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ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia II – P.S.D.II ANATOMIA Fígado adulto: 1,5kg, constituindo aproximadamente 2,5% do peso corporal. Hilo (suprimento sanguíneo duplo): Veia porta (60% do aporte sanguíneo). Artéria hepática (40% do aporte sanguíneo) - ramificam nos tratos portais junto com dutos biliares. Drenagem venosa: veia hepática. OBS.: o sangue venoso quando sai do fígado sai menos impuro do que quando ele chegou. HISTOLOGIA Estrutura básica: Hepatócitos (organizados em placas anastomosantes, enfileiradas dos tratos portais até as veias hepáticas terminais) - 80% da celularidade. Ele faz o metabolismo intermediário. Linfócitos (20% da celularidade do fígado normal). Sinusoide: células de Kupffer – macrófagos residentes do fígado. Faz a fagocitose de patógenos e partículas. Célula endotelial: limita o sinusoide. Célula hepática estrelada: armazenamento de vitamina A. Fibroblasto portal: integridade dos tratos portais. Função de suporte. MODELO LOBULAR Aspecto hexagonal onde os lóbulos são orientados em torno dos afluentes terminais da veia hepática (centrolobular) e a tríade portal na periferia (veia porta, artéria hepática e ducto biliar). MODELO ACINAR O ácino é um dos triângulos desse lóbulo. Modelo muito mais usado pelos patologistas, pois na biopsia o que se retira é uma parte (pedaço muito pequeno) e não um fígado inteiro, sendo o modelo acinar melhor para visualização. Gradiente zonal de oxigenação e de atividade metabólica (então algumas lesões ocorrem em zonas específicas). Zona 1: zona com maior aporte de oxigênio. Zona 3: zona com menor aporte de oxigênio. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia II – P.S.D.II PADRÕES DE LESÃO HEPÁTICA O fígado possui um repertório relativamente limitado de respostas celulares e tissulares à lesão, independentemente da causa. As mais comuns são: Degeneração de hepatócitos e acúmulos intracelulares. Necrose e apoptose de hepatócitos. Inflamação Regeneração Fibrose INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA (IH) É a consequência clínica mais severa da doença hepática. Causas: A (acetaminofeno, hepatite A e hepatite autoimune) - intoxicação por medicamento ex: tylenol. B (hepatite B) C (hepatite C) D (drugs, hepatite D) E (hepatite E) F (fat/ doença gordurosa microvesicular) Ao apresentar IH, o paciente já perdeu 80-90% da capacidade funcional do fígado. Taxa de mortalidade: 80% O transplante é a melhor esperança de sobrevida. Critérios: Encefalopatia hepática: alterações da consciência, sinais neurológicos, asterixis. Coagulopatia: fígado produz fatores de coagulação dependentes e independentes de vitamina K. Com a síntese hepática prejudicada, ocorrem alterações na coagulação desde tendência a sangramentos menores até hemorragia intracraniana e morte. Classificação: Aguda (destruição hepática súbita e maciça) - normalmente ocorre em trauma. Crônica (destruição hepática progressiva e de longa data) Crônica agudizada (lesão aguda que se sobrepõe a uma doença crônica bem compensada). INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA AGUDA (IHA) Doença hepática aguda associada com encefalopatia e coagulopatia, que ocorre dentro de 26 semanas após lesão hepática inicial (sintomas clínicos genéricos: fadiga, náuseas, vômito, icterícia), sem uma doença hepática pré-existente. Seguida de insuficiência de múltiplos órgãos e morte (se não for transplantado a tempo). Macroscopia: Fígado aumenta inicialmente (pela tumefação e congestão). Seguido de redução drástica do volume: fígado pequeno/encolhido (700g). Macio e congesto, impregnado de bile. Distribuição de causas de IHA: 50% ocorre por ingestão de acetaminofeno (paracetamol, tylenol) acidental ou deliberada. A insuficiência ocorre 1 semana após o início dos sintomas. 50% ocorre por outros medicamentos e toxinas, hepatite autoimune e hepatite aguda (por vírus A e B). Insuficiência leva mais tempo para se desenvolver. Mecanismos de lesão da IHA Ocorre necrose hepática maciça (geralmente induzida por fármacos ou toxinas). Dano tóxico direto (acetaminofeno) Combinação de toxicidade e mediação imunológica (vírus) Laboratório: transaminases séricas elevadas (que tendem a diminuir com a redução drástica do volume hepático, não por melhora, mas porque sobraram poucos hepatócitos viáveis. O agravamento da encefalopatia, coagulopatia e icterícia confirmam que a queda das transaminases se deve a necrose maciça). VH TP ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia II – P.S.D.II INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA CRÔNICA (IHC) Causas: 1. Hepatite B crônica 2. Hepatite C crônica 3. Doença hepática não alcoólica 4. Doença hepática alcoólica Nem toda doença hepática crônica desenvolverá cirrose, mas há uma associação frequente com ela (OBS: nem toda cirrose leva à IHC). Cirrose = transformação difusa do fígado em nódulos regenerativos circundados por faixas fibrosas e graus variáveis de derivações vasculares (shunts portossistêmicos). HEPATITE Causas de hepatites: Distúrbios infecciosos. Distúrbios autoimunes. Toxicidade (inclui álcool) e lesão medicamentosa. Doença metabólica. Doenças colestáticas. A enorme reserva funcional do fígado mascara o impacto clínico de uma lesão hepática leve. Sendo assim, exceto a insuficiência hepática aguda, as doenças hepáticas são insidiosas, cuja detecção clínica e sintomas podem levar semanas, meses ou até anos para aparecer. Com isso, quaisquer alterações percebidas nos exames complementares devem sempre serem investigados. A terminologia para as hepatites virais pode ser confusa, pois a palavra hepatite é usada para várias coisas. Tenha cuidado com o contexto para conseguir esclarecer o seu significado em qualquer situação: 1. Hepatite é o nome dos vírus hepatotrópicos (ex: HBV = vírus da hepatite B) 2. Os termos hepatite aguda e hepatite crônica correspondem a padrões histológicos de lesão hepática. HEPATITES AGUDAS Macroscopia: desde normal até necrose maciça (encolhido) Microscopia: infiltrado inflamatório linfo-plasmocitário não portal, acomete todo o lóbulo (hepatite lobular), necrose (tumefação e aglomeração de macrófagos) e apoptose com linfócitos T adjacentes. Casos graves: necrose confluente ou em ponte que deixam cicatrizes. OBS.: Não há alteração no espaço porta. HEPATITES CRÔNICAS Evidencia sintomática, bioquímica ou sorológica de doença hepática continua ou recorrente por mais de 6 meses. Microscopia: 1. Infiltrado inflamatório linfoplasmocitário portal (caraterístico) 2. Hepatite de interface (além da hepatite lobular) - transição entre o espaço porta e o próximo hepatócito. 3. Cicatriz (fibrose portal e septos) 4. Reação ductular. 5. Cirrose. Fibrose entre o espaço porta até a veia central. No espaço porta há um acumulo de linfócitos. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia II – P.S.D.II HEPATITE PELO VÍRUS A Doença benigna e autolimitada, com período de incubação de 3 a 6 semanas. Apenas raramente causa hepatite crônica e insuficiência hepática. Endêmico em países com falta de saneamento. Clínica: leve ou assintomática. Geralmente em crianças. A HAV aguda tende a ser uma doença febril esporádica. Os sintomas são inespecíficos como fadiga, perda do apetite e icterícia. Transmissão oro-fecal (ingestão de água ou alimentos infectados por fezes contaminadas). Surtos em instituições e aglomerações. Vacina disponível desde 1992. HEPATITE PELO VÍRUS B Transmissão variável (geografia): Alta prevalência (trans. no parto) Intermediária(trans. horizontal, contato com secreção contaminada em lesões de pele e mucosa). Baixa (transmissão sexual e drogas EV). Vacina: resposta protetora em 95% das crianças. É um vírus de DNA. O curso natural da doença pode ser acompanhado por marcadores sorológicos. Tem um período de incubação longo (4 a 26 semanas). Não causa lesão hepatocitária direta. A lesão é causada pelos linfócitos TCD8+ que atacam as células infectadas. -> próprio sistema imune atacando o hepatócito na tentativa de matar o vírus. Morte celular imunologicamente induzida. Hepatócitos em vidro fosco: inclusões citoplasmáticas do Ag de superfície. Na imagem, o citoplasma é "liso". A doença hepática crônica induzida por HBV é um precursor importante para o desenvolvimento de carcinoma hepatocelular. Aproximadamente 70% apresentam sintomas leves ou até mesmo nenhum sintoma. 30% apresentam sintomas constitucionais inespecíficos, como anorexia, febre, icterícia e dor no quadrante superior direito. Em quase todos os casos a infecção é autolimitada e cede sem tratamentos. HEPATITE PELO VÍRUS C É um vírus RNA. Mais grave. Importante causa de doença hepática crônica. Curso clínico semelhante a HBV. Títulos elevados de IgG anti HCV não conferem uma imunidade efetiva (não há base para vacinação). Infecção persistente e hepatite crônica em 80% dos infectados, apesar da natureza assintomática da infecção (qualquer indivíduo com detecção de HCV deve ter acompanhamento médico imediato. É potencialmente curável com IFN peguilhado) Aspectos característicos: 1. Agregados e folículos linfoides portais. 2. Esteatose. Mecanismos de lesão crônica: 1. Surtos repetidos de lesão hepática. 2. Reativação da infecção. 3. Surgimento de novas cepas endógenas (mutação). Genótipos 2 e 3 tem melhor resposta clínica. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia II – P.S.D.II HEPATITE PELO VÍRUS D Agente Delta. Depende do seu ciclo de vida no HBV (vírus Defeituoso) Transmissão: uso de drogas endovenosas e múltiplas transfusões sanguíneas. Situações de infecção: 1. Co-infecção aguda HDV e HBV (pode ser autolimitada e seguida da eliminação de ambos os vírus). O HBV deve se estabelecer primeiro. 2. Superinfecção: portador crônico de HBV adquire HDV. Fase aguda e crônica (cirrose e CHC). É clinicamente indistinguível da hepatite B aguda clássica. HEPATITE PELO VÍRUS E Transmissão entérica pela água contaminada (zoonose com hospedeiros animais) Características: 1. Alta taxa de mortalidade em gestantes. 2. Geralmente doença autolimitada. 3. Pode ser crônica em imunossuprimidos e na SIDA HEPATITE AUTOIMUNE Hepatite crônica progressiva de etiologia desconhecida. A reação imune lesiva pode ser desencadeada por infecções virais a alguns medicamentos como minociclina, sinvastatina... A hepatite autoimune costuma ocorrer simultaneamente com outros distúrbios autoimunes como doença celíaca, lúpus eritematoso, artrite reumatoide, síndrome de Sjogren e colite ulcerativa. Características de doenças autoimunes gerais: 1. Predisposição genética 2. Associação com outras doenças autoimunes 3. Presença de anticorpos circulantes 4. Respondem ao tratamento imunossupressor Pode evoluir para insuficiência hepática. Fase precoce de destruição hepática grave com formação de cicatrizes. Caraterísticas típicas: 1. Atividade necro-inflamatória grave (hepatite lobular e de interface, necrose confluente ou em ponte, colapso do parênquima). 2. Predomínio de plasmócitos no infiltrado inflamatório. 3. Rosetas hepatocitárias nas áreas de atividade acentuada. ESTEATO-HEPATITE ALCOÓLICA Consumo de álcool (etanol) é a principal causa de doença hepática nos países ocidentais, e é responsável por cerca de 4% das mortes e todo o mundo. A ingestão em curto prazo de até 80g de álcool (6 cervejas ou 30ml de bebida com teor alcoólico de 40%) durante um a vários dias, geralmente produz esteatose hepática leve e reversível. A ingestão diária de 80g ou mais gera risco significativo de lesão severa. Cerca de 15% dos alcoolistas desenvolve cirrose. Formas: 1. Esteatose hepatocelular (fígado gorduroso) 2. Hepatite alcoolica (esteatohepatite) 3. Esteatofibrose (cicatrizes típicas de doença gordurosa - cirrose micro nodular de Laennee) Alteração na zona 3 que progride para a zona 1 com o aumento da gravidade da lesão. Características; 1. Tumefação (balonização) e necrose de hepatócitos por acúmulo de água e gordura. 2. Corpos de mallory-denk; material eosinofílico (filamentos intermediários) acumulados em hepatócitos balonizados. Acúmulo de citoplasma centro do hepatócito com esteatose 3. Reação neutrofílica: no lóbulo hepático e ao redor de hepatócitos em degeneração. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia II – P.S.D.II Em resumo, a doença hepática alcoolica é um distúrbio crônico caracterizada por esteatose, hepatite, fibrose progressiva, cirrose e desorganização acentuada da perfusão vascular. ESTEATO-HEPATITE NÃO ALCOOLICA (NASH) Fígado gorduroso em indivíduos que não usam álcool ou consomem menos de 20g/semana. Tem relação com obesidade, resistência insulínica e síndrome metabólica. Lesão oxidativa hepatocelular com necrose e reação inflamatória hepática. Aspectos histológicos da lesão hepática e reparo Alterações degenerativas (potencialmente reversíveis): 1. Tumefação (balonização) e acúmulos intracelulares 2. Esteatose (acúmulo de gordura) 3. Colestase (acúmulo de bilirrubina) Se não reverter a lesão, ocorre morte celular por necrose ou apoptose. APOPTOSE HEPATOCITÁRIA Morte 'ativa' (programada): Encolhimento da célula Picnose (condensação da cromatina) Cariorrexe (fragmentação nuclear) Corpos acidófilos (ou apoptóticos): fragmentação celular. OBS.: Esses corpos acidófilos são chamados corpúsculos de Councilman quando no contexto da febre amarela. NECROSE HEPATOCITÁRIA Tumefação: ocorre devido a um defeito na regulação osmótica da célula, acarretando entrada de fluido, inchaço (tumefação) e ruptura da célula. Aglomeração de macrófagos: marcam os locais de necrose. Formação de bolhas na membrana celular, levando conteúdo para o compartimento extracelular ocasionando a chegada de macrófagos. Distribuição da necrose Necrose confluente: perda zonal em torno da veia centrolobular. Restos celulares, macrófagos e resíduos da rede de reticulina. Necrose em ponte: perda da zona que une veia centrolobular ao trato portal. Morrem hepatócitos e o espaço deixado cicatriza (fibrose). CICATRIZ HEPÁTICA/SEPTOS FIBROSOS Morte de hepatócitos contíguos causam extinção do parênquima e formação de septos fibrosos que terminam em cicatrizes fibrosas hepáticas (cirrose). Se a lesão que causa o dano hepático for interrompida (por exemplo: eliminação da infecção viral ou interrupção do uso de álcool), a ativação das células estreladas hepáticas também cessa, as ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia II – P.S.D.II cicatrizes condensam, afinam e podem se romper: REGRESSÃO DA LESÃO. Se a agressão ao tecido hepático permanece, a fibrose torna-se difusa e irreversível: PROGRESSÃO E CIRROSE. FÍGADO COM FIBROSE A progressão e regressão fibrótica ocorrem simultaneamente! Doença ativa -> favorece a progressão da fibrose. Remissão da doença <- favorece a regressão da doença. CIRROSE HEPÁTICA É o resultado final de anos de agressões ao fígado, provocando a substituição do tecido hepático normal por nódulos regenerativos de tecido hepático com faixas de fibrose ao redor. As causas mais importantes de cirrose no mundo todo são o abuso de álcool, hepatite viral e a Esteato-hepatite não alcoolica.Significa a presença de doença hepática grave, mas não é um diagnóstico específico por si só (e sim o resultado final de vários tipos de agressão hepática. O diagnóstico especifico seria a doença de base propriamente dita e tem diferentes implicações prognósticas. Resumindo: cirrose nada mais é do que a cicatrização do fígado. Onde deveria haver tecido funcionante, há apenas fibrose (cicatriz). Cirrose criptogênica: sem causa definida. Macroscopia: Acomete difusamente o fígado. Tamanho reduzido do órgão. Presença de nódulos parenquimatosos difusos. Características variáveis: O tamanho dos nódulos, o padrão das cicatrizes (porta-porta ou porta-centro), o grau de colapso do parênquima (quantidade de hepatócitos viáveis e o grau de trombose macroscópica). Microscopia: Nódulos parenquimatosos de hepatócitos regenerados cercados por faixas densas de cicatriz e graus variáveis de derivações vasculares (shunts). A modularidade resulta de ciclos de regeneração de hepatócitos e cicatrização. Linfócitos desempenham papel destrutivo (erradicar a infecção viral) e indutor de replicação local. Podem evoluir para malignização (CHC). Biopsias com septos fibrosos delgados e separados por grandes ilhas de hepatócitos são menos propensos a apresentar hipertensão portal. REGRESSÃO DA FIBROSE HEPÁTICA Rara (mas pode acontecer), por isso a cirrose não pode ser taxada como estágio terminal de doença (a hipertensão portal é que se correlaciona com estágio final de doença). No passado, era uma realidade, mas pela falta de formas de curar a doença hepática crônica. Com o advento de tratamentos mais eficazes, pode-se observar a regressão das cicatrizes: elas ficam mais finas, se rompem, nódulos regenerativos coalescem em ilhas maiores. ATENÇÃO!!! Lembrar que no mesmo fígados sempre existem ambos componentes: regressão e progressão. OBS.: Existem graus de cirrose mais graves e menos graves. Depende da extensão de tecido fibrosado. Na primeira imagem nota-se uma faixa de fibrose muito mais grossa. Já na segunda essa faixa já é bem mais fina. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia II – P.S.D.II QUADRO CLÍNICO DA CIRROSE 40% dos indivíduos são assintomáticos. Sintomas não específicos: anorexia, perda de peso, fraqueza, insuficiência hepática. Sintomas mais específicos: icterícia crônica com prurido intenso, hiperestrogenismo (eritema palmar - vasodilatação, aranhas vasculares [angiomas na pele], hipogonadismo, ginecomastia). Cirrose é a principal causa intra- hepática de hipertensão portal. Consequências e complicações da cirrose hepática: Hipertensão portal Insuficiência hepática (aguda ou crônica) Formação de neoplasias (carcinoma hepatocelular – CHC). HIPERTENSÃO PORTAL Aumento da resistência ao fluxo sanguíneo portal (contração dos sinusoide e interrupção do fluxo por cicatrizes e nódulos). Pode se desenvolver em diferentes circunstancias. Divididas em causas: 1. Pré-hepáticas – trombose de veia porta ou esplênica. Aumento do fluxo portal: fistula arterio- venosa, esplenomegalia maciça... 2. Hepática – pré-sinusoidal: esquistossomose, cirrose biliar, sarcoidose... Sinusoidal: cirrose. Pós sinusoidal: doença venoclusiva. 3. Pós-hepática – trombose da veia hepática, obstrução da membrana da veia cava inferior e causas cardíacas. OBS.: A cirrose pode causar a hipertensão portal, mas a hipertensão portal não causa a cirrose. O paciente da imagem apresenta ginecomastia, ascite, aranhas vasculares e hérnia umbilical. Consequências clínicas da hipertensão portal: Ascite, formação de derivações venosas portossistêmicos, esplenomegalia congestiva (deficiência nos fatores de coagulação, gerando anemia) e encefalopatia hepática. ASCITE Acúmulo de líquido em excesso na cavidade peritoneal. Clinicamente detectável acima de 500ml. 85% dos casos de ascite são causados por cirrose. Líquido seroso rico em proteína. Gradiente de albumina entre o soro e a ascite > 1,1 g/dl. Ducto torácico: fluxo normal até 1 L/dia. Com a cirrose, o fluxo linfático pode chegar a 20L/dia. CIRCULAÇÃO COLATERAL/ DERIVAÇÃO PORTOSSISTÊMICA Aumento da pressão portal: fluxo invertido da circulação portal para a sistêmica = dilatação de vasos colaterais e formação de novos vasos. Circuitos venosos mais atingidos são os que compartilham leitos vasculares comuns: Reto: hemorroidas Junção esofagogástrica (variz esofagiana) Retroperitônio e ligamento falciforme hepático (vasos colaterais Peri umbilicais e na parede abdominal). ESPLENOMEGALIA CONGESTIVA Congestão de longa data. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | Patologia II – P.S.D.II Hiperesplenismo (retenção de células sanguíneas) e alterações hematológicas (trombocitopenia e pancitopenia). ENCEFALOPATIA HEPÁTICA Espectro de alterações de consciência -> o sangue não está sendo depurado, assim, amônia e nitrato estão circulando no corpo. Sinais neurológicos (rigidez e hiperreflexia). Asterixis (flapping): movimentos rápidos e não ritmados. Níveis elevados de amônia = função neuronal prejudicada e edema cerebral. NEOPLASIA HEPÁTICA Os tumores malignos que ocorrem no fígado podem ser: Primários 1. Originados dos hepatócitos (sendo o principal o carcinoma hepatocelular) 2. Originados dos ductos biliares intra-hepáticos (colangiocarcinomas) Metastáticos: 1. Envolvimento do fígado por metástases é muito mais comum que a neoplasia hepática primária, podendo vir de qualquer órgão. 2. As fontes mais comuns são: cólon e reto, mama, pulmão e pâncreas. 3. Pode ser um nódulo único, mas tipicamente são nódulos neoplásicos múltiplos. CARCINOMA HEPATOCELULAR (CHC) 90% dos casos se desenvolvem em fígados com cirrose. Fator de predisposição seria a inflamação crônica e a regeneração celular, pois há uma grande atividade mitótica ocorrendo. Principais agentes etiológicos: basicamente são todas as causas de cirrose! Hepatite crônica B (85% dos casos de CHC) Hepatite crônica C Cirrose alcoolica Esteato-hepatite não alcóolica Hemocromatose Macroscopia: podem ser unifocais ou multifocais Microscopia: recapitulam a arquitetura hepática em diferentes graus. Importante!!! O aparecimento de uma lesão focal hepática (especialmente se maior que 2cm) em um fígado cirrótico, deve levantar a suspeita de um carcinoma hepatocelular (CHC). Uma tomografia computadorizada com contraste em 3 fases é capaz de revelar um realce da lesão na fase arterial (característico de CHC).
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