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Artigo A ISONOMIA NAS LICITAÇÕES E O PROBLEMA DA CORRUPÇÃO COMO SEU CARRASCO

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Prévia do material em texto

Salvador 
2014 
 
 
 
 
FACULDADES INTEGRADAS IPITANGA – UNIBAHIA 
FUNDAÇÃO CÉSAR MONTES – FUNDACEM 
GESTÃO, CONTROLADORIA, AUDITORIA DE CONTAS PÚBLICAS MUNICIPAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FERNANDO DE ALMEIDA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO: 
ARTIGO – A ISONOMIA NAS LICITAÇÕES E O PROBLEMA DA 
CORRUPÇÃO COMO SEU CARRASCO 
 
Salvador 
2014 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO: 
ARTIGO – A ISONOMIA NAS LICITAÇÕES E O PROBLEMA DA 
CORRUPÇÃO COMO SEU CARRASCO 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
Faculdades Integradas Ipitanga – UNIBAHIA, Fundação 
César Montes – FUNDACEM, como requisito para a 
obtenção do título de Pós-Graduado em Gestão, 
Controladoria, Auditoria de Contas Públicas Municipais. 
 
FERNANDO DE ALMEIDA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A minha linda esposa Solange, companheira e 
mãe dos nossos lindos filhos, Isac e Sara, 
presentes que Deus nos deu. 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Aos meus pais, Antonio e Diomar, que me ensinaram, com amor, no 
caminho em que devo andar; meus irmãos Fábio, Fabiana e Fagner, com quem 
sempre aprendo como Deus nos faz diferentes, mas iguais; meus irmãos em Cristo, 
que me ensinam que o essencial na vida está muito além da nossa pequena visão; 
professores, pela sua dedicação e clareza nas orientações passadas desde o início 
do curso, nos orientando de forma satisfatória e amiga; meus colegas servidores 
públicos, amigos e companheiros no dia a dia de trabalho; meus filhos Isac e Sara, 
pela alegria e amor incondicionais demonstrados sempre; minha esposa Solange, 
pelo amor e entrega demonstrados diariamente no cuidado dedicado a mim e a 
nossos lindos filhos, com quem desejo viver e amar até o último dia de minha vida; 
meu Senhor e Salvador, Jesus, por ter provado seu amor por mim quando morreu na 
cruz e me redimiu de meus pecados, me dando a vida eterna e uma morada no céu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Bendito o homem que confia no SENHOR, e 
cuja confiança é o SENHOR. Porque ele é 
como a árvore plantada junto às águas, que 
estende as suas raízes para o ribeiro e não 
receia quando vem o calor, mas a sua folha fica 
verde; e, no ano de sequidão, não se perturba, 
nem deixa de dar fruto.” 
Jeremias 17:7-8 
 
 
 
 
 
SILVA, Fernando de Almeida. Trabalho de Conclusão de Curso: Artigo – A 
Isonomia nas Licitações e o Problema da Corrupção como seu Carrasco. 2014. 26 
folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Pós-Graduação em Gestão, Controladoria, 
Auditoria em Contas Públicas Municipais) – Faculdades Integradas Ipitanga – 
UNIBAHIA, Fundação César Montes – FUNDACEM, Salvador - BA, 2014. 
 
 
 
RESUMO 
Este trabalho foi desenvolvido de forma a evidenciar a prática na gestão, 
controladoria e auditoria de contas públicas municipais diante de princípios 
essências à Administração e é divido em três partes. Na primeira, é esclarecido, à 
luz da legislação em vigor, os conceitos de isonomia, licitação e os princípios da 
Administração pública; na segunda, tratou-se especificamente da isonomia nas 
licitações e as formas de garantir seu atendimento; por fim, na terceira parte buscou-
se entender como a corrupção age na gestão pública e as consequências que ela 
traz ao contaminar os agentes públicos e terceiros que com a Administração púbica 
tratam. No entendimento de que qualquer consideração sobre esse tema será 
comum aceitação, buscou-se definir de forma clara o processo que envolve as 
licitações públicas, sem esgotar, logicamente, a questão por entender que esta é de 
longa explanação. 
 
 
 
 
Palavras-chave: Licitação, Isonomia, Princípios, Corrupção. 
 
 
SILVA, Fernando de Almeida. Completion of course work: Article - Isonomy the 
Tenders and the Problem of Corruption as your Carrasco. 2014. 26 leaves. Working 
End of Course (Postgraduate Diploma in Management, Accounting, Auditing 
Municipal Public Accounts) - Integrated Colleges Ipitanga - UNIBAHIA, César Montes 
Foundation - FUNDACEM, Salvador - BA, 2014. 
 
 
 
ABSTRACT 
This work was developed in order to highlight the practice in managing, controlling 
and auditing of municipal accounts before the essences Management principles and 
is divided into three parts. At first it is clarified in the light of current legislation, the 
concepts of equality, bidding and principles of public administration; in the second, 
this was specifically the equality in procurement and ways to ensure their care; 
Finally, in part three we sought to understand how corruption works in public 
management and the consequences it brings to contaminate public agents and third 
parties who deal with pubic administration. The understanding that any consideration 
of this issue will be widespread acceptance, we sought to clearly define the process 
that involves public bidding, without exhausting, logically, the question for 
understanding that this is a long explanation.. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Key-words: Bidding Isonomy, Principles, Corruption. 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 8 
2 DESENVOLVIMENTO ......................................................................................... 9 
2.1 As Licitações e os Princípios Constitucionais ................................................... 9 
2.1.1 Conceito de Isonomia ................................................................................... 9 
2.1.2 Conceito de Licitação .................................................................................. 10 
2.1.3 Princípios da Licitação ................................................................................ 11 
2.2 A Isonomia como Meta da Licitação ............................................................... 15 
2.2.1 A Isonomia na Publicidade das Licitações .................................................. 16 
2.2.2 A Isonomia nas Compras/Contratações Diretas ......................................... 19 
2.3 O Princípio da Isonomia e o Problema da Corrupção .................................... 20 
2.3.1 A Corrupção nas Licitações ........................................................................ 21 
2.3.2 Os Crimes da Corrupção nas Licitações ..................................................... 22 
3 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................ 24 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 25 
 8 
1 INTRODUÇÃO 
“A corrupção está no DNA das pessoas”. Com esta frase Deputada 
Estadual Cidinha Campos demostrou sua indignação com a corrupção que 
alcançava até mesmo o ‘leite’ das criancinhas, referindo-se aos desvios de recursos 
da merenda escolar. 
Sabe-se que a Gestão pública é tão complexa como a gestão 
privada. No entanto, a legislação busca garantir que ela seja mais eficaz, para isso, 
oferecendo um norte, uma direção certa que resultará em um resultado o melhor 
possível. 
É o caso dos Princípios Constitucionais, que direcionam para a 
execução de despesas realizadas pelos órgãos públicos o mais legal possível. De 
forma especial, o Princípio da Isonomia, que garante a igualdade entre todos como 
determina a Constituição Federal, na forma de outros princípios da Administração 
pública, como os Princípios da Publicidade, Igualdade, Impessoalidade, da 
Moralidade e da Probidade Administrativa, além de outros princípios correlatos que a 
estes se agregam. 
Entretanto, certo é afirmar que garantir esses princípios é difícil 
diante das ações corruptas de muitos responsáveis pela gestão de recursos 
públicos,seja ela direta ou indiretamente. 
Quão grandes resultados são possíveis de alcançar com a aplicação 
objetiva dos Princípios Constitucionais 
 
 
 
 9 
2 DESENVOLVIMENTO 
2.1 AS LICITAÇÕES E OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
2.1.1 Conceito de Isonomia 
A Constituição Brasileira de 1988 traz a isonomia como fundamento para o texto em 
si. Seria considerado sem sentido a fundamentação da relação de direitos e 
garantias sem o princípio da igualdade, contido no caput do artigo 5º, que possui a 
seguinte redação: 
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes 
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade [...]” (Constituição Brasileira, 1988, Art. 
5º) 
 
Este importante princípio constitucional obriga os órgãos de todos os poderes da 
República a garantirem o acesso igual aos benefícios ofertados através de suas 
ações administrativas. 
Assim destaca com veemência José Souto Maior Borges: 
“[...] constitucionalmente a igualdade garante a igualdade. O 
paradoxo é apenas aparente. A igualdade formal garante a igualdade 
material. Se todos são iguais na aplicação da lei, no sentido de que a 
lei indiscriminadamente a todos se aplica, mas se o seu conteúdo 
não abriga isonomia, há violação da igualdade material. Se 
reversamente a lei isonômica a todos não se aplica, nem todos são 
iguais perante a lei: iguais serão apenas os beneficiários da sua 
aplicação, ficando de fora da isonomia os que não o forem. Nessa 
última hipótese, há violação da igualdade formal. Por isso se diz que 
a igualdade garante igualdade. Essas normas somente podem ser 
interpretadas uma em conexão com a outra. Se essa conexidade for 
desconsiderada, abre-se oportunidade à aplicação da igualdade 
apenas formal (igualdade perante a lei), com prejuízo à igualdade 
material (igualdade na lei)” (BORGES, José Souto Maior. Significado 
do princípio da isonomia na Constituição de 1988, Revista da Escola 
Superior da Magistratura do Estado de Pernambuco, nº 3, v. 2: 330-
1) 
 
A lei emprega critérios necessários para distribuir os benefícios e os ônus que a 
pessoa, física ou jurídica, terá no convívio na comunidade, em especial quando está 
envolvido o interesse público que retorna lucro às pessoas privadas, uma vez que os 
interesses particulares possuem legítima pretensão de lucro nos negócios jurídicos 
 10 
que a Administração pública necessita para atender às diversas situações que lhe 
são impostas, afinal, o texto constitucional optou pelo capitalismo, mesmo que a 
Norma Maior conceda ao Estado o perfil de intervencionista, este será limitado em 
sua aplicação, pois o objetivo superior de igualdade deve sempre ser observado. 
2.1.2 Conceito de Licitação 
A palavra Licitação possui vários significados, quase todos ligados à uma ideia de 
oferecer, arrematar, fazer preço sobre a coisa, disputar ou concorrer. 
Segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, licitação é o “¹Ato ou efeito de licitar; 
oferta de lances num leilão ou hasta pública. ²Procedimento pelo qual a 
administração pública seleciona a proposta mais vantajosa, quando compra bens e 
serviços ou faz outras transações” (Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. Novo 
Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986). 
Pode-se aplicar ainda, diante do texto constitucional, art. 37, inciso XXI: 
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, 
serviços, compras e alienações serão contratados mediante 
processo de licitação pública que assegure igualdade de 
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que 
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições 
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as 
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à 
garantia do cumprimento das obrigações. (Constituição da República 
Federativa do Brasil, 1988, Art. 37, XXI, grifo nosso) 
 
Mais à frente nos deparamos com o enunciado do art. 175, que “incumbe ao Poder 
Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, 
sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos” (CRFB/1988, Art. 
175, grifo nosso). 
Sendo assim, observa-se que licitar é um princípio jurídico entendido como norma 
jurídica que estabelece o dever jurídico de conduzir-se necessariamente de forma a 
garantir o direito igualitário na atividade administrativa, sendo, portanto, vedado à 
administração onerar, perseguir, ou favorecer indevidamente uma ou mais pessoas 
privadas em detrimento de outra. 
Nesse interim, Adilson Abreu Dallari afirma que “ainda que não houvesse menção 
expressa à licitação no texto constitucional, é obrigatória a existência de um 
procedimento técnico-jurídico de natureza concorrencial que seja hábil para 
 11 
preservar a isonomia entre os agentes econômicos privados nesses atos jurídicos 
(DALLARI, Adilson Abreu. Aspectos jurídicos da licitação, p. 33, 4 ed. São Paulo: 
Saraiva, 1997). 
Entretanto, licitar também é um processo administrativo pelo qual se seleciona a 
pessoa privada a ser contratada pela Administração pública, o que satisfaz o 
interesse público com o princípio da isonomia. 
O art. 3º da Lei 8.666/93 traz uma definição para licitação de forma mais clara, 
demonstra-se que o objetivo essencial da licitação é “garantir a observância do 
princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a 
Administração”. 
A licitação é, portanto, o instrumento de que dispõe o Poder Público para coligir, 
analisar e avaliar comparativamente as ofertas, com a finalidade de julgá-las e 
decidir qual será a mais favorável. 
2.1.3 Princípios da Licitação 
A Administração pública é regida por princípios básicos que objetivam direcionar 
suas ações de forma a garantir uma melhor gerência dos escassos recursos 
públicos. Tais princípios abrangem de forma literal todas as áreas da administração 
pública direta e indireta como meio de se obter um melhor uso da coisa pública. 
A Constituição Federal, em seu artigo 37, versa o seguinte: 
“A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade e eficiência [...]” (Constituição da 
República Federativa do Brasil, 1988, Art. 37, grifo nosso) 
 
Estes princípios foram ratificados quando da promulgação, em 21 de junho de 1993, 
da Lei nº. 8.666, que instituiu normas para licitações e contratos da Administração 
Pública, definindo ainda, em seu artigo 3º, outros para a administração pública, 
versando o seguinte: 
“Art. 3º. A licitação destina-se a garantir a observância do princípio 
constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais 
vantajosa para a Administração e será processada e julgada em 
estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da 
impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da 
 12 
probidade administrativa, da vinculação ao instrumento 
convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são 
correlatos”. (Lei 8.666/93, Art. 3º, friso nosso) 
Este artigo é o dispositivo mais importante da Lei, pois estabelece o objetivo do 
procedimento licitatório, “selecionar a proposta mais vantajosa”, e reafirma 
parâmetros éticos indispensáveis para se alcançar este objetivo. 
Os parâmetros elencados observam alguns princípios por onde se pode definir que o 
objetivo é garantir um procedimento administrativo que vise selecionar, com base em 
tais parâmetros antecipadamente definidos, a proposta mais vantajosa para a 
Administração no momento de firmar-se os contratos de serviços ou aquisições. 
Os princípios da chamada ‘Lei de Licitações’ destaca a indispensável ética na 
licitação. 
a) Legalidade – Indispensável ao Estado de Direito, o princípio da legalidade pode 
serconsiderado um direcionador para os artigos constitucionais. A Professora Maria 
Sylvia Zanella Di Pietro vê alargar-se o princípio da legalidade, afirmando que ele 
“exige a conformidade dos atos administrativos com a lei e com todos os valores que 
estão presentes na Constituição, de forma implícita ou explícita” (Licitações para 
contratos de publicidade - Economicidade, 1993, p. 209). 
Outros dispositivos na Lei 8.666/93 concretizam o princípio da legalidade: o art. 4º, 
que estabelece o direito à fiel observância do procedimento; e o art. 41, exige o 
cumprimento das normas e condições do edital, que por sua vez, baliza o 
relacionamento entre Administração e licitantes. 
b) Moralidade e Probidade Administrativa – O princípio da moralidade diz respeito à 
aplicação do dinheiro público, ligado à ideia comum de honestidade. 
O Professor Hely Lopes Meirelles afirma que “o povo é titular do direito subjetivo ao 
governo honesto”. 
A obrigatoriedade da licitação anteceder os contratos com a Administração Pública 
expressa claramente o princípio da moralidade, que deverá, portanto, conduzir todo 
o procedimento licitatório, a fim de garantir um comportamento justo e com equidade 
por parte do órgão público. 
Consignado à moralidade, a probidade administrativa reforça o dever de 
honestidade quanto aos procedimentos licitatórios. O sentido de Probo reforça a 
 13 
ideia de que todo o procedimento deve portar-se de maneira justa em todos os 
sentidos, trazendo consigo a integridade como resultado final. 
c) Impessoalidade – Tal princípio busca evitar o privilegio concedido, de forma a 
garantir a competição justa. Proíbe-se, portanto, tratamento discriminatório na 
licitação, inclusive nas condições do edital, que jamais deve frustrar o caráter 
competitivo do procedimento. 
Apesar de a lei estabelecer condições de preferencialidade em determinadas 
hipóteses destinadas a salvaguardar determinados setores ou facilitar aquisição de 
certos bens, ou ainda, a garantir princípios da ordem econômica, como o tratamento 
diferenciado para as micro e empresas de pequeno porte, a o princípio da 
impessoalidade está ligado intimamente ao princípio da isonomia, onde todos os 
licitantes devem ser tratados igualmente, em termos de direitos e obrigações. 
d) Publicidade – o princípio da publicidade diz respeito não apenas à divulgação do 
procedimento para ciência de todos os interessados, mas também, aos demais atos 
da Administração pública em suas várias fases. 
Dentre estas informações relacionam-se os procedimentos licitatórios e contratos 
oriundos destes. Pode-se afirmar que, além das obrigações de publicações dos atos 
pertinentes ao certame, é indispensável a disponibilidade dos próprios documentos 
relativos ao processo. 
Atualmente existem duas normas que regulamentam a obrigatoriedade de 
cumprimento do princípio da publicidade, a Lei Complementar 131/09, que 
determina a disponibilização, em tempo real, de informações sobre a execução 
orçamentária e financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios e a Lei 12.527/11, que visa garantir o acesso à informação pública 
prevista na Constituição Federal. 
e) Vinculação ao Instrumento Convocatório - O princípio de vinculação ao 
instrumento convocatório, seja ele edital ou carta-convite, é regulador para a devida 
consideração destes e está contido no art. 41 da Lei 8.666/93. 
“O edital é a lei interna da licitação, e, como tal, vincula aos seus 
termos tanto os licitantes e a Administração que o expediu. É 
impositivo para ambas as partes e para todos os interessados na 
licitação”. (MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 
1989) 
 14 
Portanto, o edital é a lei que rege, principalmente, a fase externa da licitação. 
Uma vez divulgadas as regras do certame, não poderão ser alteradas durante todo o 
processo. No entanto, em se verificando sua inviabilidade, este deverá ser invalidade 
e reaberto o processo em novos moldes. Entretanto, verificada qualquer falha ou 
inadequação ao interesse público, o edital poderá ser corrigido a qualquer tempo, 
iniciando-se, entretanto, o prazo para apresentação dos envelopes. 
f) Julgamento Objetivo – Tal princípio é reiterado nos artigos 44 a 46. Estes 
direcionam o julgamento em consonância como os tipos de licitação e rigor 
obediente ao edital. 
Segundo afirmação do Professor Nely Lopes Meirelles, é nulo o edital omisso ou 
falho quanto aos critérios e fatores de julgamento, assim como as cláusulas que 
impõem arbitrariamente à Comissão Julgadora a escolha da proposta que mais 
convier à Administração. (Direito Administrativo Brasileiro, 1989) 
Portanto, é indispensável que os fatores e critérios de julgamento determinados no 
edital sejam objetivos e adequados ao objeto da licitação. 
Diante de tais princípios e observados estes no momento da seleção da proposta e 
posterior contratação, certamente o procedimento licitatório será eficaz no 
cumprimento do seu objetivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 15 
2.2 A ISONOMIA COMO META DA LICITAÇÃO 
O procedimento licitatório é regulado pelo entendimento de não discriminação ou 
nenhum tipo de favorecimento a nenhum dos licitantes, ou seja, não pode haver 
distinção de maneira alguma, devendo ser todos tratados de forma igual pela 
Administração pública. 
Com foco específico nas contratações, a lei 8.666/93 vem exigir a aplicação da 
isonomia conjuntamente com outros princípios administrativos, o que por sua vez 
força o atendimento do artigo quinto da Constituição Federal quando da realização 
de procedimentos licitatórios, como enriquece este entendimento o Professor 
Vladimir da Rocha FRANÇA: 
“A licitação também tem relação com os demais princípios 
componentes do regime jurídico-administrativo. Afinal, os princípios 
jurídicos não são comportamentos estanques ou incomunicáveis 
entre si. Mas, sem sombra de dúvida, é na isonomia que esse 
processo administrativo encontra a sua principal razão de ser”. 
(Conceito de Contrato Administrativo. Revista Eletrônica de Direito 
Administrativo Econômico, Rio de Janeiro, 2007) 
Portanto, é indispensável ao entendimento do objetivo do procedimento licitatório, 
que se busque de todas as formas de garantir a aplicação da igualdade (isonomia) 
para com todos os cidadãos de direito, seja como pessoa física ou jurídica. 
A legislação assevera que a regra geral é licitar, ou seja, garantir o acesso ao 
certame de todos os que atenderem as condições de credenciamento. Dessa forma, 
a visão de isonomia nas licitações é o que garantirá o atendimento do dispositivo do 
artigo 3º da Lei 8.666/93, “selecionar a proposta mais vantajosa para a 
Administração”. 
Este princípio é exercido nas licitações através de outros dois princípios, 
impessoalidade e publicidade, uma vez que estes garantirão a isonomia nos 
procedimentos licitatórios. 
Nesse entendimento, O Prof. Hely Lopes Meirelles sintetiza sobre o princípio da 
igualdade: 
O que o princípio da igualdade entre os licitantes veda é a cláusula 
discriminatória ou o julgamento faccioso que desiguala os iguais ou 
iguala os desiguais, favorecendo a uns e prejudicando a outros, com 
exigências inúteis para o serviço público, mas com o destino certo a 
determinados candidatos. (MEIRELLES, Hely Lopes. Direito 
 16 
Administrativo Brasileiro. 1989) 
Observa-se que as Normas legais no Brasil dispõem sobre os procedimentos nas 
aquisições de bens e contratações de serviços pelos órgãos públicos, prezando 
sempre pela isonomia. 
2.2.1 A Isonomia na Publicidade das Licitações 
Traçado pela “Lei de Licitações”, o caminho para o atendimento da isonomia é 
objetivo e em poucos aspectos produz dúvidas quanto à sua aplicação, e isto em 
situações específicas. 
Uma vez que o princípio da publicidade consagra o dever da Administração de 
manter plena transparência em seus comportamentos, o Tribunal de Contas da 
união - TCU, ao analisar esseprincípio, assim o explicou: 
“Qualquer interessado deve ter acesso às licitações e seu controle, 
mediante divulgação dos atos praticados pelos administradores em 
todas as fases da licitação”. (Acórdão TCU 204/2008 - Plenário. 
Relatório do Ministro Relator) 
Nesse entendimento, a licitação não será sigilosa, exceto quanto ao conteúdo das 
propostas até serem conhecidas, são públicos e acessíveis aos cidadãos os atos do 
respectivo processo. 
A Licitação, para fins de melhor adequação aos tipos de objetos, é dividida em 
modalidades, a saber: concorrência, tomada de preços, convite, pregão, concurso e 
leilão. Cada modalidade pode ser descrita da seguinte forma: 
a) Concorrência: é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, 
na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos 
mínimos de qualificação exigidos no edital e que pode ser aplicada em 
qualquer dos casos de licitação e o valor da contratação é ilimitado; 
b) Tomada de Preços: semelhante à concorrência, com diferença apenas que o 
cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas 
e o valor máximo é de R$ 1.500.000,00 para obras e serviços de engenharia 
e R$ 650.000,00 para compras e outros serviços; 
c) Convite: é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao 
seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo 
 17 
de 3 (três), com valor máximo é de R$ 150.000,00 para obras e serviços de 
engenharia e R$ 80.000,00 para compras e outros serviços; 
d) Pregão: é a modalidade de licitação em que a disputa pelo fornecimento de 
bens ou serviços comuns é feita em sessão pública, podendo ser presencial 
ou eletrônico. Não existe limite de valor. 
e) Concurso: é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para 
escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de 
prêmios ou remuneração aos vencedores; 
f) Leilão: é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que 
oferecerem o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação, para a 
venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos 
legalmente apreendidos ou penhorados, ou ainda, para a alienação de bens 
imóveis; 
O que faz interessante a aplicação do princípio da isonomia nas licitações é na fase 
externa do processo licitatório, uma vez que determina que resultados de editais de 
tomadas de preços, concorrências, pregões e demais modalidades sejam publicados 
com antecedência mínima para cada modalidade. A não disponibilidade destes 
constitui afronta direta ao contido no art. 21, §§ 2º e 3º da Lei 8.666/93. Os artigos 
que tratam da publicação dos atos relativos à licitação e condicionam sua eficácia 
são: 21, 26, 43, §1º, 61, § único e 109, §1º. 
De forma geral, para se alcançar o universo de licitantes é necessário esforço na 
publicidade do aviso na imprensa oficial e em outros locais de divulgação a fim de 
garantir maior competitividade ao certame, o que efetiva a isonomia, além de ser 
pré-requisito à validação de todos os atos, ocorrendo até mesmo na modalidade 
Convite. 
A Lei 8.666/93 e 10.520/05 determinam os prazos de publicidade dos avisos de 
licitações e contratos, sendo nas modalidades Tomada de Preço, Concorrência, 
Concursos e Leilões, publicados no Diário Oficial da União (licitação no âmbito 
Federal ou obras que envolvam recursos federais), Diário Oficial do Estado, ou do 
Distrito Federal (licitação no âmbito Estadual ou Municipal, ou do Distrito Federal) e 
em jornal diário de grande circulação no Estado e jornal de circulação no Município 
ou na região onde será realizada a obra, se houver. 
Quanto ao prazo entre a publicação e recebimento das propostas, o mesmo 
 18 
dispositivo legal determina-os conforme a modalidade, a saber: 
a) 45 (quarenta e cinco) dias para concurso e concorrência (esta para regime de 
empreitada integral ou licitação tipo "melhor técnica" ou "técnica e preço"); 
b) 30 (trinta) dias para demais tipos de concorrência e tomada de preços (esta 
para licitação do tipo "melhor técnica" ou "técnica e preço”); 
c) 15 (quinze) dias para a tomada de preços ou leilão; 
d) 05 (cinco) dias úteis para convite; e 
e) 8 (oito) dias úteis para pregão. 
Destaca-se, no entanto, que tais prazos serão computados a partir da última 
publicação ou expedição do convite, de forma que qualquer alteração editalícia 
garanta aos possíveis participantes tempo suficiente para organização de toda a 
documentação exigida e formulação da referida proposta de preços. Dispensada tal 
observação nos casos em que as alterações não afetem a formulação das 
propostas, não necessitando reiniciar a contagem do prazo. 
Tratando especificamente do pregão, conforme determina o art. 4º, inciso V, da Lei 
nº 10.520/2002, c/c art. 11, inciso I, alínea “c”, e III, do Decreto nº 3.555/2000, é 
obrigatória a observância de amplitude e de prazo adequados para a publicidade 
dos instrumentos convocatórios do pregão, a fim de que não haja prejuízo ao caráter 
competitivo do certame. Tal observância busca com ênfase o atender o princípio da 
publicidade, e este, o da isonomia. 
Dessa maneira, em situação prática, a Administração deve proceder, “na hipótese 
de interrupção dos trabalhos de pregão eletrônico, à reabertura do pregão somente 
depois de assegurar-se de que as informações necessárias de interesse dos 
licitantes foram devidamente publicadas pelos mesmos meios utilizados pelo órgão 
para a publicação do edital, sem prejuízo de sua veiculação por outros meios que 
julgar pertinentes, atendendo-se assim ao princípio da publicidade, expressamente 
informado pela Constituição Federal e pela Lei nº 8.666/1993.” (Acórdão TCU 
1553/2008 - Plenário) 
Em suma, a isonomia é garantida na publicidade de cada modalidade, uma vez que 
são diferenciados os prazos mínimos para publicações, oportunizando aos 
interessados que atendam às exigências maior tempo para se adequarem às 
condições impostas. 
 19 
 
2.2.2 A Isonomia nas Compras/Contratações Diretas 
Ainda no objetivo de atender-se ao princípio da isonomia, em casos de licitações 
dispensáveis previstas nos §§ 2º e 4º do art. 17 e nos incisos III a XXIV do art. 24, as 
situações de inexigibilidade referidas no art. 25, e o retardamento previsto no final do 
parágrafo único do art. 8º, “deverão ser comunicados dentro de três dias a 
autoridade superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 
cinco dias, como condição para eficácia dos atos.” (Caput do Art. 26, Lei 8.666/93, 
grifo nosso) 
Uma vez que tais dispositivos tratam de compras e contratações diretas, o que 
dispensa ou inexige a abertura de procedimento licitatório, o legislador buscou 
garantir o atendimento ao princípio da publicidade, alcançando, ainda, a publicidade 
na imprensa oficial que deve ser dada aos instrumentos de contratos e seus 
aditamentos, até o quinto dia útil do mês subsequente ao da assinatura, “que é 
condição indispensável para sua eficácia” (Parágrafo Único, Art. 61, Lei 8.666/93, 
grifo nosso). 
Portanto, mesmo a legislação trazendo condições em que podem ser dispensadas 
ou não exigidas as licitações, estas mesmas condições não ferem o princípio da 
isonomia, vez que busca atender outras situações, destacando a obrigatoriedade de 
divulgação destes atos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 20 
2.3 O PRINCÍPIO DA ISONOMIA E O PROBLEMA DA CORRUPÇÃO 
Não obstante ao entendimento de que a isonomia quando observada trará sempre 
benefícios à Administração pública e aos demais envolvidos no processo, quando 
não apreciada em todos os atos administrativos relativos à licitação, pode trazer 
prejuízos muitas vezes imensuráveis, pois podem alcançar não somente os cofres 
públicos, mas também, a sociedade em si, uma vez que a execução dos serviços 
muitas vezes não atende às exigências mínimas para a devida aprovação. Este é o 
problema dacorrupção na gestão pública. 
Pode-se afirmar com toda a certeza, a corrupção é a raiz de todos os males na 
administração pública em todos os tempos. 
Em cena amplamente divulgada nos meios sociais, a Deputada estadual Cidinha 
Campos afirmou categoricamente: “A corrupção está no DNA do povo”. 
Num sentido estrito, a maior parte dos atos corruptos requer escolha moral do 
indivíduo e depende do nível de sua avareza e maldade. Entretanto, a corrupção do 
Estado resulta das consequências da natureza humana individual interagindo com 
sistemáticas e permanentes desigualdades em riqueza, poder e status. Estas são 
sempre injustas e corruptas. Considere-se, contudo, que o fim da desigualdade não 
assegura a eliminação da corrupção, por ser ela também parte da condição humana. 
A corrupção do Estado e a corrupção do povo caminham juntas. Por isso, a solução 
do problema está tanto na educação moral do povo quanto na sua participação no 
processo político, acompanhada de maior igualdade econômica. 
No entanto, alguns fatores parecem aumentar a probabilidade de corrupção, como 
decisões que afetam interesses econômicos vitais dos cidadãos que estejam em 
áreas de atuação que envolvam, direta ou indiretamente, valores monetários. 
Entretanto, a presença da corrupção política é largamente responsável pela 
corrupção administrativa, que é a utilização de posições oficiais para ganhos 
privados. Ainda pode-se afirmar que problemas como a ausência de ética, a falta de 
comprometimento e responsabilidade no serviço público levam alguns a desviarem-
se pelo tortuoso caminho da corrupção, ocorrendo o desrespeito à regras e 
regulamentos. 
Certo é que a situação de pobreza e desigualdade pode forçar indivíduos a 
 21 
tolerarem ou até a se envolverem com ações corruptas, no entanto, jamais poderá 
ser considerada como razão justificável para tal envolvimento. 
2.3.1 A Corrupção nas Licitações 
Em se tratando especificamente de licitações, a corrupção em quase todos os casos, 
causará a desconsideração dos princípios constitucionais. 
Em diversos ocasiões é possível perceber o problema da corrupção nas 
contratações por parte da Administração pública mesmo antes da fase externa da 
licitação, que é o momento em que ela é divulgada para os interessados. Os 
julgamentos de contas por parte dos Tribunais de Contas da União, Estados e 
Municípios muitas vezes escancaram a corrupção manchando os atos 
administrativos, como se observa a seguir: 
a) Fracionamento de Despesa - Fracionamento, à luz da Lei de Licitações, 
caracteriza-se quando se divide a despesa para utilizar modalidade de 
licitação inferior à recomendada pela legislação para o total da despesa ou 
para efetuar contratação direta. Ressalvado o pregão, que pode ser adotado 
em qualquer caso, não é permitida utilização de modalidade inferior quando o 
somatório do valor em licitação apontar outra superior. Como afirma 
categoricamente o Tribunal de Contas da União em Licitações e Contratos 
Orientações e Jurisprudência do TCU, “é vedado fracionamento de despesas 
para adoção de dispensa de licitação ou modalidade de licitação menos 
rigorosa que a determinada para a totalidade do valor do objeto a ser licitado”. 
b) Burla ao processo licitatório – Burlar, segundo Aurélio, é “¹Praticar burla 
contra; fraudar, defraudar, lesar; ²Lograr, enganar, ludibriar; ³Motejar, 
escarnecer, zombar de” (Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. Novo 
Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986). 
Constitui uma forma de fracionamento da despesa, uma vez que se utiliza do 
precedente de dispensas e procedimentos inexigíveis quando não o poderia 
ocorrer. Em deliberações sobre esse tema, o Tribunal de Contas da União 
afirma que, “se o procedimento adotado for a realização de duas contratações 
por inexigibilidade, uma vez identificado que o objetivo do fracionamento fora 
burlar os procedimentos exigíveis para as contratações que não se 
 22 
enquadrarem no art. 24, incisos I e II, da Lei nº 8.666/93, também estará 
sujeito às cominações legais, podendo, inclusive, ensejar a anulação do 
processo.” (TCU – Acórdão 1336/2006 Plenário - Voto do Ministro Relator) 
Diversas denúncias afloram os noticiários quase que diariamente e veiculam 
matérias em revistas e jornais onde o agente público, que deveria zelar pela coisa 
pública, é agente da corrupção. 
2.3.2 Os Crimes da Corrupção nas Licitações 
O dispositivo legal referido no art. 82 da Lei 8.666/93 trata especificamente de atos 
praticados contrários à legislação: 
Art. 82. Os agentes administrativos que praticarem atos em 
desacordo com os preceitos desta Lei ou visando a frustrar os 
objetivos da licitação sujeitam-se às sanções previstas nesta Lei e 
nos regulamentos próprios, sem prejuízo das responsabilidades civil 
e criminal que seu ato ensejar. (Art. 82, Lei 8.666/93) 
Além destas definições, os artigos 89 a 98 da mesma lei mencionam crimes e penas 
que envolvem procedimentos ilícitos nas licitações e contratos, crimes estes que 
destacamos: 
a) Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de 
observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade; 
b) Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, 
o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si 
ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação; 
c) Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Administração, 
dando causa à instauração de licitação ou à celebração de contrato, cuja 
invalidação vier a ser decretada pelo Poder Judiciário; 
d) Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive 
prorrogação contratual, em favor do adjudicatário, durante a execução dos 
contratos celebrados com o Poder Público, sem autorização em lei, no ato 
convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, 
pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade, 
observado o disposto no art. 121 desta Lei; 
e) Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento 
licitatório; 
 23 
f) Devassar o sigilo de proposta apresentada em procedimento licitatório, ou 
proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo; 
g) Afastar ou procura afastar licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude 
ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo; 
h) Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação instaurada para aquisição ou 
venda de bens ou mercadorias, ou contrato dela decorrente; 
i) Admitir à licitação ou celebrar contrato com empresa ou profissional declarado 
inidôneo; 
j) Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a inscrição de qualquer interessado 
nos registros cadastrais ou promover indevidamente a alteração, suspensão ou 
cancelamento de registro do inscrito; (Arts. 89 a 98, Lei 8.66/93) 
Resta configurado nestes crimes elencados o entendimento que a ética e idoneidade 
por parte dos agentes públicos e demais partes que contratam com a Administração 
devem sobrepor a própria vontade individual, uma vez que o alcance destas ações e 
sua repercussão restará aos que serão beneficiados pelas ações públicas. 
 24 
3 CONSIDERAÇÕES 
Gerir com eficiência e eficazmente a coisa pública com recursos escassos, como é o 
caso da maioria dos municípios brasileiros, torna-se mais difícil e perturbador 
quando se está envolvido diretamente neste. 
No entanto, uma visão antiética, amoral e egoísta faz com que pessoas que 
deveriam trabalhar nessa gestão atuem de forma corrupta, não poupando nem 
mesmo os menos favorecidos, inclusive os que de nada podem se defender, 
Entretanto, quando os governantes e agentes públicos trabalham voltados para 
atender as necessidades da população de forma ética, quem tem a ganhar somos 
todos nós que podemos desfrutar de um melhor desfrute dos benefícios ofertadospelo Estado. Este é o objetivo que a Isonomia nas licitações busca garantir a todos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 25 
REFERÊNCIAS 
 
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Conteúdo Jurídico do Princípio da 
Igualdade, 3 ed.. São Paulo: Malheiros Editores, 1993. 
BORGES, José Souto Maior. Significado do princípio da isonomia na 
Constituição de 1988, Revista da Escola Superior da Magistratura do Estado de 
Pernambuco, nº 3, v. 2: 330-1 
DALLARI, Adilson Abreu. Aspectos jurídicos da licitação, p. 33, 4 ed. São Paulo: 
Saraiva, 1997 
Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua 
Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986 
FRANÇA, Vladimir da Rocha. Conceito de Contrato Administrativo. Revista 
Eletrônica de Direito Administrativo Econômico, Salvador, Instituto Brasileiro de 
Direito Público, nº. 08, nov/dez – 2006, janeiro de 2007. Disponível na Internet: 
“http://www.direitodoestado.com.br”. Acesso em: 02 de fevereiro de 2014. 
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Licitações e contratos: orientações e 
jurisprudência do TCU / Tribunal de Contas da União. – 4. ed. rev., atual. e ampl. 
- Brasília: TCU, Secretaria‑Geral da Presidência: Senado Federal, Secretaria 
Especial de Editoração e Publicações, 2010. JUSTEN FILHO, Marçal: Comentários à 
lei de licitações e contratos administrativos, 10ª ed. – São Paulo: Dialética, 2004. 
SPINELLI, Mário Vinícius Claussen e LUCIANO, Vagner de Souza. Direito – 
Licitações e Contratos: Controladoria-Geral da União – CGU, Brasília/DF, 2009. 
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo. 1989 
BRASIL, Constituição da República Federativa do. 1988. Disponível na Internet: 
“http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.htm”. Acesso 
em: 02 de fevereiro de 2014. 
Lei 10.520, de 17 de julho de 2002. Disponível na Internet: 
“http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10520.htm”. Acesso em: 02 de 
fevereiro de 2014.

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