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OS DESAFIOS PARA UMA CONTÍNUA EFETIVIDADE DA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: UM RELATO DE CASO Ana Luiza Dias Lins UNIT CNPQ analuizaquimica@outlook.com; Carla Jeane Helfemsteller Coelho Dornelles UNIT ccfilos2@yahoo.com.br Resumo Este trabalho é oriundo de análises e reflexões obtidas a partir de alguns dos resultados alcançados através da realização de duas pesquisas de Iniciação Científica que ocorreram seguidas uma da outra, sendo a segunda, continuidade da primeira, onde pesquisou-se sobre “A Implementação do Conselho Gestor de Unidade de Conservação como estratégia de participação social e desenvolvimento Sustentável”. Os referidos projetos visaram contribuir para com o fortalecimento e efetivo funcionamento dos Conselhos Gestores de quatro (4) Unidades de Conservação Estaduais do estado de Sergipe. Nesse sentido, o presente estudo constatou que as Unidades de Conservação (UC) funcionam e atingem seus objetivos, parcialmente, uma vez que se identifica problemas que consiste em uma efetividade descontínua, fato que gera retrocessos na proteção ambiental. Diante disso, este trabalho busca apontar, a partir dos projetos desenvolvidos, alguns fatores que implicam essa descontinuidade. Palavras-chave: Unidades de Conservação. Conselho Gestor. Participação Social. Introdução As Unidades de Conservação (UCs) são regidas pela lei 9.985/2000 (Sistema Nacional de Unidades de Conservação) e regulamentadas pelo decreto 4.340/2002. De acordo o SNUC, as UCs são espaços territoriais com características naturais relevantes instituídos pelo poder público com o objetivo de conservação. (BRASIL, 2000) De acordo com as disposições dessa regulamentação as UCs devem ser geridas em conjunto com os seus Conselhos Gestores. Diante disso, destacamos os Conselhos Gestores das UCs, como indispensáveis para a efetividade das Unidades de Conservação; ao passo que para o bom funcionamento destas, estes deverão ser atuantes. É nesse contexto que se insere os projetos de pesquisa “A Implementação do Conselho Gestor de Unidade de Conservação como estratégia de participação social e desenvolvimento Sustentável”, em suas duas fases, que objetivaram analisar o funcionamento dos Conselhos Gestores das quatro UCs estaduais de Sergipe, dar visibilidade às ações implementadas por estes conselhos, assim como levantar alternativas de superação dos obstáculos que dificultam à gestão participativa, através da construção coletiva (com participação dos conselheiros), de um Plano de Ação do Conselho Gestor. Através de pesquisa qualitativa e de campo, por meio da Pesquisa Ação, realizou-se a coleta de informações paralelamente a um processo de capacitação dos conselheiros dos quatro Conselhos Gestores destas UCs. Dentre os resultados obtidos, esta apresentação selecionou dois, sendo eles: 1) a evidência da importância e necessidade de realização de processos de Formação Continuada e Permanente com os conselheiros; e 2) a necessidade de maior atenção às Ucs e aos Conselhos Gestores por parte dos Órgãos Governamentais. Tal escolha se deu pela íntima relação que estes resultados apresentam. Isto porque, durante a pesquisa foi possível observar a revitalização dos Conselhos Gestores por meio dos encontros promovidos por esta, validando a Formação Continuada e Permanente como um importante fator para a gestão das UCs. Além disso, foi perceptível que muitos conselhos estavam adormecidos por questões estruturais, governamentais, assim como pela defasagem de uma “cultura” de participação social e cidadã, que impregna nossas sociedades. No entanto a partir das capacitações promovidas pela pesquisa, tais conselhos foram sendo novamente ativados. Ocorre que entre a realização das duas pesquisas, ou seja, no início da segunda pesquisa, mais uma descontinuidade ocorreu com os referidos conselhos, em função de mudanças governamentais. A nova gestão governamental iniciada a partir de 2019 realizou uma fusão entre a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH) com a Secretaria de Infraestrutura (SEINFRA) originando o que se passou a ser chamado de Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade. (SEDURBS). Ocorre que em virtude desta fusão e das consequentes mudanças dela decorrentes, ao longo do primeiro semestre do referido ano não foi possível ir à campo, em função do tempo necessário às reformulações desencadeadas nestas mudanças governamentais; fato que implicou na descontinuidade (ao menos temporariamente) do processo iniciado, de capacitação dos conselheiros - que viria a constituir a efetivação do processo de Formação Continuada e Permanente. Cabe salientar que a primeira etapa da pesquisa, concluiu-se com a realização de um Plano de Ação em cada um dos citados Conselhos Gestores. E que a continuidade dos encontros destes conselhos é fundamental, para execução deste plano. Objetivo O objetivo do presente trabalho é analisar a partir dos resultados obtidos nos projetos desenvolvidos, as circunstâncias que promovem a descontinuidade nos Conselhos Gestores das Unidades de Conservação, realizando tal análise a partir do relato de fatos que ocorreram durante o curso das pesquisas. Metodologia A metodologia do projeto que resulta o presente trabalho, consistiu em uma pesquisa qualitativa onde foram analisados resultados de duas pesquisas de campo que tiveram como procedimentos metodológicos, o estudo de caso e a Pesquisa-Ação. Quanto às técnicas utilizadas, nas pesquisas aqui analisadas, estas consistiram na aplicação de questionários e realização da Dinâmica de Tarjetas para análise da gestão participativa. Em relação à análise dos dados estes foram realizados por meio do método da hermenêutica-dialética. Resultados: No que tange aos resultados é possível visualizar que a efetiva gestão das UCs depende da Formação Continuada e Permanente dos seus Conselhos Gestores. Tendo em vista que, os Conselhos Gestores, em virtude de questões estruturais e culturais, muitas vezes adormecem, gerando a descontinuidade da eficácia da Gestão das UCs, a atenção dos órgãos governamentais para com a continuidade das ações, torna-se condicionante à implementação das Unidades de Conservação. Conclusão: As Unidades de Conservação são estratégias importantes para a proteção ambiental. No entanto, precisam ser implementadas para que este fim seja alcançado. Muitas são as formas que efetivam esta implementação, e a Gestão Participativa (COELHO e MELO, 2010), o efetivo funcionamento dos Conselhos Gestores, se constitui em uma delas. As pesquisas analisadas para realização do estudo que ora apresentamos demonstraram, que as ações políticas são impactantes à gestão destas UCs e à possível gestão participativa delas. Daí os resultados que apontaram para: 1) necessidade de Formação Continuada e Permanente dos Conselhos Gestores e 2) maior atenção dos órgãos governamentais para com o funcionamento efetivo das UCs e seus Conselhos Gestores. Referências: Lei n. 9.985, de 18 de julho 2000. Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm BRASIL. Constituição (1988). Atualizada com as Emendas constitucionais promulgadas. Disponível em : http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm COELHO, Carla Jeane Helfemsteller e MELO, Maria das Dores C. (Org.). Saberes e fazeres da Mata Atlântica do Nordeste: lições para uma gestão Participativa. Recife: AMANE, 2010.
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