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5_ A TEORIA DA CRISE E A PRODUÇÃO CAPITALISTA DO ESPAÇO EM DAVID HARVEY

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pode ser considerado o fenômeno originário, o modelo do ser social”. (LUKÁCS, 1981: 
14). 
Deste fenômeno originário, de autodeterminação do homem sobre a base natural 
que o sustém, queremos extrair, para os fins exíguos desta exposição, o seguinte: no 
processo de produção e reprodução social, a totalidade real, concreta - “síntese de 
múltiplas determinações” - tem na eterna necessidade de mediação com a natureza - 
portanto, no trabalho - tanto a sua prioridade ontológica (sem trabalho não há produção 
material e, portanto, vida social possível) quanto o seu momento predominante (as 
relações de produção, apropriação e organização das forças produtivas exercem sobre 
totalidade da vida social uma força determinante e estruturadora). 
Partindo desse pressuposto, trata-se de compreender agora de que forma a 
acumulação capitalista opera no interior dessa totalidade uma inversão dialética do 
momento predominante que é dado pelo trabalho. Isso implica num longo e friccionado 
processo histórico no qual a produção e reprodução social são cada vez mais 
condicionadas pela transformação necessária do trabalho vivo em trabalho morto 
(objetivado e apropriado como capital) - o que leva a uma tendência relutante de 
enlaçamento de formas arcaicas e modernas de produção engastadas no contínuo 
processo de reprodução capitalista - pois, diz Marx: “seu desenvolvimento até alcançar a 
totalidade plena consiste precisamente [em] subordina[r] todos os elementos da sociedade, ou 
em cria[r] órgãos que ainda lhe fazem falta a partir daquela. Assim, chega a ser historicamente 
uma totalidade” (apud Rosdolsky, 2001). (grifos meus). 
 
1.3. O processo de produção capitalista: subsunção do processo de trabalho à 
valorização do capital 
 
A contradição de fundo da relação mercantil-capitalista revelada por Marx é 
aquela existente entre valor de uso e valor de troca e, fundamentalmente, entre trabalho 
concreto e trabalho abstrato. Esta pressuposição lógico-expositiva6 tem seus 
desdobramentos históricos na seção IV d’O Capital, quando começam a se evidenciar 
as implicações necessárias que ocorrem na esfera da produção, tão logo se inicie o 
movimento de progressiva subsunção do trabalho ao capital. Cooperação simples, 
manufatura e grande indústria constituem - correndo-se o risco de simplificação - três 
fases da produção de mercadoria, e refletem em seu delineamento uma tendência 
 
6 Referimo-nos à diferença entre o método de exposição (lógico) e o de investigação (histórico) a que 
Marx faz alusão no prefácio de 1873 d’O Capital. Sobre isso ver Teixeira (1995, p. 37)

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