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LICITAÇÃO PÚBLICA
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autor: Hugo Rios Bretas
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2019
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Xxxxxx
 Xxxxxxxxxxx
 Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
 XXX p.; il.
 ISBN XXXXXXXXXXXXX
1.Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxx
CDD XXXX.XXX
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
Visão Geral e Principiológica das Licitações ...........................7
CAPÍTULO 2
Hipóteses Extraordinárias no Contexto 
Licitatório e Pregão ....................................................................45
CAPÍTULO 3
Preços e Gestão de Contratos.................................................85
APRESENTAÇÃO
Este livro tem o escopo de transmitir aos alunos o impacto do processo 
licitatório, bem como as peculiaridades que pairam sobre este processo. De 
antemão é necessário manifestar que a compreensão da licitação passa pelo 
entendimento acerca dos princípios da administração pública, conforme o texto 
constitucional vigente.
Os princípios, ante o seu caráter nuclear inafastável, iluminam a mente do 
intérprete, trazem credibilidade e congruência para o raciocínio. Nesse discurso 
principiológico, compreender a licitação é compreender o princípio da igualdade 
e da moralidade. Isto é, o processo licitatório consiste na oportunidade conferida 
aos particulares, caso preencham os pressupostos exigidos pela Lei e pelo Edital, 
de participarem do processo licitatório e contratarem com a Administração Pública.
Os cumprimentos dos parâmetros principiológicos contribuem para o 
afastamento ou minimização de nepotismos, “apadrinhamentos” e benefícios 
injustificáveis em favor de determinados grupos. Desse modo, além de oportunizar 
aos particulares em geral a participação nos certames, a licitação pública nos 
revela que todos devem ter o zelo pela administração pública.
Como se não bastasse, a razão legislativa das licitações não é outra senão 
estimular a concorrência e a eficiência, isto é, o processo de licitação transmite 
à comissão a necessidade de selecionar o mais capacitado e que melhor 
desempenhe serviços públicos, a partir da observância da qualidade do preço e 
do serviço. 
A Lei de Licitações é uma Lei Ordinária Federal (Lei n. 8.666 de 1993), que 
se irradia sobre todos entes federativos, ou seja, a sua observância é dever 
da União, Estados Federados, Distrito Federal e Municípios. A premência do 
cumprimento desta Lei é tão profunda, que o seu descumprimento certamente 
implicará imoralidades, improbidades, e eventualmente poderá ser tipificado como 
crime de responsabilidade. Ora, a probidade deve ser perseguida pelos agentes 
públicos no curso dos processos de licitação.
Este livro será desdobrado em três capítulos, a partir dos quais todas as 
modalidades de licitação serão analisadas didaticamente, sem ignorar as hipóteses 
de dispensa e inexibilidade. O Capítulo 1 abordará a Visão Geral e principiológica 
das Licitações, tanto os princípios implícitos, quanto explícitos. O Capítulo 2, em 
caráter complementar ao primeiro capítulo, tratará das hipóteses extraordinárias 
no contexto Licitatório, bem como tratará do pregão. Por derradeiro, o capítulo III 
cuidará da análise dos preços e gestão de contratos. 
Por fim, razoável é constatar que a Lei n. 8.666/1993 nos faz despertar 
para respeitáveis preceitos, todavia, inócua será esta Lei se não houver a 
materialização normativa. Dessa maneira, lamentavelmente violações desta 
norma comumente são disseminadas, nos mais distintos âmbitos. Por esse 
motivo, a almejada concreção dos parâmetros licitatórios só se perfará se houver 
zelo pela Administração Pública e a devida fiscalização. 
CAPÍTULO 1
Visão Geral e Principiológica das 
Licitações
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Saber a aprendizagem etimológica da expressão licitação e seus reflexos, a 
partir da compreensão dos parâmetros de equidade, moralidade e igualdade, 
que pairam sobre a licitação, em busca da prevalência dos interesses públicos 
sobre os interesses privados.
• Compreender o impacto das licitações perante o Ordenamento Jurídico 
brasileiro.
 
• Dimensionar a relevância do texto constitucional no processo de construção do 
entendimento acerca do instituto das licitações.
 
• Entender a força dos princípios no processo de interpretação das Licitações.
 Apreender a profundidade de espécies de Licitações.
8
 Licitação Pública
9
Visão Geral e Principiológica das Licitações Capítulo 1 
1 Contextualização
Nada mais profundo que interpretar o Direito a partir de seus princípios 
orientadores. E será precisamente através de uma reflexão acerca dos distintos 
princípios da Administração Pública que este capítulo será desenvolvido. 
Os princípios são núcleos de pensamento a partir dos quais o exercício 
hermenêutico será viabilizado. Esses parâmetros iluminam as mais distintas fontes 
do direito, entre as quais a Lei, Doutrina e Jurisprudência. Desse modo, os princípios 
trazem consigo um condão reflexivo, analítico e de comando, capaz de orientar o 
intérprete. Ora, sem a fundamentação devida o interprete incorrerá em obscuridade.
Essa unidade, além de estudar os princípios administrativos, terá o propósito 
de abordar conceitos gerais do instituto da licitação pública. Nesse cenário de noção 
geral, será feita uma análise etimológica da expressão licitação, bem como a razão 
legislativa que concerne a Lei 8.666/1993. 
Além de uma visão morfológica será realizado um estudo conceitual. Esse viés 
propedêutico será primordial para a compreensão de todo o livro, na medida em que 
a carga reflexiva estará, sobretudo, concentrada neste capítulo. Vale dizer, o estudo 
sobre os institutos e modalidades presentes na Lei em tela serão derivações deste 
primeiro capítulo. 
Por derradeiro, neste capítulo trabalharemos as modalidades de licitações, que 
são inúmeras. A partir deste título será possível identificar qual será a modalidade 
mais adequada para concretizar os interesses da Administração Pública, tendo em 
vista as peculiaridades do certame. 
 
2 CARACTERÍSTICAS E CONCEITOS 
GERAIS DE LICITAÇÕES 
A importância deste capítulo é inconteste, na medida em que toda a ciência é 
construída primeiramente a partir da individualização de variáveis e de conceituações 
de institutos. O regramento e o processo licitatório são decisivos, para fins de 
transparência e de zelo pelo patrimônio público. 
O que você pensa quando ouve a expressão licitação? Tenho a convicção de 
que todos têm minimamente uma noção acerca do sentido desta expressão. 
As licitações, em estrito respeito aos limites legais e dos editais, organizam a 
apresentação e seleção da pessoa mais capaz de celebrar contratos administrativos 
10
 Licitação Pública
e realizar serviços públicos. Desse modo, pedimos que o aluno fique extremamente 
atento.
2.1 CARACTERÍSTICAS
Em termos hermenêuticos (a ciência que se dedica ao estudo dos melhores 
e mais prudentes métodos interpretativos) é acertado predilecionar o mecanismo 
sistêmico, segundo o qual há que se pensarno Direito “como um todo”, isto é, não 
podemos interpretar o Direito Administrativo ( no âmbito das licitações), ignorando o 
Direito Constitucional. 
Precisamos nos valer de um olhar unitário e constitucionalizado, portanto. 
Sempre devemos interpretar o Direito conforme a Constituição Federal, que 
certamente está no topo hierárquico normativo. Aliás, se houver qualquer norma 
derivada ou infraconstitucional que atente contra o texto constitucional, certamente 
este preceito será eivado, viciado gravemente, portanto, deverá ser extirpado do 
ordenamento jurídico, ante o efeito da inconstitucionalidade e correspondente 
nulidade.
Neste olhar, o ponto de partida de toda a análise sobre Licitações é a Constituição 
da República Federativa do Brasil de 1988. Desse modo, certamente os princípios e 
características genéricas licitatórias podem ser extraídas, em primeiro plano, no artigo 
5º da Constituição Federal. 
Além desse dispositivo, emerge em nossa análise o artigo 37, precisamente em 
seu inciso XXI. Esse dispositivo é trazido de modo genérico, todavia, as licitações 
estão regulamentadas, de modo específico, na Lei 8.666/1993, de 21 de junho de 
1993. Nesta Lei é possível localizar: a referida Lei ordinária Federal, que foi editada 
pela União, deverá ser observada pelos demais entes federativos, quais sejam: 
Estados Federados, Distrito Federal e Municípios. A partir desses dispositivos 
normativos podemos extrair a essência da Lei, bem como o seu alcance (BRASIL, 
1993)
Apenas para fins introdutórios, é bom destacar que os entes federativos 
inicialmente deverão, em homenagem ao princípio da transparência, publicar um edital 
ou convite, cujo conteúdo consistirá na individualização de cláusulas e exigências que 
trilharão todo o processo administrativo. A partir dessas cláusulas, as pessoas que se 
julgarem aptas a cumprirem as exigências do edital, hão de apresentar formalmente 
as suas propostas perante a competente comissão. Por conseguinte ao confronto 
de todas as propostas, primordial será escolher a mais eficiente para a celebração 
do contrato administrativo. Portanto, após a seleção da melhor proposta haverá a 
celebração de um contrato entre o licitante e a pessoa selecionada pela comissão.
11
Visão Geral e Principiológica das Licitações Capítulo 1 
2.2 CONCEITOS GERAIS DE 
LICITAÇÕES
Licitação é o processo administrativo, a ser protagonizado pelos entes públicos, 
que tem em seu desfecho o propósito de celebrar um contrato administrativo com 
aquele que lograr êxito no certame. 
FIGURA 1 - LICITAÇÕES
FONTE: <http://djaildo.com/novos-valores-para-licitacao-comecam-a-
valer-a-partir-desta-quinta-feira/>. Acesso em: 22 fev. 2019.
Como já dito, a Licitação é um processo administrativo. Assim, pergunta-se: 
o que marca um processo? Ora, o processo é um conjunto de procedimentos, isto 
é, um conjunto de fases. O processo administrativo será objeto de análise mais 
apurada nos capítulos subsequentes.
Em busca de uma conceituação, invoquemos dois pensamentos:
É o procedimento administrativo mediante o qual a 
Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa 
para o contrato de seu interesse. Como procedimento, 
desenvolve-se através de uma sucessão ordenada de atos 
vinculantes para a Administração e para os licitantes, o que 
propicia igual oportunidade a todos os interessados e atua como 
fator de eficiência e moralidade nos negócios administrativos 
(MEIRELLES, 2009, p. 27).
Em semelhante sentido:
Pode-se definir a licitação como procedimento administrativo 
pelo qual um ente público, no exercício da função administrativa, 
abre a todos os interessados, que se sujeitem às condições 
12
 Licitação Pública
fixadas no instrumento convocatório, a possibilidade de 
formularem propostas dentre as quais selecionará e aceitará 
a mais conveniente para celebração do contrato (DI PIETRO, 
2008, p. 330).
Desse modo, podemos compreender inicialmente que a licitação apresenta 
três destacáveis elementos: o primeiro dos quais é a elaboração e publicidade 
da informação, por meio divulgação do edital, aos eventuais interessados. O 
segundo aspecto é a apresentação das propostas. Por fim, a seleção da melhor 
proposta. Há, portanto, prestígio ao princípio da igualdade, na medida em que 
todos aqueles aptos, conforme o edital, poderão participar do processo, elidindo-
se, como dissemos, o “apadrinhamento”. Aliás, essa análise que fizemos pode ser 
percebida no artigo 3º da Lei 8.666 de 1993: 
Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do 
princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta 
mais vantajosa para a administração e a promoção do 
desenvolvimento nacional sustentável e será processada e 
julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da 
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, 
da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao 
instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que 
lhes são correlatos (BRASIL, 1993)
 
2.2.1 Princípios
Como dissemos na apresentação do Livro, é inegável o impacto dos princípios. 
Em verdade, os princípios são pilares de pensamento, são estruturações gerais 
por meio das quais o exercício interpretativo é coerentemente estruturado.
Os princípios iluminam e viabilizam o provimento de um magistrado, 
esclarecem a razão legislativa e abalizam uma reflexão doutrinária. Podemos 
reputar que esta fonte do Direito é carregada de objetividade, se compararmos à 
moral, e de exigibilidade, se pensarmos em sua força. 
 
 É acertado no discurso principiológico invocar o pensamento de Miguel 
Reale, conforme o qual os princípios são alicerces do Direito:
Princípios são, pois, verdades ou juízos fundamentais, que 
servem de alicerce ou de garantia de certeza a um conjunto de 
juízos, ordenados em um sistema de conceitos relativos a dada 
porção da realidade. Às vezes também se denominam princípios 
certas proposições que, apesar de não serem evidentes ou 
resultantes de evidências, são assumidas como fundantes 
da validez de um sistema particular de conhecimentos, como 
13
Visão Geral e Principiológica das Licitações Capítulo 1 
seus pressupostos necessários (REALE, 2002, p. 60).
É plausível uma breve análise propedêutica acerca dos princípios, tidos como 
núcleos de pensamento através dos quais o exercício hermenêutico é viabilizado, 
conforme Bretas (2015). 
Os princípios têm certa objetividade, quando confrontamos com a moral, 
flagrantemente carregada pelo subjetivismo. Isto é, os princípios têm parâmetros 
e elementos objetivos. 
Os princípios, como vemos, são enunciados diretores 
da atividade humana juridicamente considerada. Os que 
mencionamos são regionais. Contudo, há princípios que valem 
para todos os âmbitos. São princípios gerais de direito, como 
o da igualdade, o da responsabilidade por danos, o de que 
o pactuado deve ser observado (pacta sunt servanda) etc. 
Em seu nome, a dogmática procura entender o direito como 
um todo, postulando sua unidade. Para ela, não obstante as 
distinções, o direito é, em última análise, um só. Daí o sentido 
sistematizador de sua tarefa. O sistema daí resultante, como 
vimos mostrando, pode não ser um conjunto rigorosamente 
lógico, mas deve manifestar certa coerência e sentido de 
coesão (FERRAZ JÚNIOR, 2017, p. 108).
Todos os alunos têm uma prévia noção e sensibilidade sobre o sentido 
da expressão “princípio”, todavia, cremos que estes conceitos que trouxemos 
colaboram para a compreensão do alcance e impacto dos princípios para a 
ciência do Direito. 
Ao longo dos itens deste capítulo perceberemos que serão estudados 
os princípios constitucionais versus os princípios específicos. O primeiro dos 
quais se refere aos princípios que serão aplicados especialmente na esfera do 
Direito Administrativo, num discurso constitucional. Por outro lado, os princípios 
específicos, decorrem dos princípios constitucionais, contudo, terão incidência 
singularnos processos licitatórios, isto é, foram projetados para mensurar e 
regular o contexto licitatório. 
2.2.2 Princípios Constitucionais
Todo o discurso principiológico deve partir de um princípio sensível e 
primordial. Qual é este princípio? A dignidade da pessoa humana, que é o centro 
de qualquer debate principiológico. Pensar desse modo é trazer ares humanistas 
para o Direito, é repersonalizar o Direito. 
14
 Licitação Pública
A dignidade da pessoa humana é o fundamento constitucional, consiste em 
uma clausula materialmente constitucional, blindada pelo artigo 60, parágrafo 
quarto da vigente Constituição Federal.
Conforme o ministro Luiz Edson Fachin (2008), a dignidade da pessoa 
humana é responsável por verdadeira guinada paradigmática, a partir da qual 
todo o Direito há de ser interpretado em busca da promoção do princípio da 
dignidade da pessoa humana. 
O princípio da dignidade é o ponto de partida de quaisquer análises 
principiológicas. Em verdade, trata-se do vetor de todo o Ordenamento Jurídico. A 
compreensão deste princípio implica a exaltação da pessoa humana, trata-se do 
mais profundo nível jurídico de respeito à condição humana. Trata-se da proteção 
ao ser humano, tanto sob a égide física quanto psíquica. 
Por esses argumentos, concluímos que o princípio nuclear de todo o 
ordenamento jurídico e do toda a licitação pública consistirá na tutela da dignidade 
da pessoa humana.
Conforme introduzimos, as licitações pertencem ao ambiente do Direito 
Público Administrativo, em decorrência do fato de que os sujeitos diretamente 
envolvidos na relação licitatória são Estados e pessoas tipicamente privadas. 
Nesta relação existe o propósito de tutelar a prevalência dos interesses públicos. 
Conforme a manifestação que trouxemos em outra ocasião:
No Direito Público, é notória a presença do Estado nas 
relações. Nesse ambiente reina o princípio da supremacia 
dos interesses públicos sobre os interesses privados. No topo 
desse ramo, encontramos os Direitos Constitucionais, que 
têm como princípio destacável, segundo José Afonso da Silva 
(2006), o princípio da Supremacia do Texto Constitucional. 
Conforme esse princípio, todos os demais ramos do Direito 
devem se curvar ao Direito Constitucional (BRETAS, 2015, 
p.133).
Em se tratando dos princípios constitucionais da Administração Pública, 
é comum o recorte doutrinário entre princípios explícitos e implícitos. Este se 
referiria a princípios que estão distribuídos ao longo da Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988. De modo mais estrito, são princípios que estão 
irradiados em artigos diversos ao artigo 37 do texto constitucional. Por outro lado, 
os princípios explícitos estão elencados no “caput’ do artigo 37, da Constituição 
Federal em vigor. Vejamos literalmente este dispositivo: “a administração pública 
direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, 
15
Visão Geral e Principiológica das Licitações Capítulo 1 
moralidade, publicidade e eficiência” (BRASIL, 1988).
 Singularmente “Princípios administrativos são os postulados fundamentais 
que inspiram todo o modo de agir da Administração Pública. Representam 
cânones pré-normativos, norteando a conduta do Estado quando no exercício de 
atividades administrativas” (CARVALHO FILHO, 2010, p. 20). 
 Conforme o citado artigo, o primeiro princípio arrolado é o da legalidade, 
que consiste na proteção e aplicação da norma vigente. Isto é, não poderá 
haver qualquer prática de atos que violem preceitos legais constitucionais e 
infraconstitucionais, por esse motivo, a comissão de licitação e os proponentes 
deverão observar a Lei. Por isso, quais serão as disposições que deverão ser 
observadas pelos sujeitos da Licitação? A partir de nossa introdução, os sujeitos 
deverão primar pela Lei (Constituição Federal e a Lei específica, 8.666/1993) e 
pelo Edital. Meirelles (2009) sustenta que a legalidade está associada ao fato de 
que o administrador fará o que a Lei lhe permite, sem afrontá-la. 
A legalidade é um princípio muito marcante, pelo fato de que o Direito é 
conhecido por sua cultura positivista, isto é, prestigiadora das Leis escritas. Por 
óbvio, o Direito tem como fonte primária a Lei, todavia, não como fonte única. 
Afinal, temos uma pluralidade de outras fontes do Direito, tais como: a doutrina, 
princípios, jurisprudência, usos e costumes. 
Nesse mesmo teor, o ministro Alexandre de Moraes, defende, que o 
administrador “somente poderá fazer o que estiver expressamente autorizado em 
lei e nas demais espécies normativas, inexistindo, pois, incidência de sua vontade 
subjetiva [...]” (MORAES, 2009, p. 324).
Esclarecedor também é o pensamento de Diógenes Gasparini, segundo o 
qual a legalidade “significa estar a Administração Pública, em toda sua atividade, 
presa aos mandamentos da lei, deles não se podendo afastar, sob pena de 
invalidade do ato e responsabilidade de seu autor” (GASPARINI, 2012, p. 61). 
Em segundo plano, está presente, no artigo 37 da Constituição Federal, o 
princípio da impessoalidade. Este princípio nos inclina a tese de afastamento 
dos agentes públicos da coisa pública, ou seja, os agentes não podem incorporar 
o patrimônio público, ou individualiza-lo. Precisa, portanto, haver a ciência de que 
os bens públicos têm uma feição coletiva e não egocêntrica. 
Quando o agente público ocupa um cargo público, em primeiro plano, é 
necessário perceber que o cargo público não é de propriedade do agente e sim 
do Estado, afinal o agente público há de perecer, e o cargo público permanecerá, 
porém, a ocupação será feita por outro agente. Por isso, mais uma pergunta: 
16
 Licitação Pública
deve haver a prevalência dos interesses públicos ou privados? Certamente todos 
os atos administrativos, em prestígio ao princípio da impessoalidade, devem 
primar pela supremacia dos interesses públicos sobre os interesses particulares. 
Conforme o artigo 37, parágrafo primeiro da Constituição Federal de 1988: 
“§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas 
dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação 
social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem 
promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos” (BRASIL, 1988).
Em complemento, a impessoalidade ou finalidade impõe ao administrador 
público a obrigação de direcionar seus atos com o objetivo de promover o 
interesse público e não os praticar a favor de seus próprios interesses ou de 
terceiros (MEIRELLES, 2009). 
O princípio da impessoalidade, portanto, carrega consigo verdadeira feição 
altruísta, na medida em que toda a Administração Pública deverá se prestar a 
promoção de interesses coletivos.
Cremos que não há exemplo dos Tribunais melhor para sintetizar a 
impessoalidade senão o exemplo do nepotismo, esta nefasta conduta que 
consiste na predileção no que toca o ofertamento de cargos públicos, em favor de 
parentes próximos ou cônjuge. Nesse sentido:
Servidor público. Nepotismo. Vedação ao exercício de funções 
sob a direção imediata de cônjuge ou parente até o segundo 
grau civil. Violação ao inciso II do art. 37 da CF e ao princípio da 
isonomia. Inexistência. Proibição que decorre do caput do art. 
37 da CF. Procedência parcial para emprestar interpretação 
conforme a Constituição. Incidência exclusiva sobre cargos 
de provimento em comissão, função gratificada e cargos e 
direção e assessoramento.
[ADI 524, rel. p/ o ac. min. Ricardo Lewandowski, j. 20-5-2015, 
P, DJE de 3-8-2015.].
Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/
artigobd.asp?item=%20503>. Acesso em: 25 fev. 2019.
De modo convergente a este julgamento encontramos a Súmula Vinculante 
13 do Supremo Tribunal Federal, conforme a qual:
A nomeação de cônjuge, companheiro, ou parente, em linha 
reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau,inclusive, da 
autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, 
investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, 
para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, 
ainda, de função gratificada na administração pública direta 
e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste 
17
Visão Geral e Principiológica das Licitações Capítulo 1 
mediante designações recíprocas, viola a CF (BRASIL, 2008).
O princípio que se segue no artigo 37 consiste na moralidade. Trata-se de 
um princípio decisivo, porém, de complexo alcance conceitual, na medida em que 
inelutavelmente traz consigo considerável carga subjetiva. 
A moralidade está ligada a equidade, aos parâmetros de justiça. Por isso, 
a moralidade é o princípio constitucional que exige que o administrador se porte 
com retidão, idoneidade, lisura e probidade, trata-se de uma busca pela almejada 
honestidade. 
Importa trazer a interpretação do Supremo Tribunal Federal acerca da 
moralidade:
O princípio da moralidade administrativa – enquanto valor 
constitucional revestido de caráter ético-jurídico – condiciona a 
legitimidade e a validade dos atos estatais. A atividade estatal, 
qualquer que seja o domínio institucional de sua incidência, está 
necessariamente subordinada à observância de parâmetros 
ético-jurídicos que se refletem na consagração constitucional 
do princípio da moralidade administrativa. Esse postulado 
fundamental, que rege a atuação do poder público, confere 
substância e dá expressão a uma pauta de valores éticos sobre 
os quais se funda a ordem positiva do Estado (ADI 2.661 MC, rel. 
min. Celso de Mello, j. 5-6-2002, P, DJ de 23-8-2002). Disponível 
em: <http://www.stf.jus.br/portal/informativo/verInformativo.
asp?s1=lei+imprensa&pagina=26&base=INFO>. Acesso em: 
25 fev. 2019.
Podemos ainda destacar que o princípio da moralidade está associado à 
lealdade, cooperação, transparência e boa-fé. Importa destacar, no contexto da 
moralidade, a Lei 8.429/1992, cuja razão legislativa é afastar e repudiar atos de 
improbidade administrativa. Conforme o artigo 37, parágrafo quarto da Constituição 
Federal em vigor, as sanções a serem aplicadas em face do improbo são: 
“§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos 
direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o 
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da 
ação penal cabível” (BRASIL, 1988).
Importa somar que o desejo de repúdio à improbidade é tamanho que a sua 
prática pelo Presidente configurará crime de Responsabilidade e reflexamente o 
“impeachment”, a ser julgado pelo Senado Federal. Conforme o texto constitucional:
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente 
da República que atentem contra a Constituição Federal e, 
18
 Licitação Pública
especialmente, contra:
I - a existência da União;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, 
do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das 
unidades da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração;
VI - a lei orçamentária;
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, 
que estabelecerá as normas de processo e julgamento. 
(BRASIL, 1988)
Sobre a competência do Senado Federal para julgamento do 
Presidente da República:
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da 
República nos crimes de responsabilidade, bem como os 
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército 
e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com 
aqueles (BRASIL, 1988).
A Lei 8.666/1993 prevê penalidades aos agentes públicos ímprobos. Tais 
sanções estão prevista nos artigos 89 a 99. Nesses dispositivos, percebemos uma 
série de sanções, inclusive a pena privativa de liberdade, prevista em virtude da 
prática de ilícitos relacionados ao processo licitatório. Estas são as penalidades e 
atos típicos configuradores de crime:
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses 
previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades 
pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade:
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, 
tendo comprovadamente concorrido para a consumação da 
ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, 
para celebrar contrato com o Poder Público.
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação 
ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do 
procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para 
outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da 
licitação:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado 
perante a Administração, dando causa à instauração de 
licitação ou à celebração de contrato, cuja invalidação vier a 
ser decretada pelo Poder Judiciário:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer 
modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, 
em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos 
celebrados com o Poder Público, sem autorização em lei, no 
ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos 
contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem 
19
Visão Geral e Principiológica das Licitações Capítulo 1 
cronológica de sua exigibilidade, observado o disposto no art. 
121 desta Lei: (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 
1994)
Pena - detenção, de dois a quatro anos, e 
multa. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994).
Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado que, 
tendo comprovadamente concorrido para a consumação 
da ilegalidade, obtém vantagem indevida ou se beneficia, 
injustamente, das modificações ou prorrogações contratuais.
Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer 
ato de procedimento licitatório:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em 
procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de 
devassá-lo:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.
Art. 95. Afastar ou procurar afastar licitante, por meio de 
violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem 
de qualquer tipo:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, além 
da pena correspondente à violência.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém ou 
desiste de licitar, em razão da vantagem oferecida.
Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação 
instaurada para aquisição ou venda de bens ou mercadorias, 
ou contrato dela decorrente:
I - elevando arbitrariamente os preços;
II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria 
falsificada ou deteriorada;
III - entregando uma mercadoria por outra;
IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da 
mercadoria fornecida;
V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais onerosa 
a proposta ou a execução do contrato:
Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato com empresa 
ou profissional declarado inidôneo:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que, declarado 
inidôneo, venha a licitar ou a contratar com a Administração.
Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a inscrição 
de qualquer interessado nos registros cadastrais ou promover 
indevidamente a alteração, suspensão ou cancelamento de 
registro do inscrito:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 99. A pena de multa cominadanos arts. 89 a 98 desta 
Lei consiste no pagamento de quantia fixada na sentença e 
calculada em índices percentuais, cuja base corresponderá 
ao valor da vantagem efetivamente obtida ou potencialmente 
auferível pelo agente.
§ 1o Os índices a que se refere este artigo não poderão ser 
inferiores a 2% (dois por cento), nem superiores a 5% (cinco 
por cento) do valor do contrato licitado ou celebrado com 
dispensa ou inexigibilidade de licitação.
§ 2o O produto da arrecadação da multa reverterá, conforme 
20
 Licitação Pública
o caso, à Fazenda Federal, Distrital, Estadual ou Municipal 
(BRASIL, 1993). 
O Supremo Tribunal Federal, em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade, 
já produziu o seguinte entendimento sobre o princípio da moralidade:
“Princípio da moralidade. Ética da legalidade e moralidade. Confinamento 
do princípio da moralidade ao âmbito da ética da legalidade, que não pode ser 
ultrapassada, sob pena de dissolução do próprio sistema [ADI 3.026, rel. min. 
Eros Grau, j. 8-6-2006, P, DJ de 29-9-2006.]”
 
Em outra manifestação o Supremo Tribunal Federal decidiu:
O princípio da moralidade administrativa – enquanto valor 
constitucional revestido de caráter ético-jurídico – condiciona 
a legitimidade e a validade dos atos estatais. A atividade 
estatal, qualquer que seja o domínio institucional de sua 
incidência, está necessariamente subordinada à observância 
de parâmetros ético-jurídicos que se refletem na consagração 
constitucional do princípio da moralidade administrativa. Esse 
postulado fundamental, que rege a atuação do poder público, 
confere substância e dá expressão a uma pauta de valores 
éticos sobre os quais se funda a ordem positiva do Estado
[ADI 2.661 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 5-6-2002, P, DJ de 
23-8-2002.].
 
Em outro julgamento do Supremo Tribunal Federal conseguimos perceber a 
aplicabilidade da moralidade no contexto licitatório:
Edital de concurso público da Corregedoria-Geral de Justiça 
do Estado de Alagoas. Previsão de pontuação aos servidores 
não estáveis, bem como a aprovação em qualquer concurso 
público, sem diferenciação de nível de graduação, desiguala os 
concorrentes, em ofensa ao princípio da isonomia. Ofensa ao 
princípio da publicidade, ao não trazer o nome dos candidatos 
e os respectivos números de inscrição.
[ADI 2.206 MC, rel. min. Nelson Jobim, j. 8-11-2000, P, DJ de 
1º-8-2003.]
Outro destacável princípio é o da publicidade, conforme o qual é 
imprescindível a divulgação dos atos administrativos, para fins de conhecimento 
e fiscalização. A ideia é disseminar a informação, viabilizando-se que os 
destinatários finais de toda a Administração Pública tomem conhecimento dos 
referidos atos. 
Todo ato administrativo deve ser publicado, porque público é a 
Administração que o realiza, só se admitindo sigilo nos casos 
de segurança nacional, investigações policiais ou interesse 
superior da Administração a ser observada em processo 
21
Visão Geral e Principiológica das Licitações Capítulo 1 
devidamente declarado sigiloso [...]. O princípio da publicidade 
dos atos e contratos administrativos, além de assegurar seus 
efeitos externos, visa a propiciar seu conhecimento e controle 
pelos interessados diretos e pelo povo em geral, através 
dos meios constitucionais - mandado de segurança (art. 5º, 
LXIX), direito de petição (art. 5º, XXXIV, “a”), ação popular 
(art.5º LXXIII), habeas data (art. 5º, LXXII), suspensão dos 
direitos políticos por improbidade administrativa (art. 37, §4º) 
(MEIRELLES, 2009, p. 96).
De modo que, deve haver a divulgação dos atos administrativos, pelos 
componentes da administração pública direta ou indireta. Aliás, a divulgação não 
pode se dar em qualquer ambiente, é necessário divulgar notadamente em órgão 
oficial. 
No universo das licitações, a publicidade é vital, pois o edital precisa ser 
divulgado, oportunizando a participação de todos aqueles que preencham os 
pressupostos do certame e queiram participar. Assim, devem ser publicadas 
também eventuais mudanças no edital, sob pena de vício no processo licitatório, 
com o seu correspondente cancelamento. 
Antes de prosseguir, reputamos razoável compreender a importância do 
edital, enquanto procedimento interno, a ser publicizado posteriormente:
O edital é a lei interna da licitação, e, como tal, vincula aos seus 
termos tanto os licitantes com a Administração que o expediu. 
Assim, estabelecidas as regras do certame, tornam-se 
inalteráveis para aquela licitação, durante todo o procedimento. 
Se no decorrer da licitação a Administração verificar sua 
inviabilidade, deverá invalidá-la e reabri-la em novos moldes, 
mas, enquanto vigente o edital ou convite, não poderá desviar-
se de suas prescrições, quer quanto à tramitação, quer quanto 
ao julgamento (MEIRELLES, 2009, p. 277).
Em sua concepção, o que deve ser publicado pela Administração 
Pública, em órgão oficial? Tudo? Somente os fatos relevantes e 
significativos?
22
 Licitação Pública
Há exceções constitucionais de hipóteses que podem restringir a publicidade, 
senão vejamos: a) o artigo 5º, LX, da CF/88 que autoriza a lei restringir a 
publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse 
social o exigirem; b) restrição em razão do sigilo profissional, conforme artigo 5ºda 
Constituição Federal de 1988. 
Em se tratando do princípio da eficiência, podemos identificar que este não 
é fruto do poder constituinte originário, isto é, o princípio em foco foi incorporado 
ao texto constitucional posteriormente ao ano da promulgação da Constituição 
Federal de 1988. De maneira que, a eficiência é fruto do poder constituinte 
derivado reformador, ante a Emenda Constitucional 19 de 1998. 
A eficiência tem como pilar a busca pela prudente alocação de recursos 
públicos, de modo a primar pelos melhores serviços, valendo-se do menor 
comprometimento do recurso. 
A eficiência é princípio nevrálgico no âmbito das licitações, na medida em 
que a Administração Pública haverá de contemplar o particular que oferecer a 
proposta que apresente o melhor preço, conjugado com os melhores serviços. 
FIGURA 2 - EFICIÊNCIA
FONTE: <https://conexaofreelancer.com.br/produtividade/eficiencia-
eficacia-qual-diferenca/>. Acesso em: 25 fev. 2019.
23
Visão Geral e Principiológica das Licitações Capítulo 1 
Certamente a eficiência também está associada ao combate à burocracia, 
que consiste na recorrente prática que desprestigia a celeridade e a razoabilidade. 
A irradiada burocracia transmite um típico quadro de prazos longínquos para a 
resolução de demandas apresentadas perante a administração pública, bem 
como a mobilização de recursos públicos desnecessários. 
Sobre a aplicação da eficiência importa o julgamento do Supremo Tribunal 
Federal, em sede de concursos públicos. Ora, anular questões da prova objetiva de 
concurso, por intermédio do poder judiciário, sobrestando os efeitos do concurso, 
termina por manter a Administração Pública por mais tempo desmuniciada dos 
servidores que tanto carece para a materialização da prevalência dos interesses 
públicos. Nesta seara, se houver a constatação do vício no gabarito, conforme 
a razoabilidade da administração pública (fora do Poder Judiciário), que a 
controvérsia seja dirimida. Este é o julgamento: 
A anulação, por via judicial, de questões de prova objetiva de 
concurso público, com vistas à habilitação para participação 
em fase posterior do certame, pressupõe a demonstração de 
que o impetrante estaria habilitado à etapa seguinte caso essa 
anulação fosse estendida à totalidade dos candidatos, mercê 
dos princípios constitucionais da isonomia, da impessoalidade 
e da eficiência. O Poder Judiciário é incompetente para, 
substituindo-se à banca examinadora de concurso público, 
reexaminar o conteúdo das questões formuladas e os 
critérios de correção das provas, consoante pacificado na 
jurisprudência do STF. [...] ressalvadas as hipóteses em 
querestar configurado, tal como in casu, o erro grosseiro no 
gabarito apresentado, porquanto caracterizada a ilegalidade 
do ato praticado pela administração pública. Sucede que o 
impetrante comprovou que, na hipótese de anulação das 
questões impugnadas para todos os candidatos, alcançaria 
classificação, nos termos do edital, habilitando-o a prestar a 
fase seguinte do concurso, mediante a apresentação de prova 
documental obtida junto à comissão organizadora no exercício 
do direito de requerer certidões previsto no art. 5º, XXXIV, b, da 
CF, prova que foi juntada em razão de certidão fornecida pela 
instituição realizadora do concurso público
[MS 30.859, rel. min. Luiz Fux, j. 28-8-2012, 1ª T, DJE de 24-
10-2012.]
Isso posto, a Administração Pública é coberta de uma série de princípios, 
que deverão ser irradiados, de cunho explícito e implícito, sendo certo que todos 
esses núcleos primam pela criação de parâmetros comportamentais, que hão de 
tutelar os interesses públicos.
 
24
 Licitação Pública
2.2.3 Princípios específicos
O primeiro princípio específico a ser problematizado consiste no princípio 
da vinculação Este princípio pode ser observado no artigo 3º da Lei nº 8.666/93, 
segundo o qual é sabido que o instrumento convocatório vinculará, em primeiro 
plano, a Administração Pública, bem como vinculará os proponentes.
A tendência desta vinculação é que deverá haver estrito respeito aos 
parâmetros contidos no Edital, por isso, todos deverão se submeter ao seu 
conteúdo, evitando-se, salvo em “ultima ratio”, a alteração do conteúdo do edital. 
Literalmente prevê o artigo 3º: 
Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do 
princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta 
mais vantajosa para a administração e a promoção do 
desenvolvimento nacional sustentável e será processada e 
julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da 
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, 
da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao 
instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos 
que lhes são correlatos (BRASIL, 1993). 
 
No final deste artigo ainda é possível extrair mais um princípio, qual seja, o 
julgamento objetivo. A partir deste princípio, o administrador deverá selecionar a 
pessoa mais eficiente, conforme as exigências previstas no edital, devendo haver, 
portanto, elisões a subjetivismos demasiados. Esse entendimento é perceptível 
no artigo 44 e 45 da Lei:
Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão levará em 
consideração os critérios objetivos definidos no edital ou 
convite, os quais não devem contrariar as normas e princípios 
estabelecidos por esta Lei.
§ 1o É vedada a utilização de qualquer elemento, critério ou 
fator sigiloso, secreto, subjetivo ou reservado que possa 
ainda que indiretamente elidir o princípio da igualdade entre 
os licitantes.
§ 2o Não se considerará qualquer oferta de vantagem não 
prevista no edital ou no convite, inclusive financiamentos 
subsidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vantagem 
baseada nas ofertas dos demais licitantes.
§ 3o Não se admitirá proposta que apresente preços 
global ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor 
zero, incompatíveis com os preços dos insumos e salários de 
mercado, acrescidos dos respectivos encargos, ainda que o 
ato convocatório da licitação não tenha estabelecido limites 
mínimos, exceto quando se referirem a materiais e instalações 
de propriedade do próprio licitante, para os quais ele renuncie 
a parcela ou à totalidade da remuneração (Redação dada pela 
Lei nº 8.883, de 1994) [...]
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo 
25
Visão Geral e Principiológica das Licitações Capítulo 1 
a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-
lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios 
previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo 
com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira 
a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de 
controle.
§ 1o Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, 
exceto na modalidade concurso: (Redação dada pela Lei nº 
8.883, de 1994)
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta 
mais vantajosa para a Administração determinar que será 
vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo 
com as especificações do edital ou convite e ofertar o 
menor preço;
II - a de melhor técnica;
III - a de técnica e preço.
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de 
bens ou concessão de direito real de uso (Incluído pela Lei nº 
8.883, de 1994).
§ 2o No caso de empate entre duas ou mais propostas, e após 
obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei, a classificação 
se fará, obrigatoriamente, por sorteio, em ato público, para o 
qual todos os licitantes serão convocados, vedado qualquer 
outro processo (BRASIL, 1993). 
 
Não podemos ignorar, de modo algum, o princípio da igualdade, conforme 
o qual não pode haver qualquer tipo de discriminação entre os licitantes, nem 
tampouco o favorecimento a qualquer tipo de proponentes, por isso, é mister que a 
comissão de licitação se porte de modo a prestigiar a imparcialidade, elegendo-se 
a melhor proposta. A essência da licitação, assim, é a de fomentar a concorrência. 
O princípio da igualdade pode ser percebido flagrantemente no artigo 3º, em seu 
parágrafo primeiro, da Lei 8.666/1993:
É vedado aos agentes públicos:
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, 
cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou 
frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de 
sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou 
distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos 
licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou 
irrelevante para o específico objeto do contrato [...].
II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial, 
legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra, entre 
empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se refere 
a moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo quando 
envolvidos financiamentos de agências internacionais [...] 
(BRASIL, 1993).
 
26
 Licitação Pública
Segundo Zanella Di Pietro:
O princípio da igualdade constitui um dos alicerces da 
licitação, na medida em que esta visa, não apenas permitir à 
Administração a escolha da melhor proposta, como também 
assegurar igualdade de direitos a todos os interessados em 
contratar. Esse princípio, que hoje está expresso no artigo 37, 
XXI, da Constituição, veda o estabelecimento de condições 
que impliquem preferência em favor de determinados licitantes 
em detrimentos dos demais (DI PIETRO, 2008, p. 336).
Outro princípio específico é o a da adjudicação compulsória. Adjudicação, 
no cenário das licitações, denota consequência, isto é, trata-se do contrato a ser 
celebrado, ante o êxito logrado no certame. Dessa maneira, por conseguinte ao 
desfecho do processo de licitação, outra sorte não restará senão a celebração do 
contrato. 
Por conta da incidência deste princípio, há que se respeitar a ordem 
classificatória, vale dizer, a Administração Pública não poderá frustrá-la, não 
poderá, portanto, convocar empresas classificadas em posições diversas ao 
primeiro lugar em detrimento da pessoa vitoriosa no certame. Por reflexo, se 
houver a celebração de contrato com pessoa diversa daquela vitoriosa, 
que sequer participou do certame, gerará o efeito de nulidade, isto é, tratar-se-á 
de um defeito grave. Nesse sentido, vejamos o artigo 50 da Lei 8.666/1993: 
“a Administração não poderá celebrar o contrato com preterição da ordem 
de classificação das propostas ou com terceiros estranhos ao procedimento 
licitatório, sob pena de nulidade” (BRASIL, 1993). Na visão de Di Pietro:
Em verdade, a expressão adjudicação compulsória é 
equívoca, porque pode dar a ideia de que, uma vez concluído 
o julgamento, a Administraçãoestá obrigada a adjudicar; isto 
não ocorre, porque a revogação motivada pode ocorrer em 
qualquer fase da licitação. Tem-se que entender o princípio no 
sentido de que, se a Administração levar o procedimento a seu 
termo, a adjudicação só pode ser feita ao vencedor; não há um 
direito subjetivo à adjudicação quando a Administração opta 
pela revogação do procedimento (DI PIETRO, 2008, p. 343). 
De modo a ilustrar ainda mais esta discussão sobre revogação, traremos 
uma importante interpretação do Supremo Tribunal Federal, segundo o qual a 
revogação seria motivada e amparada no interesse público:
É lícito à administração pública, com base em fatos 
supervenientes configuradores do interesse público, 
revogar motivadamente, mas sem audiência dos concorrentes 
habilitados, procedimento de licitação antes do início da fase 
de qualificação das propostas [RMS 24.188, rel. min. Cezar 
Peluso, j. 14-8-2007, 2ª T, DJ de 14-9-2007.]
27
Visão Geral e Principiológica das Licitações Capítulo 1 
1 Disserte sobre os princípios implícitos e explícitos, diferenciando 
os princípios genéricos dos princípios específicos. 
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
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____________________________________________________
____________________________________________________
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____________________________________________________
 No processo licitatório também emergem os princípios da competição 
e da fiscalização. A partir desses núcleos é possível extrair que é imprescindível 
a instigação à competição, por meio da disseminação da informação e por 
meio da apresentação de plúrimas propostas, de tal modo que se viabilize a 
comparação de propostas e a seleção da proposta mais satisfatória para o 
atendimento das expectativas coletivas. Ademais, partindo-se da proposição de 
que a Administração Pública pratica atividades que convergem aos interesses 
públicos, mister é legitimar aos cidadãos a ciência dos atos praticados, bem como 
é necessário instaurar a possibilidade de questionamentos acerca de máculas ou 
vícios do processo. O dispositivo que contempla o princípio da fiscalização pode 
ser visto no artigo 4º da Lei 8.666/1993, com amparo no qual:
Art. 4o Todos quantos participem de licitação promovida pelos 
órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º têm direito 
público subjetivo à fiel observância do pertinente procedimento 
estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidadão acompanhar 
o seu desenvolvimento, desde que não interfira de modo a 
perturbar ou impedir a realização dos trabalhos.
Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto nesta lei 
caracteriza ato administrativo formal, seja ele praticado em 
qualquer esfera da Administração Pública (BRASIL, 1993).
Portanto, a Lei 8.666 de 1993 tem como propósito a instigação da 
concorrência, isto é, o desígnio de estimular e fomentar a competição, desse 
modo, a licitação pública lida, inelutavelmente, com os interesses públicos, motivo 
pelo qual, não há como furtar do cidadão da legitimidade fiscalizatória. 
28
 Licitação Pública
3 MODALIDADES DE LICITAÇÃO 
PÚBLICA 
Antes de um discurso específico infraconstitucional, é bom lembrar que a 
Constituição Federal traz previsões importantes sobre Licitação:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer 
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal 
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência 
e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 19, de 1998) 
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as 
obras, serviços, compras e alienações serão contratados 
mediante processo de licitação pública que assegure 
igualdade de condições a todos os concorrentes, com 
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, 
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, 
o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica 
e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das 
obrigações (BRASIL, 1988).
A Lei 8.666/93 preceitua em seu artigo 22 as modalidades de licitação. Este 
dispositivo revela um rol taxativo, conforme o artigo 8º, posto que não serão 
praticadas modalidades diversas às modalidades elencadas. São modalidades: 
concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão.
Não obstante o aparente rol taxativo, não podemos ignorar a superveniência 
da Lei 10.520/2002, a partir da qual foi instaurada nova modalidade, que consiste 
no pregão, que (formatos presencial ou eletrônico). Para melhor entendimento 
invocamos os preceitos:
Art. 22. São modalidades de licitação:
I - concorrência;
II - tomada de preços;
III - convite;
IV - concurso;
V - leilão (BRASIL, 1993).
29
Visão Geral e Principiológica das Licitações Capítulo 1 
FIGURA 3 – O QUE É LICITAÇÃO?
FONTE: <https://portal.conlicitacao.com.br/o-que-e-licitacao/>. Acesso em: 25 fev. 2019.
Como no primeiro momento fizemos uma análise de princípios, agora 
vejamos a aplicabilidade destes princípios em casos concretos, conforme a 
interpretação do Supremo Tribunal Federal: 
A licitação é um procedimento que visa à satisfação do interesse 
público, pautando-se pelo princípio da isonomia. Está voltada 
a um duplo objetivo: o de proporcionar à administração a 
possibilidade de realizar o negócio mais vantajoso – o melhor 
negócio – e o de assegurar aos administrados a oportunidade 
de concorrerem, em igualdade de condições, à contratação 
pretendida pela administração. [...] Procedimento que visa à 
satisfação do interesse público, pautando-se pelo princípio 
da isonomia, a função da licitação é a de viabilizar, através 
da mais ampla disputa, envolvendo o maior número possível 
de agentes econômicos capacitados, a satisfação do interesse 
público. A competição visada pela licitação, a instrumentar a 
seleção da proposta mais vantajosa para a administração, 
impõe-se seja desenrolada de modo que reste assegurada a 
igualdade (isonomia) de todos quantos pretendam acesso às 
contratações da administração. A conversão automática de 
permissões municipais em permissões intermunicipais afronta 
a igualdade – art. 5º –, bem assim o preceito veiculado pelo 
art. 175 da Constituição do Brasil. [...] Afronta ao princípio da 
isonomia, igualdade entre todos quantos pretendam acesso às 
contratações da administração. [ADI 2.716, rel. min. Eros Grau, 
j. 29-11-2007, P, DJE de 7-3-2008.]= RE 607.126 AgR, rel. min. 
Cármen Lúcia, j. 2-12-2010, 1ª T, DJE de 1º-2-2011]. 
Pelas razões alegadas, existem seis modalidades de licitação pública, 
motivo pelo qual, a depender das singularidades que pairam sobre a contratação, 
a administração pública deverá selecionar a modalidade adequada. Estamos, 
portanto, trabalhando o rito para a contratação pública. Importa somar que nem 
sempre será exigível o processo de licitação para fins de contratação, salvo 
exceções legais, conforme estudaremos nos capítulos subsequentes. 
A primeira modalidade a ser invocada consiste na concorrência, que 
30
 Licitação Pública
conforme o artigo 22, §1º da Lei 8.666/93, terá o seguinte conteúdo: “Concorrência 
é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de 
habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação 
exigidos no edital para execução de seu objeto” (BRASIL, 1993).
 
Conforme Carvalho Filho (2018, p. 315), há as modalidades nacional e 
internacional no contexto da concorrência:
Há dois tipos básicos de concorrência: a nacional e a 
internacional. A primeira é a realizada para as empresas 
nacionais dentro do território do país. A internacional é aquela 
da qual podem participar empresas estrangeiras.Pela peculiaridade da concorrência internacional, admite a 
lei que o edital se amolde às diretrizes da política monetária 
e do comércio exterior, atendendo às exigências dos órgãos 
administrativos (art. 42). Esse tipo de licitação serve, 
principalmente, para contratações vultosas, ou de produtos 
específicos, para os quais seja insuficiente o mercado interno 
(grifo nosso).
Num primeiro tempo, a concorrência tem lugar em hipóteses de contratações 
cujos valores são elevados (existem faixas de valor diferenciadas entre obras e 
serviços de engenharia versus compra e serviços), todavia, não será mensurado 
apenas o valor, mas, também o objeto. Relevante é acrescentar que os elevados 
valores justificadores da concorrência, por reflexo, hão de exigir maior publicidade. 
Concorrência é a modalidade de licitação adequada a 
contratações de grande vulto. O Estatuto estabelece duas 
faixas de valor: uma, para obras e serviços de engenharia, 
e outra para compras e serviços (art. 23, I, “c”, e II, “c”). A 
partir de tais limites, a contratação exigirá a concorrência Se 
contratante for um consórcio público, as faixas de valor serão 
alteradas: o dobro, em se tratando de consórcio formado por 
até três entidades federativas, e o triplo, no caso de número 
superior de pactuantes (art. 23, § 8o, do Estatuto, com a 
alteração da Lei no 11.107/2005, que regula os consórcios 
públicos). Exatamente porque os recursos financeiros a serem 
empregados pela Administração são mais elevados, essa 
modalidade é a que apresenta, em seu procedimento, maior 
rigor formal e exige mais ampla divulgação. Por isso, dela 
podem participar quaisquer interessados que demonstrem 
possuir os requisitos mínimos de qualificação fixados no edital 
(art. 22, I e § 1o, do Estatuto) (CARVALHO FILHO, 2018, p. 
315).
Como sustentamos, para saber se estaremos diante ou não de uma 
concorrência, não é ponderado tão apenas o valor, mas, também é analisado o 
objeto. Segundo Di Pietro (2018), obrigatória será a concorrência nas seguintes 
hipóteses:
31
Visão Geral e Principiológica das Licitações Capítulo 1 
1 Compra e alienação de bens imóveis, qualquer que seja o seu valor, 
ressalvado o disposto no art.19, que admite concorrência ou leilão para 
alienação de bens adquiridos em procedimentos judiciais ou mediante 
dação em pagamento.
2 Concessões de direito real de uso.
3 Licitações internacionais, com a ressalva para a tomada de preço e para 
convite, na hipótese do §3º do art.23.
4 Para o registro de preços (art.15, §3º, I), ressalvada a possibilidade de 
utilização do pregão, conforme artigos 11 e 12 da Lei 10.520/2002.
5 Para venda de bens móveis de valor superior ao previsto no art. 23, II, 
(art. 17, § 6º). 
 
Por fim, conforme o artigo 23, da Lei 8.666/1993 será cabível a concorrência 
quando o valor da licitação for além do importe de um milhão e meio de reais, bem 
como, nos termos da Lei 11.284 de 2006, será exigível a concorrência quando 
estivermos diante da contratação de concessões florestais. 
Ao mergulhar no mesmo artigo 23, parágrafo quinto, da Lei 8.666/1993, 
encontramos outra hipótese de concorrência, que consistiria numa análise de 
valores: 
§ 5o É vedada a utilização da modalidade "convite" ou "tomada 
de preços", conforme o caso, para parcelas de uma mesma 
obra ou serviço, ou ainda para obras e serviços da mesma 
natureza e no mesmo local que possam ser realizadas 
conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório 
de seus valores caracterizar o caso de "tomada de 
preços" ou "concorrência", respectivamente, nos termos 
deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica 
que possam ser executadas por pessoas ou empresas de 
especialidade diversa daquela do executor da obra ou serviço 
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) (BRASIL, 1993).
Em termos doutrinários, também não podemos ignorar a especificidade 
técnica, nos termos do artigo 23, parágrafo quarto, da Lei de Licitações, com 
amparo na qual poderá haver substituição da modalidade convite ou tomada de 
preço. Verifiquemos o teor desse dispositivo: “nos casos em que couber convite, 
a Administração poderá utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, a 
concorrência” (BRASIL, 1993).
A outra modalidade descrita na Lei de Licitação é a tomada de preços, que 
está preceituada no artigo 22, § 2º da Lei 8.666/93, nos seguintes termos: 
“É a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou 
que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro 
dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária 
qualificação (BRASIL, 1993)”.
32
 Licitação Pública
A tomada de preços é a modalidade de licitação exigida para 
contratações de médio vulto econômico, assim definido no 
art. 23, I, “b”, e II, “b”, da Lei 8.666/1993: a) obras e serviços 
de engenharia: valor até R$ 1.500.000,00; e b) compras 
e demais serviços: valor até R$ 650.000,00. No caso de 
consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro desses valores 
quando formado por até três entes da Federação, e o 
triplo, quando formado por maior número (art. 23, § 8.º, 
da Lei 8.666/1993). De acordo com o art. 22, § 2.º, da Lei 
de Licitações, podem participar da tomada de preços os 
“interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a 
todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro 
dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a 
necessária qualificação” (OLIVEIRA, 2016, p. 438). 
Esta modalidade de licitação pública levará em conta os critérios do valor 
estimado para a contratação do serviço, obra ou compras. Em verdade, trata-se 
da modalidade que terá lugar quando estivermos diante de contratos de valores 
intermediários entre licitantes previamente habilitados, sendo: para obras e 
serviço de engenharia, cujos valores sejam maiores do que cento e cinquenta 
mil até o limite de um milhão e quinhentos mil. Por outro lado, para compras e 
serviços, quando estivermos diante de valores que transitem entre o importe de 
oitenta mil até o limite de seiscentos e cinquenta mil. 
Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os 
incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em função 
dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado da 
contratação:
I - Para obras e serviços de engenharia: (Redação dada 
pela Lei nº 9.648, de 1998) (Vide Decreto nº 9.412, de 2018) 
(Vigência)
a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais); 
(Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) (Vide Decreto nº 
9.412, de 2018) (Vigência)
b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e 
quinhentos mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 
1998) (Vide Decreto nº 9.412, de 2018) (Vigência)
c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e 
quinhentos mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 
1998) (Vide Decreto nº 9.412, de 2018) (Vigência)
II - Para compras e serviços não referidos no inciso anterior: 
(Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) (Vide Decreto nº 
9.412, de 2018) (Vigência)
a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); (Redação 
dada pela Lei nº 9.648, de 1998) (Vide Decreto nº 9.412, de 
33
Visão Geral e Principiológica das Licitações Capítulo 1 
2018) (Vigência)
b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e 
cinquenta mil reais); (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 
1998) (Vide Decreto nº 9.412, de 2018) (Vigência)
c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e 
cinquenta mil reais). (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 
1998) (Vide Decreto nº 9.412, de 2018) (Vigência) (BRASIL, 
1993).
Importa deixar claro aos interlocutores que a tomada de preços também terá 
relevância diante do critério da exclusividade:
Enquanto na exclusividade absoluta a licitação é sempre 
inexigível, na exclusividade relativa, a inexigibilidade 
depende da análise da praça comercial em que a 
contratação será realizada. Na definição da praça comercial, 
para finsde exclusividade relativa, depende da modalidade 
de licitação exigida em razão do vulto do contrato: a) convite: 
único fornecedor na localidade; b) tomada de preços: único 
fornecedor no registro cadastral; e c) concorrência: único 
fornecedor no país (OLIVEIRA, 2016, p. 433).
 Por fim, é importante sustentar sobre esta modalidade que o registro 
cadastral é de suma importância, e seguirá um verdadeiro rito, devendo observar 
uma série de pressupostos. Senão vejamos:
As características básicas do registro cadastral podem 
ser assim enumeradas: a) deve ser atualizado, no mínimo, 
anualmente e deverá estar permanentemente aberto aos 
interessados (art. 34, § 1.º, da Lei de Licitações); b) é facultado 
às unidades administrativas utilizarem-se de registros 
cadastrais de outros órgãos ou entidades da Administração 
Pública (art. 34, § 2.º); c) os inscritos serão classificados por 
categorias, tendo-se em vista sua especialização, subdivididas 
em grupos, segundo a qualificação técnica e econômica 
avaliada pelos elementos constantes da documentação 
relacionada nos arts. 30 e 31 da Lei de Licitações (art. 36); 
d) os cadastrados receberão certificado de cadastramento 
(Certificado de Registro Cadastral), renovável sempre que 
atualizarem o registro (art. 36, § 1.º). Em âmbito federal, o 
Decreto 3.722/2001 dispõe sobre o Sistema de Cadastramento 
Unificado de Fornecedores (SICAF) (OLIVEIRA, 2016, p. 438).
É flagrante que em todas as modalidades avaliadas até o presente momento 
há um critério básico que sempre se fez presente, referimo-nos precisamente ao 
valor. Nesta modalidade não será diferente, por certo também levará em conta o 
critério “valor”.
34
 Licitação Pública
Primeiramente o convite é hipótese licitatória mais simplificada 
procedimentalmente. Aliás, há uma flexibilização procedimental e de publicidade, 
neste tipo, a publicidade se dá em razão da chamada “carta convite”, que a 
Administração Pública endereçará aos proponentes, que realizem atividades 
concernentes ao objeto do certame. Felizmente as obras de maior vulto não são 
objeto de convite, posto que aqui estamos a defender a aplicabilidade dos demais 
princípios da Administração Pública.
Habitualmente a presente modalidade, como dissemos, é peculiar aos 
certames cujo valor seja a menor, quando comparamos com as modalidades 
comentadas anteriormente. De modo específico, será cabível a modalidade 
convite nos contratos de engenharia ou em obra (em até cento e cinquenta mil ou 
oitenta mil nos outros contratos). 
 Segundo Carvalho Filho (2018, p. 316):
A modalidade de convite é a que comporta menor formalismo, 
e isso porque se destina a contratações de menor vulto (as 
faixas de valor estão no art. 23, I, “a”, e II, “a”). Relembramos 
aqui o que dissemos para as modalidades anteriores: as faixas 
de valor são computadas em dobro, no caso de consórcios 
públicos com o máximo de três pactuantes e, em triplo, se for 
maior a quantidade dos consorciados (art. 23, § 8º, Estatuto).
Nessa modalidade, não há edital. O instrumento convocatório 
denomina-se carta-convite, e é nesta que são colocadas, 
sucintamente, as regras da licitação. As cartas-convite 
são remetidas, no mínimo, a três interessados no ramo a 
que pertence o objeto do contrato, os quais são livremente 
escolhidos pelo administrador, entre empresas cadastradas ou 
não.
O modus procedendi do convite, sem a menor dúvida, 
rende maior ensejo a atos de improbidade de alguns maus 
administradores. Por isso, alguns órgãos têm exercido maior 
controle sobre essa modalidade, quando não a substituem 
pela tomada de preços, na qual a publicidade é mais ampla 
e menos dirigida. Apesar de tudo, permite maior mobilidade e 
celeridade na seleção.
A previsão desta modalidade pode ser vista no artigo 22, § 3º da Lei 8.666/93: 
Convite é a modalidade de licitação entre interessados do 
ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos 
e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade 
administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do 
instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados 
na correspondente especialidade que manifestarem seu 
interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas 
da apresentação das propostas (BRASIL, 1993). 
35
Visão Geral e Principiológica das Licitações Capítulo 1 
É possível extrair deste dispositivo que a carta convite, para se configurar, 
necessita envolver no mínimo três licitantes capacitados para a disputa do 
certame. Porém, é possível, em última instância, que não haja a observância 
deste número mínimo. Estamos nos referindo, conforme o parágrafo sétimo, 
do artigo 22, a motivos relevantes, ou mesmo o desinteresse dos convidados. 
Invoquemos o dispositivo:
§ 7o Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos 
convidados, for impossível a obtenção do número mínimo de licitantes exigidos 
no § 3o deste artigo, essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas 
no processo, sob pena de repetição do convite (BRASIL, 1993).
É prudente também transmitir que o § 6º preceituou a possibilidade de haver 
mais de um cadastrado na praça, para o objeto a ser licitado. 
Portanto, não podemos, de modo algum, ignorar que eventualmente pode 
ocorrer de não existiremos três pessoas aptas a serem convidadas no tocante ao 
objeto previsto na licitação. Nesta feita, será necessário justificar as razões pelas 
quais não houver o número de no mínimo três convidados. Esse é o entendimento 
contido no parágrafo sexto, do artigo 22, da Lei 8.666/1993, que prestigia a 
moralidade, a legalidade e a publicidade, de modo explícito:
§ 6o Na hipótese do § 3o deste artigo, existindo na praça 
mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo convite, 
realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o 
convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem 
cadastrados não convidados nas últimas licitações (Redação 
dada pela Lei nº 8.883, de 1994).
A próxima modalidade a ser comentada é o concurso. Trata-se de um tipo 
de licitação, cujo propósito não é outro senão uma contratação de natureza 
personalíssima. Esse o entendimento que pode facilmente ser extraído de uma 
autêntica leitura do § 4º da Lei 8.666/93, que prevê: 
Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer 
interessados para escolha de trabalho técnico, científico 
ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou 
remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes 
de edital publicado na imprensa oficial com antecedência 
mínima de 45 (quarenta e cinco) dias (BRASIL, 1993). 
O concurso se dá nas hipóteses de escolha de trabalho técnico, científico ou 
artístico. Àquele que obtiver êxito será destinado um prêmio ou remuneração. 
Concurso é a modalidade de licitação destinada à escolha de 
trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição 
de prêmio ou remuneração. O concurso deve ser anunciado 
36
 Licitação Pública
por meio de edital, com ampla divulgação, com prazo mínimo 
de 45 (quarenta e cinco) dias. O concurso se exaure com 
a classificação dos trabalhos e a entrega do prêmio ou 
pagamento da remuneração, não conferindo qualquer direito a 
contrato com a Administração (PIRES, 2013, p. 41).
A expressão “concurso” é polissêmica, seus vários sentidos se dão em 
distintos contextos. Sobre essa diversidade de sentidos, os nossos leitores devem 
estar se perguntando: Concurso não é aquele fenômeno que tem o objetivo 
de preencher vagas no âmbito público, destinando, por conta da investidura, o 
ingresso do aprovado na condição de servidor público? Em verdade, embora a 
expressão seja a mesma, não devemos confundir concurso previsto nesta Lei 
versus o concurso público de provas e/ou títulos. Afinal, o concurso público 
tem o objetivo de preencher vagas no âmbito público, sendo certo que o servidor 
público terá, como regra, a continuidade de seu vínculo perante a Administração 
Pública. Por esse motivo, o autordo melhor trabalho personalíssimo não terá um 
vínculo contínuo com o Estado, por isso, (Lei 8666/1993) não será um servidor 
público. 
Há mais uma modalidade que não podemos nos furtar, referimo-nos ao 
Leilão: O Leilão, de modo explicito, diferencia-se das demais modalidades, uma 
vez que a intenção da Administração consiste basicamente em alienar bens, 
diferentemente das outras modalidades, afinal estas carregam consigo a intenção 
de contratar sujeitos a prestarem um serviço perante a Administração Pública. 
Trata-se de uma modalidade que se presta a vender bens móveis inservíveis, 
legalmente penhorados ou apreendidos, que se ampararam em procedimento 
judicial ou dação em pagamento. 
Prescreve o artigo 22,§ 5º da Lei 8.666/93 que:
Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados 
para a venda de bens móveis inservíveis para a administração 
ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou 
para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem 
oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação 
(BRASIL, 1993). 
Como conhecido, o julgamento do Leilão consistirá em verificar o maior 
lance, entre todos os interessados, sem a obrigatoriedade da fase de habilitação. 
[...] o concurso e o leilão são modalidades especiais de 
licitação, para as quais os valores indicados não são aplicáveis. 
[...] O substitutivo da Comissão de Assuntos Econômicos 
do Senado ao projeto de lei de janeiro de 2007 estende a 
utilização do leilão aos casos de alienação de imóveis em geral 
e estabelece para ele a mesma sistemática de processamento 
do pregão, com propostas escritas fechadas e lances verbais, 
37
Visão Geral e Principiológica das Licitações Capítulo 1 
1 Disserte sobre os principais pontos caracterizadores e 
diferenciadores da modalidade convite. 
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
mas o leilão não é exclusivo desses tipos de alienações. 
Além de próprio para as privatizações de empresas e para 
a desestatização de serviços públicos, pode ser utilizado, 
também, nas licitações para outorga de concessão de 
aproveitamentos hidrelétricos [...]. Atualmente, o leilão vem 
sendo adotado, também, para as licitações de concessões 
de serviços públicos de transmissão de energia elétrica 
(CALASANS JÚNIOR, 2015, p. 53).
Acerca dos procedimentos dessa licitação, assim elucida a doutrina:
Nessa modalidade licitatória, tendo sido arrematado o bem, o 
pagamento é à vista ou a curto prazo e a entrega é imediata, 
razão pela qual pode ser dispensada a habilitação prévia (art. 
32, § 1.º). Cada lote será vendido àquele que ofertar o maior 
lance, que não poderá ser inferior ao valor estabelecido na 
avaliação. Os bens são ofertados e vendidos no estado e 
nas condições em que se encontram, não sendo aceitas 
reclamações posteriores à arrematação, inclusive com relação 
a eventuais defeitos ou vícios ocultos, tendo em vista a 
oportunidade do arrematante de vistoriar o bem. A retirada do 
bem pelo arrematante dependerá da apresentação da Nota 
de Venda emitida pelo leiloeiro e, em caso de o pagamento 
ser em cheque, da sua compensação, sendo do arrematante 
a responsabilidade pelo carregamento e o transporte do bem 
(COUTINHO; RODOR, 2015).
Importa informar que pregão também é modalidade de licitação, contudo, 
conforme o plano de desenvolvimento, será objeto de análise no próximo capítulo. 
38
 Licitação Pública
Crise Econômica e seus reflexos sobre o Direito Administrativo, 
as Licitações e os Contratos Administrativos
ANO 2015 NUM 45
Joel de Menezes Niebuhr (SC)
Advogado. Doutor em Direito Administrativo pela PUC/SP. Mestre 
em Direito pela UFSC. Professor de cursos de pós-graduação. Ex-
Presidente do Instituto de Direito Administrativo de Santa Catarina.
Não quero escrever sobre crise econômica, deixo o assunto para os 
economistas. Parto da crise econômica para tratar dos reflexos dela 
sobre o Direito Administrativo e, especialmente, sobre as licitações 
públicas e contratos administrativos. Mesmo os mais otimistas 
cogitam que a crise econômica talvez não seja vencida num par 
de anos. Daí que as instituições precisam adaptar-se a ela, rever 
conceitos, fazer mais com menos, pensar em novos modelos e em 
novas formas e fontes de financiamento.
Tenho sentido que os debates, congressos e fóruns sobre 
Direito Administrativo passam à distância da crise econômica, 
praticamente em processo de negação. Espero estar errado, porém 
a crise econômica, se mostrar-se tão grave quanto penso que é, vai 
transformar a Sociedade e o Estado brasileiro, por consequência, 
a Administração Pública e o Direito Administrativo. De um jeito ou 
de outro, mais ou menos doloroso, as coisas vão mudar, o Direito 
Administrativo também vai mudar. É melhor debater os seus reflexos, 
sugerir os melhores caminhos do que adotar uma postura passiva, 
deixar que as coisas aconteçam. A comunidade acadêmica pode e 
deve contribuir para que sejam encontradas as melhores soluções. 
Não se trata de curvar o Direito Administrativo à economia. Trata-
se apenas de reconhecer que a economia, sobretudo em período de 
tanta escassez, afeta o Direito Administrativo.
Dizem que a crise traz oportunidades. Tomara que, diante das 
dificuldades, consigamos resolver alguns problemas históricos e 
modernizar o Direito Administrativo, criando ambiente com segurança 
jurídica e com instrumentos efetivos para que a Administração 
Pública contribua para a retomada do crescimento.
Tenho dedicado os meus estudos às licitações e aos contratos 
administrativos. Nos próximos meses, ocuparei o meu espaço neste 
site para tratar dos reflexos da crise econômica sobre as licitações e 
39
Visão Geral e Principiológica das Licitações Capítulo 1 
os contratos administrativos.
As licitações e contratos administrativos andam muito mal. As 
vezes, tenho a impressão que está tudo errado. Num plano geral, 
a Administração contrata bens de baixa qualidade, paga preços 
superiores aos praticados no mercado privado, há muitos casos de 
corrupção e a Administração costuma ser muito lenta. 
Os agentes administrativos que trabalham com licitações sentem-
se inseguros, desconfortáveis e com medo. Diante disso, não criam, 
não inovam, fazem o mesmo do mesmo. As empresas privadas, que 
participam das licitações, têm um rosário de reclamações, que passa 
por insegurança, inadimplemento, falta de medidas efetivas para 
fazer valer os seus direitos e demora por parte da Administração 
para providências como medições, reajustes e aditivos.
Há muito o que fazer em licitações e contratos administrativos. 
De acordo com o Ministério do Planejamento, os contratos 
administrativos consomem dezenas de bilhões de reais por ano. 
Algumas correções pontuais podem gerar economia substancial de 
recursos públicos. Economia de 10% ou 20% representa bilhões, 
que possibilitará a manutenção ou mesmo o incremento do nível de 
atendimento à população.
Na minha coluna do mês passado, critiquei a Lei nº 8.666/93 e, de 
modo geral, a legislação sobre licitações e contratos administrativos. 
O ideal seria que fizéssemos, de uma vez por todas e com agilidade, 
uma discussão séria e técnica, vocacionada à criação de uma nova 
lei sobre licitações e contratos administrativos, que fosse mais 
moderna, racional, sistêmica, menos burocrática (no seu sentido 
negativo) e formalista, com a previsão de instrumentos para que a 
Administração Pública seja mais eficiente e eficaz. Confesso, no 
entanto, que já não tenho muitas esperanças que isso ocorra num 
curto ou médio espaço de tempo, dado que a crise também é política. 
Então, premido pela realidade, andarei

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