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Ivilly Dayana Aguiar Reis - 2021/1 Saúde do idoso - habilidades Delirium -É uma síndrome neurocomportamental; -Causa: comprometimento transitório da atividade cerebral; - tem curso flutuante; - sintomas: alterações no nível de consciência, redução da habilidade de focalizar sustentar ou desviar a atenção, comprometimento global das funções cognitivas: principalmente da memória da percepção e da linguagem, alterações do ciclo sono-vigília; - precipitado por uma alteração aguda do estado de saúde complicação mais frequente de hospitalização de idosos; Fatores de risco: envelhecimento e comprometimento cognitivo; -associado ao aumento da morbimortalidade - quase sempre com etiologia multifatorial -taxa de mortalidade hospitalar varia de 25 a 33% - o delírio é a presença de convicções irreais- sintoma comum de doenças neuropsiquiátricas como o delirium; - marcador de doença orgânica, de baixa reserva funcional do paciente, indica mau prognóstico, maior incidência de complicações clínicas cirúrgicas, maior tempo de permanência hospitalar e pior recuperação funcional, preditor de demência. Incidência e prevalência -Pouco detectado na prática clínica; -30 a 70% dos casos não são diagnosticados; -taxas de ocorrências são difíceis de serem estimadas; -prevalência de 1% em idosos vivendo na comunidade e de 9 a 16% dos institucionalizados; -idosos admitidos em unidades de urgência de 10 a 40% e a incidência de 20 a 50% entre os que permanecem hospitalizados; -ocorrência de delirium no pós-operatório imediato varia de 10 a 52% as taxas mais altas de 70 a 87% são vistas em UTI; -80% dos pacientes em fase terminal podem apresentar delirium antes do óbito; Fisiopatologia -Ainda incompreendido do ponto de vista fisiopatológico; -não existe uma via patogênica final comum para o delirium é visto como um sintoma final comum de uma variedade de anormalidades neuroquímicas específicas para cada situação; -parece ter origem em disfunções corticais e subcorticais afetando diversos sistemas neurotransmissores; -apresenta maior incidência nos portadores de demência em especial o Alzheimer e nas diversas doenças que afetam os núcleos basais; -nos idosos delirium anticolinérgico pode ocorrer durante o uso de doses terapêuticas de medicamentos não suspeitos; -síntese de acetilcolina é vital para a manutenção da homeostasia do sistema colinérgico, hipóxia, hipoglicemia e deficiência de tiamina reduzem de forma importante a síntese de acetilcolina, logo esses fatores são também reconhecidos precipitantes de delirium; -os sistemas noradrenérgico, serotoninérgico e gabaérgico participam em determinados tipos de delirium e a hiperatividade adrenérgica e serotoninérgica são notórios os pacientes que apresentam delirium secundário ao uso de antidepressivos tricíclicos; -sistema gabaérgico central com função depressora tem papel importante no delirium da insuficiência hepática avançada, neste tipo uma substância endógena semelhante aos benzodiazepínicos acumulando plasma exerce seus efeitos aumentando a atividade gabaérgica causando sonolência, apatia e torpor; -abstinência do uso crônico de benzodiazepínicos ou barbitúricos pode causar delirium hiperativo com agitação, tremores, hipersensibilidade a estímulos sensoriais; Critério diagnóstico: -O diagnóstico é clínico e se baseia na observação cautelosa das manifestações psíquicas e comportamentais além da análise de fatores predisponentes e precipitantes; Critérios diagnósticos de delirium pelo DSM-VI: A- distúrbio da consciência, isto é, - percepção do ambiente, com diminuição da capacidade de concentrar, manter ou desviar a atenção; B- alteração na cognição (tal como déficit de memória, desorientação, distúrbio de linguagem) ou desenvolvimento de distúrbio na percepção, não é explicado por uma demência preexistente, estabelecida ou em evolução; 1 Ivilly Dayana Aguiar Reis - 2021/1 C- início agudo e curso flutuante. os distúrbios surgem no decorrer de um período curto ( geralmente horas a dias) e tendem a flutuar durante o dia; D- causa médica. evidências na anamnese, exame físico ou exames laboratoriais indicam que o distúrbio é causado pela consequência fisiológica direta de uma afecção clínica geral Condições favoráveis ao surgimento de delirium -pode surgir no paciente muito vulnerável como um idoso gravemente enfermo ou com demência depois de uma agressão relativamente benigna como uma dose única de benzodiazepínico; -e pode surgir no paciente não vulnerável, relativamente resistente e o delirium só vai surgir depois exposição a múltiplas agressões que podem ter efeitos cumulativos; -a busca da etiologia multifatorial é importante porque a retirada ou tratamento de um fator isolado geralmente não é suficiente para resolver o problema; Fatores predisponentes -demência ou outro déficit cognitivo prévio; -doença básica grave; -comorbidades associadas a polifarmacoterapia (principalmente no uso de drogas com ação anticolinérgica, anti-histamínica, sedativo-hipnóticos ou narcóticos que conferem risco 2 a 3 vezes mais alto de desenvolvimento do delirium); - déficit funcional; - idade avançada; - insuficiência renal crônica; -desidratação e desnutrição; - deficiências da visão ou da audição; - demência é um fator de risco importante e consistente, risco aumentado em 2 a 5 vezes; - 30 a 50% dos pacientes que deliram tem demência subjacente; ● Déficit visual > 20/70 ● Desidratação (uréia/creatinina≤18) ● Déficit cognitivo ( MMSE<24) ● Doença grave (APACHE>16) Fatores precipitantes -em até 40% dos casos a causa corrigível mais comum é o uso de medicamentos; -infecção oculta também é uma causa importante; -O IAM ou a insuficiência cardíaca congestiva podem se manifestar por delirium sem os sintomas habituais de precordialgia ou dispneia; -outros fatores precipitantes são: insuficiência de qualquer sistema orgânico em especial a insuficiência renal ou hepática, respiratória oculta, a hipoxemia e hipercarbia. - fatores metabólicos como: desidratação, deterioração nutricional durante hospitalização, abstinência de álcool e drogas como os benzodiazepínicos, imobilização, fatores ambientais, privação de sono, mudança de horários; - fatores psicossociais como depressão, estresse psicológico, dor ou falta de apoio social. Manifestações clínicas -início agudo; -pacientes desatentos: dificuldade de focalizar, manter e desviar a atenção; - facilmente distraídos e tem dificuldade de manter uma conversa e de obedecer comandos; -dificuldade para realizar tarefas repetitivas simples, repetir números e falar os meses de trás para frente; -desorganização do raciocínio e alteração do nível de consciência; -déficit cognitivo, agitação ou retardo psicomotor, distúrbios na percepção como alucinações, ilusões, alucinações paranóides e inversão do ciclo sono-vigília; -pode ser classificado em três subtipos de acordo com atividade psicomotora: ● Hiperativo: hipervigilância, verborreia, irritabilidade, sudorese, euforia, raiva, agressividade, perambulação- presença de atividade psicomotora aumentada e 2 Ivilly Dayana Aguiar Reis - 2021/1 agitação proeminente muitas vezes associado a alucinações- subtipo com melhor prognóstico ● Hipoativo: sonolência apatia, fala lenta e pausada, bradicinesia - atividade psicomotora é lentificada, diagnóstico é mais difícil pois a pessoa está deprimida, alucinações menos frequentes ● Misto: períodos de hiper vigilância associados a períodos de apatia e sonolência, atividade psicomotora normal em aproximadamente 15% dos casos, o mais frequente, por ter perfil clínico diferente pode indicar uma necessidade de estratégias diferentes de tratamento. Diagnóstico Compreende duas fases: a identificação do delirium e a busca dos fatores etiológicos. - manifestações clínicas são muito variadas médico precisa ter alto índice de suspeição e aplicar provas objetivas simples para o diagnóstico correto e precoce; - as quatro características essenciais para se fazer odiagnóstico estão descritas no DSM VI: -mini mental é usado para determinar a condição cognitiva geral do paciente e não faz distinção entre delirium e demência; Complicações associado ao aumento da morbimortalidade do declínio funcional e da imobilidade e suas consequências incluindo pneumonia, úlcera de pressão, trombose venosa profunda, embolia pulmonar, infecção urinária, formação de fecaloma e todos esses fatores contribuem para um prognóstico ruim em médio e longo prazo nos pacientes idosos. Prevenção - melhor abordagem para o paciente com risco de delirium - 4 causas mais comuns para ocorrência no ambiente hospitalar em ordem decrescente: iatrogenia por medicamentos, falha no reconhecimento precoce desse estado agudo confusional, atitudes errôneas ou negligentes para cuidar das pessoas idosas, redução dos funcionários habilitados para cuidar dos pacientes mais idosos. -prevenção reduz até 40% ocorrência apenas com medidas não farmacológicas; 3 Ivilly Dayana Aguiar Reis - 2021/1 Tratamento -requer duas intervenções simultâneas: 1. Identificação e tratamento das causas (fatores precipitantes) 2. Controle dos sintomas com medidas não farmacológicas e se estritamente necessário, com uso de drogas -abordagem não farmacológica por meio de medidas preventivas deve ser aplicada para todos os pacientes com Delirium instalado visando principalmente reduzir seu impacto - revisão da lista de medicamentos e suspensão dos não essenciais e redução de dose dos iniciais deve ser reforçada como medida comum a todos os pacientes além de proibir a contenção física - nos casos refratários que possam colocar em risco a integridade física do paciente e de terceiros pode usar antipsicóticos em doses baixas: haloperidol 0,5 a 1 MG, respiridona 1 MG ou Kátia Pina 25 MG em uma ou duas tomadas diárias, por poucos dias e com redução gradativa na dose diária -em casos de emergência iniciar a haloperidol 0,5 MG via oral, intramuscular ou intravenoso e repetir a cada 30 minutos até que a agitação seja controlada no entanto tal medida acarreta frequentemente sedação prolongada e outras complicações Obs: benzodiazepínicos somente devem ser usados no caso de abstinência de álcool ou do próprio benzodiazepínico Prognóstico -fator determinante e independente da permanência hospitalar prolongada do aumento da taxa de mortalidade de índices elevados de institucionalização e de declínio cognitivo e funcional - somente 20% dos pacientes em remissão completa dos sintomas após 6 meses - ocorrência de delirium denota o estado de fragilidade no sistema hospitalar em relação ao idoso que demanda cuidados específicos, tanto de prevenção quando de restauração de seu equilíbrio homeostático - medidas de cuidado ainda estão em construção e quanto mais evoluem mais distanciam da lógica de cuidados baseada na abordagem unicausal -ele não pode ser visto portanto como marcador de qualidade do serviço hospitalar. 4
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