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Constipação Intestinal

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[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
PROBLEMA 08 – “CONSTIPAÇÃO” - DOR ABDOMINAL 
 ANATOMIA DO INTESTINO GROSSO 
 
- Estende-se do óstio ileal até o ânus; 
- Principal Função: absorver a maior parte da água remanescente 
dos resíduos alimentares não-digeridos, estocar resíduos 
temporariamente e eliminá-los na forma de fezes semissólidas; 
- Partes: ceco, apêndice vermiforme, cólon (ascendente, 
transverso, descendente e sigmoide), reto e canal anal; 
- Apresenta: (tênias do colo) 3 faixas espessadas de músculo, sendo 
a mesocólica, omental e livre; (haustrações) saculações do colo 
entre as tênias; (apêndices omentais) pequenas projeções 
adiposas; 
 Ceco e Apêndice Vermiforme 
- Primeira parte do intestino grosso, sendo contínuo com o colo 
ascendente; 
- Localização: na fossa ilíaca do quadrante inferior direito, 
inferiormente à junção com a parte terminal do íleo; 
- É quase totalmente revestido por peritônio, mas não tem 
mesentérico, assim pode ser deslocado da fossa ilíaca, mesmo com 
as pregas cecais do peritônio que o liga à parede lateral do abdome; 
 - Óstio ileal - entra no ceco entre os lábios ileocólico (superior) e ileocecal (inferior), apresentando-se como uma papila ileal que atua como 
válvula unidirecional que impede refluxo do ceco para o íleo; 
- Apêndice Vermiforme - divertículo intestinal cego, de 6 a 10 cm de comprimento, presente na face posteromedial do ceco, inferiormente à 
junção ileocecal, contendo tecido linfoide; 
- Irrigação – (ceco) artéria ileocólica, ramo terminal da MAS; (apêndice) artéria apendicular, ramo da ileocólica; 
- Drenagem venosa - feita pela veia ileocólica, tributária da veia mesentérica superior; 
- Drenagem linfática - linfonodos no mesoapêndice e linfonodos ileocólicos - vasos linfáticos seguem até os linfonodos mesentéricos superiores; 
- Inervação: provém dos nervos simpáticos e parassimpáticos do plexo mesentérico superior, sendo que as fibras nervosas do apêndice 
acompanham os nervos simpáticos até o segmento T10, de modo a explicar a dor inicial da apendicite ser uma dor vaga periumbilical; 
 Colo 
- Partes: ascendente, transverso, descendente e sigmoide – circundam o intestino delgado; 
- É retroperitoneal, exceto pelas partes transversa e sigmoide, que são intraperitoneais e ancoradas à parede abdominal posterior pelos 
mesocolos (lâminas de mesentério); 
 Colo Ascendente 
- Segunda parte do intestino grosso; 
- Segue para cima na margem direita da cavidade abdominal até o lobo hepático direito, onde se curva formando a flexura hepática (flexura 
direita do colo); 
- É mais estreito que o ceco; 
- É secundariamente retroperitoneal, ao longo da face direita da parede posterior do abdome; 
- Separado da parede anterolateral do abdome pelo omento maior; 
- Irrigação - feita pelas artérias ileocólica e cólica direita, que são ramos da artéria mesentérica superior - essas artérias anostomosam-se entre 
si e com o ramo direito da artéria cólica média, formando uma série de arcos anastomóticos para formar um canal arterial continuo, o arco 
justacólico (artéria marginal); 
- Drenagem Venosa - feita por tributarias da veia mesentérica superior, a partir das veias cólica direita e ileocólica; 
- Drenagem Linfática - segue até os linfonodos epicólicos e paracólicos, seguindo para os linfonodos mesentéricos superiores; 
- Inervação - deriva do plexo mesentérico superior; 
 Colo Transverso 
- Terceira parte do intestino grosso, sendo a mais longa e móvel; 
- Atravessa o abdome da flexura hepática até a flexura esplênica; 
**flexura esplênica/flexura esquerda do colo – normalmente é superior, mais aguda e menos móvel que a direita, fixa-se ao diafragma pelo 
ligamento frenocólico** 
- É livremente móvel, apresentando posição variada - geralmente pende até o nível do umbigo (LIII), mas pode estender-se até a pelve; 
- Irrigação - provém principalmente da artéria cólica média (ramo da AMS), mas também pode receber sangue arterial das artérias cólicas direita 
e esquerda por meio de anastomoses que formam a artéria marginal; 
- Drenagem Venosa - feita pela veia mesentérica superior; 
- Drenagem Linfática – feita por meio dos linfonodos cólicos médios, que drenam para os linfonodos mesentéricos superiores; 
- Inervação - feita pelo plexo mesentérico superior; 
 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
 Colo Descendente e Sigmoide 
- Colo Descendente - após a flexura esplênica, o intestino grosso desce pelo lado esquerdo da parede abdominal como o colo descendente até 
o nível da fossa ilíaca esquerda; 
- Colo Sigmóide – quando o colo descendente entra na pelve, e toma forma de S - une o colo descendente ao reto; 
- Junção Retossigmoide – marcação ao fim das tênias do colo, a aproximadamente 15 cm do ânus; 
- Irrigação - provém das artérias cólica esquerda e sigmoidea, ramos da artéria mesentérica inferior - as artérias sigmoideas dividem-se em ramos 
ascendentes e descendentes, sendo que o ramo superior da artéria sigmoidea superior anastomosa-se com o ramo descendente da artéria cólica 
esquerda, formando a artéria marginal; 
** marca a transição na irrigação da parte abdominal do sistema digestório, pois a AMS irriga a parte oral à flexura esplênica, enquanto a AMI 
irriga a parte distal da flexura (relação com o intestino embrionário)** 
- Drenagem Venosa - feita pela veia mesentérica inferior - flui para veia esplênica e por fim veia porta; 
- Drenagem Linfática - feita pelos linfonodos epicólicos e paracólicos e depois para os linfonodos cólicos intermediários, seguindo para os 
linfonodos mesentéricos inferiores; 
- Inervação – (simpática) é proveniente da parte lombar do tronco simpático, pelos nervos esplâncnicos lombares, do plexo mesentérico superior 
e dos plexos periarteriais; (parassimpática) provém dos nervos esplâncnicos pélvicos; 
 Reto 
- Parte terminal fixa do intestino grosso, sendo a continuação do colo sigmoide (junção retossigmoide); 
- É continuo inferiormente com o canal anal, ao penetrar no músculo levantador do ânus; 
- Segue a curvatura do sacro e do cóccix, formando a flexura sacral do reto e terminando na flexura anorretal do canal anal (sua inclinação de 
80° é importante mecanismo para continência fecal); 
- Flexuras Laterais do Reto: flexuras superior e inferior do lado esquerdo, e intermediária à direita - são relacionadas às três invaginações internas 
(pregas transversas do reto); 
- Linha Pectinada – separa o reto originado do endoderma (acima da inervação visceral), do originado do ectoderma (abaixo da inervação 
visceral); 
 Canal Anal 
- Ampola do Reto - parte terminal dilatada situada superiormente ao diafragma da pelve (formado pelo músculo levantador do ânus) - tem 
capacidade de distensão, por isso recebe e retém a massa fecal que se acumula até que ocorra defecação; 
- O peritônio cobre as faces anterior e lateral do terço superior do reto – (homens) o peritônio se reflete do reto para a parede posterior da 
bexiga urinaria, formando a escavação retovesical; (mulheres) o peritônio é refletido do reto para a parte posterior do fórnice da vagina, 
formando a escavação retouterina; 
- Canal Anal - se abre para o exterior do corpo no ânus; 
 
- Esfíncteres: (esfíncter interno do ânus) esfíncter involuntário, 
formado por músculo liso, permanece em estado de contração 
contínua máxima, sendo a principal barreira à perda involuntária de 
fezes e gases, inervado pelo SNA simpático (contração) e 
parassimpático (reduz o tônus – inibitório); e (esfíncter externo do 
ânus) esfíncter voluntário, formado por músculo esquelético, 
apresenta tônus de repouso basal, com contração efetiva 
voluntária por via reflexa, inervação somática pelo ramo 
hemorroidário inferior ou perineal do nervo pudendo - 
normalmente estão fechados, exceto durante defecação; 
- Irrigação – (parte proximal) irrigada pela artéria retal superior, ramo da AMI; (partes média e inferior) irrigadas pelas artériasretais médias 
direita e esquerda, ramos das artérias ilíacas internas; (junção anorretal e o canal anal) irrigados pelas artérias retais inferiores, ramos das artérias 
pudendas internas; 
- Drenagem Venosa – realizada pelas veias retais superiores (VMI -> veia esplênica -> veia porta), médias e inferiores (veia pudenda interna -> 
veia ilíaca interna -> VCI) - existem anastomoses entre as veias porta e sistêmicas (veias retais média e inferior) nessa região, formando o plexo 
venoso retal interno e o externo que se comunica com o plexo venoso vesical/uterovaginal; 
- Inervação – (simpática) provém dos nervos esplâncnicos lombares, dos plexos hipogástrico e do plexo periarterial das artérias mesentérica 
inferior e retal superior (plexo mesentérico inferior); (parassimpática) é pelos nervos esplâncnicos pélvicos e plexos hipogástricos inferiores 
esquerdo e direito; 
 FISIOLOGIA DO INTESTINO GROSSO 
- O intestino grosso recebe tudo o que não foi absorvido no intestino delgado, correspondendo a cerca de 1500 mL de quimo/dia; 
- Função do Cólon: absorver água e eletrólitos do quimo para formar as fezes sólidas na metade proximal do cólon e armazenar o material fecal 
na parte distal, até que possa ser expelido - produz as fezes, que serão destinadas à excreção; 
 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
 
- No intestino delgado ocorre a absorção ativa de sódio e cloreto, criando um gradiente 
osmótico que ocasiona a absorção de água quando o quimo atinge o intestino grosso; 
- O cólon possui capacidade absortiva total de 4 a 5L/24h, assim do 1,5L que recebe do 
delgado elimina apenas 100 ml de fezes - quando a quantidade de líquido ultrapassa a 
capacidade absortiva total do cólon ocorre a diarreia; 
- No colo distal, ocorre a absorção da água, de modo a tornar o conteúdo fecal do intestino 
grosso semissólido e mais difícil de se mover; 
- Complexos juncionais entre as células epiteliais do epitélio do intestino grosso – são menos 
permeáveis que as do intestino delgado, de modo a impedir a retrodifusão significativa de 
íons pela mucosa, possibilitando a absorção ativa de sódio contra um grande de concentração 
ainda maior; 
- Ocorre a secreção de íons bicarbonato durante a absorção de íons cloreto, de modo a neutralizar os produtos ácidos da ação bacterina no 
intestino grosso; 
- Composição das Fezes – 3/4 de água + 1/4 de matéria sólida (30% bactérias mortas, 10 a 20% de gordura, 10 a 20% de matéria inorgânica, 2 a 
3% de proteínas e 30% de restos indigeridos dos alimentos e constituintes secos dos sucos digestivos, como o pigmento da bile e as células 
epiteliais degradadas); 
- Cor Marrom das Fezes – deve-se à produção de estercobilina e urobilina, derivadas da bilirrubina; 
- Odor das Fezes – a microbiota bacteriana produz substâncias que geram o odor característico das fezes, podendo variar conforme o alimento 
ingerido, como: indol, escatol, mercaptanas e sulfeto de hidrogênio; 
- Após o conteúdo do intestino delgado passar pelo ceco e pelo colo proximal, o esfíncter ileocecal se contrai, evitando o refluxo para o íleo; 
- O material fecal move-se do ceco pelos colos ascendente, transverso, descendente e sigmoide, para o reto e após para o canal anal; 
1. CONTRAÇÕES SEGMENTARES 
- Ocorrem no ceco e no colo proximal, quanto o quimo entra no intestino grosso; 
- Atuam para misturar o conteúdo do intestino grosso; 
- As contrações são realizadas em saculações, que são segmentos em forma de bolsa; 
2. MOVIMENTOS DE MASSA 
- Ocorrem no colo, sendo responsáveis pela movimentação do conteúdo para a frente; 
- Onda de contração diminui o diâmetro de um segmento do colo e manda uma quantidade substancial de material para frente, movendo o 
conteúdo do intestino grosso por longas distâncias, como do colo transverso para o sigmoide; 
- Ocorrem 3 a 4 vezes/dia; 
- Associa-se ao reflexo gastrocólico; 
- Movimento de Massa Final – propele o conteúdo fecal para o reto, onde ficará armazenado até a defecação; 
3. REFLEXO GASTROCÓLICO 
- Arcorreflexo longo causado pela distensão do estômago pelo alimento (região aferente, mediada pela colecistocinina e gastrina), de modo a 
aumentar a motilidade do colo e a frequência dos movimentos de massa no intestino grosso, a partir do sistema nervoso parassimpático; 
- Causa o movimento de massa final em que as fezes causam distensão súbita do reto, gerando a defecação; 
4. DEFECAÇÃO 
 
- Depende de uma série de ações coordenadas do cólon, reto, músculos do assoalho pélvico 
e esfíncteres anais; 
- Os sinais da defecação entram na medula iniciando: inspiração profunda, fechamento da 
glote, contração dos músculos da parede abdominal e relaxamento do assoalho pélvico -> 
força às fezes do cólon para baixo; 
- Reflexo Reto-Esfinctérico – reflexo espinal intrínseco, mediado pelo sistema nervoso 
entérico local e desencadeado pela distensão das paredes do reto pelo material não digerido 
- quando o reto fica cheio de fezes, a parede da musculatura lisa do reto se contrai e o 
esfíncter anal interno se relaxa - não causa a defecação, pois o esfíncter anal externo 
permanece tonicamente contraído, mas desencadeia sinais aferentes que se propagam pelo 
plexo mioentérico, originando ondas peristálticas no cólon descendente, sigmoide e reto; 
- A medida que a onda peristáltica se aproxima do ânus, o músculo liso do esfíncter interno do ânus relaxa, permitindo que as contrações 
peristálticas empurrem o material em direção ao ânus; 
- Quando o reto alcança 25% da capacidade, ocorre a sensação de urgência em defecar; 
- Quando for apropriado o esfíncter externo do ânus, que se encontra sob controle voluntário, é conscientemente relaxado, de modo que a 
contração da musculatura lisa do reto cria pressão, forçando as fezes a partir do canal anal; 
- Quando o desejo de evacuar não for atendido conscientemente ou quando houver redução da motilidade, as fezes retornam ao cólon por meio 
do peristaltismo reverso, ocorrendo maior absorção de água, de modo a produzir fezes mais duras e secas, de difícil eliminação; 
- As ações coordenadas do sistema digestório podem ser reforçadas pelas contrações abdominais conscientes e pelos movimentos expiratórios 
contra a glote fechada (manobra de Valsalva); 
- A defecação encontra-se sujeita a influência emocional, podendo gerar diarreia ou constipação; 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
 CONSTIPAÇÃO/ OBSTIPAÇÃO INTESTINAL 
- Definição pelo Colégio Americano de Gastroenterologia: defecação insatisfatória caracterizada por reduzido número de evacuações (abaixo de 
3 vezes/semana), dificuldade para evacuar (fezes endurecidas ou em cíbalos, necessidade de esforço para evacuar, sensação de evacuação 
incompleta, sensação de obstrução anorretal ou necessidade de usar manobras manuais para facilitar a evacuação) e incontinência fecal 
secundária à retenção de fezes (fecaloma), pelo menos nos últimos 3 meses; 
- Sensação subjetiva/sintoma que pode indicar várias doenças, apresentando diferentes significados para diferentes pacientes; 
1. EPIDEMIOLOGIA 
- É um dos sintomas mais comuns em medicina e a segunda queixa mais frequente na gastroenterologia; 
- Comumente trata-se de um quadro benigno e transitório, sem necessidade de agentes terapêuticos, porém pode ser um sintoma crônico 
associado à doenças graves; 
- Apresenta prevalência de 2 a 28%, devido à grande variação de definição do quadro, sendo que os estudos que consideram a autodefinição de 
constipação apresentam prevalência maior do que os que empregam critérios clínicos mais restritivos, pois os primeiros podem não preencher 
os critérios médicos para constipação; 
- É mais frequente nas mulheres (37%) e entre as pessoas de nível socioeconômico mais baixo; 
- Acomete crianças e adultos, apresentando maior recorrência em pessoas após os 60 anos, com etiologia multifatorial; 
a. FATORES DE RISCO 
- Sexo Feminino – as mulheres são mais acometidas pela constipação,apresentando cerca de 1,5 a 3 vezes mais chances; 
- Nível Socioeconômico e Educacional - acomete principalmente os indivíduos de menor nível socioeconômico e com menor nível educacional; 
- Estilo de Vida - não se faz tão bem definida, pois nem sempre a correção desses fatores resulta na melhora dos sintomas; 
- Ingestão inadequada de fibras e de líquidos; 
- Gravidez; 
- Baixo nível de atividade física; 
- Uso de medicamentos; 
 Idade 
- Aumento da prevalência com o aumento da idade, atingindo cerca de 20% das pessoas com mais de 65 anos; 
- Os idosos apresentam maior quantidade de fatores de risco para constipação, como baixo nível de atividade física, uso de medicamentos com 
efeitos constipantes e doença de Parkinson, ou seja, a constipação não é consequência de alterações intestinais secundárias ao envelhecimento; 
- O esforço evacuatório é o principal sintoma no idoso; 
- Impacta negativamente na qualidade de vida desses pacientes, podendo se correlacionar a impactação fecal e a incontinência fecal; 
2. CLASSIFICAÇÃO QUANDO A DURAÇÃO 
a. CONSTIPAÇÃO AGUDA 
- Duração inferior a 4 semanas; 
- A instalação rápida dos sintomas associa-se principalmente à obstrução intestinal por tumores, hérnicas, aderências, condições inflamatórias 
e volvos; 
- Outras causas que podem ser associadas: novo medicamento, mudança de exercício ou dieta e condições cutâneas dolorosas, como fissuras 
anais, hemorroidas, abscessos anorretais e proctite; 
b. CONSTIPAÇÃO CRÔNICA 
- Duração superior a 12 semanas; 
- Pode ser causada pelos fatores associados à constipação aguda; 
- Causas específicas: condições neurológicas (neuropatias, doenla de Parkinson e paralisia cerebral), anormalidades endócrinas (hipotireoidismo, 
hiperparatireoidismo e diabetes), anormalidades hidroeletrolíticas (hipercalcemia e hipocalemia), condições reumatológicas (amiloidose e 
esclerodermia) e causas toxicológicas (ferro e chumbo); 
3. ETIOPATOGENIA 
 
 
 
 
a. CONSTIPAÇÃO INTESTINAL PRIMÁRIA/SIMPLES 
- Provocada por situações inerentes aos hábitos de vida do paciente ou por outras circunstâncias banais, consideradas fatores de risco; 
- Não apresenta alteração anatômica no órgão digestório; 
 Ingestão Alimentar Inadequada 
- A baixa ingestão de fibras contribui para a constipação, pois as fibras aceleram o trânsito colorretal, aumentam o peso das fezes e aumentam 
a frequência das evacuações; 
**não é necessariamente o único fator etiológico** 
- Estudos demonstram que mulheres que ingerem menores quantidades de fibras (cerca de 7 g/dia) apresentam risco maior de constipação em 
comparação às que ingerem 20g/dia de fibras; 
- Farelo de Trigo (25 g/dia) – diminui o tempo de trânsito colônico e aumenta o peso fecal em constipados e não constipados; 
 Incontinência Fecal 
- Perdas involuntárias de pequenas quantidades de fezes líquidas ou pastosas – se relaciona com a constipação intestinal; 
 Encoprese 
- Perda involuntária de fezes inteiras na roupa íntima – não se relaciona com a constipação intestinal; 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
- Cerca de 85% dos constipados com trânsito colônico normal e sem alterações da motilidade anorretal apresentam melhora ou cura da 
constipação após a suplementação de fibras na dieta, por cerca de 6 semanas; 
 Ingestão Inadequada de Líquidos 
- Estudos demonstram que a correlação entre a menor ingestão hídrica e a constipação, mas outros não comprovam essa associação; 
- Vários autores não associam o aumento da ingestão de líquidos ao tratamento da constipação, a menos que o paciente se encontre desidratado; 
 Sedentarismo 
- A atividade física afeta a motilidade colônica e a sua ausência contribui para a debilitação dos músculos diafragmáticos, abdominais e pélvicos 
que auxiliam na fase expulsiva da evacuação; 
- Estudos demonstram uma menor frequência de constipação entre os indivíduos que praticam atividade física, mas ainda não se estabeleceu 
uma relação causal direta entre esses fatores; 
- É um dos fatores de risco para constipação nos idosos, mas também se associa à dieta inadequada, uso de medicamentos, depressão e a 
posição antifisológica para defeca; 
- A prática de atividade física pode estar inclusa no plano de tratamento da constipação, trazendo benefícios principalmente nos adultos jovens 
com quadros de constipação leve; 
 Gravidez 
- 11 a 38% das mulheres grávidas apresentam constipação intestinal; 
- Causas: aumento dos níveis de progesterona na gravidez, diminuição da atividade física, uso de suplementos constipantes (ex.: sulfato ferroso 
e cálcio) e compressão extrínseca do útero gravídico sobre o intestino; 
 Perda do Reflexo Gastrocólico 
- Desejo de evacuar após a primeira refeição do dia, podendo se repetir após outras refeições; 
- O bloqueio voluntário e repetido dos esfíncteres anais interno e externo ao apresentar o desejo de evacuar provoca alterações que podem 
assumir caráter definitivo nos mecanismos sensoriais, fazendo com que a chegada de mais fezes no reto não seja capaz de provocar o desejo de 
evacuar; 
- Síndrome do Cólon Irritável – podem apresentar alterações do limiar de sensibilidade à pressão pela distensão retal, gerando hipoatividade do 
reflexo de defecação; 
 Posição 
- A posição ereta reduz a velocidade de progressão do bolo alimentar, devido às angulações formadas no estômago e nas alças intestinas, a 
partir dos ligamentos e flexuras, funcionando como obstáculo mecânico; 
 Viagens 
- A alteração da dieta habitual e do hábito evacuatório do indivíduo gera mudanças no hábito intestinal de forma transitória, que se normaliza 
após o retorno à rotina; 
 Pouca Disponibilidade de Sanitários 
- A inexistência de locais adequados para defecar pode inibir o reflexo da evacuação; 
- Ocorre principalmente em crianças em idade escolar e com pessoas que trabalham em locais públicos; 
b. CONSTIPAÇÃO INTESTINAL SECUNDÁRIA/ORGÂNICA 
 
 
- Apresenta-se como sintoma associado a 
vários fatores etiológicos, como 
distúrbios intestinais e extraintestinais, 
por iatrogenia ou por problemas 
psicológicos; 
 Lesões Estruturais dos Cólons e da Região Anorretal 
 
 
 
- Qualquer condição que provoque estreitamento anatômico ou 
bloqueio mecânico do lúmen pode gerar constipação intestinal; 
- Lesões extraluminais ou extraintestinais que podem gerar 
compressão extrínseca: cistos ovarianos, miomas, tumores de 
próstata, hérnias, vólvulos e invaginação; 
- Lesões luminais – ocupam espaço, reduzindo a luz do órgão e 
gerando constipação; 
- Alterações estruturais da região anorretal: prolapso retal, 
retocele, invaginação retorretal ou colorretal e enterocele – geram 
distúrbios da defecação, necessitando de tratamentos cirúrgicos 
para correção; 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
- Retocele – quadro clínico: paciente refere abaulamento anterior acompanhado por necessidade de manobra digital na parede vaginal para 
proporcionar anteparo à parede do reto – diagnóstico: defecografia – pode estar associada à discinesia do assoalho pélvico, invaginação 
retorretal ou trânsito cólico lento – sua presença nem sempre é acompanhada de constipação; 
- Invaginação Retorretal ou Colorretal – quadro clínico: dificuldade para evacuar e dor pélvica – diagnóstico: defecografia + úlcera solitária de 
reto no exame endoscópico; 
- Enterocele – descida de alça intestinal pelo fundo de saco anterior, comprimindo o reto ao término da evacuação, de modo a gerar sensação 
de evacuação incompleta, apesar do reto vazio - sua presença nem sempre é acompanhada de constipação; 
- Dolicocólon – alongamento do intestino grosso, principalmente do cólon esquerdo e sigmoide – acomete 14% dos indivíduos adultos, podendo 
não apresentar sintomas e ser apenas um achado radiológico; 
- Doença Diverticular – pode provocar constipação intestinal por estase decorrente da hipertrofia da musculatura do cólon ou de processos 
inflamatórios - frequente emidade > 60 anos; 
- Neoplasias no Cólon ou no Reto – podem causar constipação intestinal e hemorragia; 
- Enfermidades Neuromusculares – miopatias, distrofias e doenças escleroatróficas podem acometer as estruturas da parede colônica e serem 
responsáveis pela constipação intestinal; 
- Lesão Dolorosa no Reto ou Ânus – como: abscessos, fissuras, prolapsos, retocele e tumores - podem gerar constipação, pois a pessoa evita 
evacuar, realizando o bloqueio voluntário do reflexo evacuatório de forma prolongada; 
 Uso de Medicamentos com Efeitos Constipantes 
 
 
 
- Diversos medicamentos podem apresentar a constipação como 
efeito colateral, por diversos mecanismo; 
- Principais medicamentos com efeitos constipantes: analgésicos 
opioides, 
 Fatores Psicológicos 
- Distúrbios psicológicos como ansiedade, depressão, síndromes de dor crônica, distúrbios alimentares, psicose, neurose e anorexia nervosa se 
fazem presentes de forma prevalente nos pacientes com constipação, que apresentam trânsito colônico normal; 
- Alguns desses pacientes apresentam alterações da motilidade dos cólons ou da coordenação anorretal por mecanismos ainda não esclarecidos; 
- Muitas vezes apesar da queixa de constipação intestinal, na realidade o paciente não se sente satisfeito com a evacuação (volume, consistência 
ou sensação da evacuação); 
- Essa queixa pode se relacionar a fobia e na crença de serem portadores de doenças intestinais graves; 
- A associação dos fatores psicológicos com a constipação frequentemente preenchem os critérios para a síndrome do intestino irritável do tipo 
constipação; 
- O uso de antidepressivos associados aos distúrbios psicológicos podem influenciar a motilidade colônica, causando constipação; 
- Anorexia Nervosa – a causa da constipação é a reduzida ingesta de água e alimentos; 
- Existe uma grande associação do abuso sexual com a constipação intestinal; 
 Doenças Neurológicas e Miopatias 
 
- Lesões do sistema nervoso central (constipação devido ao comprometimento do sistema 
neuromotor intestinal) e periférico (magnitude do problema depende do segmento 
acometido) bgeram constipação intestinal; 
 Hirschsprung 
- Afecção congênita em que ocorre a ausência ou redução dos plexos nervosos em 
determinados segmentos do intestino, fazendo com que haja interrupção do estímulo 
nervoso nesse segmento, assim a região se torna mais espástica e apresenta estenose 
funcional; 
- É responsável por 1/3 dos casos de obstrução neonatal, sendo que a forma localizada no 
cólon e no reto é a mais comum na infância; 
**em alguns casos pode de apresentar apenas após a segunda década de vida** 
 Hipo ou Hiperganglionose no Intestino 
- A diminuição ou aumento da concentração neuronal no intestino pode causar constipação intestinal; 
- Situação de difícil diagnóstico; 
**o nº de neurônios pode ser normal, mas sua função é ineficaz** 
 Neuropatia Autonômica 
- Alterações do sistema nervoso autônomo que podem ser causa ou consequência da constipação intestinal; 
- Situação de difícil diagnóstico; 
 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
 Lesão da Medula Espinhal 
- 42 a 95% dos pacientes com lesões da medula espinhal sofrem de constipação intestinal; 
- Os pacientes com lesão da medula espinhal gastam de 30 a 60 minutos para evacuar; 
- A gravidade da constipação intestinal é maior na lesão completa, com progressão do quadro conforme o tempo de lesão; 
- Relação Nível da Lesão X Constipação: (lesão acima de T7) a incapacidade de aumentar a pressão intra-abdominal e a ausência de relaxamento 
anal durante a defecação gera a constipação; (lesão abaixo de T7, com reflexos sacrais preservados) distúrbio de defecação, com evacuação 
obstruída; (lesão abaixo de T7, sem reflexos sacrais) trânsito colônico lentificado, apresentando de forma mais grave a incontinência fecal (perda 
do controle voluntários do esfíncter) – o tratamento é direcionado conforme a alteração encontrada; 
 Esclerose Múltipla 
- Ocorre em 36 a 43% dos pacientes com esclerose múltipla, com piora do quadro com o tempo de doença; 
- Não se estabeleceu o mecanismo exato fisiopatológico da constipação, mas esta encontra-se associada a lesões do sistema nervoso central 
e/ou disfunção autonômica; 
- Alguns pacientes apresentam trânsito colônico lento, enquanto outros apresentam dificuldade para evacuar devido à impossibilidade de relaxar 
os músculos do assoalho pélvico; 
- Outros fatores de risco associados: falta de atividade física, perda do tônus muscular e medicações com efeitos constipantes; 
 Doença de Parkinson 
- Acomete 2/3 dos pacientes com doença de Parkinson; 
- Apresenta-se como evacuação obstruída, com dificuldade para evacuar e com sensação e evacuação incompleta; 
- Fisiopatologia: as alterações distônicas da musculatura estriada do Parkinson afetam o esfíncter anal externo; 
- Ocorre aumento do tempo de trânsito colônico, associado à diminuição de células produtoras de dopamina nos cólons, com inclusões hialinas 
nas células dos gânglios nervosos; 
 Colopatia Chagásica 
- Destruição dos plexos neuronais da musculatura lisa do intestino, principalmente o plexo de Auerbach, gerando neuropatia dos cólons por 
desnervação colônica; 
- Os segmentos acometidos tornam-se atônicos e muito dilatados, proporcionando aparecimento do megacólon, com consequente acúmulo de 
material fecal no cólon e a formação de fecaloma; 
- A constipação intestinal nesta apresenta evolução lenta e progressiva; 
- É uma das causas mais frequentes da constipação intestinal, podendo ocasionar 20 dias ou mais sem evacuar; 
 Esclerose Sistêmica 
- 1/3 dos pacientes com esclerose sistêmica apresentam constipação e/ou incontinência fecal; 
- Fisiopatologia: ocorre substituição da musculatura lisa por tecido fibroso e alterações do controle nervoso da motilidade colônica, assim o 
acometimento do esfíncter anal interno gera incontinência fecal, enquanto a diminuição da motilidade dos cólons gera trânsito lento; 
- Esses pacientes podem apresentar quadro compatível com a pseudo-obstrução intestinal; 
 Distúrbios Endócrinos e Metabólicos 
 
- A constipação intestinal pode ser a queixa principal de inúmeros distúrbios endócrinos e 
metabólicos; 
- Os distúrbios metabólicos quase sempre diminuem a água do organismo e o peristaltismo, 
evoluindo com constipação intestinal; 
 Diabetes Melito 
- Fisiopatologia: a diabetes pode gerar alterações neurológicas nos cólons, ocasionando aumento do tempo de trânsito colônico e ausência do 
reflexo gastrocólico; 
- Outras possíveis alterações que contribuem para a constipação intestinal e para a presença de incontinência fecal: diminuição do tônus do 
esfíncter anal e o aumento do limiar de percepção para a sensação retal; 
- Os estudos populacionais revelam uma fraca associação entre diabetes melito e constipação, assim a constipação em pacientes diabéticos 
exige uma maior investigação em busca de outras possíveis causas - ocorre em 15% dos diabéticos 
 Hipotireoidismo 
- O hipotireoidismo não tratado se correlaciona com a constipação, porém essa associação apresenta baixo nível de incidência; 
- Fisiopatologia: ocorrem alterações da motilidade colônica secundárias à infiltração da parede por tecido mixedematoso; 
- Pseudo-hipoparatireoidismo – apresentam constipação intestinal grave como único sintoma, desaparecendo com a normalização da calcemia; 
c. CONSTIPAÇÃO INTESTINAL FUNCIONAL/ IDIOPÁTICA 
- Corresponde a 90 a 95% dos casos de constipação intestinal crônica; 
- Não se encontra relação com alteração da rotina diária ou com uma etiologia estrutural, metabólica ou farmacológica para explicar o quadro 
clínico; 
- Quadro comumente crônico, que responde mal ao tratamento convencional; 
- Subdivide-se em: trânsito normal, trânsito lento e evacuação obstruída – essa classificação baseia-se em critérios fisiológicos apresentados nos 
testes funcionais; 
**alguns pacientes com constipação funcionalpodem apresentar uma combinação de trânsito lento com evacuação obstruída** 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
 Constipação com Trânsito Colônico Normal 
- Apresenta trânsito colônico e frequência das evacuações normais, mas os pacientes se consideram constipados, pois apresentam dificuldade 
para evacuar e/ou apresentam fezes endurecidas; 
- Corresponde a cerca de 59% dos pacientes com constipação funcional – forma mais comum na prática clínica; 
- Costumam melhorar com o aumento de fibras na dieta ou com o uso de laxantes osmóticos; 
- Maior parte desses pacientes podem ser diagnosticados com síndrome do intestino irritável, uma vez que a constipação é acompanhada de 
dor abdominal e com alternâncias da constipação e de períodos de diarreia; 
 Constipação com Trânsito Colônico Lento / Inércia Colônica 
- A alteração da atividade motora dos cólons lentifica o trânsito colônico, fazendo com que as fezes transitem pelo cólon por tempo prolongado; 
- Constipação crônica e grave, em que os pacientes permanecem mais de 10 dias sem evacuar, conseguindo evacuar apenas após o uso de 
laxantes; 
- Epidemiologia: acomete majoritariamente mulheres, com início do quadro de constipação da infância ou adolescência, com ausência de efeito 
após a orientação dietética e uso de medicamentos laxativos – faz com que sejam acompanhados em hospitais ou serviços de referência; 
- Fisiopatologia: (neuropatia) diminuição dos plexos mioentéricos relacionados à inervação intrínseca; (miopatia) disfunção da musculatura 
colônica e das células de Cajal nos cólons; (incoordenação) a falta de coordenação da atividade motora do cólon distal pode gerar uma barreira 
ou resistência ao trânsito normal -> geram diminuição no número e na amplitude das contrações responsáveis pelo movimento de massa e 
consequentemente da peristalse normal, com prolongamento do tempo de trânsito colônico do bolo fecal, principalmente no cólon ascendente; 
- Diagnóstico: não ocorre aumento da atividade motora intestinal depois das refeições ou da administração de fármacos estimulantes, como 
bisacodil e neostigmina, indicando a disfunção do plexo nervoso entérico; 
 Evacuação Obstruída Funcional / Anismo / Contração Paradoxal do Músculo Puborretal / Discinesia ou Dissinergia do Assoalho 
Pélvico 
- Prejuízo da evacuação retal com trânsito colônico normal ou lento; 
- Fisiopatologia: ocorre uma falência dos mecanismos de coordenação da evacuação, fazendo com que, ao invés do relaxamento, haja contração 
da musculatura pélvica no momento da evacuação, de modo a alterar as forças propulsoras do reto e/ou aumentar a resistência à evacuação, 
assim ocorre a oclusão do canal anal, com consequente acúmulo do bolo fecal na região retossigmoidiana; 
**pode ser secundária a alterações estruturais ou resultante de distúrbios funcionais** 
- Fatores associados: dor à evacuação, sensação de evacuação incompleta, manipulação digital para evacuar, trauma, dano obstétrico e abuso 
sexual; 
4. AVALIAÇÃO CLÍNICA 
- Sintomas frequentes nos pacientes com constipação intestinal: diminuição na frequência das evacuações (menos de 3 evacuações/semana), 
desconforto abdominal ou retal, meteorismo, flatulência, estufamento, dor abdominal, sensação de evacuação incompleta, necessidade de 
esforço para evacuar, fezes endurecidas (podem ser em cíbalos), necessidade de manobras manuais para facilitar a evacuação; 
a. ANAMNESE 
- Faz-se necessário uma anamnese cuidadosa; 
- Avalia-se: sintomas específicos de constipação, forma das fezes, frequência das evacuações e época da vida em que os sintomas se iniciaram; 
- Início dos Sintomas – (constipação desde o nascimento) indica doenças congênitas como Hirschsprung e meningocele; (constipação de início 
recente) indica doença orgânica, sendo que início há + de 2 anos traz mais tranquilidade, mas deve-se lembrar sempre das patologias malignas; 
- Investiga-se as doenças sistêmicas presentes e os medicamentos em uso, atendando-se para os seus possíveis efeitos constipantes; 
- História Alimentar – busca quantificar o conteúdo de fibras na dieta e a hidratação; 
- Investiga mudanças recentes no estilo de vida, como a diminuição da atividade física e as manifestações de depressão; 
- Analisa-se a epidemiologia para a doença de Chagas na região; 
- Solicita ao paciente para descrever o ato de evacuação; 
- Pesquisa-se: esforço evacuatório intenso e prolongado, necessidade de pressão perineal ou vaginal ou necessidade de manobras digitais para 
facilitar a evacuação – sugerem evacuação obstruída, não respondendo bem ao tratamento com laxativos; 
- Presença de Dor – define-se o decálogo da dor (caráter, intensidade, localização, irradiação, início, frequência, fatores agravantes e atenuantes)- 
a dor associada à constipação pode se localizar nos quadrantes inferiores do abdome, sendo consequência da distensão dos cólons por gases ou 
por contrações prolongadas, mas também pode atingir os hipocôndrios, com intensidade branda – melhora com a evacuação ou com a 
eliminação de gases; 
- Em casos de constipação crônica o paciente pode apresentar queixas gerais, como cefaleia, irritabilidade, distensão abdominal, anorexia e 
desânimo; 
- Possibilidade diagnóstica de síndrome do intestino irritável (SII) – apresentam: dor associada à evacuação, distensão abdominal e flatulência; 
- Deve-se perguntar sobre a repressão ao reflexo evacuatório e sobre a história de abuso de laxativos; 
- Sinais e Sintomas de Alarme: emagrecimento maior que 10% do peso corporal em menos de 6 meses, história familiar de câncer de cólon, 
febre, hematoquezia, anemia, início recente de constipação após os 50 anos de idade – podem indicar neoplasia; 
- Indicativos: (disfunção do assoalho pélvico) queixa de constipação associada à presença de incontinência urinária de esforço; (inércia colônica) 
desejar e não conseguir urinar; 
- Antecedentes obstétricos – partos múltiplos e difíceis, com uso de fórceps, podem indicar dano ao assoalho pélvico; 
- Pode-se recomendar a realização de diários para uma avaliação mais apurada do hábito intestinal; 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
 Características Físicas das Fezes 
 
- Tamanho – não pode ser dimensionado adequadamente devido à 
deformação do bolo fecal pelas estruturas da região anorretal e à 
força da gravidade durante o ato da defecação, mas comumente os 
pacientes constipados apresentam fezes finas como um lápis, 
volumosas ou fragmentadas em vários tamanhos 
- Comprimento – varia conforme a região esvaziada, assim 90% das 
pessoas normais esvaziam apenas o reto ao defecarem, enquanto 
os outros 10% esvaziam o cólon, da flexura esplênica até o ânus; 
- Peso Fecal – o peso normal nos homens varia de 35 a 450g por 
evacuação e nas mulheres de 5 a 335g, sendo o peso médio de 100 
a 200g, que varia conforme o teor de fibra na dieta; 
- Consistência – pode ser determinada pela força necessária para a passagem das fezes e para a penetração de um objeto no bolo fecal; 
- Frequência – parâmetro de maior aplicação clínica, devido à facilidade de quantificar, podendo ser alterada com relação à cultura, hábitos 
alimentares, atividade física, educação e fatores emocionais – geralmente a maioria das pessoas evacua 1 vez/dia e raramente menos de 5 
vezes/dia; 
b. EXAME FÍSICO 
- Deve ser realizado de forma minuciosa, buscando excluir doença orgânica relacionada à constipação intestinal; 
- Frequentemente é normal; 
- Exame Bucal – verifica-se o estado dos dentes, buscando lesões na cavidade oral que possam interferir na alimentação; 
- Exame Abdominal – deve ser pesquisado em todo paciente constipado - possíveis alterações: distensão, hérnias, cólon palpável com fezes 
endurecidas (fecalomas – presente em cerca de 20% das crianças constipadas) ou massas sugestivas de neoplasia; 
- Exame Retal – (inspeção da região perianal) permite identificar escoriações na pele, hemorroidas, fístulas, fissuras, doenças sexualmentetransmissíveis e trauma consequente ao abuso sexual; (sensibilidade) a ausência de sensações cutâneas pode indicar lesão neurológica; 
- Toque Retal – não pode ser omitido em paciente constipado, fornecendo informações sobre: tônus dos esfíncteres, calibre do canal anal, 
presença de lesões (abscessos, tumores e fístulas) e estruturas extrarretais (próstata e colo do útero) - possíveis alterações: lesões da região 
anorretal e alteração do tônus do esfíncter anal; 
- Deve-se realizar o exame neurológico, principalmente com a pesquisa de sensibilidade nas áreas sacrais – busca descartar lesões centrais e 
medulares; 
5. DIAGNÓSTICO 
- A escolha dos exames a serem realizados depende da avaliação clínica meticulosa de cada caso; 
- Não se faz necessário solicitar uma bateria de exames laboratoriais e de imagem antes do tratamento empírico em pacientes constipados sem 
sinais de alarme; 
a. CRITÉRIOS DE ROMA IV 
- Definição de constipação funcional: afecção funcional com predomínio de sintomas de evacuação infrequente, difícil ou incompleta; 
- Desenvolvidos buscando padronizar o diagnóstico clínico da constipação funcional, evitando a realização de muitos testes para descartar outras 
doenças; 
- Não prevalecem caso existam indícios sugestivos de doenças que envolvam anormalidades anatômicas, inflamação, infecção ou processos 
neoplásicos, tornando necessário a realização de investigação diagnóstica para descartar a possibilidade de a constipação não ser funcional; 
- Não se fixa apenas o número de evacuações, mas também a qualidade delas; 
- Deve incluir 2 ou + dos sintomas: (1) esforço excessivo em pelo menos 25% das evacuações; (2) fezes endurecidas ou em cíbalos (tipo 1 e 2 de 
Bristol) em pelo menos 25% das evacuações; (3) sensação de evacuação incompleta em pelo menos 25% das evacuações; (4) sensação de 
obstrução ou bloqueio anorretal em pelo menos 25% das evacuações; (5) manobras manuais para facilitar a defecação em pelo menos 25% das 
evacuações; (6) menos de 3 evacuações espontâneas completas por semana; 
- Fezes amolecidas raramente presentes sem o uso de laxantes; 
- Critérios insuficientes para a síndrome do intestino irritável (SII) do tipo constipação, pois a dor e a sensação de distensão abdominal não são 
sintomas principais; 
**estudos recentes demonstram que é impossível a distinção da SII e da constipação intestinal funcional** 
- O quadro deve apresentar início cerca de 6 meses antes do diagnóstico, devendo estar ativo nos últimos 3 meses; 
b. EXAMES LABORATORIAIS 
- Pacientes sem sinais e sintomas associados à constipação -> hemograma completo; 
**os demais exames laboratoriais (provas de função tireoidiana, dosagem de cálcio sérico e glicemia) são recomendado apenas quando a 
avaliação clínica indicar outras doenças orgânicas** 
- Os exames de rotina podem ser inclusos devido à frequente associação entre a constipação intestinal e a infecção do trato urinário – solicita-
se exame do sedimento urinário e urocultura; 
c. EXAMES DE IMAGEM 
- Colonoscopia – indicação: (1) pacientes com sinais de alarme; (2) pacientes com idade > 50 anos que não foram submetidos aos exames para 
rastreamento do câncer colorretal após o início da constipação e (3) pacientes com constipação refratária ao tratamento clínico; 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
- Retossigmoidoscopia – indicação: observação da mucosa retal para afastar doenças orgânicas; 
- Enema Opaco – exame radiológico, que vem sendo progressivamente substituído pela colonoscopia - indicação: (1) pacientes chagásicos, 
investigando o megacólon; (2) casos de constipação intestinal refratária, fornecendo informações sobre as medidas e alterações anatômicas dos 
cólons, que não são obtidas com a colonoscopia; (3) constipação intestinal de aparecimento recente, buscando afastar a possibilidade de um 
carcinoma; (4) avaliar tamanho do intestino, presença ou não de divertículos, megacólon, estenose e outros achados presentes na constipação 
crônica; 
d. TESTES FUNCIONAIS 
- Indicação: constipação refratária ao tratamento clínico com fibras e laxantes; 
- Objetivo: identificar a evacuação obstruída ou a inércia colônica; 
- Sequência de Realização: depende da disponibilidade nos diversos serviços – ordem da Sociedade Americana de Gastroenterologia: (1) testes 
para investigação da evacuação obstruída, com realização inicial do teste de expulsão do balão e manometria anorretal, sendo solicitado a 
defecografia apenas em resultados inconclusivos dos anteriores; (2) após a exclusão do diagnóstico de evacuação obstruída por defecografia, 
solicita-se o estudo do tempo de trânsito colônico, buscando diferenciar pacientes com trânsito normal e lento (maior parte da alteração do 
trânsito colônico se normaliza após o tratamento efetivo) – justificativa: 50% dos pacientes com evacuação obstruída também apresentam 
trânsito colônico lento e a presença de trânsito lento não exclui um distúrbio da defecação associado; 
 Estudo do Tempo de Trânsito Colônico 
 
- Objetivo: compreender melhor o movimento do bolo fecal através 
do cólon; 
- Técnica: ingere-se cápsulas com marcadores radiopacos (como 
bário), que são evidenciados dentro do trato gastrointestinal, a 
partir da realização diária de radiografias do abdome até cerca de 
5 dias após a ingestão – nesse período o paciente deve manter a 
dieta habitual e não pode usar laxativos; 
- Para maior precisão pode-se conhecer o número de marcadores 
ingeridos e realizar a contagem dos recuperados nas fezes durante 
os 5 dias; 
 
- Padrões Indicados: (trânsito normal) ao final do 5º dia restam 
menos de 20% dos marcadores no cólon; (trânsito lento ou inércia 
colônica) presença de mais de 20% dos marcadores na radiografia 
realizada 5 dias após a ingestão, concentrados pelo cólon ou 
concentrados no cólon ascendente; (padrão obstrutivo) retenção 
de mais de 20% dos marcadores na região retossigmoidiana, com 
trânsito normal no restante do cólon; 
**Dissinergia Anorretal – 2/3 desses pacientes apresentam padrão 
misto, ou seja, trânsito lento e padrão obstrutivos simultâneos** 
 Teste de Expulsão do Balão 
- Técnica: introduz um balão de silicone, com formato de fezes, preenchido com 50 ml de água morna, no reto e solicita que o paciente o expulse 
para observação da dinâmica da evacuação; 
- Permite estudar o ângulo anorretal e avaliar o comprimento e a pressão de abertura do canal anal; 
- Diagnostica a evacuação obstruída; 
 Manometria Anorretal 
- Mede as pressões de repouso e da contração voluntária do canal anal; 
- Fornece informações sobre os padrões manométricos durante a tentativa de expulsão do balão e sobre a sensibilidade e a complacência retal; 
- Diagnostica a evacuação obstruída; 
- Auxilia no diagnóstico diferencial entre constipação intestinal idiopática e doença de Hirschsprung; 
 Defecografia 
- Permite avaliar a anatomia e a dinâmica da evacuação; 
 Defecografia por Raio-X 
- Estudo da dinâmica da evacuação, diagnosticando a evacuação obstruída; 
- Técnica: (1) introduz-se um contraste baritado de consistência semelhante às fezes no reto (150 mL); (2) o paciente é mantido sentado em uma 
cadeira apropriada, sendo solicitado a evacuar o contraste, enquanto se realiza radiografias da pelve; 
- Possíveis alterações que podem ser identificadas: prolapso retal, prolapso da mucosa, retocele, enterocele, peritoniocele, queda do peritônio 
e contração paradoxal do músculo puborretal; 
 Defecografia por Ressonância Magnética 
- Desvantagem: realizada em posição não fisiológica, com paciente deitado; 
- Vantagens: permite avaliar alterações que afetam vários compartimentos, como as disfunções do aparelho genitourinário e do assoalho pélvico; 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
 Eletromiografia do Cólon 
- Registra a atividade elétrica do cólon, auxiliando na determinação da fisiopatologia da constipação intestinal; 
- É muito trabalhoso, pois exige aintrodução de eletrodos na forma de anel, via colonoscopia, para captação dos sinais pelo simples contato com 
a parede intestinal; 
 Eletromiografia do Esfíncter Anal 
- Utiliza-se eletrodos em agulhas para detecção da dissinergia em um músculo isoladamente; 
- Permite investigar o reflexo entre a pele perineal e a musculatura pélvica, determinando a integridade da inervação proveniente da cauda 
equina; 
6. TRATAMENTO 
 
- Objetivo: melhorar os sintomas, atuando sobre os mecanismos fisiológicos que regulam as funções do trato gastrointestinal; 
- Na maioria dos casos de constipação a história clínica e o exame físico são suficientes para iniciar o tratamento do paciente com idade < 50 
anos e que não apresenta sinais de alarme; 
- Não existe nenhum medicamento ou esquema terapêutico único para todos os pacientes ou situações, assim a escolha do tratamento ocorre 
de forma individualizada, dependendo da avaliação clínica e da percepção do paciente sobre a gravidade dos seus sintomas; 
- Ordem do Tratamento: (1) medidas gerais + consumo de fibras na dieta e se necessário suplementos de fibra; (2) em caso de ausência de 
resposta satisfatória, emprega-se os laxantes osmóticos; (3) ausência de resposta, emprega-se os laxantes estimulantes; (4) emprega-se a 
prucaloprida – caso o paciente não apresente resposta a esses tratamentos realiza-se os testes diagnósticos funcionais para identificação da 
evacuação obstruída e/ou inércia colônica; 
- Muitos pacientes apresentam insatisfação com o resultado do seu tratamento; 
a. MEDIDAS GERAIS 
 Relação Médico Paciente 
- O tratamento se inicia quando o paciente entra no consultório pela 1ª vez, dando atenção à anamnese e ao exame físico que permitem o 
estabelecimento da relação médico-paciente; 
- Comumente esses pacientes apresentam alto grau de frustação, pois comumente apresentam história prévia de associação da constipação 
com problemas psicológicos ou com fracassos terapêuticos; 
- Deve-se buscar realizar um diagnóstico positivo, mostrando que existe algo errado relacionado à avaliação funcional; 
- Busca estabelecer uma aliança terapêutica com o paciente; 
 Orientações Gerais ao Paciente 
- Atentar para a variabilidade das disfunções intestinas e a não obrigatoriedade da evacuação diária; 
- Buscar estabelecer uma rotina evacuatória; 
- Investigar causas específicas de constipação intestinal e trata-las; 
- Ressaltar a necessidade de aderência ao tratamento; 
- Esclarecer sobre o abuso e o uso inadequado de laxativos; 
- Mudanças no Estilo de Vida - inexistem evidências científicas que comprovem sua eficácia no tratamento da constipação; 
- Atividade Física Regular – prática regular, principalmente de abdominais, buscando reforçar a musculatura do diafragma e abdominal, que 
participam ativamente do processo de evacuação - associam-se à melhora do hábito intestinal e do trânsito colônico; 
- Ingestão Hídrica – ingerir pelo menos 1l de água por dia - não existem que comprovem a associação da maior ingestão hídrica com a melhora 
da constipação intestinal; 
- Tratar as afecções anorretais quando presentes, como hemorroidas, fissuras, fístulas e retocele; 
 Reeducação dos Hábitos Evacuatórios 
- Baseia-se na observação de que indivíduos com função intestinal normal evacuam sempre em um mesmo horário todos os dias; 
- Consiste em: reservar um tempo regular para evacuação espontânea, normalmente após o café da manhã ou alguma refeição, buscando 
defecar ainda que não tenha desejo – busca tornar a evacuação um reflexo condicionado; 
- Não existem evidências que comprovem seus efeitos benéficos; 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
**sempre que possível não deixar de atender ao desejo de evacuar** 
- Outras Medidas de Reeducação: (postura no vaso sanitário) buscar estabelecer uma posição mais fisiológica de evacuação, próximo à posição 
de cócoras, podendo empregar artifícios que elevem os pés; 
 Aumento da Ingestão de Fibras 
 
- Razão da Eficiência da Dieta com Fibras – as fibras geram estímulos químicos a partir da 
liberação de ácidos graxos voláteis, como acético, burítico e propiônico, enquanto o gás 
carbônico, o hidrogênio e o metano produzem o amolecimento das fezes – não se relaciona 
diretamente ao estímulo mecânico da distensão; 
- Fibras na Dieta - compõe a 1ª etapa do tratamento da constipação intestinal, principalmente 
nos pacientes que não apresentam causa evidente de constipação intestinal – alimentos ricos 
em fibras: farelo de trigo, verduras, frutas, leguminosas e cereais – do ponto de vista 
nutricional são melhores que os suplementos de fibras purificados, devendo-se recomendar 
uma dieta com diferentes tipos e teores de fibras, de modo a se dar preferência aos alimentos 
crus e com casca; 
**farelo de trigo – alimento com maior poder de aumentar o peso fecal** 
- Suplementos de Fibras – (fibras medicinais naturais) psílio, plantago e sene; (fibras 
sintéticas) policarbofila - podem ser acrescidos às fibras na dieta, buscando alcançar o 
consumo de 25 a 30 gramas de fibras/dia – costumam apresentar aderência maior e mais 
prolongada; 
- Fibras Insolúveis – ex.: celulose, ligninas e hemiceluloses – podem ser encontradas nos grãos 
integrais (farelo de trigo), nozes, sementes e vegetais – atuam retendo água, de modo a 
aumentar o volume e o peso do bolo fecal, estimulando a motilidade e aumentando o tempo 
de trânsito intestinal - efeito colateral: aumento da distensão abdominal e da flatulência; 
- Fibras Solúveis – ex.: psyllium, policarbofila cálcica, pectinas, gomas e hemiceluloses – podem ser encontradas na aveia, cevada, legumes, 
vegetais e frutas – são metabolizadas pelas bactérias do cólon, formando um gel lubrificante, que é incorporado ao bolo fecal, amaciando-o, de 
modo a facilitar sua progressão - são eficazes para o tratamento da constipação intestinal, sendo uma melhor opção terapêutica em relação as 
fibras insolúveis e apresentam menor incidência de distensão abdominal e flatulência; 
**o consumo diário de 12 unidades de ameixas secas/dia é associado à melhora da frequência das evacuações e da consistência das fezes em 
pacientes com constipação leve a moderada** 
** a conservação dos alimentos faz com que esses sejam desprovidos de fibras** 
- Não são todos os pacientes constipados que respondem à dieta rica em fibras, como por exemplo os pacientes que apresentam inércia colônica 
ou disfunção do assoalho pélvico – alguns podem apresentar piora dos sintomas com a ingestão de fibras; 
b. LAXANTES 
 
- Indicação: medidas gerais e a dieta rica em fibras não gerar 
resultados satisfatórios; 
- Para sua prescrição deve-se respeitar a tolerância e a preferência 
do paciente; 
- Seu uso crônico pode gerar desequilíbrios eletrolíticos e 
dependência; 
- Contraindicação: obstrução intestinal; 
 Formadores de Massa/Volumosos 
- Mecanismo de ação: aumentam o bolo fecal, pois não são digeridos na parte alta do TGI, formando uma massa hidratada volumosa; 
- Derivam da celulose e do polissacarídios semissintéticos, como: metilcelulose, carbometilcelulose, semente de plantago, ágar, farelo e 
polímeros sintéticos, como policarbofila; 
- Fibras Sintéticas – substâncias inertes, resistentes à ação bacteriana, que são osmoticamente avidas, apresentando capacidade hidrófila de 40 
a 60 vezes seu peso; 
- Desvantagem: pode exacerbar os sintomas caso a constipação intestinal for orgânica; 
- São os mais indicados para o tratamento a longa prazo, sendo os demais indicados apenas em casos agudos, por curto período de tempo ou 
quando necessita-se de limpeza intestinal para realização de algum procedimento; 
 Emolientes ou Surfactantes 
- Tornam-se emulsificados com as fezes; 
- Mecanismo de ação: dificultam a absorção de água pela mucosa intestinal, facilitando a mistura de água e gordura na massa fecal, de modo a 
causar amolecimento; 
- Ex.: docusato de sódio, cálcio ou potássio; 
- Podem demorar dias para seremeficazes, sendo comumente usados na profilaxia ou na constipação ocasional, de forma associada aos agentes 
formadores de massa; 
- Desvantagem: podem provocar ruptura dos epitélios gástrico e intestinal; 
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 Osmóticos/Salinos 
- Solutos pouco absorvidos, que exercem efeito osmótimo; 
- Indicação: ausência de resposta às medidas gerais e às fibras, principalmente em pacientes com trânsito colônico lento e megacólon; 
 Salinos 
- Ex.: sais de magnésio ou de sódio; 
- Mecanismo de Ação: não são absorvidos, produzindo fluxo osmótico de água para o lúmen intestinal -> o volume anormalmente grande no 
cólon causa distenção e eliminação em menos de 1 hora; 
- Desvantagem: seu uso prolongado pode provocar distúrbios hidroeletrolíticos, principalmente em pacientes renais crônicos; 
 Açúcares 
- Ex.: polietilenoglicol (PEG), lactulose, lactose, sorbitol, manitol, glicerina; 
- Mecanismo de Ação: carboidratos de baixa absorção que continuam no cólon, tornando-se produto para fermentação bacteriana, resultando 
na produção de hidrogênio, metano, dióxido de carbono, água, ácidos e ácidos graxos voláteis, produzindo fluxo osmótico de água para o lúmen 
intestinal e estimulando a motilidade intestinal; 
- Polietilenoglicol (PEG)/macrogol – agente osmótico sintético, de alto peso molecular, quimicamente inerte, que é associado a uma solução 
eletrolítica com qualquer sal absorvível - apresenta evidências científicas de alta qualidade no tratamento da constipação intestinal, com 
melhores resultados relacionados à frequência das evacuações, à consistência das fezes, à dor abdominal e à manutenção da eficácia em 
tratamentos prolongados – é atóxico, mesmo em altas doses, podendo ser indicado para idosos, mulheres grávidas e crianças; 
- Lactose – laxante suave e seguro para a constipação moderada – efeito colateral: a produção de gás pode causar dor abdominal e flatulência; 
- Sorbitol – açúcar pouco absorvível, utilizado para a limpeza dos cólons; 
- Glicerina – não pode ser usada por via oral, pois seria prontamente absorvida no intestino delgado; 
 Estimulantes/Irritantes 
- Princípios Ativos: sene, óleo de rícino, fenoftaleína, picossulfato de sódio de bisacodil – apenas o picossulfato de sódio e o bisacodil apresentam 
evidência científica moderada para uso no tratamento da constipação intestinal -> 
- Mecanismo de Ação: estimulam a motilidade colônica e a inibição da reabsorção de água, sódio e cloro pela mucosa; 
- Fenoftaleína – mecanismo de ação: inibe a absorção ativa de sódio – pode causar sérias lesões hepáticas; 
- Bisacodil – mecanismo de ação: estimula o plexo nervoso da mucosa do cólon, causando contrações e diminuindo a absorção de água; 
- Derivados Antraquinônicos – mecanismo de ação: são desconjugados por bactérias no lúmen intestinal, estimulando o plexo nervoso – seu uso 
indiscriminado à longo prazo, pode lesar definitivamente os plexos, provando o cólon catártico; 
- Possíveis Efeitos Colaterais: (agudos) hipopotassemia (quando em altas doses), dor abdominal e diarreia; (crônicos) cólon catártico/atonia de 
cólon, causado pela lesão dos plexos mioentéricos dos cólons, fazendo com que o único modo de conseguir defecar seja ingerir maiores 
quantidades de laxativos (dependência); 
 Lubrificantes 
- Ex.: (lubrificantes) óleo mineral e parafina; (redutores da consistência fecal) docusado – resultados contraditórios no tratamento da 
constipação; 
- Mecanismo de Ação: lubrificam a parede intestinal e diminuem a absorção de água pelo cólon, facilitando a passagem das fezes endurecidas; 
- Efeitos Colaterais do Óleo Mineral: (agudos) pneumonia lipídica por aspiração; (crônico) má absorção de vitaminas lipossolúveis; 
c. SUPOSITÓRIOS E ENEMAS 
- Indicação: disfunção do assoalho pélvico refratária ao tratamento; 
- Não existem estudos controlados sobre seu uso crônico na constipação; 
- Supositórios de Glicerina – diminuem a consistência faz fezes e estimulam o reflexo da defecação; 
- Enemas – induzem a evacuação pela distensão dos cólons e pela lavagem mecânica; 
d. AGONISTAS SELETIVOS DOS RECEPTORES 5-HT 
- Os receptores 5-HT desempenham papel importante fisiológico e fisiopatológico na regulação das funções gastrointestinais, uma vez que a 
ativação neural desses gera a atividade procinética ao longo do trato gastrointestinal, assim a liberação de neurotransmissores a partir dos 
nervos entéricos resulta em aumento da contratilidade e da estimulação do reflexo peristáltico; 
**o papel exato dos neurotransmissores na sensibilidade visceral é desconhecido** 
- Ex.: tegaserode, prucaloprida e renzaprida; 
- Tegaserode – agonista parcial dos receptores 5-HT - mimetiza a estrutura química se serotonina, sem atravessar a barreira hematoencefálica, 
limitando sua atividade ao sistema nervoso periférico, de modo a tentar estimular esses receptores com finalidade terapêutica – apresenta 
efeitos adversos no sistema cardiovascular; 
- Prucaloprida – agonista completo dos receptores 5-HT - estimula o trânsito gastrointestinal e o trânsito colônico, apresentando evidências de 
qualidade moderada para o tratamento da constipação intestinal – não existem eventos cardiovasculares associados relatados, mas apresenta 
similaridade com a cisaprida, que foi retirada do mercado por causar arritmia cardíaca; 
- Renzaprida – mistura de agonista 5-HT e antagonista %-HT – apresenta efeito estimulante sobre a motilidade e o trânsito gastrointestinal – 
melhora a constipação intestinal e a dor abdominal; 
e. AGENTES PRÓ-SECRETORES 
- São mais eficazes que o placebo no tratamento da constipação intestinal, melhorando a frequência das evacuações e a consistência das fezes; 
- Efeito Colateral: diarreia; **não se encontram disponíveis no Brasil** 
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 Lubiprostona 
- Mecanismo de Ação: ativa os canais de cloro presentes na membrana apical do epitélio gastrointestinal, aumentando o fluido intraluminal; 
 Linaclotida 
- Mecanismo de Ação: age como agonista da guanil-ciclase; 
f. ANTAGONISTA OPIOIDES 
- Droga que atua no SNC para o tratamento da constipação intestinal, envolvendo os neurônios secretores de opiáceos endógenos e seus 
receptores; 
- Baseia-se no fato de que a liberação dos opioides e sua interação com os receptores pós-sinápticos diminuem a peristalse, causando 
constipação intestinal; 
- Naloxone – atravessa a barreira hematoencefálica, agindo nos receptores opioides do sistema nervoso central – não deve ser utilizada com 
finalidade de tratar a constipação; 
- Metilmatroxeno e Alvimopam – novos antagonistas opiáceos, que não atravessam a barreira hematoencefálica – estão em estudo; 
g. PROBIÓTICOS 
- Suplementação com organismos comensais, baseando-se no fato de que a flora bacteriana intestinal normal influencia funções motoras 
envolvidas na gênese da constipação intestinal, apesar de não existir comprovação científica da relação direta desses fatores; 
- Os dados na literatura são insuficientes para recomendação dessa terapêutica, porém são bem tolerados e não apresentam efeitos colaterais 
associados; 
- Probióticos com efeitos favoráveis no tratamento da constipação intestinal funcional do adulto: Bifidobacterium lactis, Lactobacillus casei 
Shirota e Escherichia coli Nissle; 
h. DROGAS EM ESTUDO 
- Neurotrofina 3 – peptídeo que aumenta o desenvolvimento de neurônios in vitro, em busca de tratar as doenças degenerativas, gerando 
diarreia; 
- Ativadores dos Canais de Cálcio – ex.: llubiprostone e linaclotide - abre os canais de cloro presentes na mucosa, de modo a possibilitar a secreção 
de fluidos pelo intestino, pois esta é mediada pelos canais de cloro existentes na membrana apical dos enterócitos -> facilita a passagem das 
fezes e causa pouca alteração no equilíbrio eletrolítico, podendo ser empregado na constipação crônica – efeito adverso: naúsea; 
i. MEDICINA ALTERNATIVA 
- Existem poucos trabalhoscientíficos bem conduzidos a respeito dessas medidas alternativas para o tratamento da constipação; 
- Pode-se empregar acupuntura e ervas chinesas; 
j. BIOFEEDBACK 
- Técnicas de relaxamento baseadas nas técnicas de fisioterapia do assoalho pélvico; 
- Princípio: reativar um reflexo preexistente, reeducando o paciente e o ensinando a relaxar a musculatura pélvica durante o esforço para 
evacuar; 
- Indicação: dissinergia do assoalho pélvico, quando não houver melhora com o tratamento clínico; 
- Pode ser realizado a partir da eletromiografia ou manometria anorretal, com sinais auditivos e visuais; 
- Apresenta boas respostas em cerca de 70% dos casos, com boas taxas de resposta em casos de evacuação obstruída; 
k. TOXINA BOTULÍNICA 
- Opção para tratamento do anismo; 
- Desvantagens: curta duração dos seus efeitos (3 a 6 meses), necessitando de injeções repetidas para manutenção dos resultados; 
l. NEUROESTIMULAÇÃO SACRAL 
- Indicação: constipação refratária; 
- Poucos estudos demonstram resultados promissores; 
m. PSICOTERAPIA 
- Os estudos não demonstram resultados positivos na sua correlação com a constipação; 
- Busca a redução da ansiedade com consequente relaxamento da musculatura pélvica; 
- Auxilia na correção de conceitos distorcidos a respeitos dos hábitos intestinais e da imagem corporal; 
n. TRATAMENTO CIRÚRGICO 
- Indicação criteriosa, em constipação refratária ao tratamento clínico, baseada nos testes funcionais; 
- Exclui-se no pré-operatório: coexistência de distúrbios de motilidade do trato gastrointestinal alto e a disfunção do assoalho pélvico; 
- Doença de Hirshprung – em algumas situações se consegue bons resultados com miotomia anorretal (secção de uma faixa muscular na face 
posterior da junção anorretal, sobre o esfíncter anal interno e as duas camadas da parede posterior e inferior do reto); 
 Inércia Colônica 
- Emprega-se a colectomia total, com ileorreto anastomose – apresenta bons resultados em 67 a 94% dos casos; 
- Indicação Criteriosa: pacientes que apresentam sintomas que comprometem as atividades diárias e que não respondem ao tratamento clínico; 
- Os pacientes devem ser informações dos resultados pós-operatórios, com a persistência de dor abdominal, diarreia e episódios de suboclusão 
intestinal; 
- Mostra-se ineficaz na totalidade dos casos; 
 
 
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 Retocele 
- Colpoperineoplastia posterior associada à levatorplastia - considerado incorreto pois aproxima os ramos musculares do músculo puborretal 
(naturalmente afastados) e não reconstrói a fáscia do septo vaginal - associa-se à dispareunia; 
- Técnicas de correção por via transanal – emprega a ultrassonografia endorretal tridimensional para identificar as alterações anatômicas no 
comprimento do esfíncter anal externo na parede anterior e porção proximal do canal anal; 
 CONTIPAÇÃO INTESTINAL NA CRIANÇA 
1. CONSTIPAÇÃO FUNCIONAL 
 
- Clico vicioso de dor, dificuldade e esforço nas evacuações, provocando o comportamento de retenção voluntária das fezes em crianças ou 
adolescentes, relacionada ao medo de evacuar; 
- Caracteriza-se pelo comportamento de retenção/adiamento da defecação, a partir de manobras realizadas pela criança de contração do 
esfíncter externo para evitar a evacuação, fazendo com que o reto acumule e impacte as fezes, com consequente crescimento e endurecimento 
dessas (devido à maior reabsorção de líquido pela mucosa), de modo a formar o fecaloma; 
- Com a formação do fecaloma ocorre gradual diminuição da sensibilidade à distenção, com dilatação progressiva do reto (megarreto) e do cólon 
(megacólon); 
- A permanência prolongada do fecaloma no reto torna o esfíncter anal interno pouco responsivo ou relaxado; 
- As fezes se acumulam até chegar à exaustão do esfíncter anal externo e da musculatura glútea, quando ocorre a incontinência fecal retentiva, 
por transbordamento, com perda involuntária de conteúdo retal fecaloide, devido à perda da sensação de distensão retal e da urgência normal 
de defecar; 
- Esse processo pode determinar a perpetuação do quadro de constipação intestinal, com aumento progressivo da gravidade e com surgimento 
de complicações ou manifestações associadas, de modo que a partir de um quadro inicial de evacuação dolorosa de fezes endurecidas no 
primeiro ano de vida pode ocorrer dificuldade para o desenvolvimento do controle esfincteriano, formação de fecaloma, incontinência fecal por 
retenção no pré-escolar e dor abdominal crônica no escolar, podendo perdurar as manifestações até a adolescência; 
- Disquezia do Lactente – ocorre pelo menos 10 minutos de esforço e choro antecedendo a eliminação de fezes moles - situação transitória de 
desaparecimento espontâneo, quando o lactente adquire a capacidade de relaxar o esfíncter anal e a musculatura pélvica ao se estabelecer a 
prensa abdominal no momento da evacuação – não requer tratamento; 
- Encoprese – incontinência fecal não retentiva, em que ocorre evacuações em sua plena sequência fisiológica, em local e/ou momento 
inapropriado ao menos 1 vez ao mês, por crianças de idade > 4 anos, ocorrendo em episódios relacionados ao aumento da pressão intrabdominal 
(criança em pé, brincando ou dirigindo) – apresenta causa psicogênica, estando associado à constipação intestinal funcional; 
a. EPIDEMIOLOGIA 
- A constipação crônica funcional é um problema comum na infância, com prevalência de cerca de 3% em todo o mundo; 
- A prevalência da constipação na pediatria varia de 15 a 20% entre os escolares e os adolescentes; 
- 17 a 40% das crianças apresentam constipação no primeiro ano de vida; 
- Nas crianças observa-se maior número de pacientes do sexo masculino, enquanto na adolescência a constipação é mais prevalente no sexo 
feminino; 
- Ocorre maior frequência de constipação intestinal nas mães (40%) do que nos pais (10%); 
b. QUADRO CLÍNICO 
- Sintomas básicos: defecação dolora e/ou infrequente, incontinência fecal e dor abdominal; 
- Complicações da constipação: dor abdominal recorrente, vômitos, fezes com sangue, infecções urinárias de repetição, retenção urinária, 
enurese, redução do apetite e anorexia; 
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- Posturas características de retenção fecal: ficam na ponta dos pés, contraem as pernas e as nádegas, balançam o corpo para frente e para trás 
ou se escondem debaixo ou atrás de mobílias – busca evitar o desconforto e a dor, podendo recusar se sentar no vaso sanitário; 
 Lactente 
- Evacua fezes endurecidas, em cíbalos, com esforço, dor e dificuldade para eliminação; 
- Faz-se comum a presença de fissura anal; 
- Pode não apresentar aumento no intervalo entre as evacuações; 
**várias características clínicas indicadas pelo Roma IV não se aplicam nesta faixa etária** 
- Pseudoconstipação – eliminação de fezes macias, em frequência menor que 3 vezes na semana – condição fisiológica que não requer 
tratamento, acometendo cerca de 5% dos lactentes com idade inferior a 6 meses em aleitamento natural; 
 A partir do Segundo Ano de Vida 
- Caracteriza-se o comportamento de retenção; 
- Apresenta ampliação do intervalo entre as evacuações, com eliminação de fezes de maior calibre e consistência, gerando esforço e dor; 
- Pode gerar entupimento do vaso sanitário devido á eliminação de fezes volumosas; 
 Pré-Escolar e Escolar 
- Constata a incontinência fecal por retenção; 
- Ocorre perda de conteúdo fecaloide de forma involuntária na cueca ou calcinha; 
- Associa-se à maior agressividade, menor autoestima, ambiente familiar com maior hostilidade e menor qualidade de vida; 
c. AVALIAÇÃO CLÍNICA 
 
- Permite excluir outros distúrbios que se apresentam com dificuldade de defecação e a 
identificação de complicações; 
- Pesquisa-se: idade de início dos sintomas, sucesso ou fracasso no treinamento esfincteriano, 
frequência e consistência das fezes, dor e/ou sangramento durante a passagem das fezes, 
coexistência de dor abdominalou incontinência fecal, comportamento retentor, história 
dietética, mudanças no apetite, náuseas, vômitos e perda de peso; 
- Sinais de Alarme: atraso na eliminação do mecônio (após 48h de vida), febre, vômito, 
diarreia, sangramento retal e distensão abdominal grave- indicam que a constipação 
apresenta causas orgânicas; 
- Exame Físico: (exame físico do abdome) massa fecal palpável no abdome, localizada no 
hipogástrico ou em casos mais graves ocupando toda a extensão do colo; (toque retal) 
preenchimento da ampola retal com fezes endurecidas; 
d. DIAGNÓSTICO 
 
- Diagnóstico clínico, fundamentando-se 
nas informações da anamnese e do 
exame físico conforme os critérios de 
Roma IV; 
- Não prevalecem caso existam indícios 
sugestivos de doenças que envolvam 
anormalidades anatômicas, inflamação, 
infecção ou processos neoplásicos, 
tornando necessário a realização de 
investigação diagnóstica para descartar a 
possibilidade de a constipação não ser 
funcional; 
- A aplicação dos critérios de Roma IV 
pode retardar o diagnóstico de 
constipação intestinal no lactente por 
não considerar o formato e a consistência 
das fezes; 
- Exige menor duração dos sintomas nos menores de 4 anos (1 mês), em relação dos 2 meses exigidos para crianças maiores e adolescentes; 
- Fecaloma/Impactação Fecal – evidenciado pela palpação abdominal de massa na região do hipogástrio e do colo sigmoide e pela presença de 
fezes endurecidas no roque retal, nos pacientes que apresentam incontinência fecal por retenção – emprego do raio-x na sua caracterização: 
indicado em casos de excesso de peso (dificultam a palpação abdominal) ou em caso de recusa do paciente ou suspeita de abuso sexual (não se 
pode realizar o toque retal); 
 
 
 
 
 
 Hábito Intestinal Normal Pediátrico 
- Recém-Nascidos e Lactentes Jovens em Aleitamento Materno – pode ocorrer de 1 vez/10 dias até 10 vezes/dia, com média de 3 evacuações/dia, sendo essas 
fezes de cor amarelo-ouro, pastosas ou semilíquidas; 
- Lactentes até 5 Meses Alimentados com Fórmulas de Leite de Vaca – cerca de 2 evacuações/dia; 
- Crianças entre 6 e 12 Meses – cerca de 1,8 evacuações/dia; 
- Crianças entre 1 e 4 anos – cerca de 1,4 evacuações/dia; 
- Crianças após os 4 anos – cerca de 1,2 evacuações/dia, com aumento do volume das fezes; 
 
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 Exames Complementares e Constipação Secundária 
 
- Deve ser considerada quando na avaliação clínica houver indícios sugestivos de doenças que 
envolvam anormalidades anatômicas, inflamação, infecção ou processos neoplásicos, 
tornando necessário a realização de investigação diagnóstica para descartar a possibilidade 
de a constipação não ser funcional; 
- A falta de resposta ao tratamento instituído a partir do diagnóstico clínico ou a recorrência 
indica a necessidade de exames subsidiários, como: pesquisa de doença celíaca pela 
sorologia, testes de função tireoidiana, dosagem de cálcio, exame de urina e urocultura; 
- Doença de Hirschsprung/Megacolo Congênito - caracterizada por retardo na eliminação de 
mecônico, eliminação explosiva de fezes ao toque retal, distensão abdominal, massa fecal 
abdominal volumosa, eliminação de fezes em fita, ampola retal vazia -> manometria 
anorretal: pesquisa o reflexo inibitório retoanal – sua presença descarta o diagnóstico de 
megacolo congênito; 
- Alergia à Proteína do Leite da Vaca - constipação intestinal iniciada após a introdução da 
proteína do leite de vaca na dieta, presença de fissura anal persistente, antecedente de perda 
de sangue nas fezes e falta de resposta a terapêutica convencional -> teste terapêutico com 
dieta isenta de proteína do leite de vaca; 
- Ressonância magnética de coluna para pesquisa da medula presa; 
e. TRATAMENTO 
 
- Instituído a partir do diagnóstico clínico; 
- Deve-se orientar sobre a necessidade de 
atender o desejo de evacuar, evitando 
atitudes protelatórias, mas sim 
aproveitando o reflexo gastrocólico para 
tentar evacuar – reeducação dos hábitos 
evacuatórios: manter a criança sentada 
no vaso sanitária ou penico por 5 a 10 min 
após as grandes refeições, aproveitando 
o reflexo gastrocólico; 
- Institui-se as medidas promotorias de 
saúde, com aumento da ingestão de 
fibras e fluídos e a prática de atividade 
física; 
- Pode-se empregar os suplementos de 
fibra, buscando atingir o teor ideal; 
**o óleo mineral não deve ser prescrito nos dois primeiros anos de vida e para pacientes com comprometimento neurológico, em função do 
risco de aspiração e desenvolvimento de pneumonia lipoídica** 
- Em caso de falha no tratamento ou na suspeita de doença orgânica a criança deve ser encaminhada ao especialista; 
 Desimpactação do Fecaloma 
- Indicação: identificação da massa fecal pelo palpação abdominal, toque retal ou radiografia simples de abdome; 
- A primeira etapa do tratamento após diagnosticá-lo; 
- Objetivo: esvaziar o reto e o colo; 
**o polietilenoglicol com ou sem eletrólitos é o tratamento de primeira escolha para o tratamento da constipação - emprego do 
polietilenoglicol/PEG 4000 (magrogol) na dose de 1 a 1,5 g/kg/dia** 
- Emprega-se enemas por via retal ou oral, sendo que para se obter a desimpactação torna-se necessário o prolongamento por 3 a 6 dias; 
- O tratamento é mantido até a completa eliminação das fezes e a criança apresentar 1 a 2 evacuações amolecidas/dia; 
- Os enemas são realizados com solução fosfatada ou com solução de glicerina a partir dos 2 anos de idade, enquanto nos lactentes realiza-se os 
minienemas com sorbitol; 
 Manutenção do Hábito Intestinal para Prevenção de Fecaloma 
- É iniciado quando se obtém a plena desimpactação, com eliminação de fezes amolecidas sem dor ou dificuldade e com redução expressiva na 
frequência da incontinência fecal por retenção; 
- Importante para evitar que ocorra a reimpactação fecal; 
- Realizado com laxante por via oral (como o polietilenoglicos), diariamente, em dose individualizada, buscando regularizar o hábito intestinal, 
por pelo menos 3 meses; 
 - Após 1 mês de melhora do quadro clínico, retira-se o laxante progressivamente, de modo a decrescer a dose, mas manter a administração 
diária; 
 
 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74- Medicina Unimontes 
 
f. PROGNÓSTICO 
- A duração prolongada da sintomatologia anteriormente a instituição do tratamento determina pior prognóstico, com taxa de recuperação após 
6 meses de apenas 30%; 
- A terapêutica precoce determina melhor prognóstico, sendo que 80% dos pacientes tratados com precocidade apresentam recuperação, 
ficando livres dos laxantes após 6 meses; 
- Cerca de 50% dos pacientes após 1 ano de tratamento apresentam evacuação controlada, sem a necessidade de uso de laxante; 
- Cerca de 50% dos pacientes apresentam recidiva da constipação intestinal em um prazo de 5 anos, tornando necessário à reintrodução no 
tratamento; 
g. PREVENÇÃO 
- Uso de dieta rica em fibra alimentar, consumo satisfatório de líquidos, bom nível de atividade física; 
- Lactentes que recebem aleitamento natural – apresentam risco de constipação intestinal 3 a 4 vezes menor que os alimentos com aleitamento 
artificial, uma vez que os oligossacarídeos do leite materno apresentam função prebiótica; 
- A adição de prebióticos nas fórmulas infantis pode gerar fezes mais moles e frequentes; 
- A época de introdução de alimentos complementares no lactente se associa com a maior probabilidade de início da constipação intestinal, 
assim os cuidados com essa alimentação são importantes para prevenir a constipação; 
- O primeiro ano de vida apresenta cerca de metade dos casos de constipação intestinal grave; 
 REFERÊNCIAS 
- MOORE. Anatomia orientada para a clínica. 7 ed. 2014; 
- GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica. 13 ed. 2017; 
- CONSTANZO. LINDA. Fisiologia. 5ª Edição. Ed. Elsevier. Cap 8 (pg 641); 
- DANI, Renato. Gastroenterologia essencial. 4 ed. 2011. Cap 39 (pg 462 – 473); 
- ZATERKA,

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