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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA AMBIENTAL ESPECIALIZAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA E BIOPROCESSOS JUAN RAMOS COSTA A biotecnologia dos bioaromas: Ingredientes naturais de origem microbiana aplicado a aromas Maringá 2021 JUAN RAMOS COSTA A biotecnologia dos bioaromas: Ingredientes naturais de origem microbiana aplicado a aromas Short Review apresentado ao Curso de Especialização em Biotecnologia e Bioprocessos - EAD - turma 4, vinculado ao Programa de Pós-graduação em Biotecnologia Ambiental da Universidade Estadual de Maringá, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Biotecnologia e Bioprocessos. Orientador: Prof. Msc. Thomas Kehrwald Fruet Maringá 2021 FOLHA DE APROVAÇÃO JUAN RAMOS COSTA A biotecnologia dos bioaromas: Ingredientes naturais de origem microbiana aplicado a aromas Short Review apresentado ao Curso de Especialização em Biotecnologia e Bioprocessos (EAD), vinculado ao Programa de Pós-graduação em Biotecnologia Ambiental da Universidade Estadual de Maringá, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Biotecnologia e Bioprocessos e aprovado pela Comissão Examinadora composta pelos membros: COMISSÃO EXAMINADORA Prof. Msc. Thomas Kehrwald Fruet Orientador Universidade Estadual de Maringá Prof. Dr. Andressa Domingos Polli Universidade Estadual de Maringá Prof. Dra. Ravely Casarotti Orlandelli Universidade Estadual de Maringá Aprovado em: 27 de Fevereiro de 2021 . Defesa realizada por Webconferência DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais, pessoas que me incentivam a buscar conhecimento e me desenvolver a cada dia. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por me capacitar com sabedoria, o desejo pela busca do conhecimento é uma das virtudes cruciais para o crescimento humano. Aos meu pais, Hermes e Dilma deixo meu agradecimento pelo incentivo aos estudos, por me mostrarem que o conhecimento é o único valor que não pode ser tirado do homem. A minha esposa Hagda em especial agradeço o companheirismo, os conselhos nos momentos mais difíceis, seu apoio me ajuda a ser uma pessoa melhor a cada dia. Agradeço ao programa de pós graduação em biotecnologia ambiental a oportunidade de fazer parte da sua história como discente e de alguma forma poder contribuir em minha comunidade com conhecimento adquirido durante a especialização, deixo também um agradecimento especial ao meu orientador Thomas pela contribuição nesse trabalho, toda ajuda foi fundamental para que meu estudo fosse o mais consistente possível. EPÍGRAFE “Aprendi que a coragem não é a ausência do medo, mas o triunfo sobre ele. O homem corajoso não é aquele que não sente medo, mas o que conquista esse medo.” (Nelson Mandela) A biotecnologia dos bioaromas: Ingredientes naturais de origem microbiana aplicado a aromas Resumo A busca por alimentos mais saudáveis tem movimentado a indústria de ingredientes, a cada dia o consumidor tem entendido e se preocupado com os itens que consome. O mercado de aromas está em frequente mudanças com um crescimento que apresenta bons resultados nos últimos anos, fator esse ligado a inovações e mudanças do hábito do consumidor, a busca por aromas naturais tem crescido devido onda de saudabilidade que movimenta o setor alimentícios, grande parte dos aromas naturais disponíveis atualmente são oriundos de fontes vegetais, onde os extratos e óleos são extraídos através de processos físico-químicos. A produção de aromas por vias biotecnológica utilizando subprodutos agroindustriais se apresenta como uma boa alternativa para redução de custos de produção, vistos que os processos atuais requerem um grande volume de material vegetal onde o rendimento final não é alto. Nesse trabalho foram apresentadas algumas rotas biotecnológicas de produção, bem como subprodutos agroindustriais que estão sendo utilizados atualmente na produção da vanilina, acetoína e limoneno-1,2-diol. O resultado da pesquisa demonstra que é possível o desenvolvimento de bioaromas a partir de fontes naturais e que temos algumas boas iniciativas sendo desenvolvidas no Brasil, mas ao mesmo tempo que, é necessário um maior foco da comunidade acadêmica em pesquisas que avaliem outras fontes de carbono como o hidrolisado de milho, bem como o desenvolvimento e prospecção de microrganismos que sejam resistentes a meios de cultura que contenham d- limoneno, recurso abundante mas que possui algumas características de atividade antimicrobiana. Palavras-chave:Limoneno-1,2-diol. Acetoína. Vanilina. Agroindustriais. Biotransformação. 8 INTRODUÇÃO O aroma é um dos principais atributos constituintes dos produtos alimentícios, correlacionando-se diretamente com o sabor, que podemos definir como a riqueza de sensações que o paladar em conjunto com o olfato proporciona. Devido à a sua importância sensorial na característica do produto, o aroma é utilizado para intensificar, padronizar e/ou reconstituir o aroma/sabor e os odores dos produtos alimentícios, impedir alterações, caracterizar e melhorar o perfil sensorial (FANI, 2011). Características sensoriais em particular o aroma, têm efeito sobre a escolha do consumidor, sua percepção é um processo dinâmico de uma série de eventos e leva o consumidor à aceitação ou a rejeição de um produto (FISHER; SCOTT, 1997). Compostos de aroma e fragrâncias obtidos por processos biotecnológicos têm grande importância devido ao aumento da preferência do consumidor por aditivos alimentares naturais e outros compostos de origem biológica. Eles não apresentam uma função química específica: podem ser hidrocarbonetos, álcoois, cetonas, aldeídos, ácidos, ésteres ou lactonas (ésteres cíclicos), éteres etc. (FONTANILLE, 2002; SOARES et al., 2000; HUANG et al., 2001). Diversos estudos foram desenvolvidos no intuito de utilizar rotas biotecnológicas para produção de aromas naturais de maior valor comercial. A aplicação de resíduos de agroindústrias em bioprocessos é uma forma de utilizar substratos alternativos e, de alguma maneira, solucionar problemas de poluição que possam causar (PANDEY et al., 2000). Paulino (2014) disserta a biotransformação do limoneno em α-terpineol. Nesse trabalho foram utilizados Bacillus tequilensis isolados de diferentes fontes como biocatalisadores na produção desses compostos. Galvão (2014) verificou a potencialidade da produção de compostos voláteis a partir da fermentação submersa utilizando resíduos de goiaba, maracujá e umbu como substratos utilizando Aspergillus niger, Kluyveromyces marxianus e Kluyveromyces lactis. A aplicação de enzimas selecionadas foi explorada para produção de aromas a partir da degradação da pectina fazendo o uso da fermentação em meio sólido (UENOJO, 2003). Nesse sentido, diversas linhas de pesquisas têm estudado a utilização de resíduos agroindustriais na de produção de aromas, como meio de oportunizar e agregar valor ao resíduo gerado pela indústria no campo. A relevância do estudo e os materiais científicos contidos nesse trabalho está de acordo com a transformação do hábito dos 9 consumidores em todo mundo, a busca por alimentos naturais e com características clean label é discutido cada vez mais por grandes companhias que lideram o mercado mundial de alimentação. Pautado em evidências e nos estudos científicos, o presente trabalho tem por objetivo reunir informações a respeito das principais rotasbiotecnológicas para produção de aromas e fragrância MATERIAL E MÉTODOS Para identificar os estudos que abordam o tema realizados no Brasil, uma revisão de literatura na base de dados (SciELO, Google Acadêmico) foi realizada, também foram utilizados dados de sites institucionais do governo e organizações privadas para aquisição de dados do mercado. As palavras-chave utilizadas nas bases de busca foram: aroma, resíduo-agroindustrial, biotecnologia, microrganismos, fermentação sólida, vanilina, acetoína, limoneno-1,2-diol. As buscas não foram limitadas por língua ou data de publicação. A última busca foi realizada em 23 de janeiro de 2021. Para a seleção dos estudos, utilizou-se como critério de inclusão estudos realizados no Brasil, completos e que abordassem o aproveitamento de resíduos agroindustriais na produção de bioaromas com o emprego de microrganismo na biotransformação, em qualquer idioma ou ano de publicação. A seleção inicialmente foi realizada a partir de títulos, seguida por resumos, e quando selecionados, por leitura completa dos artigos. Foram analisados aspectos como o tipo de microrganismo utilizado, processo biotecnológico empregado e resultados alcançados. 10 REVISÃO DA LITERATURA Contexto histórico mercado e sua importância para indústria Historicamente, gregos e romanos perfumavam seus vinhos com flores, ervas e outros condimentos exóticos, trazidos da Ásia e Egito pelos mercadores. Na Europa, essas especiarias foram misturadas, também, aos alimentos para torná-los mais atrativos e sensorialmente agradáveis (CHIAPPINI, et al., 2005). Na Idade Média, as especiarias aromáticas eram usadas como conservantes em um tempo em que não havia refrigeração, os egípcios já temperavam utilizando, cominho, coentro, gergelim, tomilho, a canela era utilizada como agente adoçante, também já exploravam o mel para este fim, nesse mesmo período monges faziam extratos para aromatizar os alimentos (FEMA, 2018). A produção e utilização de aromas e fragrâncias em escala industrial começou no século XIX com a extração de substâncias químicas responsáveis pelo aroma característico a partir de materiais naturais, como plantas, frutos, folhas, entre outros (MULLER et al., 2011). A síntese de substâncias químicas aromáticas que reproduzissem tanto o sabor, quanto o odor característico dos naturais tornou-se comum dando origem a um novo ramo de especialidades químicas. A rápida ascensão de indústrias específicas deste novo campo durante os últimos 100 anos tem sido impulsionada por uma grande demanda de produtos que contém aromas e fragrâncias (MULLER et al., 2011). Na sociedade moderna as fragrâncias são muito utilizadas e estão presentes em diferentes ramos, desde produtos de higiene pessoal tais como perfumes, sabonetes, shampoos, loções de banho e muitos outros cosméticos, até produtos de uso doméstico e limpeza em geral (MULLER et al., 2011). A fragrância é uma mistura complexa de compostos químicos individuais comportando-se de acordo com seus próprios atributos. Caracterizar essas moléculas separadamente e combinar seus efeitos, possibilita o entendimento do comportamento da composição total da fragrância em diversos meios. Algumas propriedades importantes dos compostos químicos de fragrâncias incluem volatilidade, peso molecular e estabilidade (TEIXEIRA et al., 2010; ZARZO; 2012). A consultoria Leffingwell & Associates mencionam que aromas são um dos componentes mais importantes para indústria de alimentos e representam cerca de ¼ do mercado mundial de aditivos alimentícios, o mercado deste setor cresceu 7% em 11 US$, dólares americanos, de 2017 em relação a 2016 (LEFFINGWELL & ASSOCIATES 2017). Em 2018, o mercado de aromas e fragrâncias foi avaliado em US$ 28,2 bilhões (INDUSTRYARC, 2019). A IAL Consultants apontou em sua 11ª edição de seu relatório sobre os mercados globais de Flavors & Fragrances que o mercado deve crescer a uma taxa média anual de 4,9% ao ano, para alcançar aproximadamente US$ 36 bilhões em 2022. Do mercado mundial total, aromas representam aproximadamente 56% e fragrâncias para os 44% restantes. A Givaudan, a IFF, a Firmenich e a Symrise continuam ocupando as quatro primeiras posições no mercado global de sabores e fragrâncias. Suas vendas combinadas de sabores compostos e fragrâncias em 2017 representaram cerca de 44% do mercado mundial (IAL Consultants, 2020). A International Fragrance Association (IFRA) aponta que que as vendas da indústria de fragrâncias passam de 7,3 bilhões de euros (mais de 33 bilhões de reais) ao ano. A contribuição da indústria ao Produto Interno Bruto (PIB) global é de 2,5 bilhões de euros, segundo o estudo. Feito com base em dados de 2017 calculados em parceria com a consultoria PwC, o estudo não inclui Estados Unidos e Canadá, de modo que os valores globais são ainda maiores. Se incluída a contribuição à economia gerada na logística para transporte da matéria-prima, o valor agregado global é de 7,3 bilhões de euros (IFRA, 2020). No Brasil, o relatório da IFRA mostra que o valor agregado à economia é de 222 milhões de euros (mais de 1 bilhão de reais), respondendo por metade do mercado de fragrâncias da América Latina. O setor gera no país 1.300 empregos, segundo a associação (IFRA, 2020). A ciência dos aromas: naturais, idênticos ao natural e sintéticos Aromas são produtos adicionados aos produtos alimentícios para conferir, modificar ou intensificar o sabor dos alimentos, com exceção de realçadores de sabor, considerados aditivos alimentares. Os aromas não incluem substâncias que conferem sabor exclusivamente doce, ácido ou salgado como por exemplo: açúcar, vinagre e sal (IOFI, 2010). As substâncias químicas promissoras de aroma podem ser classificadas devido à sua origem, em aromas naturais e aromas sintéticos. Schrader et al. (2004) definem aroma natural como produtos derivados de bioprocessos a partir de substratos 12 naturais, os quais já foram identificados em plantas ou outras fontes naturais. Segundo ANVISA (2007), os aromas podem ser classificados com base na sua origem, os aromas naturais são obtidos exclusivamente mediante métodos físicos, microbiológicos ou enzimáticos, a partir de matérias-primas naturais. Estas são produtos de origem animal ou vegetal, aceitáveis para consumo humano, que contenham substâncias odoríferas e/ou sápidas, seja em seu estado natural ou após um tratamento adequado, como torrefação, enriquecimento, enzimático, fermentação, entre outros. Os aromas sintéticos são compostos quimicamente definidos, obtidos por processos químicos. Estes são subdivididos em aromas idênticos aos naturais e aromas artificiais. Os aromas idênticos aos naturais são obtidos por síntese e aqueles isolados por processos químicos a partir de matérias primas de origem animal, vegetal ou microbiana que apresentam uma estrutura química idêntica à referida como naturais (ANVISA, 2017) Os aromas artificiais são obtidos por síntese, que ainda não tenham sido identificados em produtos de origem animal, vegetal ou microbiana, utilizados por suas propriedades aromáticas, em seu estado primário ou preparados para o consumo humano (ANVISA, 2017) Os aromas artificiais tiveram seu primeiro registro histórico em 1851, em uma exibição no Palácio de Cristal de Londres, na qual doces de abacaxi, pera, maçã e uva haviam sido aromatizados com compostos sintetizados em laboratórios, ou seja, pela primeira vez sem envolver partes das próprias frutas. Em 1867, uma tabela de fórmulas de autoria de Kletzinsky para “essências de frutas artificiais” foi publicada no Dingler’s Polytechnisches Journal (SILVA, 2020). Consumidores, indústrias de alimentos, políticas governamentais e a mídia em geral tem despertado interesse cada vez maior nos alimentos nutricionalmente saudáveis. Assim,pesquisas em biotecnologia ganharam grande relevância nos últimos anos. Esta tecnologia está sendo utilizada para extração de bioaditivos alimentares, como por exemplo no uso de micro-organismos (ou suas enzimas) na elaboração de alimentos ou insumos para a indústria de alimentos. Os processos de obtenção devem atender aos dois critérios exigidos pelo novo mercado consumidor, considerando que os produtos sejam classificados como naturais e “ambientalmente amigáveis” (FELIPE; BICAS, 2016). 13 Produção biotecnológica de aromas O bioprocesso para produção de bioaromas ocorre por duas vias biotecnológicas: a síntese de novo e a biotransformação. A produção de aromas empregando-se apenas os meios de culturas convencionais é conhecido como processo de síntese de novo. Esses processos acontecem sem a adição de substratos especiais e dependem do arsenal metabólico do microrganismo para a produção de aromas. Em contrapartida, o processo de biotransformação tem como objetivo a utilização de um substrato especial e selecionado previamente, com isso parte da rota metabólica do microrganismo é capaz de biotransformar o substrato em um produto desejado (SERRA et al., 2005). O desafio na produção de aromas a partir de microrganismos está no conhecimento das vias metabólicas da formação dos compostos voláteis, sua natureza química, além das reações não enzimáticas que poderiam alterar ou destruir aromas desejáveis. A produção de aroma por células vivas depende, como qualquer processo fisiológico, de parâmetros exógenos, tais como técnica de produção, temperatura, aeração, pH, iluminação, agitação, atividade de água, pressão parcial dos gases e variedade de nutrientes e linhagem da cepa (GALVÃO, 2014). A composição do meio de cultura - fontes de carbono, nitrogênio e outros elementos são também fatores determinantes do tipo e quantidade dos compostos de aroma produzidos. Fosfatos e elementos traços, como ferro, zinco e magnésio estão envolvidos em várias etapas do metabolismo, consequentemente tem papel importante na produção de aroma, não apenas a presença como também a ausência, pode ser fundamental na produção destes compostos (ARMSTRONG; BROWN, 1994; AKSU;EREN, 2005). Os subprodutos da agroindústria são fontes de carbono proporcionando um meio importante para redução de custos de fermentação e minimizar problemas ambientais causados pela sua disposição, o que representa uma solução econômica e interessante para os países com uma abundância destes materiais, como é o caso do Brasil (GALEMBECK, 2010; VIRMOND et al., 2013). Em 2019 a BASF, uma empresa química alemã global e líder mundial na área química fez a aquisição da Isobionics, uma empresa de ingredientes de aroma baseada em biotecnologia, localizada em Geleen, na Holanda. A empresa desenvolve 14 e produz uma ampla gama de ingredientes naturais para o mercado de aromas e fragrâncias, com foco em componentes de óleo cítrico, como nootkatone e valenceno (BASF,2019). No Brasil,a Amyris, uma empresa americana de biotecnologia com sede em Emeryville (Vale do Silício) focada no desenvolvimento de ingredientes sustentáveis está construindo sua nova fábrica em Barra Bonita (SP), com investimentos em torno de US$ 75 milhões, a planta produzirá fragrâncias para cosméticos, essências para indústria alimentícia, onde utilizará xarope de cana como insumo em seu processo biotecnológico. Estima-se que a planta entre em operação em 2021, gerando cerca de 400 empregos na cidade. Subprodutos agroídustriais como substrato para produção de aromas Nos últimos 40 anos a produção agropecuária brasileira se desenvolveu de tal forma que o Brasil será o grande fornecedor de alimentos do futuro (CNA,2020). O agronegócio é o principal setor da economia brasileira, levantamento feito pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) mostra que o Valor Bruto da Produção atingirá R$ 728,6 bilhões em 2020, aumento de 11,8% sobre 2019, maior cifra em reais da história do setor. A expectativa é que o PIB do agronegócio passe a responder por 23,6% do total do País em 2020 no ano passado, ficou em 21,4% (CNA,2020). Segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA), a estimativa de produção mundial de açúcar para a safra 2019/20 será em torno de 174 milhões de toneladas. O Brasil deverá ser responsável pela produção estimada de 17,3% do açúcar mundial liderando o ranking dos maiores produtores, Tailândia e Índia figuram na segunda e terceira posição respectivamente. Fatores climáticos, principalmente disponibilidade hídrica, são os fatores que mais influenciam a produção (IEA,2020). Durante o processo de fabricação de açúcar, são gerados subprodutos e resíduos da produção, sendo que praticamente todos os estes podem ser aproveitados de maneira a aumentar os lucros da própria indústria e diminuir os custos de produção e impactos ambientais (MEZAROBA et al., 2010). O melaço, Figura 1, se constitui no principal subproduto da indústria do açúcar, sendo produzido na proporção de 40 a 60 quilos por tonelada de cana processada. No Brasil, devido ao elevado teor de açúcares totais e demais componentes, o melaço 15 é utilizado, principalmente, na fabricação de álcool etílico, sendo aproveitado, também, em outros processos biotecnológicos como matéria-prima para a produção de proteína, rações, levedura prensada para panificação, antibióticos, entre outros (ALCARDE, 2007). Figura 1-Melaço ou mel final. Fonte: Usina Cururipe (2021). O melaço de cana-de-açúcar é um substrato rico em açúcares fermentescíveis e minerais tais como manganês, magnésio, fósforo, potássio, zinco, sódio e cálcio, sendo considerado um bom substrato para o cultivo de microrganismos (DELGADO, 1975). Para o desenvolvimento ou crescimento de qualquer tipo de microrganismo é preciso que o substrato preencha as necessidades nutricionais do mesmo e que seja economicamente viável. O melaço de cana-de-açúcar, que é um subproduto da indústria de açúcar, possui na sua composição uma grande quantidade de açúcares fermentescíveis e é considerado um resíduo de fácil manipulação, baixo custo, com grande potencial e muitas aplicações a nível industrial (LIMA, 1987). O milho já é responsável pela produção de cerca de 1,4 bilhão de litros do etanol total produzido no Brasil, somando-se o etanol anidro e hidratado. Os dados são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A exemplo da cadeia de cana de açúcar a produção de etanol a partir do milho vem se estruturando nos últimos anos a fim de se torna uma potência. Diante do forte potencial, essa nova cadeia que se estrutura no Brasil se mostra como uma fonte promissora de insumos, como o 16 hidrolisado de milho, recurso rico em carbono que pode ser utilizada em processos biotecnológicos. O grão do milho contém grandes moléculas de polissacarídeos (amido), que são carboidratos constituídos de unidades de glicose, que interagem entre si e formam pacotes compactados de carboidrato com baixa solubilidade em água. Por isso, é preciso degradar o amido e transformá-lo em açúcares solúveis (glicose e maltose) que serão usados na fermentação, Figura 2. No preparo do substrato, o milho é tratado para que dele se obtenha os açúcares. Na fermentação, os carboidratos são transformados em produtos biotecnológicos pela ação de micro-organismos (EMBRAPA, 2021). Figura 2- Aplicação de milho como substrato no desenvolvimento de bioprocessos. Fonte: Britannica (2021). O Brasil lidera mundialmente a produção de laranjas e de suco de laranja (BIZZO et al., 2009; LIN et al., 2013) e é um grande produtor de óleos essenciais. Neste contexto, faz sentido incluir a valorização dos subprodutos dessa cadeia produtiva nesse trabalho. Os resíduos resultantes do processamento de laranjas permitem a obtenção de um óleo essencial e do seu principal componente,R-(+)-limoneno, bem como de outros produtos, nomeadamente bioetanol e nanocelulose (TSUKAMOTO, 2013). A cadeia citricula representam um importante papel na indústria alimentar, principalmente na produção de sumos. Mundialmente, estima-se que a produção de citricula ronde os 94,8 milhões de toneladas por ano, sendo o Brasil o líder mundial. 17 A nível global, estima-se que 31,2 milhões de toneladas de citrinos são processadas industrialmente por ano, produzindo 15,6 milhões de toneladas de resíduos (LIN et al,2013). O limoneno encontra diferentes aplicabilidades no setor industrial, servindo principalmente para a produção de solventes. Apesar disso, é também empregado na produção de aromas naturais ou sintéticos para a indústria de alimentos, cosmética e farmacêutica, além de ser considerado um importante precursor de outros compostos de aroma, tais como o α-terpineol e a carvona (MOLINA et al., 2015; NIKFAR; BEHBOUDI, 2014; RUIZ; FLOTATS, 2014). Biotransformação de subprodutos agroídustriais A extração de compostos de aromas diretamente da natureza apresenta como características marcantes o baixo rendimento de produto, o alto custo, além de demonstrarem forte dependência de fatores sazonais, climáticos e políticos. Além disso, em função da atividade de extração, pode implicar em problemas ecológicos (ZHOU et al., 2014). A extração da essência de baunilha, contendo vanilina como composto de impacto, ilustra bem esse cenário. Isso porque, para a produção de 1 Kg de essência de baunilha, estima-se, que sejam necessárias cerca de 500 vagens da orquídea Vanilla planifolia (GALLAGE; MOLLER, 2015). A vanilina (4-hidroxi-3-metoxibenzaldeído) é um dos compostos aromáticos mais apreciados no mundo e um importante flavorizante para alimentos, bebidas e é usada também em produtos farmacêuticos. Ela possui vários efeitos como prevenção de doenças, antimutagênico, antioxidante, conservante e antimicrobiano (CERRUTT, 1996; SHAUGHNESSY, 2001). O aroma de baunilha, ou seja, a vanilina, é obtida da planta Vanilla planifolia na forma de gluco-vanilina, na proporção de 2% em peso. A fonte natural da gluco- vanilina (a vagem da baunilha) pode fornecer apenas 20 t métricas das 12000 t métricas consumidas anualmente, cerca de 0,2% (BERGER, 2000). A produção de baunilha é um processo trabalhoso e de alto custo (a vanilina de extrato natural rende US$ 4000 por kg). Existe também a vanilina artificial, comumente derivada de licores de sulfito, produzidos durante o processamento da polpa de 18 madeira para a fabricação de papel. Porém, o extrato sintético de vanilina fornece apenas a nota sensorial principal do "flavour" de baunilha. Além disso, esse tipo de produção rende somente US$ 12 por kg para a indústria. Esses números demonstram o interesse industrial em encontrar novas alternativas para a produção de vanilina natural, que poderiam fornecer um preço significativamente maior quando comparado à produção sintética de vanilina (CLARCK,1990). No caso da produção biotecnológica de vanilina, geralmente são utilizados microrganismos como Saccharomyces cerevisiae geneticamente modificados e as maiores produtoras são as empresas Evolva-IFF,Mane, Solvay-Rhodia e BASF (FELIPE et al., 2017). Em 2014, a Evolva, uma empresa de biologia sintética suiça, e a gigantesca indústria americana International Flavors and fragrances (IFF) comercializaram o sabor vanilina biosintetizada, que agora é vendido como parte da linha “Always Vanilla” da IFF. A Evolva denomina sua vanilina de biologia sintética como “natural”, portanto competindo diretamente com a produção camponesa. Em destaque, a empresa chinesa Shanghai Apple Flavor & Fragrance Group Co. Ltd. que utiliza uma linhagem isolada de amostras de solos de pomar para a conversão de ácido ferúlico em vanilina, demonstrando que linhagens selvagens também tem potencial aplicação da produção industrial de bioaromas (XU et al.,2009). O ácido ferúlico (ácido 4-hidroxi-3-metoxicinâmico) é um composto fenólico encontrado principalmente na parede de células vegetais, como gramíneas, grãos, farelos e cascas de arroz, milho, trigo e outros cereais, além de madeira. Este composto raramente ocorre na natureza em sua forma livre, aparecendo de forma esterificada aos polissacarídeos da parede celular, especialmente arabinose, que consequentemente é ligada à xilana, indicando que o ácido ferúlico é derivado, portanto, de arabinoxilanas ferúlicas (COGHE et al., 2004). Resíduos agroindustriais, especialmente os de cereais, apresentam forte potencial de utilização como substrato para a biossíntese de compostos aromáticos fenólicos, uma vez que são fontes de ácidos hidroxicinâmicos. Para isso, diversos pré- tratamentos como a hidrólise química ácida ou alcalina podem ser aplicados para promover a quebra das ligações covalentes entre as estruturas da planta e a subsequente liberação de ácido ferúlico ao meio (CRUZ; DOMÍNGUEZ; PARAJÓ, 2005; MUSSATTO; DRAGONE; ROBERTO, 2007; SUN et al., 2018; TORRE et al., 2008; TORRES et al., 2009). É possível fazermos uso do pré-tratamento enzimático, 19 a aplicação de enzimas como feruloil esterases, celulases e xilanases podem ser aplicadas com o objetivo de facilitar a despolimerização da lignina e solubilização do ácido ferúlico para sua utilização como fonte de carbono (DI GIOIA et al., 2007; FAULDS; WILLIAMSON, 1995; THIBAULT et al., 1998). A levedura Saccharomyces cerevisiae é amplamente utilizada para produção de cerveja, pão, vinho, bioetanol, químicos e produtos nutracêuticos e farmacêuticos. As vantagens dessa levedura como hospedeira para produção heteróloga incluem: (i) possui status GRAS (do inglês Generally Regarded as safe), o que facilita processos de descarte de resíduos e aprovação de produtos e processos; (ii) tolerância abaixo pH, o que garante baixo risco de contaminação bacteriana e elimina a necessidade de neutralizar produtos ácidos; e (iii) tolerância a inibidores fermentativos, como os presentes em hidrolisados de biomassa (BORODINA; NILSEN, 2014). Acetoína (3-hidroxi 2-butanona ou metil carbinol acetil) é uma sustância volátil bastante utilizada em produtos alimentícios, com a finalidade de intensificar o sabor e o aroma dos alimentos, deixando-os mais atrativos aos consumidores. Categorizada como agentes de aromas e fragrâncias,a acetoína é uma substância geralmente reconhecida como segura, Generally Recognized as Safe (GRAS) pelo Joint Expert Committe on Food Additives , JECFA (1998) e The Flavor and Extract Manufactures Association of the United States, FEMA(2008). A acetoína é usada como um ingrediente de aroma em formulações de morango, framboesa, baunilha, rum, manteiga, caramelo, coco, café e sabores de outras frutas. Geralmente a acetoína é adicionada aos produtos de panificação, doce, bebidas, entre outros (XIAO;LU, 2014). É um produto comumente produzido em processos fermentativos tanto por leveduras como por bactérias. Juntamente com o diacetil e 2,3-butanodiol, é um importante componente dos aromas de uma vasta gama de produtos lácteos, tais como queijo e manteiga. O composto também atua como potencializador de aromas como o de manteiga, vinagre e café. (TAKEMOTO, 2000). Além de ser produzida por processos biotecnológicos, pode ser obtida por via sintética a partir do diacetil por redução parcial (MERCK, 1990; COSTELLI, 2005; MARIOTTO, 2007). Correia (2015), realizou o estudo da produção do bioaroma acetoína por via bioquímica a partir de hidrolisado de melaço utilizando as bactérias do gênero Bacillus isoladas do sedimento de mangue da Lagoa do Araçá (Recife-PE). Foi possível 20 identificar nove espécies desse gênero (B.alvei, B. badius, B. circulans “A”, B. circulans “B”, B. coagulans, B. larvae, B. licheniformis, B. polymyxa, B. popilliae e B.subtilis.) sendo cinco espécies (B. subtilis,B. licheniformis, B. polymyxa, B. alvei e B. coagulans) produtoras do bioaroma acetoína. Os parâmetros avaliados foram agitação (0 rpm a 200 rpm), pH (6,5 a 8,5), concentração de melaço (60 g·L-1 a 100 g·L-1) e como variáveis dependentes a conversão de substrato em produto por três bactérias (Bacillus licheniformis, Bacillus alvei e Bacillus polymyxa). A cepa de Bacillus licheniformis foi a bactéria que apresentou maior percentual de conversão de substrato em Produto YP/S (52,88%) com pH 6,5, agitação de 200 rpm e concentração de melaço de 100 g·L-1. Com esse estudo foi possível o autor concluir que a produção de bioaromas, utilizando hidrolisado de melaço por Bacillus pode ser uma alternativa de produção para gerar produtos com baixo custo e alto valor agregado. No trabalho de Costelli (2005), o autor estudou rotas para otimizar a obtenção de acetoína e outros aromas associados à sua produção, aperfeiçoando as condições de cultivo e os parâmetros cinéticos, utilizando como substrato glicose, fonte de carbono proveniente da hidrolise térmica da sacarose, tendo como foco principal estudar o efeito do pH inicial e do pré-inóculo na produção de acetoína. O microrganismo escolhido para a realização dos ensaios fermentativos foi a bactéria Bacillus polymyxa CCT 2479. O estudo mostrou que a fase lag é bastante influenciada pelo pH inicial de cultivo, variando de 37 até 8h. Constatou-se que a velocidade específica de crescimento celular da fase exponencial não variou de maneira expressiva, apresentando valores médios de 0,42h-1. A velocidade de consumo de glicose mostrou ser constante durante dois períodos do cultivo. O fator de conversão de substrato em célula (YX/S) apresentou um valor médio de 0,43g/g. Observou-se que a produção de acetoína inicia-se durante a fase exponencial de crescimento e continua na fase estacionária, indicando que sua produção não está diretamente ligada ao crescimento. A concentração de acetoína apresentou seu máximo para o pH inicial mais alto estudado (5,5) atingindo o valor de 7,8g/L. Dentro da mesma abordagem, Burdock (2010) salienta que o limoneno-1,2-diol ou limoneno glicol que é um óleo incolor a levemente amarelado com aroma de menta fresca com o consumo ligado ao odor/sabor usado em menta. (BURDOCK, 2010). O limoneno-1,2-diol é o produto da segunda via pela qual o limoneno é metabolizado, em que há uma epoxidação na dupla ligação entre os carbonos 1 e 2, seguido da formação do diol correspondente. O limoneno-1,2-diol pode ser 21 encontrado no mel produzido a partir de plantas do gênero Tilia, resultando da hidroxilação do limoneno (BLANK; FISCHER; GROSCH, 1989). Esse composto também é encontrado no extrato aquoso de Pinus koraiensis (LEE et al., 2017). Já Felipe (2015), realizou um estudo para isolar e selecionar microrganismos que fossem capazes de converter substratos terpênicos de elevada disponibilidade comercial no Brasil – limoneno, α-pineno e farneseno – em bioaromas. Para a prospecção dos microrganismos foram utilizados alguns insumos naturais como vejetais e frutas consideradas fontes de terpenos. Foram isolados 45 micro- organismos (62,2% eram cocos Gram-negativos, 8,9% bastonetes Gram-positivo, 13,3% bastonetes Gram-negativo, 4,4% leveduras e 11,1% fungos filamentosos) resistentes ao meio de cultivo contendo 1% (v/v) de limoneno e capazes de crescer em meio mineral contendo os substratos terpênicos testados (1% (v/v)) como única fonte de carbono e energia. Após o isolamento, os diferentes microrganismos isolados foram submetidos ao procedimento de biotransformação de substratos terpênicos. Dentre os 45 micro- organismos selecionados, apenas um dos isolados (fungo filamentoso isolado do orégano) foi capaz de acumular um produto de biotransformação. Sua concentração foi estimada em 0, 168,42; 220,89; 262,37 e 208,29 mg L-1 após 0, 24, 48, 72 e 96h de biotransformação, respectivamente. Apesar do baixo rendimento o autor esclarece que o estudo é um importante avanço, podendo o estudo ser utilizado posteriormente como material de consulta para otimização e desenvolvimento de novas rotas biotecnológicas para produção do limoneno-1,2-diol. A produção de limoneno-1,2-diol por biotransformação fúngica utilizando Colletotrichum nymphaeae foi descrita por Sales et al. (2017), que obtiveram inicialmente uma produção entre 3.31 e 4.01 g/L de limoneno-1,2-diol dependendo do substrato utilizado (R-(+)-limoneno, S-(-)-limoneno e terpeno cítrico. Estudos subsequentes chegaram, após processo de otimização, a uma produção ótima de quase 8 g/L, utilizando o mesmo micro-organismo em biorreator de 2,5 L (SALES, 2018). Em processos de biotransformação de terpenos, alguns desafios para recuperação do produto são: a baixa quantidade do acúmulo de produto, a baixa solubilidade em água de alguns substratos e produtos, além de sua instabilidade química e volatilidade. Para a viabilização do uso desses processos, a otimização das diferentes etapas do processo, a redução do número de etapas, além do uso de 22 ferramentas no processo ou na manipulação dos micro-organismos para aumentar os rendimentos de produção e diminuir o custo são necessários (BICAS; MOLINA, 2015). CONSIDERAÇÕES FINAIS A biotecnologia tem ajudado diversas áreas de alto impacto na vida humana a buscarem soluções seguras, saudáveis e que não agridam o meio ambiente, o setor de alimentos faz uso de diversos processos biológicos para produção de produtos. Nesse trabalho foram apresentadas algumas rotas de produção desse composto, fazendo uso de subprodutos como melaço e limoneno como substrato dentro do processo produtivo, algumas iniciativas e movimentações estão em curso no Brasil atualmente, devido a disponibilidade de matéria prima e uma cadeia bem estruturada, o Brasil se torna um importante celeiro de boas oportunidades para esse mercado biotecnológico que cresce de forma pujante. A indústria de etanol de milho vem se desenvolvendo e se consolidando nos últimos anos, mostrando que a indústria da biotecnologia também pode se desenvolver no Centro-Oeste se valendo do hidrolisado de milho como substrato para outras rotas tecnológicas. Estamos vivendo no Brasil atualmente um momento único, onde estamos recebendo as primeiras usinas de etanol de milho em nosso país, a partir desse importante passo tecnológico novas rotas de produção de produtos biotecnológicos devem ser desenvolvidas, a partir dessa revisão bibliográfica foi passível evidenciar que ainda possuímos poucos estudos em nosso pais com foco no uso do hidrolisado de milho como substrato, restando a comunidade acadêmica se atentar a essa movimentação na economia e suportar a industria em projetos futuros. É preciso que cada vez mais tenhamos investimentos em trabalhos que fazem o estudo, experimentação e uso de subproduto visto o grande potencial que nosso país possui para revalorização e agregação de valor a esse insumo agroindustrial. 23 REFERÊNCIAS Aksu, Z.; Eren, A.T. Carotenoids production by the yeast Rhodotorula mucilaginosa: Use of agricultural wastes as a carbon source. Process Biochemistry, v. 40, p.2985- 2991. 2005. ALCARDE, A.R. 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