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Civil VI_Sucessão dos colaterais

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CIVIL VI
Sucessão dos colaterais. Sucessão dos companheiros. Limitação do poder de dispor: herdeiros necessários. Legítima. Cálculo da parte disponível e da legítima. Cláusulas de restrição. Redução das disposições testamentárias.
XI - DIREITO DE SUCESSÃO DOS COLATERAIS
- Art. 1829, IV c/c 1839, 1840, 1843
- São parentes colaterais:
a) de 2º grau o irmão, 
b) de 3º grau o tio e o sobrinho,
c) de 4º grau o primo-irmão, sobrinho-neto e o tio avô. 
- Na classe dos colaterais, OS MAIS PRÓXIMOS EXCLUEM OS MAIS REMOTOS, 
 Ex: Irmãos concorrendo com tios: os tipos são afastados por aqueles. 
 Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de representação concedido aos filhos de irmãos.
 Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau.
 Parente vai até 4° grau (primo ou sobrinho)
 Imaginemos uma situação em que o falecido não deixa descendentes, ascendentes, nem cônjuge ou companheiro, mas apenas parentes colaterais. Isso porque, SE DEIXAR CÔNJUGE (nas condições do art. 1.830 do CC), QUALQUER QUE SEJA O REGIME DE BENS, OS COLATERAIS NADA HERDAM, RECOLHENDO O CÔNJUGE SOBREVIVENTE A TOTALIDADE DA HERANÇA. No caso de deixar companheiro, com relação aos bens onerosamente adquiridos na constância da união, haverá concorrência entre os colaterais e o companheiro (art. 1.790, III do CC).
Portanto, em nosso exemplo, o falecido deixa como únicos herdeiros, seu tio (colateral em 3º grau) e seu sobrinho (colateral também em 3º grau), não tendo descendentes, nem ascendentes vivos. Vejamos o diagrama:
Pela regra geral, HERDEIRO DE GRAU MAIS PRÓXIMO EXCLUI DE GRAU MAIS REMOTO (art. 1.840). Nessa hipótese, como o tio do morto e o sobrinho do morto são herdeiros em 3° grau, a conclusão que se poderia chegar é que a herança será dividida em duas partes iguais: 50% para o tio e 50% para o sobrinho. Sendo ambos parentes de 3º grau, a divisão que se impõem é igualitária. Entretanto essa conclusão estaria equivocada.
A questão passa pela análise do artigo 1847, CC: 
“Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios”.
Em rápida explicação: NA FALTA DE IRMÃOS DO FALECIDO (parentes em 2º grau), HERDARÃO OS FILHOS DESTES (os sobrinhos do morto e, portanto, parentes em 3° grau). NÃO OS HAVENDO (não havendo irmão nem sobrinho do morto), HERDARÃO OS TIOS (tio do falecido é seu parente em 3° grau).
Podem os leitores, nesse momento, formular a seguinte pergunta: por que a opção do legislador em BENEFICIAR O SOBRINHO DO MORTO em detrimento do tio do falecido? 
1°) Como primeiro argumento, podemos imaginar que o falecido tenha uma relação afetiva mais estreita com seus sobrinhos (filhos de sua irmã ou irmão) do que com seu tio (irmão de seu pai ou de sua mãe). 
2°) Como segundo argumento, imagina o legislador que enquanto o sobrinho do morto é alguém jovem, iniciando a vida, o tio do falecido é mais velho e já está com sua vida resolvida. Assim, melhor beneficiar aquele que mais precisaria de ajuda e auxílio. O último argumento parece-nos bem plausível.
Para finalizar a questão, devemos lembrar que, EM HAVENDO SÓ SOBRINHOS DO FALECIDO ESSES HERDAM POR DIREITO PRÓPRIO E NÃO POR REPRESENTAÇÃO (art. 1843, §1º do CC). 
 Agora suponha o caso seguinte: 
			 Avô
Mãe		 Pai		 Tio
 ANTÔNIO ---- (irmãos) ----- Léa ----- Clara ----- Maria		
				 Marcos Leo Gil Ana João José
- Antônio: sem descendentes, ascendentes falecidos. Falece.
- Colaterais de grau + próximo: irmãos de Antonio (2° grau)
- Se todos os irmãos fossem pré-mortos?
 Os sobrinhos herdariam em razão do disposto do art. 1843
Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios.
 Trata-se de caso em que o de cujus deixa parentes do mesmo grau: sobrinhos e tios (3° grau). E a lei manifesta a sua preferência pelos SOBRINHOS do falecido, afastando o princípio de que os colaterais do mesmo grau devem suceder em igualdade de condições, dividindo-se entre todos a herança.
 Assim, o tio só herdaria se todos os sobrinhos fossem pré-mortos
- E se os sobrinhos fossem pré-mortos e deixassem filhos?
 Só o tio herdaria porque na sucessão dos colaterais, só se dá o direito de representação em favor de FILHOS DE IRMÃOS, que concorrem com seus tios.
- E se concorressem primo com sobrinho-neto (ambos em 4º grau)?
 Concorrendo o sobrinho-neto com o primo do falecido, a preferência será daquele (sobrinho-neto), uma vez que decorre do ANCESTRAL COMUM + PRÓXIMO. O tronco com o sobrinho-neto é o pai e o tronco comum com o primo é o avô (tronco ancestral + distante)
 Fundamento: Procura-se preservar a geração do mesmo tronco. 
* Obs.: Parente afim não entra na sucessão. Portanto, CUNHADO (cônjuge do irmão) NÃO HERDA!!!
DIREITO DE REPRESENTAÇÃO (arts. 1840, 1851. 1853)
- NÃO HÁ DIREIRO DE REPRESENTAÇÃO na sucessão dos colaterais. 
* Exceção: Só se dá o direito de representação em favor de FILHOS DE IRMÃOS, que concorrem com seus tios. 
 Assim, por exemplo, se o finado deixou 2 irmãos e sobrinhos, filhos de um outro irmão pré-morto, a herança se divide em 3 partes, cabendo as 2 primeiras aos irmãos e a 3ª aos sobrinhos, que a dividirão entre si (art. 1.840).
 Se, entretanto, os referidos sobrinhos forem falecidos, seus filhos, sobrinhos-netos do de cujus, nada herdam, a despeito de serem parentes de 4° grau porque, como determina o art. 1840, O DIREITO DE REPRESENTAÇÃO SÓ É CONCEDIDO AOS FILHOS, e não aos netos de irmãos.
* Voltando ao exemplo inicial:
1) Se todos os irmãos estiverem pré-falecidos, seriam chamados os SOBRINHOS, que herdariam por DIREITO PRÓPRIO. Nesse caso, A PARTILHA SERIA POR CABEÇA
2) Se só um dos irmãos estiver pré-morto (por exemplo, Clara é pré-morta)
- Léa e Maria herdariam por DIREITO PRÓPRIO
- Filhos de Clara herdariam por DIREITO DE REPRESENTAÇÃO
- PARTILHA POR ESTIRPE (herdeiros de classes diferentes)
IRMÃOS UNILATERAIS E BILATERAIS (art. 1841 a 1843)
- Para efeito da sucessão do colateral, a lei distingue entre o IRMÃO BILATERAL ou GERMANO (filho do mesmo pai e da mesma mãe), e o IRMÃO UNILATERAL (aquele em que só um dos progenitores é o mesmo), e o faz para CIRCUNSCREVER A HERANÇA DO UNILATERAL À ½ DO QUE COUBER AO IRMÃO GERMANO (art. 1841).
 Assim, se com tios concorrerem filhos de irmão unilateral, estes só receberão ½ do quinhão dos tios (pois, como aqueles herdam por direito de representação, só recebem aquilo que seu receberia, se vivo fosse).
 Quando na sucessão só concorrerem sobrinhos, e os houver filhos de irmãos unilaterais e bilaterais, estes herdarão o dobro do que herdarem aqueles (art. 1843 §2°). Se todos os sobrinhos forem filhos de irmãos bilaterais, ou todos de irmãos unilaterais, herdarão por = (art. 1843 §3°). 
* Voltando ao exemplo inicial:
					 X				 X	
 Pai	 		Mãe
	Maria 	 Antônio Léa Clara
João José Marcos Leo Gil Ana
X = pré-falecido
Supondo que Antonio, Lea e Clara fossem filhos dos mesmos pais (irmãos bilaterais) mas Maria fosse irmã apenas por parte de pai (irmã unilateral). Antonio falece.
Por força do art. 1829, III e 1839, os herdeiros são seus irmãos.
Mas, pelo fato de os colaterais não serem dos mesmos pais, a lei preferiu privilegiar os irmãos germanos. Isso não é inconstitucional (inconstitucional é a distinção entre filhos) porque aqui fala-se de irmãos na classe de sucessão dos colaterais.
 Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar.
Isso quer dizer que Maria, na sucessão de Antonio, receberá a 1/2 da cota a ser recebida por Léa e Clara (estas receberão 2/5 e Maria, 1/5)
Léa		Clara		Maria
 2		 2		 1		=	 5 partes
 2/5	 2/5	 1/5
- E se Léa, Clara e Maria fossem pré-mortas?
 Art. 1.843. § 2º Se concorrem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãosunilaterais, cada um destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles.
 OS SOBRINHOS HERDARÃO POR CABEÇA (por direito próprio), sendo que a regra de distinção entre irmãos uni e bilaterais continua a ser aplicada. Assim:
- Marcos (filho de Léa): herda 2/5
- Leo, Gil e Ana (filhos de Clara): dividem entre si 2/5
- João e José (filhos de Maria): dividem entre si o 1/5
OU
- Marcos: herda 2/10
- Leo, Gil e Ana: herdam 2/10 cada
- João e José: herdam 1/5 cada
 Outro exemplo:
		 X				 X			
Maria ---------- Léo ---------- Gil ---------- Alberto ---------- Gustavo ---------- Jorge
 Carla Antônio		 José João Joaquim
Falece 			 Renúncia abdicativa		 Cessão de 	Tentou 
			 Com dívida de 50.000,00 no BB	 direitos para matar
								 Joaquim		 Maria
X = pré-falecido
- Maria: sem ascendentes, sem filhos, sem cônjuge. Falece deixando herança de 1.800.000,00. Testamento feito em 2004 legando 1 terreno de R$ 10.000,00 em favor de Jorge 
- Léo: Irmão bilateral de Maria, pré-falecido
- Gil: Bilateral. Sem filhos. Renúncia abdicativa
- Gustavo: Bilateral, vivo. Cessão de direitos hereditários em favor de Joaquim
- Alberto: Unilateral, pré-falecido
- Jorge: Bilateral. Tentativa de homicídio em face de Maria em 2002
1º) A sucessão se dará na LINHA COLATERAL (art. 1829, IV c/c 1839)
2º) A sucessão é LEGÍTIMA E TESTAMENTÁRIA (art. 1786: A sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade). Portanto, a sucessão é HÍBRIDA
3º) Haverá DIREITO DE REPRESENTAÇÃO (Carla, Antonio, José, João e Joaquim) (art. 1853) e DIREITO PRÓPRIO (Gil, Gustavo e Jorge) 
4º) RENÚNCIA ABDICATIVA DE GIL: seu quinhão volta para o monte, A PRINCÍPIO, já que ele tem uma dívida com o BB
5º) 4 irmãos bilaterais (Léo, Gil, Gustavo e Jorge) e 1 unilateral (Alberto: 1 parte) – art. 1841
- Léo, Gil, Gustavo, Jorge: 2/9 (400.000 para cada um)
- Alberto: 1/9 (200.000)
6ª) Dívida de Gil: 50.000,00
 Quinhão de Gil: 400.000,00
Sobra 350.000,00 - Prevalece a renúncia sobre esse remanescente, que volta para o monte e que fica em 1.750,00
Renúncia = arts. 1810 e 1813 §2º
7º) Jorge praticou crime tentado de homicídio (art. 1814, I). É passível se ser acionado por indignidade mas houve perdão tácito de Maria (art. 1818) que, em 2004, beneficiou-o no testamento. Portanto, Jorge será beneficiado tanto como legatário como com o quinhão.
 1.750,00 - 10.000,00 (terrreno) = 1.740,00
* Obs.: O terreno poderia ter sido tirado logo no início da divisão
8º) Refazendo a divisão (agora sem Gil, que renunciou):
 Sobraram 3 bilaterais e 1 unilateral. Logo, a divisão ficará em:
- 2/7 (para Léo, Gustavo, Jorge) e 
- 1/7 para Alberto
9º) Cessão de direitos hereditários (art. 1793): Gustavo cedeu para Joaquim
 Gustavo pode fazer essa cessão?
 Só pode fazer se respeitar o direito de preferência nas mesmas condições de preço e pagamento para os demais herdeiros da mesma classe (1794).
 Se fosse uma renúncia translativa, poderia (lembrando que a renúncia translativa só pode ser feita a favor de herdeiro e a cessão pode ser feita em favor de terceiro, desde que respeitado o direito de preferência dos demais herdeiros da mesma classe). 
 Supondo que Gustavo tivesse respeitado o direito de preferência dos demais herdeiros, poderia o quinhão de Gustavo ir para Joaquim (receberá 1/21 + 2/7)
1/7 ÷ 3 = 1/21
10º) Art. 1843 §2°(Se concorrem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, cada um destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles.)
- Jorge = herda por direito próprio (2/7 + terreno)
- Carla e Antonio: dividem 2/7 entre si
- José, João e Joaquim: 1/21 cada
- Joaquim recebera no total: 1/21 + 2/7
* Obs: Na resolução de problemas como este
1º) Tira o legado e sucessão testamentária
2º) Renúncia
POSSIBILIDADE DE EXCLUSÃO DOS COLATERAIS DA SUCESSÃO
Ascendentes e descendentes são herdeiros necessários e legítimos, portanto, não podem ser excluídos da sucessão.
Os colaterais até 4° grau (irmãos, sobrinhos, tios, primos, tios-avós, sobrinhos-netos) são HERDEIROS LEGÍTIMOS (art. 1829, IV) mas não são herdeiros necessários (art. 1845). Portanto, o autor da herança pode excluí-los da sucessão sem limitação alguma, bastando que faça testamento dispondo de todo seu patrimônio, sem os contemplar.

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