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A farmacocinética estuda o movimento do fármaco dentro do nosso organismo até que o mesmo atinja o local e realize o efeito desejado. Um medicamento passa por algumas fases até fazer o efeito, considerando a via oral: Fase farmacêutica: É fase de desintegração e dissolução para que o princípio ativo seja exposto para ser absorvido. Fase farmacocinética: Absorção, Distribuição, Metabolismo, Excreção (ADME). Se um fármaco é absorvido no intestino obrigatoriamente ele vai cair na circulação porta-hepática e ser metabolizado no fígado, perdendo parte do seu efeito. Ao cair na corrente sanguínea ele é distribuído para realizar sua ação e posteriormente ele volta para a corrente sanguínea para ser eliminado. É a passagem do fármaco pelas barreiras biológicas, do local de administração até a corrente sanguínea. Para isso precisam atravessar a membrana plasmática das células, cair no interstício e então chegar nos capilares, essa travessia ocorre através de um transporte: - Passivo: o fármaco atravessa de acordo com o gradiente de concentração. - Difusão facilitada: por meio de transportadores específicos. - Transporte ativo: por meio de transportadores específicos mas há gasto de ATP pois vai contra o gradiente de concentração. ABSORÇÃO farmacocinética UNINOVE SBC | Farmacologia | 20.08.21 Gabrielle S. Sanches Um fármaco sublingual, intramuscular, intravaginal etc é absorvido pelos capilares locais, então cai direto na corrente sanguínea sistêmica, logo não ocorre esse efeito de primeira passagem no fígado. Fatores que determinam a absorção Depende tanto de características do fármaco quanto características do próprio organismo do paciente. Dependendo do alvo da medicação o fármaco nem precisa ser absorvido. Ex.; um fármaco que vai agir no estômago. Assume se o fármaco é solúvel ou não em água. Uma droga hidrossolúvel ao circular no plasma consegue atravessar facilmente entre as células, mas não consegue entrar na célula. Nesse caso, o fármaco age em receptores que estão expostos extracelularmente, pode agir numa enzima, num transportador e etc, não precisa necessariamente entrar na célula para fazer efeito. Drogas lipossolúveis tem facilidade em atravessar a membrana e entrar nas células. Fase farmacodinâmica: É a fase de interação do fármaco com o receptor. Quando um fármaco está na circulação sistêmica ele pode estar na forma livre pronto para interagir com o seu alvo e fazer efeito, mas dependendo de suas características físico- químicas ele pode se ligar nas proteínas plasmáticas, se acumular em reservatórios teciduais, ser metabolizado, excretado ou ainda interagir em locais inespecíficos, ou seja, agir em um local que não era pra agir e causar efeitos adversos. Solubilidade Um fármaco de caráter ácido em um meio de pH baixo não se ioniza, ficando com uma característica lipossolúvel, assim ele tem mais facilidade em passar pela membrana plasmática e ser absorvido. Da mesma forma, um fármaco básico que está num meio alcalino ele tem mais facilidade de ser absorvido, pois favorece sua forma não ionizada e sua molécula fica lipossolúvel. Por isso é importante tomar medicamentos apenas com água, pois ao tomar com algum suco ou refrigerante pode interferir em sua disponibilidade. Além disso, a alimentação do paciente também pode interferir, nesses casos é melhor tomar antes da refeição ou após a digestão. Parâmetros farmacêuticos Biodisponibilidade é a fração de uma dose administrada de um fármaco que chega ativa na corrente sanguínea, exclui-se a fração perdida no efeito de primeira passagem. Todo medicamento tem uma dose mínima para fazer efeito, é a faixa terapêutica, dependendo do medicamento essa faixa pode ser mais larga ou mais estreita. - Dose terapêutica: Fica na faixa terapêutica, é a dose mínima para o medicamento fazer efeito. - Dose subterapêutica: Está abaixo da FT, não é o suficiente para fazer efeito. - Dose tóxica: Concentração plasmática do fármaco ultrapassa a FT e gera efeitos adversos. - Dose de ataque: Uma dose maior que a dose terapêutica com o objetivo de um fármaco fazer efeito logo na primeira dose. Um fármaco está com a sua molécula em fora neutra, mas ele pode ganhar ou perder elétrons e se tornar um íons. Na forma ionizada o fármaco fica numa característica hidrossolúvel e não consegue ser absorvido. Esse fator de ionização está relacionado com a característica do fármaco ser ácido ou base. O coeficiente de ionização, ou seja, o quanto ele pode se ionizar depende do seu pKa e do pH do meio. Quanto maior a vascularização e superfície de absorção do órgão mais fácil se torna a absorção. Alguns fármacos podem interagir com os alimentos e fazer com que sua absorção seja reduzida, retardada, aumentada ou pode não alterar. Ionização Para ocorrer a absorção pelas células o fármaco tem que estar numa característica lipossolúvel (não ionizado). Fármaco com caráter ácido em meio ácido fica na sua forma lipossolúvel (não ionizado) e favorece sua absorção. Um fármaco básico no meio de pH alto fica não ionizado, lipossolúvel e favorece sua absorção. Difusão através dos lipídeos Vascularização da área de absorção, pH do meio, esvaziamento gástrico e presença de alimentos são fatores que estão relacionados com o organismo do paciente. Local de absorção Ao tomar uma primeira dose o fármaco atinge sua concentração máxima mas não o suficiente para fazer efeito, na segunda dose parte do fármaco já foi eliminada mas fica uma pequena concentração na corrente sanguínea e foi possível atingir a faixa terapêutica para realizar algum efeito. Quais fatores influenciam na biodisponibilidade? - Metabolismo hepático: Se o paciente tem problemas hepáticos e metaboliza pouco vai au- Fatores que influenciam na distribuição - Em relação ao fármaco: solubilidade, tamanho da molécula, grau de ionização. - Em relação ao organismo: vascularização do tecido (perfusão), pH do meio, ligação a proteínas plasmáticas, barreiras especiais, percentual de gordura e alterações cardiovasculares. Apenas uma parte das moléculas do fármaco conjugado serão ligadas a proteínas, há uma parte que fica livre. Dependendo do fármaco a quantidade que ficou livre pode ou não ser o suficiente para ter seu efeito terapêutico. Mas a medida que o fármaco livre está sendo eliminado o fármaco conjugado está sendo desconjugado e ficando livre para fazer efeito. Barreira hematoencefálica Ele permite uma seletividade entre as substâncias que vão entrar no cérebro. Para um fármaco atravessar essa barreira precisa ser uma molécula pequena de baixo peso molecular com baixa ionização e altamente lipofílicas, um exemplo são os anti- histamínicos. Esses medicamentos possuem afinidade com a barreira, dessa forma atingem o cérebro e causam sonolência. Barreira placentária Esses mesmo critérios se aplicam para a placenta. Um exemplo de medicamento que atravessa é Isotretinoina (Roacutan), podendo levar a difeciências congênitas. Se um fármaco tem alta afinidade as proteínas plasmáticas, o tempo para que promova o efeito vai ser maior. Da mesma forma que se não tem afinidade pelas proteínas plasmáticas o efeito do fármaco vai ser rápido. mentar a disponibilidade do fármaco na corrente sanguínea. Ou ainda num metabolismo exacerbado vai diminuir a biodisponibilidade. - Disfunção renal: O paciente não está eliminando o fármaco corretamente e isso faz com que o mesmo se acumule no organismo. - Insuficiência cardíaca congestiva: Pode fazer com que o fármaco fique mais concentrado em determinados locais, altera distribuição. Dessa forma, fármacos lipossolúveis se ligam a proteínas plasmáticas por isso possuem ação mais lenta porém o tempo de ação é maior. E fármacos hidrossolúveis por não se ligarem a proteínas tem uma ação mais rápida e menor tempo de ação. Após a absorção ou a administração sistêmica na circulação sanguínea, o fármaco se distribuiem direção aos órgãos/tecidos. A distribuição pode ser influenciada pela vascularização dos órgãos e fluxo sanguíneo. Quando maior o fluxo mais rápida a distribuição e vice versa. DISTRIBUIÇÃO Volume ou fluxo sanguíneo que determinado tecido ou órgão recebe do coração é determinante para a velocidade de determinação do fármaco. Em regiões onde o fluxo sanguíneo é baixo a Perfusão Há duas maneiras que um fármaco pode ser transportado na corrente sanguínea. - Livre: Hidrossolúvel, tem afinidade com água, - Conjugado: Ligados a proteínas plasmáticas, para isso ele precisa ter característica lipossolúvel. Drogas ácidas se ligam a albumina e básicas se ligam a alta-glicoproeína ácida. Fármacos livres passam pelas parede do capilar e vão para a célula desencadear seu efeito. Farmácos conjugados ficam inativo tempora- riamente, pois não consegue atravessar o capilar. Essa ligação é reversível, então após um tempo ele se desliga das proteínas plasmáticas e consegue atingir o órgão. Formas de transporte Reações de fase 1: São reações em que serão inseridas grupamento polares na molécula do fármaco, fazendo com que ele fique mais polar/hidrossolúvel e facilite sua eliminação. Reações de fase 2: São reações de conjugação que ocorrem pela inserção de grupos hidrofílicos no fármaco, deixando-o mais hidrossolúvel. Vamos supor uma pessoa que toma Diclofenado (anti-inflamatório) não possui a enzima que metaboliza o fármaco, a CYP2C9. Consequentemente a biodisponibilidade da droga vai aumentar. Como não está sendo metabolizado ele fica continuamente ativo e a medida que a pessoa toma vai aumentando mais ainda as concentrações, podendo acarretar num efeito tóxico. distribuição é mais lenta. E quando o órgão é bem perfundido com alto fluxo sanguíneo a distribuição do fármaco é mais rápida, como cérebro, fígado e coração. Metabolismo ou biotransformação são trasnformações químicas na molécula do fármaco com o objetivo de torná-lo inativo e mais hidrossolúvel e consequentemente mais fácil de eliminá-lo do organismo. Ocorre principalmente no fígado, mas outros órgãos também podem metabolizar fármacos. Alguns fármacos já sofrem uma metabolização antes mesmo de cair na circulação sistêmica, ao passar pelo fígado sofrem efeito de primeira passagem. Dessa fora, parte do fármaco se torna inativa e é eliminado, diminuindo a sua disponibilidade. Mesmo que isso altere sua biodisponibilidade seu efeito não é afetado, pois quando um fármaco é desenvolvido já se considera a parte que será perdida e se calcula que a dose que chega na corrente sanguínea seja suficiente para exercer efeito terapêutico. - Um fármaco ativo ao sofrer metabolização pode se transformar em menos ativo e menos lipossolúvel. Ou ficar mais ativo. - Um fármaco ainda pode ser inativo, ou seja, sua estrutura molecular não desencadeia um efeito terapêutico (pró-fármacos), mas ao serem metabolizados ficam ativos e exercem efeito. - Alguns fármacos podem ser transformados em substâncias tóxicas ao serem metabolizados. A biotransformação de um fármaco é feita por reações enzimáticas. Existem dois tipos de reações: METABOLISMO O tipo de via pelo qual o fármaco está sendo administrado não influencia na distribuição. É uma família de enzimas envolvidas na biotransformação de xenobióticos e que possuem a capacidade de metabolizar grandes quantidades de substâncias químicas. São ao todo 17 famílias de genes do citocromo P-450 sendo que 3 delas metabolizam fármacos: CYP 1, 2 e 3. Citocromo P450 (CYP) Um fármaco X inibe a atividade de certa enzima que metaboliza um fármaco Y. Dessa forma, ao serem administrados os 2 medicamentos juntos o fármaco Y não será metabolizado, não é eliminado e permanece ativo na corrente sanguínea. Há fármacos que podem induzir atividade enzimática, acelerando a metabolização. Assim a biodisponibilidade, do fármaco metabolizado por uma enzima de atividade aumentada, diminui. - Patológicos - Estado nutricional - Idade e sexo - Indução e inibição enzimática Fatores que interferem no metabolismo É o intervalo de tempo no qual a concentração plasmática de um fármaco se reduz pela metade. Este parâmetro é importante para indicar o quanto de um fármaco ainda está no organismo exercendo um efeito. Um fármaco lipossolúvel se liga facilmente as proteínas plasmáticas, isso faz com que fique inativo temporariamente e acaba sendo eliminado mais lentamente. Tempo de meia vida Todos os fármacos precisam atingir uma concentração no estado de equilíbrio (Css). É uma concentração constante que ocorre ao tomar um medicamento por determinado tempo. Quando tomamos um medicamento por longo período ao tomar a dose seguinte nem sempre Renal (urina) Biliar (fezes) Pulmonar (ar exalado) Saliva e suor Leite materno É retirada do fármaco ou dos seus metabólitos do nosso organismo. Pode ocorrer através de várias vias: EXCREÇÃO Rins Os rins são a principal maneira de eliminar os fármacos. Através do processo de filtração um fármaco de características hidrossolúveis será eliminado diretamente por possuir afinidade com a urina. Ou ainda quando determinado fármaco não atravessa a barreira de filtração glomerular ele pode ser secretado diretamente nos túbulos. Fármacos lipossolúveis podem acabar sendo reabsorvidos novamente para a correntes sanguínea o que torna sua eliminação mais difícil. Via biliar-fecal Ocorre com fármacos altamente lipossolúveis, PARÂMETROS FARMACOCINÉTICOS Latência: Intervalo de tempo desde o momento da administração até o início do efeito. Depende da velocidade de absorção, velocidade de distribuição e localização do sítio alvo. Pico de ação: Concentração máxima na corrente sanguínea (Cmax). Duração da ação: Intervalo de tempo entre o momento que se inicia e termina a ação. Conceitos ou seja, não sofrem metabolização necessária para a excreção. São substâncias que estão estocadas na vesícula biliar e são transportadas pelo canal biliar retornando ao intestino e sendo eliminadas nas fezes. Doenças que levam a disfunção enzimática dimiuindo a função das enzimas, como: cirrose, hepatite e câncer. Assim, o processo metabólico dos fármacos fica comprometido, portanto a dose precisa ser ajustada. Patológicos Fisiologicamente criança e idosos tem menor capacidade enzimática e menor função renal e hepática. Mulheres possuem menor quantidade da enzima álcool desidrogenase. Idade e sexo É o aumento, induzido pelo fármaco, da atividade enzimática. Pode diminuir os efeitos do fármaco e prejudicar o tratamento. Indução enzimática para uma mesa quantidade absorvida, quanto mais lenta a absorção maior o Tmax e menor o pico plasmático Cmax. Taxa de absorção Clearance (depuração) Eliminação do fármaco, podendo ser renal hepática, pulmonar etc. Por exemplo o clearance renal, retira sempre uma porcentagem da droga do sangue, portanto "limpa" o volume do sangue por unidade de tempo. É a taxa de velocidade da eliminação. Varia conforme a concentração plasmática da droga e também com a distribuição da droga em determinado órgão. Quanto mais o fármaco entra no órgão que ele será eliminado maior será a velocidade de eliminação. Um fármaco pode ser eliminado por mais de um órgão, logo o clearance sistêmico é a soma de todos os clearance de outros órgãos. Se um medicamento não for tomado corretamente de acordo com determinado intervalo de tempo o fármaco nunca alcança a concentração do estado de equilíbrio e pode não fazer efeito ou alcançar taxas tóxicas. Área sobre a curva Representa a quantidade de fármaco absorvido após administração de dose única, ou seja, a quantidade do fármaco potencialmente ativo presente no organismo durante determinado intervalo de tempo. É determinada matematicamente pela área trapezoidal e expressa em quantidade/volume de tempo. Ela indica desde quando o fármaco está absorvido, duração do efeito até quandoele for eliminado a dose anterior foi completamente eliminada. Em certo momento a variaçao da concentração do fármaco não é muito discrepante.
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