Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SISTEMA DIGESTÓRIO INTRODUÇÃO O trato alimentar abastece o corpo com suprimento contínuo de água, eletrólitos, vitaminas e nutrientes. Isso requer (1) movimentação do alimento pelo trato alimentar; (2) secreção de soluções digestivas e digestão dos alimentos; (3) absorção de água, diversos eletrólitos, vitaminas e produtos da digestão; (4) circulação de sangue pelos órgãos gastrointestinais para transporte das substâncias absorvidas; e (5) controle de todas essas funções pelos sistemas nervoso e hormonal locais. A composição sistema digestório são pelos órgãos da boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus. Além disso, está ligado a glândulas que lançam sua secreção no interior do tubo digestório, são elas: glândulas salivares, pâncreas, fígado e vesícula biliar. 1. Fenômenos mecânicos • Trituração: redução do tamanho da partícula • Deglutição: passagem do bolo alimentar para o esôfago • Peristaltismo: movimento ondulatório que empurra o bolo alimentar. 2. Fenômenos químicos • Insalivação: ocorre na boca e é a primeira digestão • Quimificação: ocorre no estômago e é a segunda digestão • Quilificaçao: ocorre no intestino delgado e é a terceira digestão CAVIDADE ORAL Também chamada de boca ou cavidade bucal, é formada pelas bochechas, palatos duro e mole e língua. • Responsável pela entrada do alimento no corpo. • Umidificação do alimento pela saliva. • Mastigação. • Digestão mecânica e química. Dividida em duas grandes partes: vestíbulo e cavidade bucal propriamente dita • Vestíbulo: espaço limitado externamente pelo lábio e bochechas e, internamente, pela gengiva e dentes • Cavidade bucal propriamente dita: espaço entre os arcos dentários e limitado pelo palato (duro e mole) e pela língua O palato duro, juntamente com o palato mole (posteriormente e mais muscular), separa a cavidade nasal da cavidade oral, e é uma estrutura fibromuscular móvel que está fixado à margem posterior do palato duro e tem como função importante de obliterar o istmo faríngeo durante o processo de deglutição e fonação. Ele emite 3 projeções cônicas: uma mediana (úvula – no céu da boca), lateral anterior (arco palatoglosso) e lateral posterior (músculo palatofaríngeo). A cavidade oral é revestida por epitélio estratificado pavimentoso e a modificação do tamanho e da forma da cavidade oral e a movimentação do alimento ocorrem graças ao músculo estriado esquelético. A digestão mecânica na boca resulta da mastigação, em que o alimento é manipulado pela língua, triturado pelos dentes e misturado com saliva. Duas enzimas, a amilase salivar e a lipase lingual, contribuem para a digestão química na boca. A amilase salivar, que é secretada pelas glândulas salivares, inicia a degradação do amido. Já a lipase lingual é secretada pelas glândulas linguais na língua e se torna ativa no ambiente ácido do estômago e, assim, começa a funcionar após o alimento ser deglutido. Ela cliva os triglicerídios (óleos e gorduras) em ácidos graxos e diglicerídios. • Na boca ocorre principalmente a digestão do amido (1º digestão) • A saliva é composta por água, sais minerais, mucina e amilase. pH: 7,0 (neutro) • Mucina: glicoproteína que deixa a saliva viscosa • Amilase: transforma o amido em maltase. É uma digestão parcial do amido; atividade enzimática máxima em pH 7,0. CAVIDADE ORAL - DENTES Os dentes são estruturas cônicas, duras, fixadas nos alvéolos da mandíbula e maxila e são importantes no processo de trituração, mastigação e assistência à fala. Os decíduos primários, os dentes de leite, geralmente, nas crianças têm 20 deles e começa a descida aproximadamente do sexto mês e tende a trocar com 6-7 anos. Já os dentes permanentes são 32 no total. Em relação aos dentes permanentes, dos 32, 8 são incisivos, 4 caninos (incisivos laterais), 8 pré-molares e 12 molares. Os dentes são adaptados, engenhosamente, para a mastigação. Os anteriores (incisivos) possibilitam a ação de cortar, e os posteriores (molares), ação de trituração. A mastigação é importante para a digestão de todos os alimentos, ou seja, triturar o alimento em partículas bem pequenas que previne escoriação do trato gastrointestinal e facilita o transporte do alimento, do estômago ao intestino delgado e para os sucessivos segmentos do intestino. • Dentes: trituração. Diminui o tamanho da partícula para facilitar a ação enzimática. CAVIDADE ORAL – GLÂNDULAS Há pequenas glândulas salivares espalhadas no tecido conjuntivo da cavidade oral, inclusive na língua, mas elas secretam somente 5% da produção diária. A maior parte da saliva é gerada por três grandes pares de glândulas salivares: as parótidas, as submandibulares e as sublinguais. • Glândulas parótidas: possuem uma forma achatada e estão situadas abaixo e na frente da orelha, e o ducto de cada glândula desemboca em frente ao segundo molar superior. Elas são responsáveis por 30% da saliva. São constituídas somente por células serosas e assim são glândulas exócrinas acinosas compostas serosas. • Glândulas submandibulares são ovoides e estão sob o assoalho da boca, com os ductos abrindo- se ao lado do frênulo da língua. Produzem 60% da saliva. • Glândulas sublinguais (2-3g) possuem forma de amêndoa e estão sob o assoalho da boca, anteriormente às submandibulares, e seus ductos abrem-se nos ductos destas glândulas ou junto a eles. Secretam cerca de 5% da saliva. FARINGE Quando o alimento é inicialmente ingerido, ele passa da boca para a faringe que é um tubo afunilado. A faringe é composta por músculo esquelético e revestida por túnica mucosa, é dividida em três partes: a parte nasal da faringe, a parte oral da faringe e a parte laríngea da faringe. A parte nasal da faringe atua apenas na respiração, mas as partes oral e laríngea da faringe têm funções digestórias e respiratórias. A comida engolida passa da boca para as partes oral e laríngea da faringe, as contrações musculares dessas áreas ajudam a impulsionar o alimento para o esôfago e, em seguida, para o estômago. A faringe é um órgão visceral mediano miomembranáceo que faz parte tanto sistema digestório, quanto do sistema respiratório. É dividida em três grandes porções: nasofaringe, orofaringe e laringofaringe. O processo de deglutição é complexo e vai transferindo o bolo alimentar da boca através da faringe até atingir esôfago e estomago. O alimento sólido é mastigado, misturado com a saliva e forma um bolo mais macio que se torna mais fácil de ser engolido, processo da deglutição. O processo da deglutição tem 3 estágios: voluntário – onde o bolo alimentar é comprimido conta o palato e empurrado para a boca para a parte oral da faringe, principalmente por movimentos do músculo da língua e do palato mole; involuntário – (é rápido) o palato mole acaba sendo elevado isolando a parte nasal da faringe das partes oral e laríngea (oclui a parte nasal), a faringe alarga-se e se encurta nesse mecanismo para receber o bolo alimentar, enquanto os músculos supra-hióide e o músculo faríngeo longitudinal se contraem elevando a laringe; involutario – contração sequencial dos três músculos constritores da faringe, criando uma peristalse que força a decida do bolo alimentar para o esôfago. ESÕFAGO É um tubo muscular de aproximadamente 25 cm de comprimento que se encontra posteriormente à traqueia. O esôfago começa na extremidade inferior da parte laríngea da faringe, passa pelo aspecto inferior do pescoço, e entra no mediastino anteriormente à coluna vertebral. Em seguida, perfura o diafragma através de uma abertura chamada hiato esofágico e termina na parte superior do estômago.ESTÔMAGO É um órgão em forma de bolsa que comunica com o esôfago por meio de uma região chamada cárdia e, com o estômago, por meio de uma região chamada piloro. É o local que ocorre a quimificação. PILORO: evita que o alimento fique pouco tempo fazendo quimificação. CARDIA: evita que o alimente volte para o esôfago. • A quimificação ocorre no estômago em pH ácido (+- 2,0) e consiste na transformação do bolo alimentar em uma pasta semilíquida denominada quimo. O estômago tem quatro regiões principais: a cárdia, o fundo gástrico, o corpo gástrico e a parte pilórica. A cárdia circunda a abertura do esôfago ao estômago. A porção arredondada superior e à esquerda da cárdia é o fundo gástrico. Inferior ao fundo gástrico está a grande parte central do estômago, o corpo gástrico. A parte pilórica pode ser dividida em três regiões. A primeira região, o antro pilórico, liga o corpo ao estômago. A segunda região, o canal pilórico, leva à terceira região, o piloro, que por sua vez se conecta ao duodeno. Quando o estômago está vazio, a túnica mucosa forma grandes rugas, as pregas gástricas, que podem ser vistas a olho nu. O piloro se comunica com o duodeno do intestino delgado por meio de um esfíncter de músculo liso chamado músculo esfíncter do piloro. A margem medial côncava do estômago é chamada curvatura menor; a margem lateral convexa é chamada curvatura maior. O estomago possui três tipos principais de células: • Células principais: produzem pepsinogênio e renina (enzima) – não confundir com a renina produzida pelos rins que é um hormônio. • Células parietais: produzem HCL bombeando H+ para a cavidade onde reagem com o Cl-. • Células glandulares: produzem hormônios gastrina e grilina. A gastrina estimula as células principais e parietais e, a grilina estimula o centro da fome no hipotálamo. O ácido clorídrico mantém o pH do interior do estômago entre 1,5, e 2,5 e, a pepsina, enzima mais potente do suco gástrico, é secretada na forma de pepsinogênio. Como este é inativo, não digere as células que o produzem. Por ação do ácido cloródrico, o pepsinogênio, ao ser lançado na luz do estômago, transforma-se em pepsina, enzima que catalisa a digestão de proteínas. A pepsina, ao catalizar a hidrólise de proteínas, promove o rompimento das ligações peptídicas que unem os aminoácidos. Como nem todas as ligações peptídicas são acessíveis à pepsina, muitas permanecem intactas. Portanto, o resultado do trabalho dessa enzima são oligopeptídeos e aminoácidos livres. AÇÃO DO HCl: bactericida, demineraliza o alimente, manutenção do pH (1,5-2,5), ativa o pepsinogênio. AÇÃO DA PEPSINA: digestão parcial da proteína, catalisa a conversão de pepsinogênio em pepsina. AÇÃO DA RENINA: coagula as proteínas do leite. ➢ Digestão mecânica no estômago Alguns minutos depois de o alimento entrar no estômago, ondas de peristaltismo passam pelo estômago a cada 15 a 25s. Cada onda peristáltica move o conteúdo gástrico do corpo gástrico para baixo para dentro do antro pilórico, em um processo conhecido como propulsão. Como a maior parte das partículas de alimento no estômago inicialmente são grandes para passar através do estreito óstio pilórico, elas são forçadas para trás para o corpo gástrico, em um processo conhecido como retropulsão. Ocorre então outra rodada de propulsão, movendo as partículas de alimentos de volta para o antro pilórico. Se as partículas de alimento continuam sendo grandes para passar através do óstio pilórico, a retropulsão ocorre novamente e as partículas são comprimidas de volta para o corpo gástrico. Em seguida, ocorre ainda outra rodada adicional de propulsão, e o ciclo continua se repetindo. O resultado líquido destes movimentos é que o conteúdo gástrico é misturado ao suco gástrico, por fim sendo reduzido a um líquido chamado quimo. Uma vez que as partículas de alimento no quimo são suficientemente pequenas, elas podem passar através do óstio pilórico, em um fenômeno conhecido como esvaziamento gástrico. INTESTINO DELGADO Tubo de cerca de 6,5m de comprimento e 2,5cm de diâmetro e dividido em duodeno e jejuno-íleo. A digestão no intestino delgado é realizada graças à ação em conjunto de três sucos digestivos: pancreático, biliar e entérico. Local da quilificação. O intestino delgado é dividido em três regiões: a primeira é o duodeno, o jejuno é a próxima parte e tem aproximadamente 1 m de comprimento e se estende até o íleo. A principal parte da digestão ocorre no intestino delgado, que se estende do piloro até a junção ileocólica (ileocecal), que se reúne com o intestino grosso. Os principais eventos da digestão e absorção ocorrem no intestino delgado, portanto sua estrutura é especialmente adaptada para essa função. Sua extensão fornece grande área de superfície para a digestão e absorção, sendo ainda muito aumentada pelas pregas circulares, vilosidades e microvilosidades. • O epitélio do intestino é simples colunar com microvilos (são chamados de enterócitos) e células caliciformes. O epitélio evagina-se nos vilos e invagina-se em glândulas tubulares simples retas, as glândulas intestinais (ou de Lieberkühn). Há ainda as células enteroendócrinas e, na base das glândulas, as células de Paneth. Possui uma lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo e uma submucosa de tecido conjuntivo denso não modelado. • Na submucosa do duodeno há glândulas duodenais (ou de Brunner), que são glândulas tubulares ramificadas mucosas. Elas atravessam a camada mucosa e a lâmina própria abrindo seus ductos na base das glândulas de Lieberkuhn ou entre as vilosidades. INTESTINO DELGADO - DUODENO é a primeira porção do intestino delgado. Recebe este nome por ter seu comprimento aproximadamente igual à largura de doze dedos (25 centímetros). É a única porção do intestino delgado que é fixa. Não possui mesentério. Apresenta 4 Partes: • Parte Superior ou 1ª porção: origina-se no piloro e estende-se até o colo da vesícula biliar. • Parte Descendente ou 2ª porção: é desperitonizada e encontramos a chegada de dois Ductos: o Ducto Colédoco – provêm da vesícula biliar e do fígado (bile) o Ducto Pancreático – provêm do pâncreas (suco ou secreção pancreática). • Parte Horizontal ou 3ª porção • Parte Ascendente ou 4ª porção ➢ Digestão mecânica no intestino delgado Há dois tipos de movimentos do intestino delgado, segmentações e um tipo de peristaltismo chamado complexo mioelétrico migratório e são controlados principalmente pelo plexo mioentérico. As segmentações são contrações que ocorrem em partes do intestino, elas misturam o quimo aos sucos digestórios e colocam as partículas de alimentos em contato com a túnica mucosa para serem absorvidos; Depois de a maior parte de uma refeição ter sido absorvida, o que diminui a distensão da parede do intestino delgado, a segmentação para, e o peristaltismo começa. O tipo de peristaltismo que ocorre no intestino delgado, é chamado complexo mioelétrico migratório (e para simplificar, CMM), ele inicia na parte inferior do estômago e empurra o quimo para a frente ao longo de um trecho do intestino delgado. O CMM desce lentamente pelo intestino delgado alcançando o final do íleo. Ao todo, o quimo permanece no intestino delgado por 3 a 5h. ➢ Absorção no intestino delgado Todas as fases químicas e mecânicas da digestão, da boca ao intestino delgado, são controladas de modo a alterar os alimentos em formas que possam passar através das células epiteliais absortivas que revestem a túnica mucosa e entrar nos vasos sanguíneos e linfáticos subjacentes. Estas formas são os monossacarídios (glicose, frutose e galactose) a partir dos carboidratos; aminoácidos individuais, dipeptídios e tripeptídios a partir das proteínas; e ácidos graxos, glicerole monoglicerídios a partir dos triglicerídios. A passagem destes nutrientes digeridos do canal alimentar para o sangue ou linfa é chamado absorção. A absorção de materiais ocorre por meio da difusão, difusão facilitada, osmose e transporte ativo. Aproximadamente 90% de toda a absorção de nutrientes ocorre no intestino delgado; os outros 10% ocorrem no estômago e no intestino grosso. Qualquer material não digerido ou não absorvido que sobra no intestino delgado passa para o intestino grosso. ➢ Digestão química no intestino delgado Na boca, a amilase salivar converte o amido em maltose, maltotriose e α-dextrina (fragmento de amido de cadeia curta ramificada com 5 a 10 unidades de glicose). No estômago, a pepsina converte as proteínas em peptídios, e as lipases lingual e gástrica convertem alguns triglicerídios em ácidos graxos, diglicerídios e monoglicerídios. Assim, o quimo que entra no intestino delgado contém carboidratos, proteínas e lipídios parcialmente digeridos. A conclusão da digestão dos carboidratos, proteínas e lipídios é um esforço coletivo do suco pancreático, bile e suco intestinal no intestino delgado. A digestão do quimo ocorre predominantemente no duodeno e nas primeiras porções do jejuno. No duodeno atua o suco pancreático, biliar e entérico. INTESTINO DELGADO – JEJUNO-ÍLEO JEJUNO: é a parte do intestino delgado que faz continuação ao duodeno, recebe este nome porque sempre que é aberto se apresenta vazio. É mais largo (aproximadamente 4 centímetros), sua parede é mais espessa, mais vascular e de cor mais forte que o íleo. ÍLEO: é o último segmento do intestino delgado que faz continuação ao jejuno. Recebe este nome por relação com osso ilíaco. É mais estreito e suas túnicas são mais finas e menos vascularizadas que o jejuno. Distalmente, o íleo desemboca no intestino grosso num orifício que recebe o nome de óstio ileocecal. Juntos, o jejuno e o íleo medem 6 a 7 metros de comprimento. A maior parte do jejuno situa-se no quadrante superior esquerdo, enquanto a maior parte do íleo situa-se no quadrante inferior direito. O jejuno e o íleo, ao contrário do duodeno, são móveis. No entanto, pode ser difícil distinguir entre o jejuno e o íleo, já que não há marcos anatômicos externos para guiar. INTESTINO GROSSO É a parte terminal do canal alimentar, com aproximadamente 1,5 m de comprimento e 6,5 cm de diâmetro em seres humanos vivos e cadáveres, se estende do íleo ao ânus. Está ligado à parede posterior do abdome por seu mesocolo, que é uma camada dupla de peritônio. Estruturalmente, as quatro principais regiões do intestino grosso são o ceco, o colo, o reto e o canal anal. É o local de absorção de água, tanto a ingerida quanto a das secreções digestivas. • Ceco: segmento de maior calibre, que se comunica com o íleo. Para impedir o refluxo do material proveniente do intestino delgado, existe uma válvula localizada na junção do íleo com o ceco – Válvula Ileocecal (ileocólica). No fundo do ceco, encontramos o Apêndice Vermiforme. • Colo: segmento que se prolonga do ceco até o ânus. • Colo Ascendente: é a segunda parte do intestino grosso. Passa para cima do lado direito do abdome a partir do ceco para o lobo direito do fígado, onde se curva para a esquerda na flexura direita do colo (flexura hepática). • Colo Transverso: é a parte mais larga e mais móvel do intestino grosso. Ele cruza o abdome a partir da flexura direita do colo até a flexura esquerda do colo, onde curva-se inferiormente para tornar-se colo descendente. A flexura esquerda do colo (flexura esplênica), normalmente mais superior, mais aguda e menos móvel do que a flexura direita do colo. https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/jejuno https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/ileo • Colo Descendente – passa retroperitonealmente a partir da flexura esquerda do colo para a fossa ilíaca esquerda, onde ele é contínuo com o colo sigmoide. • Colo Sigmoide – é caracterizado pela sua alça em forma de “S”, de comprimento variável. O colo sigmoide une o colo descendente ao reto. A terminação das tênias do colo, aproximadamente a 15 cm do ânus, indica a junção reto-sigmoide. O reto recebe este nome por ser quase retilíneo. Este segmento do intestino grosso termina ao perfurar o diafragma da pelve (músculos levantadores do ânus) passando a se chamar de canal anal. O canal anal apesar de bastante curto (3 centímetros de comprimento) é importante por apresentar algumas formações essenciais para o funcionamento intestinal, das quais citamos os esfíncteres anais. O esfíncter anal interno é o mais profundo, e resulta de um espessamento de fibras musculares lisas circulares, sendo consequentemente involuntário. O esfíncter anal externo é constituído por fibras musculares estriadas que se dispõem circularmente em torno do esfíncter anal interno, sendo este voluntário. Ambos os esfíncteres devem relaxar antes que a defecação possa ocorrer. O intestino grosso apresenta algumas diferenças em relação ao intestino delgado: o calibre, as tênias, os haustos e os apêndices epiploicos. • As tênias do cólon (fitas longitudinais) são três faixas de aproximadamente 1 centímetro de largura e que percorrem o intestino grosso em toda sua extensão. São mais evidentes no ceco e no cólon ascendente. • Os haustos do cólon (saculações) são abaulamentos ampulares separados por sulcos transversais. • Os apêndices epiploicos são pequenos pingentes amarelados constituídos por tecido conjuntivo rico em gordura. Aparecem principalmente no cólon sigmoide. + Numerosas bactérias vivem em mutualismo no intestino grosso. Seu trabalho consiste em dissolver os restos alimentícios não assimiláveis, reforçar o movimento intestinal e proteger o organismo contra bactérias estranhas, geradoras de enfermidades. Também produzem vitamina K e B e, transforma os pigmentos biliares em estercobilina. ➢ Digestão mecânica no intestino grosso A passagem do quimo do íleo para o ceco é controlada pela ação do óstio ileal. Normalmente, este óstio permanece parcialmente fechado, de modo que a passagem do quimo para o ceco geralmente ocorre de modo lento. + O hormônio gastrina também relaxa o óstio. Os movimentos do colo começam quando substâncias passam pelo óstio ileal. Como o quimo se move pelo intestino delgado a uma velocidade razoavelmente constante, o tempo necessário para uma refeição passar para o colo é determinado pelo tempo de esvaziamento gástrico. Conforme o alimento passa pelo óstio ileal, enche o ceco e acumula-se no colo ascendente. Um movimento característico do intestino grosso é a agitação das saculações do colo. Neste processo, as saculações do colo permanecem relaxadas e são distendidas enquanto se enchem. Quando a distensão alcança um determinado ponto, as paredes se contraem e espremem o conteúdo para a próxima saculação do colo. O peristaltismo também ocorre, embora em um ritmo mais lento do que nas partes mais proximais do canal alimentar. Um último tipo de movimento é o peristaltismo em massa, uma forte onda peristáltica que leva rapidamente o conteúdo do colo para o reto. Como os alimentos no estômago iniciam o reflexo gastrocólico no colo, o peristaltismo em massa geralmente ocorre 3 ou 4 vezes/dia, durante ou imediatamente após uma refeição. ➢ Digestão química no intestino grosso A fase final da digestão ocorre no colo por meio da ação das bactérias que habitam o lúmen. O muco é secretado pelas glândulas do intestino grosso, mas não são secretadas enzimas. O quimo é preparado para a eliminação pela ação de bactérias, que fermentam quailquer carboidrato restante e liberam hidrogênio, dióxido de carbono e gases metano. Estes gases contribuem para os flatos no colo, denominada flatulênciaquando é excessiva. As bactérias também convertem qualquer proteína restante em aminoácidos e fragmentam os aminoácidos em substâncias mais simples. As bactérias também decompõem a bilirrubina em pigmentos mais simples, incluindo a estercobilina. ➢ Absorção e formação de fezes no intestino grosso Até agora o quimo permaneceu no intestino grosso por 3 a 10 h, tornou-se semissólido por causa da absorção de água e agora é chamado fezes. Quimicamente, as fezes consistem em água, sais inorgânicos, células epiteliais da túnica mucosa do canal alimentar, bactérias, produtos da decomposição bacteriana, materiais digeridos e não absorvidos e partes não digeríveis de alimentos – como fibras vegetais, principalmente a celulose, que não são digeridas nem absorvidas. Embora 90% de toda a absorção de água ocorra no intestino delgado, o intestino grosso absorve o suficiente para torná-lo um órgão importante na manutenção de equilíbrio hídrico do corpo. O intestino grosso também absorve íons, incluindo sódio e cloreto, e algumas vitaminas, como D e K. ➢ Movimentos de mistura — "haustrações" Da mesma maneira que os movimentos de segmentação ocorrem no intestino delgado, grandes constrições circulares ocorrem no intestino grosso. A cada uma dessas constrições, extensão de cerca de 2,5 centímetros de músculo circular se contrai, às vezes constringindo o lúmen do cólon até quase oclusão. Ao mesmo tempo, o músculo longitudinal do cólon, que se reúne em três faixas longitudinais, denominadas tênias cólicas, se contrai. Essas contrações combinadas de faixas circulares e longitudinais de músculos fazem com que a porção não estimulada do intestino grosso se infle em sacos denominados haustrações. Cada haustração, normalmente, atinge a intensidade máxima em cerca de 30 segundos e desaparece nos próximos 60 segundos. Às vezes, elas ainda se movem lentamente na direção do ânus, durante a contração, em especial no ceco e no cólon ascendente e, assim, contribuem com alguma propulsão do conteúdo colônico para adiante. ➢ Reflexo de defecação Os movimentos peristálticos em massa empurram o material fecal do colo sigmoide para o reto. A distensão resultante da parede retal estimula os receptores de estiramento, que iniciam um reflexo de defecação que resulta na defecação. O reflexo de defecação ocorre do seguinte modo: em resposta à distensão da parede retal, os receptores enviam impulsos nervosos sensitivos para a medula espinal sacral. Impulsos motores da medula viajam ao longo dos nervos parassimpáticos de volta para o colo descendente, colo sigmoide, reto e ânus. A contração resultante dos músculos longitudinais retais encurta o reto, aumentando assim a pressão em seu interior. Esta pressão, junto com contrações voluntárias do diafragma e dos músculos abdominais, além do estímulo parassimpático, abrem o músculo esfíncter interno do ânus. Se a defecação não ocorrer, as fezes voltam para o colo sigmoide até que a próxima onda de peristaltismo em massa estimule os receptores de estiramento, novamente produzindo a vontade de defecar. Em crianças, o reflexo de defecação provoca esvaziamento automático do reto, porque o controle voluntário do músculo esfíncter externo do ânus ainda não se desenvolveu. O número de defecações em um determinado período de tempo depende de vários fatores, como a dieta, a saúde e o estresse. + A variação normal de atividade intestinal vai de 2 ou 3 defecações por dia a 3 ou 4 defecações por semana. A diarreia é um aumento da frequência, do volume e do teor de líquido das fezes causado por aumento na motilidade e diminuição na absorção pelos intestinos. Quando o quimo passa muito rapidamente pelo intestino delgado e as fezes passam muito rapidamente pelo intestino grosso, não há tempo suficiente para a absorção. A constipação intestinal se refere à defecação infrequente ou difícil causada pela diminuição da motilidade do intestino. Como as fezes permanecem no colo por períodos prolongados, ocorre uma absorção excessiva de água, e as fezes tornam-¬se ressecadas e duras. ÓRGAOS ANEXOS PÂNCREAS: glândula situada atrás do estômago; produz suco pancreático que é lançado no duodeno. Sua parte exócrina produz suco digestivo e, a parte endócrina, hormônios (insulina e glucagon). O suco pancreático: • Possui pH entre 7,8-8,2 • É rico em enzimas e bicarbonato que serve para neutralizar a acidez do quimo no intestino delgado • Sem ele, impede a secreção de DNAse, RNAse e lipase. • Composição: água, sais minerais, bicarbonato de sódio (NaHCo3) e enzimas (tripsina, quimiotripsina, amilase, lipase e nuclease) • Ação: (no duodeno) alcaliniza o quimo e promove a digestão em pH básico (7,0) • Possui amilase pancreática que fragmenta o amido em moléculas de maltose • Possui lípase pancreática que hidrolisa as moléculas de um tipo de gordura – os triacilgliceróis, originando glicerol e álcool. • As nucleases atuam sobre os ácidos nucléicos, separando seus nucleotídeos. • Na luz do duodeno, o tripsinogênio entra em contato com a enteroquinase, enzima secretada pelas células da mucosa intestinal, convertendo-se em tripsina, que por sua vez contribui para a conversão do precursor inativo quimiotripsinogênio em quimiotripsina, enzima ativa. • A tripsina e a quimiotripsina hidrolisam polipeptídios, transformando-os em oligopeptídeos. A pepsina, a tripsina e a quimiotripsina rompem ligações peptídicas específicas ao longo das cadeias de aminoácidos. FÍGADO: é a maior glândula do corpo humano e situa- se à direita do estômago. Produz bile que se acumula em um órgão ovóide, situado sob o fígado, chamado de vesícula biliar. Quando o quimo chega ao duodeno, a vesícula biliar se contrai e lança a bile no duodeno através do canal colédoco. O fígado também possui outras funções, como: • Transforma glicose em glicogênio • Acumula glicogênio e vitaminas • Hemocaterese: destrói células mortas aproveitando seus resíduos • Desintoxica o organismo • Produz proteínas do plasma sanguíneo • As disfunções do fígado interferem na produção de bile interferindo na digestão de gordura e eliminação de toxinas. Bilis: • Composição: água, sais minerais, bilirrubina, biliverdina, colesterol e bicarbonato de sódio (NaHCo3). • Funções: ação detergente, emulsificando ou emulsionando as gorduras (fragmentando suas gotas em milhares de microgotículas); neutraliza o HCl do quimo • O pH oscila entre 8,0 e 8,5. FASES DA DIGESTÃO Fase cefálica Durante a fase cefálica da digestão, o olfato, a visão, o pensamento ou o gosto inicial da comida ativam centros neurais no córtex cerebral, no hipotálamo e no tronco encefálico. O tronco encefálico então ativa os nervos faciaia (NC VII), glossofaríngeo (NC IX) e vago (NC X). Os nervos facial e glossofaríngeo estimulam as glândulas salivares a secretar saliva, enquanto o nervo vago estimula as glândulas gástricas a secretar suco gástrico. A finalidade da fase cefálica da digestão é preparar a boca e o estômago para o alimento que está prestes a ser ingerido. Fase gástrica O alimento distende o estômago e estimula os receptores de estiramento em suas paredes. Os quimiorreceptores no estômago monitoram o pH do quimo no estômago. Quando as paredes do estômago são distendidas ou o pH aumenta porque proteínas entraram no estômago e tamponaram um pouco do seu ácido, os receptores de estiramento e quimiorreceptores são ativados, e um ciclo de feedback negativo neural é acionado. Dos receptores de estiramento e quimiorreceptores, os impulsos nervosos se propagam para o plexo submucoso, onde ativam neurônios parassimpáticos e entéricos. Os impulsos nervosos resultantes causam ondas de peristaltismo e continuam estimulandoo fluxo de suco gástrico das glândulas gástricas. As ondas peristálticas misturam os alimentos com o suco gástrico e quando as ondas se tornam fortes o suficiente, uma pequena quantidade de quimo passa pelo esvaziamento gástrico para o duodeno. O pH do quimo do estômago cai (torna-se mais ácido) e a distensão das paredes do estômago diminui, porque o quimo passou para o intestino delgado, suprimindo a secreção de suco gástrico. A secreção gástrica durante a fase gástrica é regulada pelo hormônio gastrina. Quando é liberada, a gastrina entra na corrente sanguínea, percorre todo o corpo e chega a seus órgãos alvo no sistema digestório. A gastrina estimula as glândulas gástricas a secretar grandes quantidades de suco gástrico. Ela também reforça a contração do esfíncter esofágico inferior para impedir o refluxo do quimo ácido para o esôfago, aumenta a motilidade do estômago e relaxa o músculo esfíncter do piloro, que promove o esvaziamento gástrico. A secreção de gastrina é inibida quando o pH do suco gástrico cai abaixo de 2,0 e é estimulada quando o pH aumenta. Este mecanismo de feedback negativo ajuda a proporcionar o baixo pH ideal para o funcionamento da pepsina, a matar microrganismos e a desnaturar proteínas no estômago. Reação de neutralização: NaHCo3 + HCl NaCl +CO2 + H2O Fase intestinal A fase intestinal da digestão começa quando o alimento entra no intestino delgado. Ao contrário dos reflexos iniciados durante as fases cefálica e gástrica, que estimulam a atividade de secreção e motilidade do estômago, os reflexos que ocorrem durante a fase intestinal têm efeitos inibitórios que retardam a saída do quimo do estômago. Isso impede que o duodeno seja sobrecarregado com mais quimo do que pode suportar. Além disso, as respostas que ocorrem durante a fase intestinal promovem a digestão continuada dos alimentos que chegaram ao intestino delgado. Estas atividades são reguladas por mecanismos neurais e hormonais: O mecanismo neural é realizado pelos receptores de estiramento da parede duodenal que enviam impulsos nervosos para o bulbo, onde inibem o estímulo parassimpático e estimulam os nervos simpáticos que inervam o estômago. Como resultado, a motilidade gástrica é inibida e há um aumento na contração do músculo esfíncter do piloro, o que diminui o esvaziamento gástrico. Já, o mecanismo hormonal é realizado por dois hormônios principais secretados pelo intestino delgado: a colecistocinina e a secretina. A colecistocinina (CCK) é secretada pelas células CCK das glândulas intestinais no intestino delgado em resposta ao quimo contendo aminoácidos de proteínas parcialmente digeridas e ácidos graxos de triglicerídios parcialmente digeridos. A CCK possui diversas funções, entre elas: • estimula a secreção de suco pancreático; • provoca a contração da parede da vesícula biliar; • provoca o relaxamento do esfíncter da ampola hepatopancreática, que possibilita que o suco pancreático e a bile fluam para o duodeno; • retarda o esvaziamento gástrico por meio da promoção da contração do músculo esfíncter do piloro; • produz saciedade pela ativação do hipotálamo no encéfalo; • promove o crescimento normal e manutenção do pâncreas; • e incrementa os efeitos da secretina. A secretina estimula o fluxo de suco pancreático que é rico em íons bicarbonato (HCO3–) para tamponar o quimo ácido que entra no duodeno a partir do estômago. Além disso: • inibe a secreção de suco gástrico; • promove o crescimento normal e a manutenção do pâncreas; • e incrementa os efeitos da CCK. CONTROLE NEURAL DA FUNÇÃO GASTROINTESTINAL — SISTEMA NERVOSO ENTÉRICO O trato gastrointestinal tem um sistema nervoso próprio, denominado sistema nervoso entérico, localizado, inteiramente, na parede intestinal, começando no esôfago e se estendendo até o ânus. O número de neurônios, nesse sistema entérico, é de aproximadamente 100 milhões, quase a mesma quantidade existente em toda a medula espinhal. Esse sistema nervoso entérico, bastante desenvolvido, é especialmente importante no controle dos movimentos e da secreção gastrointestinal. É composto, basicamente, por dois plexos, (1) o plexo externo, disposto entre as camadas musculares longitudinal e circular, denominado plexo mioentérico ou plexo de Auerbach e (2) plexo interno, denominado plexo suhmu- coso ou plexo de Meissner, localizado na submucosa. O plexo mioentérico controla quase todos os movimentos gastrointestinais, e o plexo submucoso controla, basicamente, a secreção gastrointestinal e o fluxo sanguíneo local. Consiste, em sua maior parte, na cadeia linear de muitos neurônios interconectados que se estende por todo o comprimento do trato gastrointestinal. Como o plexo mioentérico se estende por toda a extensão da parede intestinal localizada entre as camadas longitudinal e circular do músculo liso intestinal, ele participa, principalmente, no controle da atividade muscular por todo o intestino. Quando esse plexo é estimulado, seus principais efeitos são: • aumento da contração tônica, ou “tônus”, da parede intestinal; • aumento da intensidade das contrações rítmicas; • ligeiro aumento no ritmo da contração; • e aumento na velocidade de condução das ondas excitatórias, ao longo da parede do intestino, causando o movimento mais rápido das ondas peristálticas intestinais. No entanto, o plexo mioentérico não deve ser considerado inteiramente excitatório, porque alguns de seus neurônios são inibitórios; Em contraste com o plexo mioentérico, o plexo submucoso está, basicamente, envolvido com a função de controle na parede interna de cada diminuto segmento do intestino. Por exemplo, muitos sinais sensoriais se originam do epitélio gastrointestinal e são integrados no plexo submucoso, para ajudar a controlar a secreção intestinal local, a absorção local e a contração local do músculo submucoso, que causa graus variados de dobramento da mucosa gastrointestinal. O peristaltismo é apenas fraco ou não ocorre nas regiões do trato gastrointestinal em que exista ausência congênita do plexo mioentérico. Também, fica bastante deprimido ou completamente bloqueado, em todo o intestino, quando a pessoa é tratada com atropina para bloquear a ação dos terminais nervosos colinérgicos do plexo mioentérico. Portanto, o peristaltismo efetivo requer o plexo mioentérico ativo. MOTILIDADE INTESTINAL Motilidade: refere-se à contração e relaxamento das paredes e esfíncteres gastrintestinais e tem como funções (a) propelir o alimento, ingerido na boca, em direção ao reto, numa velocidade que é controlada para otimizar a digestão e absorção (movimento propulsivo) e (b) misturar o alimento com as secreções gastrintestinais, maximizando a exposição dos alimentos às enzimas digestivas. A motilidade (figura 4) é determinada pelas propriedades da musculatura lisa do TGI e modificada por estímulos químicos a partir dos nervos e hormônios. Dá-se pela contração dos músculos “circular” que se estende ao redor do tubo gastrintestinal e promovem a diminuição do seu diâmetro e “longitudinal” que se estende longitudinalmente pelo TGI e promovem o seu encurtamento. PAPEL DO SISTEMA DIGESTÓRIO NO EQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO E ÁCIDO BASE. Equilíbrio hidroeletrolítico: diariamente cerca de 9 litros de água transitam entre o lúmen do tubo digestório e os capilares sanguíneos. Assim, alterações na função digestória podem alterar a quantidade de líquido eliminada do organismo. Além da água, vários eletrólitos como Na+, K+, Cl- e HCO3- também são transportados nos dois sentidos, sendo absorvidos (lúmen do tubo → capilares) ou secretados (célula da parede do TGI → lúmen do tubo) (Figura 1). https://felipe7898.wixsite.com/aprendendofisiologia/funcoes-e-estrutura-digestorioEquilíbrio ácido-base: embora o sistema digestório não seja o principal órgão responsável por regular o equilíbrio ácido-base, ele contribui para a conservação e eliminação de ácidos e bases e, em situações patológicas, isso pode ter efeito significativo sobre o balanço entre ácidos e bases do organismo. ➢ Equilíbrio hídrico Os líquidos corporais são encontrados em dois “compartimentos” principais – intracelular e extracelular. Cerca de dois terços do líquido corporal constituem o líquido intracelular (LIC), também chamado citosol, o líquido dentro das células. O outro terço, chamado de líquido extracelular (LEC), se encontra fora das células e inclui todos os líquidos corporais. Cerca de 80% do LEC é o líquido intersticial, que ocupa os espaços microscópicos entre as células nos tecidos, e os outros 20% do LEC são o plasma, a porção líquida do sangue. + Outros líquidos extracelulares que estão agrupados com o líquido intersticial incluem a linfa nos vasos linfáticos; o líquido cerebrospinal no sistema nervoso; o líquido sinovial nas articulações; o humor aquoso e o humor vítreo; a endolinfa e a perilinfa das orelhas e os líquidos pleural, pericárdico e peritoneal entre as túnicas serosas. O corpo encontra-se em equilíbrio hídrico quando as quantidades necessárias de água e de solutos estão presentes e se encontram em proporções corretas entre os vários compartimentos. A água é, sem dúvida, o maior componente individual do corpo, constituindo cerca de 45 a 75% da massa corporal total, dependendo do sexo e da idade. Os processos de filtração, reabsorção, difusão e osmose permitem uma troca contínua de água e de solutos entre os compartimentos de líquido do corpo. Como a maior parte dos solutos nos líquidos corporais são eletrólitos, compostos inorgânicos que se dissociam em íons, o equilíbrio hídrico está relacionado intimamente com o equilíbrio eletrolítico. Uma vez que a ingestão de água e de eletrólitos raramente ocorre exatamente nas mesmas proporções em que eles se encontram nos líquidos corporais. O corpo pode ganhar água por ingestão e pela síntese metabólica. As principais fontes de água corporal são os líquidos ingeridos e os alimentos úmidos absorvidos no sistema digestório. A outra fonte de água é a água metabólica, que é produzida no corpo principalmente quando o oxigênio recebe elétrons durante a respiração aeróbica e, em menor volume, durante as reações de síntese por desidratação. Quando a perda de água é maior do que o ganho ocorre a desidratação que é a diminuição do volume e aumento da osmolaridade dos líquidos corporais, estimulando a sede. No entanto, quando a massa corporal diminui cerca de 2% devido a uma perda de líquidos, ocorre desidratação moderada. A diminuição no volume sanguíneo faz com que a pressão sanguínea também diminua. Essa mudança estimula uma cadeia de processos metabólicos, como: • liberação de renina pelos rins, que promove a formação de angiotensina II • estimulação do centro da sede no hipotálamo pelo aumento da concentração de angiotensina II e pelo aumento da osmolaridade sanguínea Como resultado, a sensação de sede aumenta, o que em geral faz com que a ingestão de líquidos aumente (se houver líquido) e o volume normal de líquido retorne ao normal, e quando ocorre sudorese abundante ou perda de líquidos causada por diarreia ou vômitos, é prudente começar a reposição de líquidos corporais por intermédio da ingestão de líquidos antes mesmo de a sensação de sede aparecer. Em se tratando da regulação da perda de água e de solutos, é importante lembrar da osmose que ocorre em nosso organismo. A Osmose é o processo em que a água se move, sem gasto de energia pela célula, do meio menos concentrado para o mais concentrado através de uma membrana seletivamente permeável. E, geralmente esses meios são concentrações de sódio e de cloro. Além disso, o principal fator que determina a osmolaridade dos líquidos corporais é o volume de perda urinária de água contendo esses sais. Como a nossa dieta diária contém um teor altamente variável de Cloreto de Sódio (NaCl), a excreção urinária de íons sódio (Na+) e de íons cloro (Cl–) também deve variar para que a homeostasia seja mantida e, por isso, variações hormonais regulam a perda urinária desses íons, que, por sua vez, afeta o volume de sangue. Os três hormônios mais importantes que regulam a reabsorção renal de Na + e de Cl – (e, desse modo, os íons perdidos na urina) são a angiotensina II, a aldosterona e o peptídio natriurético atrial (PNA). Quando seu corpo está desidratado, a angiotensina II e a aldosterona promovem a reabsorção urinária de Na + e de Cl – (e de água por osmose com os eletrólitos), conservando o volume de líquidos corporais pela redução de sua perda urinária. Já o PNA, promove a natriurese que é a elevação da excreção urinária de Na+ (e de Cl –), que é seguida pela excreção de água, diminuindo o volume sanguíneo. Mas o principal hormônio que regula a perda de água é o hormônio antidiurético (HAD). Esse hormônio é também conhecido como vasopressina, e além de estimular o mecanismo de sede e o aumento da osmolaridade dos líquidos corporais, promove a inserção de proteínas que formam canais de água (aquaporina 2) nas membranas apicais das células principais nos túbulos coletores dos rins. Como resultado, a permeabilidade dessas células para a água aumenta. ➢ Equilíbrio ácido-base Com base na nossa discussão até aqui, deve estar claro que vários íons desempenham papéis diferentes que ajudam a manter a homeostasia. Um desafio homeostático importante é a manutenção da concentração de H+ (pH) dos líquidos corporais em um nível adequado. A manutenção do equilíbrio acidobásico é de importância crítica para a função celular normal. Por exemplo, o formato tridimensional de todas as proteínas do corpo, que permite que elas realizem funções específicas, é bastante sensível a mudanças no pH. Em um indivíduo saudável, vários mecanismos ajudam a manter o pH do sangue arterial sistêmico entre 7,35 e 7,45. Como as reações metabólicas produzem frequentemente um excesso considerável de H+, a ausência de qualquer mecanismo para a retirada de H+ faria com que os níveis de H+ nos líquidos corporais aumentassem até um nível letal. A homeostasia da concentração de H+ dentro de uma faixa estreita é essencial para a sobrevivência. Por isso, a remoção de H+ dos líquidos corporais e sua eliminação subsequente pelo corpo são de extrema importância e dependem de três mecanismos principais: • Sistemas tampão: Os tampões agem rapidamente para ligar temporariamente o H+, removendo o excesso altamente reativo de H+ da solução. Assim, os tampões aumentam o pH dos líquidos corporais, porém não removem o H+ do sangue. • Expiração de dióxido de carbono: Aumentando a frequência e a profundidade respiratórias, mais dióxido de carbono pode ser exalado. Em alguns minutos isso reduz os níveis de ácido carbônico no sangue, o que eleva o pH sanguíneo (reduz os níveis sanguíneos de H+). • Excreção renal de H+: O mecanismo mais lento, porém o único modo de eliminar outros ácidos além do ácido carbônico, é por sua excreção pela urina. Como já foi dito, a faixa normal de pH do sangue arterial sistêmico é entre 7,35 (= 45 nEq de H + /litro) e 7,45 (= 35 nEq de H + /litro). Quando o pH sanguíneo se encontra abaixo de 7,35 é dito que ocorreu uma acidose ou acidemia. Mas quando o pH sanguíneo se encontra acima de 7,45 é dito que ocorreu uma alcalose ou alcalemia. O principal efeito fisiológico da acidose é a depressão do SNC causada pela depressão da transmissão sináptica. Se o pH do sangue arterial sistêmico for menor do que 7, a depressão do sistema nervoso é tão intensa que o indivíduo fica desorientado, comatoso epode morrer. Pacientes com acidose grave geralmente morrem enquanto estão em coma. Um efeito importante da alcalose, por sua vez, é a excitabilidade excessiva tanto do SNC quanto dos nervos periféricos. Uma modificação no pH sanguíneo que leve à acidose ou à alcalose pode ser contrabalanceada pela compensação, a resposta fisiológica a um desequilíbrio acidobásico que age para normalizar o pH do sangue arterial. A compensação pode ser: • Completa: se o pH retornar aos valores normais, • ou parcial: se o pH do sangue arterial sistêmico ainda ficar abaixo de 7,35 ou acima de 7,45 Se um indivíduo apresentar alterações no pH sanguíneo por causas metabólicas, a hiperventilação ou a hipoventilação podem ajudar a retornar o pH para a faixa da normalidade; esse tipo de compensação, chamada de compensação respiratória, ocorre em alguns minutos e alcança seu máximo em algumas horas. Entretanto, se um indivíduo apresentar alteração do pH sanguíneo por causas respiratórias, então a compensação renal – modificações na secreção de H + e na reabsorção de HCO3 – pelos túbulos renais – pode ajudar a reverter a mudança. A compensação renal pode começar em alguns minutos, mas ela leva dias para alcançar sua eficiência máxima.
Compartilhar