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222 Implantação da metodologia TPM (Total Productive Maintenance) em equipamentos CNC Autor: Gustavo Fagundes Tonielo Profesor Orientador: Ms. Valmir Tadeu Fernandes* Faculdade Politécnica de Jundiaí Resumo Introdução Para continuar no mercado competitivo as empresas precisavam implantar uma nova maneira de trabalhar, pois os equipamentos foram projetados para produzirem durante todo o período em que estão programados para trabalhar, mas isso infelizmente não ocorre devido ao elevado número de perdas, tais como: Quebras e Falhas; Preparação; Troca de ferramenta; Manutenções preventivas; Reuniões, almoço, limpeza da máquina e outros. São estas perdas que pretende-se eliminar ou amenizar durante o trabalho, principalmente a redução do número de quebras e falhas, foco da Manutenção Autônoma. Fazendo referência as exigências de mercado com foco na obtenção dos resultados através da melhoria da condição dos equipamentos, aumentando a confiabilidade e a qualidade. O foco principal deste trabalho será no pilar de Manutenção Autônoma a partir do aumento da eficiência da produção, satisfação dos colaboradores e da confiabilidade dos equipamentos. Através de seus indicadores, procedimentos, análises e adequações, as perdas que ocorrem cotidianamente dentro do ambiente fabril são tratadas como situações inerentes ao processo, que na verdade ocorrem devido ao não conhecimento de quanto financeiramente se perde. A função é de coletar dados no chão de fábrica e desenvolver alguns indicadores para que se possa mensurar se a metodologia está sendo aplicada de maneira correta e se o mesmo apresenta os resultados esperados Palavra-chave: Manutenção Total Produtiva (TPM), implantação, indicadores. * Bolsista FUNADESP As empresas vêm passando ao longo das últimas décadas por revoluções estruturais marcantes, palavras como: gestão da qualidade, confiabilidade, produtividade, satisfação dos clientes, globalização, saúde ocupacional, entre outras fazem parte do vocabulário de todos os níveis organizacionais dentro de uma empresa. Uma forte onda foi criada para que todos os itens acima descritos e muito mais outros façam parte da rotina funcional da empresa, visando manter a competitividade, a qualidade de seus produtos, pois a concorrência hoje é muito mais crucial do que era há dez anos e ficará pior com o decorrer destes anos. Cada vez mais as empresas tem necessidades de se adequarem as crescentes exigências do mercado, introduzindo novas técnicas e metodologias de gestão no dia a dia de suas atividades. Para incorporar esta demanda de informações as empresas contam principalmente com a capacitação técnica de seus colaboradores. Devido a tudo isso, as empresas vêm adotando programas para que cada um dos itens decritos acima possa evoluir de maneira positiva, indo de encontro às estratégias da alta administração das empresas. O foco deste trabalho está em avaliar a implantação de um desses programas que visa acima de tudo aumentar a capacitação dos operadores, aumentar a confiabilidade das máquinas da empresa e outros não menos importantes como: aumento do rendimento global do equipamento, zero acidentes, melhoria contínua. 223 O fator humano, baseado tanto na evolução da capacitação técnica, quanto na otimização dos trabalhos executados pelas pessoas são imprescindíveis ao sucesso de qualquer empreendimento. A reeducação e a pró-atividade para as ações de prevenção no século XXI são grandes aliados ao sucesso das organizações. TPM (Total Productive Maintenance) Cenário em que nasceu o TPM A mentalidade e a metodologia da Manutenção Preventiva foram desenvolvidas nos Estados Unidos e consistem os fundamentos do TPM. A Manutenção Preventiva se desenvolveu gradativamente nos Estados Unidos e foi sendo introduzida no Japão da seguinte maneira: √ Manutenção Preventiva (Preventive Maintenance - PM): nasceu à partir de 1951 e se baseava no princípio de que a manutenção preventiva é a medicina preventiva do equipamento, onde por meio de ações preventivas a manutenção conseguia prevenir a quebra / falha (doença), prolongando a vida útil do equipamento.; √ Manutenção por Melhoria (Corrective Maintenance - CM): nasceu à partir de 1957, onde a mentalidade de prevenção de quebra / falha foi melhor desenvolvida através de melhorias no equipamento.; √ Prevenção da Manutenção (Maintenance Prevention - MP): nasceu à partir de 1960, onde a mentalidade de se construir um equipamento com o perfil ideal, ou seja, projetar equipamentos que não necessitem de manutenção.; A Manutenção do Sistema de Produção é o conjunto de atividades que visam elevar a produtividade do equipamento através da : Manutenção Preventiva (PM), Manutenção por Melhoria (CM) e Prevenção da Manutenção (MP), considerando todo o ciclo de vida do equipamento. Adicionando a esse conceito a participação de todos (T) dá-se origem no Japão ao TPM (Total Productive Maintenance). Origem do TPM O TPM surgiu e se desenvolveu inicialmente na indústria automobilística e rapidamente passou a fazer parte da cultura organizacional de empresas como Toyota, Mazda e Nissan, e ainda de seus fornecedores e filiais. Posteriormente também foi introduzido em outras indústrias de eletrodomésticos, eletrônicos, máquinas, plásticos, filmes, etc. As indústrias de processo contínuo aproveitando-se de sua experiência em manutenção preventiva, também iniciaram a implantação do TPM. Inicialmente as atividades de TPM se limitaram aos departamentos diretamente relacionados com os equipamentos. Entretanto, os departamentos administrativos e de apoio, uma vez que apoiavam ao TPM na produção, o aplicam também para melhorar a eficácia de suas próprias atividades. 224 Definição do TPM A sigla TPM, Manutenção Produtiva Total, traduzida do inglês Total Productive Maintenance foi criada em 1971, para expressar as atividades de todos funcionários na manutenção da produção. Entretanto, o TPM se aplica por toda a empresa, inclusive nos departamentos administrativos, sendo que o “M” assume o novo papel de gerenciamento (Management). Objetivos e Características do TPM O objetivo principal do TPM é o fortalecimento da estrutura empresarial através da eliminação das perdas, acidente zero, quebra zero, etc. Dentre estas perdas a que possui maior desdobramento é a quebra. Os defeitos no processo ou produto, ocorrem na sua maioria quando foram realizadas alterações nas condições operacionais estabelecidas ou transtornos nos serviços, bem como durante o retorno à operação após serviços de reparo. Portanto, não é exagero afirmar que para se atingir acidentes zero, defeitos zero, custos zero o foco inicial de atuação deve ser a quebra zero. O TPM possui algumas características das quais se destacam: √ Participação total de todos os funcionários; √ Estabelecimento de metas (zero) visando a eliminação de todas as perdas; √ Desenvolver a mentalidade das pessoas, utilizando o equipamento como material de aprendizado; √ Realizar atividades onde as perda ocorrem (Genba1); √ Tornar o TPM parte da rotina de trabalho; √ Evidenciar as atividades, tornar visível os resultados; √ Reduzir custos, o TPM deve ser lucrativo. Objetivos Este trabalho de iniciação científica visa o todo o desenvolvimento da metodologia do TPM em equipamentos CNC (tornos e centros de usinagem, englobando desde a fase de implantação até a avaliação dos resultados obtidos, que a princípio é o fortalecimento da estrutura empresarial à partir do aumento da eficiência da produção. 225 Outros resultados tangíveis que este trabalho almeja alcançar são: √ Aumento: produtividade, OEE (rendimento global da máquina), giro de estoque, satisfação dos colaboradores (através do aumento de sugestões), da capacitação dos operadores e da confiabilidade dos equipamentos; √ Diminuição: número de quebras e falhas, reclamações de clientes, defeitos, custos de produção, estoque de produtos, acidentes e poluição ambiental. Desenvolvimento Identificação do Objeto de Estudo O objeto de estudo deste trabalho são equipamentosCNC (comando numérico computadorizado). Esses equipamentos estão em diferentes fases de implantação do TPM, fornecendo assim uma boa base de dados para a coleta de indicadores. Segue tabela com os equipamentos utilizados durante o estudo e sua respectiva etapa de implantação do TPM. 226 Coleta de Dados para Criação de Indicadores A função de coletar dados no chão de fábrica é desenvolver alguns indicadores para que se possa mensurar se a metodologia do TPM está sendo aplicado de maneira correta e/ou se o mesmo apresenta os resultados esperados. Os dados serão coletados juntamente com os operadores para que os mesmos possam também realizar a análise de como o TPM está se desenvolvendo. Alguns dos indicadores que foram implementados durante o período do trabalho são: √ Quantidade de horas de máquina parada por manutenção emergencial; √ Quantidade de quebras emergenciais; √ Quantidade de acidentes com ou sem afastamento; √ Quantidade de anomalias encontradas através de etiquetas (verdes, vermelhas, azuis e total); √ Média de anomalias encontradas através de etiquetas (verdes, vermelhas, azuis e total); √ Quantidade de anomalias solucionadas através de etiquetas (verdes, vermelhas, azuis e total); √ Quantidade de melhorias de manutenção autônoma4 implementadas e sugeridas; √ Quantidade de LPP5s (Lições Ponto a Ponto) elaboradas e sugeridas; Vale a pena ressaltar que durante a implementação novos indicadores podem ser adicionados dependendo da necessidade de se mensurar alguma variável. A maioria dos apontamentos necessários para a coleta dos indicadores serão feitas mensalmente e tabuladas em gráficos que ficarão expostos em um quadro de gestão visual denominado: Quadro de Atividades da Manutenção Autônoma. Cada máquina possuirá um quadro, onde estarão os valores mensais de cada indicador, onde através do acompanhamento mensal, os operadores conseguirão avaliar o estado de seu equipamento e o grau de maturidade do TPM. 227 Descrição das atividades Desde o início do trabalho de iniciação científica foram desenvolvidas atividades com o intuito de aplicar a filosofia do TPM em equipamentos CNC, criando-se procedimentos de trabalho, promovendo o aumento da capacitação técnica dos colaboradores envolvidos e fazendo com que os colaboradores inspecionem seus equipamentos para que os objetivos do TPM sejam alcançados. Para a realização do trabalho de estágio, foram utilizados oito equipamentos do departamento de Matrizaria da ThyssenKrupp. Esses equipamentos se encontram em diferentes etapas de desenvolvimento do TPM, para que se possa fazer uma melhor avaliação do programa. Dois equipamentos: um centro de usinagem Makino (inventário 3772) e um torno CNC Traub (inventário 2779), foram incluídos dentro do TPM depois do início dos trabalhos. Para esses dois equipamento foram realizados todas as atividades de iniciação no TPM, onde uma dessas atividade se intitula: Dia da Grande Limpeza, em que os colaboradores que fazem parte do grupo autônomo do equipamento se reúnem durante um dia inteiro para realizar uma limpeza e inspeção na máquina. Essa atividade dá início ao TPM naquele equipamento, onde em média costuma-se encontrar em média de cem a trezentas anomalias. Durante este evento o grupo autônomo passa o dia inteiro limpando a máquina, onde primeiramente é feita a “limpeza grossa” que seria a retirada da sujeira propriamente dita. Após terminada esta fase e realizada a “limpeza fina” que é a momento mais importante da limpeza, pois nesse momento o grupo autônomo inicia seu trabalho de inspeção em toda a máquina. Nesse momento toda e qualquer anomalia encontrada no equipamento é anotada através das etiquetas colocadas na máquina. 228 Após a grande limpeza o grupo autônomo se reúne semanalmente para discutir as anomalias detectadas no dia da Grande Limpeza, para isso os grupos utilizam formulários para o preenchimento das etiquetas e discussão dos problemas. Durante este período o grupo elabora um plano de limpeza e inspeção do equipamento, onde diariamente todos os turnos de trabalho do equipamento realizam as atividades de limpeza e inspeção, de maneira que todos os pontos do equipamento sejam limpos e inspecionados durante a semana, com isso o grupo autônomo além de continuar a identificar as anomalias do equipamento, também o mantém em ótimas condições de limpeza. Conforme o plano de limpeza e inspeção é aplicado novas etiquetas surgem e outras são solucionadas, fazendo com que durante as reuniões dos grupos sempre haja anomalias a serem discutidas. Durante esta discussão além de serem agendadas as datas para a solução das melhorias, o grupo sugere melhorias de manutenção autônoma e temas para a elaboração de LPPs. Esse ciclo segue durante aproximadamente oito meses, pois esse é o período que o grupo necessita para realizar todas as atividades e assimilar toda a troca de cultura que o TPM oferece. Após esse período se o grupo autônomo possuir maturidade suficiente dentro das atividades do TPM são iniciados os processos de auditoria para a troca de Etapa que são divididas em três: √ Auditoria de primeiro nível: o grupo é auditado pelo coordenador de TPM do departamento e pelo líder do grupo; √ Auditoria de segundo nível: o grupo é auditado pelo líder do pila de manutenção autônoma e pelo chefe de divisão do equipamento; √ Auditoria de terceiro nível: o grupo é auditado pelo gerente do departamento, por um gerente de outro departamento e por um membro do comitê executivo6 Durante o período de estágio nenhum equipamento entrou em processo de auditoria, mas dentro do departamento de Matrizaria existem dois equipamentos que já passaram pelo processo e foram aprovados realizando trabalhos da etapa 2. A próxima etapa realizada no trabalho foi o desenvolvimento e criação de indicadores para a avaliação da implementação do TPM, esse dados são colhidos mensalmente no quadro de atividades de manutenção autônoma de cada equipamento. A seguir segue um detalhamento melhor de cada indicador. Quantidade de horas de máquina parada por manutenção emergencial Este indicador fornecerá dados sobre o tempo de máquina parada mensalmente por motivos de manutenção emergencial (corretiva). Os operadores apontarão os dados das quebras ocorridas no período através da transação IW39 (exibir ordens de serviço de manutenção) do software SAP. 229 Os dados levantados pelos operadores serão tabulados, para que se obtenha gráficos de acompanhamento deste indicador. Este indicador juntamente com o próximo, quantidade de quebras emergenciais, são os de maior importância, pois refletem diretamente em um dos principais focos do TPM e do pilar de manutenção autônoma, que é a busca pela quebra zero, ou seja, a máquina ou equipamento não pode quebrar durante o período no qual está programado para operar. Quantidade de quebras emergenciais Este indicador fornecerá dados sobre o tempo a quantidade de quebras ocorridas mensalmente. Assim como o indicador de número de horas emergenciais, os dados serão apontados pelos próprios operadores através da mesma transação IW39 (exibir ordens de serviço de manutenção) do software SAP. Quantidade de acidentes com ou sem afastamento Este indicador irá avaliar um dos itens que vem ganhando destaque nas corporações que é a segurança e saúde ocupacional de seus colaboradores. Os operadores irão apontar os valores dos acidentes no quadro de atividades da manutenção autônoma mensalmente. Quantidade de anomalias encontradas através de etiquetas Durante a todas as sete etapas de desenvolvimento do TPM os grupos autônomos7 estarão realizando uma das mais importantes tarefas da manutenção autônoma: a limpeza e inspeção do equipamento. Diariamente os membros dos grupos autônomos realizarão atividades de limpeza e inspeção de seu equipamento em todos os turnos de trabalho. Durante a limpeza e inspeção o operador entrará em contato com a máquina, onde através de seus sentidos irá identificar anomalias. As anomalias identificadas serão identificadas atravésde etiquetas de cores diferenciadas para cada tipo de anomalia: Etiqueta verde: são utilizadas para assuntos relacionados com a segurança e saúde ocupacional dos operadores, onde qualquer situação insegura que a máquina possua deverá 230 ser etiquetada. Etiqueta vermelha: são utilizadas para anomalias que podem ser solucionadas apenas pelos mantenedores, pois os operadores ainda não possuem o conhecimento necessário para atuar sobre a mesma. Um exemplo é o caso de painéis elétricos em que os operadores não podem atua, pois correm o risco de choque elétrico. Etiqueta azuis: são utilizadas para anomalias que podem ser solucionadas pelos próprios operadores das máquinas, pois possuem conhecimento suficiente para efetuar a troca, reparo ou limpeza. No início do TPM o número de etiquetas vermelhas é muito superior, pois os operadores não possuem muita capacitação, mas com o andamento do TPM, onde os operadores adquirem capacitação, essa situação irá se inverter. Com posse dessas informações os operadores realizam atividades de etiquetagem da máquina para a descoberta das anomalias, as quais serão discutidas em reuniões semanais com duração de uma hora, onde são discutidos as anomalias e prazos para a resolução das mesmas são estipuladas. Mensalmente os dados de quantidade de etiquetas colocadas e retiradas dos equipamentos são tabuladas e inseridas no quadro de manutenção autônoma, servindo depois como indicador do número de anomalias que a máquina possui e se os membros do grupo autônomo estão conseguindo identificá-las. Média de anomalias encontradas através de etiquetas Assim como o indicador anterior, com 231 posse dos valores de etiquetas colocadas e retiradas podemos utilizá-las para medirmos a taxa de colocação de etiquetas, conseguindo mensurar com isso, se o equipamento está sofrendo melhora. Quantidade de anomalias solucionadas através de etiquetas Assim como os indicadores anteriores, com posse dos valores de etiquetas retiradas podemos utilizá-las para medirmos se o departamento de manutenção está conseguindo atuar na retirada de etiquetas, ou seja, solucionando as anomalias detectadas. Quantidade de melhorias de manutenção autônoma (implementadas e sugeridas) As melhorias de manutenção autônoma consistem em uma poderosa ferramenta dentro da filosofia do TPM, onde os grupos autônomos durante suas reuniões semanais ao discutirem sobre as anomalias encontradas em seu equipamento, sugerem melhorias a serem realizadas no mesmo. As melhorias visam como o próprio nome diz, fazer com que o equipamento tenha suas características melhoradas tomando como referência a condição original do equipamento, ou seja, qualquer restauração de deteriorações não é considerada uma melhoria. Essas melhorias são cadastradas em formulário padrão, contendo a descrição da melhoria, foto da situação atual e anterior e o potencial de ganho obtido. Os grupos autônomos no final de todo mês atualizam o quadro de atividades de manutenção autônoma com a quantidade de melhorias sugeridas e implementadas, com isso conseguimos mensurar se o grupo está realmente analisando a fundo as anomalias de seu equipamento, já que só se é possível sugerir uma melhoria quando uma discussão profunda sobre as anomalias acontece. Quantidade de LPPs (Lições Ponto a Ponto) elaboradas e sugeridas Dentro da filosofia do TPM o aumento da capacitação dos colaboradores envolvidos no programa é um ponto fundamental para que se obtenham os resultados esperados, por isso justifica-se a necessidade de um dos pilares do TPM se dedicar apenas a atividades de treinamento. A LPP (Lição Ponto a Ponto) é uma 232 ferramenta de treinamento que consegue disseminar conhecimento com grande velocidade e para um elevado número de pessoas utilizando uma simples folha que contém a mensagem ou conhecimento a ser transmitido. Para a sua elaboração, os grupos autônomos durante as reuniões semanais, discutem as anomalias que foram identificadas através de etiquetas. Quando algum assunto discutido não for de conhecimento de todo grupo autônomo, sugere-se então a criação de uma LPP para que o conhecimento do grupo fique nivelado. As LPPs podem tratar de assuntos como: √ Conhecimentos básicos: para situações onde o colaborador necessite de conhecimentos básicos para a execução das atividades da manutenção autônoma, tais como limpeza, inspeção, lubrificação e aperto de porcas e parafusos, ou então, em um estágio mais avançado do TPM, o conhecimento dos componentes da máquina e como repará-los; √ Exemplos de melhorias: quando o grupo autônomo realiza uma melhoria de manutenção autônoma e a mesma implica em um novo procedimento a ser seguido pelo grupo autônomo; √ Exemplos de problemas: quando o grupo autônomo reflete sobre as anomalias detectadas no equipamento, este pode padronizar a melhor método de se solucionar o problema através da LPP; √ Segurança: são utilizadas para identificarem locais e atitudes inseguras e também para lembrar aos colaboradores que segurança está sempre em primeiro lugar. A LPP é confeccionada em um padrão A2 para facilitar a demonstração para os integrantes. A seguir tem-se um exemplo de uma LPP. A quantidade de LPPs sugeridas e elaboradas são atualizadas mensalmente no quadro de atividades de manutenção autônoma juntamente com os valores de melhorias de MA. Com esses indicadores consegue-se mensurar o quanto o grupo está desenvolvendo seu conhecimento sobre seu equipamento. Análise do Dados obtidos dos Indicadores Através do uso dos indicadores detalhados no capítulo anterior, foram levantados dados referentes as oito máquinas que participam do TPM dentro do departamento de matrizaria durante o período que vai de julho de 2003 até abril de 2004. Os dados foram levantados mensalmente nos quadros de atividades de manutenção autônoma de cada um dos grupos autônomos, alimentando as planilhas de indicadores as quais geraram os gráficos que serão exibidos na análise dos dados. Para que se obtenha dados concretos é necessário fazer com que os colaboradores 233 integrantes dos grupos autônomos se sintam responsáveis pelo apontamento correto dos dados e entendam a sistemática de apontamento, caso contrário, os mesmos farão os apontamentos de qualquer maneira. Análise da quantidade de quebras e tempo gasto na solução Durante o apontamento destes indicadores foram plotados os seguintes gráficos: Através da análise deste gráfico podemos notar que de julho/2003 à outubro/2003 o número de quebras estava em ascensão, mas após outubro/2003 o número de quebras diminuiu e o número de horas gastas em manutenção também chegando a quase zero. Após fevereiro/2004 houve um pequeno acréscimo no número de quebras mas o número de horas gastas se manteve, indicando que as quebras acorridas após o período demoraram menos para serem solucionadas. Este fato ocorreu devido ao fato da máquina estar em melhores condições possuindo quebras não tão graves e também porque a manutenção gasta menos tempo limpando a máquina antes de efetuar o reparo. Análise da Quantidade de acidentes Com os resultado do apontamento mensal plotou-se o gráfico 2. Neste indicador fica claro que os colaboradores estão envolvidos com assuntos de segurança e se preocupam com a própria saúde ocupacional, pois durante todo o período apenas um acidente ocorreu em janeiro/2004. Com relação ao acidente ocorrido já foram tomadas atitudes para a prevenção de novos acidentes. Quantidade de anomalias encontradas através de etiquetas Com os resultado do apontamento mensal plotou-se o gráfico 3. 234 235 Os gráficos mostram o número de anomalias encontradas pelo grupos autônomos durante o período, onde os valores oscilam de acordo com a incidência de anomalias e com o aumento do olho crítico dos operadores. Em outubro/2003 houve um salto no valor das etiquetas em seu total, devido ao fato de duas máquinas realizarem Grandes Limpezas, que como dito antes, coloca-se em média de 100 a 300 etiquetas. Após setembro/2003 os valores sofrerão uma queda natural,pois o equipamento já não possui tantas anomalias e os colaboradores precisam reciclar a percepção. Em março/2004 foi realizado exercícios para os colaboradores treinarem o “olho crítico” na detecção de problemas, o resultado já apareceu em março, abril com um aumento no número de etiquetas colocadas e retiradas. No geral o número de etiquetas vermelhas será maior que o azuis, pois neste momento os operadores não estão capacitados para desenvolverem todas as funções de manutenção do equipamento. Com o passar do tempo e com o aumento da capacitação dos operadores, este quadro deve se inverter. Quantidade de melhorias de manutenção autônoma (implementadas e sugeridas) Com os resultado do apontamento mensal plotou-se o gráfico: A quantidade de melhorias de manutenção autônoma passaram por meses de estagnação devido ao grupo autônomo ainda não entender o significado e importância das melhorias para o equipamento. Após uma reformulação do treinamento formal de melhorias e do acompanhamento mais focado nos trabalhos dos grupos autônomos, a quantidade de melhorias saltou de 26 em março/2004 para 58 em abril/ 2004. Além disso há a previsão do número chegar a 100 melhorias em maio/2004. Quantidade de LPPs (Lições Ponto a Ponto) elaboradas e sugeridas Com os resultado do apontamento mensal plotou-se o gráfico: 236 Durante o período de amostragem as LPPs também se mantiveram constantes, como a filosofia do TPM prega um número elevado de LPPs, pois aumentam a capacitação dos colaboradores, o curso formal de LPP sofreu reformulação e os resultados apareceram em março/2004. Ainda estão sendo feitos esforços para manter os grupos autônomos para elaborarem as LPPs. Nas reuniões semanais dos grupos autônomos, o assunto sobre a importância de se elaborar LPPs vem sido debatido incansavelmente na tentativa de se quebrar este paradigma. Conclusão A metodologia do TPM se mostra de grande importância dentro de um ambiente corporativo, onde através de inúmeras ferramentas pode-se alcançar baixos níveis de quebras de equipamentos, acidentes com os colaboradores, horas utilizadas para a solução de quebras, etc. Para a implantação da metodologia é necessário que todos os níveis hierárquicos da empresa estejam comprometidos e que cada colaborador cumpra seu papel. Durante o desenvolvimento do trabalho pude conviver com equipamentos em diversas situações e estados de conservação, apresentando um grande potencial de ganho com a implantação do TPM. Os equipamentos se encontravam em etapas diferentes de desenvolvimento da metodologia, proporcionando uma grande variedade de situações e aprendizados. Para o desenvolvimento deste trabalho o auxílio dos colaboradores pertencentes aos grupos autônomos do departamento de matrizaria foi de suma importância, pois todos sem exceção, mostraram comprometimento para com a implantação e utilização das ferramentas do TPM. Através dos índices coletados, pode-se analisar que houve grande progresso no sistema, vemos que todos se empenharam na implantação e na obtenção dos resultados, gerando assim dados confiáveis, pois a melhoria é ponto fundamental na manutenção autônoma. Com tudo isso, os resultados não poderiam ser outros senão a melhoria da condição de trabalho dos operadores, o aumento de sua capacitação técnica, a diminuição do número de quebras, do tempo de reparo dos equipamentos, do número de acidentes (com ou sem afastamento) entre outros resultados. Com isso os equipamentos aumentaram sua produtividade pois estão mais disponíveis ao uso. Referências Bibliográficas LOSS PREVENTION CONSULTING & TRAINING. Introdução ao TPM. São Paulo: 2003. 11p. SUZUKI, T. TPM in Process Industries. São Paulo: 1994. SUZUKI, T. New Directions for TPM. [S.l., s.n.]. SHIROSE, K. TPM New Implementation Program in Fabrication and Assembley Industries. [S.l., s.n.]. THE PRODUCTIVITY DEVELOPMENT TEAM. OEE for Operators. [S.l., s.n.]. INFORMAÇÕES SOBRE A ThyssenKrupp. Informações gerais das três plantas. Disponível em: http://tkw1.krupp.com.br. Acesso em: 20 de mar. 2004. THE DEVELOPMENT OF TPM AND TPM3 . Disponível em: http://www.ctpm.org.au/. Acesso em: 23 de jun. 2004. TPM ARTICLES . Disponível em: http://www.plant- maintenance.com/maintenance_articles_tpm.shtml. Acesso em: 20 de jun. 2004. Notas 1 Genba: do japonês - local de produção, chão de fábrica. 2 Etapa 2 - segundo a metodologia TPM: “Eliminação das fontes de contaminação e locais de difícil acesso”, visando diminuir o tempo gasto nas atividades de limpeza e inspeção. 3 Etapa 1 - segundo a metodologia TPM: “Limpeza Inicial”, onde há a troca de cultura da empresa e de seus empregados. 4 Manutenção autônoma: um dos oito pilares de sustentação do TPM , onde se possui a maior participação dos operadores de máquina. 5 LPP (Lição Ponto a Ponto): é utilizada pelo pilar de manutenção autônoma como ferramenta que possibilita o aumento da capacitação técnica dos operadores. 6 Comitê Executivo: comitê formado pelo diretor responsável pelo TPM e pelos gerentes dos departamentos. 7 Grupos autônomos: grupos formados pelos operadores, líderes e mantenedores do equipamento para praticar o TPM. 4 implantacao_de_metodologia_222-236
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