa no Glasgow intuba. • ACV: BRNF em 2 T s/ sopros, pulsos periféricos pouco finos e simétricos. • AR: tórax simétrico, expansibilidade preservada, MV + bilateralmente, s/ ruidos adventícios. (ver ser tem pneumonia) • ABD: Abdome plano, flácido, timpânico, doloroso à palpação profunda, s/ visceromegalias ou massas palpáveis, RHA diminuídos. Importante saber se tinha descomprensão brusca positive para peritonite. Está vermelho, quente e fez sinal de dor a palpação. A unha está com cara de ferimento velho, tem sinal de inflamação periungueal e parece ter celulite (infecção bacteriana na pele, se tiver borda bem definida é erisipela). Hipóteses diagnóstica: cetoacidose diabética + infecção cutânea com porta de entrada para bactéria. PÉ DIABÉTICO O pé diabético é pela neuropatia periférica, primeiro perde sensibilidade, depois formigamento e dor, e só depois que evolui com alteração do movimento. Mal perfurante plantar o primeiro componente é a neuropatia (sensitivo) e o segundo é por questões vasculares (paciente tem dificuldade de cicatrização) Fatores de risco para desenvolvimento do pé diabético: • Idade avançada • Tempo de diagnóstico do DM • Baixa escolaridade • Sobrepeso e obesidade • Dieta inadequada • Diagnóstico de HAS • Inatividade física • Controle metabólico inadequado • Falta de cuidados específicos com os pés Ulcera neuropática é o mal perfurante plantar. Quando começa a faltar irrigação por conta de obstrução arterial e faz ulceras isquêmicas. No fim tem amputação. COMPLICAÇÕES CRÔNICAS Tudo isso acontece por alterações metabólicas, a glicose não pode servir de fonte de energia, começa a usar os ácidos graxos que geram formas de transporte desde a célula até o fígado (onde é metabolizado) e começa a obstruir os vasos. E tudo isso tem no centro a hiperglicemia. Fatores que contribuem para o risco cardiovascular aumentado na diabetes mellitus tipo 2: As vezes não consegue medir o quanto o paciente tem de insulinemia ou quer saber o quanto de insulina dele mesmo está usando, podemos usar a dosagem do peptídeo conector (forma indireta de saber quanto o realmente o pâncreas está produzindo). EXAMES COMPLEMENTARES HEMOGRAMA: ver a presença de leucocitose com predomínio neutrófilo com desvio a esquerda. Se tenho hipótese de celulite ou erisipela então é sugestivo de infecção bacteriana. Paciente tem leucocitose com predomínio neutrófilo e 10% de bastões e 2% de metamielócitos. E tem linfopenia relativa. BIOQUÍMICA: Paciente é compensado, sabemos olhando a hemoglobina glicada. Foi uma descompensação aguda. GASOMETRIA: a hipocalemia tem relação com alcalose, e a desidratação por levar a alcalose por concentração, mas se estou supondo que o paciente tem cetoacidose ele tá ácido e não básico, tem uma acidose metabólica com anion gap aumentado (pede uma gasometria). Paciente tem uma acidose metabólica, calculando a PCO2 esperada da 26 – 30 deveria estar, mas o paciente está em 22, então é uma acidose metabólica associada a uma alcalose respiratória. Calculando o anion gap (Na – (HCO3-CL)) que vai dar 19, maior que 10 então tem acidose metabólica com anion gap aumentado. Olha no lactato, pois poderia ser uma sepse, mas não está tão alto então direciona o diagnóstico de cetoacidose diabética. URINA TIPO I: Para fechar o diagnóstico de cetoacidose tem que dosar corpos cetonicos (poucos lab. tem isso), na prática procuramos cetonuria e para isso pedimos urina tipo I. Paciente tem corpos cetonicos alterados. E a glicosúria alta (ultrapassou o limite). Para saber se tem infecção urinária olha que tem bactérias ausentes. Tem indicação de entrar com antibiótico para infecção de pele, pode até pegar urinário se tiver algo que não percebi. EVOLUÇÃO: • Paciente foi conduzido para a Sala de Emergência (tem que ficar em cima do paciente) e iniciada reposição volêmica vigorosa com SF 0,9% acrescido de KCl (20mEq para cada litro de volume), num total de 2500mL até correção da PA e sinais de desidratação. • Monitorizado o K+ de 2/2hs. Paciente acidótico quando começar a corrigir acidose o K+ começa a diminuir, tem que prever e começar a repor antes. • Mantido em jejum e associada Insulina regular em Bomba de infusão contínua, com monitorização da glicemia capilar de 1/1 h. • Quando a glicemia atingiu 250mg/dL foi substituído o soro fisiológico, que estava correndo numa velocidade de 250mL/h, por soro glicofisiológico (glicose 5% e NaCl 0,45%. Faz soro com glicose pois o organismos está usando corpos cetonicos como fonte de energia, precisa mudar esse metabolism, para deixar de usar isso e voltar usar glicose. • # Velocidade ideal de queda da glicemia: 50 a 70 mg/dL/h. • Com a coleta de gasometria de 4/4hs, quando o pH encontrava-se > 7,3, HCO3>18 e a glicemia < 250mg/dL (diz que resolveu a cetoacidose), foi substituída a insulina em bomba de infusão contínua por bôlus endovenoso, com liberação da dieta. • Pela hipótese de erisipela associada a ferimento em primeiro pododáctilo foi iniciada antibioticoterapia (Ciprofloxacino (gram negative) + Clindamicina (gram positive e anaerobico)) para controle de um dos potenciais focos da descompensação. Infecção de pele via de regra é por gram positive. • Após 5 dias os resultados de hemoculturas e uroculturas colhidas na chegada foram negativos. • Apesar disso os antibióticos foram mantidos por 14 dias com resolução do quadro. • O paciente recebeu alta hospitalar no 3º dia de internação com orientações. DESCOMPENSARÃO DIABÉTICA HIPOGLICEMIA • Potencialmente fatal • Complicação freqüente em pacientes diabéticos. • Infreqüente em não diabéticos. • Lembrar de alteração da função renal e outras co- morbidades. • Tríade presente: hipoglicemia, sintomas de hipoglicemia e melhora dos sintomas após a administração de glicose. • Paciente que chega inconsciente ou com alteração neurológica no PS, sempre suspeitar e verificar a glicemia. Sintomas hipoglicemia: • Neuroglicopênicos: cefaléia, sonolência, tontura, ataxia, astenia, dificuldade de concentração, lentificação de pensamento, confusão, irritabilidade, alteração de comportamento, déficits neurológicos focais, convulsão e coma. • Adrenérgicos: palpitação, taquicardia, ansiedade, tremores, sudorese, fome e parestesias. Tratamento de hipoglicemia: Glicemia capilar < 60 mg/dL- Glicose 50%: 60 a 100 mL via endovenosa, - Glucagon: 1 a 2 mg intramuscular, Risco de desenvolver encefalopatia de Werneck: Desnutrição, etilista Tiamina 100 mg via endovenosa ou intramuscular junto com a glicose. HIPERGLICEMIA Diferem entre si de acordo com a presença de cetoácidos e com o grau de hiperglicemia. • Cetoacidose diabética Produção de ácidos graxos (lipólise) no fígado e produção de corpos cetonicos e beta-hidroxibutirato. Há cetonemia e acidose metabólica. DM TIPO I. • Estado hiperosmolar hiperglicêmico Há produção mínima de insulina, mas essa quantidade é suficiente para inibir a produção de corpos cetonicos. Não há cetonemia, mas pode ocorrer cetonúria leve. DM TIPO II. Cetoacidose: hiperglicemia, acidose e cetonúria. Sintomas • Cetoacidose diabética: ▫ População, em geral, mais jovem. Poliúria, polidipsia, polifagia e mal-estar indefinido. ▫ Desidratação, hipotensão, taquicardia, taquipnéia, respiração de Kusmall e hálito cetonico. Alteração do nível de consciencia. 30% dor abdominal • Estado hiperglicêmico hiperosmolar: ▫ Faixa etária maior que 40 anos, normalmente. ▫ Quadro arrastado, poliúria, polidipsia, astenia e desidratação. Há dificuldade de acesso à água, normalmente. Desidratação é acentuada. 25% sintomas de SNC (rebaixamento do nível de consciência). Fatores precipitantes: • Infecção - 30 a 50%. • Tratamento irregular - 21 a 49%. • Primo descompensação - 20 a 30%. • Abdominais: pancreatite, colecistite, apendicite, GECA • Doenças vasculares (AVC, AIM) - até 5% na CAD e > no EHH • Medicamentos e drogas: corticóides, fenitoína, anti- retroviral, cocaína e derivados • Gestação. • Cirurgias e trauma • Não identificado – 2 a 10% Exames laboratoriais: • Gasometria arterial. • Eletrólitos: sódio, potássio, cloro, magnésio e fósforo. • Urina tipo I/Cetonúria. • Hemograma (pode haver leucocitose com desvio apenas pela desidratação, sem infecção) • EEG • RX tórax • Osmolaridade efetiva: 2x (Na+ medido) + glicemia mg/dL/18 • Anion gap: (Na+ medido) - (Cl- + HCO3-) CONDUTA DO PACIENTE 1º PASSO: DIAGNÓSTICO 2º PASSO: HIDRATAÇÃO E CORREÇÃO DA NATREMIA • Principal medida no tratamento da CAD e EHH. • Diminui a retenção de glicose e corpos cetônicos. • Diminui o estímulo adrenérgico, a resistência periférica à insulina e o estímulo a gliconeogênese hepática. • Torna as células mais responsivas à insulinoterapia administrada no tratamento da CAD/EHH. • A hidratação restaura rapidamente o fluxo urinário no paciente que desenvolveu um quadro de IRA e, inicialmente, aumenta a glicosúria. • Infundir na 1ª hora: solução isotônica de NaCl 0,9%, média de 15-20 mL/kg, buscando restabelecer a perfusão periférica do paciente (A). • Nas horas seguintes fazer ± 250 a 500mL/h (ou 4- 14mL/kg/h). • Quando Na corrigido > 145 mEq/L (ou Osm > 320) substituir por solução hipotônica 0,45% (10-14 mL/kg/h). • Cuidado em pacientes idosos/cardiopatas/nefropatas. • Se a glicemia atingir valores < 250mg/dL (CAD) e < 300mg/dL (EHH): iniciar conjuntamente a infusão de SG5% => 150-250mL/h ou semelhante a infusão salina afim de evitar hipoglicemia. • Chamado soro em Y. 3º PASSO: INSULINOTERAPIA E CORREÇÃO DA CALEMIA Terapêutica guiada pela calemia: • K > 5,0 => Insulinizar e NÃO repor K. • 3,3 < K < 5,0 => Insulinizar e repor K. • Não iniciar insulinização => K<3,3mEq/L • Usar baixas doses de insulina durante o tratamento (visar a correção da acidose e não da hiperglicemia!). • O uso de altas doses de insulina aumentam os riscos de hipoglicemia e hipocalemia (e associação com arritmias cardíacas). • Bolus EV de 0,1-0,15UI de insulina Regular. • De acordo com a ADA o uso do bolus em crianças é proscrito pelo risco de edema cerebral (A). • Em adultos, há necessidade de mais estudos para implementação desta rotina (D). • A dose de manutenção da insulinoterapia é de 0,1UI/Kg/h (A). • Via IM alternativa. • Montar a solução a ser infundida com uma concentração de 1UI de insulina R para cada 10ml de SF0,9%: • Por exemplo: 50UI de insulina R em 500mL de SF0,9% - na infusão de 0,1UI/kg/h colocar o peso do paciente (kg) na velocidade da BIC (mL/h). • Desprezar 30-50ml iniciais – precipitação no equipo. • Meta de queda da glicemia capilar é de 75- 100mg/dL/h. • Caso a glicemia caia valores <50-70mg/dL/h pode- se dobrar a infusão de insulina para atingir a meta desejada. • Evitar quedas glicêmicas >100mg/dl/h – maior risco de hipoglicemia e edema cerebral. • Após a instalação do SG5%, a infusão de insulina R deve ser mantida (ou diminuída pela metade) até que seja atingido valores de resolução de CAD/EHH. • Atenção: evitar hipoglicemias! OBS: A indicação de bicarbonato na CAD/EHH é controversa e deve ser feita de forma criteriosa (pH abaixo de 7,1 e bicarbonato abaixo de 8, repõe). Recomenda-se o uso: 50 mEq de bicarbonato de sódio EV se pH entre 6,9 - 7,0. 100 mEq se o pH < 6,9. O uso de bicarbonato na CAD/EHH com pH > 7,0 não melhora o prognóstico desses pacientes. Se indicado a reposição de HCO3 deve ser feita com bicarbonato de sódio 8,4% EV => 1mL de Bic 8,4% = 1 mEq de HCO3. 4º PASSO: QUANDO DESLIGAR A BIC • Critérios de resolução: ▫ 1) CAD: glicemia < 200, HCO3 > 18 e pH > 7,30. ▫ 2) EHH: Osm < 315 com o paciente alerta. • Aceitação alimentar e ausência de náuseas ou vômitos. • Administrar insulina humana de ação intermediária ou análogos de insulina de longa duração (associada a insulina R SC) 2 horas antes de desligar a BIC de insulina R EV. • Dose: ▫ DM prévio em uso de insulina: usar doses semelhantes. ▫ DM recém-diagnosticado: 0,5-1,0UI/kg/dia fracionada (basal-bolus). ▫ Doses altas: infecção, uso de GC, DM1. ▫ Doses baixas: idosos, IRC, gestantes 1º trimestre.
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