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Herança Multifatorial Herança quantitativa ou poligênica Herança monogênica X multifatorial Herança monogênica: ação qualitativa A Herança Monogênica é determinada por um ou poucos genes, cuja expressão não é influenciada ou é pouco afetada pelo meio. Pode ser Autossômica ou Ligada ao Sexo, e ainda Dominante ou Recessiva (LACAVA e BRAUN, 2006; ROBINSON E BORGES-OSÓRIO, 2007; ICB, 2007). Fenótipo descontínuo: Não existem gradações entre eles, pois não há fenótipos intermediários. Fenótipo contínuo: São fenótipos bem definidos. Herança multifatorial Cor da pele humana Característica determinada por dois pares de genes alelos em cromossomos homólogos: P e p / N e n Onde: P e N – grande quantidade de melanina. p e n – pouca quantidade de melanina. Cor do olho Condições normais: Altura; Aproveitamento escolar; Cor da pele; Forma/tamanho orofacial; Inteligência; Linguagem; Peso; Pressão sangüínea; Tempo de erupção dentária etc. Condições patológicas: Malformações congênitas; Retardo mental; Dislexia; Autismo; Glaucoma; Doenças coronarianas; Epilepsia; Esquizofrenia; Transtorno de humor bipolar etc. Curva de Gauss: equação da curva normal de Gauss, que é uma curva matemática teórica, baseia-se em dois parâmetros a média e o desvio-padrão que são os elementos que definem uma determinada população, em relação a uma característica qualquer, estudada e medida em integrantes dessa população. Componentes da variação fenotípica Herdabilidade (h2 ou H2 ) Quanto maior VG maior a contribuição genética h2: 1 (traço totalmente genético) h2: 0 (traço totalmente ambiental) Exemplos de Herdabilidade Taxa de concordância em gêmeos Estudos de adoção Dados sobre a família biológica e adotiva Exemplo de herança multifatorial: Lábio e palato fendido unilateral; Lábio e palato fendido bilateral. Critérios para o reconhecimento da herança multifatorial 1) Distribuição da característica em forma de curva normal; 2) Efeito poligênico e de fatores ambientais; 3) Quanto maior a herdabilidade, maior a influência dos fatores genéticos; 4) Risco de recorrência versus número de afetados (mais afetados, maior recorrência); 5) Risco de recorrência versus gravidade do defeito (mais grave, maior recorrência); 6) Risco de recorrência versus parentesco (consanguinidade, maior risco em 1° grau). PADRÕES DE HERANÇA MONOGÊNICA CLÁSSICA: Heranças autossômicas e ligadas ao sexo Termos genéticos importantes: Gene: O gene é um segmento de uma molécula de DNA (ácido desoxirribonucleico), responsável pelas características herdadas geneticamente. Cada gene é composto por uma sequência específica de DNA que contém um código (instruções) para produzir uma proteína que desempenha uma função específica no corpo. Alelo: São formas alternativas de um mesmo gene que ocupam o mesmo lócus em cromossomos homólogos e podem produzir fenótipos diferentes. Locus: Lugar específico em que um gene se localiza no cromossomo Genótipo: Características inerentes à constituição genética do indivíduo, ou seja, o conjunto de cromossomos ou sequência de genes herdado dos pais, os quais somados às influências ambientais determinarão seu fenótipo. Fenótipo: São as características observáveis ou caracteres de um organismo ou população, como: morfologia, desenvolvimento, propriedades bioquímicas ou fisiológicas e comportamento. O fenótipo resulta da expressão dos genes do organismo, da influência de fatores ambientais e da possível interação entre os dois. Heterozigoto: Possuem dois genes alelos diferentes. Homozigoto: Possuem dois genes alelos iguais. Diagrama utilizado para demonstrar um traço hereditário Símbolos dos heredogramas Tipos de Herança Autossômicas: Dominantes ou Recessivas. Ligadas ao sexo: Ligadas ao X (Dominantes ou Recessivas), Ligadas ao Y - holândrica e Influenciada pelo sexo. Herança autossômica dominante 1) O fenótipo não salta gerações: todos afetados tem um genitor afetado. 2) Filho de genitor afetado tem um risco de 50% de herdar o fenótipo. 3) Familiares normais não transmitem o fenótipo para seus filhos. 4) Homens e mulheres têm a mesma probabilidade de transmitir o fenótipo para ambos os sexos. Acondroplasia Conceito: nanismo - distúrbio de crescimento decorrente de deficiência da ossificação. Incidência: 1:10.000 Aspecto genético: gene autossômico dominante (FGFR3); mutações novas (80%). Retinoblastoma Conceito: tumor ocular que cresce em direção ao vítreo. Incidência: 1:20.000. Aspecto genético: gene normal suprime o crescimento tumoral Osteogênese imperfeita Conceito: defeito na formação óssea (colágeno tipo I) Aspecto genético: expressividade variável Herança autossômica recessiva 1) Expressam-se apenas em homozigotos (herdam um alelo mutante de cada genitor). 2) O fenótipo salta gerações. 3) Os pais do indivíduo afetado, em alguns casos são consanguíneos. 4) Ambos os sexos têm a mesma probabilidade de serem afetados. Albinismo Conceito: hipopigmentação da pele, cabelos e olhos Aspecto genético: bloqueio na síntese de melanina (ausência da tirosinase nos melanócitos. Anemia falciforme Conceito: hemoglobinopatia causada pelo afoiçamento das hemácias e adesividade do endotélio Aspecto genético: substituição do glutâmico pela valina na cadeia β do gene da hemoglobina [GTG GAG]. Estado heterozigoto → traço falciforme (HbAS). Fenilcetonúria Conceito: defeito no metabolismo de fenilalanina. Aspecto genético: a fenilalanina ou seus metabólitos, em grandes quantidades, são tóxicos para o SNC inibindo o desenvolvimento da mielina. Herança recessiva ligada ao X 1) Ocorre com maior frequência em homens: a manifestação nas mulheres ocorre somente em dose dupla (homozigose XaXa ), já nos homens aparece mesmo com o gene em dose única, pois só possuem um cromossomo X (hemizigose XaY). Distrofia muscular de Duchene Conceito: alteração da fibra muscular entre 3 e 5 anos. Aspecto genético: gene distrofina (XP21); ligador entre a laminina extracelular e actina intracelular (músculo e neurônios do córtex cerebral). Herança dominante ligada ao X 1) Padrão de herança muito raro 2) Os filhos de ambos os sexos de portadores possuem um risco de 50% 3) Pai alterado passa alelo para a filha e não para o filho. Raquitismo hipofosfatêmico Conceito: retardo do crescimento devido à ossificação anormal Aspecto genético: baixa absorção renal de fosfato; mulheres apresentam o fenótipo mais suave. Herança ligada ao Y - holândrica Hipertricose auricular São transmitidos autossomicamente, porém só se expressam em um sexo. Caráter não penetrante no sexo feminino. Herança influenciada pelo sexo Calvície Inativação do cromossomo X Mulheres são diferentes dos homens em relação ao produtos proteicos destes genes. Compensação de dose Inativação do cromossomo X nas mulheres – aleatoriamente (hipótese de Mary Lyon), assegura o produto gênico similar aos homens. Massa de cromatina corada exclusiva das mulheres: cromossomo X altamente condensado e inativo. Gene XIST (centro de inativação) produz um produto de RNA que recobre o cromossomo X inativo. Fatores que afetam a expressão dos genes causadores de doenças Mutação nova Risco de recorrência para irmãos é muito baixo Risco de recorrência para os filhos é substancialmente aumentado Acondroplasia: 7/8 dos casos: mutações novas 1/8 dos casos: herdado de um genitor afetado Mosaicismo Penetrância incompleta Retinoblastoma (AD): 10% dos portadores da mutação não apresentam a doença – penetrância do genótipo causador é de 90%. Penetrância incompleta dependente da idade Autossômica dominante: sintomas observados após os 30 anos de idade. Exemplo: Doença de Huntington. Expressividade variável: neurofibromatose tipo I (AD): Um parental com expressão branda da doença pode transmitir o alelo para a criança que pode ter uma expressividade severa. Fatores que afetam a expressividade: ambiente (dieta, exercícios, cigarro) que causam mutações e afetam a heterogeneidade alélica e clínica. PADRÕES DE HERANÇA MONOGÊNICAS NÃO CLÁSSICA: Herança mitocondrial, herança de imprinting e herança de expansõesrepetidas Herança mitocondrial Hereditariedade não mendeliana Porque a herança mitocondrial é somente materna? Heteroplasmia: mistura de populações diferentes de mitocôndrias Expressividade variável: quanto maior o número de cópias alteradas, maior é a severidade da doença. Penetrância reduzida Órgãos com grande demanda de ATP são seriamente afetados pelas doenças mitocondriais. Quadros clínicos: cegueira, surdez, epilepsia, cardiomiopatia etc. Herança de Imprinting Quando o alelo de um genitor sempre determina o fenótipo, e o outro alelo, embora presente e não mutado, não é expresso. O imprinting genômico é um processo biológico onde um gene ou grupo de genes é marcado bioquimicamente com informações sobre sua origem parental: fenômeno epigenético. Quanto tempo dura? A maquinaria nuclear mantém essas marcas mesmo durante os ciclos de divisão celular: células filhas carregarão o mesmo imprinting de suas células mães: herança epigenética. Como ocorre? Durante o desenvolvimento dos gametas ocorre a desmetilação do genoma e, após a maturação destas células, ocorre a metilação “novamente“. Este mecanismo não é completamente esclarecido: controle Centro de Imprinting (IC). Mecanismo ainda não esclarecido: controle do centro de imprinting – ocorre durante o desenvolvimento e maturação dos gametas. Quebra a regra usual: no imprinting apenas um dos dois alelos será expresso. Principais locais de imprinting Atualmente conhece-se cerca de 60 genes que sofrem este processo, mas estima-se a existência de cerca de 200. Região 11p15.5: Síndrome de Beckwith-Wiedemann (contendo ao menos 8 genes imprintados). Região 15q11-q13: Síndromes de Prader-Willi e Angelman (contendo mais de 10 genes imprintados). Síndrome de Prader-Willi Deleção 15q11-q13 do cromossomo de origem PATERNA (80%); Os alelos maternos estão “imprintados” e os paternos deveriam expressar a informação genética (não há informação gênica). Fenótipo: Hipotonia; Dificuldades alimentares; Hipogonadismo; Atraso psicomotor; Atraso estaturo-ponderal; Obesidade; Braquidactilia; Baixa estatura; Atraso mental moderado. Síndrome de Angelman Deleção 15q11-q13 do cromossomo de origem MATERNA (80%); Os alelos paternos estão “imprintados” e os maternos deveriam expressar a informação genética (não há informação gênica). Fenótipo: Hipotonia; Retardo mental; Ataxia; Risadas paroxísticas; Epilepsia; Ausência de fala; Mandíbula proeminente. Expansões repetidas instáveis Expansão dentro de um gene afetado de segmentos de DNA em unidades repetidas de três ou mais nucleotídeos em tandem. População normal possui alelos selvagens polimórficos ➔ A medida que o gene é passado de geração para geração ➔ Aumento no número de repetições (erros durante a replicação) - Expansão. Antecipação genética Algumas doenças hereditárias começam mais cedo e seguem um curso mais grave à medida que passam através das gerações. ➔ Condições primariamente neurológicas ➔ Dominante, ligado ao X ou recessivo ➔ Forma sutil ou grave Doença de Huntington Distúrbio da poliglutamina (relacionado a distúrbios neurodegenerativos) Descrita em 1872 por George Huntington Neuropatologia: degeneração do estriado (problemas com movimento) e do córtex (problemas emocionais, cognitivos e psiquiátricos). ➔ Aparecimento na meia-idade variável: anomalias motoras ➔ Repetição: códon CAG (glutamina) ➔ huntingtina ➔ Quanto maior a expansão ➔ mais cedo o início da doença Como um indivíduo vem a ter a repetição CAG no seu gene? Síndrome do X-frágil ➔ Principal causa de retardo mental depois da síndrome de Down ➔ Expansão repetida CGG no primeiro éxon do gene FMR1. ➔ Ligada ao X recessiva -1:4000 nascidos masculinos ➔ Marcador citogenético no cromossomo X (Xq27.3) “ponto frágil” “Mutação completa” Expansões levam a excessiva metilação de citosinas no promotor do FMR1 ➔ alta condensação da cromatina “ponto frágil” ➔ impede a tradução. Fenótipo: macroorquidismo➔ macrocefalia; face longa e estreita; mandíbula proeminente; orelhas compridas; lábio superior fino; palato arqueado; ptose palpebral; frouxidão articular; disfunção hipotalâmica.
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