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Direito Constitucional IV

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Direito Constitucional 
Repercussão da matéria 
constitucional no recurso 
extraordinário 
O recurso extraordinário é um 
mecanismo processual que 
viabiliza a análise de questões 
constitucionais pelo STF. 
Para que o recurso chegue à 
Suprema Corte é necessário que 
o jurisdicionado tenha se valido 
de todos os meios ordinários, ou 
seja, que tenha percorrido as 
demais instâncias judiciais do País. 
Também se exige que o 
recorrente preencha alguns 
requisitos legais para que o 
recurso extraordinário possa ser 
recebido pelo STF. 
Hipóteses de cabimento: 
O art. 102, III, da Constituição 
Federal, elenca as hipóteses de 
cabimento do recurso 
extraordinário. 
“Art. 102. Compete ao Supremo 
Tribunal Federal, precipuamente, 
a guarda da Constituição, 
cabendo-lhe: (…) III - julgar, 
mediante recurso extraordinário, 
as causas decididas em única ou 
última instância, quando a decisão 
recorrida: 
a) contrariar dispositivo desta 
Constituição; 
b) declarar a 
inconstitucionalidade de 
tratado ou lei federal; 
c) julgar válida lei ou ato de 
governo local contestado 
em face desta 
Constituição; 
d) julgar válida lei local 
contestada em face de lei 
federal”. 
A Lei n° 11.418/06 criou as 
letras “A” e “B” do art. 543, do 
Código de Processo Civil, 
visando regulamentar o 
requisito da repercussão geral 
nos recursos extraordinários, 
estabelecida pelo art. 102, §3º, 
da Constituição Federal. 
Atualmente são os artigos 
1.035 e 1.036 do Novo CPC. 
Dispõe o art. 1.035, do CPC: “O 
Supremo Tribunal Federal, em 
decisão irrecorrível, não 
conhecerá do recurso 
extraordinário quando a questão 
constitucional nele versada não 
tiver repercussão geral, nos 
termos deste artigo”. 
Por conseguinte, o § 1º, do art. 
1.035, estabelece o que será 
considerado como “repercussão 
geral”: “Para efeito da 
repercussão geral, será 
considerada a existência ou não 
de questões relevantes do ponto 
de vista econômico, político, 
social ou jurídico que ultrapassem 
os interesses subjetivos do 
processo”. 
Tem-se, assim, que a matéria 
discutida em sede de recurso 
extraordinário deverá ser 
relevante para a coletividade e 
não apenas ao recorrente. 
A repercussão geral deverá ser 
demonstrada pelo impetrante em 
preliminar do recurso (art. 1.035, 
§2º, do CPC). 
Por sua vez, o §3º, do mesmo 
dispositivo legal, completa a 
noção da repercussão geral ao 
dispor que: “§ 3o Haverá 
repercussão geral sempre que o 
recurso impugnar acórdão que: 
b) I - contrarie súmula ou 
jurisprudência dominante 
do Supremo Tribunal 
Federal; 
c) III - tenha reconhecido a 
inconstitucionalidade de 
tratado ou de lei federal, 
nos termos do art. 97 da 
Constituição Federal.”. 
Ou seja, além das hipóteses 
de ofensa direta à 
Constituição Federal, o 
recurso extraordinário 
também poderá ser 
interposto quando houver 
discussão relativa à 
interpretação do texto 
constitucional dada pelo STF 
em súmula ou jurisprudência 
dominante. 
Dispõe o art. 102, §3º, da 
Constituição Federal, que o STF 
poderá recusar em receber o 
recurso extraordinário se houver 
a manifestação de dois terços de 
seus membros, ou seja, pelo 
voto de 8 Ministros 
Por outro lado, se o STF negar 
“a repercussão geral, o 
presidente ou o vice-presidente 
do tribunal de origem negará 
seguimento aos recursos 
extraordinários sobrestados na 
origem que versem sobre 
matéria idêntica.” (art. 1.035, §8º, 
do CPC). 
O § 4º do art. 1.035, do CPC, 
prevê a intervenção do amicus 
curiae no recurso extraordinário, 
que deverá ser autorizada pelo 
relator quando da análise da 
repercussão geral, nos seguintes 
termos: 
“O Relator poderá admitir, na 
análise da repercussão geral, a 
manifestação de terceiros, 
subscrita por procurador 
habilitado, nos termos do 
Regimento Interno do Supremo 
Tribunal Federal”. 
O amicus curiae é um terceiro, 
em relação à causa discutida, 
mas que pode trazer elementos 
técnicos e de interesse da 
sociedade para ajudar na decisão 
da causa pelo STF. Sua figura já 
é admitida no controle abstrato 
de constitucionalidade, passando, 
agora, a ser aceito também no 
controle difuso. 
Visando mais uma vez otimizar a 
decisão do STF, o § 11, do artigo 
em comento, dispõe que “A 
Súmula da decisão sobre a 
repercussão geral constará de 
ata, que será publicada no Diário 
Oficial e valerá como acórdão”. 
O art. 1.036, do Código de 
Processo Civil, também traz 
regras relacionadas à tentativa de 
diminuir os processos no STF. 
Veja-se o que diz seu caput e 
§1º: 
"Art. 1.036. Sempre que houver 
multiplicidade de recursos 
extraordinários ou especiais com 
fundamento em idêntica questão 
de direito, haverá afetação para 
julgamento de acordo com as 
disposições desta Subseção, 
observado o disposto no 
Regimento Interno do Supremo 
Tribunal Federal e no do 
Superior Tribunal de Justiça. 
§ 1o O presidente ou o vice-
presidente de tribunal de justiça 
ou de tribunal regional federal 
selecionará 2 (dois) ou mais 
recursos representativos da 
controvérsia, que serão 
encaminhados ao Supremo 
Tribunal Federal ou ao Superior 
Tribunal de Justiça para fins de 
afetação, determinando a 
suspensão do trâmite de todos 
os processos pendentes, 
individuais ou coletivos, que 
tramitem no Estado ou na região, 
conforme o caso”. 
A regra é direcionada aos 
Tribunais de 2ª instância, que 
devem selecionar alguns 
recursos representativos da 
controvérsia constitucional para 
encaminhar ao Supremo e 
determinar que os demais 
processos fundados na mesma 
questão aguardem a decisão final 
da Suprema Corte. 
Negada a existência de 
repercussão geral pelo STF nos 
casos a ele remetidos, os demais 
recursos sobre a mesma matéria 
que estiverem sobrestados 
deverão ser considerados 
automaticamente não admitidos 
(art. 1.036, §2º, do CPC). 
Por outro lado, se for julgado o 
mérito do recurso extraordinário, 
os recursos sobrestados serão 
apreciados pelos Tribunais, 
Turmas de Uniformização ou 
Turmas Recursais, que poderão 
declará-los prejudicados ou 
retratar-se (art. 1.036, §3º, do 
CPC). 
Não admitido o recurso 
extraordinário ou o recurso 
especial, caberá agravo nos 
próprios autos, no prazo de 15 
(quinze) dias, para o Supremo 
Tribunal Federal (art. 1.042 do 
CPC). 
Da decisão do relator que não 
admitir o agravo, negar-lhe 
provimento ou reformar o 
acórdão recorrido, caberá agravo 
ao órgão competente para o 
julgamento do recurso (art. 1.021 
do CPC). 
Controle concentrado de 
constitucionalidade 
Não tem caso concreto, a 
discussão é apenas em 
abstrato com base na lei. 
Formas de controle 
concentrado no mundo 
1 - Controle por corte 
const. 
Fazer controle de const 
Ex austria Alemanha 
Portugal 
Fora do poder judiciário, 
efeito vinculante. 
2 - Controle por suprema 
corte 
Controle por poder 
judiciário, órgão de cúpula 
Brasil 
Controle entregue pro 
STF 
3 – Controle por sala 
constitucional 
Colômbia 
Órgão especial – pros 
estados no BR 
Controle concentrado no 
BR 1965 
1 ADI ação ou omissão 
2 Ação declaratória de 
constituição. 
3 ADPF 
Competência – STF – lei 
ou ato normativo federal 
Lei de ato normativo * 
Estadual STF quando essa 
lei ou ato violar a 
constituição por sua vez 
os TJS farão o controle 
concentrado de lei ou ato 
normativo estadual no TJ 
quando a contraria a 
constituição do estado ou 
tribunais de justiça lei ou 
ato normativo municipal 
O controle concentrado no 
BR existe também nos 
tribunais de justiça dos 
estados 
Ação direta de 
inconstitucionalidade (ADI) 
• Competência 
STF- lei ou ato normativo 
federal 
 TJ- lei ou ato normativo 
municipal 
§ Obs: LEI OU ATO 
NORMATIVO ESTADUAL 
ambos tem competência 
STF- quando contrariar a 
CF 
TJ- quando contrariar 
APENAS a CE 
Caberá ao STF a análise 
das ADI que tenham como 
objeto lei ou ato normativo 
federal e lei ou ato 
normativo estadual que 
venha ferir a CF. Por sua 
vez, os TJ analisaram ADI 
que tenham como objeto 
lei ou ato normativo 
municipal e lei ou ato 
normativo estadualque 
viole apenas a CE. 
• Legitimados 
Legitimados no STF- art. 
103 da CF 
Rol taxativo 
§ Presidente da Republica 
§ Mesa da Câmara dos 
Deputados 
§ Mesa do Senado Federal 
§ Mesa da Assembleia 
legislativa e da Câmara 
legislativa do DF 
§ Governador de Estado 
ou DF 
§ PGR 
§ CF da OAB 
§ Confederação sindical ou 
entidade de classe de 
âmbito nacional 
§ Partido político com 
representação no 
Congresso 
 São divididos em duas 
categorias: legitimados genéricos 
ou universais e legitimados 
temáticos ou especiais. 
Não basta o legitimado constar 
no art. 103 da CF, tem que ele 
também demonstrar interesse 
processual para a propositura da 
ação. 
São legitimados em SP: O 
governador de SP, Assembleia 
legislativa de SP, Os prefeitos do 
município do estado de SP, A 
câmara de vereadores dos 
municípios, O conselho estadual 
da OAB, O procurador geral de 
justiça, Partido político com 
representação na assembleia 
legislativa, Associação de 
membro estadual. 
Efeitos da decisão na ADI 
Quanto às pessoas: São erga 
omnes e vinculantes. 
Quanto à extensão: 
Ex tunc → Ao passado. 
Ex Nunc → Só vale pra frente 
(Valida atos praticados durante a 
vigência da lei inconstitucional). 
Momento que se torna 
vinculante: É a partir da 
publicação da decisão no Diário 
Oficial da União. 
→ Até a publicação qualquer 
ministro pode alterar seu voto 
(caso aconteça, não cabe 
reclamação). 
E quando um ministro substitui o 
outro, ele pode alterar o voto do 
anterior (ANTES DA 
PUBLICAÇÃO). 
 Entrada em → ADI → 
Julgamento → Vigor. 
Aquele que provoca uma ADI 
quer mostrar que a lei é 
inconstitucional. 
Como regra, a decisão que 
reconhece inconstitucional 
uma lei ou ato normativo gera 
efeito ex tunc, ou seja, a 
decisão retroagirá para o dia 
da entrada em vigor da lei ou 
ato normativo declarado 
inconstitucional. 
De tal modo, os atos praticados 
na vigência são ineficazes 
voltando ao status de antes. 
Portanto, no silencio da decisão 
sobre qual efeito está valendo 
segue-se o efeito ex tunc. 
Todavia de modo a evitar que a 
decisão possa gerar grave risco 
a segurança jurídica e havendo 
relevante interesse social o STF 
poderá por decisão de 2/3 de 
seus membros (8) deixar de 
aplicar o efeito ex tunc e dizer 
que aquela decisão produzirá 
efeitos somente A PARTIR de 
seu transito em julgado, assim 
reconhecendo o efeito ex nunc, 
validando os atos produzidos 
anteriormente ao julgamento ou 
em outro momento que achar 
mais adequado. 
Questões processuais da ADI 
1 - Uma vez proposta a ADI o 
legitimado não pode desistir da 
ação, tem que dar 
prosseguimento. 
Ou seja, sendo a parte legitima a 
ação tem que prosseguir. 
A ação só pode ser extinta em 
um único caso, que é quando a 
parte não é legitimada. 
2 – Pode se promover uma ADI 
no STF e nos TJ (de ato 
normativo estadual ou municipal) 
Adeco (Ação declaratória de 
constitucionalidade) 
 Pontos comuns entre a ADI 
e ADECO: 
- Os legitimados das duas são 
iguais. 
- Os efeitos da decisão da ADI 
e da ADECO são erga omnes, 
ou seja, atingem TODAS as 
pessoas e também são 
vinculantes. 
- A ADECO e ADI não 
admitem desistência 
- Não admitem intervenção 
de terceiro. 
 - As duas admitem amicus 
curiae. 
 Pontos diferentes entre ADI 
e ADECO: 
Origem: A ADI é fruto do 
poder constituinte originário e 
a ADECO é fruto do poder 
constituinte derivado. 
Competência: A ADI pode ser 
proposta no STF (lei ou ato 
normativo federal) e TJ (lei ou 
ato normativo estadual ou 
municipal), já na ADECO a 
competência é exclusiva do 
STF. 
Objetivo do legitimado: O 
objetivo da ADI é a 
inconstitucionalidade, já na 
ADECO o objetivo é a 
constitucionalidade. 
Constitucionalidade: Toda lei 
ou ato normativo que ingressa 
no ordenamento jurídico 
possui uma presunção 
(relativa) de constitucionalidade 
ou inconstitucionalidade. 
→ Presunção: ADI e ADECO 
transformam essa presunção 
em algo absoluto. 
Quando uma ADI é declarada 
improcedente, um “manto” de 
absoluta constitucionalidade é 
aplicada numa lei ou ato 
normativo (E, F) 
Isso também serve para a 
ADECO, não é necessário ADI 
quando uma ADECO é 
declarada improcedente e 
vice-versa. 
“Efeito ambivalente”: Toda 
ação de controle concentrado 
de constitucionalidade, caso 
julgado improcedente, gerará 
o efeito reverso ao 
pretendido pelo legitimado. 
Por isso não se admitem 
desistência. 
ADPF 
Arguição de descumprimento 
de preceito fundamental. 
Art. 102, p.1° da CF – Lei 
9882/99. 
Regras comuns (ADI, ADECO, 
ADPF) 
1 – Legitimados 
2 – Amicus Cureae 
3 – Efeitos da decisão (erga 
omnes e vinculantes). 
4 – Não admitem desistência. 
5 – Admite a modulação da 
decisão. 
6 – Aplica-se o efeito 
ambivalente da decisão. 
Regra comum entre ADECO 
E ADPF: Ambas somente 
podem ser propostas no STF 
(não cabe ADPF nos TJS). 
Lei 9.882/99 – criou novas 
regras no controle 
concentrado 
Situações jurídicas no controle 
de constitucionalidade 
segundo o STF 
Inconstitucionalidade 
superveniente: 
 Uma lei anterior se torna 
inconstitucional (compatível com 
a CF) com emenda posterior – 
O ordenamento não admite 
inconstitucionalidade, a lei é 
revogada e deixa o ordenamento 
jurídico. 
Constitucionalidade 
superveniente: 
O STF não reconhece, a 
ineficácia continua mesmo com 
emenda que a torne 
constitucional. 
A lei pode ser reapresentada 
como projeto de lei. 
 As duas são situações que 
a jurisprudência do STF 
não aceita. 
Decisões manipulativas de 
caráter aditivo: 
É semelhante ao ativismo judicial, 
ADPF 54. 
Gera efeitos jurídicos. 
Normas constitucionais em 
trânsito para a 
inconstitucionalidade 
1) Segurança jurídica 
2) Interesse social 
→ Art. 68 do CPP (1941) – Ação 
Cuil “ex” 
Lei 8560/92 – Investigação de 
paternidade. 
Inconstitucionalidade 
consequencial ou por 
arrastamento 
Possível por economia processual 
→ ADI n° 3695/PR. 
Estado de coisa inconstitucional 
ADPF 347/DF (PSOL). 
No estado de coisa 
inconstitucional o que você 
processa é o próprio estado. 
Pode ocorrer por duas situações: 
1) Ação (fazer) 
2) Omissão (não fazer) 
Na maioria das vezes se 
promove uma medida por 
omissão. 
O estado através de uma ação 
ou omissão pratica ou não 
pratica algo que ele deveria ou 
não deveria fazer.

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