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ECONOMIA POLÍTICA CAPÍTULO 4 - COMO FUNCIONA A POLÍTICA ECONÔMICA NO BRASIL? André Abdala INICIAR Introdução Você sabia que a política do Banco Central, também chamada de política monetária, influi enormemente a dinâmica da atividade econômica? O Banco Central manipula a taxa de juros, assim, por consequência, afeta o custo do crédito para empréstimos e financiamentos que são demandados pelas pessoas e empresas. Você sabia, ainda, que as economias nacionais com elevado déficit público são altamente propensas a terem problemas inflacionários? E quanto aos impactos da política cambial na competitividade e na inflação? Aliás, já ouviu falar que existem sistemas de defesa da concorrência? Neste último capítulo, analisaremos com maior detalhe os fundamentos da Teoria Quantitativa da Moeda, a partir da política monetária, assim como a forma com que a política cambial afeta o nível de preços e a competitividade das firmas nacionais, ante às estrangeiras. Além disso, também estudaremos quanto a política monetária para a compreensão de sua função na renda e na inflação; a política fiscal, que igualmente afeta a renda e os preços; e, com os mesmos propósitos, a política externa, a qual influi na competitividade das empresas. Por fim, compreenderemos aspectos relevantes sobre o poder de mercado e a concorrência, em que há uma política de defesa da concorrência, amparada em uma legislação antitruste, que configura como infração os abusos de poder de mercado. Vamos em frente? 4.1 Política monetária e controle da inflação A política monetária influencia diretamente a inflação, pois, ao controlar a oferta monetária, por meio de variados instrumentos, a política do Banco Central controla o nível geral de preços. Após entendermos melhor esse assunto, poderemos analisar as metas de inflação. Mas você sabe o que ela implica na dinâmica econômica? O que é o regime de metas inflacionárias? Dessa forma, a partir de agora, estudaremos a política monetária e aprendermos aspectos sobre a sua credibilidade e relevância na dinâmica da atividade econômica. Ademais, veremos, também, como o regime de metas de inflação substancia ganho de credibilidade, em virtude de maior transparência e comunicação do Banco Central com o público. 4.1.1 Política monetária A política monetária é o instrumento do governo para a oferta da moeda na economia. Portanto, essa política controla a liquidez na atividade econômica. Assim, com base no nível de oferta monetária, o Banco Central também controla o nível geral de preços, sendo que o principal instrumento da autoridade monetária é a taxa de juros de curto prazo, que, no caso do Brasil, é a Taxa Selic. Contudo, a taxa de juros é regulada pelo nível de oferta monetária. Dessa forma, quando o Banco Central eleva a oferta monetária, diz-se que ele está praticando a expansão monetária; já quando reduz a quantidade de moeda, há uma contração monetária. Então, ao elevar a quantidade de moeda na economia, a taxa de juros cai, e, com isso, o custo do crédito para financiamentos e empréstimos também declina. Como resultado, os investimentos aumentam e, consequentemente, a renda e o emprego também sobem. Com a função de determinar um nível de taxa de juros, podemos citar os principais instrumentos de política monetária, que são: Depósitos ou reservas compulsórias: representam um percentual de reservas obrigatórias que os bancos comerciais devem depositar no Banco Central. Assim, quando o Banco Central reduz o percentual de reservas obrigatórias, aumenta o nível de oferta de moeda na economia; Redesconto: é o empréstimo feito pelo Banco Central aos bancos comerciais. Por meio da taxa de redesconto, o Banco Central regula a oferta de moeda na economia. Assim, se abaixar a taxa, eleva o volume de oferta monetária; Senhoriagem: é a emissão de moeda. A simples produção de moeda é utilizada para subir o nível de oferta monetária; Operação de mercado aberto ou Open Market: quando o Banco Central vende títulos públicos, ele reduz a oferta de moeda na economia, uma vez que a autoridade monetária é remunerada com moeda. No sentido inverso, quando compra títulos públicos, o Banco Central paga com moeda e, portanto, eleva o volume de oferta monetária. A Teoria Quantitativa da Moeda (TQM) compreende que quanto maior a oferta monetária, maior é o nível de preços. Isso quer dizer que a crescente oferta de moeda reduz o seu poder de compra, ou seja, desvaloriza-a, já que os preços se elevam. No entanto, se a velocidade de transação da moeda se eleva, a mesma coisa acontece com os preços (CARVALHO et al., 2007). Portanto, quando o Banco Central eleva a quantidade de moeda, enseja condições para aumentar a inflação. Também sobem os preços quando o governo eleva investimentos, posto que as firmas e as pessoas em geral estarão demandando mais moeda para consumir ou investir, devido ao aumento da renda. Com isso, temos que o maior nível de atividade econômica fomenta o crescimento nos preços. A relação negativa entre o desemprego e a inflação se chama Curva de Phillips. Nela, há um aspecto monetário em que o maior nível de consumo e investimentos eleva os salários devido ao aumento dos empregos, que, por efeito — por elevarem novos aumentos na demanda por consumo e, também, investimentos, os quais gerarão mais empregos — elevará os preços (CARVALHO et al., 2007). Consequentemente, quando o Banco Central eleva a oferta monetária para reduzir a taxa de juros, gera aumento na renda, já que as empresas investirão mais, elevando, assim, o nível de emprego. Com isso, os salários também sobem. Em resultado, o nível geral de preços aumenta. No entanto, vale destacar que a inflação é um elemento inerente à atividade econômica. Portanto, se não há crescimento econômico, também pode não haver inflação. Todavia, pode-se buscar um aumento do produto com inflação baixa e controlada, já que o aumento nos preços reduz o poder de compra, uma vez que precisamos de mais dinheiro para comprar um produto. Além disso, os investimentos produtivos também são afetados, visto que dificulta o orçamento de um projeto, que mira, por exemplo, uma unidade produtiva para ficar pronta em dois anos. O Banco Central tem como função principal o controle inflacionário, apesar de, muitas vezes, ser utilizado como meio de crescimento econômico e, assim, do nível de emprego. Em meados de 1999, o país adotou o tripé macroeconômico, composto por: regime de meta inflacionária, a qual é definida pela autoridade monetária; meta de superávit primário, que é a diferença entre o que o governo arrecada e o que se gasta em um ano, sem considerar os gastos com os juros da dívida pública; regime de câmbio flutuante, em que a dinâmica do mercado no fluxo de capital define o nível da taxa de câmbio, em vez de o governo estipular uma meta de câmbio, o que aconteceria em um regime de câmbio fixo. Entretanto, o Banco Central interfere para não deixar o câmbio cair muito, o que vem a ser chamado de câmbio flutuante sujo (MODENESI, 2005). A seguir, vamos entender um pouco mais sobre a credibilidade do Branco Central. Figura 1 - Quando o desemprego aumenta, a inflação declina, caracterizando o efeito da Curva de Phillips. Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em IPEADATA, 2018. 4.1.2 Credibilidade do Banco Central As expectativas de inflação do mercado exercem determinação na inflação, pois são os agentes de mercado que demarcam os preços. Portanto, a credibilidade é um fator de relevância para o controle inflacionário. Se a política monetária trapaceia as expectativas do público — que esperam um determinado nível de inflação, com base no que o governo faz ou passa de informações; ou no que ocorre na economia —, ao trabalhar para elevar o nível do produto acima do que o mercado espera, obterá somente ganhos de curto prazo. No longo prazo, incorrerá em perdas, já que os agentes não acreditarão mais na autoridade monetária. Consequentemente, a inflação terá tendência altista (MODENESI, 2005; CARVALHO et al., 2007). Dessa forma, quando apolítica monetária alcança sucessivamente a meta inflacionária, a credibilidade se eleva, de modo que a política passa a ser mais branda. Isso quer dizer que um maior nível de credibilidade enseja a ancoragem das expectativas de inflação à meta do Banco Central, e, por consequência, há a necessidade de um menor esforço da autoridade monetária para atingir seu objetivo. Por fim, isso torna a taxa de juros menos volátil (a taxa pode subir muito repentinamente). Como efeito, temos que a política monetária com alta credibilidade é mais eficiente, já que não precisa elevar tanto a taxa de juros quando o nível geral de preços aumenta. Assim, a alta credibilidade gera menor custo social, pois não precisa elevar em demasia a taxa, afetando o emprego e a renda, a fim de ancorar as expectativas de inflação à meta inflacionária do Banco Central (MOREIRA, 2013). CASO Considerando um contexto de alta inflação, o Banco Central tem uma série de instrumentos para reduzir o nível, como redesconto e operação de mercado aberto. Sendo assim, pela contração monetária ou quaisquer medidas restritivas, o Banco Central, conforme os preceitos da Curva de Phillips, consegue reduzir a inflação. Entretanto, a medida escolhida para que o Banco Central eleve a taxa de juros depende do nível de credibilidade. Um governo crível precisa sacrificar menos as pessoas com maiores desempregos para reduzir a inflação (CARVALHO et al., 2007). Portanto, nossa vida profissional é bastante impactada pelo nível de compromisso do Banco Central para com a inflação e a sua respectiva credibilidade junto ao mercado. Da mesma forma, a falta de credibilidade da política monetária pode vir a significar maiores taxa de juros, o que encarece o crédito para as empresas. A alta credibilidade implica ausência de memória inflacionária, pois, se o Banco Central não cumpre seguidamente com as metas de inflação, ensejará má reputação. E como a reputação está relacionada com fatos passados, e a credibilidade com o que vai ser feito; na baixa credibilidade, os agentes econômicos estarão sensíveis à inflação passada, e não à meta de inflação divulgada pela autoridade monetária (MOREIRA, 2013; MONTES; TIBERTO, 2015). 4.1.3 Metas de inflação Em 1999, o Brasil passou a adotar o regime de metas de inflação, em que o Banco Central define uma a ser perseguida. O regime de metas de inflação na economia brasileira representa um marco no comprometimento com a inflação, de maneira que, caso a meta não seja atingida, a autoridade monetária deve expor, por meio de carta pública, as razões do desvio da inflação a sua meta, as providências a serem tomada para contorno do desvio em direção à meta e o prazo esperado para que as medidas surtam efeito, tendo em vista a credibilidade do Banco Central (MENDONÇA, 2007). O documentário intitulado “História da inflação no Brasil. Economia anos 80”, apresenta entrevistas com uma série de atores que vivenciaram a busca pelo controle inflacionário no Brasil, na década de 1980, como Bresser-Pereira e Fernando Henrique Cardoso. O documentário também mostra os VOCÊ QUER VER? aspectos políticos, tão essenciais para o êxito das medidas econômicas. Você pode assistir em: <https://www.youtube.com/watch?v=AXVVodQLE14 (https://www.youtube.com/watch? v=AXVVodQLE14)>. Como efeito, a meta de inflação passa a ser vista com uma fundamental âncora nominal para a política monetária e para as expectativas de inflação, de modo que essa âncora se torne semelhante ao objetivo da política monetária em longo prazo. Consequentemente, a inflação baixa e estável em longo prazo também passa a ser compreendida como objetivo primaz do Banco Central, sendo que a meta de inflação é o quadro ideal de política monetária (BOGDANSKI; TOMBINI; WERLANG, 2000). O artigo “Regimes Monetários no Brasil: Uma Análise Pós-Keynesiana para o Período 1994-2008”, de Christian Velloso Kuhn e Felipe Santos Tostes, apresenta, entre outros pontos, alguns regimes monetários, como as metas cambiais e as monetárias, em que, no primeiro caso, o Banco Central fixa o câmbio à moeda de um país de baixa inflação; já no segundo caso ele fixa o nível de oferta de moeda ao nível de crescimento do PIB. Leia o artigo completo no link: <https://online.unisc.br/seer/index.php/cepe/article/view/1207/1017 (https://online.unisc.br/seer/index.php/cepe/article/view/1207/1017)>. O regime de metas inflacionárias tem em seu escopo a interação com o público quanto ao motivo para a expectativa estar ancorada à taxa de inflação meta da autoridade monetária. Assim, o fortalecimento da comunicação e da transparência, por parte do governo (incluindo o Banco Central), para com o público — em relação às suas ações e à dinâmica da economia nacional —, permite que os agentes econômicos formem um julgamento melhor sobre o futuro da inflação. VOCÊ QUER LER? https://www.youtube.com/watch?v=AXVVodQLE14 https://online.unisc.br/seer/index.php/cepe/article/view/1207/1017 Esse regime exige maiores informações na tomada de decisão, amplia o espaço de transparência dos dados junto ao público e garante maior flexibilidade para a política monetária, uma vez que, na maioria dos países, trabalha com bandas de pontos percentuais superiores e inferiores ao centro da meta (MODENESI, 2005; CARVALHO et al., 2007). Além disso, o regime de metas de inflação utiliza o índice de preços ao consumidor. No Brasil, temos o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), conforme vemos na figura a seguir. A taxa de juros que a autoridade monetária usa é a taxa overnight, em fundos de empréstimos interbancários, para a formação de reservas bancárias. Com a taxa de juros, o Banco Central ajusta a demanda por moeda ao seu estoque, ou seja, quando há excesso de disponibilidade de reservas bancárias, ele eleva a taxa de juros para reduzir essas disponibilidades. Do contrário, quando há escassez, o Banco Central reduz a taxa de juros. Figura 2 - A elevação da taxa de juros causa uma pressão para a queda nos preços, e vice-versa. Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em BCB, 2018. Contudo, vale lembrar que o Banco Central dispõe de instrumentos, e na operação de mercado aberto é quando a política monetária influencia na taxa overnight — que, no Brasil, é a Taxa Selic — ao comprar e vender títulos federais. A formação de reservas impacta no custo e na disponibilidade de crédito e financiamento, sem os quais a demanda agregada declina, e, assim, os preços. A demanda agregada é a demanda de toda a economia, na qual se soma o consumo, o investimento privado, os gastos governamentais e a balança comercial, sendo que esta é a diferença entre vendas ao exterior (exportação) e compras do estrangeiro (importação). Com isso, a demanda agregada determina o nível do produto. Agora que já entendemos melhor quanto as metas de inflação, vamos estudar sobre os efeitos da política fiscal na renda e na inflação. 4.2 Política fiscal e gestão pública Você sabia que o déficit público pode estimular o aumento nos preços? E que o governo realiza a emissão de moeda para financiar seus gastos? A partir de agora, veremos o que é a política fiscal, suas características e seu impacto na dinâmica econômica. Ao longo deste tópico, analisaremos os aspectos gerais sobre a política fiscal e o impacto da dívida pública externa na inflação — o que também é ruim para a dinâmica econômica, quando o país tem elevada dívida pública indexada à taxa de câmbio. Ainda estudaremos quanto aos efeitos deletérios do déficit público, o qual afeta o nível geral de preços, justamente pelo canal monetário visto na Teoria Quantitativa da Moeda. 4.2.1 Fundamentos de política fiscal A política fiscal é o instrumento do governo para arrecadar tributos, com os quais realizará seus gatos. Portanto, seus instrumentos são tributos e gastos públicos. Quando o governo aumenta os gastos públicos ou reduz o nível dos tributos, pratica uma política fiscal expansionista. Assim como quando declina os gastos públicos ou eleva a tributação, realiza uma política fiscal restritivaou contracionista (BLANCHARD, 2007; IZIDORO, 2014; FERREIRA, 2015; MATIAS- PEREIRA, 2015). Sendo assim, quando o governo eleva a renda e o emprego pela política fiscal, também precisa aumentar os gastos governamentais e/ou reduzir o nível da tributação. Contudo, se o nível da receita fiscal for superior ao dos gastos, dizemos que há um superávit público ou, então, um superávit orçamentário, ao observarmos o que é praticado no orçamento de um ano. Já quando os gastos forem superiores às receitas, há um déficit público. Muitos governos seguem o ciclo econômico ao praticarem uma política fiscal pró- cíclica. Isso significa que, no crescimento econômico, devido ao aumento da arrecadação, eles elevam os gastos e reduzem os tributos. Já durante os períodos de contração econômica, mesmo que não venham a elevar os tributos, pratica-se a redução dos gastos públicos, em razão da queda na arrecadação. Outros governos, por sua vez, praticam uma política fiscal anticíclica. Isto é, em momentos de crescimento econômico, eles diminuem os gastos públicos e podem elevar os tributos. No entanto, nos períodos de recessão econômica, esses governos elevam os gastos e diminuem os tributos para estimular o crescimento da economia (DORNBUSCH; FISHER, 1991). 4.2.2 O efeito da dívida pública externa na inflação Como o Banco Central possui a taxa de juros de curto prazo como instrumento de política para controle inflacionário, temos que a alta taxa de juros, acompanhada de certa probabilidade de default (chances de calote da dívida pública), em vez reduzir a taxa de câmbio, acaba a elevando. Isso acontece porque a maior taxa de juros passa a ser vista pelos investidores como maior custo com o serviço dos juros na dívida do governo e, com isso, maior risco de calote. Em virtude disso, há fuga de capitais e a taxa de câmbio se desvaloriza (BLANCHARD, 2004). Esse fato se dá quando a economia do país tem muita dívida indexada à taxa de câmbio. Em vista disso, a desvalorização cambial eleva a dívida e, consequentemente, aumenta as expectativas de inflação do mercado. Então, o processo se retroalimenta, já que o Banco Central elevará a taxa de juros, com o intuito de reduzir a inflação (BLANCHARD, 2004). Nesse caso, o regime de meta de inflação, submetido ao risco de default, apresenta efeitos adversos ao elevar a taxa de juros para manter a inflação no patamar determinado pelo Banco Central. Em consequência, em vez da política monetária, é a política fiscal que se torna o instrumento correto para reduzir a inflação (BLANCHARD, 2004). Em meados de 2002, o governo brasileiro iniciou uma nova estratégia de administração da dívida pública, no intuito de mantê-la baixa e estável. Assim, ao elevar a composição da dívida pública indexada à taxa de inflação, reduziu a composição da dívida indexada à taxa de câmbio. Isso contribuiu para aumentar o nível de reputação fiscal e auxiliou na redução do risco-país (MONTES; TIBERTO, 2015). O e-book “Série Perguntas Mais Frequentes: Risco País”, produzido pelo Banco Central do Brasil, apresenta perguntas e respostas sobre o risco-país, suas formas de aplicação, as agências classificadoras de riscos (chamadas de ratings), entre outras questões que demonstram o peso dessas classificações na economia de um país. Leia o livro completo em: <https://www.bcb.gov.br/conteudo/home-ptbr/FAQs/FAQ%2009-Risco%20Pa%C3%ADs.pdf (https://www.bcb.gov.br/conteudo/home-ptbr/FAQs/FAQ%2009-Risco%20Pa%C3%ADs.pdf)>. Figura 3 - Em 2006, o Brasil passa a ser credor líquido externo porque possui mais reservas internacionais ou estoque em moeda estrangeira do que dívida externa. Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em IPEADATA, 2018. VOCÊ QUER LER? Deslize sobre a imagem para Zoom https://www.bcb.gov.br/conteudo/home-ptbr/FAQs/FAQ%2009-Risco%20Pa%C3%ADs.pdf O risco-país se configura como um prêmio exigido pelo mercado para economias com má gestão fiscal, visando a maior taxa de juros. Dessa forma, essas economias apresentam maior possibilidade de insolvência fiscal, além do fato de que a maior inflação reduz o retorno dos títulos públicos indexados a um índice de preços. Então, quanto maior o risco-país, mais alto o prêmio de risco, e, consequentemente, a taxa de juros. Outro fator importante é a elevação do nível de reservas internacionais (estoque de moeda estrangeira), que ajuda a melhorar a credibilidade da política fiscal, já que reduz o risco-país e, com isso, o custo do crédito, devido ao risco de insustentabilidade fiscal (KANDIL; MORSY, 2010). 4.2.3 Dívida pública interna e inflação Pelo aspecto monetário — conforme vimos na Teoria Quantitativa da Moeda —, quando o governo eleva os gastos públicos, no caso de um governo deficitário, também precisa elevar a oferta monetária para financiar seus gastos. Já quando o governo compra títulos públicos, pratica a expansão monetária. Figura 4 - Reservas internacionais (12/2000 – 12/2017): um maior nível de reservas cria condições para o controle inflacionário. Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em BCB, 2018. Deslize sobre a imagem para Zoom No caso da senhoriagem, que é a simples emissão de moeda, o governo financia seus gastos, principalmente em momentos de déficits orçamentários. Dessa forma, como bem sabemos, a maior oferta monetária tende a elevar o nível geral de preços. Por consequência, os déficits públicos tendem a gerar inflação, pois o governo precisa financiar seus gastos por emissão monetária (DORNBUSCH; FISHER, 1991). Inclusive, as expectativas de inflação do mercado vão esperar o crescimento nos preços em momentos deficitários. Por efeito, o Banco Central será estimulado a elevar a taxa de juros para reduzir as expectativas inflacionárias, as quais impactam na inflação, uma vez que são os agentes de mercado que marcam os preços. Contudo, quando o governo eleva a taxa de juros, também assume o compromisso de, no futuro, pagar mais juros no serviço da dívida pública. Muitas vezes, os governos combinam políticas econômicas ao praticarem, por exemplo, a política fiscal expansionista para elevar a renda e o emprego, juntamente com uma política monetária restritiva para segurar a inflação (DORNBUSCH; FISHER, 1991). Figura 5 - Quando a dívida externa já não causa mais problemas inflacionários, apenas a dívida interna importa para avaliar o impacto da dívida pública na inflação. Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em IPEADATA, 2018. Deslize sobre a imagem para Zoom O economista Bresser-Pereira (2007) afirma que o problema da dívida pública brasileira é a elevada taxa de juros, uma vez que, ao subir a taxa, o passivo com serviço dos juros da dívida pública aumenta. Consequentemente, o superávit primário é uma medida ineficaz para melhorar o quadro fiscal do país. Vale a pena conhecer as ideias do economista! No Brasil, desde 1999, todos os anos o governo tem uma meta de superávit primário, ante o objetivo de controle fiscal. Vale ressaltar que o superávit primário é o resultado primário, quando a receita fiscal é superior à despesa, mas sem incluir os gastos com juros da dívida pública. Essa meta fiscal compõe o tripé macroeconômico, que combina, também, câmbio flutuante e metas de inflação. VOCÊ O CONHECE? 4.3 Economia internacional e crescimento dos países Você sabe qual é a importância da política externa na competitividade e no desenvolvimento econômico? A política externa se subdivide em política cambial e política externa. Não é o por acaso que ambas estão conjugadas, já que a taxa de câmbio influi no volume de comércio exterior, representado pela soma da exportação com a importação. Aliás, você sabia que, ao elevar a competitividade da industrial nacional, via mecanismo cambial, contribui-se para elevar a taxa de inflação? E que o governo pode influir no câmbio pela taxa de juros? Todas essas questões serão vistas a partir de agora. 4.3.1 Política externa, desenvolvimento e competitividade A política externa é composta pela política cambial e comercial. A política cambial mexe na relação entre a moeda domésticae certa moeda estrangeira. Assim, quando a taxa de câmbio desvaloriza, significa que a moeda nacional perdeu valor ante à estrangeira. Ou seja, se US$ 1 era trocado por R$ 2,00, agora, serão necessários R$ 3,00 para adquirir US$ 1, por exemplo. No entanto, apesar da perda do valor da moeda doméstica em relação à estrangeira, a desvalorização cambial estimula as vendas ao exterior, já que os bens e serviços domésticos ficarão mais baratos no mercado consumidor estrangeiro. Já quando o câmbio valoriza, o produto estrangeiro fica mais barato no mercado consumidor doméstico. Alguns governos desvalorizam a taxa de câmbio ao retirarem os dólares do mercado, por meio de compras de dólares no mercado cambial, a fim de tornar o produto nacional mais competitivo no mercado internacional. Vale ressaltar, ainda, que o câmbio pode ser um instrumento de desenvolvimento da indústria ou de qualquer outro segmento produtivo, voltado para as vendas externas. Mas as empresas também compram do exterior ao investirem na estrutura produtiva. A política comercial, por sua vez, lida com as exportações e as importações. As exportações são as vendas de bens e serviços ao mercado externo, enquanto que as importações são as compras do mercado externo. Figura 6 - Quando a exportação é maior do que a importação, há superávit comercial, e, no sentido inverso, déficit comercial. Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em BCB, 2018. Deslize sobre a imagem para Zoom Em alguns momentos, os governos estimulam as exportações, não somente na desvalorização cambial, mas concedendo subsídios aos produtos exportadores, de modo a tornar seus custos menores e, assim, ganharem competitividade nos preços. Além disso, alguns países praticam dumping, que é prática de conceder subsídios para que as suas indústrias vendam ao exterior com preços abaixo dos custos de produção. Entretanto, essa ação é proibida pela Organização Mundial do Comércio (OMC), por ser uma prática de concorrência desleal. Conforme a OMC, os ganhos de competitividade devem provir da inovação e da eficiência econômica, e não de medidas artificiais. No lado das importações, os governos podem elevar as taxas de importação, que são as ditas barreiras tarifárias, ou utilizar as barreiras não tarifárias, como as medidas fitossanitárias para dificultar a entrada de produtos de origem animal e vegetal. Aliás, a OMC mira a redução dessas práticas, pois objetiva o livre- comércio. 4.3.2 Política cambial e inflação Quando o governo desvaloriza o câmbio, encarece os importados, que, por consequência, estimula o aumento da inflação. Esse é o fenômeno pass-through, ou seja, o efeito cambial na inflação. Portanto, se governo deseja controlar o nível geral de preços pelo câmbio, basta valorizá-lo. Entretanto, quando há um aumento de importados, o câmbio pode voltar a se desvalorizar, uma vez que há muitas divisas utilizadas nas compras do exterior. Por outro lado, o governo pode vender dólares no mercado cambial para aumentar o volume de capital (divisas) no mercado doméstico, evitando a desvalorização no câmbio; ou aumentar a taxa de juros para atrair capitais desejosos por ganhos com os títulos federais. Figura 7 - IPCA acumulado em doze meses versus taxa de câmbio média: entre meados de 2013 e 2016 há uma correlação inversa entre as variáveis. Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em IPEADATA, 2018. 4.4 Papel da regulação do Estado e concorrência dos mercados Você sabia que o monopólio decorre da competição? E que a concentração de mercado nem sempre é repelida pelos órgãos de defesa da concorrência? Isso acontece porque a política de defesa coíbe práticas de abuso de poder de mercado. E, às vezes, a concentração pode trazer ganhos de eficiência econômica sem, necessariamente, causar infrações na concorrência. Deslize sobre a imagem para Zoom O Estado atua na defesa da concorrência, ao regular, fiscalizar e penalizar. Caso o governo se abstenha dessa intervenção, a tendência será cada vez mais a concentração do mercado, em especial nos períodos de crise econômica, quando as firmas mais estruturadas financeiramente adquirem as concorrentes com dificuldades. Vamos entender melhor quanto ao assunto! 4.4.1 As causas do poder de mercado As empresas produzem produtos diversos, mas complementares entre si, como pão e manteiga. Outros produtos, embora não complementares, são vendidos juntos, como a escova de cabelo e o remédio capilar, devido a hábitos convencionais da sociedade (ROBINSON, 1953). VOCÊ SABIA? Bens complementares são bens que, quando há aumento no preço de um produto, há queda no consumo, como o pão e a manteiga. Já os bens substitutos fazem com que o aumento no preço de um produto leve à substituição por outro, como é o caso da margarina e da manteiga (PINDYCK; RUBINFELD, 2010). Além disso, muitos produtos são substitutos remotos entre si. Contudo, só pode haver substitutos produzidos em segmentos industriais diferentes, a exemplo do cano plástico e do ferro fundido. Em vista disso, pode haver pouca relação, no sentido de impor ou controlar os preços, entre a concentração de mercado e o monopólio (ROBINSON, 1953). Uma indústria não concentrada e não organizada, por exemplo, pode conter vários pequenos monopólios muito fortes. Já outras indústrias altamente concentradas ou rigidamente organizadas podem enfrentar a competição de alguns ou de todos os seus mercados (ROBINSON, 1953). VOCÊ SABIA? O monopólio é a estrutura de mercado em que uma única empresa atua e, por isso, determina o nível dos preços. Já o poder de mercado é quando a empresa consegue elevar os preços sem cair muito a demanda, em razão de haver certa insensibilidade da demanda às variações dos preços (PINDYCK; RUBINFELD, 2010). Dessa forma, a oferta de um produto em um mercado pode se expandir mais prontamente do que a capacidade produtiva da respectiva indústria, pois, para aumentá-la, é preciso um investimento em instalações e mão de obra. Já o aumento da oferta significa transferir de uma linha de produção para outra. Uma manufatura nas modernas condições exige alto grau de cooperação com a concorrência e continuidade. A indústria, diferentemente do comércio, não poderia ter se desenvolvido em uma economia em que todos são concorrentes individualistas. Portanto, há a necessidade de cooperação (ROBINSON, 1953). Nesse caso, o objetivo do empresário é que a firma sobreviva primeiramente, e cresça em segundo lugar. Então, a empresa com poder de mercado deve visar o lucro, mas não em demasia, para não prejudicar a posição futura, já que altos ganhos estimulam a entradas de concorrentes potenciais, que são os concorrentes ainda não existentes, mas que podem vir a surgir. A taxa de crescimento da firma é limitada pela imperfeição do mercado de capitais, do qual a empresa busca financiamentos e empréstimos; e pela necessidade de se consolidar e se fortalecer a cada nova posição conquistada. Com isso, parece não haver limite ao tamanho final, até que uma posição de oligopólio seja atingida (ROBINSON, 1953). Essa consideração se refere a estrutura oligopolista. Ambientes com diversos ofertantes ou concorrentes, em que nenhum consegue impor preços, sob o risco de perder clientes, não se enquadra nas características trabalhadas aqui, com exceção dos objetivos do empresário, sendo que, muitas vezes, não se espera tanto pelo crescimento. VOCÊ SABIA? O oligopólio é uma estrutura de mercado com poucos ofertantes. Sendo assim, as empresas cooperam entre si, possuindo capacidade de impor preços ao consumidor. Contudo, também concorrem entre si, como pela diferenciação dos produtos em relação aos do concorrente (PINDYCK; RUBINFELD, 2010). Na concorrência, há outros fatores além dos preços, como a imitação dos produtos, a diferenciação dos bens e serviços, a publicidade, a habilidade de vendas, o preço maior para dar impressão de qualidade, os serviços de pronta entrega e o crédito a longo prazo. Então, no ambiente oligopolista, os preços não variam muito, em razão da imprevisibilidadede seus efeitos, como o estímulo à concorrencial potencial. É mais comum modificar a qualidade ou dar desconto especial a alguns compradores, em vez de mexer nos preços. Com isso, a reação de uma empresa, ao decidir pela variação ou não dos preços, depende muito de como o oligopólio se comporta. Sendo assim, é muito perigoso ser o primeiro a elevar o preço e o último a baixar. Nos dois casos, pode resultar em perda de lucro. Nessa situação, desenvolve-se a liderança de preços. Em decorrência disso, a maioria das empresas esperam um líder reconhecido para alterar os preços. Esse líder, por sua vez, tenderá a aumentar os preços quando os custos de produção majorarem ou manter constantes os preços quando os custos caírem. Por consequência, a disciplina, em relação ao líder, pode se romper caso algum liderado, na intenção de ganhar parcela do mercado, não siga o líder. Mas, em geral, isso seria obter o ganho de curto prazo, renegando os maiores benefícios no longo prazo. Diante de um mercado como o decorrente da estrutura oligopolista, em que os critérios de concorrência não permitem que os preços flutuem livremente, se a demandar cair, os preços tenderão a se manter constantes, posto que as firmas sabem que se o preço de uma declinar, as outras seguirão e, com isso, todas perderão. Pode ocorrer, até mesmo, caso a demanda aumente, em vez da elevação dos preços, adiar as entregas como forma de investimento para o futuro (ROBINSON, 1953). Observa-se, ainda, que as firmas oligopolistas têm certo poder de mercado, ou seja, poder de monopólio. Isso porque elas podem, em determinado grau, impor os preços, não dependendo da dinâmica do mercado. Assim, quanto maior a insensibilidade dos preços à variação nos preços, maior o poder de mercado. Contudo, a firma consegue alcançar esse poder de monopólio somente devido a capacidade de impor preços e manipular quantidades ofertadas. Tem-se, portanto, que a principal causa do monopólio é a competição. Assim, as firmas estão em luta constante pela expansão. Algumas ganham e outras não. Uma vez ganha a posição, é mais fácil defendê-la do que conquistá-la. Desse modo, a firma de maior êxito cresce mais rápido. A segunda causa principal do monopólio está relacionada à capacidade de acordar preços, quando o ato de seguir a líder — ou algum código entre firmas — é insuficiente. Com isso, o monopólio, ou, melhor, o poder de monopólio ou mercado entre firma, forma-se pelo medo (ROBINSON, 1953). 4.4.2 Defesa da concorrência Com relação ao combate aos cartéis, que são as associações para combinar preços mais altos ou práticas de poder de monopólio, o governo elabora a política de defesa da concorrência. A política de defesa da concorrência garante maior competição e, assim, maior eficiência econômica no funcionamento, ao limitar o exercício do poder de mercado (KUPFER; HASENCLEVER, 2007). Mas o quer dizer quanto a essa eficiência de mercado? A política de defesa garante a concorrência, ou seja, inibe a combinação de preços, em que, muitas vezes, reduzem até a quantidade ofertada para elevar os preços. Então, perante a maior concorrência, as empresas disputam por maiores parcelas do mercado, produzindo mais e sem práticas abusivas de preços. Portanto, a política de defesa da concorrência tem duas finalidades: garantir a eficiência e estimular a concorrência. Sendo assim, ela inibe a prática de abuso de poder econômico — o qual visa a dominação do mercado, a eliminação da concorrência e o aumento arbitrários dos lucros — ao elevar os preços (KUPFER; HASENCLEVER, 2007). Como exemplo, podemos citar os julgamentos do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) sobre a permissão entre fusão ou compras de grandes empresas por outra. Contudo, nem sempre o CADE permite essa ação, sob o receio da eliminação da concorrência. O CADE está composto no Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (SBDC), também estando inserida a Secretaria de Promoção da Produtividade e Advocacia da Concorrência (SEPRAC), a qual avalia e, assim, emite a opinião sobre as possíveis concentrações de mercado, além de abranger a investigação da falta de cumprimento das leis de defesa da concorrência. Nos Estados Unidos, a Lei Sherman (1890) e a Lei Clayton (1914) aplicam uma legislação antitruste. As leis antitrustes praticadas, em seu bojo, não tornam o poder de mercado ilegal, apenas controlando a forma pela qual esse poder é adquirido. Isto é, as leis reprimem o abuso, e não o poder em si (KUPFER; HASENCLEVER, 2007). As leis antitrustes atuam de duas formas: na conduta e na estrutura. Na conduta competitiva, as leis preveem ações repressivas, visando beneficiar o consumidor, como punições, em caso de abuso de poder de mercado. Já na estrutura ou nas ações de caráter estrutural, visam beneficiar o produtor de menor porte, ao evitar uma estrutura de mercado mais concentrada que aumenta a probabilidade de abuso de poder de mercado. Ou seja, na estrutura, as ações governamentais tem um caráter preventivo ao decidir sobre atos de fusões, aquisições etc. (KUPFER; HASENCLEVER, 2007). No entanto, condutas e atos de concentração podem gerar ganhos de eficiência. Em efeito, primeiramente, é necessário verificar o poder de mercado, avaliando a restrição da concorrência e a eficiência econômica. Dessa forma, a punição virá se existirem efeitos anticompetitivos efetivos e potenciais. Então, deve ser analisado se há barreiras de entradas aos novos concorrentes, existência de competidores potenciais e dinâmica da concorrência se existem bens substitutos (KUPFER; HASENCLEVER, 2007). A barreiras de entrada podem ser relacionadas aos aspectos institucionais, como as leis e patentes; e tecnológicos, que geram economia de escala. Desse modo, a concentração econômica é a condição necessária, mas não suficiente, para gerar poder de mercado. Logo, a existência de poder de mercado é a condição necessária para a aplicação da lei antitruste, mas não suficiente, já que o abuso de poder econômico vai ocasionar a condição suficiente para a aplicação da lei (KUPFER; HASENCLEVER, 2007). Consequentemente, a lei de defesa da concorrência adota o processo concorrencial, e não os concorrentes em si ou os consumidores diretamente. Por efeito, a lei não diz como competir, apenas pondera pela eficiência e inovação da concorrência. Nesse sentido, não age no resultado do processo concorrencial, mas, sim, nos meios. Dessa forma, o poder de mercado é a condição necessária para a ilicitude, mas não suficiente, pois ela depende de efeitos anticompetitivos efetivos e potenciais, bem como do abuso de poder de mercado (KUPFER; HASENCLEVER, 2007). Sendo assim, a lei antitruste e os órgãos de defesa da concorrência vão avaliar os ganhos de eficiência, como a redução de custos graças à economia de escala e a economia de escopo (quando a produção de dois ou mais produtos é menos custosa quando se produz em uma única fábrica em vez de duas ou mais), o aumento de produtividade e de qualidade, o aperfeiçoamento tecnológico, a economia de custos em geral etc. Por consequência, condutas e atos de concentração são permitidas. O efeito restritivo é compensado pela eficiência (KUPFER; HASENCLEVER, 2007). Portanto, lembre-se de que, quando uma decisão do CADE for favorável à fusão de empresas e empregados, manifestando-se contra porque vai gerar perda de empregos, vale entender que a função do órgão é avaliar, exclusivamente, o ambiente competitivo e os ganhos ou as perdas de eficiência. Por fim, as condutas anticompetitivas podem ser horizontais e verticais. As condutas horizontais atuam no mesmo mercado, como as medidas de dumping, que é a fixação de preços abaixo dos custos para eliminar a concorrência, ou, também, a formação de cartéis. Já as condutas verticais atuam na cadeia produtiva, como a restrição de um ofertante ou demandante de certo mercado sob os acordos de exclusividade e a venda casada, que é a obrigação de compra de um bem ou serviço ao comprar outro (KUPFER; HASENCLEVER, 2007). Uma vez estudado aspolíticas econômicas, como a política monetária e fiscal, além da política de defesa da concorrência, você consegue entender quais são os mecanismos de intervenção do governo na atividade econômica. Síntese Você concluiu a unidade relativa aos impactos da gestão pública no Brasil. Com isso, também finalizou a disciplina! Agora, você já conhece os aspectos sobre cada política econômica, defesa da concorrência, entre outros pontos, os quais serão de grande importância para sua vida profissional. Neste capítulo, você teve a oportunidade de: entender que a política monetária controla a oferta monetária; compreender que a política monetária tem como função principal o controle inflacionário; estudar a relevância da credibilidade da autoridade monetária no combate à inflação; aprender que a política fiscal possui os tributos e os gastos públicos como instrumentos; observar os efeitos inflacionários do déficit governamental; analisar que a política externa afeta a competitividade e a inflação; compreender que os abusos de poder de mercado são infrações. Referências bibliográficas ABREU, M. de P. (Org.). A ordem do progresso: dois séculos de política econômica no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Série Perguntas Mais Frequentes: Risco País. Brasília, s/d. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/conteudo/home- ptbr/FAQs/FAQ%2009-Risco%20Pa%C3%ADs.pdf (https://www.bcb.gov.br/conteudo/home-ptbr/FAQs/FAQ%2009- Risco%20Pa%C3%ADs.pdf)>. 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