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TÍTULO DE CRÉDITO Segundo Cesare Vivante “é o documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele mencionado”. Art. 887 do CC/02 “O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.” (VUNESP- TJRS/2018 – JUIZ DE DIREITO) LEGISLAÇÃO SOBRE TÍTULOS DE CRÉDITO Código civil. · Artigos. 887 a 926. Lei nº 5.474/68 (Lei de duplicata) Lei N° 7.357/85 (Lei de cheque) Decreto n° 2.044/08 (Nota promissória e letra de câmbio) Decreto n° 57.663/66 (Lei uniforme de Genebra) Atenção: As disposições do código civil só se aplicam aos título atípicos ou inominados, isto é, que não possuem legislação regulamentar específica. Quanto aos títulos típicos, o CC/02 só se aplica no caso de omissão ou lacuna na legislação específica. Por exemplo, o art. 897 do CC/02 ,que veda o aval parcial, não se aplica aos títulos regidos por lei especial, já que a LUG admite o aval parcial (art. 30). Enunciado 52 da JDCCJF - As disposições relativas aos títulos de crédito do Código Civil aplicam-se àqueles regulados por leis especiais no caso de omissão ou lacuna. Enunciado 39 da JDCOmCJF - Não se aplica a vedação do art. 897, parágrafo único, do Código Civil, aos títulos de crédito regulados por lei especial, nos termos do seu art. 903, sendo, portanto, admitido o aval parcial nos títulos de crédito regulados em lei especial. (Cheque, nota promissória, duplicata) (TRF 2°/2017 – JUIZ FEDERAL) SÚMULA/JURISPRUDÊNCIA SOBRE TÍTULOS DE CRÉDITO STF Súmula 189 STF - Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos. Súmula 387 STF - A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto. Súmula 600 STF - Cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda que não apresentado o cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária. STJ Súmula 16 STJ - A legislação ordinária sobre crédito rural não veda a incidência da correção monetária Súmula 26 STJ - O avalista do título de credito vinculado a contrato de mútuo também responde pelas obrigações pactuadas, quando no contrato figurar como devedor solidário. Súmula 60 STJ - É nula a obrigação cambial assumida por procurador do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste Súmula 93 STJ - A legislação sobre cédulas de credito rural, comercial e industrial admite o pacto de capitalização de juros. Súmula 258 STJ - A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou. Súmula 299 STJ - É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito. Súmula 370 STJ - Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado. (TRF 4°/2016 – JUIZ FEDERAL) Súmula 388 STJ - A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral. Súmula 475 STJ - Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas. (CESPE- TJPR/2019 – JUIZ DE DIREITO) Súmula 476 STJ - O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário. Súmula 503 STJ - O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na cártula. Súmula 504 STJ - O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do título. (FCC- TJSP/2017 – JUIZ DE DIREITO), (VUNESP- TJSP/2018 – JUIZ DE DIREITO) Súmula 531 STJ - Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula. JURISPRUDÊNCIA EM TESE – STJ. ED N° 56 TÍTULOS DE CRÉDITO 1) Os títulos de crédito com força executiva podem ser cobrados por meio de processo de conhecimento, execução ou ação monitória. 2) O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do devedor principal do título de crédito prescrito é quinquenal nos termos do art. 206, § 5º, I, do Código Civil, independentemente da relação jurídica fundamental. 3) As duplicatas virtuais possuem força executiva, desde que acompanhadas dos instrumentos de protesto por indicação e dos comprovantes de entrega da mercadoria e da prestação do serviço. 4) O devedor do título crédito não pode opor contra o endossatário as exceções pessoais que possuía em face do credor originário, limitando-se tal defesa aos aspectos formais e materiais do título, salvo na hipótese de má-fé. 5) O devedor pode alegar contra a empresa de factoring as exceções pessoais originalmente oponíveis contra o emitente do título. 6) O avalista não responde por dívida estabelecida em título de crédito prescrito, salvo se comprovado que auferiu benefício com a dívida. 7) É válido o aval prestado por pessoa física nas cédulas de crédito rural, pois a vedação contida no § 3º do art. 60 do Decreto-Lei n. 167/67 não alcança o referido título, sendo aplicável apenas às notas promissórias e duplicatas rurais. 8) A autonomia do aval não se confunde com a abstração do título de crédito e, portanto, independe de sua circulação. 9) É indevido o protesto de título de crédito prescrito. 10) O protesto indevido de título enseja indenização por dano moral que se configura in re ipsa. 11) A prescrição da pretensão executória de título cambial não enseja o cancelamento automático de anterior protesto regularmente lavrado e registrado. 12) Incumbe ao devedor providenciar o cancelamento do protesto após a quitação da dívida, salvo pactuação expressa em contrário. 13) A vinculação da nota promissória a um contrato retira-lhe a autonomia de título cambial, mas não a sua executoriedade, desde que a avença seja liquida, certa e exígivel. JURISPRUDÊNCIA EM TESE – STJ ED. N° 62 CHEQUE 1) Os prazos de apresentação e de prescrição (arts. 33 e 59 da Lei n. 7.357/85) nos cheques pós-datados possuem como termo inicial de contagem a data consignada no espaço reservado para a emissão da cártula. 2) A relação jurídica subjacente ao cheque (causa debendi) poderá ser discutida nos casos em que não houver a circulação do título. 3) O negócio jurídico subjacente à emissão do cheque pode ser discutido em sede de embargos monitórios. 4) investigação da causa debendi é admitida nas hipóteses em que o cheque é dado como garantia, bem como nos casos em que o negócio jurídico subjacente for constituído em flagrante desrespeito à ordem jurídica. 5) A ação de locupletamento ilícito (art. 61 da Lei n. 7.357/1985) não exige comprovação da causa debendi e deve ser proposta no prazo de até dois anos contados do fim do prazo prescricional da execução do cheque. 6) A ação de cobrança prevista no artigo 62 da Lei n. 7357/85 está fundamentada na relação jurídica subjacente ao cheque, sendo imprescindível a comprovação da causa debendi. 7) O foro competente para a execução do cheque é o local do pagamento – lugar onde se situa a agência bancária em que o emitente mantém sua conta corrente - sendo irrelevantes os locais de domicílio do autor e do réu. 8) O banco sacado não responde pela emissão de cheques sem fundos que geram prejuízos a terceiros. 9) É indevida a inscrição do nome do cotitular de conta bancária conjunta nos órgãos de proteção ao crédito se este não emitiu o cheque sem provisão de fundos. 10) A instituição financeira é responsável pelos danos resultantes de extravio de talonários de cheques utilizados fraudulentamente por terceiros. 11) O estabelecimento bancário não está obrigado a verificar a autenticidade das assinaturas dos endossantes, mas tem o dever de atestar a regularidade formal da cadeia de endossos. 12) O protesto de cheque pode ser efetuado após o prazode apresentação, desde que não escoado o lapso prescricional da pretensão executória dirigida contra o emitente 13) A pretensão executiva do cheque dirigida contra os endossantes deve ser precedida de protesto realizado dentro do prazo de apresentação (protesto obrigatório). 14) A diferenciação de preços para o pagamento em dinheiro, cheque ou cartão de crédito caracteriza prática abusiva no mercado de consumo. 15) É razoável o valor da compensação por danos morais fixado em até 50 (cinquenta) salários mínimos para a hipótese de devolução indevida de cheque. 16) Os juros moratórios decorrentes de dívidas representadas em cheque devem ser fixados a partir da data da primeira apresentação do título para pagamento, independentemente da cobrança ter sido buscada por meio de ação monitória. PRINCÍPIOS CARTULARIDADE O crédito mencionado no título só pode ser exigido por quem está na posse legítima da cártula. LITERALIDADE O título só vale pelo que está escrito nele. Ou seja, assegura às partes correspondência entre o teor do título e o direito que ele representa. AUTONOMIA O título de crédito configura direito novo, desvinculado da relação que lhe deu origem. Assim, o legítimo portador do título pode exercer seu direito de crédito sem depender das demais relações que o antecederam. Art. 888 do CC/02 consagra o princípio da autonomia quando dispõe que “A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem. (CESPE- PGMPB/2018 – PROCURADOR), (CESPE- MPPI/2019 – PROMOTOR DE JUSTIÇA) Obs: são subprincípios do princípio da autonomia: princípio da abstração e inopobilidade das exceções pessoais ao terceiro de boa-fé. (CESPE- PGEAM/2016 – PROCURADOR) · Princípio da abstração: o título de origem se desvincula da relação que lhe deu origem. · inopobilidade das exceções pessoais ao terceiro de boa-fé: para o credor, é possível apresentar exceção pessoal, mas não ao terceiro de boa-fé. CARACTERÍSTICAS DOCUMENTO FORMAL Devem observar requisitos essenciais previstos na legislação BEM MÓVEL Art. 82 a 84 do CC/02 (sujeitam aos princípios que norteiam a circulação de bens TÍTULO DE APRESENTAÇÃO São documentos necessários ao exercício dos direitos nele contidos OBRIGAÇÃO QUESÍVEL Cabe ao devedor dirigir-se ao devedor para receber a importância devida NATUREZA PRO SOLVENDO A relação jurídica que originou o título não se confunde com a relação cambiária representada pelo título emitido. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO QUANTO À TRANSFERÊNCIA DA TITULARIDADE TÍTULO AO PORTADOR (art. 904 a 909 do CC/02) É aquele que não há identificação expressa do credor. Assim, qualquer pessoa com a simples posse é considerada titular do crédito nele mencionado. Nessa espécie de título, a mera entrega da cártula opera transferência da titularidade do crédito. Obs: Art. 907 CC/02 É nulo o título ao portador emitido sem autorização de lei especial. Obs: a transferência do título ao portador se faz com a simples tradição. TITULO NOMINAL OU TÍPICO É aquele que o titular é expressamente identificado. Diferentemente do título ao portador, no título nominal a mera entrega do documento (cártula) não opera a transferência da titularidade. Para que seja feita a transferência do título nominal, é preciso que seja feito um ato formal; esse ato formal pode ser o endosso (nos títulos nominais à ordem) e cessão civil (nos títulos nominais não à ordem). Obs: a cláusula “não à ordem” impede a circulação mediante endosso (VUNESP- TJRJ/2016 – JUIZ DE DIREITO) ENDOSSO CESSÃO CIVIL Título nominal à ordem Título nominal não à ordem. CONFORME O MODELO LIVRE São títulos que não precisam obedecer uma padronização obrigatória. Ex: letra de câmbio e nota promissória podem ser criados em uma simples folha de papel. VINCULADO Diferentemente do título de modelo livro, no vinculado existe um subsunção da validade do título à legislação cambiária. Ex: cheque e duplicata. CONFORMA A ESTRUTURA ORDEM DE PAGAMENTO Existe uma ordem nos figurantes do título em três situações jurídicas distintas Ex: no cheque, existe o sacador (correntista que emite o título), o sacado (instituição financeira que cumpre a ordem de pagamento) e do tomador (que recebe o cheque como forma de pagamento e que irá descontá-lo) PROMESSA DE PAGAMENTO Nesse modelo existem apenas duas situações jurídicas distintas (a do sacador ou promitente, que promete determinada quantia, e o tomador, beneficiário da promessa) QUANTO À HIOPÓTESE DE EMISSÃO TIPO CAUSAL É aquele título que só pode ser emitido se autorizado por lei. Ex: duplicata. TIPO ABSTRATO Sua emissão não se condiciona a nenhuma causa pré-estabelecida em lei. Ex: cheque. CONTEÚDO E FORMA DOS TÍTULOS Os requisitos essenciais dos títulos de crédito estão previstos no art. 889 do CC/02. São eles: · Data da emissão. · Indicação dos direitos conferidos · Assinatura do emitente. Obs: Quando não houver menção da data do vencimento do título, ele é considerado à vista. Obs²: Quando não houver menção do lugar de emissão e pagamento do título, será considerado o domicílio do emitente. DESMATERIALIZAÇÃO DOS TÍTULOS Foi uma novidade trazida pelo CC/02, na previsão legal (art. 889, §3°) da emissão de título de crédito pelo computador ou meio técnico equivalente, observados os requisitos essências do caput do mesmo artigo. Nesse sentido, inclusive, o STJ decidiu pela validade da duplicata virtual (EREsp 1.024.691/PR) Enunciado 461 da JDCCJF - As duplicatas eletrônicas podem ser protestadas por indicação e constituirão título executivo extrajudicial mediante a exibição pelo credor do instrumento de protesto, acompanhado do comprovante de entrega das mercadorias ou de prestação dos serviços. Enunciado 462 da JDCCJF - Os títulos de crédito podem ser emitidos, aceitos, endossados ou avalizados eletronicamente, mediante assinatura com certificação digital, respeitadas as exceções previstas em lei. NASCIMENTO DA OBRIGAÇÃO CAMBIAL A doutrina diverge acerca do momento em que o título passa efetivamente a gerar direitos. Para tanto, foram criadas duas teorias. TEORIA DA CRIAÇÃO (ADOTADA PELO CC) Para essa teoria, o título de crédito se constitui da declaração unilateral de vontade do seu criado, ou seja, uma vez criado ele está apto a gerar direitos. TEORIA DA EMISSÃO O título só se constitui quando, depois da declaração unilateral de vontade, sai de suas mãos voluntariamente. INSTITUTOS CAMBIÁRIOS ENDOSSO (art. 910 a 920 do CC/02 e art. 11 ao 20 da LUG) Endosso é o ato cambiário pelo qual o credor transmite a outrem seus direitos sobre o título nominal à ordem. (CESPE- TJPR/2017 – JUIZ DE DIREITO), (TJSC/2012 – TITULAR DE NOTAS) É possível inserir cláusula de não à ordem nos títulos típicos? R: Sim! Embora os títulos nominados/típicos sejam essencialmente nominais à ordem, transmissíveis portanto via endosso, é possível a inserção da cláusula de não à ordem, hipótese em que irão circular pela via da cessão civil (art. 11 da LUG) Se o endosso for feito no verso do título, o que deverá conter? E se feito no anverso? R: O endosso deve ser feito no verso do título, bastando a assinatura do endossante. Se, por outro lado, for feito no anverso, deverá conter a assinatura e menção expressa do que trata o endosso (art. 13 da LUG e art. 910 §1° do CC/02) VERSO ANVERSO Basta a assinatura do endossante Assinatura do endossante + menção expressa do que se trata o endosso É permitido o endosso parcial? R: Não! É nulo o endosso parcial (art. 12 da LUG e 912 do CC/02) Obs: consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, a proibitiva de endosso, a excludente de responsabilidade pelo pagamento ou por despesas, a que dispense a observância de termos e formalidade prescritas, e a que, além dos limites fixados em lei, exclua ou restrinja direitos e obrigações. (CESPE- TJSC/2019 – JUIZ DE DIREITO) ENDOSSO PRETO É aquele que identifica expressamentea quem está sendo transferida a titularidade do crédito. ENDOSSO BRANCO Não identifica seu beneficiário Art. 20 (Lei de cheque) O endosso transmite todos os direitos resultantes do cheque. Se o endosso é em branco, pode o portador: I - completá-lo com o seu nome ou com o de outra pessoa; II - endossar novamente o cheque, em branco ou a outra pessoa; III - transferir o cheque a um terceiro, sem completar o endosso e sem endossar. ENDOSSO IMPRÓPRIO Em regra, endosso tem dois efeitos: transferir a titularidade do crédito e responsabilizar o endossante como codevedor. Assim, endosso impróprio é aquele que não produz nenhum desses efeitos, tendo apenas a finalidade de legitimar a posse. ENDOSSO MANDATO OU PROCURAÇÃO Previsto no art. 917 do CC/02 e art. 18 da LUG, é através dele que o endossante confere poderes ao endossatário. (ver súmula 476 do STJ) ENDOSSO CAUÇÃO OU ENDOSSO PIGNORATÍCIO Previsto no art. 918 do CC/02 e no art. 19 da LUG, por meio dele o endossante transmite o título de crédito como forma de garante de uma dívida contraída perante o endossatário. Obs: no endosso caução o endossatário não assume a titularidade do crédito, ficando apenas com a posse dele como forma de garantia. Assim: · Se o endossante pagar a dívida: resgata o crédito · Se não pagar: endossatário executa e passa a possuir a titularidade do crédito. ENDOSSO PÓSTUMO OU TARDIL É o endosso feito após o prazo para realização do protesto. Nesse caso, o endosso não produz os efeitos normais, valendo somente como mera cessão civil de crédito. ENDOSSO X CESSÃO CIVIL DE CRÉDITO ENDOSSO CESSÃO CIVIL À ordem Não à ordem Ato unilateral Ato bilateral Feito no próprio título Feito mediante contrato Acarreta responsabilidade do endossante Cedente não assume responsabilidade AVAL (art. 897 a 902 do CC/02 e 30 a 32 da LUG) É o instituto pelo qual um terceiro (avalista) se responsabiliza pelo pagamento da obrigação constante no título. Obs: o local da assinatura do aval é no anverso do título; bastando a simples assinatura. Se feito no verso, é preciso a assinatura + menção do que se trata o aval. (CESPE- TJSC/2019 – JUIZ DE DIREITO) Obs²: é vedado o aval parcial. (atenção: o art. 30 da LUG permite o aval parcial) Qual a consequência do aval em branco? R: O aval em branco é aquele que não identifica o avalizado. Se o título do aval em branco for uma letra de câmbio, presume-se que foi dado em favor do sacador (art. 31 da LUG); nos demais títulos, em favor do emitente (art. 899, §1°). (FCC- TJAL/2019 – JUIZ DE DIREITO) AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DO AVALIZADO LETRA DE CÂMBIO DEMAIS TÍTULOS (CHEQUE, DUPLICATA ETC) Presume-se em favor do sacador Presume-se em favor do emitente Pessoa casada precisa de outorga conjugal para prestar aval? E se o aval for prestado sem essa outorga, ele é anulado? R: De acordo com art. 1647, III do CC/02; o cônjuge casado não pode prestar fiança ou aval sem autorização do outro; exceto no regime de separação absoluta. O STJ decidiu que a expressão “separação absoluta” se refere apenas ao regime de separação convencional, não ao regime de separação obrigatória. Assim, se o casal for casado no regime de separação convencional poderá prestar fiança ou aval sem autorização do outro. Obs: o STJ também entende que a ausência de outorga conjugal não anula o aval, apenas o invalida em relação ao cônjuge que não consentiu. AVAL SIMULTÂNEO OU COVAL Ocorre quando duas ou mais pessoas avalizam um título simultaneamente. Assim, os avalistas são uma só pessoa; razão pela qual dividem a dívida. Obs: se um dos avalistas pagar toda a dívida ao credor, terá direito de regresso contra o devedor principal pelo total da dívida; mas em relação ao outro avalista, somente em relação à sua parte. Ex: se forem dois avalistas, tem direito de regresso à metade da dívida. AVAL SUCESSIVO OU AVAL DE AVAL Há quando alguém avaliza ou outro avalista. Nesse caso, os avalistas dos avalistas terão a mesma responsabilidade do avalizado, ou seja, aquele que pagar a dívida terá direito de regresso ao total da dívida, não apenas a uma parte. AVAL X FIANÇA AVAL FIANÇA Garantia cambiária Garantia civil Obrigação autônoma Obrigação acessória Obs: a invalidade da obrigação original compromete como regra a validade da fiança, mas não a validade do aval. PROTESTO (Lei 9.492/97) Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida. Quais são as vantagens do protesto? R: Existem inúmeros efeitos que decorrem do protesto, no entanto, as duas principais vantagens para o credor são as seguintes: a) Serve como meio de provar que o devedor está inadimplente; b) Funciona como uma forma de coerção para que o devedor cumpra sua obrigação sem que seja necessária uma ação judicial (como o protesto lavrado gera um abalo no crédito do devedor, que é inscrito nos cadastros de inadimplentes, a doutrina afirma que o receio de ter um título protestado serve como um meio de cobrança extrajudicial do débito; ao ser intimado do protesto, o devedor encontra uma forma de quitar seu débito). O que pode ser objeto de protesto? R: a) Títulos de crédito; b) Outros documentos de dívida. Qual procedimento do protesto? R: 1) O credor (ou outra pessoa que esteja portando o documento) leva o título até o tabelionato de protesto e faz a apresentação, pedindo que haja o protesto e informando os dados e endereço do devedor; 2) O tabelião de protesto examina os caracteres formais do título; 3) Se o título não apresentar vícios formais, o tabelião realiza a intimação do suposto devedor no endereço apresentado pelo credor (art. 14 da Lei de Protesto); 4) A intimação é realizada para que o apontado devedor, no prazo de 3 dias, pague ou providencie a sustação do protesto antes de ele ser lavrado; Após a intimação, poderão ocorrer quatro situações: 4.1) o devedor pagar (art. 19); 4.2) o apresentante desistir do protesto e retirar o título (art. 16); 4.3) o protesto ser sustado judicialmente (art. 17); 4.4) o devedor ficar inerte ou não conseguir sustar o protesto. 5) Se ocorrer as situações 4.1, 4.2 ou 4.3: o título não será protestado; 6) Se ocorrer a situação 4.4: o título será protestado (será lavrado e registrado o protesto). Obs: não cabe ao Tabelião de Protesto investigar a ocorrência de prescrição ou caducidade. (art. 9° da lei de protesto) TÍTULOS EM ESPÉCIE LETRA DE CÂMBIO É o título de crédito que estrutura como ordem de pagamento. Ela da origem a três situações jurídicas distintas: i) sacador (quem emite a ordem) ii) sacado (a quem a ordem é destinada) e iii) tomador (beneficiário da ordem) A ordem de pagamento da letra de câmbio pode ser alterada? R: Sim! Art. 3° da LUG “A letra pode ser à ordem do próprio sacador. Pode ser sacada sobre o próprio sacador. Pode ser sacada por ordem e conta de terceiro.” Quais são os requisitos essenciais da letra de câmbio? R: São eles (art. 1° e 2° da LUG): · 1. a palavra "letra" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse título; · 2. o mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada; · 3. o nome daquele que deve pagar (sacado); · 4. a época do pagamento; · 5. a indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento; · 6. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; · 7. a indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada; · 8. a assinatura de quem passa a letra (sacador). O que é o prazo respiro da letra de câmbio? R: Quando a letra é apresentada para “aceite”, o sacado deve devolvê-la de imediato (art. 24 da LUG), sob pena de incorrer em apropriação indébita. Todavia, o sacado pode requerer ao tomar que a letra seja apresentada no prazo de 24 horas. Esse é o prazo respiro. PRAZO PRESCRICIONAL DA LETRA 3 ANOS 1 ANO 6 MESES Contra o devedor principal (sacado), contados da data do vencimento Contra os codevedores (sacador e endossante), contados da data do protesto. Quando se trata dedireito de regresso entre codevedores, contados do dia do pagamento. NOTA PROMISSÓRIA Se estrutura como promessa de pagamento. Assim, dá origem a apenas duas situações jurídicas: i) sacador ou promitente (a LUG chama de subscritor), que é quem emite a nota e promete pagar uma quantia a alguém; ii) tomador, quem receberá a quantia prometida. Obs A nota promissória é um título executivo extrajudicial (art. 784, I, do CPC 2015). Requisitos essenciais da nota promissória (art. 75 da LUG) · 1. denominação "nota promissória" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse título; · 2. a promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada; · 3. a época do pagamento; · 4. a indicação do lugar em que se efetuar o pagamento; · 5. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; · 6. a indicação da data em que e do lugar onde a nota promissória é passada; · 7. a assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor). Qual a consequência da emissão de uma nota promissória sem a indicação da data em que é passada? R: O STJ entende que a ausência de indicação da data de emissão da nota promissória afasta a exigibilidade do título. Nesse sentido, compreendeu o tribunal que a data da emissão da promissória é essencial para que se possa, por exemplo, verificar a capacidade do emitente que assumiu a obrigação. (STJ AgRg no AREsp 733.863 RJ). (VUNESP- TJSP/2018 – JUIZ DE DIREITO) Qual o prazo ajuizar ação monitória em face de nota promissória prescrita? R: Cinco anos, da data do vencimento do título. (súmula 504 do STJ) CHEQUE (Lei 7.357/85) Cheque é uma ordem de pagamento à vista emitida contra um banco ou instituição financeira Requisitos essenciais do cheque: · I - a denominação ‘’cheque’’ inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é redigido; · II - a ordem incondicional de pagar quantia determinada; III - o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado); · IV - a indicação do lugar de pagamento; · V - a indicação da data e do lugar de emissão; · VI - a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes especiais. Obs: quando não houver menção do lugar do pagamento: Na falta de menção especial · lugar designado junto ao nome do sacado Se designado vários lugares. · O primeiro deles Se não existir indicação · Pago no lugar da emissão Se não houver indicação do lugar da emissão. · Lugar indicado junto ao nome do emitente. Considerações sobre cheque. · Cheque não admite aceite · Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado (súmula 370 do STJ) · Cheque cruzado: cruzamento geral admite conversão em cruzamento especial, mas o inverso não. · Morte ou incapacidade superveniente do emitente não invalida o efeito do cheque · Prazo de apresentação do cheque. LUGAR DA EMISSÃO “MESMA PRAÇA” EMISSÃO EM OUTRO LUGAR “PRAÇA DIFERENTE” 30 dias 60 dias PRAZO PRESCRICIONAL PARA EXECUÇÃO DO CHEQUE 6 meses, contado do término do prazo de apresentação
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