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Sofrendo com o suicídio: ajuda após o choque Traduzido do original em inglês Grieving a suicide: help for the aftershock, por David Powlison Copyright ©2010 Christian Counseling & Educational Foundation • Publicado por New Growth Press, Greensboro, NC 27404 Copyright © 2016 Editora Fiel Primeira Edição em Português: 2018 Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Editora Fiel da Missão Evangélica Literária PROIBIDA A REPRODUÇÃO DESTE LIVRO POR QUAISQUER MEIOS, SEM A PERMISSÃO ESCRITA DOS EDITORES, SALVO EM BREVES CITAÇÕES, COM INDICAÇÃO DA FONTE. • Diretor: James Richard Denham III Editor: Tiago J. Santos Filho Coordenação Editorial: Renata do Espírito Santo Tradução: D&D Traduções Revisão: D&D Traduções Diagramação: Wirley Correa - Layout Capa: Wirley Correa - Layout Ebook: João Fernandes ISBN: 978-85-8132-510-1 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) P888s Powlison, David, 1949- frendo com o suicídio : ajuda após o choque / David Powlison. – São José dos Campos, SP: Fiel, 2018. 2Mb ; ePUB Tradução de: Grieving a suicide : help for the aftershock. ISBN 978-85-8132-510-1 1. Suicídio – Aspectos religiosos – Cristianismo. 2. Luto – Aspectos religiosos – Cristianismo. I. Título. II. Série. CDD: 248.866 Caixa Postal, 1601 CEP 12230-971 São José dos Campos-SP PABX.: (12) 3919-9999 www.editorafiel.com.br http://www.editorafiel.com.br/ APRESENTAÇÃO DA SÉRIE Gilson Santos Jay Adams, teólogo e conselheiro norte-americano, nascido em 1929, foi professor de Poimênica no Seminário Teológico de Westminster, em Filadélfia, no estado de Pensilvânia, Estados Unidos. Adams é um respeitado escritor e pregador, genuinamente evangélico e conservador. Enquanto lecionava sobre a teoria e a prática do pastoreio do rebanho de Cristo, ele viu- se na necessidade de construir uma teoria básica do aconselhamento pastoral. Rememorando a sua trajetória, Adams nos informa que, tal como muitos pastores, não foi muito o que aprendeu no seminário sobre a arte de aconselhar. Desiludido com suas iniciativas de encaminhar ovelhas para especialistas, ele buscou assumir um papel pastoral mais assertivo e biblicamente orientado no contexto de aconselhamento. Em seus esforços, crendo na veracidade e eficácia da Bíblia, Adams estabeleceu como objetivo salvaguardar a responsabilidade moral dos aconselhandos, entendendo que muitas abordagens terapêuticas e poimênicas a comprometiam. Em seu elevado senso de respeito e reverência às Escrituras, Adams reconheceu que a Bíblia é fonte legítima, relevante e rica para o aconselhamento. Ele propôs que, em vez de ceder e transferir a tarefa a especialistas embebidos em seus dogmas humanistas, os ministros do evangelho, assim outros obreiros cristãos vocacionados por Deus para socorrer pessoas em aflição, devem ser estimulados a reassumir seus privilégios e responsabilidades. Inserido em uma tradição que tendia a valorizar fortemente as dimensões públicas do ministério pastoral, Adams fincou posição por retomar o prestígio das dimensões pessoais e privativas do ministério cristão, sobretudo o aconselhamento. Nisto seu esforço se revelou de importância capital. De fato, basta examinar a matriz primária do ministério cristão, que é a própria pessoa de Jesus Cristo, para concluir que, diminuir a importância e lugar do ministério pessoal trata-se de uma distorção grave na história da igreja. Adams defende, assim, que conselheiros cristãos qualificados, adequadamente treinados nas Escrituras, são competentes para aconselhar. Adams também assumiu com seriedade as implicações do conceito cristão de pecado para o aconselhamento. Em resumo, ele propõe que o cristianismo não pode contemplar uma psicopatologia que prescinda de um entendimento bíblico dos efeitos da Queda, e da pervasiva influência que o pecado exerce no psiquismo dos seres humanos. Por esta razão, a abordagem que ele propôs chamou-se inicialmente de “Aconselhamento Noutético”. O termo noutético é derivado de uma palavra grega, amplamente utilizada no texto neotestamentário, que significa “por em mente” – formado de nous [mente] e tithemi [por]. O uso de nouthetéo nos escritos paulinos sempre aparece estritamente associado a uma intenção pedagógica. O aconselhamento noutético seria então aquele que direciona, ensina, exorta e confronta o aconselhando com os princípios bíblicos. De acordo com a noutética, o aconselhamento se dá em confrontação com a Palavra de Deus. Visando não apenas uma mudança comportamental, ele objetiva a inteira transformação da cosmovisão, oferecendo as “lentes da Escritura” ao aconselhando. Num momento posterior, esta abordagem passou a denominar-se exclusivamente “Aconselhamento Bíblico”. Sobre estas bases, em 1968 Jay Adams deu início, no Seminário Teológico de Westminster, em Filadélfia, ao CCEF - Christian Counseling and Education Foundation (Fundação para Educação e Aconselhamento Cristão), inaugurando um novo momento na história do aconselhamento cristão. Adams lançou os principais conceitos de sua teoria de aconselhamento na obra “O Conselheiro Capaz” (Competent to Counsel), publicado em 1970; a metodologia foi condensada no “Manual do Conselheiro Capaz”, publicado em 1973. No Brasil, a Editora Fiel foi pioneira na publicação dessas duas obras; a primeira edição de “Conselheiro Capaz” em português foi publicada em 1977 e o volume com a metodologia publicado posteriormente. Adams também foi preletor em uma das primeiras conferências da Editora Fiel no Brasil direcionada a pastores e líderes. O legado de Adams no CCEF foi recebido e levado adiante por novas gerações. Estas procuraram manter-se alinhadas com o núcleo central de sua proposta, ao mesmo tempo em que revisaram aspectos vulneráveis, e defrontaram-se com algumas de suas tensões ou limites. Alguns destes novos líderes e conselheiros notabilizaram-se. Estes empenharam-se por um foco mais direcionado ao ser do que no fazer, colocando grande ênfase nas dinâmicas do coração, particularmente no problema da idolatria. Também procuraram combinar o enfoque no pecado com uma teologia do sofrimento. Procuram oferecer considerações ao social e ao biológico, com novos enfoques para as enfermidades, inclusive para o uso de medicamentos. É igualmente notável a ênfase no aspecto relacional do aconselhamento na abordagem desses novos líderes. Alguns estudiosos do movimento ainda apontam uma maior abertura e espírito irênico dessas gerações sucedâneas, particularmente em sua confrontação com outras abordagens poimênicas ou terapêuticas. A Editora Fiel vem novamente oferecer a sua contribuição ao aconselhamento bíblico, desta vez colocando em português esta série que enfoca vários temas desafiantes à presente geração. A série original em inglês já se aproxima de três dezenas de livretos. Este que o leitor tem em suas mãos é um deles. Tais temas inserem-se no cenário com o qual o pastor e conselheiro cristão defronta-se cotidianamente. Os autores da série pretendem oferecer um material útil, biblicamente respaldado, simples e prático, que responda às demandas comuns nos settings, relações e sessões de aconselhamento cristão. Se este material, que representa esforços das gerações mais recentes do aconselhamento bíblico, puder ajudá-lo em seus desafios pessoais em tais áreas, ou ainda em seu ministério pessoal, então os editores podem dizer que atingiram o seu objetivo. Boa leitura! Gilson Carlos de Souza Santos é pastor da Igreja Batista da Graça, em São José dos Campos, possui bacharelado em Teologia e graduação em Psicologia, e dirige o Instituto Poimênica cujo alvo é oferecer apoio e promoção à poimênica cristã. Introdução Alguém que você conhece cometeu suicídio. Você está encarando uma realidade muito difícil e obscura. Você se sente abalado, ferido, traído e confuso. Está passando por toda uma gama de emoções e reações. Cada uma delas é dolorosa. Sua reação inicial provavelmente foi a de choque e descrença. Agora você está tentando processaro que aconteceu. Como compreender e aceitar o suicídio de alguém próximo? É possível descobrir algum sentido em um ato tão desprovido de sentido? É possível encontrar esperança nas consequências de uma escolha tão desesperada? Como o conhecimento de Deus pode fazer diferença em seu sofrimento? O que você está enfrentando Você está passando por uma tempestade de emoções e sentimentos. Primeiro, você está sentindo a reação natural da dor profunda. Alguém que você conhece e ama faleceu. Então você sente o vazio e a tristeza da perda. Essa solidão é extremamente difícil. Mas o suicídio adiciona muitas outras reações dolorosas além do coração partido que a morte traz. A morte foi autoinfligida. Você provavelmente também está sentindo uma ou mais destas emoções: Confusão e desorientação. O que aconteceu é confuso e desorientador. O suicídio nunca é algo simples e fácil de se compreender. Provavelmente você ainda está lutando para aceitar a realidade dessa tragédia. Raiva e traição. Por definição, o suicídio fere as outras pessoas. Então você talvez experimente sentimentos de raiva e a sensação de ter sido traído. Culpa e responsabilidade. É normal se perguntar “Eu poderia ter feito algo?”, ou “Se eu pudesse ter feito ________________!”, ou “Por que eu não percebi ________________?”. Medo de fazer a mesma coisa. O suicídio de alguém pode lhe causar o medo de fazer o mesmo. Talvez você esteja receoso de que possa estar também correndo o risco de ter comportamentos suicidas. Você está encarando perguntas sem respostas. Todas as pessoas que sofrem os impactos do suicídio lutam com perguntas como “Por quê? Por que isso aconteceu? Por que tinha de acabar nisso? Por que isso não pôde ser impedido?”. Mas não importa quais as razões do suicídio, pois, no fim das contas, ele nunca pode ser completamente explicado. Você é deixado com perguntas que não podem ser respondidas, porque a pessoa que cometeu o suicídio, a única que poderia explicá-lo , se foi. (Para obter ajuda quanto a pensamentos e comportamentos suicidas, leia o livro desta série Eu Quero Morrer: Substituindo Pensamentos Suicidas por Esperança). Enfrentando o suicídio pela fé Como você pode lidar com essa experiência dolorosa? Não há uma solução rápida e fácil para o que você está passando. E Deus, na Bíblia, não lhe oferece chavões ou respostas prontas. Ele lhe dá algo muito melhor — em resposta à sua tristeza, emoções e perguntas sem resposta, Deus lhe dá a si mesmo. Edith Schaeffer uma vez usou uma metáfora de um tapete para falar sobre as dificuldades da vida. Ela mostrou que a parte de cima do tapete possui belos desenhos costurados; mas a parte de baixo possui muitos nós e fios enroscados. O suicídio da pessoa que você amava é uma daquelas partes com nós e fios enroscados debaixo de seu tapete. Não importa por quanto tempo o observe, você não poderá entendê-lo. Essa é uma das experiências doloridas e obscuras da vida, na qual você deve saber que as promessas e a presença do seu Deus e Salvador são reais. Em meio a essa escuridão, Deus lhe chama para viver uma vida em que a fé e o amor ainda resplandecem. Um dia, você enxergará a parte de cima do tapete ao invés de apenas o emaranhado. Parte de sua beleza será o modo como você aprenderá a conhecer Deus e a amar outras pessoas ao passar por experiências difíceis. Essa é toda a resposta para o motivo de Deus ter permitido que isso acontecesse? Não. Há coisas sobre a vontade e o propósito de Deus que estão além de nós. A Bíblia diz que “as coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” (Dt 29:29). As razões para o suicídio dessa pessoa querida estão entre “as coisas encobertas” que pertencem ao Senhor. Porém “as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre”. Deus não está se referindo apenas às suas leis; ele também se refere às suas promessas, seus propósitos e à revelação de si mesmo em Jesus e na Palavra. O que foi revelado é dado para que você possa viver. O que não lhe foi revelado é algo secreto. Ao invés de confiar em seu conhecimento, você precisa confiar no amor e na bondade de Deus. Essa é uma lição que você terá de aprender e reaprender em sua vida — não apenas agora, enquanto luta com um coração partido, mas em todos os altos e baixos da vida. Seu relacionamento com Deus será aquilo que lhe trará paz, mesmo não tendo todas as perguntas respondidas. Você nunca terá uma resposta que venha a unir todos os pontos e formar o desenho final. Você nunca se sentirá confortável quanto a isso. Você nunca irá “superar” o ocorrido de forma que isso não o machuque ou incomode mais. Você terá de viver com o senso contínuo do “Eu não entendo. Sempre que me lembro disso, ainda não está tudo bem.” O suicídio de alguém amado traz uma enorme fraqueza contínua para sua vida. C. S. Lewis descreveu esse nosso estado de fraqueza compreensível. Ele disse que a nossa necessidade de Deus é revelada em nossa “crescente consciência de que todo o nosso ser é, por natureza, uma única grande necessidade, incompleta, preparatória, vazia e desordenada, clamando por aquele que pode desatar as coisas que estão emaranhadas e atar os fios soltos”. Vivenciar o suicídio de alguém que você ama o coloca em uma situação cuja única saída é confiar em Deus, o único que pode desatar os emaranhados e atar os fios soltos. Você precisa dizer, assim como o apóstolo Pedro: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus” (Jo 6:68-69). Para onde mais você irá? Quem é maior que as coisas em seu coração que estão emaranhadas ou soltas? Depois de toda a luta para entender o que houve; depois de todo o sofrimento doentio quanto ao motivo do ocorrido; depois de toda a raiva quanto à traição, num nível mais profundo, você deve conseguir dizer: “Eu não entendo essa situação e preciso deixá-la com o Senhor, meu Deus e meu Rei”. A fé se aperfeiçoa na fraqueza Deus não está alheio à realidade que levou alguém ao suicídio, nem está alheio à sua luta com a tristeza e a dor. É exatamente em meio a essas duras realidades que a sua fé em Deus vai se aperfeiçoando. Deus explica isso desta maneira: “Bendito o homem que confia no Senhor e cuja esperança é o Senhor. Porque ele é como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e, no ano de sequidão, não se perturba, nem deixa de dar fruto” (Jr 17:7-8). Jeremias está falando a respeito de viver em um deserto — onde a vida é difícil e brutal. O deserto na Bíblia é o lugar de morte. Nele não há água nem comida. É quente. Há predadores perigosos e cobras venenosas. É o lugar onde sua fé é testada. Você sente que sua dor e confusão o levaram a um deserto espiritual? Ao aprofundar sua confiança em Deus, seu deserto será o lugar onde você encontrará a água viva da esperança, a misericórdia e a bênção de Deus. A água viva de Deus é a sua presença. Ele diz: “estou com você”. Ele é a única pessoa que pode, de uma maneira profunda, tranquilizar seu coração. Apesar de você se sentir sozinho e abandonado, ele está com você. A presença dele significa que, mesmo na mais obscura das circunstâncias (incluindo o suicídio de alguém que você ama), você não precisa temer. Permita-me dizê-lo de novo. Ele está com você. Ele está com você. Ele está com você. Ele está com você. Porque Deus está com você, mesmo nas consequências do coração partido e da perplexidade, você será frutífero. Nenhuma “varinha mágica” pode fazer com que a memória do suicídio dessa pessoa querida não doa. Você deve relembrar várias vezes que o Deus eterno está com você, e que ele é maior que a morte. Ele promete que um dia não haverá mais morte, e que toda tristeza, choro e dor chegarão ao fim (Ap 21:4). Estratégias práticas para a mudança As ações daqueles ao nosso redor nos influenciam tanto para o bem como para o mal.Podemos dizer que aconselhamos uns aos outros com nossas ações. Quando alguém amado comete suicídio, você está recebendo um conselho muito ruim. O conselho que vem de um suicídio é que a forma de lidar com obstáculos e decepções é o isolamento. O suicídio é um ato feito em solidão que nos leva a total isolamento e desolação. Você precisa resistir a esse conselho se apegando a Deus, conectando-se com outras pessoas, confiando na misericórdia de Deus e vivendo de uma maneira frutífera. Apegue-se a Jesus A primeira coisa que você deve fazer é se refugiar no Deus que nos promete seu amor inabalável. Refugiar-se nele significa encarar a realidade obscura do suicídio, mas não ficar preso a todas as suas reações negativas — aos “porquês”, à sensação de abandono, ou mesmo pensar que o suicídio é uma maneira viável de lidar com a sua dor. A saída de todas essas reações ruins é encontrar alguém que é maior do que o que ocorreu. E esse alguém só pode ser o Senhor da vida, seu Salvador, Jesus Cristo. O suicídio traz sofrimento e dificuldade para a vida de todos que são tocados por ele. Mas Deus veio, na pessoa de Jesus, e entrou nas dificuldades, no sofrimento, nos pecados e nas decepções dessa vida. Jesus suportou a sua fraqueza. Ele foi tentado como você. Ele triunfou. Agora ele vem até você com promessas de misericórdia e bondade. “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Rm 8:32). Ao ler Romanos 8, você percebe que Paulo não diz que não teremos dificuldades. Ao invés disso, ele enfatiza que haverá “tribulação... angústia... perseguição... fome... nudez [e] perigo” (v. 35). Mas ele promete que nenhuma dessas coisas “poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (v. 39). Apegue-se a essa promessa. Apegue-se a Jesus. Convide-o a entrar em suas lutas, tristezas e perguntas. Encha sua mente com as palavras dele. Quando você lê o evangelho de Lucas, você lê uma biografia bem incomum de Jesus. Lucas não fala muito de pessoas famosas, inteligentes e de sucesso. Ele põe seu foco em pessoas pequenas, pessoas que não têm poder, enlutadas, ignoradas e negligenciadas. Nesse exato momento você está lá. Você está passando por algo muito maior que a sua habilidade de controlar ou consertar. Ao ler o evangelho de Lucas, observe Jesus em ação. Perceba como ele trata as pessoas com sabedoria, amor e ternura. Perceba como ele se contenta em fazer ou dizer apenas uma coisa, ou algumas poucas coisas. Saiba que essa também é a maneira como ele o trata. Enquanto você lê os Salmos, tome-os e derrame o seu coração a Jesus. Os Salmos lhe darão algumas maneiras de como trazer seus problemas particulares até Jesus, seu Salvador e Amigo. Peça a ele para ficar com você nesse tempo. Ele promete responder quando clamar (Sl 86:7). Ele promete nunca deixá-lo ou abandoná-lo (Hb 13:5). Conecte-se com outras pessoas Outra coisa que você deve fazer é se conectar, se relacionar sinceramente com outras pessoas. Não tente lidar com isso longe de sua comunidade. Junte-se àqueles que também foram afetados pelo suicídio. Conversem uns com os outros sobre essas pessoas queridas. Não evite falar sobre o suicídio. Estar juntos no funeral e depois irá uni-los no compartilhamento dessa dor. O ajuntar-se para chorarem uns com os outros e relembrarem o ocorrido é o oposto da mensagem de isolamento e solidão que o suicídio transmite. A tragédia do suicídio não precisa acabar com os relacionamentos. A família pode ficar ainda mais unida e as amizades, cada vez mais profundas enquanto vocês se amparam uns nos outros em face das dificuldades da vida. Não tente trilhar o caminho obscuro das realidades difíceis da vida sem a companhia de outras pessoas. Esses relacionamentos sempre irão lembrá-lo da cadeira vazia — a pessoa que não está com você. Mas a comunidade humana genuína é um dos maiores presentes de Deus. Sua comunidade pode ajudá-lo a lutar contra o isolamento, o desespero e a hostilidade implícita que são parte de um ato suicida. Ore com outras pessoas e umas pelas outras enquanto choram juntos. Confie na misericórdia de Deus Uma pergunta que deve estar passando pela sua mente é: “Essa pessoa querida ainda pode ir para o céu depois de cometer suicídio?”. Essa é uma pergunta natural para um cristão fazer. O suicídio é errado. É um “autoassassinato” , e isso é um pecado. Mas é importante lembrar que ele não é o pecado imperdoável. Nós não lemos corações. Nós não conhecemos a história completa. Não sabemos o que houve entre essa pessoa querida e Deus nos momentos finais da vida dela. Você não pode voltar aos últimos momentos e adivinhar aquilo em que ela estava pensando. Mas você tem a certeza de que Deus é justo, misericordioso e perdoador. E você também sabe que não pode presumir conhecer a mente interior de Deus e seus propósitos. Se a pessoa que você amava tinha fé em Cristo, mesmo que o último ato dela na terra tenha sido errado, isso não significa que ela não pode ser perdoada. Deus conhece os corações — nós não; e ele, que é tanto justo como misericordioso, dá a decisão final sobre céu e inferno. Você precisa estar disposto a viver com algo menos que cem por cento de conclusão quanto à resposta a essa pergunta. “As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus” (Dt 29:29). Você só pode fazer isso quando estiver certo do amor de Deus. Leve Romanos 8 em consideração, concentrando-se especialmente nos versos 31 a 39. Eles são cheios da promessa de misericórdia de Deus, de sua presença em Jesus Cristo e de seu amor, que é inextinguível e indestrutível. Encha sua mente e seu coração com a promessa do amor de Deus, e você poderá confiar nele quanto à vida dessa pessoa querida. Viva de maneira frutífera É importante, nesse momento, você não negligenciar as coisas básicas da vida. Talvez sua comida já não tenha tanto sabor, mas você precisa comer. Talvez você não queira sair da cama pela manhã, mas você precisa se levantar e se vestir. Talvez você não tenha muito interesse em seu trabalho ou nas responsabilidades de casa, mas você precisa continuar. Tome tempo para chorar, para processar... Depois volte à vida normal. Fazer essas coisas significa afirmar que a vida continua apesar do que aconteceu. Ao viver em comunhão com Deus e com outras pessoas, e reestabelecer o padrão normal de vida, você vai notar, com o tempo, que tem a habilidade de amar outros de forma mais consistente e profunda. Paulo, em sua segunda carta à igreja de Corinto, disse que Deus “nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus” (2Co 1:4). Nada trará seu amigo, parente ou colega de trabalho de volta. Mas você pode se tornar um amigo mais sábio, mais disposto a arriscar e intervir quando perceber algo difícil. Deus usará aquilo pelo qual está passando agora para lhe dar sabedoria e ternura enquanto você vai ao encontro de outros que estão sofrendo. O consolo de Deus fluirá através de você para que possa consolar outros em suas tribulações. Essa pessoa que você amava escolheu, em seu último ato na terra, viver de forma destrutiva. Em resposta a isso, é importante pedir a Deus que o ajude a viver de forma frutífera. Viver de forma frutífera significa refugiar-se em Deus, amar as pessoas e “correr a corrida” por todo o caminho. Significa viver cada dia sabendo que sua vida pertence a Jesus e, por causa disso, dando pequenos passos adiante mesmo quando a vida é pesada. Ao fazer isso, você estará encarando a escuridão que o suicídio traz e reagindo ao viver à luz e esperança do evangelho de Jesus Cristo. Simples, Prático, Bíblico Abordando temas como divórcio, suicídio, homossexualidade, transtorno bipolar, depressão, pais solteiros e outros, os livros da série Aconselhamento oferecem orientação bíblica para pastores e conselheiros que lidam com esses assuntos difíceis em seus ministérios, e para pessoasque experimentam essas situações de lutas e sofrimento em seus diversos contextos de vida. Leia-os, ofereça-os a um amigo e disponibilize-os em sua igreja e ministério. O Ministério Fiel tem como propósito servir a Deus através do serviço ao povo de Deus, a Igreja. Em nosso site, na internet, disponibilizamos centenas de recursos gratuitos, como vídeos de pregações e conferências, artigos, e-books, livros em áudio, blog e muito mais. Oferecemos ao nosso leitor materiais que, cremos, serão de grande proveito para sua edificação, instrução e crescimento espiritual. Assine também nosso informativo e faça parte da comunidade Fiel. 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