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Direito Constitucional Repercussão da matéria constitucional no recurso extraordinário O recurso extraordinário é um mecanismo processual que viabiliza a análise de questões constitucionais pelo STF. Para que o recurso chegue à Suprema Corte é necessário que o jurisdicionado tenha se valido de todos os meios ordinários, ou seja, que tenha percorrido as demais instâncias judiciais do País. Também se exige que o recorrente preencha alguns requisitos legais para que o recurso extraordinário possa ser recebido pelo STF. Hipóteses de cabimento: O art. 102, III, da Constituição Federal, elenca as hipóteses de cabimento do recurso extraordinário. “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: (…) III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição; d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal”. A Lei n° 11.418/06 criou as letras “A” e “B” do art. 543, do Código de Processo Civil, visando regulamentar o requisito da repercussão geral nos recursos extraordinários, estabelecida pelo art. 102, §3º, da Constituição Federal. Atualmente são os artigos 1.035 e 1.036 do Novo CPC. Dispõe o art. 1.035, do CPC: “O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos termos deste artigo”. Por conseguinte, o § 1º, do art. 1.035, estabelece o que será considerado como “repercussão geral”: “Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo”. Tem-se, assim, que a matéria discutida em sede de recurso extraordinário deverá ser relevante para a coletividade e não apenas ao recorrente. A repercussão geral deverá ser demonstrada pelo impetrante em preliminar do recurso (art. 1.035, §2º, do CPC). Por sua vez, o §3º, do mesmo dispositivo legal, completa a noção da repercussão geral ao dispor que: “§ 3o Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que: b) I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal; c) III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do art. 97 da Constituição Federal.”. Ou seja, além das hipóteses de ofensa direta à Constituição Federal, o recurso extraordinário também poderá ser interposto quando houver discussão relativa à interpretação do texto constitucional dada pelo STF em súmula ou jurisprudência dominante. Dispõe o art. 102, §3º, da Constituição Federal, que o STF poderá recusar em receber o recurso extraordinário se houver a manifestação de dois terços de seus membros, ou seja, pelo voto de 8 Ministros Por outro lado, se o STF negar “a repercussão geral, o presidente ou o vice-presidente do tribunal de origem negará seguimento aos recursos extraordinários sobrestados na origem que versem sobre matéria idêntica.” (art. 1.035, §8º, do CPC). O § 4º do art. 1.035, do CPC, prevê a intervenção do amicus curiae no recurso extraordinário, que deverá ser autorizada pelo relator quando da análise da repercussão geral, nos seguintes termos: “O Relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal”. O amicus curiae é um terceiro, em relação à causa discutida, mas que pode trazer elementos técnicos e de interesse da sociedade para ajudar na decisão da causa pelo STF. Sua figura já é admitida no controle abstrato de constitucionalidade, passando, agora, a ser aceito também no controle difuso. Visando mais uma vez otimizar a decisão do STF, o § 11, do artigo em comento, dispõe que “A Súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será publicada no Diário Oficial e valerá como acórdão”. O art. 1.036, do Código de Processo Civil, também traz regras relacionadas à tentativa de diminuir os processos no STF. Veja-se o que diz seu caput e §1º: "Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais com fundamento em idêntica questão de direito, haverá afetação para julgamento de acordo com as disposições desta Subseção, observado o disposto no Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal e no do Superior Tribunal de Justiça. § 1o O presidente ou o vice- presidente de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal selecionará 2 (dois) ou mais recursos representativos da controvérsia, que serão encaminhados ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça para fins de afetação, determinando a suspensão do trâmite de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitem no Estado ou na região, conforme o caso”. A regra é direcionada aos Tribunais de 2ª instância, que devem selecionar alguns recursos representativos da controvérsia constitucional para encaminhar ao Supremo e determinar que os demais processos fundados na mesma questão aguardem a decisão final da Suprema Corte. Negada a existência de repercussão geral pelo STF nos casos a ele remetidos, os demais recursos sobre a mesma matéria que estiverem sobrestados deverão ser considerados automaticamente não admitidos (art. 1.036, §2º, do CPC). Por outro lado, se for julgado o mérito do recurso extraordinário, os recursos sobrestados serão apreciados pelos Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais, que poderão declará-los prejudicados ou retratar-se (art. 1.036, §3º, do CPC). Não admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, caberá agravo nos próprios autos, no prazo de 15 (quinze) dias, para o Supremo Tribunal Federal (art. 1.042 do CPC). Da decisão do relator que não admitir o agravo, negar-lhe provimento ou reformar o acórdão recorrido, caberá agravo ao órgão competente para o julgamento do recurso (art. 1.021 do CPC). Controle concentrado de constitucionalidade Não tem caso concreto, a discussão é apenas em abstrato com base na lei. Formas de controle concentrado no mundo 1 - Controle por corte const. Fazer controle de const Ex austria Alemanha Portugal Fora do poder judiciário, efeito vinculante. 2 - Controle por suprema corte Controle por poder judiciário, órgão de cúpula Brasil Controle entregue pro STF 3 – Controle por sala constitucional Colômbia Órgão especial – pros estados no BR Controle concentrado no BR 1965 1 ADI ação ou omissão 2 Ação declaratória de constituição. 3 ADPF Competência – STF – lei ou ato normativo federal Lei de ato normativo * Estadual STF quando essa lei ou ato violar a constituição por sua vez os TJS farão o controle concentrado de lei ou ato normativo estadual no TJ quando a contraria a constituição do estado ou tribunais de justiça lei ou ato normativo municipal O controle concentrado no BR existe também nos tribunais de justiça dos estados Ação direta de inconstitucionalidade (ADI) • Competência STF- lei ou ato normativo federal TJ- lei ou ato normativo municipal § Obs: LEI OU ATO NORMATIVO ESTADUAL ambos tem competência STF- quando contrariar a CF TJ- quando contrariar APENAS a CE Caberá ao STF a análise das ADI que tenham como objeto lei ou ato normativo federal e lei ou ato normativo estadual que venha ferir a CF. Por sua vez, os TJ analisaram ADI que tenham como objeto lei ou ato normativo municipal e lei ou ato normativo estadualque viole apenas a CE. • Legitimados Legitimados no STF- art. 103 da CF Rol taxativo § Presidente da Republica § Mesa da Câmara dos Deputados § Mesa do Senado Federal § Mesa da Assembleia legislativa e da Câmara legislativa do DF § Governador de Estado ou DF § PGR § CF da OAB § Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional § Partido político com representação no Congresso São divididos em duas categorias: legitimados genéricos ou universais e legitimados temáticos ou especiais. Não basta o legitimado constar no art. 103 da CF, tem que ele também demonstrar interesse processual para a propositura da ação. São legitimados em SP: O governador de SP, Assembleia legislativa de SP, Os prefeitos do município do estado de SP, A câmara de vereadores dos municípios, O conselho estadual da OAB, O procurador geral de justiça, Partido político com representação na assembleia legislativa, Associação de membro estadual. Efeitos da decisão na ADI Quanto às pessoas: São erga omnes e vinculantes. Quanto à extensão: Ex tunc → Ao passado. Ex Nunc → Só vale pra frente (Valida atos praticados durante a vigência da lei inconstitucional). Momento que se torna vinculante: É a partir da publicação da decisão no Diário Oficial da União. → Até a publicação qualquer ministro pode alterar seu voto (caso aconteça, não cabe reclamação). E quando um ministro substitui o outro, ele pode alterar o voto do anterior (ANTES DA PUBLICAÇÃO). Entrada em → ADI → Julgamento → Vigor. Aquele que provoca uma ADI quer mostrar que a lei é inconstitucional. Como regra, a decisão que reconhece inconstitucional uma lei ou ato normativo gera efeito ex tunc, ou seja, a decisão retroagirá para o dia da entrada em vigor da lei ou ato normativo declarado inconstitucional. De tal modo, os atos praticados na vigência são ineficazes voltando ao status de antes. Portanto, no silencio da decisão sobre qual efeito está valendo segue-se o efeito ex tunc. Todavia de modo a evitar que a decisão possa gerar grave risco a segurança jurídica e havendo relevante interesse social o STF poderá por decisão de 2/3 de seus membros (8) deixar de aplicar o efeito ex tunc e dizer que aquela decisão produzirá efeitos somente A PARTIR de seu transito em julgado, assim reconhecendo o efeito ex nunc, validando os atos produzidos anteriormente ao julgamento ou em outro momento que achar mais adequado. Questões processuais da ADI 1 - Uma vez proposta a ADI o legitimado não pode desistir da ação, tem que dar prosseguimento. Ou seja, sendo a parte legitima a ação tem que prosseguir. A ação só pode ser extinta em um único caso, que é quando a parte não é legitimada. 2 – Pode se promover uma ADI no STF e nos TJ (de ato normativo estadual ou municipal) Adeco (Ação declaratória de constitucionalidade) Pontos comuns entre a ADI e ADECO: - Os legitimados das duas são iguais. - Os efeitos da decisão da ADI e da ADECO são erga omnes, ou seja, atingem TODAS as pessoas e também são vinculantes. - A ADECO e ADI não admitem desistência - Não admitem intervenção de terceiro. - As duas admitem amicus curiae. Pontos diferentes entre ADI e ADECO: Origem: A ADI é fruto do poder constituinte originário e a ADECO é fruto do poder constituinte derivado. Competência: A ADI pode ser proposta no STF (lei ou ato normativo federal) e TJ (lei ou ato normativo estadual ou municipal), já na ADECO a competência é exclusiva do STF. Objetivo do legitimado: O objetivo da ADI é a inconstitucionalidade, já na ADECO o objetivo é a constitucionalidade. Constitucionalidade: Toda lei ou ato normativo que ingressa no ordenamento jurídico possui uma presunção (relativa) de constitucionalidade ou inconstitucionalidade. → Presunção: ADI e ADECO transformam essa presunção em algo absoluto. Quando uma ADI é declarada improcedente, um “manto” de absoluta constitucionalidade é aplicada numa lei ou ato normativo (E, F) Isso também serve para a ADECO, não é necessário ADI quando uma ADECO é declarada improcedente e vice-versa. “Efeito ambivalente”: Toda ação de controle concentrado de constitucionalidade, caso julgado improcedente, gerará o efeito reverso ao pretendido pelo legitimado. Por isso não se admitem desistência. ADPF Arguição de descumprimento de preceito fundamental. Art. 102, p.1° da CF – Lei 9882/99. Regras comuns (ADI, ADECO, ADPF) 1 – Legitimados 2 – Amicus Cureae 3 – Efeitos da decisão (erga omnes e vinculantes). 4 – Não admitem desistência. 5 – Admite a modulação da decisão. 6 – Aplica-se o efeito ambivalente da decisão. Regra comum entre ADECO E ADPF: Ambas somente podem ser propostas no STF (não cabe ADPF nos TJS). Lei 9.882/99 – criou novas regras no controle concentrado Situações jurídicas no controle de constitucionalidade segundo o STF Inconstitucionalidade superveniente: Uma lei anterior se torna inconstitucional (compatível com a CF) com emenda posterior – O ordenamento não admite inconstitucionalidade, a lei é revogada e deixa o ordenamento jurídico. Constitucionalidade superveniente: O STF não reconhece, a ineficácia continua mesmo com emenda que a torne constitucional. A lei pode ser reapresentada como projeto de lei. As duas são situações que a jurisprudência do STF não aceita. Decisões manipulativas de caráter aditivo: É semelhante ao ativismo judicial, ADPF 54. Gera efeitos jurídicos. Normas constitucionais em trânsito para a inconstitucionalidade 1) Segurança jurídica 2) Interesse social → Art. 68 do CPP (1941) – Ação Cuil “ex” Lei 8560/92 – Investigação de paternidade. Inconstitucionalidade consequencial ou por arrastamento Possível por economia processual → ADI n° 3695/PR. Estado de coisa inconstitucional ADPF 347/DF (PSOL). No estado de coisa inconstitucional o que você processa é o próprio estado. Pode ocorrer por duas situações: 1) Ação (fazer) 2) Omissão (não fazer) Na maioria das vezes se promove uma medida por omissão. O estado através de uma ação ou omissão pratica ou não pratica algo que ele deveria ou não deveria fazer.
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