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COMEÇANDO A ENTENDER O ECG Os princípios básicos, como realizar o exame, quais os passos iniciais. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O COMO POSICIONAR OS ELETRODOS NO PACIENTE? DERIVAÇÕES PERIFÉRICAS/FRONTAIS • Definição: É a medida de diferença de potencial entre dois pontos distintos. o Ex: No ECG inicial, Einthoven submergia os braços e a perna esquerda em solução, cada membro tem um potencial diferente. Nisso, ele criou 3 derivações (foto abaixo) • Ponto neutro no centro: Depois de Einthoven, descobrimos outro ponto neutro (sem voltagem) no tórax do paciente, sendo possível então gerar mais 3 derivações, ficando um total de 6! o aVL: Entre o ponto central e o braço esq. o aVR: Entre o ponto central e o braço dir. o aVF: Entre o ponto central e a perna esq. COMO FICA TUDO ISSO JUNTO? 6 DERIVAÇÕES! *Notem que, com essas 6 derivações, conseguimos dividir o tórax em subáreas de 30º. Definiu-se o D1 como 0, o que está abaixo é positivo e o que está acima de D1 é negativo. NA PRÁTICA, COMO POSICIONAR? • 4 eletrodos periféricos: Verde, vermelho, amarelo e preto (aterramento). Criam as derivações do plano frontal, que nos permitem definir se a direção do estímulo (pra cima, baixo, esquerda e direita), não consegue dizer se o estímulo está indo pra frente ou pra trás. Devemos dispor da seguinte forma: *Macete para lembrar: BRASIL do lado esquerdo do peito (coração) e SPORT do lado direito. As cores mais claras ficam em cima e as escuras em baixo. • 6 eletrodos em azul: Serão posicionados no tórax do paciente. Servem para suprir a carência das outras derivações para definir se o estímulo está indo para frente ou para trás. São chamadas derivações precordiais! Dispostas da seguinte forma: o V1 e V2: Paralelos no 4º EIC. o V3: Intermédio entre V2 e V4. o V4, V5 e V6: Todos no 5º EIC, sendo V4 na LHClE, V5 na linha axilar anterior e V6 na linha axilar média. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O *COMO DEFINIR SE UM ESTÍMULO ESTÁ INDO PRA FRENTE OU PRA TRÁS? Olhar para V1! Se o estímulo está indo pra trás, conseguimos observar o QRS negativo em V1 (o esperado na população adulta), bem tranquilo de perceber. JUNTANDO TODAS AS DERIVAÇÕES... COMO IDENTIFICAR ELETRODOS PRECORDIAIS MAL COLOCADOS? Saber o normal esperado no eletro! QUAL O PULO DO GATO PARA PENSAR EM DEXTROCARDIA PELO ECG? • O que é: O coração está voltado para o lado direito • Como identificar: Tudo negativo em D1 + QRS negativos em derivações precordiais. COMO DEFINIR O EIXO NO ECG CONCEITOS IMPORTANTES • Hemicampo: Imagine que queremos saber se o estímulo no sentido de D1 é positivo ou negativo, tudo aquilo que se encontra a 90º pra cima e 90º pra baixo é positivo, o contrário é negativo. (Tudo que estiver em verde vai escrever uma onda positiva em D1, tudo em vermelho uma onda negativa) • Eixo: É o caminho que o estímulo percorre em relação às derivações estudadas no ECG. Consegui- mos inferir um eixo aproximado com base na análise do comportamento das ondas nas derivações. o Exemplo: Se a onda se comporta da mesma forma em D1 e aVF, significa que o eixo está a 45º de ambos. o Por que é importante? Temos que saber o eixo normal do coração, para saber se algo está fora do normal. o Eixo normal: Entre -30 e 90º. Ocorre pois o maior estímulo necessário corre da direita para a esquerda e de cima para baixo (que é a despolarização dos ventrículos). o Eixos anormais: Hipertrofia de VE (desvia para a esquerda) e VD (desvia para dir.) V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O COMO DEFINIR O EIXO QRS PRIMEIRO PASSO: DEFINIR A DERIVAÇÃO EM QUE O QRS É ISODIFÁSICO • O que é isodifásico? É quando o estímulo passa a 90º do observador, formando uma onda negativa igual a outra onda positiva. • Se uma onda/complexo é isodifásico em uma derivação, significa que está perpendicular (90º) àquele local! SEGUNDO PASSO: VER AS OUTRAS DERIVAÇÕES PARA ACHAR O EIXO QRS • Como fazer isso? Lembrar do diagrama das derivações e ver qual derivação está a 90º do QRS isodifásico. (No nosso exemplo, foi o aVL. Notem no diagrama abaixo que a derivação D2 está a 90º e a AVR está próximo de 90º.) • Agora, compare as duas derivações: Eu vou observar as duas derivações e ver qual é aquela que se encaixa melhor. Via de regra, no paciente normal, o que se encaixa é um eixo positivo, e geralmente de maior amplitude, como observa- mos em D2 na imagem abaixo. O eixo está em + 60 graus! RESUMINDO *COMO BATER O OLHO E SABER SE O ECG ESTÁ ALTERADO NO EIXO? Olhar para D1 e D2, eles tem que ser predominantemente positivos (ou difásico em D1), se está negativo, o eixo está alterado! COMO DEFINIR O EIXO NO PLANO HORIZONTAL? Nesse caso nós definimos só se o plano está indo pra frente ou pra trás de maneira generalizada! • Observar V1: No paciente normal, a derivação V1 deve estar predominantemente negativa, pois o ventrículo esquerdo puxa o cabo de guerra p/ trás. o Se QRS negativo em V1: Eixo para trás. o Se QRS positivo em V1: Eixo para frente. QUAIS OS DOIS PRIMEIROS PASSOS PARA INTERPRETAR O ECG? PASSO 1: IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE • Nome do paciente: Ver se é o paciente certo! • Idade: Um eletro de um RN é totalmente diferente do adulto! V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O • Peso e altura: O biotipo influencia muito, o eixo normal em um longilíneo geralmente aponta para baixo, enquanto um brevelíneo é mais horizontal. • Sexo: Geralmente os critérios tem valores diferentes entre homens e mulheres. • Quadro clínico: Essencial! PASSO 2: PADRONIZAÇÃO! • No paciente normal: o 1 mm = 1 quadradinho = 0,1 mV o Velocididade = 25 mm/s o 1 mm = 0,04s = 1 quadrado na horizontal • Como checar a padronização na prática? Olhar o retângulo do canto direito. O normal é que ele tenha 10 quadradinhos de altura! • Outra forma de checar: Olhar a velocidade em baixo e o N na parte de baixo. O normal é encontrar uma v = 25mm/s e uma voltagem de N. *EM QUE SITUAÇÕES DEVO MUDAR A VOLTAGEM? • Usar N/2 se complexos com voltagem muito gran- de: Sobrecargas ventriculares importantes, criança com parede torácica muito fina... • Usar 2N se complexos com voltagem muito baixa: Pacientes obesos, se quiser avaliar melhor algum componente isolado (ex: onda P). REVISANDO... COMO DEFINIR SE O RITMO É SINUSAL Por que o nó sinusal determina a frequência cardíaca? Porque as células do nó sinusal possuem curva de potencial de ação diferente das demais, e seu potencial de diástole é ascendente, consequentemente, possui maior frequência de despolarizações, realizando de 50 a 100 despolarizações por minuto. (2º gráfico abaixo) *Por isso, o ritmo fisiológico é o ritmo sinusal! V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O PRIMEIRO PASSO: Ver para onde está apontando o vetor da despolarização atrial. • Ou seja: A onda P tem que estar localizada no quadrante inferior esquerdo (entre 0º e 90º). • Como fazer isso na prática? Olhar D1 e aVF e procurar a onda P positiva! SEGUNDO PASSO: A cada onda P tem que se seguir um complexo QRS. • Por quê? Porque o nó sinusal é como o maestro da orquestra, ele dita o ritmo! • Alterado: TERCEIRO PASSO: A onda P tem que ter a mesma morfologia! • Por quê? O nó sinusal é um maestro e ele tem queconduzir a orquestra da mesma forma, se ele errar um movimento, a orquestra toda erra. • Alterado: RESUMINDO... *DICA: Tudo que é diferente do ritmo sinusal é considerado arritmia! Siga todos os critérios que você vai conseguir identificar tranquilamente. COMO DEFINIR A FREQUÊNCIA CARDÍACA NO ECG FORMA TRADICIONAL • Sabemos que a velocidade do papel do ECG é de 25 mm/s: O que corresponde a 1500 mm/min, o que corresponde a 1500 quadradinhos. • Para definir a FC, basta contar os quadradinhos entre cada batimento e dividir esse número por 1500, assim, obtemos a FC em bpm • Exemplo: A cada 20 quadradinhos eu tenho 1 novo batimento, então, fazendo uma regra de 3, com 1500 quadradinhos eu vou ter x batimentos. X = 75 batimentos por minuto. FORMA MAIS RÁPIDA → CONTAR OS QUADRADÕES • 1 minuto = 300 quadrados grandes! • Exemplo: A cada 4 quadrados grandes eu tenho 1 batimento, então, por regra de 3, com 300 quadradões eu vou ter 75 bpm também. SE O RITMO FOR IRREGULAR? • Basta saber que o ECG padrão registra 10 segundos de batimentos • Então: Conte a quantidade de batimentos que existe no D2 longo e multiplique por 6. • Exemplo: 19x6 = 116!
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