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Apostila de previdenciário

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Direito Previdenciário
Introdução ao Sistema de Seguridade Social; Evolução Histórica; Regimes Previdenciários; Princípios Constitucionais e Específicos.
Introdução ao Sistema de Seguridade Social
A noção de risco e consequentemente de proteção e segurança, foi crescendo entre os povos desde os mais remotos tempos, fazendo-os cada vez mais terem consciência de que independentemente da forma, deveriam proteger-se contra os eventuais riscos que o dia-a-dia lhe oferecia.
Porém, nem sempre os povos conseguiam angariar recursos para que pudessem se defender, por assim dizer, desses riscos ou contingências que eventualmente os atingiam.
Inúmeros sistemas de proteção, tanto individual como coletiva, foram se desenvolvendo com o passar dos tempos, até que com a ocorrência da revolução industrial, surgiu o seguro social, que tinha como escopo a proteção exclusiva dos trabalhadores.
Conforme os ensinamentos de Simone Barbisan Fortes,
“A Seguridade Social constitui-se, enquanto expressão jurídica, em um direito humano fundamental (proteção social), que é juridicamente organizado pelo Estado para o enfrentamento das contingências sociais, promovendo a elevação dos níveis de bem-estar, baseadas em ações solidárias e justas entre os membros de uma coletividade nacional.” 1
Fábio Zambitte Ibrahim, conceituou a seguridade social em sua obra Resumo de Direito Previdenciário. Ed. Impetus. 9ª ed., RJ: 2008.p 9, como a “rede protetiva formada pelo Estado e particulares, com contribuições de todos, incluindo parte dos beneficiários dos direitos, no sentido de estabelecer ações positivas no sustento de pessoas carentes, trabalhadores em geral e seus dependentes, providenciando a manutenção de um padrão mínimo de vida.”
Para Wagner Balera, “o objetivo do Sistema Nacional de Seguridade Social se confunde, na dicção constitucional, com o objetivo da Ordem Social.“2
Ressalte-se ainda que, como veremos no decorrer da presente aula, que a seguridade  social não é sinônimo de Previdência Social nem mesmo de Assistência Social conforme abaixo destacamos e que, nas palavras de Balera, “arrumadas em sistema, as três partes que compõe o arcabouço – saúde, previdência social e assistência social – devem proporcionar, a todos, seguridade social”.3
1 FORTES, Simone Barbisan. Direito da Seguridade social: prestações e custeio da previdência, assistência e saúde. Porto Alegre, Editora Livraria do advogado., 2005, pg. 22
2 BALERA, Wagner. Sistema de Seguridade Social. São Paulo: Ed. Ltr, 2006, 4ª edição, p. 13.
3 Idem. p. 13
Conclui-se, pois, que a Seguridade Social é um conjunto protetivo amplo, compreendendo a PREVIDÊNCIA SOCIAL que é a técnica de proteção social que visa proporcionar meios indispensáveis à subsistência do segurado e seus dependentes, através de contribuição compulsória do segurado e da sociedade.
Além disso, a Seguridade Social é composta pela ASSISTÊNCIA SOCIAL, que conforme a letra da carta magna, objetiva o preceito contido no  artigo  203:“A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente da contribuição à seguridade social.”
Seus  objetivos são:
I- proteção à família, maternidade, infância, adolescência e velhice.
II- amparo às crianças e adolescentes carentes.
III- promoção da integração ao mercado de trabalho
IV- habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência física e a promoção de sua integração à vida comunitária.
V- garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a Lei.
Por fim, temos a SAÚDE, que como veremos mais adiante de forma aprofundada, diz-se como direito de todos e dever do Estado, objetivando o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação
Conforme se depreende do organograma abaixo, a Seguridade Social é um complexo, formado como já dito, pela Previdência Social, Assistência Social e Saúde.
A realidade histórica dos povos, com o passar do tempo, fez com que se desenvolvessem formas diversas de proteção social. Moacyr Veloso demonstra em sua obra que tal desenvolvimento remonta a Idade Média, com a criação diversos tipos de organizações.
“Durante a Idade Média, estimuladas pela Igreja Católica, criaram-se numerosas organizações, dentro dos princípios do cristianismo, todas elas com finalidades mutualistas.
As coorporações, confrarias e irmandades de socorro atuavam com bastante intensidade e atingiram a apreciável grau de desenvolvimento”.4
No ano de 1601 na Inglaterra, a Lei de assistência social aos pobres, denominada de Poor Relief Act (Lei de amparo aos Pobres), que dispunha a respeito de auxílios a pessoas comprovadamente necessitadas, encontrou sua disciplina jurídica pela primeira vez na História5.
Foi essa a primeira instituição de proteção social, que fixava a contribuição obrigatória para fins sociais e consolidava outras leis de assistência social. Entretanto, somente com a Revolução Francesa surgiram as raízes da seguridade social com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 que concretizou os direitos fundamentais do homem e a reafirmação dos direitos sociais.
Consoante os ensinamentos de Roberta Soares da Silva6, a função da prestação social significa que o homem tem o direito de obter do Estado os direitos correspondentes a saúde, educação, segurança social, previdência e seguridade social, a fim de viver com dignidade. Ao Estado era outorgada a responsabilidade de garantir as condições de vida digna à população, o que seria denominado “O Estado do Bem-Estar Social”, conforme disposto no artigo XXV da Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Na Alemanha nasceu em 1871 a noção de previdência social com Otto Von Bismark, o responsável por instituir a tríplice contribuição entre empregado, empregador e Estado, lutando para, nos termos do seguro social, obter um sistema contribuição/proteção, como forma de reduzir a tensão existente nas classes trabalhadoras. Referido sistema foi consolidado no país entre os anos de 1883 e 1911, objetivando a proteção de dois riscos, dentre eles a MORTE.
Conforme asseverou Raimundo Nonato Bezerra da Cruz7, Bismark lançou as bases da proteção social rumo à seguridade social, sendo portanto o pioneiro nesse sentido. No Brasil, o primeiro sistema de seguros sociais completo foi o veiculado pelo Decreto n. 20.465, de 1931, posteriormente alterado pelo Decreto n. 21.081, de 24 de fevereiro de 1932.
4 RUSSOMANO, Mozart Victor. Curso de Previdência Social. Rio de Janeiro: Forense; Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, 1979, pág 5
5 RUSSOMANO, Mozart Victor. Ob cit, pág 6
6 BALERA, Wagner (coord.). Comentários à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília. Fortium Editora. 2008, p. 135
7 CRUZ, Raimundo Nonato Bezerra. Pensão por morte no Direito Positivo Brasileiro. Ed. Livraria Paulista. 2003. p. 25 – São Paulo
Evolução Histórica
Ainda, de acordo com o mesmo autor, na perspectiva histórica legislativa brasileira de Previdência Social, há previsão no texto da Constituição de 1891, a aposentadoria por invalidez e a pensão por morte dos operários efetivos do Arsenal da Marinha da Capital Federal, conforme a Lei n. 127, de 29 de novembro de 1892.
A Igreja Católica, através da Encíclica Rerum Novarum8, do Papa Leão XIII promulgada em 1891 e por muitos considerada como o pilar fundamental da Doutrina Social da Igreja, dispôs sobre as condições dos operários, das pessoas que compunham as classes trabalhadoras.
Marisa Santos em sua obra menciona a respeito da evolução histórica, a importante Encíclica Rerum Novarum, que com profundidade analisa a importância da união das classes sociais, objetivando solucionar a questão social:
“O Papa destacou naquele documento a dignidade do trabalho e do trabalhador, sempre partindo do pressuposto de que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. Para Leão XIII a solução da questão social estava na reconciliação entre as classes sociais,e não na sua extinção”.9
Referida Encíclica tratou das questões laborais durante a revolução industrial, apoiando o direito dos trabalhadores constituírem sindicatos, manifestou-se, também, àcerca da proteção dos cidadãos:
“E por isso que, entre os graves e numerosos deveres dos governantes que querem prover, como convém, ao público, o principal dever, que domina lodos os outros, consiste em cuidar igualmente de todas as classes de cidadãos, observando rigorosamente as leis da justiça, chamada distributiva”. 10
Em 1917, foi promulgada a Constituição do México, com a previsão do Seguro Social em seu artigo 123 e, dois anos após a criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Em 1919, o risco morte passou a ser protegido pela Lei de acidentes do Trabalho, com natureza securitária, conforme explica Heloisa Hernandez Derzi:
“A proteção social do risco morte, com sua natureza securitária, ocorreu pela primeira vez com a edição do Decreto nº 3.724, de 15/01/1919 (Lei de Acidentes do Trabalho), consagrando a responsabilidade objetiva do empregador de “indenizar” o empregado por qualquer dano sofrido em razão de acidente do trabalho. A obrigatoriedade legal de prover a proteção recaía inteiramente sobre o empregador, de modo que este contratava uma seguradora particular de sua livre escolha”.11
8 http://www.vatican.va/holy_father/leo_xiii/encyclicals/documents/hf_l-xiii_enc_15051891_rerum-novarum_po.html.
9 SANTOS, Marisa Ferreira dos. O princípio da seletividade das prestações da seguridade social. São Paulo: LTr, 2003, pág. 39
10 Carta encíclica Rerum Novarum. Disponível em  http://www.vatican.va/holy_father/leo_xiii/encyclicals/documents/hf_l-xiii_enc_15051891_rerum-novarum_po.html.
11 DERZI, Heloisa Hernandez. Os beneficiários da pensão por morte. São Paulo: LEX Editora, 2005
Evolução Histórica
No direito previdenciário brasileiro, o Decreto n.º 4.682 de 24/01/1923,  ficou conhecido como LEI ELOY CHAVES, que é reconhecida como a primeira lei brasileira de Previdência Social, ou seja, Lei n. 4.682, de 24 de janeiro de 1923, que determinava a criação da Caixa de Aposentadoria e Pensões, exclusivamente para os funcionários permanentes das empresas ferroviárias que tivessem mais de 6 meses de serviços ininterruptos naquela empresa.
Os fundos designados “Caixas” foram formados pelas ‘tarifas’ cobradas pelo Estado, através de contribuições paritárias entre empregados e empresa, que seriam depositadas em conta bancária, sendo que alguns benefícios ali seriam previstos.
Miguel Horvath Júnior se manifestou a respeito da Lei Eloy Chaves, dizendo que ela objetivava resguardar o trabalhador dos riscos sociais como a doença, morte, invalidez e a velhice:
“visava amparar o trabalhador contra riscos, doença, velhice, invalidez e morte. Autorizava cada empresa ferroviária existente no País a criar sua Caixa de Aposentadoria e Pensões, bem como concedia o direito a estabilidade aos ferroviários. A primeira empresa a criar sua caixa de aposentadoria e pensões dos empregados foi a Great Western do Brasil. A partir daí, começaram a proliferar as caixas de aposentadorias e pensões, porém, como não havia lei regulando os benefícios mínimos, os trabalhadores das empresas mais fortes sempre estavam mais bem protegidos. Cada Caixa de Pensões funcionava segundo normas regimentais próprias. Esta distorção só foi sanada em definitivo com a edição da LOPS (Lei Orgânica da Previdência Social) em 1960.12
No mesmo ano da Lei Eloy Chaves, ou seja, 1923, foi criado o Conselho Nacional do Trabalho (Decreto nº 16.027, de 30 de abril), que, além das questões trabalhistas, objetivava colaborar com a previdência social, possuindo relevância por seu uma espécie de órgão de recursos das decisões das caixas de pensões.
Em 1935, Franklin Roosevelt, nos Estados Unidos instituiu o Social Security Act, objetivando proteção de forma ampla e irrestrita a todos os indivíduos contra as necessidades sociais, independente de custeio, trazendo o primeiro emprego da expressão seguridade social, denominando essa nova concepção de proteção como “Welfare State”, ou seja, o “Estado do Bem-Estar”.13
Em 1942, Wiliam Henry Beveridge, economista inglês, implantou na Inglaterra, um programa de Seguridade Social – Social Insurance and Allied Services14 – conhecido como “Plano Beveridge”, visando combater as necessidades que geravam riscos, reconstruindo a economia em seu país. O programa também tinha como escopo o bem estar e a universalidade da cobertura e do atendimento para todos, assim como sugeria que o Estado assegurasse um padrão mínimo de vida a todos, e não apenas aos trabalhadores que contribuíam.
Referido estudo tratou de forma detalhada e minuciosa o seguro social, tendo sido conhecido  como o projeto que objetivava a “proteção social do berço ao túmulo”, adotando o conceito de Seguridade Social, sustentado por um pilar triplo: assistência social, saúde e previdência.
12 HORVATH JÚNIOR, Miguel. Direito Previdenciário. 7ª edição: São Paulo. Quartier Latin, 2008, p. 28/29
13 RUSSOMANO, Mozart Vitor. Op. Cit , p. 12 e 24
14 O primeiro relatório do ano de 1942, está traduzido para nossa língua pátria, por Almir de Andrade , com o título de O Plano Beveridge. Rio, 1943.
Evolução Histórica
Conforme leciona Heloisa Hernandez Derzi15:
“O Plano Beveridge, em síntese, criava um sistema integrado de proteção social, a ser desenvolvido por meio de modelos de Seguro Social e de Assistência Social, os quais, em linhas gerais, recomendavam uma série de ações essenciais a serem tomadas para a recuperação da economia e para a proteção social ideal.
O Plano Beveridge16, contou com a elaboração de propostas e se solidificou em três princípios, pelo seu autor denominou “princípios capitais”.
Menciona ele no primeiro princípio que as propostas para o futuro não deveriam ser limitadas pela consideração dos interesses parciais, estabelecidos na obtenção de experiências do passado.
O segundo princípio menciona que a organização do seguro social deve ser tratada como uma única parte de maior compreensivo exame do progresso social, ou seja, através do desenvolvimento total do seguro social, seria proporcionado maior segurança aos rendimentos e conseqüentemente um combate à miséria.
O terceiro e último princípio capital é que o seguro  social deve existir pela cooperação do Estado e do indivíduo, devendo o Estado oferecer  segurança para o serviço e contribuição individual, onde estaria protegido
o mínimo necessário a suprir as necessidades desse indivíduo e de sua família.
Arrematando esses três princípios nas palavras de Beveridge17:
“10. O Plano de Segurança Social, exposto nesse Relatório, está edificado sobre esses três princípios. Utiliza a experiência, mas não se escraviza a ela. Apresenta-se como limitada contribuição para uma assistência social mais vasta, com algo que pode agora ser ultimado, sem esperar pela totalidade dessa assistência. Antes de mais nada, é um plano de seguro que visa retribuir as contribuições com benefícios tendentes a manter o nível de subsistência de cada um – sem se basear em provas de meios de subsistência, de modo que todos os indivíduos podem livremente participar dêle”.
Em 1948, a Organização das Nações Unidas - ONU promulgou a Declaração Universal dos Direitos do Homem, com a aparição da se guridade social como um direito humano, fixando a igualdade entre as pessoas.
No Brasil, o Decreto 26.778, publicado em 1949, unificou os benefícios e os Institutos previdenciários já existentes, que não só concediam benefícios previdenciários como também concediam empréstimos financeiros e hipotecários.
15DERZI. Heloisa Hernandez. Op. cit., p. 79
16 BEVERIDGE, Willian. O Plano Beveridge. Relatório sobre o seguro social e serviços afins. Tradução Almir de Andrade. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1943, p 11 e 12
17 BEVERIDGE, Willian. Op. cit, p. 12.
Evolução Histórica
No ano de 1952, a XXXV Conferência Internacional do Trabalho, por meio da Convenção nº 102 da Organização Internacional do Trabalho – OIT, criou-se a chamadaNorma Mínima de Seguridade Social, objetivando a universalidade, princípio através do qual todos os indivíduos da sociedade teriam direito a um mínimo de proteção social. A norma mínima, como o próprio nome diz, é garantidora de um mínimo de proteção, que deve ser alcançado por aqueles países integrantes da OIT.
O artigo 9º da Convenção 102, dispõe esse patamar mínimo a ser protegido:
“Artigo 9.º
As pessoas protegidas devem abranger:
a) Categorias prescritas de assalariados, cujo total constitua pelo menos 50% do total dos assalariados, bem como as esposas e os filhos dos assalariados dessas categorias;
b) Ou categorias prescritas da população activa, cujo total constitua pelo menos 20% do total dos residentes, bem como as esposas e os filhos dos membros dessas categorias;
c) Ou categorias prescritas de residentes, cujo total constitua pelo menos 50% do total dos residentes;
d) Ou, quando tiver sido feita uma declaração ao abrigo do artigo 3.º, categorias prescritas de assalariados cujo total constitua pelo menos 50% do total dos assalariados que trabalhem em empresas industriais que empreguem pelo menos 20 pessoas, bem como as esposas e os filhos dos assalariados dessas categorias”.
Cumpre salientar que o Brasil não é signatário da Norma Mínima, mas se pode constatar que a legislação pátria supera o padrão mínimo ali estabelecido, o quê ainda não é suficiente para alcançar os objetivos de bem-estar e justiça sociais.
Em 1960, a Lei Orgânica da Previdência (LOPS) de nº. 3.807, possuía o objetivo de garantir aos segurados e beneficiários os meios necessários as suas manutenções, por conta dos mais diversos riscos cobertos, como a morte, a idade avançada, o tempo de serviço e a prisão, aumentando de forma substancial a proteção social.
Foi apenas em 1966, que os Institutos foram unificados, através da criação do INPS – Instituto Nacional de Previdência Social, porém, ainda mantiveram-se excluídos os trabalhadores rurais, os domésticos, os militares da União, Estados, Municípios e Territórios e das respectivas autarquias, já que possuíam regimes próprios, bem como, os servidores civis.
Foi apenas em 1966, que os Institutos foram unificados, através da criação do INPS – Instituto Nacional de Previdência Social, porém, ainda mantiveram-se excluídos os trabalhadores rurais, os domésticos, os militares da União, Estados, Municípios e Territórios e das respectivas autarquias, já que possuíam regimes próprios, bem como, os servidores civis.
A Seguridade Social tem seu alicerce na Constituição Federal de 1988, no Título VIII da nossa Carta Magna de 88 – Da Ordem Social, que fixou o modelo integrado de proteção social.
A Seguridade Social como um todo compreende a junção das ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, a fim de garantir os direitos relativos à saúde, assistência e previdência social. Desta forma, o artigo 194 da Lei Magna, dispõe dos princípios constitucionais, verdadeiros princípios que dão sustentação ao sistema e que veremos detalhadamente àdiante.
Evolução Histórica
Da proteção social : 
Podemos definir a proteção social como a união de medidas que visa atender as necessidades de cada ser humano, com a finalidade de alcançar os objetivos de bem-estar e justiça social.
Sob esse mesmo ângulo, Celso Barroso Leite definiu em sua obra a proteção social, argumentando que:
“ Proteção social, portanto, é o conjunto das medidas de caráter social destinadas a atender a certas necessidades individuais; mais especificamente, às necessidades individuais que, não atendidas repercutem sobre os demais indivíduos e em última análise sobre a Sociedade. É sobretudo nesse sentido que podemos afirmar, como afirmei que proteção social é uma modalidade de proteção individual”.18
E, continua ele:
[...] “Resumindo, direi que a “proteção social” e “proteção individual” são a mesma coisa vista de ângulos diferentes; e que a proteção social é o conjunto de medidas que a Sociedade utiliza para atender a determinadas necessidades individuais.” [...]
A proteção social se preocupa sobretudo,[...] com os problemas individuais de natureza social, assim entendidos
aqueles que, não solucionados, se refletem sobre os demais indivíduos e em última análise sobre a Sociedade. Esta, então, por intermédio do seu agente natural, o Estado, se antecipa a eles, adotando para resolvê-los principalmente medidas de proteção social.
[...] as necessidades individuais de caráter social, a que a proteção social procura atender, estão em geral ligadas ao rendimento, que para a virtual totalidade das pessoas que exercem atividade remunerada é o produto do trabalho assalariado, ou seja, o salário. Assim, as medidas de proteção social têm quase implicações patrimoniais, materiais, mais ou menos diretas.
Especificamente, deve-se entender a proteção social como voltada menos para a pessoa humana em si, para a sua personalidade integral, do que para o indivíduo, membro do grupo social, parte do todo que a Sociedade constitui. [...]
Outro aspecto a se considerar é que a proteção social decorre basicamente da insuficiência da iniciativa individual ou mesmo de grupos para a cobertura contra certos riscos. Foi sobretudo essa insuficiência que levou a Sociedade a adotar medidas compulsórias eficazes em lugar dos empreendimentos coletivos voluntários – e insatisfatórios, porque quase nunca conseguem reunir, com a regularidade indispensável, o número mínimo de participantes necessário à adequada distribuição ou pulverização dos riscos, para efetiva cobertura contra suas conseqüências [...]”.19
18 LEITE, Celso Barroso. A Proteção Social no Brasil. 3ª edição, São Paulo: Editora LTr, 1997, p. 20.
19LEITE, Celso Barroso. Op. Cit., p. 26  e 27.
Evolução Histórica
A proteção social foi sempre perseguida pelo homem, nascendo no seio da família, com o escopo de trazer segurança para sua existência e por isso inicia-se na família.
Posteriormente a proteção feita pela família e por demais membros da sociedade, migrou para o Estado, que a partir do século XVII assumiu responsabilidades, como delimitado na Lei dos Pobres e é assim que leciona Ilídio das Neves:
“O homem deixa de ser considerado de forma individual para ser protegido de forma coletiva, e a proteção social a ele destinada, se configura então como um dever social, fixando-se a idéia de garantia de um mínimo vital para os indivíduos, como garantia de necessidades mínimas vitais merecedoras da proteção do Sistema de Seguridade Social, mormente se levado em  conta que os efeitos danosos causados pelos riscos sociais não interessam apenas individualmente às pessoas, mas também à sociedade em seu todo.” 20
Feijó Coimbra também escreveu a esse respeito, alegando que as origens da proteção social vêm daqueles conceitos de poder afastar os riscos que acarretam danos às pessoas e que trariam conseqüências negativas:
“As origens do ordenamento jurídico da proteção social, agora tão abundante, podem ser encontradas naquelas velhas formulações, inspiradas pelo desejo, sempre presente na alma humana, de liberar-se da insegurança e do medo, pela certeza de poder afastar os efeitos danosos do acidente, da doença, da invalidez e da morte, isto é, buscando furtar-se da incidência de fatos que acarretariam estes danos, ou remediando-lhes os efeitos maléficos21”.
Sobre a proteção social, Maria Garcia também dedicou espaço em sua obra, lecionando que a proteção social da pessoa em estado de necessidade, vincula-se diretamente com o princípio da dignidade da pessoa humana, havendo ligação direita entre o Estado e o indivíduo:
 “A proteção social do indivíduo em estado de necessidade (Assistência Social), a manutenção da saúde e no risco ou contingência advindos da idade avançada, de enfermidade ou acidente do trabalho (Previdência Social) vinculam-se diretamente ao principio fundamental da dignidade da pessoa humana. Há nessa situação um liame direto, incontornável entre Estado-individuo, sob a égide da segurança jurídica, no seu sentido ampliado, conforme visto com Heller, em que ‘ a certeza de sentido dedireito reclama a organização do Estado pelas vias do direito’.“ 22
20 NEVES, Ilídio das , Direito da Segurança. Princípios fundamentais numa análise prospectiva. Portugal:Coimbra Editora, 1996, Op. cit., p. 19.
21 COIMBRA, José dos Reis Feijó. Direito Previdenciário Brasileiro. 10ª edição. Rio de Janeiro. Edições Trabalhistas, 1999, p. 16.
22 A reforma previdenciária e o princípio da dignidade da pessoa humana – Os limites da atuação legislativa do Estado, Revista da Direito Constitucional Internacional n° 43, p.78.
Evolução Histórica
Cabe definir a relação de proteção como a relação jurídica de seguridade social, em virtude do qual o sujeito (chamado entidade gestora) satisfaz as prestações determinadas legalmente a outro sujeito (beneficiário), a fim de extinguir a situação de necessidade.
Conforme ensinamentos de Almansa Pastor23, a relação jurídica da seguridade social tem como finalidade última a proteção dos sujeitos nela insertos. Referida proteção pode ser atual ou potencial, segundo o sujeito de ache ou não em estado de necessidade.
Tomando como pano de fundo o risco morte, podemos dizer que com o falecimento do segurado, chefe de família que trabalhava ou que já estava aposentado e faleceu, haverá redução nos rendimentos mensais daquela família e por esse motivo ela deverá estar amparada pela Seguridade Social.
Concluímos, pois, que a morte é o risco social a ser protegido pelo Sistema Previdenciário e, por esse motivo será foco de enfrentamento em um dos itens à seguir.
Conceito de risco social
O risco social é amparado pelo Estado através da Previdência Social e são aqueles que refletem ao segurado, conseqüências negativas em seu patrimônio, ou seja, é um evento que poderá acontecer e deverá estar amparado pela Previdência Social, tais como velhice, incapacidade, acidente ou morte.
Concluímos, pois, que esses riscos são inerentes ao ser humano e ocorrem, querendo o segurado ou não.
Esses são os chamados riscos sociais, que sob o conceito de Almansa Pastor, que entende que “la futuridad, incertidumbre, involuntariedad”, devem fazer parte do conceito de risco social:24
“ El riesgo, para a doutrina tradicional del seguro social, no es más que la posibilidada de que acaezca um hecho futuro, incierto e involuntario que produce um dano de evaluación al asegurado. Sin embargo, dehando ahora a um lado lãs notas de evento y dano, los rasgos propios Del riesgo em sentido estricto son la futuridad y la incertidumbre, que lo configuran como riesgo-posibilidad.
a) La futuridad implica que el riesgo como objeto de la relación jurídica de seguro social solo es válido cuando el hecho previsto no sea pretérito o pasado, sino que este por sobrevenir (posición ex ante de la relación);
b) La incertindumbre implica o desconocimiento de si el hecho há de producir-se, ya em sentido absoluto, incertus na et quando (accidente, enfermedad , etc.), ya em sentido relativom, incertud na (vejez) o incertus quando (muerte).”25
Afirma Paul Durand26 que a noção de risco é delicada, já que há a necessidade de se definir quais são os riscos inerentes à vida do segurado e posteriormente, analisar quais desses riscos efetivamente estão incluídos no Sistema de Seguridade Social, a merecerá tutela do Estado.
23 PASTOR, José M. Almansa. Derecho de La Seguridad Social. Madrid. Editorial Tecnos. 1991, p. 222.
24 Idem, p. 220.
25 PASTOR, José M. Almansa. Op. Cit., p. 220 “O risco, para a doutrina tradicional do seguro, não é mais que a possibilidade de que aconteça um fato futuro, incerto e involuntário que produz um dano de avaliação ao segurado. No entanto, deixando agora de um lado as notas de evento e dano, os traços próprios do risco em sentido estrito são a “futurabilidade” e a incerteza, que lhe configuram como risco-possibilidade. A) “futurabilidade” implica que o risco como objeto da relação jurídica de seguro social só é válido quando o fato previsto não seja pretérito nem passado, mas que esteja por acontecer (posição ex ante da relação) ; b) A incerteza implica o desconhecimento de si que no fato se produzirá, em sentido absoluto, incertur na et quando (acidente, enfermidade, etc.) e em sentido relativo, incertud na (velhice) ou incertur quando (morte).” Tradução livre
26 DURAND, Paul. La Policita Contemporânea de Seguridad Social. Madris: Clección Seguridad Social. Ministério de Trabaho y Seguridad Social, 1991, p. 54.
Evolução Histórica
E, continua ele, distinguindo os riscos inerentes a vida social, provenientes do meio físico, meio social, os que se conectam com os grupos familiares, os de orden fisiológica e o último, são os riscos provenientes da atividade laboral:
“(…) 3.Los riesgos inherentes a la vida social. La seguridad individual, ante todo, armazenada por riesgos que provienen del medio-físico (…);
Un segundo grupo de riesgos proviene del medio social  (…);
El tercer grupo de riesgos se conecta com la organización de los grupos familiares (…);
Un cuarto grupo de riesgos es de orden fisiológico. Son la enfermedad ( a la que se puede anadir la maternidad), la invalidez, la vejez, el fallecimiento (…);
Quedan por fin los riesgos de la vida profissional. La realización de una tarea profesional va certamente acompanhada de un determinado número de riesgos: riesgo de la inseguridad en el empleo (…)”.27
E, assim prossegue ele, concordando com Almansa Pastor em dizer que a noção de risco foi precisada pelo Direito do Seguro e é todo acontecimento futuro e incerto, cuja atualização não depende exclusivamente da vontade do segurado:
“La noción genérica de riesgo há sido ya precisada por el Derecho Del Seguro, en donde se considera como tal a todo aocntecimiento futuro e incerto, cuya actualización no depende exclusivamente de la voluntad Del asegurado. El riesgo ES um acontecimiento infortunado la mayor parte de lãs vezes: la enfermedad, la muerte (si se trata de um riesgo que afecte a la persona asegurada), el incêndio (si se trata de um bien material)
... Em esos casos adopta el nombre de siniestro. Pero el calificativo de riesgo también puede aplicarse a acontecimientos venturosos: la superveniência Del asegurado, em caoss Del seguro de vida, el matrimonio, o el nascimiento de um hijo, em los seguros de nupcialidade o natalidad...” 28
Armando de Assis expressou referido conceito em seu artigo, Em busca de uma concepção moderna de risco social, dizendo que o risco social é o perigo, é a ameaça que fica exposta a coletividade diante da possibilidade de qualquer de seus membros, por qualquer ocorrência, privando-se dos meios essenciais a vida.29
Na mesma esteira, Ilídio das Neves define risco social como sendo um evento que pode ser natural ou provocado pelo ser-humano e em alguns aspectos se identificam com os riscos cobertos pelo sistema de seguridade social, traduzindo-se na previsibilidade de um evento, ou seja, um acontecimento natural ou humano. 30
Continua Ilídio das Neves, apontando ainda que, o risco possui quatro peculiaridades, tais como, enquanto ocorrência natural ou devida à ação do homem; o risco é uma ocorrência futura, mas previsível, susceptível, portanto, da adoção de medidas preventivas e, face à sua ocorrência, da tomada de medidas reparadoras; por outro lado, o risco é um acontecimento incerto quanto a sua verificação, já que não se sabe se e quando surge e, ainda, o risco não se encontra na exclusiva dependência da vontade do interessado.31
 
27 DURAND, Paul. Op. Cit., p. 57 e 58. ““(…) 3.Os riscos inerentes da vida social. A seguridade, antes de tudo, armazenada por riscos que provém do meio-físico (…);Um segundo grupo de riscos provenientes do meio social (…);O terceiro grupo de riscos se conexa com a organização dos grupos familiares (…);Um quarto grupo de riscos é de ordem fisiológica. São as enfermidades (incluindo a maternidade), a invalidez, a velhice, o falecimento (…); Restam por fim os riscos da vida profissional. A realização de uma tarefa profissional que vai certamente acompanhada de um determinado número de riscos: riscos da insegurança no emprego (…)”. Tradução livre
28DURAND, Paul. Op. Cit., p. 55. “A noção genérica de risco já foi precisada pelo Direito do Seguro, de onde se considera como todo acontecimento futuro e incerto, cuja atualização não depende exclusivamente da vontade do segurado. O risco é um acontecimento de infortúnio na maior parte das vezes: a enfermidade, a morte (se se trata de um risco que afete a pessoa segurada), o incêndio (se se trata de um bem material)... Nesses casos adota o nome de sinistro. Porém, o qualificativo de risco também pode se aplicar a acontecimentos afortunados: A superveniência do segurado, nos casos de seguro de vida, o matrimonio, o nascimento de um filho, e nos seguros nupciais ou de natalidade...” Tradução livre
29 ASSIS, Armando de Oliveira. Em busca de uma concepção moderna de Risco Social, Revista de D. Social vol. 14, 2004, p. 161
30 DAS NEVES, Ilídio. Direito da Segurança, Op, cit, p. 272
31 Idem. Op. cit., p. 273.
Evolução Histórica
Heloisa Hernandez Derzi discorre sobre a noção de risco, dizendo que:
“a concepção do risco como possibilidade de ocorrência do evento futuro, incerto e involuntário, que produzirá conseqüências econômicas para o segurado, vem desenvolvida de forma magistral por Almansa Pastor, para explicar que, no seguro privado, o Direito é chamado a atuar ex ante da realização do evento, ou seja, a relação jurídica securitária deve estar previamente constituída entre as partes, as quais – por meio do contrato – pactuam a possibilidade de realizar-se o evento individualizador da proteção.
Daí porque futuridade, aleatoridade e incerteza devem estar contidas no conceito de risco. Este só é válido se o fato for previsto para ocorrer no futuro. A nota de futuridade deve estar aliada à incerteza sobre “se” e “quando” o fato será produzido. Nesse contexto, a morte é fato de possível ocorrência (os seres humanos são mortais), mas existe incerteza quanto ao momento da ocorrência (incertus quando), e, para ser objeto da proteção securitária, não pode dar-se de forma voluntária (e.g., o suicídio não se harmoniza com aleatoriedade).” 32
Conceitua Feijó Coimbra33, o termo risco, como sendo evento futuro e incerto, cuja verificação independe da vontade do segurado. Aborda sobre a finalidade do seguro social, em reparar os danos causados pela ausência do sustento aos dependentes:
“o homem é o único animal que sabe que vai morrer. (...) A idéia de risco não se afasta do conceito geral de risco, porque, embora não seja incerto quanto à verificação, o é relativamente à época em que poderá ocorrer. (...)”34
[...]  A doutrina tem considerado de caráter temporário a prestação que se concede aos filhos, geralmente limitada a certa idade, e de caráter permanente  à viúva e à companheira, esta quando à viúva equiparada. Tal distinção parece-nos inútil, face à circunstância de que o filho inválido terá assegurada uma pensão enquanto assim permanecer, praticamente vitalícia, e a esposa poderá perder a pensão se contrair novo matrimônio, tornando-se dependente de outro homem. (...). Na nossa legislação, a pensão é, em regra, concedida em forma de renda mensal, favorecendo os dependentes, observada a ordem legal de habilitação. (...).” 35
32 DERZI, Heloísa Hernandez. Op. cit. , p. 46 e 47.
33 COIMBRA, José Reis Feijó. Op. Cit., p. 17
34 Idem. Op. Cit., p. 132."reparar os danos causados pela ausência do sustento da família: as despesas excepcionais dos gastos funerários e a perda de uma indenização necessária aos sobreviventes". Tradução livre
35 Idem. Op. Cit., p. 132 e 133
Evolução Histórica
Igualmente ao Coimbra, Augusto Venturi preocupou-se em delinear a importância do risco como elemento essencial de toda relação de seguro que dificilmente pode ser infra-valorizada, apontando suas características comuns aos contratos de seguro:
“[...] Pero si considerarmos cuál es el presupuesto común a todos los contratos de seguro, en la medida en que sin él cualquier interés existe no resultaría asegurable, lo encontramos la posibilidad de una contingencia: a) dañosa; b) futura.; c) incierta; d) no dependiente exclusivamente de la voluntad del asegurado. Así  pues, ésta la efinición de riesgo que nos parece preferible por su valor sistemático y en relación con la que queremos analizar las relaciones del seguro social”. 36
De acordo com Balera, a Previdência Social é uma técnica de proteção que depende da articulação entre o Poder Público e os demais atores sociais.
Estabelece diversas formas de seguro, para o qual ordinariamente contribuem os trabalhadores, o patronato e o Estado e mediante o qual se intenta reduzir ao mínimo os riscos sociais, notadamente os mais graves: doença, velhice, invalidez, acidentes no trabalho e desemprego.37
Concluímos, pois, que o sistema previdenciário objetiva  a proteção do trabalhador segurado, que foi efetivamente atingido pelo risco social, fazendo jus pois à tutela estatal e à concessão de benefício previdenciário, previsto legalmente para si ou sua família.
36 VENTURI. Augusto. Los fundamentos científicos de la Seguridad Social. Coleccion Seguridad Social. Espanha, 1994. p. 556.
37 BALERA, Wagner. Noções Preliminares de Direito Previdenciário. ... p. 49
Regimes Previdenciários
Está compreendido na Previdência Social o Regime Geral de Previdência Social, denominado RGPS, que objetiva garantir os riscos e contingências previstas no primeiro artigo da Lei de Benefícios, tais como a doença, incapacidade, idade avançada, desemprego involuntário, tempo de serviço, prisão e morte.
O RGPS é aquele previsto nas Leis 8.212/91, denominada lei de custeio e a 8.213/91, chamada de lei de benefícios e é formado pelos segurados e dependentes, na forma que estudaremos à seguir.
Porém, o RGPS não é o único sistema previdenciário existente em nosso país, onde existe também os chamados regimes especiais, abaixo pontuados:
· REGIME JURÍDICO ÚNICO: mencionado regime previdenciário é designado direta e exclusivamente aos servidores públicos federais civis e está previsto na Lei 8.112/90
· REGIME DOS MILITARES: regulamenta a pensão dos militares, que são cobertos pelo plano de benefícios inserido no Estatuto dos Militares.
· REGIME ESPECIAL DOS PARLAMENTARES: A respeito do regime especial dos parlamentares, Miguel Horvath Junior, dispõe que:
“Em 1997, a Lei n 9.506/97 extinguiu o Instituto de Previdência dos Congressistas (IPC) e criou o Plano de Seguridade dos Congressistas (PSSC). Este plano prevê que os parlamentares, para se aposentarem, deverão ter pelo menos 35 anos de exercício de mandato e 60 anos de idade, ou ter 35 anos de contribuição aos sistemas previdenciários existentes e 60 anos de idade.
Para a aposentadoria pelo PSSC, o parlamentar poderá somar o tempo de contribuição aos sistemas previdenciários, correspondendo ao valor do benefício a trinta e cinco avos da remuneração fixada para os membros do Congresso Nacional por ano de exercício de mandato.
Cumprindo esses requisitos, o parlamentar tem direito à aposentadoria com provimentos integrais. Vários países adotam regimes especiais para os parlamentares, justificando que o parlamentar perde a capacidade de trabalho durante o exercício do mandato”.
· REGIMES DE PREVIDÊNCIA ESTADUAL E MUNICIPAL: previsto constitucionalmente no artigo 149, § único, direcionado aos funcionários dos Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, conforme previsão inserta na Lei 8112/90
· PREVIDENCIA COMPLEMENTAR PRIVADA: regida pelas leis complementares números 108 e 109, de 29 de maio de 2001, podendo ser de duas espécies:
· PREVIDENCIA COMPLEMENTAR PRIVADA ABERTA, que é acessível a adesão de qualquer pessoa, vez que é operada por instituições financeiras e é fiscalizada pelo Ministério da Fazenda através da SUSEP
· PREVIDENCIA COMPLEMENTAR PRIVADA FECHADA, acessível apenas a determinadas pessoas ou a um grupo restrito de pessoas de determinada empresa, grupo de empresas ou de determinada profissão,  destinada exclusivamente aos advogados, não sendo permitido o ingresso de pessoas com outro tipo de profissão que não a advocacia.
Além dos supra mencionados, podemosindicar ainda, como sendo de regime especial de previdência :
· ANISTIADOS,
· EX-COMBATENTE
· FERROVIÁRIO
· AERONAUTA
· JORNALISTA PROFISSIONAL
· PROFISSIONAIS DE FUTEBOL
· PORTADORES DE TALIDOMIDA
· SERINGUEIRO  E
· VÍTIMA DE TRATAMENTO DE HEMODIALÍSE DE CARUARU
Princípios: Principios Doutrinários do Direito Previdenciário
Miguel Horvath Junior38 conceituou em sua obra, princípios da seguinte forma:
“Princípios são fundamentos, proposições básicas, típicas, que condicionam todas as estruturações subseqüentes . São alicerceres da seqüência, enquanto idéias jurídicas materiais são manifestações especiais da idéias de Direito. Quando transcritos para a Carta Constitucional, transmutam-se em normas constitucionais com eficácia, ainda que no grau mínimo, em normas constitucionais programáticas.
(...)
Os princípios representam a consciência jurídica da sociedade. Têm a elevada missão de velar pelos valores eternos do Homem.
Além dos princípios constitucionais que abordaremos ainda nesse tópico, podemos mencionar alguns dos princípios basilares da Seguridade Social, denominados princípios doutrinários, abaixo elencados:
· Obrigatoriedade de filiação;
· Da solidariedade ou da compensação nacional;
· Da unicidade das prestações;
· Da compreensibilidade;
· Da automaticidade das prestações;
· Da imprescritibilidade do direito ao benefício;
· Da expansividade social;
· Princípio do indubio pro operário
· Obrigatoriedade de filiação;
Umas das características principais do sistema previdenciário é seu caráter contributivo. Assim, é a obrigatoriedade de filiação uma forma de garantir a todos a proteção social no momento em que o risco ocorrer. Deve-se firmar um liame financeiro, através da contribuição, que possa gerar segurança ao sistema.
· Da solidariedade ou da compensação nacional;
O conceito primeiro de solidariedade vem da sociologia, passando posteriormente aos diversos ramos do direito. Por isso, como diz Miguel Horvath Junior, busca-se o conceito junto ao sociólogo francês David Emile Durkheim, considerado o fundador da sociologia como ciência independente”.39
A solidariedade é o princípio basilar da Seguridade Social, preconizado inclusive no texto constitucional, onde o artigo 3º prevê que um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil é a construção de uma sociedade livre, justa e principalmente solidária.
38 HORVATH JUNIOR, Miguel. Idem (Direito Previdenciário, p. 74)
39 HORVATH JUNIOR, Miguel. Idem, p. 77
Princípios: Principios Doutrinários do Direito Previdenciário
· Da unicidade das prestações;
Este princípio possui o escopo de determinar ao segurado que ele terá direito a um único benefício previdenciário (dos elencados no rol exaustivo do artigo 124 da lei de benefícios) que substituirá sua remuneração laboral, na ausência desta.
· Da compreensibilidade;
Conforme continua lecionando Miguel Horvath Junior em sua obra, acima mencionada, esse benefício “visa proteger todas as eventualidades, e não apenas determinados eventos típicos ou riscos. O princípio da compreensibilidade encontra limite na capacidade econômica do Estado”
· Da automaticidade das prestações;
Esse também é um dos princípios mais importantes que formam o sistema previdenciário, vez que objetiva proteger o segurado e seus dependentes do recebimento do benefício previdenciário, mesmo que suas contribuições (segurados empregados, trabalhadores avulsos)não tenho sido recolhidas por seu empregador, vez que o ônus de fiscalizar as empresas pertence ao órgão fiscalizador e não ao segurado, hipossuficiente.
Concluí-se, pois, que a inexistência do pagamento ou da confirmação da existência das contribuições no CNIS, não pode ser óbice a fim de deixar o INSS de conceder o benefício ao segurado ou seus dependentes.
· Da imprescritibilidade do direito ao benefício;
O fundo de direito, no direito previdenciário jamais prescreve. O qe prescreve é o direito às prestações.
Em nosso país referido período é de 10 (dez) anos, conforme previsto na lei de benefícios, em seu artigo 103. Assim, cumpridos os requisitos legais e não tendo sido exercido este direito, não se eliminará o direito à prestação previdenciária. Porém, com a edição da Lei 9711/98, que alterou a redação original do artigo 103 da lei de benefícios, regulamentou-se a decadência quanto aos pedidos de revisão de benefício.
· Da expansividade social;
Mencionado princípio decorre do princípio da universalidade da cobertura e do atendimento e objetiva garantir que o sistema previdenciário garanta o acesso ao maior número de cidadãos, quer como segurado obrigatório ou mesmo facultativo, o que proporcional total integração entre os trabalhadores informais com a proteção oriunda da previdência social.
· Princípio do indubio pro operario
Denominado no Brasil como princípio do “indubio pro mísero” e sob os ensinamentos de Rui Alvim40, o uso indiscriminado do mencionado princípio afeta a base que sustenta o sistema previdenciário, afetando sua fonte de custeio (receita) com prejuízos que chegariam a afetar os segurados, pois o que se daria a uns se tiraria de outros.
Defende mencionado jurista que deve-se sempre, proteger o interesse coletivo em detrimento dos interesses individuais.
40 ALVIM, Rui. Interpretação e Aplicação da Legislação Previdenciária., p.20
Princípios: Principios Doutrinários do Direito Previdenciário
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
Nesse item abordaremos alguns princípios (e regras constitucionais) que norteiam o Sistema de Seguridade Sócia, fixados no § único do artigo 194 da Lei maior, que são verdadeiros objetivos do sistema. Os princípios podem ser classificados como normas-objetivo, que nos dizeres de Eros Grau:
"...a existência de uma norma-objetivo no bojo de uma parcela do ordenamento jurídico vincula o intérprete na interpretação de suas normas de conduta e de Organização, de modo que não poderá  ser tida como aceitável hermenêutica que não seja estritamente coerente com a realização dos fins nela inscritos." 41
Celso Antonio Bandeira de Mello42 também conceituou o termo princípio dizendo que:
“é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. É o conhecimento dos princípios que preside a intelecção das diferentes partes componentes do todo unitário que há por nome sistema jurídico positivo”.
Apesar das notórias similitudes entre princípios e valores, existe uma diferença importante no entendimento de PAULO GILBERTO COGOS LEIVAS43, vez que os princípios, enquanto mandados, pertencem ao âmbito deontológico, ligando-se ao conceito do dever-ser (...). Os valores incluem-se no âmbito axiológico, ligados ao conceito de bom.
Os princípios da Seguridade Social são verdadeiramente objetivos a serem alcançados: o bem-estar e a justiça social, que nas palavras de Balera “são valores determinantes para a mudança social”44, são verdadeiros guias para interpretarmos a Constituição Brasileira, no presente caso, no que tange a matéria previdenciária.
O artigo 194 da Lei Magna, traçou princípios norteadores da seguridade social e que estudaremos no tópico à seguir.
Principios da universalidade da cobertura e do atendimento
O primeiro e primordial desses objetivos é o constante do inciso I do parágrafo único do artigo 194 da Lei Maior, tendo em vista que em sua decorrência que virão os demais, constituindo o rol de objetivos da Seguridade Social e como diz Wagner Balera, referido princípio se refere tanto a sujeitos quanto ao objeto da seguridade social45.
41 GRAU, Eros Roberto. Direito, conceitos e normas jurídicas. São Paulo, Ed. Rev. dos Tribunais, 1988, p. 153
42 MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 12ª. Ed.. São Paulo, Editora Malheiros, 2000, p. 583 e 584
43 LEIVAS, Paulo Gilberto Cogo.Teoria dos Direitos fundamentais sociais.Livraria do Advogado Editora. Porto Alegre. 2006, p. 46
44 BALERA, Wagner. Noções Preliminares de Direito Previdenciário. Quartier Latin. São Paulo, 2004, p. 81
45 BALERA. Wagner. Sistema de Seguridade Social. São Paulo, Editora LTr, 2006, p. 157
Princípios: Principios Doutrinários do Direito Previdenciário
“Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Parágrafo único:Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
I – universalidade da cobertura e do atendimento”
Marisa Ferreira dos Santos imprime importância a esse princípio, conjugando-o com o princípio da seletividade:
“ a universalidade da cobertura e do atendimento deve ser abordada para que o princípio da seletividade das prestações da seguridade social possa ser estudado, em face de sua estreita ligação. Sua colocação em primeiro plano mostra a existência de uma certa hierarquia entre os princípios regentes da seguridade social”.46
O princípio em tela objetiva que todas as situações que demandem intervenção estatal nas áreas da Saúde, Previdência e Assistência Social sejam atendidas e tenham aplicação específica para cada subárea da Seguridade e tais objetivos são convergentes ao princípio da isonomia.
Nesse sentido encontram-se as palavras de Balera a respeito do referido principio:
“Consiste, pois, a universalidade do atendimento e da cobertura na específica dimensão do princípio da isonomia (garantia estatuída no art. 5º da Lei Maior), na Ordem Social. É a igual proteção para todos”.47
E, continua Balera, demonstrando o dúplice caráter, que denominou a ‘dupla dimensão’ do princípio:
“A primeira – universalidade da cobertura – se refere às situações de necessidade. Todas as contingências da vida, que podem gerar necessidade, estão cobertas pela seguridade social.
Já a segunda dimensão – universalidade do atendimento – está a se referir aos sujeitos protegidos. Significa que todas as pessoas, indistintamente, são credoras da proteção social”48
Indo de encontro às palavras de Balera, de José Afonso da Silva argumenta que referido princípio tem duplo objeto, ou seja, a universalidade da cobertura (universalidade objetiva) e universalidade do atendimento (universalidade subjetiva):
“3.2 Universalidade da cobertura e do atendimento. (...) A primeira – universalidade objetiva – significa que a Seguridade Social deve, por um lado, cobrir a generalidade dos riscos sociais e, por outro lado, dever ser não só reparadora, mas preventiva do surgimento da necessidade, protetora em qualquer circunstância. Vale dizer que a cobertura deve ser ampla. A segunda – universalidade subjetiva – pretende que a Seguridade Social estenda suas medidas de proteção não só aos trabalhadores, mas de toda população, indistintamente, independentemente de contribuição (...)”.49
No mesmo sentido que Balera, o Héctor Humeres Noguer, abordou referido princípio dizendo que:
“Este principio, ya señalado por William Beveridge, referido al que el sistema debe compreender tanto a las personas como a sus necesidades, admite, desde un punto de vista técnico, una distinción entre la generalidad de las personas protegidas – universalidade subjetiva – y aquella referida a las contingencias cubiertas, la que se conoce bajo el nombre universalidad objetiva”.50
Concluímos, pois, que o objetivo principal desse princípio é de oferecer igualdade de proteção para todas as pessoas.
46 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Ob cit., pág. 174.
47 BALERA, Wagner. A Seguridade social na Constituição de 1988. RT. São Paulo, 1989, p.36.
48 Idem. Balera (Seg Social), p. 35 e 36.
49 SILVA, José Afonso da. Comentário Contextual à Constituição. Editora Malheiros. São Paulo. 2008. 4ª edição. 2008, p. 761
50 NOGUER, Hector Humeres. Derecho Del trabajo y de la seguridad social. Tomo III – Derecho de la seguridad social. Editorial Juridica de Chile. Santiago. 2005. p. 32: “Este principio já assinalado por William Beveridge, referido ao que o sistema debe compreender tanto as pessoas como as suas necesidades, admite, desde um ponto de vista técnico, uma distinção entre a generalidade das pessoas protegidas – universalidade subjetiva – e aquela referida às contingencias cobertas, a que se conhece com o nome de universalidade objetiva”. Tradução nossa
Princípios: Principios Doutrinários do Direito Previdenciário
Da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais
“Art. 194. (...)
Parágrafo único: (...)
II – uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais
(...)”.
O princípio aqui esposado, ruma lado-a-lado com o principio anteriormente mencionado e ao princípio da igualdade, objetivando que as populações (rurais e urbanas) tenham direito e devam receber da Seguridade Social prestações idênticas (uniformes e equivalentes), distanciando-se das diferenças e discriminações pelas quais essas populações passaram em período anterior à atual Constituição Federal, que ampliou seus direitos, de forma a igualá-los.
Nesse mesmo trilhar, Wagner Balera explica que:
“ Sobre ser a implantação definitiva da isonomia entre os residentes, a regra em exame também traz em seu bojo, e como resultado, a identidade de prestações ente o urbano e rural integrando, ao fim e ao cabo, num único sistema, toda a população do País”.51
Assim, com a atual Constituição Federal os regimes previdenciários urbano e rural foram unificados e essa unificação foi colocada em prática, também, na lei nº. 8.213/91.
Nas palavras de José Afonso da Silva, referido princípio se traduz da seguinte forma:
“3.3 Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais. (...) reafirma a idéia de uma Seguridade Social destinada a atender a toda a população, sem distinção de sua localização. O princípio da uniformidade significa que as prestações da seguridade social em benefícios como em serviços devem estender-se indistintamente às populações urbanas e rurais (...). O princípio da equivalência significa que os benefícios e serviços prestados à população rural hão de ter valores iguais aos prestados à população urbana, e vice-versa. A uniformidade está na extensão dos benefícios a ambas populações. A equivalência está na igualdade dos valores dos benefícios e serviços prestados a uma e a outra.”52
Tanto os segurados do regime urbano quanto os rurais têm a partir de então, as mesmas contingências, os mesmos eventos cobertos (uniformidade) e os valores dos benefícios ou ao atendimento dos serviços (equivalência nas prestações) também são uniformes, obstando-se de vez a discriminação antes existente.
E, concluindo com as palavras de Wagner Balera53 esse princípio é arremate ao ideário proposto pelo princípio anterior.
51 SILVA, José Afonso da. Ob cit., p. 761.
52 Idem. Balera (Seg Social), p. 35 e 36.
53 BALERA, Wagner. A Seguridade Social na Constituição de 1988. RT. São Paulo, 1989, p.38
Princípios: Principios Doutrinários do Direito Previdenciário
Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços
“Art. 194. (...)
Parágrafo único: (...)
III – seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços”
(...)”.
Esse princípio é destinado ao legislador, pois cabe a este fixar quais são os benefícios e serviços colocados à disposição da sociedade protegida, a fim de atender suas necessidades, proporcionando assim uma vida melhor aos que dele usufruírem, alcançando as finalidades da Ordem Social.
Com esse princípio, procurou-se fixar parâmetros para se saber quais são as necessidades estarão protegidas pelo sistema (seletividade) e tais serviços e benefícios serão distribuídos na medida de suas necessidades (distributividade).
No magistério de Wagner Balera54, a diretriz da seletividade permite a realização, pelo legislador, de legítima estimativa acerca das espécies de prestações que, conjuntamente, concretizemas finalidades da Ordem Social. A regra da distributividade, por sua vez, permite a escolha de prestações que contemplem de modo mais amplo os que demonstrem possuir maiores necessidades e ainda, continua ele em outra obra de sua autoria55, que a referido princípio é o comando dirigido ao legislador a quem compete, no ato mesmo da elaboração da norma de proteção, selecionar prestações dentre o rol delas, aquelas que a lei pretende sejam concretizadas.
Irredutibilidade do valor dos benefícios
“Art. 194. (...)
Parágrafo único: (...)
IV – irredutibilidade do valor dos benefícios
(...)”.
Referido princípio traçou como escopo assegurar o poder aquisitivo do beneficiário, mediante a manutenção do valor real dos benefícios recebidos em caráter permanente.
Além disso, se assegura ainda, o direito adquirido conforme o artigo 5º, XXXVI, da Lei das Leis, pois caso se pudesse alterar o valor dos benefícios (quantidade) de forma aleatória, instalaria-se o caos social que nas palavras de. Wagner Balera 56eferido princípio estaria prestigiando a garantia individual que protege o direito adquirido.
Para Balera e Daniel Pulino57, “para a manutenção do valor real do benefício, é fundamental que ele seja fixado corretamente ab initio. Do contrário, o benefício persistirá existindo com um valor irreal, imprestável para o cumprimento de sua finalidade constitucional. Cumpre evitar, portanto, esse vício genético, por assim dizer”.
Assim sendo, os benefícios deverão seguir um padrão desde sua concessão, ou seja, não poderão sofrer alterações nem na sua quantidade nem em seu real poder de compra (CF/88, art. 201, §4º), sob pena de sofrer reajustamento.
54 BALERA, Wagner. Noções Preliminares de Direito Previdenciário. Quartier Latin. São Paulo, 2004, p. 75.
55 BALERA. Wagner. Sistema de Seguridade Social. São Paulo, Editora LTr, 2006, p. 158
56 Idem. (Sist Seg Social), p. 21.
57 BALERA. Wagner; PULINO. Daniel. Da irredutibilidade do valor dos benefícios. Previdência em dados, p. 10.
Princípios: Principios Doutrinários do Direito Previdenciário
Equidade na forma de participação no custeio
“Art. 194. (...)
Parágrafo único: (...)
V – eqüidade na forma e participação do custeio
(...)”
O artigo 195 da Carta Magna prevê que toda sociedade financiará a seguridade social, entendemos que aqueles que receberão prestações do sistema, devem colaborar com seu custeio, vertendo contribuições para o sistema, de acordo com sua possibilidade e capacidade financeira, para a manutenção e expansão do sistema de proteção social, estando excluídos os hipossuficientes.
Desta forma, estar-se-ia reduzindo as desigualdades entre os contribuintes, onde os que têm menores condições financeiras contribuiriam com valores menores e os mais abastados, com valores superiores, atingindo-se o ideário da Justiça e conforme leciona Balera, “quando o fim é a superação das necessidades, a equidade autoriza a imposição de maiores encargos aos que menores necessidades possuem. Vice-versa, quanto maior a necessidade, menor ou nenhum ônus de ser cometido ao indivíduo”.58
A regra determina que o legislador, ao elaborar a norma de custeio, tenha como objetivo indireto a redução das desigualdades, através da adequada repartição dos encargos sociais.59
E, como conclui o Lauro Cesar Mazetto Ferreira60 a respeito do benefício em comento, o estabelecimento das contribuições sociais dos empregados deve observar a potencialidade de ocorrência de um risco social que o setor de atividade pode acarretar aos trabalhadores e, conseqüentemente, o nível de utilização das prestações fornecidas pelo sistema de seguridade social, pois conforme assinala Balera61, quanto maior o risco, maior a alíquota!
Diversidade na base de financiamento
“Art. 194. (...)
Parágrafo único: (...)
VI – diversidade da base de financiamento
(...)”.
Esse princípio busca a solidariedade no custeio, a partir da diversidade das fontes de arrecadação de recursos a serem vertidos à Seguridade Social e das formas de financiamento: a indireta e a direta, através de empregados e empregadores.
Objetiva-se, ainda que, os fatos que gerarem contribuições sociais sejam diversos, por exemplo, folha de salários, faturamento e lucro (por parte dos empregadores), o remuneração mensal (pelos trabalhadores empregados), rendimentos (dos não empregados).
A diversidade na base de financiamento pode ser objetiva, quando for sobre fatos aos quais deve haver incidência das contribuições para a seguridade social e subjetiva, quando for relacionada às pessoas que devem contribuir, objetivando a manutenção e equilíbrio do sistema.
Nesse sentido, assinala Wagner Balera
“Essa regra de estrutura pode ser decomposta em dois elementos: o objetivo e o subjetivo. Do ponto de vista objetivo, a regra implica a diversificação de fatos que gerarão contribuições sociais. Em perspectiva subjetiva o comando exige consideração das pessoas naturais ou jurídicas que verterão contribuições”.62
58 BALERA. Wagner. A Seguridade Social na Constituição de 1988. RT. São Paulo, 1989, p.42
59 BALERA. Wagner. Sistema de Seguridade Social. São Paulo, Editora LTr, 2006, p. 22
60 FERREIRA, Lauro Cesar Mazetto. Seguridade Social e Direitos Humanos. São Paulo: LTr, 2007, p. 171
61 BALERA. Wagner. Sistema de Seguridade Social. São Paulo, Editora LTr, 2006, p.171
62 BALERA. Wagner. Op. Cit. (Sistema de Seguridade Social).p. 22.
Princípios: Principios Doutrinários do Direito Previdenciário
Caráter democrático e descentralizado da administração mediante órgãos colegiados
“Art. 194. (...)
Parágrafo único: (...)
VII  – caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quatripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados
(...)”
 Nas palavras de Balera63, referido princípio reflete o modo de gestão da seguridade social, sendo que a democratização das estruturas de gestão deverá se expressar na composição dos organismos dirigentes do sistema, além da presença de representantes eleitos pela comunidade de beneficiários e contribuintes do plano de proteção.
Assim, objetivando manter o equilíbrio atuarial e financeiro e conseqüentemente dando segurança ao sistema, a Constituição de 1988, trouxe no §5º do artigo 195 o seguinte teor:
“Art. 195 “Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total”.
Consideramos que essa regra, denominada por Wagner Balera de regra da contrapartida64, revela a preocupação do legislador, que proibiu a criação de benefícios ou serviços sem a previsão da fonte de custeio, a fim de equilibrar o sistema.65
E, como arremata  Balera em sua obra sobre Previdência Privada, que “o supedâneo constitucional de exigência de equilíbrio financeiro dos planos previdenciários se encontra preceituado no §5º do artigo 195 da Lei Magna”.66
Certo é que só poderá existir um novo benefício, ou ainda, a majoração ou extensão dos que já existem se houver a criação da respectiva fonte de custeio.
Conclui-se, pois, que o sistema previdenciário cumprirá suas finalidades, como afirma Balera67, apenas se estiver calcado em rígido equilíbrio econômico e financeiro, importando tal regra em verdadeira proibição constitucional à instituição  de novas fontes de custeio se precisa destinação, assim como em proibição expressa de criação de novas prestações com adequada cobertura financeira.
63 BALERA. Wagner. Op. Cit (Sistema de Seguridade Social), p. 160.
64 BALERA, Wagner. Op. Cit. A Seguridade Social na Constituição de 1988, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1989, p. 68.
65 BALERA. Wagner. Competência Jurisdicional na Previdência Privada. São Paulo. Quartier Latin. 2006, p. 26.
67 BALERA. Wagner. Op. Cit. (Sistema de Seguridade Social), p. 160
Fontes Formais do Direito da Seguridade Social; Autonomia da matéria; Interpretação das Normas; Sujeitos da Relação Jurídica de Proteção
Fontes Formais do Direito da Seguridade Social
Podemos dizer que o ordenamento jurídico é composto através das fontes do direito.Assim, a fonte normativa do direito da seguridade social é a norma jurídica e sua validade depende de seu processo legislativo.
O artigo 59 da Constituição Federal brasileira, determina o processo legislativo e suas variações, abaixo fixadas, sendo que as fontes subsidiárias são as encontradas nos artigos 84, IV e artigo 87, II da lei maior.
· Emendas à Constituição;
· Leis complementares;
· Leis ordinárias;
· Leis delegadas;
· Medidas provisórias;
· Decretos legislativos;
· Resoluções.
E, as fontes subsidiárias são:
· Decreto regulamentar;
· Decretos autônomos;
· Instruções;
· Atos normativos administrativos no âmbito da previdência social;
· Orientação normativa;
· Circular
Insta ressaltar ainda que, Fabio Zambite Ibrahim defende ainda que, a jurisprudência como norma jurídica individual em razão das decisões judiciais, é fonte do Direito, pois suas sentenças são vinculantes para as partes. Ainda mais as decisões reiteradas de tribunais que alteram, com freqüência, o conteúdo dos atos administrativos, os quais são adaptados às interpretações oriundas do judiciário” 68
68 IBRAHIM, Fábio Zambite. Curso de Direito Previdenciário, 9ª ed., Rio de Janeiro: Impetus, 2007, p. 129
Autonomia do Direito Previdenciário
O Direito Previdenciário é matéria autônoma, não dependendo de nenhum outro ramo do Direito para existir, como alguns inadvertidamente poderiam imaginar que do Direito do Trabalho ou até do Direito Administrativo.
Porém, os doutrinadores divergem em alguns pontos, como por exemplo, alguns o coloca no ramo do  direito social, enquanto outros no no direito público (que é a corrente tradicional). Uma coisa é certa, ele nunca será privado, já que há a participação do estado na relação jurídico-securitária.
O Direito Previdenciário, ou mais especificamente o Direito da Seguridade Social (já que compreende não só previdência social, mas igualmente assistência social e saúde) possui princípios específicos, como estudaremos na sequência. Além disso, determinados conceitos são de uso exclusivo do Direito Previdenciário, tal como, salário-de-contribuição ou de benefício.
Interpretação das Normas
A existência de diversas escolas com pensamentos jurídicos distintos, fez com que surgissem diversos métodos de interpretação e descreveremos cada um deles, separadamente.
METODO INTERPRETATIVO
O legislador é o primeiro interprete, pois agrega valores aos fatos, embasados em normas definidas para a ordenação da conduta humana.
A interpretação da norma “in concreto” é aquela efetivada sob um caso concreto, quando através desse método o Poder Legislativo cria novas leis para esclarecer dúvidas em leis já existentes. É feita pelas leis interpretativas.
MÉTODO GRAMATICAL
Nesse método objetiva-se a busca do sentido estrito da lei, sob análise do significado das palavras utilizadas pelo legislador. É um método extremamente restrito e deve ser utilizado se conjugado com outro método, nunca sozinho.
E, como leciona Balera, “a interpretação literal é o primeiro recurso do exegeta que deve, logo em seguida, socorrer-se dos outros métodos para chegar ao resultado de seu trabalho”69
MÉTODO HISTÓRICO
Nesse método a interpretação analisa o “time” histórico da aprovação da lei e é importante método ao intérprete.
O método histórico se apresenta no Direito previdenciário objetivando a respeito da diversidade das etapas da evolução da proteção social definidas ao longo da história legislativa do fenômeno, iniciando-se com a assistência privada, posteriormente com a assistência publica sob estruturas da previdência social, chegando finalmente a promulgação da Constituição Federal de 1988.
69 BALERA, Wagner. Op. Cit. (Sistema de Seguridade Social), p. 140
Interpretação das Normas
MÉTODO LÓGICO
Com o método lógico, o interprete restringe suas investigações, abandonando conceitos desnecessários para a aplicação ao caso da solução jurídica apontada pelo legislador.
Balera a esse respeito explica que, “as normas de Direito Previdenciário, descrevem situações que constituem os riscos sociais: a doença, a velhice, a invalidez, a morte, o desemprego, o acidente do trabalho, etc.
Uma vez ocorridos na vida social, tais fatos abstratamente descritos na norma se transformam em sinistros e, graças ao fenômeno da incidência, recebem qualificação jurídica para fins de enquadramento em determinado plano de proteção social”. 70
MÉTODO TELEOLÓGICO
O escopo desse método é levar ao intérprete o fim desejado pelo legislador e questiona as finalidades da ordenação normativa legal.
Conforme afirma Balera, “interessa ao método teleológico, por igual, a perquirição a respeito da “occasio legis”.71
MÉTODO SISTEMÁTICO
Balera segue afirmando a respeito desse método que, “a interpretação sistemática, permitirá a identificação clara dos principais focos de resistência que, certamente, se oporão à superação da questão social, recusando-se a ceder parcela dos privilégios de classe e de grupo que conquistaram ao longo da história”.72
70 BALERA, Wagner. Op. CIt. (Sistema de Seguridade Social), pg 143
71 BALERA, Wagner. Idem, pg 144
72 idem., p. 149
Saúde e Assistência Social: LOAS - Prestações; Assistência ao Idoso - Estatuto Idoso
A Seguridade Social conforme dispõe o artigo 194 da Constituição Federal, “compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, previdência e assistência social”.
A Seguridade é pois, destinada a todos que dela possam necessitar, devendo obviamente estar o risco social previsto em lei.
Saúde (CF/88, arts. 196 a 200):
O artigo 196 prevê sobre a saúde, “a  saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas, que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” e, por isso poder-se dizer que os serviços e ações de saúde são considerados como de importância pública e inserto no princípio da dignidade da pessoa humana, além de ser direito individual fundamental, conforme determina o artigo 5º do texto constitucional e obedecerá as seguintes diretrizes:
· Acesso universal e igualitário;
· Provimento das ações e serviços através de rede regionalizada e hierarquizada, integrados em sistema único;
· Descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
· Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas;
· Participação da comunidade na gestão, fiscalização e acompanhamento das ações de serviços e saúde;
· Participação da iniciativa privada na assistência a saúde, obedecidos os princípios constitucionais.
E, como leciona Wagner Balera, está-se diante de um direito subjetivo público, “que não pode ser negado a nenhuma pessoa sob pretexto algum”.73
Sob os ensinamentos de Miguel Horvath Júnior, “ A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas, que visem a redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
O indivíduo tem direito público subjetivo à saúde (artigo 2º da Lei 8212/91)”74.
Subsidiariamente, continua ele, “aplica-se à saúde, o principio da subsidiariedade, ou seja, o dever do Estado não exclui o dever das pessoas, das famílias, das empresa e da sociedade geral no seu asseguramento”.
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi definido no artigo 4º da Lei 8089/90, como sendo o conjunto de ações e serviços da saúde, prestados por seus órgãos e instituições públicas, federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo poder público, podendo a iniciativa privada atuar em caráter supletivo”.
Nos dizeres de Wagner Balera, “ao SUS compete prevenir os riscos de doenças e prestar serviços de assistência médica. O objetivo a ser atingido, e, caráter específico, pelas atividades desse componente do sistema é a higidez física dos beneficiários, vale dizer, de todos os habitantes do país que são atendidospelo sistema.”75
73 BALERA, Wagner. O Direito constitucional a Saúde,. Revista de Previdência Social, São Paulo, Ano XVI, nº 134, 1992
74 HORVATH JUNIOR, Miguel. Op. Cit p. 108.
75 BALERA, Wagner. Idem., p. 124
Assistência Social: LOAS - Prestações; Assistência a Idoso - Estatuto Idoso
O artigo 203 da Constituição Federal dispõe que a assistência será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social.
A assistência social é regulamentada pela Lei 8.742/93, denominada Lei Orgânica da Previdência (LOAS), cujo benefício principal é o de prestação continuada, ou seja, o valor de 1 salário-mínimo, que é concedido àquele portador de deficiência (física ou psíquica) e ao idoso, com idade superior a 65 anos, sendo homem ou mulher.
Conforme consta conceituado pelo Ministério da Previdência e Assistencia Social, ”o benefício de prestação continuada da Assistência Social – BPC-LOAS,  é um benefício da assistência social, integrante do Sistema Único da Assistência Social – SUAS, pago pelo Governo Federal, cuja a operacionaliização do reconhecimento do direito é do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS e assegurado por lei, que permite o acesso de idosos e pessoas com deficiência às condições mínimas de uma vida digna.”76
Porém, alguns requisitos além dos acima, devem ser preenchidos para fazerem jus ao benefício social:
devem comprovar que não possui meios de sustentar-se, bem como, de sustentar sua família, provendo-lhe os meios mínimos necessários a sua manutenção, conforme previsto no artigo 20 da LOAS.   
             
Conforme o constante do §3º do artigo 20 da mencionada lei (LOAS), “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo”.
76 Acesso www.mpas.gov.br, em 29 de dezembro de 2011.
QUEM TEM DIREITO AO BPC-LOAS:77
- Pessoa Idosa - IDOSO: deverá comprovar que possui 65 anos de idade ou mais, que não recebe nenhum benefício previdenciário, ou de outro regime de previdência e que a renda mensal familiar per capita seja  inferior a ¼ do salário mínimo vigente.
- Pessoa com Deficiência - PcD: deverá comprovar que a renda mensal do grupo familiar per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo, deverá também ser avaliado se a sua deficiência o incapacita para a vida independente e para o trabalho, e esta avaliação é realizada pelo Serviço Social e pela Pericia Médica do INSS.
Para cálculo da renda familiar é considerado o número de pessoas que vivem na mesma casa: assim entendido: o requerente, cônjuge, companheiro(a), o filho não emancipado de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido, pais, e irmãos não emancipados, menores de 21 anos e inválidos. O enteado e menor tutelado equiparam-se a filho mediante a comprovação de dependência econômica e desde que não possua bens suficientes para o próprio sustento e educação.
O benefício assistencial pode ser pago a mais de um membro da família desde que comprovadas todas a condições exigidas. Nesse caso, o valor do benefício concedido anteriormente será incluído no cálculo da renda familiar.
O benefício deixará de ser pago quando houver  superação das condições que deram origem a concessão do benefício ou pelo falecimento do beneficiário. O benefício assistencial é intransferível e, portanto, não gera pensão aos dependentes.
O beneficiário deverá comparecer ao posto do INSS, munido dos documentos originais do titular e de todo o grupo familiar
· Número de Identificação do Trabalhador – NIT (PIS/PASEP) ou número de inscrição do Contribuinte Individual/Doméstico/Facultativo/Trabalhador Rural, se possuir;
· Documento de Identificação(Carteira de Identidade e/ou Carteira de Trabalho e Previdência Social);
· Cadastro de Pessoa Física - CPF;
· Certidão de Nascimento ou Casamento;
· Certidão de Óbito do esposo(a) falecido(a), se o beneficiário for viúvo(a);
· Comprovante de rendimentos dos membros do grupo familiar;
· Tutela, no caso de menores de 21 anos filhos de pais falecidos ou desaparecidos;
Assistência Social: LOAS - Prestações; Assistência a Idoso - Estatuto Idoso
Representante Legal (se for o caso), apresentar:
· Cadastro de pessoa Física - CPF;
· Documento de Identificação (Carteira de Identidade e/ou Carteira de trabalho da Previdência Social
Exigências cumulativas para o recebimento deste tipo de benefício:
1. Para o idoso, idade mínima de 65 anos (Art. 38 da Lei 8.742/93 c/c art. 1º Lei 9.720/98);
2. Para o deficiente, parecer do Serviço Social e da Perícia Médica comprovando que a deficiência  incapacita para a vida independente e para o trabalho (Decreto 6.214 de 26/09/2007);
3. Renda mensal da família ser inferior a ¼ (um quarto) do salário-mínimo vigente na data do requerimento (§ 3º do art. 20 da Lei 8.742/93);
4. Não estar recebendo benefício pela Previdência Social ou por outro regime previdenciário (§ 4º do art. 20 da Lei 8.742/93).
Para divisão da renda familiar é considerado o número de pessoas que vivem sob o mesmo teto, assim entendido: cônjuge, o(a) companheiro(a), os pais, os filhos e irmãos não emancipados, de qualquer condição, menores de 21 (vinte e um) anos ou inválidos.
O benefício pode ser pago a mais de um membro da família, desde que comprovadas todas as condições exigidas. Neste caso, o valor do amparo assistencial concedido a outros membros do mesmo grupo familiar passa a fazer parte do cálculo para apuração da renda mensal familiar.
Não é pago 13º salário e o valor é sempre de um salário-mínimo vigente à época do pagamento.
Estatuto do Idoso
No que tange aos direitos dos idosos, com a promulgação da Lei nº 10.741/03, denominado Estatuto do Idoso, os cidadãos com idade acima de 65 anos, denominados idosos, tiveram ainda mais protegidos seus deveres e em especial seus direitos.
Trata-se de lei ordinária, com aspecto de lei complementar à nossa Constituição Federal de 88, já que amplia com exatidão, os reais direitos e deveres dos idosos.
Mencionada legislação, foi promulgada objetivando a efetivação de alguns direitos dos idosos, em diversas searas, tais como, o direito à vida, à liberdade, aos alimentos, habitação, à saúde, educação, cultura, esporte, lazer, transporte, previdência e assistência social, como vimos no item antecedente.
Ocorre, porém, que na específica área em estudo – da Previdencia Social, mencionado assunto àcerca dos idosos, voltará a ser debatido na aula temática específica de aposentadoria por idade.
Sujeitos Protegidos: Segurados e Dependentes; Qualidade de Segurado (manutenção e perda); Carência; Salário de Benefício e Salário de Contribuição – Conceito
Sujeitos Protegidos: Segurados e Dependentes:
Antes de ingressarmos propriamente no tema quanto aos segurados e dependentes, focaremos no conceito de beneficiário do sistema previdenciário.
Os beneficiários da Previdência Social é toda pessoa protegida pelo sistema previdenciário brasileiro, seja na condição de segurado ou de dependente do segura. São os denominados SUJEITOS ATIVOS das prestações previdenciárias.
Os segurados são pessoas que mantém vínculo com a Previdência Social, seja na forma direta (segurados) e na forma indireta (dependentes), sendo que para ambos, desse vínculo serão gerados direitos e deveres.
Os direitos representam-se pelas prestações previdenciárias que devem ser concedidas aos beneficiários (benefícios ou serviços), sempre que constatada efetivamente a ocorrência do risco ou da contingência protegida pela legislação.
Já os direitos são representados pela obrigação mensal do pagamento das contribuições (para em contrapartida, obter o direito aos benefícios e serviços da Previdência Social).
O artigo 10 da lei 8.213/91 78 denomina como beneficiários as pessoas físicas que podem vir a fazer jus a algumas das prestações elencadas na lei de benefícios. Os beneficiários são classificados por esse mesmo artigo em segurados ou dependentes.
Devemos, pois, traçar distinção entre segurados e dependentes. O segurado tem vínculo com o sistema previdenciário e por esse motivo faz jus

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