Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
5 pode ser considerado o fenômeno originário, o modelo do ser social”. (LUKÁCS, 1981: 14). Deste fenômeno originário, de autodeterminação do homem sobre a base natural que o sustém, queremos extrair, para os fins exíguos desta exposição, o seguinte: no processo de produção e reprodução social, a totalidade real, concreta - “síntese de múltiplas determinações” - tem na eterna necessidade de mediação com a natureza - portanto, no trabalho - tanto a sua prioridade ontológica (sem trabalho não há produção material e, portanto, vida social possível) quanto o seu momento predominante (as relações de produção, apropriação e organização das forças produtivas exercem sobre totalidade da vida social uma força determinante e estruturadora). Partindo desse pressuposto, trata-se de compreender agora de que forma a acumulação capitalista opera no interior dessa totalidade uma inversão dialética do momento predominante que é dado pelo trabalho. Isso implica num longo e friccionado processo histórico no qual a produção e reprodução social são cada vez mais condicionadas pela transformação necessária do trabalho vivo em trabalho morto (objetivado e apropriado como capital) - o que leva a uma tendência relutante de enlaçamento de formas arcaicas e modernas de produção engastadas no contínuo processo de reprodução capitalista - pois, diz Marx: “seu desenvolvimento até alcançar a totalidade plena consiste precisamente [em] subordina[r] todos os elementos da sociedade, ou em cria[r] órgãos que ainda lhe fazem falta a partir daquela. Assim, chega a ser historicamente uma totalidade” (apud Rosdolsky, 2001). (grifos meus). 1.3. O processo de produção capitalista: subsunção do processo de trabalho à valorização do capital A contradição de fundo da relação mercantil-capitalista revelada por Marx é aquela existente entre valor de uso e valor de troca e, fundamentalmente, entre trabalho concreto e trabalho abstrato. Esta pressuposição lógico-expositiva6 tem seus desdobramentos históricos na seção IV d’O Capital, quando começam a se evidenciar as implicações necessárias que ocorrem na esfera da produção, tão logo se inicie o movimento de progressiva subsunção do trabalho ao capital. Cooperação simples, manufatura e grande indústria constituem - correndo-se o risco de simplificação - três fases da produção de mercadoria, e refletem em seu delineamento uma tendência 6 Referimo-nos à diferença entre o método de exposição (lógico) e o de investigação (histórico) a que Marx faz alusão no prefácio de 1873 d’O Capital. Sobre isso ver Teixeira (1995, p. 37)
Compartilhar