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Benedita de Fátima Delbono 1ª Edição | Outubro |2013 Impressão em São Paulo / SP Editora Legislacao e Normatizacao Aplicada Copyright © EaD KnowHow 2011 Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353 1ª Edição: Julho de 2013 Impressão em São Paulo/SP Editora Coordenação Geral Coordenação De Projetos Professoras Responsáveis Revisão Ortográfica Projeto Gráfico e Diagramação Nelson Boni Leandro Lousada Benedita de Fátima Delbono Vanessa Almeida Erick Genaro Capa Wagner Boni D344L Delbono, Benedita de Fátima. Legislação e normatização aplicada. / Benedita de Fátima Delbono. – São Paulo: Know How, 2013. 278 p.: 21 cm. Inclui bibliografia ISBN: 978-85-8065-211-6 1. Normatização. 2. Normas. 3. CLT. 4. Segurança do trabalho. 5. Risco no ambiente de trabalho. I. Título. CDD 344.8101 Prezados(as) Alunos(as), Sejam bem-vindos ao estudo de Legislação e Normatização Aplicada para o curso de Segurança do Trabalho, Prevenção e Controle de Riscos. O presente livro tem por finalidade assisti- -los no estudo e compreensão da legislação vigente, para que possam desenvolver as suas habilidades. Cumpre informá-los que o conteúdo versa so- bre: Normalização; Normas nacionais e estrangeiras; Legislação. Consolidação das Leis Trabalhistas; Portarias Normativas; Atribuições e responsabilidades dos profis- sionais de segurança em face de legislação vigente; Con- ceitos e hierarquia na normalização; Normas internacio- nais, nacionais e regionais; Organismos normalizadores; Conceitos de Lei, Decreto, Resolução, Portaria e Norma. Lei 6.514, de 1978 e outras; Decretos; Portaria do Minis- tério do Trabalho; Estrutura das NRs e Estudos de caso. O conteúdo indicado será objeto de estudo em capítulos específicos, os quais trataram o assunto da seguinte maneira: - Capítulo 1 - Direito, Normatização e Normas Nacionais e Estrangeiras - Capítulo 2 - Normas Nacionais e Estrangeiras, Le- gislação e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) - Capítulo 3 - Segurança do Trabalho, Prevenção e Controle de Risco - Capítulo 4 - Legislação Aplicada à Segurança, Pre- venção e Controle de Risco no Ambiente do Trabalho A importância do estudo de Legislação e Normatização Aplicada para o curso de Segurança do Trabalho, Prevenção e Controle de Riscos está no fato de que o aluno poderá tomar conhecimento das principais normas de aplicabilidade prática, além dos conceitos básicos do direito, necessários ao profissio- nal para que apreenda os principais procedimentos jurídicos a fim de subsidiar a sua atuação profissional. As normas jurídicas vistas aqui poderão ser entendidas pela determinação do seu modo de apli- cação no tempo e no espaço de uma forma clara e de fácil entendimento para aqueles que não são opera- dores do direito, a fim de que consigam aplicar esses conhecimentos teóricos aos casos concretos. O profissional da área de Segurança do Tra- balho precisa ter no mínimo os conhecimentos bási- cos de legislação a fim de desempenhar seu papel e de garantir a sua integridade profissional, sendo este um dos objetivos desta disciplina. Além disso, as normas ora estudadas devem ser colocadas em prática, pois o seu cumprimento garantirá a integridade, a saúde e a qualidade de vida de muitas pessoas, assegurando a preservação da vida e do meio ambiente. Este livro tem o intuito de servir de base para o desenvolvimento dos conceitos morais, éticos e legais com mote ao exercício profissional. Sucesso a todos! A Autora. Capítulo 1 – Direito E Normatização 1.1. Introdução 1.2. Noções de Direito 1.2.1. Conceito de Direito 1.2.2. Conceito de Justiça 1.2.3. Princípios de Direito 1.2.4. Fontes do Direito 1.2.5. Ramos do Direito 1.2.6. Norma Jurídica 1.2.7. Instituto Jurídico 1.2.8. Ordenamento Jurídico 1.2.9. Hierarquia da Norma Jurídica 1.2.10. Decreto, Portaria, Norma Regulamentadora (NR), Instrução Normativa, Ordem de Serviço, Regulamento Técnico 1.3. Normatização 1.3.1. Normalização 1.3.2. Normatização Sumario 13 13 14 14 16 16 20 21 23 23 24 27 32 44 45 52 Capítulo 2 – Normas Nacionais e Estrangeiras, Legislação e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) 2.1. Introdução 2.2. Normas Nacionais e Estrangeiras 2.2.1. Liberdade Sindical e Direito à Negociação Coletiva 2.2.1.1. A Liberdade Sindical e Direito à Negociação Coletiva Sob o Ponto de Vista Internacional 2.2.1.2. A Liberdade Sindical e Direito à Negociação Coletiva Sob o Ponto de Vista Nacional. 2.2.2. Erradicação do Trabalho Infantil 2.2.2.1. A Erradicação do Trabalho Infantil Sob o Ponto de Vista Internacional 2.2.2.2. A Erradicação do Trabalho Infantil Sob o Ponto de Vista Nacional 2.2.3. Eliminação do Trabalho Forçado 2.2.3.1. A Eliminação do Trabalho Forçado Sob o Ponto de Vista Internacional 2.2.3.2. A Eliminação do Trabalho Forçado Sob o Ponto de Vista Nacional 63 63 64 66 66 67 69 69 72 75 75 76 2.2.4. A Não Discriminação no Emprego ou Ocupação 2.2.5. Convenções da OIT Ratificadas no Brasil 2.3. Hierarquia e a Legislação Aplicada 2.3.1. Conceito e Hierarquia na Normatização 2.3.2. Normas Aplicadas à Segurança do Trabalho para Prevenção e Controle de Risco 2.3.2.1. Segurança No Trabalho 2.3.2.2. Leis, Normas, Portarias e Regulamentações 2.3.3.3 Organismos Normalizadores 2.3.3. A Consolidação das Leis do Trabalho e a Segurança do Trabalho para a Prevenção e Controle de Risco Capítulo 3 – Segurança do Trabalho, Prevenção e Controle de Risco 3.1. Introdução 3.2. Segurança do Trabalho, Prevenção e Controle de Risco 3.2.1. Segurança do Trabalho 3.2.2. Prevenção 78 85 99 99 102 106 109 110 114 123 123 124 124 125 3.2.2.1. Higiene do Trabalho 3.2.3. Controle de Risco 3.2.3.1 Agentes Físicos 3.2.3.2. Agentes Químicos 3.2.3.3. Agentes Ergonômicos 3.2.3.4. Agentes Biológicos 3.2.4. Limite de Tolerância 3.3. Profissionais de Segurança do Trabalho 3.3.1. Atribuições dos Profissionais de Segurança do Trabalho 3.3.2 CIPA 3.3.3. SIPATs 3.3.4. Responsabilidade dos Profissionais de Segurança do Trabalho 3.3.4.1. Resolução CONFEA N.º 434/99 Capítulo 4 – Legislação Aplicada à Segurança, Prevenção e Controle de Risco no Ambiente do Trabalho 4.1. Introdução 4.2. Legislação Aplicada Á Segurança, Prevenção e Controle de Risco no Ambiente do Trabalho 4.2.1. Organização Internacional do Trabalho (OIT) 125 129 130 133 134 134 136 138 138 145 151 153 157 169 169 169 169 4.2.2. Controle Total de Perdas 4.2.3. Lei 6.514 de 1978 4.2.4. As Normas Regulamentadoras (NRs) 4.3. Estudos de Caso 4.3.1. Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho: um Estudo de Caso em uma Empresa de Transporte de Passageiro Urbano 4.3.2. Estudo de Caso: Trabalhador Cai De Andaime e Morre na Cidade de Alfenas Gabarito Referências Bibliográficas Anexos 171 173 177 191 193 207 217 219 225 15 1. Introdução Neste capítulo, veremos as noções e os princípios do Direito, partindo do conceito de Direito e Justiça. Elaborou-se o estudo dos Princípios de Direito, das Fontes do Direito; dos Ramos do Direito; da Norma Jurídica; do Instituto Jurídico; do Ordenamento Jurídico; da Hierarquia da Nor- ma Jurídica; bem como, do Decreto, da Portaria, da Norma Regulamentadora (NR), da Instrução Normativa, da Ordem de Serviço, do Regula- mento Técnico. Ainda, diante ênfase, se dará a Legislação e a Normatização Aplicada, com o desenvolvimen- to do estudo não só do conceito de Normatização, das Normas Nacionais e Estrangeiras, com enfoque para aplicação à Segurança do Trabalho para preven- ção e controle de risco. 16 1.2. Noções de Direito 1.2.1. Conceito de Direito A palavra “direito” tem origem no latim di- rectus, que significa “reto” ou “colocado em linha reta”. No latim clássico, ius era o termo usado para designar odireito objetivo, o conjunto de normas, o qual passou a ser designado por “direito”. O termo “ius” (jus), por sua vez, deu origem a palavras como justo, justiça. O direito pode ser definido como o con- junto de normas, que surgiu pela necessidade de o homem estabelecer regras em suas relações, como um mecanismo que tornasse possível o convívio em sociedade, prevendo, inclusive, sanções para aqueles que agissem em desacordo com essas regras, rece- bendo a designação de Lei. O fato social é sempre o ponto de partida para a noção do Direito, pois, surge das necessidades fundamentais das sociedades, que são reguladas por ele como condição essencial de sobrevivência. É no Direito que encontramos a segurança das condições da vida humana, determinada pelas normas que formam a ordem jurídica. O significado de direito pode se referir à ci- ência do direito ou ao conjunto de normas jurídicas vigentes em um país, chamado de direito objetivo. 17 Também pode ter o sentido de reto, certo, de agir de forma correta, com retidão, contudo, devemos atentar ao conceito de ciência do direito, que é um ramo das ciências sociais que estuda as normas obri- gatórias que controlam as relações dos indivíduos em uma sociedade. Pode-se dizer que o direito se divide em: → Direito objetivo → Direito subjetivo O conjunto de normas vigentes em um país também é designado por direito, mais especificamen- te como Direito Objetivo. Agora, a faculdade legal de praticar ou não um determinado ato é designada por direito subjetivo. Neste caso, o direito se refere ao po- der que pertence a um sujeito ou grupo. Por exemplo, o direito de receber aquilo pelo qual se pagou. O direito como conjunto de normas tam- bém se divide em: → Positivo → Natural O direito positivo é um conjunto de normas criadas e postas em vigor pelo Estado; o direito na- tural é formado por normas derivadas da natureza, ou seja, são as leis naturais que orientam o compor- 18 tamento humano, como os direitos fundamentais. Exemplo: Vida. 1.2.2. Conceito de Justiça A Deusa Themis é um dos símbolos do di- reito. Neste símbolo, se verifica a deusa segurando uma balança nas mãos, cujo significado entendemos ser equilíbrio. Ainda, a Deusa Themis conta com uma venda nos olhos, simbolizando a imparcialidade. Portanto, diante desse símbolo, a Justiça só se faz com equilíbrio e imparcialidade. 1.2.3. Princípios de Direito Os Princípios Gerais de Direito são enuncia- dos normativos de valor universal, na maioria das vezes orientam a compreensão do ordenamento jurídico no tocante à elaboração, aplicação, integração, alteração (derrogação) ou supressão (ab-rogação) das normas. Representam o núcleo do sistema legal. São, pois, as ideias de justiça, liberdade, igualdade, democracia, dignidade etc., que serviram, servem e continuarão servindo de alicerce para o do Direito que está em permanente construção. 19 Os princípios que se destacam são: → Na área constitucional (chamadas nor- mas principiológicas): › Todos devem ser tratados como iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza; › Todos são inocentes até que se prove o contrário; › Ninguém deverá ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; › Nenhuma pena deverá passar da pes- soa do condenado; › Aos acusados, em geral, devem ser asse- gurados o contraditório e a ampla defesa; › A propriedade deve cumprir sua fun- ção social; › Deve-se pugnar pela moralidade admi- nistrativa; etc. → Na área civil: › Ninguém deve descumprir a lei alegan- do que não a conhece; › Nas declarações de vontade, deverá ser mais considerada a intenção do que o sentido literal da linguagem; › O enriquecimento ilícito deve ser proibido; 20 › Ninguém deve transferir ou transmitir mais direitos do que tem; › A boa-fé se deve presumir e a má-fé deve ser provada; › Deve ser preservada a autonomia da instituição familiar; › O dano causado por dolo ou culpa deve ser reparado; › As obrigações contraídas devem ser cumpridas (pacta sunt servanda); › Quem exercitar o próprio direito não estará prejudicando ninguém; › Deve haver equilíbrio nos contratos, com respeito à autonomia da vontade e da liberdade para contratar; › Os valores essenciais da pessoa humana são intangíveis e devem ser respeitados; › A interpretação a ser seguida é aquela que se revelar menos onerosa para o devedor; › A pessoa deve responder pelos pró- prios atos e não pelos atos alheios; › Deve ser mais favorecido aquele que procura evitar um dano do que aquele que busca realizar um ganho; › Ninguém deve ser responsabilizado mais de uma vez pelo mesmo fato; › Nas relações sociais se deve tutelar a boa-fé e reprimir a má-fé; etc. 21 No que se refere à Saúde e Segurança do Trabalho, destacam-se os seguintes princípios: › Segurança do trabalho é prioridade máxima, devendo ser tratado como par- te integrante do negócio da empresa. › A empresa para ser boa em qualidade, produtividade e rentabilidade, tem que ser boa em qualidade de vida no trabalho. › Os acidentes e doenças do trabalho acontecem onde a prevenção falha. › Segurança do trabalho se faz com co- nhecimento, comprometimento e atitu- des integradas dos empregadores, traba- lhadores e governos. › Somente podemos afirmar a existência de dignidade no trabalho na ausência da insalubridade e risco iminente. › A política de segurança do traba- lho somente será socialmente justa se aplicada com conceito da univer- salização, assistindo de forma igual a todos os trabalhadores, independen- temente do tamanho da empresa e regime de vínculo de trabalho. › É importante a oferta de boa assis- tência às vítimas de doenças e aci- dentes do trabalho, porém, o mais 22 importante é evitar as ocorrências praticando a prevenção. › Segurança do Trabalho deve ser trata- da como investimento e não custo; cada real aplicado representa economia de quatro reais, servindo de base para o ne- gócio sustentado. › O profissional de segurança é o único profissional que tem como missão pro- mover saúde e segurança do trabalho, considerando que os demais profissio- nais do SESMT são especializações e o cipeiro é voluntário, porém, todos são importantes e indispensáveis, nas ações integradas e transversais. › O sucesso da segurança no trabalho está vinculado aos princípios dos valo- res humanos e respeito à vida, consi- derando que o trabalho de ser fonte de realização e não de sofrimento. 2.4. Fontes do Direito As fontes do Direito são: a lei, os princípios, o costume, a jurisprudência, a equidade e a doutrina. 23 2.5. Ramos do Direito Fazem parte do direito as normas jurídicas que se destinam a regular diferentes esferas da vida social. Por essa razão, costumam se formar subsis- temas jurídicos, com princípios específicos e dota- dos de uma estrutura interna que os define como ramos autônomos. Há múltiplas formas de classificar o direito em ramos. Numa primeira classificação, as normas do direito dividem-se em dois grandes grupos: → Direito público → Direito privado São de direito público aquelas normas e atuações nas quais o estado ou entidades públicas se acham presentes como tais, ou seja, exercendo seu poder. As normas de direito público podem regular ações dentro de um mesmo país, ou as re- lações do país com indivíduos. O que caracteriza essas normas é a especial presença do poder es- tatal. Exemplo: o direito constitucional, o direito penal, o direito processual, etc. O direito privado se constitui das normas que regulam as relações entre pessoas. Da mesma forma, são de direito privado as ações em que o estado en- 24 tra como particular, sem usar sua condição de poder. Exemplo: o direito civil e o direito empresarial. Contudo, superada essa divisão, há de se re- conhecer o que está entre o público e o privado, ra- zão pela qual se cita o mais novo ramo do: → Direito difuso e coletivo O direito difuso e coletivo contempla o Di- reito Ambiental,o Direito do Consumidor, o Es- tatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto do Idoso e o Direito do Trabalho. Define-se como sendo afetos a vários sujei- tos não considerados individualmente, mas sim por sua qualidade de membro de comunidades ou gru- pos. Exemplo: Os mutuários da SFH – uma ilegali- dade no contrato atinge a todos coletivamente. Os interesses difusos diferenciam-se do Co- letivo por ter seus titulares indetermináveis unidos por fatos decorrentes de eventos naturalísticos, im- possíveis de diferenciar na qualidade e separar na quantidade de cada titular. Exemplo: Poluição do ar; Fauna e Flora; Poluição sonora; Meio ambiente. Não dá para precisar quem sofreará a lesão. 25 1.2.6. Norma Jurídica Normas jurídicas são, essencialmente, regras sociais, isso significa que a função das normas jurí- dicas é disciplinar o comportamento social dos ho- mens. Existem diversas outras normas que também disciplinam a vida social. Vejamos exemplos: Normas Morais, as que se baseiam na consciên- cia moral das pessoas, ou seja, num conjunto de valores e princípios sobre o bem e o mal que orientam o compor- tamento humano, numa determinada sociedade. Normas Religiosas, as quais se baseiam na fé revelada por uma religião ou crença. Tanto as normas morais como as religiosas se aplicam à vida em sociedade. A norma jurídica é a conduta exigida ou o modelo imposto de organização social, e pode-se di- zer que a norma jurídica exerce justamente o papel de ser o instrumento de definição da conduta exigida pelo Estado, sob pena de sanção. A Norma Jurídica se representa pela Lei. 1.2.7. Instituto Jurídico Instituto Jurídico é a reunião de normas jurí- dicas afins, que rege um tipo de relação social ou inte- 26 resse e que se identifica pelo fim que procura realizar. É uma parte da ordem jurídica e, como esta, deve apresentar algumas qualidades: harmonia, coerência lógica, unidade de fim. Enquanto a ordem jurídica dispõe sobre a generalidade das relações sociais, o instituto se fixa apenas em um tipo de relação ou de interesse: ado- ção, pátrio poder, naturalização, hipoteca, etc. con- siderando-os análogos aos seres vivos, pois nascem, duram e morrem, lhering chamou-os de corpos jurí- dicos, para distingui-los da simples matéria jurídica. Diversos institutos afins formam um ramo, e o conjunto destes a ordem jurídica. 1.2.8. Ordenamento Jurídico Todo país para reger seu povo que vive em sociedade necessita de um conjunto de normas ju- rídicas que se dá o nome de ordenamento, ou seja: → Ordenamento Jurídico Assim, vale dizer que uma norma que per- tence ao ordenamento é considerada válida e, por- tanto, pode ser qualificada como jurídica. Já uma norma que não pertence ao ordenamento é conside- rada inválida e não jurídica. Portanto, perguntar, sob o ponto de vista do 27 direito, se uma norma é válida, corresponde a per- guntar se ela pertence ao ordenamento jurídico. O ordenamento jurídico é um conjunto de alta complexidade, ou seja, além das regras de per- tencimento, indicando quais são seus elementos, há outras regras estruturais que estabelecem relações necessárias entre eles. De um modo geral, podemos afirmar que existem três grandes grupos de regras estrutu- rais, as regras de: → coesão, → coerência e → completude. As regras estruturais de coesão estabelecem os limites do ordenamento jurídico e conferem a ele sua forma específica. Entre tais regras, encontra-se a validade, que estabelece os requisitos de pertencimento ao conjunto. Dela decorre outra regra de grande impor- tância, a hierarquia, estabelecendo que existam nor- mas jurídicas e, portanto, válidas, superiores e mais fortes, e regras jurídicas inferiores e mais fracas. A produção de novas normas jurídicas é or- ganizada pela regra estrutural das fontes do direito, estabelecendo requisitos para que se crie uma nova norma válida. 28 A produção de efeitos das normas do or- denamento é delimitada no tempo pela regra da ir- retroatividade/retroatividade, especificando as situ- ações em que uma norma pode regular situações no passado ou não. Ainda, podemos destacar a regra estrutural da dinâmica do ordenamento, que estabelece os re- quisitos para que uma norma deixe de fazer parte do conjunto, tornando-se inválida e, logo, deixando de ser jurídica. A consistência do ordenamento jurídico é obtida pela regra da coerência. Em sendo o direito um conjunto de normas que deve permitir a resolução de controvérsias com o mínimo de perturbação social, não podem existir duas normas que ofereçam, ao mesmo tempo, uma solução contraditória. Tal situação criaria uma antinomia, ou seja, conflito de normas, e deixaria o operador do direito e a população sem critérios para seus comportamentos. As antinomias devem ser solucionadas com a eliminação de uma das normas contraditórias, possibili- tando ao direito oferecer uma solução única ao conflito. De um modo geral, a coerência é obtida a partir de outra regra estrutural citada, a hierarquia. Embora haja exceções, podemos afirmar que toda nova norma deve ser coerente com outras normas jurídicas superiores, ou seja, uma norma in- 29 ferior não pode, em tese, contradizer outra superior. O ordenamento se estrutura de modo com- pleto, ou seja, há uma regra estrutural que pressupõe sua capacidade para resolver todos os conflitos so- ciais, ainda que seja necessária a criação de uma nor- ma jurídica sentencial pelo juiz para suprir a ausência de uma norma jurídica legal. A regra estrutural da completude, assim, es- tabelece que eventuais lacunas do ordenamento, pela ausência de leis preexistentes que prevejam uma so- lução para um conflito social, serão preenchidas pelo juiz, caso a caso. Por outro lado, sob o ponto de vista dos desti- natários sociais do direito, a completude manifesta-se na impossibilidade de alegação do desconhecimento da lei. 1.2.9. Hierarquia da Norma Jurídica Outro importante aspecto do estudo do Di- reito é a Teoria da: → Hierarquia das Normas Jurídicas A teoria da hierarquia das normas jurídicas é um sistema de escalonamento das normas, proposto por Hans Kelsen, jurista alemão do século passado, que também é chamada de “Pirâmide de Kelsen”. 30 No Brasil, a Pirâmide de Kelsen é de fácil visualização, haja vista como se estrutura o sistema jurídico, qual seja: → Constituição Federal → Leis Complementares → Leis Ordinárias; → Medidas Provisórias → Leis Delegadas → Resoluções A estrutura criada por Kelsen consagra a su- premacia da Norma Constitucional e estabelece uma dependência entre as normas escalonadas, já que a norma de grau inferior sempre será válida se, e so- mente se, fundar-se nas normas superiores. Vejamos os conceitos de cada norma expos- ta na Pirâmide de Kelsen. A Constituição Federal tem seu fundamento na Soberania Nacional, ou seja, na independência e exclusividade de resolução de questões internas e or- ganização político-jurídica do país. Quanto aos assuntos de que trata a Consti- tuição Federal, ela é a lei fundamental, já que organi- za os elementos essenciais do Estado. A Constituição Federal está no cume da Pi- râmide de Kelsen por ser a expressão do poder or- ganizacional, estatal que emana do povo e para ele é 31 feita, por seus representantes eleitos. As Leis Complementares, por sua vez, têm um processo de aprovação, no Congresso Nacional, mais rigoroso, já que deverá ser aprovada mediante quórum com a maioria absoluta, conforme o artigo 69 da própria Constituição Federal; sobre sua maté- ria, está taxativamente expressa na própria Consti- tuição Federal, ou seja, a própria Constituição Fede- ral pede a Lei Complementar. O importante é que não existirá Lei Com- plementar sobre assunto que não seja pedido na Constituição Federal. As Leis Ordinárias têm como requisito de aprovação quórum em maioria simples, desde que presentes na sessão a maioria absoluta de membros, nos termos do artigo 67 da Constituição Federal. Elasó poderá tratar de assunto que tenha sido “deixado de lado” pela Lei Complementar. Aí o reforço do argumento de quem coloca a Lei Ordinária abaixo da Complementar na Pirâ- mide de Kelsen: ao passo que a Lei Complementar tem rol de matérias expresso na Constituição Fede- ral, para a Lei Ordinária designa-se o resíduo, “o que sobrar”, num português mais coloquial. Por outro lado, aqueles que defendem que ambas estão no mesmo patamar de hierarquia, os ar- gumentos são o de ser indiferente o quórum de vota- ção, já que o órgão que as elabora é o mesmo, ou seja, 32 o Congresso Nacional, a cúpula do Poder Legislativo. E, sobre a matéria da Lei Ordinária ser “resi- dual” em face da matéria da Lei Complementar, diz-se ser uma questão mais de praticidade que de importân- cia. Sobre as Medidas Provisórias e as Leis Dele- gadas, mais uma vez, há a discussão sobre haver hie- rarquia ou não. Certo é que tanto Medidas Provisórias quanto Leis Delegadas estão abaixo de Leis Ordiná- rias e Leis Complementares, na hierarquia legal. As Medidas Provisórias, nos termos do artigo 62 da Constituição Federal, constituem como sendo atos do Presidente da República (Poder Executivo) e serão feitas em caso de relevância e urgência. As Medidas Provisórias terão força de lei e serão submetidas ao Congresso Nacional (Poder Le- gislativo) para que se tornem formalmente leis. As Leis Delegadas, de conformidade com o artigo 68 da Constituição Federal, ao contrário das Medidas Provisórias, já nascem como leis, apesar de serem elaboradas pelo Presidente da República (Poder Executivo), contudo, somente são elabora- das e publicadas quando houver a delegação, ou seja, quando e, somente quando, o Congresso Nacional delegar ao Presidente a função legislativa. A Lei Delegada, por ser excepcional dentro do sistema jurídico, tem - como a Medida Provisória – por requisitos a relevância e a urgência. São es- ses requisitos rígidos quanto à matéria sobre a qual 33 poderá dispor e estão capitulados no artigo 68 da Constituição Federal e o elenco é taxativo. O ponto em comum entre Medida Provisó- ria e Lei Delegada é que emanam do Poder Execu- tivo (Presidente da República) e, portanto, fruto de “poder legiferante anômalo”. O poder legiferante é o poder de fazer leis e é próprio do Poder Legislativo. O poder Executivo tem o encargo de adminis- trar a Nação, enquanto o Poder Judiciário tem o poder de, fazendo uso do que o Poder Legislativo produziu, exercer a tutela dos direitos violados. São os três pode- res da República independentes, mas harmônicos. Em casos excepcionais, as funções do Legis- lativo serão, então, em parcela mínima, transferidas ao Poder Executivo, que fará, assim, Medidas Provi- sórias e Leis Delegadas, por isso o nome “anômalo” e por isso o baixo grau hierárquico. Ademais, há sempre clara a dependência do Poder Legislativo: o Poder ou delega a competência para fazer a lei (Lei Delegada) ou tem o poder de não transformar o ato feito (a Medida Provisória) numa lei. Cada uma das Casas do Congresso Nacional (Senado e Câmara) possui um rol especifico de atri- buições que serão só suas, além das suas funções de elaborar leis (legiferantes). Estas atribuições não legiferantes também estão descritas na CF, sendo, em sua maior parte, 34 nos art. 51, as da Câmara e art.52, as do Senado. As Resoluções são os meios que serão usa- dos para o exercício destas ações não legiferantes. É a Resolução norma jurídica destinada a disciplinar assuntos do interesse interno do Congresso Nacional sendo o recorrente à concessão de licenças ou afas- tamentos de deputados ou senadores, a atribuição de benefícios. O § 2º do art. 68 da Constituição Federal diz que a Resolução é a forma com a qual o Congresso faz a delegação da Lei delegada em que passa parcela de poder legiferante ao Presidente da República. Por isso, sua posição como a parte mais bai- xa da Pirâmide de Kelsen: são ações muito específi- cas, de caráter restrito e sobre assuntos muito pró- prios, não possuindo a abrangência que uma lei deve ter para ser lei. 1.2.10. Decreto, Portaria, Norma Regulamentadora (NR), Instrução Normativa, Ordem de Serviço, Regulamento Técnico É importante considerar outras normas, con- tudo, da lavra do Poder Executivo (Poder não legife- rante) razão pela qual não consta da hierarquia da nor- ma, mas existem e devem ser respeitadas, tal como o: 35 → Decreto O decreto é uma ordem emanada de uma au- toridade superior ou órgão civil, militar, leigo ou eclesi- ástico que determina o cumprimento de uma resolução. No sistema jurídico brasileiro, os decretos são atos administrativos da competência dos chefes dos po- deres executivos: presidente, governadores e prefeitos. O Decreto é usado pelo chefe do poder exe- cutivo para fazer nomeações e regulamentações de leis, dando-lhe cumprimento efetivo, entre outros. Pode-se dizer que o Decreto é a forma de que se revestem dos atos individuais ou gerais, ema- nados do Chefe do Poder Executivo, Presidente da República, Governador e Prefeito. Pode subdividir- -se em decreto geral e decreto individual. Esse a pes- soa ou grupo e aquele a pessoas que se encontram em mesma situação. Possui como efeito o de regulamentar ou de executar, ou seja, expedido com base no artigo 84, IV da CF, para fiel execução da lei, ou seja, o decreto detalha a lei. Nunca poderá contrariá-la e nem ir além ou aquém dela. É importante conhecer a Emenda Constitucional n.º 32/01. O Professor Hely Lopes Meirelles, define-o da seguinte forma: Decretos, em sentido próprio e restrito, são atos administrativos da competência exclusi- 36 va dos chefes do Executivo, destinados a prover situações gerais ou individuais, abstratamente previstas de modo expresso, explícito ou implí- cito pela legislação. O Manual de Redação Oficial da Presidência da República menciona três tipos de Decreto: → Decretos Singulares → Decretos Regulamentares → Decretos Autônomos Os Decretos Singulares são aqueles que po- dem conter regras singulares ou concretas (v. g., de- cretos de nomeação, de aposentadoria, de abertura de crédito, de desapropriação, de cessão de uso de imóvel, de indulto de perda de nacionalidade, etc.). Os Decretos Regulamentares são atos nor- mativos subordinados ou secundários. A diferença entre a lei e o regulamento, no Direito Brasileiro, não se limita à origem ou à supre- macia daquela sobre este. A distinção substancial reside no fato de que a lei inova originariamente o ordenamento jurídico, enquanto o regulamento não o altera, mas fixa, tão somente, as regras orgânicas e processuais destina- das a pôr em execução os princípios institucionais 37 estabelecidos por lei, ou para desenvolver os precei- tos constantes da lei, expressos ou implícitos, dentro da órbita por ela circunscrita, isto é, as diretrizes, em pormenor, por ela determinadas. Não se pode ne- gar que, como observa Celso Antônio Bandeira de Mello, a generalidade e o caráter abstrato da lei per- mitem particularizações gradativas quando não têm como fim a especificidade de situações insuscetíveis de redução a um padrão qualquer. Disso resulta, não raras vezes, margem de dis- crição administrativa a ser exercida na aplicação da lei. Não se há de confundir, porém, a discricionariedade administrativa, atinente ao exercício do poder regula- mentar, com delegação disfarçada de poder. Na discricionariedade, a lei estabelece pre- viamente o direito ou dever, a obrigação ou a res- trição, fixando os requisitos de seu surgimento e os elementos de identificação dos destinatários. Na de- legação, ao revés, não se identificam, na norma re- gulamentada, o direito, a obrigação ou a limitação. Estes são estabelecidos apenas no regulamento. Os Decretos Autônomos foram introduzidos em nosso ordenamento com o advento da Emenda Constitucional n.º 32, de 11 de setembro de 2001. Decorre diretamente da Constituição, possuindo efeitos análogos ao de uma lei ordi- nária.Tal espécie normativa, contudo, limita-se às hipóteses de organização e funcionamento da 38 administração federal, quando não implicar au- mento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos, e de extinção de funções ou car- gos públicos, quando vago, conforme o art. 84, VI, da Constituição. E, há os: → Decretos Legislativos Os Decretos Legislativos, conforme os arts. 49 e 62, § 3º, da Constituição Federal, têm como objeto matérias apontadas como de com- petência exclusiva do Congresso Nacional, por exemplo, as relações jurídicas decorrentes de me- dida provisória não convertida em lei; resolver de- finitivamente sobre tratados, acordos ou atos in- ternacionais que acarretem encargos ou compro- missos gravosos ao patrimônio nacional; autorizar o Presidente da República a declarar guerra ou a celebrar a paz; ratificar atos internacionais, sustar atos normativos do presidente da República, jul- gar anualmente as contas prestadas pelo chefe do governo, autorizar o presidente da República e o vice-presidente a se ausentarem do país por mais de 15 dias, apreciar a concessão de emissoras de rádio e televisão, autorizar em terras indígenas a exploração e o aproveitamento de recursos hídri- cos e a pesquisa e lavra de recursos minerais. E, por fim, os: 39 → Decretos-Lei Os Decretos-Lei têm força de lei e foram expedidos por Presidentes da República em dois períodos: de 1937 a 1946 e de 1965 a 1989. Nossa atual Constituição não prevê essa possibilidade. Al- guns Decretos-Lei ainda permanecem em vigor.1 Ademais, cabe ressaltar outro ato adminis- trativo, que são as: → Portarias → Portarias Normativas As Portarias são atos administrativos inter- nos, expedidos pelos chefes de órgãos, ordenando a seus subordinados providências para o bom funcio- namento dos serviços públicos. São interministeriais, quando expedidos por vários ministérios. Não têm força de lei sobre os não funcio- nários, muito embora, em razão da burocracia, não raro se valha desse expediente para impingir obriga- ções, as quais só podem ser criadas por lei ou, com as devidas restrições, por medida provisória. As portarias invocam leis para se fundamen- 1 - CASA CIVIL DA PRESIDENCIA DA REPUBLICA. Sub-chefia para assuntos jurídicos. http://www4.planalto.gov.br/legislacao/ legislacao-1/decretos-leis 04agosto de 2013 22h34 40 tarem porque a administração pública só pode fazer o que a lei lhe permitir, ao contrário da atividade privada, que pode fazer tudo o que a lei não proíbe. As Portarias Normativas são portarias que esta- belecem normas ou regras sobre procedimentos relacio- nados às funções de regulação, avaliação ou supervisão. E, ainda, dada a pertinência deste Livro, de- vemos trazer as: → Normas Regulamentadoras → Instruções Normativas → Ordens de Serviço → Regulamentos Técnicos As Normas Regulamentadoras (NR) são co- mumente publicadas pelo Ministério do Trabalho por meio da Portaria 3.214/79 para estabelecer os requisitos técnicos e legais sobre os aspectos míni- mos de Segurança e Saúde Ocupacional (SSO). Atualmente, existem 36 Normas Regula- mentadoras. As NR são elaboradas e modificadas por uma comissão tripartite composta por representan- tes do governo, empregadores e empregados. As NR são elaboradas e modificadas por meio de Portarias expedidas pelo Ministério e é certo dizer que nada nas NR “cai em desuso” sem que exista uma Portaria identificando a modificação pretendida. 41 Importante considerar que as NR, relativas à segurança e saúde ocupacional, são de observância obrigatória para qualquer empresa ou instituição que tem empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), incluindo empresas privadas e públicas, órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legis- lativo e Judiciário. Ainda, os requisitos de Segurança e Saúde Ocupacional (SSO) não estão somente presentes nas NR. Há previsão necessária em: Leis, Decretos, De- cretos-Lei, Medidas Provisórias, Portarias, Instru- ções Normativas (Fundacentro), Resoluções (Cnen e Agências do Governo), Ordens de Serviço (INSS), Regulamentos Técnicos (Inmetro). A observância das NR não desobriga as empresas do cumprimen- to destas outras disposições contidas em códigos de obras ou regulamentos sanitários dos estados ou municípios, e outras, oriundas de convenções e acor- dos coletivos de trabalho. A Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST) é o órgão de âmbito nacional competente em conduzir as atividades relacionadas com segurança e saúde ocupacional. Essas atividades incluem a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho (CANPAT), o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) e ainda a fisca- lização do cumprimento dos preceitos legais e regu- 42 lamentares sobre segurança e saúde ocupacional, em todo o território nacional. Compete, ainda, à SSST conhecer, em última instância, as decisões proferidas pelos Delegados Regionais do Trabalho, em termos de segurança e saúde ocupacional. A competência das Delegacias Regionais do Trabalho DRT, nos limites de sua jurisdição, é executar as atividades relacionadas com a seguran- ça e saúde ocupacional. Essas atividades incluem a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho - CANPAT, o Programa de Alimenta- ção do Trabalhador - PAT e, ainda, a fiscalização do cumprimento dos preceitos legais e regulamenta- res sobre segurança e saúde ocupacional. Compete, ainda, à DRT, nos limites de sua jurisdição: adotar medidas necessárias à fiel observância dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho, inclusive orientar os empregadores so- bre a correta implementação das NR; impor as pena- lidades cabíveis por descumprimento dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e saúde ocu- pacional; embargar obra, interditar estabelecimento, setor de serviço, canteiro de obra, frente de trabalho, locais de trabalho, máquinas e equipamentos; notifi- car as empresas, estipulando prazos, para eliminação e/ou neutralização de insalubridade; atender requisi- ções judiciais para realização de perícias sobre segu- rança e medicina ocupacional nas localidades onde 43 não houver médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho registrado no MTE. As Instruções Normativas constituem atos puramente administrativos. Podem ser consideradas normas complementares administrativas, tão-somen- te. Isto porque elas complementam o que está numa Portaria de um superior hierárquico, num decreto pre- sidencial, ou Portarias Interministeriais. Jamais uma Instrução Normativa pode inovar um ordenamento jurídico passando por cima do conteúdo de leis ou de- creto, pois, na Constituição, somos obrigados a fazer ou deixar de fazer algo em função da Lei. Uma Instrução Normativa é expedida pelos superiores dirigentes dos órgãos públicos, seja o re- presentante maior do órgão, ou aquele que tem dele- gação de poderes para emitir instruções normativas sobre sua área. A Instrução Normativa (IN) diz o que os agentes daquele órgão público devem seguir, executar, fazer, etc. A Instrução Normativa (IN) diz respeito às atribuições que devem ser seguidas por aqueles parâ- metros especificados naquele ato administrativo. As Ordens de Serviços constituem-se num documento para orientar e informar os trabalhado- res da empresa, quais são os riscos que irá encontrar no ambiente de trabalho e na execução de suas ativi- dades, para que o mesmo possa ter alguns cuidados e realizar procedimentos para sua proteção. 44 As Ordens de Serviços (OS) são elaboradas com a finalidade de evitar qualquer cobrança relacio- nada à Saúde e Segurança do Trabalho pelo trabalha- dor, a fim de que este seja treinado e orientado dos riscos, por meio da Ordem de Serviço. A OS é um documento importantíssimo, onde na hipótese de um acidente ou doença contraí- da no trabalho, o trabalhador pode alegar que desco- nhecia o risco, por falta de orientação.Com a ordem de serviço emitida e protoco- lada pelo trabalhador estará ele ciente dos riscos que estará exposto, onde a empresa prova o cumprimen- to desta obrigação legal prevista na CLT e na NR01, de informar antecipadamente os riscos existentes em suas instalações aos seus trabalhadores. Conforme a NR01, o Ministério do Traba- lho especificou alguns objetivos que devem conter na Ordem de Serviço. A Ordem de Serviço sobre Segurança do Trabalho não deve se limitar à transcrição de textos legais ou redações padrão, o ideal é que seja elabo- rada conforme as instalações da empresa, arranjo fí- sico, máquinas, equipamentos, materiais e insumos utilizados na produção. A Ordem de Serviço sobre Segurança e Me- dicina do Trabalho, emitida com base nos riscos re- ais da empresa, é também um documento extrema- mente útil na realização das integrações dos novos 45 colaboradores, podendo ser também utilizada como material de apoio em treinamentos internos, audito- rias e fiscalização. Os Regulamentos Técnicos constituem-se em documento aprovado por órgãos governamentais em que se estabelecem as características de um pro- duto ou dos processos e métodos de produção com eles relacionados, com inclusão das disposições admi- nistrativas aplicáveis, cuja observância é obrigatória. Também pode incluir prescrições em maté- ria de terminologia, símbolos, embalagem, marcação ou etiquetagem aplicável a um produto, processo ou método de produção, ou tratar exclusivamente delas. Os Regulamentos Técnicos2 não se confundem com as Normas Técnicas, as quais se constituem em documento aprovado por uma insti- tuição reconhecida, que prevê, para um uso comum e repetitivo, regras, diretrizes ou características para os produtos ou processos e métodos de produção conexos, cuja observância não é obrigatória. Tanto normas quanto regulamentos técni- cos referem-se às características dos produtos, tais como: tamanho, forma, função, desempenho, eti- quetagem e embalagem, ou seja, a grande diferença entre eles reside na obrigatoriedade de sua aplicação. 3 - INMETRO. http://www.inmetro.gov.br/barreirastecnicas/definicoes. asp 04agosto2013às23h10 46 As implicações no Comércio Internacio- nal são diversas. Se um produto não cumpre as especificações da regulamentação técnica perti- nente, sua venda não será permitida, no entan- to, o não cumprimento de uma norma, apesar de não inviabilizar a venda, poderá diminuir sua participação no mercado. E, ainda, cabe ressaltar a definição de Ava- liação da Conformidade que trata de todo procedi- mento utilizado, direta ou indiretamente, para deter- minar que se cumpram as prescrições pertinentes dos regulamentos técnicos ou normas. Os procedimentos para a avaliação da con- formidade compreendem, entre outros, os de amos- tragem, prova e inspeção; avaliação, verificação e ga- rantia da conformidade; registro, acreditação e apro- vação, separadamente ou em distintas combinações. 1.3. Normatização O conceito de normatização passa pela dis- tinção entre Normalização e Normatização, passando, então, ao conceito de Arouk3: 2 - AROUCK, Osmar. Normas brasileiras de documentação: uma introdução. Belém: Ed. UFPA, 1995. 65p 47 “normalizar é submeter algo a normas, padronizar, enquanto normatizar é estabelecer normas para alguma coisa, ação ou processo”. 1.3.1. Normalização Tomando o conceito de normalizar, ou seja, submeter algo a normas, padronizar, é importante considerar que é indispensável o estabelecimento de regras para garantir o padrão de qualidade não só dos produtos, mas também dos processos, questão essa de pouca importância no passado, sendo certo que as pessoas passaram difi- culdades por não terem um padrão adequado ao que estavam consumindo ou produzindo, fazendo com que, em razão do desperdício experimentado pelo produtor e pela insegurança do consumidor, a nor- matização passe a ser algo necessário. Para a normalização, as palavras-chave são: submeter à norma e padronizar. A necessidade da normalização representa- da como linguagem só teve a sua importância com o início da produção e do consumo. Essa padroni- zação se representa, inicialmente, pela moeda, pelo peso e medida. Na medida em que fomos evoluindo, outros padrões começaram a se fazer necessários. 48 Importante citar que a origem da normaliza- ção vem desde remotas culturas e, neste sentido, vale citar o artigo do Centro de Capacitação de Recursos Humanos do Inmetro, vejamos: Nos tempos antigos, a vida da comunida- de era governada pelos costumes e pelas regras comuns, administradas por um chefe, o que fez surgir os primeiros padrões de vida: costumes e regras comuns (família); linguagem comum; es- crita figurada; símbolos fonéticos; roupas e abri- gos; religião; divisão de tempo; forma e tamanho dos artigos; dinheiro; pesos e medidas; leis; etc.4 As normas de medida estão entre as pri- meiras a serem criadas, devendo seu início à épo- ca em que o homem julgou necessário estimar dimensões e distâncias. Nesse momento, o homem começou a uti- lizar-se de métodos um tanto quanto inadequados para fazer as medições, tais como: utilizar os bra- ços, dedos, pés, ou, quando tratavam de distâncias 4 - CENTRO DE CAPACITAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS DO INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E QUALIDADE INDUSTRIAL. História da normalização. In: Encontro Nacional de docentes sobre normas técnicas, 3, 1985, São Leopoldo. Trabalhos apresentados. São Leopoldo: Inmetro, 1985. p.1. 49 maiores, era comum contarem os passos ou utilizar a expressão “um dia de viagem”. Esses tipos de medidas, mesmo sendo anti- gos, ainda são utilizados em várias partes do mundo, como na Índia, onde é comum usar o grão de cevada. A mais antiga evidência de normalização da antiguidade está nos vasos, adequadamente marca- dos e certificados na Antiga Palestina. Os padrões ou desenhos marcam e identificam povos e culturas de diversas épocas. E essas caracterís- ticas peculiares facilitam a identificação do momento e das regras válidas para aquela época e cultura. Gutenberg, no século XV, ao criar a Impren- sa, não a fez de modo desordenado, como exemplo, os móveis deveriam ser permutáveis entre si e de mesma altura para que se conseguisse imprimir algo, inclusi- ve, as letras possuíam detalhes para que o tipógrafo pudesse sentir ao toque que letra ela havia apertado. No aspecto normalização são inúmeros os exemplos, tais como: a arquitetura das pirâmides egípcias; os mastros, as velas, os remos e os lemes uniformizados dos venezianos no século XV; os aquedutos do Imperador Nerva (100 a.C.), etc. Em face da evolução se viu a necessidade de independência entre as unidades de medida e de grandezas, haja vista que ocorriam de forma compa- rativa natural, ou seja, com base nos pés, mãos, dias de viagem, etc. 50 Assim sendo, nascem novas regras de pa- dronização. Para determinar essas novas regras, começa- ram a fabricar bastões de medida normalizada, com materiais duráveis, tais como: madeira, chumbo, cor- das com nós no Egito, etc., os quais ficam deposita- dos nos palácios e nas igrejas. Com o advento da máquina a vapor e por consequência o desenvolvimento da indústria mo- derna é que se adotou o nosso atual sistema métrico. Contudo, somente com a Segunda Guerra Mundial que se tornou “mais evidente a importân- cia de uma normalização nacional e internacional, devido à dificuldade de fornecimento de peças e so- bressalentes e a existência de diferentes normas nos diferentes países.” 5 Dessa forma, pode-se dizer que a nor- malização, que teve seu início como um mero processo mecânico, evoluiu e tornou-se um meio para assegurar a intercambialidade de for- ma precisa e qualificável, sendo uma técnica de simplificação e conservação de recursos e capa- cidade produtiva. 5 - CENTRO DE CAPACITAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS DO INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAÇÃO E QUALIDADE INDUSTRIAL. História da normalização. In: Encontro Nacionalde docentes sobre normas técnicas, 3, 1985, São Leopoldo. Trabalhos apresentados. São Leopoldo: Inmetro, 1985. p.10 51 É importante considerar que as normas aumentam e mudam conforme necessidade e progresso. Do exposto, temos que: A normalização é baseada nos resultados já consolidados da ciência, técnica e da experiên- cia. Ela determina não só as bases para o presen- te, mas também para o futuro, e deve acompa- nhar o progresso da tecnologia e as mudanças de padrões e as mudanças de consumidores.6 Não se pode negar que nossas vidas são pautadas por normas, e claro, dizer que a normali- zação é muito importante nas atividades industrial e científica não é novidade. As atividades nos dias atuais dependem dire- tamente de normas precisas e de aplicabilidade. Há vantagens consideráveis na normalização, tanto para quem produz quanto para quem consome. Do mesmo modo, sabemos que a necessida- de de normas nas mais diversas situações (negocia- ções comerciais, indústria, intercâmbio entre infor- mações, preservação do meio ambiente, etc.) é fator 6 - SILVA, Paulo Afonso Lopes da. Conceitos básicos de normalização. In: Encontro Nacional de docentes sobre normas técnicas, 3, 1985, São Leopoldo. Trabalhos apresentados. São Leopoldo: Inmetro, 1985. p.19. 52 determinante para a qualidade. As normas brasileiras são resultantes de um processo de consenso nos diferentes fóruns do Siste- ma Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Sinmetro), cujo universo abrange o governo, o setor produtivo, o comércio e os consumidores. Essas normas visam obter, segundo Silva7: a) defesa dos interesses nacionais; b) racio- nalização na fabricação ou produção e na troca de bens ou serviços, por meio de operações sistemáti- cas e repetitivas; c) proteção dos interesses do con- sumidor; d) segurança de pessoas e bens; e) uni- formidade dos meios de expressão e comunicação. Os grandes objetivos das normas técnicas são: → a simplificação; → a intercambialidade; → a comunicação; → a adoção racional de símbolos e códigos; → a economia; → a segurança; → saúde e proteção da vida; 7 - SILVA, Paulo Afonso Lopes da. Conceitos básicos de normalização. In: Encontro Nacional de docentes sobre normas técnicas, 3, 1985, São Leopoldo. Trabalhos apresentados. São Leopoldo: Inmetro, 1985. p.19. 53 → o impedimento de barreira no comércio; → proteção do interesse do consumidor; → interesse da comunidade. Ainda, para a normalização, é importante considerar o que se chama de espaço da norma- lização, que se divide em: a) Assuntos e Domínios: toda norma aborda um assunto e como os assuntos se encontram em número elevado agrupam-se eles em domínios; b) Aspectos ou Tipos: requisitos e condições que devem ser seguidos na elaboração da norma; c) Níveis: entidades produtoras de normas.8 Os quais podem ser internacionais, regio- nais, nacionais, associações, empresas ou empresa individual. Porém, para a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) são apenas quatro níveis: Internacional, Regional, Nacional e Empresarial. A normalização nasceu da necessidade de a população ter padrões que estabelecessem critérios em aspectos da economia, da segurança ao consu- midor, da melhoria na comunicação, da intercambia- lidade, etc., evitando “a existência de regulamentos conflitantes sobre produtos e serviços em diferentes países, facilitando, assim, o intercâmbio comercial” 9 8 - SILVA, Paulo Afonso Lopes da. Conceitos básicos de normalização. In: Encontro Nacional de docentes sobre normas técnicas, 3, 1985, São Leopoldo. Trabalhos apresentados. São Leopoldo: Inmetro, 1985. p.19 9 - ABNT, 2006, on-line. 54 Assim sendo, faz-se necessária a presença dos organismos responsáveis, tais como: a ISO, IEC, ABNT, etc., continuamente criando, modi- ficando e incentivando o uso de normas técnicas nas mais diversas áreas de atuação, em nível na- cional, regional e internacional. 1.3.2. Normatização Tendo em vista o conceito de normatizar, que é estabelecer normas, ação ou processo, temos que considerar o conceito do SINAFER (Sindica- to da Indústria de Artefatos de Ferro, Metais e Fer- ramentas em Geral no Estado de São Paulo), que dá uma definição interessante sobre o que é normatização, definindo-a da seguinte forma: Atividade que estabelece, em relação a problemas existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem em um dado contexto.10 10 - SINAFER http://www.sinafer.org.br/site/index.php?page=nor malizacao04deagostode2013 16h22 55 Para normatização, as palavras-chave são: procedimento, processo, prescrição destinada à utilização comum. Para um melhor entendimento desse concei- to é importante ter em mente que a normatização nada mais é do que um conjunto de regras próprias a respeito de um mesmo objeto, na definição, o objeto para a regra única se daria a partir da identificação dos problemas existentes e pontuais. A prescrição, também apontada no con- ceito, refere-se a uma regra única a fim de que seja utilizada por todos (por isso comum e repe- titiva) cuja finalidade seria a ordem para prevenir os conflitos (por isso obtenção do grau ótimo de ordem em um dado contexto). A normatização refere-se às normas técni- cas que existem para estabelecer requisitos técnicos a serem atendidos por um produto, processo ou servi- ço. São estabelecidas por consenso e aprovadas por um organismo reconhecido que visa à otimização de benefícios para as empresas e para a comunidade.11 A forma de atuação da normatização se dá pelo estabelecimento de requisitos de qualidade, desempenho, segurança. A normatização, no que se refere à seguran- 11- SEBRAE/SC http://www.sebrae.com.br/customizado/inovacao/ acoes-sebrae/consultoria/normalizacao/137-04-saiba-mais-sobre- normalizacao/BIA_1370404deagostode2013 16h22 56 ça, visa ao fornecimento; ao serviço ou uso/destina- ção final do produto. Também atua a normatização no esta- belecimento de procedimentos, padronização de formas, dimensões, tipos, usos; na fixação e classificação fixar classificações, bem como, nas terminologias e glossários. E, ainda, para definir a maneira de medir ou determinar as característi- cas, como os métodos de ensaio. As referidas normas técnicas, objeto da nor- matização, possuem níveis, quais sejam: → Internacional (ISO, IEC); → Regional (Copant, MERCOSUL, etc.); → Nacional (ABNT, IRAN, BSI, AFNOR etc.) → Empresarial (de uso pela empresa) A Normalização tem seus objetivos, quais sejam: → Economia → Comunicação → Segurança → Proteção do Consumidor → Eliminação de Barreiras Técnicas e Comerciais → E, incluímos a estes objetivos: 57 Promoção dos Negócios Internacionais O SEBRAE/SC12 inclui a: Simplificação Esses objetivos se justificam, tendo em vista que apontar como item a Economia significa dizer que proporcionará a redução da crescente varieda- de de produtos e procedimentos; a Comunicação, porque proporciona meios mais eficientes na troca de informação entre o fabricante e o cliente, melho- rando a confiabilidade das relações comerciais e de serviços; a Segurança, porque protege a vida huma- na e a saúde; a Proteção do Consumidor, porque promove a sociedade de meios eficazes para aferir a qualidade dos produtos e serviços; a Eliminação de Barreiras Técnicas e Comerciais, porque evi- ta a existência de regulamentos conflitantes sobre produtos e serviços em diferentes países, facilitando, assim, o intercâmbio comercial13. Apontamos como objetivo também a Promoção dos Negócios In- ternacionais, exatamente porque com a eliminação de regulamentos conflitantes os negócios internacio- nais serão cada vez mais viáveis. E, a Simplificação, 12 - SEBRAE/SC http://www.sebrae.com.br/customizado/inovacao/ acoes-sebrae/consultoria/normalizacao/137-04-saiba-mais-sobre- normalizacao/BIA_1370404deagostode2013 16h22 13 - SINAFER http://www.sinafer.org.br/site/index.php?page=nor malizacao04deagostode201316h22 58 porque reduz a crescente variedade de procedimen- tos e tipos de produtos. É importante considerar que, na prática, a Normalização, conforme citado pelo referido Sin- dicato, com o qual concordamos, está presente: → na fabricação dos produtos; → na transferência de tecnologia; → na melhoria da qualidade de vida por meio de normas relativas à saúde; à seguran- ça e à preservação do meio ambiente. Neste diapasão, os benefícios apontados são aqueles em que numa economia competitiva e acir- rada, cujas exigências são crescentes e as empresas dependem de sua capacidade de incorporação de novas tecnologias de produtos, processos e serviços, haja vista que a competição internacional entre as empresas eliminou as tradicionais vantagens basea- das no uso de fatores de abundância e custo baixo. Assim sendo, a normalização é utilizado cada vez mais como um meio para se alcançar a re- dução de custo da produção e do produto final, sem prejuízo da qualidade. Os objetivos narrados constituem benefí- cios e esses benefícios da Normatização, podem ser escalonados em Qualitativos e Quantitativos. 59 Os Qualitativos14 permitem: → A utilização adequada dos recursos, tais como: equipamentos, materiais e mão de obra; → A uniformização da produção; → A facilitação do treinamento da mão de obra, melhorando seu nível técnico; → A possibilidade de registro do conheci- mento tecnológico; e → Promover a melhora no processo de con- tratação e venda de tecnologia. Os Quantitativos15 permitem: → A redução do consumo de materiais e do desperdício; → A padronização de equipamentos e componentes; → A redução da variedade de produtos, com a sua melhoria; → O fornecimento de procedimentos para cálculos e projetos; → O aumento de produtividade; → A melhoria da qualidade; e, 14 - SINAFER http://www.sinafer.org.br/site/index.php?page=nor malizacao04deagostode2013 16h22 15 - SINAFER http://www.sinafer.org.br/site/index.php?page=nor malizacao04deagostode2013 16h22 60 → O controle de processos. O processo de normalização visa, portan- to, à consecução de normas com claras, objetivos que assegurem o cumprimento dos requisitos e padrões estabelecidos. Esse processo contribui para que a tarefa de pessoas e máquinas envolvidas na produção seja simplificada e facilitada, resultando produtos com- petitivos e de qualidade garantida. Tudo isso com o propósito de satisfazer as expectativas de demanda do mercado consumidor e as demandas ambientais impostas pela sociedade.16 16 - SEBRAE/SC http://www.sebrae.com.br/customizado/inovacao/ acoes-sebrae/consultoria/normalizacao/137-04-saiba-mais-sobre- normalizacao/BIA_13704 04deagostode2013 16h22 61 1 - Das alternativas abaixo aponte a que está correta: A) Direito tem origem no Latim directus, que sig- nifica “reto” ou “colocado em linha reta”. No latim clássico, ius era o termo usado para designar o direi- to objetivo, o conjunto de normas, o qual passou a ser designado por “direito”. B) O termo “ius” (jus), por sua vez, deu origem a palavras como justo, justiça. C) O direito pode ser definido como sendo o con- junto de normas que surgiu pela necessidade de o homem estabelecer regras em suas relações, como um mecanismo que tornasse possível o convívio em sociedade, prevendo, inclusive, sanções para aqueles que agissem em desacordo com essas regras da so- ciedade, recebendo a designação de Lei. D) O fato social é sempre o ponto de partida para a noção do Direito, pois surge das necessidades fun- damentais das sociedades, que são reguladas por ele como condição essencial de sobrevivência. E) As alternativas anteriores estão corretas, devendo Atividades 62 acrescentar que no Direito que encontramos a segu- rança das condições da vida humana, determinada pelas normas que formam a ordem jurídica. 2 - O significado de direito pode se referir à ci- ência do direito ou ao conjunto de normas jurídi- cas vigentes em um país, chamado de direito ob- jetivo. Também pode ter o sentido de reto, certo, de agir de forma correta, com retidão, contudo, devemos atentar ao conceito de ciência do direi- to que é um ramo das ciências sociais que estuda as normas obrigatórias que controlam as rela- ções dos indivíduos em uma sociedade. Pode-se dizer que o direito se divide em: A) Público e Privado B) Difusos e Coletivos C) Objetivo e Subjetivo D) Positivo e Natural E) Penal e Civil 3 - O conjunto de normas vigentes em um país também é designado por direito, mais especifica- mente como Direito Objetivo. Agora, a faculda- de legal de praticar ou não um determinado ato é designada por direito subjetivo. Neste caso, o direito se refere ao poder que pertence a um su- 63 jeito ou grupo. Por exemplo, o direito de receber aquilo pelo qual se pagou. O direito como con- junto de normas também se divide em: A) Público e Privado B) Difusos e Coletivos C) Objetivo e Subjetivo D) Positivo e Natural E) Penal e Civil 4 - O direito positivo são as normas criadas e postas em vigor pelo Estado; o direito natural são as normas derivadas da natureza, ou seja, são as leis naturais que orientam o comportamento humano, tais como: A) Os direitos fundamentais, por exemplo, a vida; B) O direito público, por exemplo, a cidadania; C) O direito privado, por exemplo, o casamento; D) Os direitos difusos, por exemplo, o meio ambiente; E) O direito coletivo, por exemplo, a defesa do consumidor. 5 - Sobre normatização é correto afirmar: A) A normatização refere-se às normas técnicas existem para estabelecer requisitos técnicos a serem atendidos por um produto, processo ou serviço. São 64 estabelecidas por consenso e aprovadas por um or- ganismo reconhecido que visa à otimização de bene- fícios para as empresas e para a comunidade. B) A forma de atuação da normatização se dá pelo estabelecimento de requisitos de qualidade, desem- penho, segurança. C) A normatização no que se refere a segurança visa o fornecimento; o uso ou destinação final do produ- to ou serviço. D) Também atua a normatização no estabelecimento de procedimentos, padronização de formas, dimen- sões, tipos, usos; na fixação e classificação fixar classi- ficações, bem como, nas terminologias e glossários. E, ainda, para definir a maneira de medir ou determinar as características, como os métodos de ensaio. E) As alternativas anteriores estão corretas acrescen- tando que às referidas normas técnicas, objeto da normatização possuem níveis, quais sejam: Interna- cional (ISO, IEC); Regional (Copant, MERCOSUL, etc.); Nacional (ABNT, IRAN, BSI, AFNOR, etc.), Empresarial (de uso pela empresa). 65 1. Introdução Neste capítulo, ênfase se dada às Normas Nacionais e Estrangeiras, a Legislação aplicada e a Consolidação das Leis do Trabalho com vistas à Segurança do Trabalho para prevenção e con- trole de risco, cujos temas são: liberdade sindical e direito à negociação coletiva; liberdade sindical e direito à negociação coletiva sob o ponto de vista internacional; liberdade sindical e direito à negociação coletiva sob o ponto de vista nacio- nal; erradicação do trabalho infantil; eliminação do trabalho forçado; e a não discriminação no emprego ou ocupação. Destacam-se, também neste capítulo, as Convenções da OIT Ratificadas no Brasil. O estudo da hierarquia e as normas aplicadas à Segurança do Trabalho para prevenção e controle de risco é tema de estudo, também neste capítulo. 66 2.2. Normas Nacionais e Estrangeiras Para podermos falar em Normas Nacionais e Estrangeiras, devemos chamar a atenção para uma das funções mais importantes da Organização Inter- nacional do Trabalho (OIT), o qual estabelece e ado- ta normas internacionais de trabalho sob a forma de: → Convenções ou → Recomendações Estes instrumentos são adotados pela Con- ferência Internacional do Trabalho com a participa- ção de representantes dos trabalhadores, emprega- dores e dos governos. As Convenções da OIT são consideradas: → Tratados Internacionais Esses Tratados Internacionais,uma vez rati- ficados pelos Estados Membros, passam a integrar a legislação nacional. A aplicação das normas pelos países é examinada por uma Comissão de Peritos na Aplicação de Convenções e Recomendações da OIT, que recebe e 67 avalia queixas, dando-lhes seguimento e produzindo rela- tórios de memórias para discussão, publicação e difusão. Em 1998, foi adotada a Declaração da OIT sobre os Princípios e Direitos Fundamentais no Tra- balho e seu Seguimento, que é uma reafirmação uni- versal do compromisso dos Estados Membros e da comunidade internacional em geral de respeitar, pro- mover e aplicar um patamar mínimo de princípios e direitos no trabalho, que são reconhecidamente fun- damentais para os trabalhadores. Esses princípios e direitos fundamentais estão recolhidos em oito Convenções que cobrem quatro áreas básicas: → Liberdade sindical e direito à negociação coletiva → Erradicação do trabalho infantil, → Eliminação do trabalho forçado e → A não discriminação no emprego ou ocupação. 68 2.2.1. Liberdade Sindical e Direito à Negociação Coletiva 2.2.1.1. A Liberdade Sindical e Direito à Negociação Coletiva Sob o Ponto de Vista Internacional A Organização Internacional do Traba- lho (OIT) defende com unhas e dentes a liber- dade sindical e negociação coletiva como direitos humanos, conforme a fonte DIAP, publicado em 26/06/2008.17 Em 26 de junho de 2008, a Organização Inter- nacional do Trabalho (OIT) divulgou o Relatório Global: “A liberdade de associação e a liberdade sin- dical na prática: lições aprendidas”. Esse documento, no entendimento da pró- pria OIT, proporciona uma visão panorâmica da aplicação e do cumprimento efetivo dos princípios e direitos universais relativos: → à liberdade de associação, → à liberdade sindical e → à negociação coletiva. 17 - http://www.oitbrasil.org.br/convention 69 A ratificação das convenções internacionais do trabalho de número 87 e 98, relativas à liberdade sindi- cal e à negociação coletiva, expressa o compromisso de implementar os princípios e direitos nelas plasmados. O Relatório Global registra avanços na ampliação da ratificação dessas convenções pelos Estados-Membros da OIT, e indicam também que ainda é necessário um maior esforço para atingir a ratificação universal de ambas as convenções, com- promisso assumido pelos constituintes tripartites da OIT há dez anos, ao aprovar a Declaração sobre os Direitos e Princípios Fundamentais do Trabalho. Importante considerar que até 2007, de um total de 182 Estados-Membros, 148 haviam ratifica- do a Convenção n.º 87 e 158 ratificado a Convenção n.º 98. O Relatório aponta que é preocupante o fato de a Convenção n.º 87 ter se tornado a menos ratificada das oito Convenções fundamentais. 2.2.1.2. A Liberdade Sindical e Direito à Negociação Coletiva Sob o Ponto de Vista Nacional. O Brasil ratificou a Convenção n.º 98 em novembro de 1952. Porém, o mesmo não aconteceu até hoje com a Convenção n.º 87, sobre liberdade sindical e direito de sindicalização, considerada um dos mais importantes tratados multilaterais da OIT. 70 Todos os trabalhadores e empregadores têm o direito de constituir as organizações que julgarem convenientes e de afiliarem-se a elas, com o objetivo de promover e defender seus respectivos interesses e de celebrar negociações coletivas com a outra parte, livremente e sem ingerência de umas sobre as outras, nem intromissão do Estado. Os direitos de sindicalização e de negocia- ção coletiva permitem promover a democracia, uma boa governança do mercado de trabalho e condições de trabalho decentes. O presente Relatório parte, como os outros dois Relatórios Globais que foram publicados sobre este tema em 2000 e 2004, respectivamente, da pre- missa que para se conseguir o objetivo da OIT, um trabalho decente para todas as mulheres e homens deve abranger: → liberdade, → igualdade, → segurança → dignidade humana E, que tenham a oportunidade de expressar- -se sobre o que estes conceitos significam. A liberdade sindical e de associação, o di- reito de sindicalização e de negociação coletiva são direitos humanos fundamentais, cujo exercício tem 71 grande transcendência nas condições de trabalho e de vida, assim como o desenvolvimento e o progres- so dos sistemas econômicos e sociais. 2.2.2. Erradicação do Trabalho Infantil 2.2.2.1. A Erradicação do Trabalho Infantil Sob o Ponto de Vista Internacional A Conferência Geral da Organização Inter- nacional do Trabalho (OIT), convocada em Genebra pelo Conselho de Administração da Secretaria Inter- nacional do Trabalho e reunida em 1ª de junho de 1999, em sua 87ª Reunião, trata da Convenção sobre proibição das piores formas de trabalho infantil e ação imediata para eliminação, aprovada em 17/06/1999, em versões inglês e francês, igualmente oficiais, foi publicado em 19 de novembro a Convenção n.º 182 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), no Brasil pelo Decreto 3597 de 12/09/2000. As motivações se verificam nas suas consi- derações preliminares que justificam a necessidade precípua de efetividade para a proibição das piores formas de trabalho infantil, senão vejamos: Tendo em vista a necessidade de adotar no- vos instrumentos para proibição e eliminação das 72 piores formas de trabalho infantil, como a prin- cipal prioridade de ação nacional e internacional, que inclui cooperação e assistência internacionais, para complementar a Convenção e a Recomen- dação sobre Idade Mínima para Admissão a Em- prego, 1973, que continuam sendo instrumentos fundamentais sobre trabalho infantil. Considerando que a efetiva eliminação das piores formas de trabalho infantil requer ação ime- diata e global, que leve em conta a importância da educação fundamental e gratuita e a necessidade de retirar a criança de todos esses trabalhos, promo- ver sua reabilitação e integração social e, ao mesmo tempo, atender as necessidades de suas famílias; Tendo em vista a resolução sobre a eli- minação do trabalho infantil adotada pela Con- ferência Internacional do Trabalho, em sua 83a Reunião, em 1996. Reconhecendo que o trabalho infantil é de- vido, em grande parte, à pobreza e que a solução a longo prazo reside no crescimento econômico sustentado, que conduz ao progresso social, sobre- tudo ao alívio da pobreza e à educação universal; Tendo em vista a Convenção sobre os Di- reitos da Criança, adotada pela Assembléia das Nações Unidas, em 20 de novembro de 1989. Tendo em vista a Declaração da OIT sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho e 73 seu Seguimento, adotada pela Conferência Interna- cional do Trabalho em sua 86 a Reunião, em 1998; Tendo em vista que algumas das piores for- mas de trabalho infantil são objeto de outros instru- mentos internacionais, particularmente a Conven- ção sobre Trabalho Forçado, 1930, e a Convenção Suplementar das Nações Unidas sobre Abolição da Escravidão, do Tráfico de Escravos e de Instituições e Práticas Similares à Escravidão, 1956; Tendo-se decidido pela adoção de diver- sas proposições relativas a trabalho infantil, ma- téria que constitui a quarta questão da ordem do dia da Reunião, e após determinar que essas pro- posições se revestissem da forma de convenção internacional, adota, neste décimo sétimo dia de junho do ano de mil novecentos e noventa e nove, a seguinte Convenção que poderá ser cita- da como Convenção sobre as Piores Formas de Trabalho Infantil, 1999. Dos artigos da Convenção, destaque deve ser dado ao seguinte: Artigo 3º: Para os fins desta Convenção, as piores for- mas de trabalho infantil compreendem: (a) todas as formas de escravidão ou práticas 74 análogas à escravidão, como venda e tráfico de crian- ças, sujeição por dívida, servidão, trabalho forçado ou compulsório, inclusive recrutamento forçado ou compulsório de crianças para serem utilizadas em conflitos armados; (b) utilização, demanda e oferta de criança para fins de prostituição, produção dematerial por- nográfico ou espetáculos pornográficos; (c) utilização, demanda e oferta de criança para atividades ilícitas, particularmente para a produ- ção e tráfico de drogas conforme definidos nos trata- dos internacionais pertinentes; (d) trabalhos que, por sua natureza ou pelas cir- cunstâncias em que são executados, são susceptíveis de prejudicar a saúde, a segurança e a moral da criança.18 2.2.2.2. A Erradicação do Trabalho Infantil Sob o Ponto de Vista Nacional É importante ressaltar que diversos fatores contribuíram para que o Brasil experimentasse a violação da criança e do adolescente, explorando o trabalho infantil. Dentre eles, temos os fatores his- tóricos, políticos e sociais, independentemente de 18 - http://canalconselhotutelar.wordpress.com/category/artigos-e-ponto- de-vista/trabalho-infantil-artigos-e-ponto-de-vista/07/082013às00h13 75 recursos naturais escassos, permitindo que alguns segmentos aceitassem com naturalidade. A elite po- lítica e econômica, composta de empresários sem compromisso social e políticos ultraconservadores, acabaram fomentando as injustiças sociais na maio- ria do povo brasileiro, inclusive no tocante à criança e ao adolescente. Contudo, o Brasil tem sido apontado como um dos países que mais avançou no combate ao trabalho infantil, pelo seu conjunto que vem desde 1891, com a criação do Decreto 1.313, que definia a jornada de trabalho mínima para os menores do sexo masculino e feminino, passando pela Conso- lidação das Leis Trabalhistas (CLT) respaldado pela atual Constituição Federal e finalmente disciplinado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069/90, que traz inovações fundamentais. Entre as mais diversas ações criadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) está a criação dos Conselhos Municipais, Estaduais e Fede- rais, que fazem a defesa dos direitos da Criança e do Adolescente, determinando que: ECA-Art. 86: a política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamen- tais e não-governamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 76 O embasamento para a promoção e a prote- ção dos direitos da criança e do adolescente, em al- guns documentos internacionais apoiados pelas Or- ganizações das Nações Unidas (ONU), é inspirado no ECA, numa demonstração da importância deste documento para o combate ao trabalho infantil. Na sua demonstração de erradicar o traba- lho infantil, as autoridades brasileiras têm participa- do de forma exemplar, em eventos internacionais sobre assunto. O trabalho infantil ainda é um dado nacional negativo para o Brasil. Contudo, o nosso país, nos en- contros internacionais, tem sido referenciado pelos seus projetos e ações na erradicação deste tipo de trabalho. Importante ressaltar que programas sociais, como o programa “Bolsa família”, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) dentre ou- tros, constituem-se de meios utilizados pelo Estado para o combate e erradicação do trabalho infantil. O Estado tem se assistido das Organizações Internacionais e Organizações não governamentais em defesa do Direito da Criança e do Adolescente. 77 2.2.3. Eliminação do Trabalho Forçado 2.2.3.1. A Eliminação do Trabalho Forçado sob o ponto de vista internacional No que se refere ao conceito de trabalho escravo, é importante distinguir o conceito atual do conceito do período colonial brasileiro, o qual tinha a escravidão como ideia de propriedade, ideia de do- mínio, no qual um homem dominava o outro. Assim sendo, verifica-se nos instrumentos internacionais a não utilização do termo “trabalho escravo”, mas sim “trabalho forçado, formas con- temporâneas ou análogas à escravidão.”19 Para ser escravo não era necessário ser de outra raça: “a condição de escravo derivava do fato de nascer de mãe escrava, de ser prisioneiro de guer- ra, de condenação penal, de descumprimento de obrigações tributárias, de deserção do exército, entre outras razões.”20 O trabalho escravo contemporâneo pode ser conceituado como: 19 - CASTILHO, Ela Wiecko V. de. Em busca de uma definição jurídico- penal de trabalho escravo. In: Comissão Pastoral da Terra. Trabalho escravo no Brasil contemporâneo. São Paulo: Loyola, 1999. Pag. 83 20 - BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho, 2. ed. São Paulo: LTr, 2006.pag. 50 78 O estado ou a condição de um indivíduo que é constrangido à prestação de trabalho, em condições destinadas à frustração de direito assegurado pela legislação do trabalho, permanecendo vinculado, de forma compulsória, ao contrato de trabalho mediante fraude, violência ou grave ameaça, inclusive mediante a retenção de documentos pessoais ou contratuais ou em virtude de dívida contraída junto ao empregador ou pessoa com ele relacionada. 21 A Organização do Trabalho (OIT) condena o cerceamento da liberdade do trabalhador, notadamente: com a apreensão de documentos pessoais; com a presença de guardas fortemente armados; com dívidas ilegalmente impostas e em decorrência das condições geográficas do local de trabalho, que inviabilizam a fuga; tudo isso atrela- do a péssimas condições de higiene e saúde, nos termos da Professora Sônia Mascaro do Nascimento. 2.2.3.2. A Eliminação do Trabalho Forçado Sob o Ponto de Vista Nacional No ordenamento jurídico pátrio, o crime de redução à condição análoga à de escravo, tipificado 21 - SCHWARZ, Rodrigo Garcia. Trabalho escravo: a abolição necessária: uma análise da efetividade e da eficácia das políticas de combate à escravidão contemporânea no Brasil. São Paulo:LTr, 2008.pag. 117-118 79 no artigo 149 do Código Penal, foi alterado substan- cialmente com o advento da Lei n.º 10.803, de 11 de dezembro de 2003, ampliando as formas e os meios pelos quais o crime pode ser executado, trazendo uma ideia do que se deve entender por condição análoga à de escravo. A citada Lei vem a reforçar a proteção pe- nal ao prever que “quando a vítima for submetida a ‘trabalhos forçados’ ou à ‘jornada exaustiva’, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomo- ção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto” 22 O trabalho escravo contemporâneo é uma realidade cruel que ainda assola o país, mos- trando pessoas privadas de sua liberdade de di- versos modos. Aquele que escraviza não priva o trabalha- dor apenas da liberdade, mas também não respeita direitos mínimos que garantam a dignidade humana. As condições, na maioria das vezes, são piores do que as narradas nos livros que retratam a era colonial no Brasil. 22 - BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte especial, v. 2 – 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007.pag 389 80 2.2.4. A Não Discriminação no Emprego ou Ocupação A aprovação na 42ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho, ocorrida em Genebra, em 1958, deu ensejo a entrar em vigor no plano in- ternacional em 15 de junho de 1960 a Convenção 111, que trata Discriminação em Matéria de Empre- go e Ocupação. E neste sentido, destaca-se o que diz Arnal- do Süssekind: A Conferência Geral da Organização In- ternacional do Trabalho, Convocada em Genebra pelo Conselho de Administração da Repartição Internacional do Trabalho e reunida a 4 de junho de 1958, em sua quadragésima segunda sessão; Após ter decidido adotar diversas disposi- ções relativas à discriminação em matéria de em- prego e profissão, assunto que constitui o quarto ponto da ordem do dia da sessão; Após ter decidido que essas disposições to- mariam a forma de uma convenção internacional; Considerando que a Declaração de Fila- délfia afirma que todos os seres humanos, seja qual for a raça, credo ou sexo, têm direito ao progresso material e desenvolvimento espiritual 81 em liberdade e dignidade, em segurança econô- mica e com oportunidades iguais; Considerando, por outro lado,
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