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Eloiza da Silva Gomes de Oliveira Elma Correa de Lima Márcia Souto Maior Mourão Sá GESTÃO EDUCACIONAL: Direção, Coordenação e Supervisão GESTÃO EDUCACIONAL: Direção, Coordenação e Supervisão GE ST ÃO E DU CA CI ON AL :D ire çã o, C oo rd en aç ão e S up er vi sã o Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-3037-8 www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Eloiza da Silva Gomes de Oliveira Elma Correa de Lima Márcia Souto Maior Mourão Sá Gestão Educacional: direção, coordenação e supervisão IESDE Brasil S.A. Curitiba 2012 Edição revisada Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br © 2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ __________________________________________________________________________________ O46g Oliveira, Eloiza da Silva Gomes de, 1950- Gestão educacional : direção, coordenação e supervisão / Eloiza da Silva Gomes de Oliveira, Elma Correa de Lima, Márcia Souto Maior Mourão Sá. - 1.ed., rev. - Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2012. 284p. : 28 cm Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-3037-8 1. Escolas - Organização e administração. I. Lima, Elma Correa de, 1941-. II. Sá, Már- cia Souto Maior Mourão. III. Título. 12-5927. CDD: 371.2 CDU: 37.091 17.08.12 27.08.12 038300 __________________________________________________________________________________ Capa: IESDE Brasil S.A. Imagem da capa: IESDE Brasil S.A. IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Todos os direitos reservados. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Doutora em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestre em Psicologia Escolar pela Universidade Gama Filho (UGF). Licen- ciada em Psicologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Peda- gogia pela Sociedade Unificada Augusto Motta. Autora de material didático para Educação a Distância dos Cursos de Licenciatura do Consórcio UERJ / CEDERJ, da Fundação Getulio Vargas e do IESDE. Diretora da Faculdade de Educação da UERJ no quadriênio 2004 – 2007. Eloiza da Silva Gomes de Oliveira Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Graduada em Psicologia pela Universidade Santa Úrsula. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Currículos Específicos para Níveis e Tipos de Edu- cação, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, códigos sociais, cultura escolar, currículo e cotidiano escolar. Márcia Souto Maior Mourão Sá Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especialização em Teoria e Prática de Administração I e II pela UFRJ e mestrado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Planejamen- to e Avaliação Educacional. Elma Correa de Lima Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Sumário Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1) .................................. 11 Introdução: gestor ou administrador? ............................................................................... 11 Teorias da Administração – evolução histórica e características ............................. 12 Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2) .................................. 29 Teorias modernas de gestão ................................................................................................. 29 Teorias emergentes de gestão.............................................................................................. 35 A escola como instituição aprendente: a busca da qualidade da educação .................................... 45 Mudança institucional ............................................................ 51 Teorias psicológicas aplicadas à Gestão Escolar: Behaviorismo, Teoria de Campo e Psicanálise ............... 67 A Teoria Neobehaviorista: Skinner ...................................................................................... 68 A Teoria de Campo: Kurt Lewin ............................................................................................ 72 O referencial psicanalítico ...................................................................................................... 76 Liderança, Recursos Humanos e Gestão Escolar ........... 85 Motivação na instituição escolar ........................................ 97 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Autoridade e poder do gestor escolar ............................111 A diferença entre governo e governamento .................................................................113 Poder e resistência ..................................................................................................................114 A importância da crítica ........................................................................................................114 Gestão Escolar: consenso e conflito – a complexidade dos processos grupais .........................121 Gestão e autonomia da escola ..........................................135 O Projeto Político Pedagógico: o exercício de responsabilidade coletiva, criatividade e autonomia da escola ............................137 Gestão Escolar e Políticas de Educação ..........................145 A complexidade da gestão de sala de aula ...................157 Habilidades de gestão instrucional ..................................................................................162 Sequenciar e integrar atividades instrucionais adicionais .......................................163 Formação do educador/ Formação do gestor (parte 1) ............................................175 Quem educa o educador? ....................................................................................................175 Breve histórico da formação do educador .....................................................................177 Abordagens teóricas significativas sobre a formação do professor .....................179 Formação do educador/ Formação do gestor (parte 2) ............................................191 António Nóvoa e os 3 As da Formação Identitária do Professor ............................191 Paulo Freire e o sonho possível da formação do educador .....................................193 A importância da formação continuada .........................................................................195 Sobre a formação do gestor escolar .................................................................................197 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Ação gestora na Educação Infantil e Ensino Fundamental .............................................................207 Fundamentos norteadores(princípios) ..........................................................................209 Ação gestora no Ensino Médio ..........................................219 As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM) ....................220 A Avaliação Nacional do Ensino Médio – ENEM ...........................................................222 Currículo: a imagem de uma escola .................................................................................223 Efeitos negativos da ação gestora: estresse e burnout .................................................................231 1.ª parte: o estresse e a vida cotidiana .............................................................................231 2.ª parte: burnout e mal-estar docente ............................................................................237 A gestão colegiada e seus efeitos na escola .................243 As várias modalidades de gestão escolar .......................................................................245 Formação e atuação da equipe técnico-pedagógica da escola ...........................................257 Um perfil das atribuições específicas dos componentes da equipe técnico-pedagógica da escola ......................................................................259 As atribuições gerais da equipe técnico-pedagógica da escola ............................263 Equipe técnico-pedagógica da escola: Quatro aspectos da missão institucional ........................................................................264 A coordenação da avaliação institucional da escola como atribuição do gestor ..............................271 As competências do gestor escolar ..................................................................................271 Gestão escolar e avaliação de sistemas educacionais ...............................................273 Gestão escolar e avaliação institucional .........................................................................274 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Apresentação Em se tratando da educação no Brasil, a figura do gestor educacional tem ga- nhado destaque. Responsável por mobilizar dinamicamente o elemento humano, sua energia e competência são condições básicas e fundamentais para a melhoria da qualidade do ensino. A atuação desse profissional vem sendo efetiva ao pro- pulsionar algumas transformações no âmbito da própria identidade da educação brasileira que, com gestores mais conscientes, começa a vislumbrar um futuro de liderança clara e competente nas escolas do país. Para a superação das dificuldades cotidianas, o gestor escolar deve estar pre- parado para assumir com consciência as diretrizes educacionais de seu contexto, promovendo a mobilização e articulação de todas as condições sociais e mate- riais para que sua gestão e medidas sejam efetivas quanto aos resultados. Esse profissional deve destinar atenção especial aos alunos, visando, primordialmente, tornar o educando capaz de vencer os desafios da sociedade atual, globalizada, cuja economia tem como base o conhecimento. Diante desse desafio, ganha corpo e importância todo o subsídio que, tal como este livro, busca elucidar ao gestor educacional as responsabilidades que seu papel lhe traz. Ao longo desta disciplina, você terá acesso aos fundamentos teóricos da gestão de pessoas, que teve seu início no contexto empresarial do final século XIX. Você compreenderá as relações sobre o comportamento humano no ambiente organizacional e/ou corporativo, para poder entender o modo como as relações humanas ocorrem no ambiente escolar, com seus funcionários, alunos e a comunidade participativa. Além desse enfoque, a obra busca trazer à discussão aspectos específicos da área educacional próprios da responsabilidade de seu gestor, tais como: a formação da equipe político pedagógica, a elaboração de seu projeto e diretrizes, perspectivas da gestão democrática, autonomia escolar, entre outros. É importante que este material o encaminhe a diferentes possibilidades de mudança de seu contexto, fazendo com que a educação seja o gérmen de me- lhoria do ambiente de sua escola, da realidade de seus alunos e do quadro de desenvolvimento sociocultural da educação brasileira. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Introdução: gestor ou administrador? Para iniciar a nossa aula, vamos conceituar os termos gestão e admi- nistração. Ambos têm origem latina (gerere e administrare). O primeiro termo (gerere) tem o sentido de governar, conduzir, dirigir. O segundo termo (administrare), tem um significado mais restrito – gerir um bem, defendendo os interesses daquele que o possui – constituindo-se em uma aplicação do gerir. Para outros autores, como Wittmann e Franco (1998, p. 27), no entanto [...] como uma instância inerente à prática educativa, que abrange o conjunto de normas/diretrizes e práticas/atividades que garantem, de um lado, o significado ou o sentido histórico do que se faz e, de outro lado, a unidade do conjunto na diversidade de sua concretização. A administração da educação engloba as políticas, o planejamento, a gestão e a avaliação da educação. Assim, entendida como uma ampla coordenação de esforços para rea- lizar a implementação de políticas e planos, a gestão passa a ser uma parte da administração. Sem pretender aprofundar essa polêmica, quando falamos em gestão escolar trata-se, numa visão atual, do conjunto de funções desempenha- das pelos “atores institucionais” da escola (ou seja, toda a comunidade escolar), com diferentes graus de complexidade e responsabilidade, co- ordenadas pela equipe técnico-pedagógica, encabeçada pelo diretor da escola. Já fica claro, portanto, que desvinculamos da figura do diretor da escola todas as características de autoridade máxima, unipessoalidade, centralização, linha hierárquica, ênfase e relevo único – e às vezes onipo- tência – que lhe eram atribuídas há alguns anos (em especial na década de 1970). Na década de 1980, com a redemocratização da sociedade brasileira, isso começa a ser questionado e a direção colegiada surge nas escolas – falaremos dela em uma próxima aula. Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1) 11Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 12 Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1) O termo gestor, amplamente utilizado na atualidade, amplia as competências exigidas deste profissional, demandando uma visão ampla, dinâmica e articula- da, conjugando decisão e avaliação constantes. Seja qual for a concepção utili- zada, entendemos que o conhecimento histórico das Teorias da Administração, aplicando-as à realidade escolar, é fundamental para a formação do gestor. Teorias da Administração – evolução histórica e características A feição do nosso curso pede que, em vez de apresentarmos uma sucessão de teorias, com seus vários autores de destaque, falemos de grandes paradig- mas que dominaram o cenário da Administração, em ordem cronológica, discu- tindo-os brevemente e verificando, na próxima aula, alguns dos seus impactos no cenário da escola. Antes, porém, uma pergunta: Você sabe o que é um Paradigma? Kuhn (1992, p. 29) afirmou que paradigmas são “realizações reconhecidas du- rante algum tempo por uma comunidade científica específica, proporcionando os fundamentos para sua prática posterior”. Não é, portanto, um simples modelo, mas uma explicação da realidade em constantereformulação, buscando fazê-lo de forma cada vez mais clara e completa. É a evolução histórica de paradigmas que faz a Ciência evoluir. Então, vamos conhecer alguns desses paradigmas, expressos nas Teorias da Administração que lhes foram contemporâneas? Optamos por apresentar três grandes blocos históricos, como o fazem Ferreira et al. (2000). Embora eles se refiram à Administração de Empresas, podemos adaptar estes blocos teóricos à gestão da escola: Teorias Tradicionais de Gestão. � Teorias Modernas de Gestão. � Teorias Emergentes de Gestão. � Além do mais, a escola é uma organização e, como as demais, tem as caracte- rísticas destacadas por Schein (1982): Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1) 13 objetivos comuns, cujo atingimento é meta de todos os que transitam na � organização; divisão de trabalho, por meio da diferenciação de funções; � integração, por meio de um esquema de atribuições que define a esfera � de responsabilidade de cada um; coordenação dos esforços e meios disponíveis, no sentido da ajuda mútua � e do atingimento dos objetivos comuns. Aqui incide, fundamentalmente, a gestão. Teorias tradicionais de gestão A origem deste conjunto teórico coincide com as enormes transformações trazidas pela Revolução Industrial. O aparecimento das fábricas fez surgir um pri- meiro paradigma, que defendia a produção racionalizada, a supervisão estreita e contínua, a obediência hierarquicamente estruturada e a divisão de tarefas. Tais teorias tiveram enorme importância histórica e ganharam destaque até a década de 1960. Sobre elas nos debruçaremos, nesta primeira aula sobre Teo- rias da administração aplicadas à gestão escolar. No início do século XX, dois engenheiros desenvolveram trabalhos revolucio- nários em relação à Administração. Um deles era o americano Frederick Winslow Taylor, criador da Escola de Administração Científica; o outro era o francês Henri Fayol, criador da Escola Clássica de Administração. Vamos conhecer um pouco da teoria de cada um? Taylor e a Administração Científica Nascido em 1856, na Filadélfia, Estados Unidos, a obra de Taylor é usualmente dividida em duas partes. A primeira corresponde ao período de trabalho na em- presa Midvale Steel, com estudos sobre a racionalização do trabalho dos operários, por meio do Estudo de tempos e movimentos. Ele analisava detalhadamente as tarefas dos operários, decompondo-as nos menores movimentos e processos, aperfeiçoando-as e racionalizando-as. A segunda corresponde à publicação da obra clássica Princípios de Administração Científica (1911), em que afirmava que a racionalização do trabalho operário deveria ser acompanhada de uma reestrutu- ração geral da empresa, de acordo com os princípios por ele propostos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 14 Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1) Criticava as empresas em três pontos: a vadiagem sistemática dos trabalha- dores, o desconhecimento pela gerência das rotinas do trabalho desenvolvido e a falta de uniformidade das técnicas e métodos de trabalho. Assim Taylor (1962, p. 126) falava da Administração Científica: A administração é uma ciência que não encerra, necessariamente, invenção, nem descobertas de fatos novos ou surpreendentes. Consiste, entretanto, em certa combinação de elementos que não fora antes realizada, isto é, conhecimentos coletados, analisados, agrupados e classificados, para efeito de leis e normas que constituem uma ciência, seguida de completa mudança na atitude mental dos trabalhadores e da direção, quer reciprocamente, quer nas respectivas atribuições e responsabilidades... (1962, p. 126) Fica claro que, neste enfoque, a improvisação dá origem ao planejamento e o empirismo, à ciência. O objetivo desta forma de administração seria contemplar a identidade de interesses entre patrão e empregado (o máximo de prosperi- dade), conjugando o baixo custo da produção, desejado pelo empregador, aos altos salários, anseio dos empregados. Taylor separou as atividades de planejamento e supervisão (administração) das atividades de execução (operários), propondo uma “Organização Racional do Trabalho” (ORT), cujos princípios eram: Seleção científica do trabalhador: é necessário colocar o homem para de- � sempenhar a tarefa mais adequada ao seu perfil de aptidões e interesses. Estabelecimento de um tempo padrão para a execução de cada tarefa: isto � é obtido por meio da minuciosa análise do trabalho (desenho de cargos e tarefas) e do estudo de tempo, movimentos e da fadiga humana. Plano de incentivos salariais: a remuneração do trabalhador deve ser com- � patível com a sua produção, estabelecendo-se prêmios por produção. Divisão do trabalho: cada tarefa deve ser dividida no maior número pos- � sível de subtarefas, pois assim o trabalhador se especializará ao máximo, aumentando a eficiência da sua produção. Supervisão funcional: também especializada – por áreas – a supervisão � significa controle rígido do trabalho dos funcionários. Padronização das tarefas, com ênfase na eficiência: existe uma única ma- � neira de executar uma tarefa (the best way) e ela deve ser descoberta e imposta aos trabalhadores. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1) 15 Estabelecimento de boas condições físicas de trabalho: isto influi direta- � mente na produtividade e na eficiência, em virtude do bem-estar físico e da diminuição da fadiga do trabalhador. Fica claro perceber que esta abordagem, embora revolucionária, sofreu inú- meras críticas. Procuramos sintetizá-las no quadro a seguir: Utilização da visão do � Homo economicus – visão estreita do homem como movido apenas por interesses econômicos, preguiçoso, limita- do e mesquinho, que precisa ser controlado por meio da racionaliza- ção de tarefas e do tempo padrão, e vigiado pela supervisão. Enfoque mecanicista do homem – a organização de trabalho é vista � como uma máquina, que deve funcionar de maneira ótima; o homem constitui-se, assim, apenas em uma engrenagem desta máquina, sen- do desvirtuado da sua condição humana. Exploração dos trabalhadores – a Administração Científica contribui � para legitimar a exploração dos trabalhadores, enfatizando decisiva- mente os interesses dos patrões. Superespecialização do trabalhador – a fragmentação da tarefa re- � duz a demanda de qualificação do trabalhador, tornando o trabalho monótono e repetitivo e alienando cada vez mais o homem ao seu trabalho. Abordagem fechada – desconhece o ambiente da empresa (tanto in- � terno quanto externo) e as influências que ele tem sobre todo o pro- cesso de produção. A Administração Científica de Taylor teve muitos seguidores, destacando- -se Gilbreth, Gantt e Henry Ford, lançador do primeiro carro popular americano produzido em escala industrial (o Ford T, em 1908). Fayol e a teoria clássica da administração Enquanto, nos Estados Unidos, Taylor desenvolvia os estudos da Administra- ção Científica, centrada nas tarefas, o engenheiro francês Henri Fayol defendia princípios bastante semelhantes, mas com uma ênfase maior na estrutura. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 16 Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1) Segundo Chiavenato (1998, p. 87): A preocupação com a estrutura da organização como um todo constitui, sem dúvida, uma substancial ampliação do objeto de estudo da Teoria Geral da Administração [com relação à abordagem Taylorista das tarefas]. Fayol, um engenheiro francês,partiu de uma abordagem sintética, global e universal da empresa, inaugurando uma abordagem anatômica e estrutural, que rapidamente suplantou a abordagem analítica e concreta de Taylor. Fayol postulou quatorze princípios gerais da Administração. Vejam como se assemelham, em muitos aspectos, às ideias enunciadas por Taylor. Divisão do trabalho: a especialização das tarefas e das pessoas conduz a � uma maior eficiência e ao aumento da produtividade. Autoridade e responsabilidade: o direito de dar ordens e ser obedecido � (autoridade) pertence aos supervisores, enquanto a obrigação de obede- cer compete aos trabalhadores de escalões hierarquicamente inferiores. Existe uma reciprocidade, pois quanto maior é a autoridade, maior a res- ponsabilidade. Disciplina: existe a necessidade da existência de normas de conduta e de � trabalho, válidas para todos os trabalhadores, que devem ser obedecidas, para que a empresa não mergulhe no caos. Unidade de comando: é necessário que o trabalhador receba ordens de � uma autoridade única, evitando a existência de contraordens. Unidade de direção: deve haver a aplicação de um plano único para cada � grupo de atividades com os mesmos objetivos. Prevalência dos interesses gerais: deve haver a subordinação dos interes- � ses individuais aos interesses coletivos. Remuneração de pessoal: deve ser justa, para garantir a satisfação dos em- � pregados e da organização. Centralização: deve haver a concentração da autoridade nas funções mais � elevadas da organização. Cadeia escalar ou hierarquia: a linha de autoridade deve estabelecer-se do � nível mais alto ao mais baixo da estrutura hierárquica. Ordem: mantida em toda a organização, deve ser material e humana “um � lugar para cada coisa ou pessoa e cada coisa ou pessoa em seu lugar”. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1) 17 Equidade: na empresa deve prevalecer a justiça, pois esta traz a lealdade � dos empregados; Estabilidade e duração do pessoal: quanto mais tempo as pessoas forem � mantidas em seus cargos, melhor, pois a rotação (turn over) possui efeito negativo. Iniciativa: deve-se estabelecer um plano e cumpri-lo, assegurando o seu � sucesso. Espírito de equipe ( � sprit de corps): a comunicação entre as equipes deve ser facilitada, garantindo um clima organizacional de harmonia e união. Coube a Fayol enunciar as funções da gerência administrativa, como ele mesmo chamou. Elas possuem bastante atualidade, embora, como já dissemos, a década de 1980 tenha trazido profundas mudanças no que concerne às fun- ções do gestor. São cinco essas funções, a saber: Planejar ou prever � – estabelecer os objetivos e as formas de consecução dos mesmos, visualizando o futuro e traçando os programas de ação. Organizar � – coordenar todos os recursos da organização, em função dos objetivos definidos. Comandar � – fazer com que as pessoas executem as tarefas que lhes são atribuídas, respeitando a hierarquia existente. Coordenar � – articulação de atitudes e esforços de toda a organização, tendo em vista os objetivos traçados. Controlar � – estabelecer padrões e medidas de desempenho que permi- tam verificar que tudo ocorra de acordo com as regras estabelecidas e com as ordens dadas. Henri Fayol também teve seguidores, como Elton Mayo, Argirys e Likert. Da mesma forma que a Administração Científica, a Teoria Clássica recebeu críticas bastante pertinentes: Obsessão pelo comando – a visão da organização pela ótica gerencial le- � vou à centralização no comando, na autoridade e na responsabilidade. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 18 Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1) Empresa como sistema fechado – trata-se da mesma crítica atribuída a � Taylor, por desconhecer o contexto interno e externo à organização, o que inviabilizaria qualquer planejamento. Manipulação dos trabalhadores – é outra crítica comum à Administração � Científica e à Teoria Clássica: a tendenciosidade favorável aos patrões. Elton Mayo e a Escola de Relações Humanas Os estudos de Kurt Lewin sobre o comportamento dos grupos sociais e as experiências realizadas por Elton Mayo e sua equipe na fábrica da Western Elec- tric Company (Hawthorne, Chicago) marcaram, na década de 1930, o início da preocupação com o fator humano na administração. Ao tentar determinar a relação existente entre a intensidade da iluminação e a eficiência dos operários (produtividade), Elton Mayo desmentiu alguns pres- supostos da Administração Científica e estudou as relações entre a organização informal dos operários e a organização formal da fábrica. As conclusões do ex- perimento definiram os princípios da chamada “Escola de Relações Humanas” da Administração. São eles: Nível de produção como resultante da integração social – o nível de com- � petência e eficiência do trabalhador é estabelecido pela capacidade so- cial do trabalhador e não pela sua capacidade de executar movimentos eficientes dentro de um tempo previamente estabelecido. O homem não age individualmente, mas integrado socialmente ao grupo de trabalho, e isto amplia a sua disposição para o mesmo. A Teoria Clássica não percebeu que não são os trabalhadores que definem sua capacidade máxima de produção, mas os grupos com os quais eles estabelecem interação. Des- vios de comportamento do indivíduo provocam retaliações simbólicas, por parte do grupo do qual faz parte. Recompensas e sanções sociais – as pessoas são avaliadas pelos grupos de � que participam, de acordo com normas que o próprio grupo cria para si. São consideradas boas companheiras e colegas, se o seu comportamento se ajusta a essas normas e padrões de comportamento e são avaliadas como más, se o seu comportamento transgride tais normas e padrões. Embora essas recompensas sejam simbólicas e não materiais, influenciam fortemente a motivação e a felicidade do trabalhador. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1) 19 Grupos informais – a empresa passou a ser concebida como uma organi- � zação social composta por grupos sociais informais, cuja estrutura nem sempre coincide com a organização formal da empresa. Esses grupos in- formais constituem a organização humana da empresa, muitas vezes em contraposição à organização formal estabelecida pela direção. Os grupos informais definem as suas regras de comportamento, as formas de recom- pensas ou sanções sociais, seus objetivos, sua escala de valores sociais, crenças e expectativas, que cada participante vai assimilando e integran- do às suas atitudes e comportamentos. Relações humanas – para explicar e justificar o comportamento das pesso- � as na organização, a Teoria das Relações Humanas estudou as interações sociais surgidas dentro da mesma, em face do grande número de grupos e de interações necessariamente resultantes; a compreensão da natureza dessas relações humanas permite ao administrador obter melhores resul- tados de seus subordinados. A importância do conteúdo do trabalho – a maior especialização (e fragmen- � tação) do trabalho não é a forma mais eficiente de divisão desse trabalho, pois não cria, necessariamente, a organização mais eficiente. O conteúdo e a natureza do trabalho têm enorme influência sobre o moral do trabalhador. Ênfase nos aspectos emocionais – os teóricos das Relações Humanas atribuem � grande atenção aos aspectos emocionais do comportamento humano. Participação nas decisões – embora dependa da situação envolvida e da � posição na estrutura hierárquica, a participação de todos os trabalhadoresno processo decisório da organização estimula a produtividade e a inicia- tiva dos mesmos. Alguns teóricos importantes das Relações Humanas são Sheldon, Marrow, Tead e Follett. Sistematizando as principais críticas sofridas por este enfoque temos: Negação do conflito entre o trabalhador e a empresa – a teoria superfi- � cializa o tratamento do problema negando a existência de conflitos que surgem da diferença das metas e objetivos da empresa e do trabalhador. Ausência de critérios inovadores de gestão – falta a esta teoria a indicação � de estratégias para o alcance de melhores resultados para a empresa e para o trabalhador. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 20 Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1) Excesso de ênfase nos grupos informais – este enfoque trata como ilimita- � da a influência dos grupos, supervalorizando-as. Concepção utópica do trabalhador – apresenta uma visão idealizada do � trabalhador (plenamente satisfeito e integrado ao ambiente de trabalho). Restrição das variáveis e da amostra – esta teoria trabalhou com poucas � variáveis e com uma pequena amostra de organizações, o que torna os seus resultados discutíveis. Estabelecimento de procedimentos de “espionagem“ – a abertura de um � espaço para a participação dos trabalhadores foi utilizada, com frequên- cia, como uma forma de saber das ideias e insatisfações dos trabalhado- res, para uso da administração. As Teorias X e Y de McGregor Chegamos, nesta viagem cronológica, à década de 1930. Douglas McGregor, insatisfeito com a inadequação do modelo de relações humanas à realidade em- presarial e influenciado pela Teoria Comportamental – ou Behaviorismo – focou seus estudos na relação entre o sucesso de uma organização e a capacidade que ela tem para prever e controlar o comportamento. Ele construiu duas teorias constrastantes: a Teoria X, em que a autoridade determina a direção e o controle, e que ele considera inadequada, e a Teoria Y, em que é a integração que legitima a autoridade e busca-se a integração entre os objetivos pessoais e os organizacionais. O quadro abaixo, adaptado de Ferreira et al. (2000, p. 44), estabelece uma comparação entre os dois modelos propostos por McGregor: TEORIA X Concepção tradicional de direção e controle TEORIA Y Integração entre os objetivos pessoais e organizacionais As pessoas são preguiçosas e indolentes, têm aversão natural ao trabalho. As pessoas são esforçadas e gostam de ter o que fazer. As pessoas evitam o trabalho. O trabalho é uma atividade tão natural quanto brincar ou descansar. As pessoas evitam a responsabilidade a fim de se sentirem mais seguras. As pessoas procuram e aceitam responsabili- dades e desafios. As pessoas precisam ser controladas e dirigi- das, coagidas, para que trabalhem. As pessoas podem ser automotivadas e auto- dirigidas, em relação aos objetivos que preten- dem. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1) 21 TEORIA X Concepção tradicional de direção e controle TEORIA Y Integração entre os objetivos pessoais e organizacionais As pessoas são ingênuas e sem iniciativa. As pessoas são criativas e competentes. A participação dos trabalhadores é um instru- mento de manipulação dos mesmos. A participação dos trabalhadores é uma forma de valorização das suas potencialidades. O ser humano é carente e se esforça para satis- fazer uma hierarquia de necessidades. O compromisso com um objetivo depende das recompensas associadas à sua consecução. O líder assume um estilo autocrático. O líder assume um estilo participativo. A Teoria Y desenvolve um estilo de administração muito aberto e dinâmico, extremamente democrático, por meio do qual administrar é um processo de criar oportunidades, liberar potenciais, remover obstáculos, encorajar o cresci- mento individual e proporcionar orientação quanto a objetivos. Segundo Mc Gregor, a teoria Y é geralmente aplicada nas empresas com um estilo de direção baseado em uma série de medidas inovadoras e humanistas, entre as quais salienta as seguintes: Descentralização das decisões e delegação de responsabilidades. � Ampliação das funções inerentes a cada cargo, para atribuir maior signifi- � cado ao trabalho. Participação nas decisões mais altas e administração consultiva. � Autoavaliação do desempenho do trabalhador. � Teoria Sistêmica Não poderíamos encerrar esta nossa aula, sobre as Teorias Tradicionais da Gestão, sem falar da Teoria Sistêmica. A Teoria Sistêmica, que teve destaque na década de 1960, parte do estabeleci- mento de um paralelo entre os organismos vivos e as organizações. Trata-se de uma teoria interdisciplinar, elaborada inicialmente pelo biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy, buscando transcender os problemas exclusivos de cada ciência e proporcionar princípios e modelos gerais para todas as ciências envolvidas, de modo que as descobertas efetuadas em cada ciência pudessem ser utilizadas pelas demais. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 22 Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1) Os sistemas podem ser fechados ou abertos. Sistemas fechados: são os sistemas que não apresentam intercâmbio com � o meio ambiente que os circunda, pois são herméticos a qualquer influên- cia ambiental. Sistemas abertos: são os sistemas que apresentam relações de intercâm- � bio com o ambiente, através de entradas e saídas. As organizações são sistemas do segundo tipo e compostas por cinco parâmetros: a) Entrada, insumo ou impulso (input) – é o conjunto de insumos que o sistema extrai do ambiente fornecendo o material ou energia para a ope- ração do sistema. b) Saída, produto ou resultado (output) – são os produtos, serviços ou in- formações que o sistema retorna ao ambiente, como resultado do proces- samento. c) Processamento – competências, procedimentos e tecnologia emprega- dos pela organização para a transformação do input. d) Retroação, retroalimentação ou retroinformação (feedback) – retorno das informações para alimentar o sistema. e) Ambiente – é o meio que envolve externamente o sistema. O sistema aberto recebe entradas do ambiente, processa-as e efetua saídas nova- mente ao ambiente, de tal forma que existe entre ambos – sistema e am- biente – uma constante interação. A Teoria de Sistemas baseia-se no conceito do “homem funcional”, que de- sempenha um papel dentro das organizações, relacionando-se com os demais indivíduos como um sistema aberto. A perspectiva sistêmica trouxe uma nova maneira de ver as coisas, não so- mente em termos de abrangência, mas principalmente quanto ao enfoque do todo e das partes, do dentro e do fora, do total e da especialização, da integração interna e da adaptação externa, da eficiência e da eficácia. Esta visão gestáltica e global das coisas privilegia a totalidade e as suas partes componentes, sem desprezar o que chamamos de emergente sistêmico (as propriedades do todo que não aparecem em nenhuma de suas partes). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1) 23 Viram, meus alunos, quantas teorias ligadas ao nosso primeiro paradigma? Antes de concluirmos a nossa aula, porém, vamos responder a uma pergunta que os alunos sempre fazem, quando tratamos de Teorias da Administração: O que é burocracia? Na linguagem corrente, burocracia é sinônimo de emperramento, de lentidão no processo administrativo. Na sua origem, no entanto, o significado era com- pletamente diferente.A burocracia constitui uma forma de associação humana que se baseia na racionalidade, ou seja, na adequação dos meios aos fins, para se alcançar com a máxima eficiência os objetivos de uma organização. Historicamente, a “ideologia da burocracia” nasceu de um novo conjunto de normas de comportamento e produção, que Max Weber denominou de “ética protestante”: trabalho duro, ascetismo, poupança e objetividade (sem vaidade). Essas ideias surgiram junto com o capitalismo, principalmente na Holanda e na Inglaterra. Os princípios da burocracia incluem a visão do “homem funcional” (flexível ao desempenho de vários papéis simultâneos na organização); racionalização, com economia de esforços; divisão do trabalho e hierarquia; promoção e seleção por competência técnica; separação entre propriedade e administração; e indese- jabilidade das organizações informais, porque imprevistas e pouco racionais. O modelo burocrático de organização, quando aplicado de forma correta, mostrou- -se bastante adequado, pois facilitou a supervisão do trabalhador, previamente informado sobre a tarefa e sobre a expectativa em relação ao seu desempenho. Segundo Ferreira et al. (2000, p. 37): Provavelmente nada revoltaria mais os defensores da verdadeira burocracia, do que prever que seus pressupostos seriam tão amplamente deturpados. Afinal, a defesa do desempenho das tarefas da forma mais poupadora possível de esforços não é muito compatível com a visão que se faz hoje de uma organização burocratizada. Afinal, os princípios da burocracia defendem o cumprimento dos objetivos organizacionais de forma não apenas eficaz, mas eficiente. Terminamos aqui a primeira parte da nossa aula. Daremos continuidade com a abordagem dos outros dois paradigmas de que falamos no início: as Teorias Modernas e as Teorias Emergentes de Gestão. Estabeleceremos também algumas aplicações das teorias estudadas, à gestão escolar. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 24 Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1) Atividades 1. Vocês viram as Teorias X e Y das organizações, elaboradas por Mc Gregor. a) Imagine duas escolas, X e Y, cada uma baseada em uma dessas teorias. Escreva as características que você atribuiu a cada escola. b) Agora fale um pouco do trabalho do gestor de cada uma destas escolas, focalizando as principais dificuldades encontradas pelos dois. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1) 25 2. A charge a seguir ilustra criticamente os aspectos negativos que o termo bu- rocracia ganhou, ao longo da história. a) Qual é a sua opinião sobre isto? Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 26 Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1) b) Existe uma “escola burocrática”? Referências CHIAVENATO, I. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Mc Graw-Hill, 1998. DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. 2.ed. São Paulo: Papirus, 1996. FERREIRA, A.A.; REIS, A.C.F.; PEREIRA, M.I. Gestão Empresarial: de Taylor aos nossos dias: evolução e tendências da moderna administração de empresas. São Paulo: Pioneira, 1997. FERREIRA, A.A.; REIS, A.C.F.; PEREIRA, M.I. Gestão Empresarial: de Taylor aos nossos dias: evolução e tendências da moderna administração de empresas. São Paulo: Pioneira, 2000. FERREIRA, Naura S. C.; AGUIAR, Márcia, A. de. (Orgs). Gestão da Educação, Im- passes, Perspectivas e Compromissos. São Paulo: Cortez, 2000. KUHN, S. A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo: Perspectiva, 1992. ______. Field theory and experiment in social psycholgy: concept and methods. American Journal of Psychology, v. 44, p. 868-896, 1939. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 1) 27 LEWIN, Kurt. Principles of Topological Psychology. Nova York: McGraw-Hill, 1936. MAIA, Graziela Z. A. (Org.). Administração e Supervisão Escolar: questões para o novo milênio. São Paulo: Pioneira, 2000. SCHEIN, H. Psicologia Organizacional. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1982. TAYLOR, W. Princípios de Administração Científica. São Paulo: Atlas, 1963. WITTMANN, L.C.; FRANCO, Dal Pai. Situação e Perspectiva da Administração da Educação no Brasil: relatório geral do programa de pesquisa: primeira fase. Brasília: ANPAE, 1998. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Na aula anterior, conversamos sobre três teorias pertencentes ao pri- meiro paradigma: as Teorias Tradicionais de Gestão. Estão lembrados? Apresentamos a vocês a Administração Científica, de Frederick Winslow Taylor, a Teoria Clássica da Administração, de Henri Fayol, a Escola de Re- lações Humanas, de Elton Mayo, as Teorias X e Y de Mc Gregor e a Teoria Sistêmica. Conversamos, ainda, sobre a burocracia, e sobre o fato do seu sentido inicial ter sido muito modificado ao longo do tempo. Nesta aula vamos abordar os outros dois paradigmas: as Teorias Mo- dernas e as Teorias Emergentes de Gestão. São mais recentes, datando da década de 1950, e bastante presentes na administração atual. Teorias modernas de gestão Este corpo teórico ganhou tal complexidade, que não estamos tratan- do mais de modelos de organização – com a sua consequente forma de gestão – mas de conhecimentos consistentes e muito abrangentes, en- volvendo aspectos técnicos, humanos e estratégicos das organizações. Muitos tomam por marco inicial desta fase a publicação da obra A Prática da Administração de Empresas, de Peter Drucker, em 1954. Ela inaugura um novo aporte teórico: a Administração por Objetivos. Administração Por Objetivos (APO) A APO tem sete princípios fundamentais: Mudanças ambientais � – provocam intensa necessidade de mu- danças não só na organização, mas também no comportamento dos gestores. Definição e multiplicidade dos objetivos � – talvez o mais impor- tante princípio, determina que os objetivos da organização devem ser ampliados, claramente identificados e conhecidos por todos os Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2) 29Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 30 Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2) envolvidos no processo. Devem ter, além do mais, definidas claramente as suas formas de medida e avaliação. Criação de oportunidades � – considera a gestão como uma tarefa criati- va, e não apenas adaptada ao que já existe e está definido. Desenvolvimento pessoal � – enfatiza a ampliação e o aprimoramento dos recursos humanos da empresa. Descentralização administrativa � – promove o aperfeiçoamento da or- ganização, mas deve partir de uma rigorosa avaliação diagnóstica. Autocontrole � – “um dos maiores benefícios da administração por obje- tivos foi o fato de ela ter permitido substituir a administração através da dominação pela administração através do autocontrole” (DRUCKER, 1981, p. 123-124). Autoridade e liderança � – a gerência não é o único grupo de liderança, pois ela deve ser descentralizada. Embora bastante rica, a Administração por Objetivos foi muito criticada pela falta de embasamento experimental e por desconsiderar que existe um conflito fundamental entre os objetivos do trabalhador e da organização. Administração contingencial Surgiu como um aprofundamento dos estudos sobre a Teoria Sistêmica, que vimos na aula anterior. A palavracontingência significa algo incerto ou even- tual, que pode suceder ou não. A abordagem contingencial enfatiza que não é possível atingir a eficácia organizacional seguindo um único e exclusivo modelo organizacional, ou seja, não existe uma forma única para alcançar os objetivos altamente variados das organizações, inseridas em um ambiente também alta- mente variado. Recentes estudos sobre as organizações complexas levaram a uma nova perspectiva teórica: a estrutura de uma organização e seu funcionamento são dependentes da interface com o ambiente externo. A mais notável contribuição da abordagem contingencial consiste em verificar as variáveis que produzem maior impacto sobre a organização, como o ambiente e a tecnologia, para então predizer as diferenças produzidas na estrutura e no fun- cionamento das organizações. Esta abordagem marca uma nova etapa no estudo Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2) 31 da administração das organizações, assumindo uma abordagem eclética, compa- rando as demais teorias administrativas existentes à luz dessas variáveis e aplican- do seus diversos princípios em cada situação específica da organização. Algumas dessas variáveis são: a) relativas ao ambiente geral (o macroambiente, ou seja, o ambiente gené- rico e comum a todas as organizações): condições tecnológicas; � condições econômicas; � condições políticas; � condições legais; � condições demográficas; � condições ecológicas; � condições culturais. � b) relativas ao ambiente da tarefa (o ambiente mais próximo e imediato de cada organização): fornecedores de entradas; � clientes ou usuários; � concorrentes; � entidades reguladoras. � Talvez o seu maior mérito seja tratar-se de uma abordagem eclética e integra- tiva, absorvendo conceitos das diversas teorias administrativas, ampliando hori- zontes e mostrando que nada é absoluto. Alguns a criticam por não ter atingido um desenvolvimento que a diferencie verdadeiramente da Teoria Sistêmica. Administração estratégica Quem de nós nunca ouviu falar em planejamento estratégico? Ele surgiu na década de 1960, e tomou de assalto o cenário da administração na década de 1980. É um processo de planejamento de longo alcance, formalizado, próprio para a definição e a consecução dos objetivos organizacionais. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 32 Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2) A Administração Estratégica é um processo contínuo e interativo, voltado para a manutenção da organização como um todo, integrado apropriadamente ao seu ambiente. Envolve a realização de uma análise do ambiente, o estabele- cimento de diretrizes organizacionais, a formulação de estratégias organizacio- nais, a implementação das mesmas e a aplicação do controle estratégico. Nunca é demais lembrar que os planejamentos estratégico, administrativo e ope- racional devem ser integrados, e que o gestor deve ter papel ativo em todos eles. O planejamento estratégico de uma organização envolve nove etapas: definição dos objetivos; � identificação dos objetivos e das estratégias atuais; � análise do ambiente; � análise dos recursos disponíveis; � identificação das oportunidades e das ameaças à organização; � definição do grau de mudança necessário; � escolha da estratégia a ser utilizada; � implantação da estratégia; � mensuração e controle dos resultados obtidos. � As críticas mais frequentes a essa teoria referem-se à dificuldade da previ- são de estratégias a mais longo prazo, em um ambiente que normalmente se apresenta turbulento e em constante mudança, e às dificuldades no processo de estabelecimento de uma cultura organizacional e de competências para a realização do planejamento estratégico. Administração participativa A participação dos trabalhadores nas decisões da empresa vem sendo um ponto extremamente discutido nas últimas duas décadas. Este modelo de ad- ministração consolidou-se como um catalisador da produtividade e do avanço tecnológico de alguns países orientais. Uma boa definição deste tipo de administração é dada por Maximiano (1995, p. 19-20): Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2) 33 A administração participativa é uma filosofia ou política de administração de pessoas, que valoriza sua capacidade de tomar decisões e resolver problemas. A administração participativa aprimora a satisfação e a motivação no trabalho. A administração participativa contribui para o melhor desempenho e a competitividade das organizações. A administração participativa tem como objetivos, segundo Mendonça (1987): ampliar a responsabilidade social das empresas; � equilibrar os interesses dos vários setores envolvidos; � desenvolver uma cultura organizacional democrática; � reduzir a alienação; � utilizar totalmente o potencial humano; � diminuir os conflitos, estimulando a cooperação; � aumentar a satisfação das pessoas; � obter maior competitividade da organização. � A participação pode ser de dois tipos: a) Participação direta – dirigida à pessoa, considerada individualmente, em um estilo de gerência participativa. b) Participação indireta – neste caso, a participação se dá por meio de re- presentantes escolhidos pelos trabalhadores dos diversos setores da em- presa. Pode assumir várias modalidades: comitês, negociações coletivas, cogestão, até a autogestão, forma plena de exercício coletivo do poder. Sobre a Administração Participativa incidem críticas relativas à acomoda- ção provocada nos trabalhadores, à possibilidade de manipulação por parte dos patrões e à dificuldade da criação de uma cultura propícia para a sua implementação. Administração japonesa Fortemente alicerçada na participação direta dos trabalhadores, esse modelo tomou conta do cenário da administração na década de 1970. A preocupação com a qualidade fez com que os programas e iniciativas que visavam a busca da “quali- dade total” virassem moda, muitas vezes sem o cuidado da adaptação necessária, pois haviam sido gerados em um contexto cultural bastante diferente do nosso. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 34 Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2) Além da administração participativa e da preocupação com a qualidade total, em relação a qual é referência a obra de Ishikawa (1981), são características da Administração Japonesa: a ênfase no planejamento estratégico; � a visão sistêmica; � a supremacia do coletivo sobre os objetivos individuais; � a busca intensiva da produtividade; � a flexibilidade dos planos e estratégias; � o incentivo ao aprimoramento dos recursos humanos e ao trabalho em � grupo; a sofisticação tecnológica; � a busca da padronização no trabalho; � o uso constante de mecanismos de manutenção, limpeza e arrumação do � ambiente de trabalho; o estabelecimento de uma cultura organizacional de confiança e respon- � sabilidade. As críticas incidem, no caso da Administração Japonesa, sobre alguns pontos bem definidos: a dificuldade da adaptação às culturas ocidentais; � a dependência da cooperação quase irrestrita das pessoas, o que normal- � mente não se obtém na empresa; o risco de cair na lentidão e na burocratização dos processos decisórios; � a dificuldade do desenvolvimento de processos administrativos eficientes � para apoiar a produção; o estabelecimento de uma visão “romântica” da administração; � e os resultados recessivos que vêm sendo obtidos pelos paísesorientais � que têm utilizado essa forma de administração. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2) 35 Teorias emergentes de gestão Trata-se do paradigma mais recente, correspondente às duas últimas déca- das, e que, em alguns casos, ainda se encontra mais no universo das pesquisas sobre administração do que na prática cotidiana das empresas. Merece desta- que a influência, sobre ele, do enorme desenvolvimento tecnológico, vivencia- do pela humanidade neste período. Costuma-se tomar como marco referencial deste paradigma a publicação, em 1982, da obra O Ponto de Mutação, de Fritjof Capra, que preconizava o Holismo ou Totalidade na Ciência. Reengenharia A velocidade com que as tecnologias de informação se desenvolveram, pro- vocou a necessidade de adaptações aceleradas da empresa ao ambiente. Para Hammer e Champy (1994, p. 21-22), reengenharia consiste em: [...] abandonar procedimentos consagrados e reexaminar o trabalho necessário para criar os produtos e serviços de uma empresa e proporcionar valor aos clientes. [...] é o repensar fundamental e a reestruturação radical dos processos empresariais, que visam alcançar drásticas melhorias em indicadores críticos e contemporâneos de desempenho, tais como custos, qualidade, atendimento e velocidade. O próprio termo (reengineering) significa “começar de novo”, mostrando que consiste em uma mudança radical, buscando resultados organizacionais visíveis e drásticos. Segundo Abreu (1994), a Reengenharia é implementada em quatro fases: Estratégia � : elaboração do planejamento estratégico da empresa, consi- derando as condições e os recursos existentes. Ativação � : ênfase nos ganhos obtidos com a reengenharia dos processos (em termos de melhoria da qualidade, incremento da produtividade e re- dução dos custos). Melhoria � : é o momento da agregação de valor aos processos e aos servi- ços oferecidos, pela empresa, aos clientes. Redefinição � : formação de novas unidades de negócios/serviços, em fun- ção da reengenharia. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 36 Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2) Entre as mudanças profundas provocadas pela reengenharia, podemos citar como exemplos: os papéis dos trabalhadores ganham maior autonomia; o en- foque de mero treinamento para as tarefas muda para educação; as estruturas da organização mudam de hierárquicas para niveladas; os gerentes mudam de supervisores para capacitadores; os critérios de promoção mudam de desempe- nho para habilidade ou competência (FERREIRA et al., 1997, p. 213). Tudo acaba, portanto, na construção coletiva de uma “cultura empreendedo- ra”. É justamente sobre a dificuldade de se chegar a esta cultura, que incidem crí- ticas à Reengenharia. Outras críticas se voltam para a radicalidade das mudanças exigidas por ela e para as demissões realizadas. Administração virtual Este modelo revolucionário está ligado à verdadeira “revolução da informa- ção”, ocorrida nos anos 1990. A Administração Virtual é realizada por pessoas reais, que dominam a infor- mação em tempo real e estabelecem relacionamentos confiáveis. Requer uma preparação mais aprimorada dos trabalhadores e o entendimento de que o con- trole não deixa de existir, apenas muda de configuração (realiza-se online). Ferreira et al. (1997, p. 205) dizem, sobre a Administração Virtual: “A virtualidade deve ser entendida sob pelo menos dois pontos de vista distintos. O cliente perce- be como um atendimento instantâneo aos seus desejos. A empresa parece existir a qualquer hora, em qualquer lugar, potencialmente pronta para atendê-lo.” Essa forma de administrar sofre três críticas principais: o aumento do estresse das pessoas, pela rapidez com que as coisas acontecem, a tendência à impesso- alidade das relações e a desvalorização do trabalho humano. Bem, apresentados os três grandes paradigmas teóricos – Teorias Tradicio- nais, Modernas e Emergentes de Gestão – vamos situar algumas aplicações das mesmas à gestão escolar. Vocês devem estar lembrados que, na aula anterior, afirmamos que a escola também é uma organização. Há, portanto, característi- cas que aproximam a gestão escolar da administração das empresas. Não vamos fazer uma correspondência unívoca entre cada uma das doze es- colas de Administração que apresentamos e a evolução da gestão na instituição escolar. Podemos, no entanto, traçar algumas analogias entre os três grandes Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2) 37 paradigmas – Administração Tradicional, Moderna e Emergente – e os seus im- pactos nos processos gestionários da escola. Comecemos com uma situação his- tórica dos paradigmas e das escolas que abordamos, para que vocês se situem. Teorias Tradicionais de Gestão Teorias Modernas de Gestão Teorias Emergentes de Gestão *1911 *1954 *1982 Publicação de Princípios de Ad- ministração Científica (Taylor) Publicação de A Prática da Ad- ministração de Empresas (Dru- cker) Publicação de O Ponto de Mu- tação (Capra) a) Adm. Científica b) Teoria Clássica da Adminis- tração c) Escola de Relações Huma- nas d) Teorias X e Y e) Teoria Sistêmica a) Adm. por Objetivos b) Adm. Contingencial c) Adm. Estratégica d) Adm. Participativa e) Adm. Japonesa a) Reengenharia b) Adm. Virtual Assim como temos um paradigma tradicional nas Teorias da Administração, temos um modelo pedagógico tradicional, que exige um perfil de gestão e ações correspondentes, que a ele se associam. Se observarmos com atenção a conceituação do papel do diretor de escola enunciado por Lück (1983, p. 16-17), veremos claramente a centralização hierár- quica de autoridade e de decisão, características de uma abordagem tradicional. É do diretor da escola a responsabilidade máxima quanto à consecução eficaz da política educacional do sistema e desenvolvimento pleno dos objetivos educacionais, organizando, dinamizando e coordenando todos os esforços nesse sentido, e controlando todos os recursos para tal. Devido à sua posição central na escola, o desempenho de seu papel exerce forte influência (tanto positiva como negativa) sobre todos os setores e pessoas da escola. E do seu desempenho e de sua habilidade em influenciar o ambiente que depende, em grande parte, da qualidade do ambiente e clima escolar, do desempenho do seu pessoal e da qualidade do processo ensino-aprendizagem. Tomemos como ilustração os relatos de professores, sobre um fato bastante comum: a ação de controle do diretor da escola, ao exigir os planos de aulas dos professores, para examinar e avaliar. Enquanto em algumas escolas os diretores utilizavam essa prática de forma autoritária e até arbitrária, em outras o diretor tentava orientar e subsidiar os professores, para o aprimoramento das aulas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 38 Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2) Estas e outras práticas provocaram muitas críticas como a de Antunes (2003), que indaga em um artigo: “Você trabalha em uma grande ou pequena escola?”. O autor apresenta o seguinte ponto, para diferenciar grandes e pequenas escolas: Pequena escola Grande escola O poder decisório centraliza-se nas mãos de uma pessoa ou de um grupo restrito que o exerce de maneira autoritária. O que é bom para o “mantenedor”, para o “dono” ou para o seu primeiro executor deverá ser bom para todos. Existe um poder decisório, mas este funda- menta-se na opinião coletiva e consensual, aceitando-se a diversidadee administrando-a conforme o sentido de justiça que é dinamica- mente construído e reconstruído. A escola foi influenciada, em um momento posterior, pela Escola de Relações Humanas de Fayol e pela Teoria Y de Mc Gregor, surgindo uma gestão preocu- pada com a integração social, com aspectos ligados à criatividade e motivação e com os grupos informais existentes na escola, enfatizando aspectos emocionais em detrimento de outros, puramente objetivos. Neste modelo temos, por exem- plo, uma cultura de confraternizações e dinâmicas integradoras dos grupos, en- volvendo técnicas de sensibilização. O diretor busca apoio na ação do Orientador Educacional, valorizando o que era chamado, na época, “aulas de SOE” (Serviço de Orientação Educacional). A década de 1970 e o tecnicismo, que dominou o cenário educacional bra- sileiro, marcaram a influência da Teoria Sistêmica sobre a gestão escolar. Utiliza- va-se fartamente planilhas sofisticadas para a elaboração dos planejamentos, e nestas abundavam a citação dos inputs, outputs (comportamentos de saída) e do feedback obtido por meio da avaliação. Infelizmente, isto não tornou a gestão escolar mais dinâmica, eficaz e demo- crática. Ao contrário, o diretor tornou-se mais impessoal e friamente técnico, às vezes, perdido em uma infinidade de fluxogramas e papéis que pouco aprimo- raram a qualidade da educação no Brasil. Uma outra vertente do tecnicismo, no entanto, apontou para uma mudança paradigmática na gestão escolar. Trata-se da ênfase nos objetivos, na sua for- mulação e hierarquia. Estas questões taxonômicas perpassaram a escola e a sua gestão, embora de uma maneira não tão significativa. Merece destaque, no entanto, pelos indícios de descentralização administrativa e de autoridade que permitiu prenunciar. (A N TU N ES , 2 00 3, p . 1 70 ) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2) 39 Já em plena vivência do Paradigma Moderno de Gestão, os meados da década de 1970 demarcaram uma forte ênfase na ação gestora sobre o planejamento. Ela está presente na Administração Estratégica, que acentuou alguns aspectos da Administração por Objetivos, agora falando de estratégias institucionais. Oliveira (2002, p. 47-48) fala de três níveis de planejamento na organização: o operacional, o tático e o estratégico. Destes, é o terceiro que abrange a organi- zação como um todo e, embora esteja apoiado nos outros dois níveis – respon- sáveis pela operacionalização/execução – fica afeito aos escalões mais elevados da empresa. Assim define o planejamento estratégico: [...] é o processo administrativo que proporciona sustentação metodológica para se estabelecer a melhor direção a ser seguida pela empresa, visando ao otimizado grau de interação com o ambiente e atuando de forma inovadora e diferenciada. [...] diz respeito tanto à formulação de objetivos, quanto à seleção dos cursos de ação a serem seguidos para sua consecução, levando em conta as condições externas e internas à empresa e sua evolução esperada. Também considera as premissas básicas que a empresa, como um todo, deve respeitar para que o processo estratégico tenha coerência e sustentação decisória. Quanto à Administração Participativa, teve um forte impacto no cenário edu- cacional brasileiro e nas características da gestão escolar. O movimento de reto- mada democrática no país fortaleceu os processos de delegação e participação, assim como o saudável hábito de discutir e decidir democraticamente, há tantos anos impedido. Com isto, a gestão precisou adaptar-se a ações como colegiar e delegar, praticamente incompatíveis com os modelos componentes do Paradig- ma Tradicional de Gestão. Entre as características destacadas por Guiomar Namo de Mello (1993) para as “escolas que dão certo“, temos o compartilhamento de decisões entre os agen- tes internos da escola e a comunidade. Silva (2001. 161-162), após constatar que “as teorias, com o passar do tempo, vão cedendo lugar a novas teorias sempre que a realidade histórica exige [...]”, afirma: Dentro desta tendência de mudança nos padrões gerenciais, situa-se o esforço generalizado de adoção de técnicas oriundas do chamado “modelo japonês”, no Brasil, com ênfase nos programas de gerência da qualidade total. [...] A tentativa de implantar formas de gerenciamento mais flexíveis no Brasil e, por decorrência, a adoção de técnicas que favoreçam a participação na gestão tem sido feita pelos chamados programas de qualidade total. (p. 162) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 40 Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2) Isso nos permite ver, portanto, um entrelaçamento entre as duas últimas mo- dalidades emergentes de gestão – a Administração Participativa e a Japonesa. Esta última trouxe os já conhecidos Programas de Controle da Qualidade, com ênfase na Qualidade Total. Esse gestor voltado para qualidade, coordenando a realização dos rituais do CQT (Controle de Qualidade Total) nascidos do sistema japonês de produção da Toyota Motor Co, não é encontrado na Educação. Temos, na verdade, a apropria- ção, muitas vezes oportunista, de alguns conceitos da Administração Japonesa e dos resultados da avaliação da qualidade (chancela ISO). Isso acontece prin- cipalmente por parte de instituições particulares de ensino, desejosas de atrair alunos. Finalizando, falemos dos modelos de gestão ligados ao Paradigma Emergen- te de Gestão. Já dissemos que, por serem extremamente recentes, ainda não temos impactos significativos destes modelos sobre a gestão escolar. Começa- mos a ouvir falar, por exemplo, em uma “reengenharia do Projeto Pedagógico”, expressão que se refere a mudanças aceleradas e profundas neste projeto, per- mitindo à escola uma adaptação ativa e rápida ao ambiente que a cerca. Outros termos como “mapeamento da instituição escolar”, “mudança da cultura organizacional”, “racionalização organizacional” e “reengenharia psicos- social” também vêm associar a moderna administração das empresas à gestão escolar. A verdadeira revolução causada pelo desenvolvimento da Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) é outro fator que afeta fortemente tudo que foi historicamente estabelecido quanto à gestão da escola, mesmo que não te- nhamos, ainda, a “administração virtual”. Não falamos apenas da informatização dos processos, mas ao fluxo de inovação e informação que invadiu as nossas escolas. Concluindo, podemos afirmar que a gestão escolar evoluiu historicamente ao longo destes últimos cem anos – como tentamos mostrar nestas duas pri- meiras aulas – assumindo variadas formas, algumas mais semelhantes e outras totalmente opostas. Esperamos que vocês consigam agora detectar, na gestão das escolas que conheceram até hoje, traços e características dos paradigmas de que falamos, assumindo posicionamento crítico em relação a elas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2) 41 Atividades Agora, que a nossa aula terminou, é hora de enriquecer o que aprendemos. Acesse, na internet, a página <http://novaescola.abril.uol.com.br>. Você vai encontrar, no índice de temas, o link Gestão Escolar. Acesse o texto de Heloísa Lück intitulado: “A evolução da mudança educacio- nal, a partir da mudança paradigmática”. A autora fala sobre as mudanças de paradigma na gestão escolar, destacan- do cinco aspectos de evolução: Antes Depois Ótica fragmentada. Ótica globalizadora. Limitação de responsbilidade. Responsabilidade expandida. Ação episódica. Processo contínuo. Hierarquização e burocratização. Coordenação.Ação individual. Ação coletiva. 1. Observando estes cinco aspectos, procure fazer uma análise do paradigma em que se encontra a sua escola, ou alguma escola que você conhece. Referências ABREU, de S. Reengenharia: em busca de uma teoria. Revista de Administração de Empresas, v. 34, n. 5, set./out. 1994. ANTUNES, C. Antiguidades Modernas: crônicas do cotidiano escolar. Porto Alegre: Artmed, 2003. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 42 Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2) CAPRA, O. Ponto de Mutação. São Paulo: Cultrix, 1982. DEMO, Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. 2.ed. São Paulo: Papirus, 1996. FERREIRA, A.A.; REIS, A.C.F.; PEREIRA, M.I. Gestão Empresarial: de Taylor aos nossos dias: evolução e tendências da moderna administração de empresas. São Paulo: Pioneira, 1997. HAMMER, M.; CHAMPY, J. Reengenharia: revolucionando a empresa. Rio de Ja- neiro: Campus, 1994. ISHIKAWA, K. Controle de Qualidade Total à Maneira Japonesa. São Paulo: Campus, 1991. LÜCK, H. Ação Integrada: administração, supervisão e orientação educacional. Petrópolis: Vozes,1983. LÜCK, H. Ação Integrada: administração, supervisão e orientação educacional. Petrópolis: Vozes,1990. LÜCK, H. Pedagogia Interdisciplinar: fundamentos teórico-metodológicos. Pe- trópolis: Vozes,1995. LÜCK, H. et al. A Escola Participativa: o trabalho do gestor escolar. Rio de Janei- ro: DP&A, 1998. LÜCK, H. et al. A Escola Participativa: o trabalho do gestor escolar. 6.ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. MAIA, Graziela Z. A. (Org.). Administração e Supervisão Escolar: questões para o novo milênio. São Paulo: Pioneira, 2000. MAXIMIANO, A. Além da Hierarquia: como implantar estratégias participativas para administrar a empresa enxuta. São Paulo: Atlas, 1995. MELLO, N. Cidadania e Competitividade: desafios educacionais do terceiro mi- lênio. São Paulo: Cortez, 1993. MENDONÇA, C. de. Participação na Organização: uma introdução aos seus fundamentos, conceitos e formas. São Paulo: Atlas, 1987. OLIVEIRA, P. R. Planejamento Estratégico: conceitos, metodologias, práticas. São Paulo: Atlas, 2002. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Teorias da Administração aplicadas à Gestão Escolar (parte 2) 43 SILVA, M. A. da. Educação e administração participada. Revista Brasileira de Po- lítica e Administração da Educação. Porto Alegre, v. 17, n. 2, p. 161-170, jul./ dez. 2001. TAYLOR, W. Princípios de Administração Científica. São Paulo: Atlas, 1963. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Bem, caros alunos, primeiramente darei atenção ao complemento do tema principal desta aula – a busca da qualidade na educação – para então, referi-la à escola e especialmente situá-la no contexto de uma Ins- tituição Aprendente. Meu ponto de partida é a constatação de que a maioria da população não se sente atendida pelo ensino que lhe é fornecido pelas instituições de ensino, ainda que os princípios educacionais pontuados na Lei 9.394/96 em seu título II, artigos 2.º e 3.º enfatizem, entre outros: a igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola, a gestão democrática do ensino e a garantia do padrão de qualidade. A lei assinala ainda, como fins da educação: o pleno desenvolvimento do educando; o seu preparo para o exercício da cidadania e a sua qualificação para o trabalho. Sustentando o fato da ineficiência dos aspectos relacionados à política e à organização do sistema educacional, e agregando-se a ele os dados de qualidade de vida da população, a moldura do cotidiano brasileiro, então, passa a contornar o seguinte cenário: o desvio de verbas públicas, o prejuízo e a redução dos percentuais � destinados à educação, à saúde e aos bens básicos da população; atribuir-se ao descaso com a educação a dificuldade de inserção do � país na economia global; a falta de investimento em pesquisa e no desenvolvimento de no- � vas tecnologias; a concentração de renda: o PIB � per capita dos 20% (US$18.563) mais ricos, trinta e duas vezes maior, do que o dos 20% mais pobres (US$578), de acordo com o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 2000); um dos piores índices de desigualdade de renda atribuído ao Brasil, � com 20% da população mais pobre ficando com 2,5% da renda, en- quanto os 20% da população mais rica detendo 63,4% (PNUD, 2000); A escola como instituição aprendente: a busca da qualidade da educação 45Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 46 A escola como instituição aprendente: a busca da qualidade da educação o desprezo das autoridades pelo meio ambiente e o uso inadequado dos � recursos naturais; o poder estar ainda centralizado “nas mãos” de políticos populistas e de � doutrinas oportunistas; a força do corporativismo de determinados segmentos sociais sobrepujar � “a qualquer custo” os demais, em benefício próprio; os índices de desemprego, jamais alcançados, disseminado pelas diversas � classes sociais. A este respeito, ocorre-nos a frase do sociólogo e profes- sor José Pastore, da Faculdade de Economia e Administração (FEA) e Fun- dação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP (FIPE), especialista em relações do trabalho e desenvolvimento institucional: “O desemprego no Brasil está sendo menos motivado pelo avanço tecnológico e mais pelo atraso educacional. O desafio é também da escola, não apenas da empre- sa. Para competir e ter sucesso, ou educamos mais e melhor, ou convence- mos nossos concorrentes a deseducar os filhos e os profissionais deles!” o crescimento percentual pouco significativo – de 0,2% em dois anos – no � índice de vida dos brasileiros; a instituição definitiva da economia informal; � a invasão crescente dos centros urbanos pela população de rua; � o aumento da insegurança e da violência; � a queda vertiginosa da renda dos brasileiros pelo sexto ano consecutivo, � como publicou O Globo de 11/10/2003. No entanto, segundo o cientista político Sérgio Abranches, o país tem ainda bons motivos para encarar o novo século com otimismo. A criatividade e a capa- cidade de trabalho da população brasileira estão entre as principais razões que colocam o Brasil na trilha de uma grande potência e o deixam confortável diante dos países para os quais perdeu posição, pois fecharam o século com desempe- nho melhor que o brasileiro. O Brasil é hoje a 15.ª nação mais rica do mundo. Viram? Nós vivemos mesmo em um país de contrastes... Por outro lado, há de ressalvar-se também, a nova postura assumida pelo Brasil em diversos projetos internacionais sobre o papel estratégico da produ- ção das informações, culminando em 1998, quando o país passou a utilizar os indicadores educacionais. Tais indicadores, com tratamento sério e relevante, Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br A escola como instituição aprendente: a busca da qualidade da educação 47 são fundamentais hoje para a avaliação da eficiência e da equidade do nosso sistema educacional. Estes são responsáveis, ainda, pela transparência das ações realizadas na divulgação dos seus resultados e na contribuição inestimável à for- mulação de políticas educacionais mais adequadas e eficazes. Em recente participação na 32.ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) realizada em Paris, o Exmo. Sr. Ministro da Educação, Cristovam Buarque, sugeriu a criação de um fundo para financiar e apoiar o Programa Educação
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