Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
13 redirecionados para um circuito secundário (de formação de fundo de consumo e capital fixo) ou para um circuito terciário (de gastos sociais e de investimento em pesquisa e desenvolvimento) que absorvem investimentos de longa duração13. (ver Fig. 1, ao fim do texto) No interior do circuito secundário, os fluxos se dividem em capital fixo para a produção (instalações fabris e equipamentos, capacidade de geração de energia, entroncamentos ferroviários, portos, etc.) e a produção de um fundo de consumo (habitação, lazer, etc.), sendo que algumas das estruturas criadas podem servir tanto ao consumo como à produção (uma via expressa, p.ex.). É importante notar, sobretudo, que parte do capital que vai para o circuito secundário é incorporada à terra e forma uma “banco de ativos fixos” num dado lugar ou, como diz Harvey (2005, p. 94), “uma ambiente construído para a produção e o consumo (o que inclui parques industriais, portos e aeroportos, redes de transporte e comunicações, sistemas de água e esgoto, hospitais, escolas, etc.)”. Esses investimentos, por sua vez, formam um núcleo físico estruturante que define e singulariza a região. Os fluxos que são dirigidos ao circuito terciário do capital (investimentos de longo prazo em infra-estruturas sociais) também se dividem entre produção e consumo. Assim, podem financiar atividades de pesquisa e desenvolvimento ou a qualificação de mão-de-obra a curto prazo, bem como ampliar o investimento em saúde, educação e assistência social, gerando melhorias no consumo coletivo dos equipamentos e serviços públicos e, portanto, na reprodução da força de trabalho. É bom lembrar que parte desses recursos também fica imobilizada na forma de ambiente construído (escolas, hospitais, praças, etc.). Se os excedentes de capital (e trabalho) encontram na mobilidade desses circuitos conexos um via de absorção temporária, isso pode levar também, no entanto, a um sobreinvestimento nos circuitos secundário e terciário, o que acarretará, por exemplo, excedentes de habitação, instalações portuárias, fábricas, ociosidade de vagas no sistema educacional, etc.14 departamento III) mantém, no entanto, relação com os departamentos I e II ao restabelecer a produção no circuito primário (produção de bens de capital e bens de consumo, respectivamente). 13 O longo prazo desses investimentos se refere ao período de retorno (tempo de giro ou rotação) do valor à produção, ou melhor, à sua forma monetária (D-M-D’). Quanto maior a escala de produção de uma mercadoria, maior é o capital adiantado que é exigido e maior é o tempo de rotação (tempo de produção mais tempo de circulação). Cf. Marx (1985, vol. III). 14 Só para ficarmos com um dado, em Fortaleza a especulação imobiliária criou um estoque invendável de 5.000 unidades de habitação, em detrimento das necessidades da população pobre que vive nas favelas e áreas de risco e permanece com um déficit habitacional superior a 160.000 habitações. (O Povo, 24.08.2002).
Compartilhar