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Direitos humano tema 1

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Direitos Humanos e Cidadania 
Tema 1
UMA PERSPECTIVA INTRODUTÓRIA SOBRE A IMPORTÂNCIA E O SENTIDO DOS DIREITOS HUMANOS
Nesta unidade temática, você vai aprender
A identificar de modo concreto a diversidade, o pluralismo cultural e a tolerância como elementos essenciais à vida em sociedade a partir de uma perspectiva introdutória sobre a importância e o sentido dos direitos humanos;
A identificar as lutas pelo reconhecimento e consideração da pessoa humana como sujeito de direitos;
A verificar o desafio do reconhecimento dos direitos humanos.
Introdução
Boas vindas ao capítulo intitulado “Uma perspectiva introdutória sobre a importância e o sentido dos direitos humanos”.
Antes de dialogarmos concretamente sobre vários aspectos dos Direitos Humanos, é muito relevante entendermos sua contextualização histórico-evolutiva. Vale dizer que os Direitos Humanos foram construídos a partir e com a evolução da própria humanidade.
Nesse particular, a diversidade humana, o pluralismo cultural e a tolerância foram valores indispensáveis à solidificação da civilização em todo o planeta. São pontos que merecem aprofundamento.
Num segundo patamar, merecem realce também nesse foco histórico as tantas e várias lutas pelo reconhecimento e pela consideração da pessoa em sua integralidade e como sujeito de direitos.
Por terceiro, o desafio do reconhecimento dos direitos humanos, tema que certamente é relevante em todas as áreas de atuação humana. Até mais do que reconhecê-los, num segundo e certamente tão importante instante, concretizá-los.
Uma perspectiva introdutória sobre a importância e o sentido dos direitos humanos
A diversidade, o pluralismo cultural e a tolerância como condições inerentes da convivência social
Neste capítulo, vamos trabalhar a perspectiva introdutória sobre a importância e o sentido dos direitos humanos. Começaremos, no primeiro subitem, com a importância que assumem neste relevo as ideias de pluralismo cultural e de tolerância, como condições inerentes e indispensáveis ao bom convívio em sociedade.
Começamos enfatizando trecho de Ramos:
Os direitos humanos consistem em um conjunto de direitos considerado indispensável para uma vida humana pautada na liberdade, igualdade e dignidade. Os direitos humanos são os direitos essenciais e indispensáveis à vida digna.
(RAMOS, 2016, p. 21)
Cabe destacar, inicialmente, que não existe um rol predeterminado desse conjunto mínimo de direitos essenciais a uma vida digna. As necessidades humanas variam conforme o contexto histórico de uma época, sendo as novas demandas sociais traduzidas juridicamente e inseridas na lista dos direitos humanos. Observem o realce de Comparato:
“Tudo gira, assim, em torno do homem e de sua eminente posição no mundo. Mas em que consiste, afinal, a dignidade humana? A resposta a essa indagação fundamental foi dada, sucessivamente, no campo da religião, da filosofia e da ciência.” (COMPARATO, 2015, p. 3)
Esse processo todo, na visão do mesmo autor, é fruto da evolução:
“A justificativa científica da dignidade humana sobreveio com a descoberta do processo de evolução dos seres vivos, embora a primeira explicação do fenômeno, na obra de Charles Darwin, rejeitasse todo finalismo, como se a natureza houvesse feito várias tentativas frustradas, antes de encontrar, por mero acaso, a boa via de solução para a origem da espécie humana.” (COMPARATO, 2015, p. 5).
Não existe palavra que exprima o conceito de ser humano, podendo-se referir como os integrantes do grupo, que são chamados "homens", mas os estranhos ao grupo são designados por outra denominação, a significar que se trata de indivíduos de uma espécie animal diferente.
Saiba mais
Foi durante o período axial da História que a ideia de uma igualdade essencial entre todos os homens surgiu, mas somente vinte e cinco séculos após é que a primeira organização internacional englobou quase a totalidade dos povos da Terra, ao aludir na abertura de uma Declaração Universal de Direitos Humanos, que "todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos“ (COMPARATO, 2015).
As nomenclaturas são várias, como podemos vislumbrar mais uma vez na análise de Ramos:
“Os direitos essenciais do indivíduo contam com ampla diversidade de termos e designações: direitos humanos, direitos fundamentais, direitos naturais, liberdades públicas, direitos do homem, direitos individuais, direitos públicos subjetivos, liberdades fundamentais. A terminologia varia tanto na doutrina quanto nos diplomas nacionais e internacionais.” (RAMOS, 2016, p. 46)
O Direito Internacional dos Direitos Humanos concentra seu objeto nos direitos da pessoa humana, tendo um conteúdo materialmente constitucional, sendo os direitos humanos, ao longo da experiência constitucional, considerados matéria constitucional. Já no âmbito do Direito Internacional dos Direitos Humanos, a fonte de tais direitos é de natureza internacional (PIOVESAN, 2018).
Fatos e dados
Foi a partir da Declaração Universal de 1948 que se iniciou o desenvolvimento do Direito Internacional dos Direitos Humanos, por meio da adoção de inúmeros tratados internacionais que tinham como finalidade a proteção de direitos fundamentais, formando-se o sistema normativo global de proteção dos direitos humanos, no âmbito das Nações Unidas (PIOVESAN, 2018).
Piovesan (2018) ainda pontua que esse sistema normativo é integrado por instrumentos de alcance geral, como os Pactos Internacionais de Direitos Civis e Políticos e de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966, que utilizam de instrumentos de alcance específico, como as Convenções internacionais que buscam responder a determinadas violações de direitos humanos, cite-se a título de exemplo a discriminação racial, a discriminação contra a mulher, a violação dos direitos da criança, dentre outras formas de violação.
Comparato acentua outros detalhes relevantes dessa análise:
“A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada unanimemente pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, condensou toda a riqueza dessa longa elaboração teórica, ao proclamar, em seu art. VI. que todo homem tem direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa. Nem por isso, no entanto, os problemas ético-jurídicos foram eliminados. Ao contrário, o avanço tecnológico não cessa de criar problemas novos e imprevisíveis, à espera de uma solução satisfatória, no campo ético. Se todo ser humano deve ser havido, em qualquer lugar e circunstância, como pessoa, e em razão disso protegido pela ordem jurídica, a partir de que momento, precisamente, deve-se reconhecer a existência de um homem? Desde a fecundação do óvulo pelo esperma? A partir de duas semanas após a concepção, como dispõe uma lei britânica? Ou apenas pelo nascimento com vida? No juízo da ética e do direito, o aborto intencional equivale a um homicídio?” (COMPARATO, 2015, 22)
Saiba mais
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi redigida sob o impacto das atrocidades cometidas durante a 2ª Guerra Mundial, com omissão de tudo o que se referia à União Soviética e de vários abusos cometidos pelas potências ocidentais - após o encerramento das hostilidades (COMPARATO, 2015).
Ademais, a Declaração retomou os ideais da Revolução Francesa, representando a manifestação histórica de que se formara em âmbito universal, o reconhecimento dos valores supremos da igualdade, da liberdade e da fraternidade entre os homens, como ficou consignado em seu texto.
Foi a culminância de uma evolução histórica que teve outros suportes anteriores:
“Inegavelmente, a Declaração Universal de 1948 representa a culminância de um processo ético que, iniciado com a Declaração de Independência dos Estados Unidos e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, da Revolução Francesa, levou ao reconhecimento da igualdade essencial de todo ser humano em sua dignidade de pessoa, isto é, como fonte de todos os valores, independentemente das diferenças de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição, como sediz em seu artigo II. E esse reconhecimento universal da igualdade humana só foi possível quando, ao término da mais desumanizadora guerra de toda a História, percebeu-se que a ideia de superioridade de uma raça, de uma classe social, de uma cultura ou de uma religião, sobre todas as demais, põe em risco a própria sobrevivência da humanidade.” (COMPARATO, 2015, p. 137)
Fique de olho!
No artigo 1º, a Declaração proclama os três princípios axiológicos fundamentais em matéria de direitos humanos: a liberdade, a igualdade e a fraternidade.
A formação histórica dessa tríade sagrada remonta à Revolução Francesa, tendo sua consagração oficial em textos jurídicos tardiamente.
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, tal como o Bill of Rights de Virgínia, de 1776, só se referem à liberdade e à igualdade.
Já a fraternidade somente veio a ser mencionada, pela primeira vez, não como princípio jurídico, mas como virtude cívica, na Constituição francesa de 1791, sendo disposto no texto constitucional da segunda república francesa em 1848, quando o tríptico veio a ser oficialmente declarado.
Ainda, o princípio da igualdade, que é essencial do ser humano, não obstante as múltiplas diferenças de ordem biológica e cultural que os distinguem entre si, é afirmado no artigo II, tendo a isonomia ou igualdade perante a lei, proclamada no artigo VII, é mera decorrência desse princípio.
Veja-se destaque dado por Comparato:
“Com base nos dispositivos da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 que consagram as liberdades individuais clássicas e reconhecem os direitos políticos (Art. XXI), as Nações Unidas adotaram, subsequentemente, três convenções internacionais. A primeira, em 20 de dezembro de 1952, destinada a regular os direitos políticos das mulheres, segundo o princípio básico da igualdade entre os sexos. A segunda, em 7 de novembro de 1962, sobre o consentimento para o casamento, a idade mínima para o casamento e o registro de casamentos (art. XVI da Declaração). A terceira, em 21 de dezembro de 1965, sobre a eliminação de todas as formas de discriminação racial.” (COMPARATO, 2015, p. 139)
As lutas por reconhecimento, consideração da pessoa em sua integralidade e como sujeito de direitos
A história da humanidade se faz passo por passo, muitas vezes em séculos. Nos Direitos Humanos não é diferente, como faz ver Ramos:
No caso dos direitos humanos, o seu cerne é a luta contra a opressão e busca do bem-estar do indivíduo; consequentemente, suas ‘ideias-âncora’ são referentes à justiça, igualdade e liberdade, cujo conteúdo impregna a vida social desde o surgimento das primeiras comunidades humanas. Nesse sentido amplo, de impregnação de valores, podemos dizer que a evolução histórica dos direitos humanos passou por fases que, ao longo dos séculos, auxiliaram a sedimentar o conceito e o regime jurídico desses direitos essenciais. A contar dos primeiros escritos das comunidades humanas ainda no século VIII a.C. até o século XX d.C., são mais de vinte e oito séculos rumo à afirmação universal dos direitos humanos, que tem como marco a Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948.
(RAMOS, 2016, p. 26)
Ser uma sociedade pautada na defesa de direitos, isto é, uma sociedade inclusiva, implica várias consequências. A primeira é o reconhecimento de que o primeiro direito de todo indivíduo é o direito a ter direitos.
No Brasil
O STF adotou essa linha ao decidir que “direito a ter direitos: uma prerrogativa básica, que se qualifica como fator de viabilização dos demais direitos e liberdades” (Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 2.903, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 1º-12-2005, Plenário, DJE de 19-9-2008).
Uma segunda consequência é o reconhecimento de que os direitos de um indivíduo convivem com os direitos de outros:
“Por isso, não há automatismo no mundo da sociedade de direitos. Não basta anunciar um direito para que o dever de proteção incida mecanicamente. Pelo contrário, é possível o conflito e colisão entre direitos, a exigir sopesamento e preferência entre os valores envolvidos. Por isso, nasce a necessidade de compreendermos como é feita a convivência de direitos humanos em uma sociedade de direitos, nos quais os direitos de diferentes conteúdos interagem. Essa atividade de ponderação é exercida cotidianamente pelos órgãos judiciais nacionais e internacionais de direitos humanos.” (RAMOS, 2017, p. 23)
Fatos e dados
A Carta Magna de 1988, como marco jurídico da transição ao regime democrático, alargou o campo dos direitos e garantias fundamentais ao se colocar entre as Constituições mais avançadas do mundo no que diz respeito à matéria.
Nota-se que há uma busca pela reaproximação da ética e do Direito, e, nesse esforço, surge, então, a força normativa dos princípios, principalmente no que se refere ao princípio da dignidade humana.
Podemos dizer sem medo de errar que há uma mudança de foco, então, de direitos a deveres. Não é outro o destaque dado por Piovesan:
“A Carta de 1988 institucionaliza a instauração de um regime político democrático no Brasil. Introduz também indiscutível avanço na consolidação legislativa das garantias e direitos fundamentais e na proteção de setores vulneráveis da sociedade brasileira. A partir dela, os direitos humanos ganham relevo extraordinário, situando-se a Carta de 1988 como o documento mais abrangente e pormenorizado sobre os direitos humanos jamais adotado no Brasil.” (PIOVESAN, 2018, p. 84).
Fique de olho!
Dentre os fundamentos que alicerçam o Estado Democrático de Direito brasileiro destacam-se a cidadania e a dignidade da pessoa humana, que possuem disposições no Art. 1º, incisos II e III da CF de 1988, tendo o encontro do princípio do Estado Democrático de Direito e dos direitos fundamentais, fazendo-se claro que os direitos fundamentais são um elemento básico para a realização do princípio democrático, tendo em vista que exercem uma função democratizadora (PIOVESAN, 2018).
Nesse patamar, a dignidade da pessoa humana passa a ser o valor-vértice de todo o ordenamento:
“Considerando que toda Constituição há de ser compreendida como unidade e como sistema que privilegia determinados valores sociais, pode-se afirmar que a Carta de 1988 elege o valor da dignidade humana como valor essencial, que lhe dá unidade de sentido. Isto é, o valor da dignidade humana informa a ordem constitucional de 1988, imprimindo-lhe uma feição particular.” (PIOVESAN, 2018. p. 87)
Piovesan (2018) dispõe que é justamente sob o prisma da reconstrução dos direitos humanos que é possível compreender, no Pós-Guerra, a emergência do chamado Direito Internacional dos Direitos Humanos, e também de outro vértice, a nova feição do Direito Constitucional ocidental, em resposta ao impacto das atrocidades então cometidas.
Já no âmbito do Direito Constitucional ocidental, foram adotados nos Textos Constitucionais princípios dotados de elevada carga axiológica, com destaque para o valor da dignidade humana:
“Sustenta-se que é no princípio da dignidade humana que a ordem jurídica encontra o próprio sentido, sendo seu ponto de partida e seu ponto de chegada, para a hermenêutica constitucional contemporânea. Consagra-se, assim, a dignidade humana como verdadeiro superprincípio, a orientar tanto o Direito Internacional como o Direito interno.” (PIOVESAN, 2018, p. 89)
Nesse passo, a dignidade humana simboliza um verdadeiro superprincípio constitucional, visto que é a norma maior a orientar o constitucionalismo contemporâneo nas esferas local e global, tendo uma especial racionalidade, unidade e sentido.
Essa, ao lado dos direitos e garantias fundamentais, assume lugar de proeminência no sistema:
“À luz dessa concepção, infere-se que o valor da dignidade da pessoa humana e o valor dos direitos e garantias fundamentais vêm a constituir os princípios constitucionais que incorporam as exigências de justiça e dos valores éticos, conferindo suporte axiológico a todo o sistema jurídico brasileiro.” (PIOVESAN, 2018. p. 90)
Fique de olho!
Frisa-se, ainda, que a Constituição de 1988 prevê, alémdos direitos individuais, os direitos coletivos e difusos – aqueles pertinentes a determinada classe ou categoria social, pertinentes a todos e a cada um.
Portanto, a Carta Magna de 1988, ao mesmo tempo que consolida a extensão de titularidade de direitos, acenando para a existência de novos sujeitos de direitos, também consolida o aumento da quantidade de bens merecedores de tutela, por meio da ampliação de direitos sociais, econômicos e culturais. O mote de valorização dos direitos e garantias fundamentais soa claro:
“Com efeito, a busca do Texto em resguardar o valor da dignidade humana é redimensionada, na medida em que, enfaticamente, privilegia a temática dos direitos fundamentais. Constata-se, assim, uma nova topografia constitucional: o Texto de 1988, em seus primeiros capítulos, apresenta avançada Carta de direitos e garantias, elevando-os, inclusive, a cláusula pétrea, o que, mais uma vez, revela a vontade constitucional de priorizar os direitos e as garantias fundamentais.” (PIOVESAN, 2018, p. 90)
O desafio do reconhecimento dos direitos humanos
É importante começar salientando os aspectos os dois principais aspectos da dita fundamentabilidade dos direitos humanos:
Os direitos humanos representam valores essenciais, que são explicitamente ou implicitamente retratados nas Constituições ou nos tratados internacionais. A fundamentalidade dos direitos humanos pode ser formal, por meio da inscrição desses direitos no rol de direitos protegidos nas Constituições e tratados, ou pode ser material, sendo considerado parte integrante dos direitos humanos aquele que – mesmo não expresso – é indispensável para a promoção da dignidade humana.
(RAMOS, 2016, p. 22)
Apesar das diferenças em relação ao conteúdo, os direitos humanos têm em comum quatro ideias-chave ou marcas distintivas, citem-se a universalidade, essencialidade, superioridade normativa e reciprocidade.
Os direitos humanos têm distintas maneiras de implementação do ponto de vista subjetivo e objetivo referentes à realização dos direitos humanos, que podem ser da incumbência do Estado ou de um particular ou de ambos, e, do ponto de vista objetivo, a conduta exigida para o cumprimento dos direitos humanos pode ser ativa (comissiva, realizar determinada ação) ou passiva (omissiva, abster-se de realizar) (RAMOS, 2016).
Apesar das diferenças em relação ao conteúdo, os direitos humanos têm em comum quatro ideias-chave ou marcas distintivas, citem-se, a universalidade, essencialidade, superioridade normativa e reciprocidade.
Com base na obra de Ramos (2016), apresentam-se os conceitos desses direitos:
Direito-pretensão
Consiste na busca de algo, gerando a contrapartida de outrem do dever de prestar, determinando-se que o indivíduo tem direito a algo, se outrem (Estado ou mesmo outro particular) tem o dever de realizar uma conduta que não viole esse direito, conforme dispõe o Art. 208, inciso I, da CF/88).
Direito-liberdade
Consiste na faculdade de agir que gera a ausência de direito de qualquer outro ente ou pessoa, tendo disposição constitucional nos casos em que, por exemplo, uma pessoa tem a liberdade de credo (Art. 5º, inciso VI, da CF/88), não possuindo o Estado (ou terceiros) nenhum direito (ausência de direito) de exigir que essa pessoa tenha determinada religião.
Direito-poder
Implica uma relação de poder de uma pessoa de exigir determinada sujeição do Estado ou de outra pessoa, cite-se, como exemplo, o caso de uma pessoa ter o poder de, ao ser presa, requerer a assistência da família e de advogado, o que sujeita a autoridade pública a providenciar tais contatos (Art. 5º, Inciso LXIII, da CF/88).
Direito-imunidade
Consiste na autorização dada por uma norma a uma determinada pessoa, impedindo que outra interfira de qualquer modo.
Teríamos assim, então:
direitos humanos: matriz internacional, sem maior força vinculante;
direitos fundamentais: matriz constitucional, com força vinculante gerada pelo acesso ao Poder Judiciário.
A distinção, porém, está ultrapassada por dois fatores:
maior penetração dos direitos humanos no plano nacional, com a incorporação doméstica dos tratados, inclusive no caso brasileiro, com a possibilidade de serem equivalentes à emenda constitucional (Art. 5º, § 3º);
força vinculante dos direitos humanos, graças ao reconhecimento da jurisdição de órgãos com a Corte Interamericana de Direitos Humanos (RAMOS, 2016).
Os direitos humanos podem ser classificados como: direitos de defesa, direitos a prestações e direitos a procedimento e instituições:
Observe a contextualização da primeira vertente:
“Os direitos de defesa consistem no conjunto de prerrogativas do indivíduo voltado para defender determinadas posições subjetivas contra a intervenção do Poder Público ou mesmo outro particular, assegurando que: 1) uma conduta não seja proibida; 2) uma conduta não seja alvo de interferência ou regulação indevida por parte do Poder Público; e 3) não haja violação ou interferência por parte de outro particular.” (RAMOS, 2016, p. 57)
No segunda panorama, realce merecem os seguintes aspectos:
“Os direitos à prestação jurídica acarretam discussão sobre a criação de medidas específicas de combate à inércia do Estado em legislar, como ocorreu no Brasil com a criação do mandado de injunção e da ação direta de inconstitucionalidade por omissão. No caso das prestações materiais, veremos, em ponto específico, a consequência desses direitos de prestação, que vem a ser a possibilidade de exigir judicialmente que o Estado realize essas prestações, em um contexto de recursos finitos e necessidades de escolhas entre quais prestações devem ser realizadas em primeiro lugar.” (RAMOS, 2016, p. 58)
A Constituição de 1988 dividiu os direitos humanos, com base no seu Título II “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, em cinco categorias:
i) direitos e deveres individuais e coletivos;
ii) direitos sociais;
iii) direitos de nacionalidade;
iv) direitos políticos; e
v) partidos políticos.
Cabe mencionar que essa enumeração não é exaustiva, uma vez que o Art. 5º, § 2º, da Constituição prevê o princípio da não exaustividade dos direitos fundamentais, também denominado abertura da Constituição aos direitos humanos.
Fique de olho!
Assim, a Carta Magna dispôs que os direitos previstos não excluem outros decorrentes do regime e princípios da Constituição, além dos que estão mencionados no restante do texto da Constituição e em tratados de direitos humanos celebrados pelo Brasil (RAMOS, 2016).

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