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Eletricidade Básica Me. Igor Rossi Fermo Me. Luiz Carlos Campana Sperandio Esp. Leonardo Tocio Mantovani Seki C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; SPERANDIO, Luiz Carlos Campana; FERMO, Igor Rossi; SEKI, Leonardo Tocio Mantovani. Eletricidade Básica. Luiz Carlos Campana Sperandio; Igor Ros- si Fermo; Leonardo Tocio Mantovani Seki. Maringá-PR.: Unicesumar, 2019. 208 p. “Graduação - Híbridos”. 1. Eletricidade 2. Básica. ISBN 978-65-5615-154-0 CDD - 22 ed. 6.213.192 CIP - NBR 12899 - AACR/2 NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação CEP 87050-900 - Maringá - Paraná unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Impresso por: Coordenador de Conteúdo Fabio Augusto Gentilin Designer Educacional Tacia Rocha. Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira, Erica Fernanda Ortega e Silvia Carolina Gonçalves. Editoração Isabela Mezzaroba Belido. Ilustração Bruno Pardinho e Welington Vainer. Realidade Aumentada Matheus Alexander Guanda- lini, Maicon Douglas Curriel e Cesar Henrique Seidel . DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de Permanência Leonardo Spaine; Diretoria de Design Educacional Débora Leite; Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho; Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros; Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima; Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey; Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas; Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo; Projeto Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Cripaldi; Fotos Shutterstock. PALAVRA DO REITOR Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha- mos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualida- de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- -nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo- cional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revi- samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as ne- cessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! BOAS-VINDAS Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co- munidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu- nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ- mico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comu- nicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace- leraram a informação e a produção do conheci- mento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, prio- rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a so- ciedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe- lecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa- nhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educa- cional, complementando sua formação profis- sional, desenvolvendo competências e habilida- des, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu- deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza- gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren- dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili- dade e segurança sua trajetória acadêmica. APRESENTAÇÃO Olá, caro(a) estudante! Seja bem-vindo(a) à disciplina Eletricidade Básica. Aqui, estudaremos diversos conceitos e conteúdos a respeito da Eletricidade de forma direta e simplificada. Vamos estudar desde os conceitos físicos mais básicos, passando por técnicas de análise de circuitos elétricos, sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, até o entendimento do básico em instalações elétricas residenciais e acionamentos elétricos indus- triais. Nosso objetivo nesta disciplina é entender um pouco sobre a energia elétricae suas aplicações, servindo como um ponto de partida neste estudo. Dando início aos estudos, na Unidade 1, aprenderemos o que é carga elétrica, tensão elétrica, corrente elétrica e potência elétrica, que são conceitos físi- cos essenciais para tudo que virá a seguir no livro. Também veremos como mensurar o consumo de energia elétrica, baseado nos conceitos estudados. Na Unidade 2, iniciaremos o aprendizado sobre as leis de Ohm, as quais abor- dam o comportamento da resistência elétrica e as propriedades dos materiais quando submetidos a tensões e correntes elétricas. Em seguida, partiremos para as leis de Kirchhoff, que são a base para a análise de circuitos elétricos, das quais derivam-se outras técnicas de análise de circuitos. Aprenderemos também sobre a topologia de circuitos e finalizaremos a unidade com o aprendizado sobre circuitos em série e paralelo e associação de resistores. Chegamos à Unidade 3, em que aprenderemos duas técnicas poderosas para a análise de circuitos: análise nodal e análise de malhas. Estas analises são baseadas em uma aplicação sistemática das leis de Kirchhoff (ora LKC, ora LKT). Na Unidade 4, aprenderemos a aplicar teoremas que simplificam a análi- se de circuitos complexos, que são os teoremas de Thévenin e de Norton. Estes teoremas são aplicados somente em circuitos lineares, logo, iniciare- mos apresentando os conceitos de linearidade, superposição, método para a transformação de fontes, aplicação dos teoremas citados e como encontrar a máxima transferência de potência. Na Unidade 5, iniciaremos uma jornada sobre os circuitos de corrente e tensão alternada, que é a forma utilizada em nossas casas, indústrias e demais setores de nossa sociedade. Aprenderemos, inicialmente, sobre senoides, fasores e domínio da frequência, então estudaremos o comportamento dos principais elementos de circuito quando submetidos à tensão e corrente alternadas. Iremos aprender também sobre o comportamento da potência em circuitos de tensão alternada e sobre fator de potência, que é de extrema importância para o uso da energia elétrica com uma melhor eficiência. Chegando à Unidade 6, veremos de forma mais conceitual e informativa como é realizada a geração de energia elétrica e os princípios utilizados para tal em diversos tipos de usinas geradoras de energia. Dando continuidade ao fluxo da energia, entenderemos como ocorre a transmissão de energia das usinas até os centros consumidores e, por fim, como é feita a distribuição da energia a cada unidade consumidora. Na Unidade 7, aprenderemos os princípios de funcionamento de máquinas elétricas (rotativas e transformadores) e os dispositivos utilizados para o acionamento e proteção destas máquinas e das instalações, compreendendo que muitos deles são obrigatórios em dadas situações por norma. A Unidade 8 apresentará os princípios de instalações elétricas e como elabo- rar um projeto elétrico básico de uma residência de acordo com as normas vigentes. Aprenderemos a realizar o levantamento de cargas, dividir a instala- ção em circuitos, dimensionar condutores elétricos, quadro de distribuição e demais componentes, tudo de acordo com a norma NBR 5410. Para finalizar a unidade, apresentaremos uma rotina de experimentos a ser realizada na bancada de instalações elétrica, em que são contemplados experimentos de ligações comuns de uma instalação elétrica residencial. Chegando ao final de nossa jornada, na Unidade 9, estudaremos sobre os princípios de acionamentos elétricos industriais, em que serão apresentados métodos de partida de motores elétricos trifásicos, máquinas presentes em qualquer indústria. Veremos desde os conceitos de cada método de partida, o que difere um do outro, suas aplicações, vantagens e desvantagens e o diagrama de instalação de cada método apresentado. Temos certeza que você gostará do que verá nas próximas páginas e, ao fim da disciplina, irá se aprofundar ainda mais nesse estudo da Eletricidade. Sem mais delongas, vamos ao trabalho! CURRÍCULO DOS PROFESSORES Prof. Me. Igor Rossi Fermo Possui Mestrado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá, sobre desenvolvimento de um equipamento de solda automatizado para termopares e fabricação de sensores e Graduação em Engenharia Elétrica também pela Universidade Estadual de Maringá; atualmente, cursa doutorado em Engenharia Química na Universidade Estadual de Maringá sobre processamento digital de imagens. É autor de artigos científicos e desenvolve pesquisas na área de algoritmos para processamento de imagens, processamento digital de imagens, modelos matemáticos e desenvolvimento de sensores. Link para o currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8139023564331967 Eng. Esp. Leonardo Tocio Mantovani Seki Possui especialização em Engenharia Elétrica: Sistemas Elétricos de Potência pela Escola Superior de Planejamento e Gestão (ESPC). Estudou Engenharia Elétrica na Universidade Es- tadual de Maringá (UEM) e é projetista de instalações elétricas prediais, projetos de geração de energia elétrica. Já atuou com manutenção industrial. Link para o currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2189859623420159 Prof. Me. Luiz Carlos Campana Sperandio Possui Mestrado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá (2018) e Graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Maringá (2015). Também possui graduação em Tecnologia em Automação Industrial pela Unicesumar (2009). Atuou como Professor no SENAI CTM (2016). Tem experiência na área de Engenharia Elétrica, atuando, principalmente, nos seguintes temas: Controle e Automação, Sistemas Embarcados, Eletrô- nica, Instrumentação, Manutenção Industrial. Atualmente é Professor Mediador dos cursos híbridos de Engenharia na Unicesumar. Link para o currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9455495489332770 A Física da Eletricidade 13 Leis Fundamentais 35 Análise de Circuitos 59 Teoremas de Circuitos Elétricos Princípios da Corrente Alternada (CA) 79 97 Geração e Distribuição de Energia Elétrica 117 Dispositivos e Máquinas Elétricas Princípios de Instalações Elétricas 161 Princípios de Acionamentos Elétricos Industriais 189 135 52 Comportamento de tensão e corrente em circuitos série e paralelo 121 Como funciona uma usina hidrelétrica. 154 Atuação de um disjuntor Utilize o aplicativo Unicesumar Experience para visualizar a Realidade Aumentada. PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Me. Igor Rossi Fermo Esp. Leonardo Tocio Mantovani Seki Me. Luiz Carlos Campana Sperandio • Definir o que são cargas elétricas. • Entender o que é tensão elétrica ou diferença de potencial. • Conceituar o que é corrente elétrica a partir da definição de carga elétrica. • Definir potência e energia e a relação entre ambas, a fim de entender o consumo de energia elétrica. Carga Elétrica Tensão Elétrica Potência e Energia Corrente Elétrica A Física da Eletricidade Carga Elétrica Ao estudar a eletricidade de um modo geral, será comum você se deparar com o termo Eletromag- netismo. Esse é o campo da Física que explica a relação existente entre os fenômenos elétricos e magnéticos. Esses fenômenos, segundo registros históricos, começaram a ser estudados na Grécia antiga, ao constatarem que um pedaço de âmbar, ao ser friccionado, conseguia atrair pequenos ma- teriais, como pedaços de palha. Também cons- tataram que uma determinada pedra era capaz de atrair pequenos pedaços de ferro. A Figura 1 ilustra como você pode, de forma bastante sim- ples, realizar um experimento similar ao que os gregos fizeram. 15UNIDADE 1 Figura 1 - Exemplo de atração eletrostática Conforme a Figura 1 aponta, após pentear os cabelos, no quadro 1, você pode atrair pequenos pedaços de papel com o pente, como ilustra o quadro 2. Aliás, hoje já sabemos que a atração entre o âmbar e a palha é resultado de uma força elétrica, enquanto a atração entre a pedra e o ferro é resultado de uma força magnética. Grandes cientistascontribuíram no desenvolvimento das teorias do Eletromagnetismo tal como conhecemos hoje, em especial Hans Christian Oersted, Michael Faraday e James Clerk Maxwell. Para iniciar nossos estudos, vamos, então, a alguns questionamentos. Você sabe o que é a Eletrici- dade? Sabe como cargas elétricas se comportam e interagem com os corpos? Vamos imaginar a seguinte situação: é sexta-feira, você acorda extremamente animado, afinal o fim de semana está batendo à sua porta! Como de costume, você toma o seu café da manhã e se prepara para ir ao trabalho. Está um pouco frio e há um bom tempo não chove significativamente. Então, você decide vestir um belo casaco de lã. Tudo pronto, você pega a sua mochila e sai. Ao tocar na maçaneta do carro, uma surpresa: você leva um pequeno choque, até mesmo conseguiu ver e ouvir a descarga elétrica. Quando chega no serviço e vai cumprimentar um dos colegas, novamente sente um choque. O ambiente está mais quente e você resolve tirar a blusa. Ao fazer isso, você sente que ela está “colada” ao seu corpo, e novamente vê o desprendimento de pequenas fagulhas e até ouve pequenos estalos. Aposto que você já levou um desses pequenos choques, não é mesmo? E por que isso acontece? Está relacionado com alguma das informações descritas ou trata-se apenas de coincidência? 16 A Física da Eletricidade Se houve choque elétrico, então tem eletricida- de envolvida nessa situação, resta entendermos de que forma. Para haver uma descarga elétrica entre dois corpos, é necessário que estejam ele- trizados, isto é, carregados eletricamente. O que define se um corpo está eletrizado é a diferença entre a quantidade das cargas elétricas positivas e das cargas negativas. Em um dia úmido, as cargas em excesso em nossos corpos acabam se dissipando pelo próprio ar, pois a umidade o torna condutor. Entretanto, quando a umidade relativa do ar está baixa, as car- gas elétricas tendem a não ser eliminadas dos cor- pos, acumulando cada vez mais, até que haja algum contato entre dois corpos para que ocorra uma descarga elétrica e os neutralize eletricamente. Certo, entendemos que esse choque é uma des- carga elétrica. Contudo, de onde vem essas cargas elétricas? Como os corpos ganham ou perdem cargas elétricas? A carga elétrica é uma propriedade intrínseca das partículas que compõem a matéria. Assim, todos os corpos apresentam cargas elétricas. En- tretanto, geralmente os corpos são eletricamente neutros, o que significa que possuem a mesma quantidade de cargas positivas e cargas negativas. Quando há um desequilíbrio entre a quantidade dessas cargas, então o corpo está eletricamente car- regado (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2009). Exceto nos casos de soluções iônicas (em que temos íons positivos e íons negativos), as cargas elétricas positivas são os prótons e as cargas elé- tricas negativas são os elétrons. Como os prótons constituem o núcleo do átomo e os elétrons orbitam ao redor do núcleo de forma mais livre, conforme podemos ver na Figura 3, em um processo de eletri- zação ou de descarga elétrica ocorre a transferência apenas de elétrons. Assim, um corpo com carga elé- trica positiva perdeu elétrons, enquanto um corpo com carga negativa ganhou elétrons. 17UNIDADE 1 Figura 3 - Estrutura atômica, evidenciando os prótons e elétrons Vamos, agora, discutir essas propriedades e parâmetros de uma forma conceitual, fazendo uso da Matemática para nos auxiliar na explicação da Física da Eletricidade. A carga elétrica (denotada por q ) é uma propriedade elétrica de partículas elementares que compõem os átomos, sendo elas os pró- tons (positivos) e elétrons (negativos). A unidade de medida da carga elétrica é o coulomb (C). A carga elétrica de um elétron, representada por e , é igual a � � �1 602 10 19, C . O próton apresenta carga de mesma magnitude, porém positiva (ALEXANDER; SADIKU, 2013). Repare quão pequena é a carga elétrica de um elétron, sendo da ordem de 10 19� . Isso significa que em 1 C de carga contém 6 24 10 18 , � elétrons! Como você pôde notar, cargas elétricas não estão apenas nos corpos eletrizados, mas sim em todos os corpos e matérias. Os corpos neutros apresentam um equilíbrio entre cargas positivas e negativas, enquanto os corpos eletrizados apresentam um desequilíbrio (mais cargas positi- vas ou mais cargas negativas). A seguir, estudaremos o que proporciona o deslocamento e transferência de cargas elétricas: a tensão elétrica. 18 A Física da Eletricidade Agora que já sabemos o que são as cargas elétricas, vamos começar a estudar a dinâmica delas para entendermos o que é a energia elétrica, que prova- velmente é a forma de energia mais útil em nossa sociedade contemporânea. Para isso, vamos tomar como exemplo um átomo de cobre que, em sua úl- tima camada de distribuição eletrônica, apresenta apenas um elétron. Se esse elétron se desprender desse átomo, teremos então duas partículas distin- tas: um íon positivo (carga positiva) e um elétron livre (carga negativa) (BOYLESTAD, 2012). Como já vimos, a carga elétrica de um elétron é muito pequena, então vamos considerar que hou- ve esse desprendimento de elétrons de 6 24 1018, ⋅ átomos de cobre, resultando, assim, em uma carga de 1 C e em uma carga de −1 C . Se gastarmos energia e separarmos essas duas cargas, criamos uma região positiva e uma negativa, com dife- rentes níveis de energia potencial elétrica, já que teve consumo de energia para separá-las. A essa diferença de potencial, damos o nome de tensão elétrica. Tensão Elétrica 19UNIDADE 1 A Figura 4 ilustra essa relação entre carga elétrica, energia e tensão elétrica. Note que, se a distância a ser percorrida pela carga aumenta, há maior consumo de energia, o que significa que há maior tensão elétrica entre a região positiva e a região negativa. Note também que, se a concentração na região po- sitiva e negativa são maiores, é necessário maior consumo de energia para o deslocamento da carga elétrica, o que também significa que há maior tensão elétrica entre as duas regiões. Figura 4 - Representação da tensão elétrica entre duas regiões Fonte: adaptada de Boylestad (2012). Dada a definição de tensão elétrica, podemos agora expressá-la matematicamente como: V W q = em que V é a tensão elétrica, dada em volts (V); W é a energia, dada em joules (J); e q é carga elétrica, dada em coulombs (C). Veja, a seguir, dois exemplos da aplicação dessa expressão. Tensão elétrica (ou diferença de potencial) é a energia consumida, em joules (J), ao deslocar uma carga elétrica de 1 C. A unidade de medida da tensão elétrica é o volt (V). 20 A Física da Eletricidade Calcule a tensão elétrica entre dois pontos, visto que são necessários 100 J de energia para mover, entre esses dois pontos, uma carga elétrica de 20 C. Solução V W q = = = 100 20 5 V Determine a energia gasta ao mover uma carga de 40 µC entre dois pontos com diferença de potencial de 5 V. Solução W q V� � � � � � � �� �40 10 5 200 10 2006 6 J J� Como vimos, a tensão elétrica está relacionada com a separação das cargas elétricas. Existem diversas maneiras de se produzir uma tensão elétrica, uma delas é por meio de reação química, na qual há a separação dos íons positivos e negativos em uma solução – esse é o mecanismo de funcionamento das pilhas e baterias. Outras fontes de tensão fazem uso de sistemas mecânicos, como é o caso dos geradores em usinas de geração de energia, em sistemas eólicos e, até mesmo, em veículos. Mais adiante, estudaremos melhor sobre geração de energia elétrica. 01 EXEMPLO 02 EXEMPLO 21UNIDADE 1 Caro(a) estudante, agora que você já sabe que a tensão elétrica está relacionada à energia para deslocamento das cargas elétricas, vamos, então, estudar sobre esse deslocamento de cargas. Se você pudesse ver os elétrons em um fio de cobre, o que veria é um movimento aleatório, em que uns elétrons vão para um lado, outros vão para outro lado. No entanto, ao conectar uma ex- tremidade dessefio ao polo negativo de uma bate- ria (fonte de tensão elétrica) e a outra extremidade ao polo positivo, conforme mostra a Figura 5, os elétrons passarão a se deslocar de forma ordenada, no sentido do polo negativo para o polo positivo. A esse movimento ordenado de cargas elétricas, damos o nome de corrente elétrica. Corrente Elétrica 22 A Física da Eletricidade Dada a definição de corrente elétrica, podemos agora expressá-la matematicamente como: i q t = em que i é a corrente elétrica, dada em ampères (A); q é carga elétrica, dada em coulombs (C); e t é o tempo, dado em segundos (s). Figura 5 - Movimento dos elétrons ao conectar um fio de cobre a uma bateria Fonte: adaptada de Boylestad (2012). Corrente elétrica é a quantidade de carga elétri- ca, em coulombs (C), que atravessa uma área em um intervalo de tempo de 1 segundo. A unidade de medida da corrente elétrica é o ampère (A). Quando os estudos e aplicações da energia elétrica se iniciaram, acreditava-se que em um condutor ocorria o deslocamento de cargas elétricas positivas, resultando, assim, em uma corrente elétrica que flui do maior potencial (polo positivo) para o menor potencial (polo negativo). Anos mais tarde, desco- briu-se, então, que ocorre o fluxo de elétrons e que estes possuem carga negativa. Entretanto, a essa altura muita coisa já estava desenvolvida e os cientistas adaptados a trabalhar com a ideia de fluxo de cargas positivas. Diante disso, ficou convencionado que continuariam a trabalhar com a corrente de cargas positivas. Assim, há duas classificações: Corrente real: fluxo de cargas negativas que ocorre do menor potencial para o maior potencial. Corrente convencional: fluxo de cargas positivas que ocorre do maior potencial para o menor potencial. Daqui em diante, sempre que falarmos de corrente elétrica, estamos nos referindo à corrente convencional. 23UNIDADE 1 Vamos, agora, a dois exemplos para fixar e ficar mais clara a aplicação dessa ex- pressão da corrente elétrica. Em um certo circuito elétrico, a quantidade de carga que atravessa a seção transversal do fio condutor em um intervalo de 50 ms é de 0,2 C. Determine a corrente elétrica que passa por esse fio. Solução i q t � � � � � � �� � � 0 2 50 10 200 10 50 10 4 3 3 3 , A Determine o tempo necessário para que 8 1016⋅ elétrons atravessem uma certa área, considerando que a corrente elétrica é de 2 mA. Solução q n e� � � � � � � �� �8 10 1 602 10 12 816 1016 19 3, , C t q i � � � � � � � 12 816 10 2 10 6 408 3 3 , , s 03 EXEMPLO 04 EXEMPLO Se você já passou pela experiência de levar um choque elétrico ao conectar ou desconectar um aparelho a uma tomada, então sabe que a eletricidade acarreta alguns efeitos fisiológicos. O que você ainda pode não saber é que mesmo correntes relativamente baixas podem ser muito perigosas. Estudos revelam que correntes elétricas de 50 mA são suficientes para provocar graves choques, e correntes acima de 100 mA já podem ser fatais. Quando está seca, a pele do corpo humano apresenta boa resistência à passagem de corrente; entretanto, quando está molhada ou há um ferimento, essa resistência diminui drasticamente. É por isso que devemos ter muito cuidado ao mexer com eletricidade em áreas úmidas. Conforme apresentado, podemos então concluir que a corrente elétrica é o des- locamento ordenado de cargas elétricas (normalmente elétrons) ocasionado pela diferença de potencial (tensão elétrica) entre dois pontos. Já que temos envolvidos, nesse processo, potencial elétrico e deslocamento, podemos então analisar potência e energia. É o que faremos na sequência. 24 A Física da Eletricidade Quando vamos a uma loja para comprar um ele- trodoméstico novo, por exemplo um aparelho de som, ou uma ferramenta elétrica, por exemplo uma furadeira, é comum querermos duas infor- mações: tensão elétrica, para saber se é compa- tível com a tensão em nossa casa, e a potência do equipamento, para saber se ele dá conta do trabalho ou se consome muita energia. Tensão e corrente nós já estudamos. Então, vamos agora definir potência e energia. Potência e Energia Potência é a velocidade com que um traba- lho (conversão de energia) é realizado. Trata- -se então da quantidade de energia converti- da em um intervalo de tempo de 1 segundo. A unidade de potência elétrica é o watt (W). 25UNIDADE 1 Assim, podemos dizer que um grande equipamento elétrico tem mais potência que um pequeno porque converte uma quantidade maior de energia elétrica em outra forma de energia (mecânica, térmica etc.) no mesmo intervalo de tempo. Dada essa definição de potência, podemos agora expres- sá-la matematicamente como: P W t = em que P é a potência, dada em watts (W); W é a energia, dada em joules (J); e t é o tempo, dado em segundos (s). Note que essa expressão da potência apresenta termos em comum com as expressões de tensão e corrente elétrica. Será, então, que podemos expressar a potência elétrica em função da tensão e da corrente? Vamos ao trabalho: V W q W V q� � � � i q t q i t� � � � P W t V q t V i t t P V i� � � � � � � � � Essa expressão de que potência é igual à tensão multiplicada pela corrente é extremamente importante e útil para nós. Normalmente, nos equipamentos elétricos, por exemplo, o motor elétrico da Figura 6, encontramos as informações de tensão elétrica e potência, mas ao projetarmos uma instalação elétri- ca, por exemplo, precisamos da corrente elétrica para dimensionarmos cabos, disjuntores e tomadas. Figura 6 - Conversão de energia em motor elétrico Fonte: adaptada de Boylestad (2012). 26 A Física da Eletricidade Você deve ter percebido que utilizamos o conceito de energia para definir a potência. Ocorre que po- tência e energia diferem entre si apenas no tempo. Para que se converta uma certa quantidade de energia, é necessária a aplicação de uma potência ao longo de um certo período de tempo. energia de um equipamento elétrico na escala de segundos não é algo muito prático, visto que nor- malmente os equipamentos permanecem ligados no decorrer de horas. Assim, foi definida uma nova unidade para expressar a energia elétrica consumida: o kilowatt-hora (kWh). A expressão matemática para energia elétrica consumida, em kilowatt-hora, fica: W P t (kWh) (W) (h)� � 1000 Como você pode perceber, essa forma de expres- sar o consumo de energia elétrica é muito mais prática, pois basta multiplicar a potência do equi- pamento elétrico pela quantidade de horas que ele fica ligado e dividir por 1000. É dessa forma que as concessionárias de energia elétrica medem o consumo de seus clientes, utilizando, para isso, o medidor de kilowatts-horas, como o apresentado na Figura 7. Figura 7 - Medidor de consumo de energia elétrica Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. Energia é a quantização do trabalho realizado. A unidade de energia é o joule (J). Partindo destas definições, podemos então ex- pressar matematicamente a energia como: W P t� � em que W é a energia, dada em joules (J); P é a potência, dada em watts (W); e t é o tempo, dado em segundos (s). Note que medir a energia em joules implica em considerar o segundo como unidade de tem- po. Para efeitos práticos, analisar o consumo de 27UNIDADE 1 Uma bateria fornece uma corrente elétrica de 1 A a uma lâmpada, que permanece acesa por 20 segundos. Sabendo-se que, nesse processo, foi consumido 2,5 kJ de energia, determine a tensão elétrica aplicada na lâmpada. Solução q i t� � � � �1 20 20 C V W q � � � � 2 5 10 20 125 3 , V Calcule a quantidade de energia consumida durante 1 mês, em kWh, por uma lâm- pada de 60 W de potência que fica acesa durante 8 horas por dia. Solução t (h) (h/dia) (dias) h� � �8 30 240 W P t (kWh) (W) (t) kWh� � � � � 1000 60 240 1000 14 4, Você pôde perceber até aqui que na eletricidade tudo está interligado, e um conceito leva a outro. Aprendeuo que é carga elétrica, compreendeu que a tensão elétrica é a diferença de potencial entre os pontos de deslocamento da carga elétrica e que esse deslocamento ordenado de cargas é a corrente elétrica. Viu que potência e energia têm uma relação intrínseca e que podemos calculá-las utilizando valores de tensão e corrente. Os conceitos e definições de tensão, corrente, potência e energia que discutimos aqui são básicos no estudo da Eletricidade e nos acompanharão em todas as unidades seguintes. 05 EXEMPLO 06 EXEMPLO 28 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. Calcule a quantidade de elétrons deslocados entre dois pontos, sabendo que a diferença de potencial é de 40 mV e que foi consumido 200 µJ de energia. a) 1 521 1016, ⋅ . b) 3 121 1016, ⋅ . c) 5 621 1016, ⋅ . d) 1 121 1019, ⋅ . e) 8 721 1013, ⋅ . 2. Se 500 C de carga percorrem um fio em 3 minutos, qual é a corrente elétrica, em ampères? a) 1,502 A. b) 4,528 A. c) 2,778 A. d) 10,421 A. e) 5,687 A. 3. A diferença de potencial entre dois pontos de um circuito elétrico é de 12 V. Se 0,2 J de energia são dissipados em um período de 10 ms, qual é a corrente elétrica que passa por esses dois pontos? a) 1,6667 A. b) 4,5021 A. c) 9,3847 A. d) 6,8941 A. e) 2,7456 A. 29 4. A potência dissipada por um componente é de 80 W. Quanto tempo será ne- cessário para que sejam dissipados 1280 J de energia? a) 2 s. b) 5 s. c) 10 s. d) 14 s. e) 16 s. 5. Por quanto tempo você pode usar um videogame com R$ 2,00, sabendo que a potência do aparelho é de 150 W e que o custo de 1 kWh de eletricidade é de R$ 0,50? a) 5,234 h. b) 10,845 h. c) 40,391 h. d) 26,667 h. e) 15,254 h. 30 Introdução à Análise de Circuitos Autor: Robert L. Boylestad Editora: Pearson Sinopse: esse livro traz exemplos e problemas inéditos que, junto com uma abor- dagem teórica altamente didática, enriquecem a obra com aplicações práticas em MultiSim® e PSpice®. Além disso, mostrando total sintonia com as novidades da área, o livro apresenta tópicos recentes, como memristores, touchpads de computadores, iluminação fluorescente versus incandescente, medidores de carga, baterias de íon-lítio e células de combustível. Tudo isso deixa claro porque Introdução à análise de circuitos é referência na área e, portanto, imprescindível para estudantes de engenharia e tecnologia, bem como de profissionais que atuam nesses setores. Comentários: sem dúvidas, este livro é uma grande referência no estudo da eletricidade e dos circuitos elétricos. Possui uma abordagem muito didática que facilita o entendimento, trazendo diversos exemplos resolvidos e exercícios propostos. LIVRO 31 ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012. HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física – Volume 3: Eletromagne- tismo. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. 32 1. B. V � � � �40 40 10 3 mV V W � � � �200 200 10 6 J J� V W q q W V � � � � � � � � � � �200 10 40 10 5 10 6 3 3 C q n e n q e � � � � � � � � � � � 5 10 1 602 10 3 121 10 3 19 16 , , elétrons 2. C. q = 500 C t = =3 180 min s i q t = = = 500 180 2 778, A 3. A. V =12 V W = 0 2, J t � � �10 10 3 s V W q q W V � � � � � � � 0 2 12 16 667 10 3, , C i q t � � � � � � � 16 667 10 10 10 1 6667 3 3 , , A 33 4. E. P = 80 W W =1280 J P W t t W P � � � � � 1280 80 16 s 5. D. P =150 W W = =R$ R$ kWh 2 00 0 50 4 , , W P t t W P (kWh) (W) (h) (h) (kWh) (W) � � � � � � � � 1000 1000 1000 4 150 226 667, h 34 A Física da Eletricidade Leis Fundamentais Análise de Circuitos Teoremas de circuitos elétricos Princípios CA Geração e Distribuição de Energia Elétrica Dispositivos e Máquinas Elétricas Princípios de Instalações Elétricas Princípios de Acionamentos Elétricos Industriais Comportamento de tensão e corrente em circuitos série e paralelo Como funciona uma usina hidrelétrica. Atuação de um disjuntor Button 2:
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