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Didática e Trabalho Docente 02 1. O Ensino Superior no Brasil 4 O Sistema de Ensino Superior no Contexto Atual 6 O Financiamento das Instituições de Ensino Superior 7 Instituições de Ensino Superior Organização Acadêmica 10 Universidades 13 Centros Universitários 14 Faculdades Integradas, Faculdades e Institutos de Educação Superior 15 Centros de Educação Tecnológica 15 Estrutura dos Programas de Ensino Superior 15 A Universidade na Sociedade 19 2. Legislação da Educação Superior 21 3. As Teorias Pedagógicas 24 A Didática: Definição e Importância no Ensino Superior 25 A Didática no Ensino Superior e sua Importância 26 4. O Planejamento do Ensino 31 Planejamento e Inovação das Práticas Pedagógica no Ensino Superior 32 Planejamento e Mudança Na Pratica do Professor Universitário 34 Planejamento: Desafios En-frentados pelos Docentes no Ensino Superior 37 Avaliação Educacional 39 Relações entre Avaliação e Aprendizagem 40 Avaliação e Abordagens de Aprendizagem 42 Avaliação e Estilos de Pensamento 45 5. Referências Bibliográficas 48 03 4 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE 1. O Ensino Superior no Brasil Fonte: Inquiries Journal1 Brasil está localizado na Amé- rica Latina, um Continente vis- to por muitos como de exacerbada pobreza. É, sem dúvida, um conti- nente de muitas desigualdades, tan- to no âmbito social como no âmbito territorial. Conforme resultados do estudo do Banco Mundial, a América Latina é o continente com o maior número de índices desiguais em vá- rios aspectos, incluindo-se, entre eles: distribuição de renda, despesas com bens de consumo, serviços, acesso à saúde e, principalmente, 1 Retirado em http://www.inquiriesjournal.com/ acesso à educação. Mesmo assim, a universidade na América Latina, desde o seu surgimento, tem assu- mido um papel muito maior do que sua responsabilidade formativa. Ela traz para si a decisão de formar cida- dãos empenhados com o compro- misso social, com a luta pela dimi- nuição das desigualdades, com a cri- ação de oportunidades para todos, com o compromisso do desenvolvi- mento econômico e social e com a construção e manutenção de identi- dades culturais. O 5 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE A Universidade surge no Brasil no começo do Século XIX, como re- sultado da formação das elites que buscaram a educação principalmen- te em instituições europeias durante o período de 1500 a 1800 e que re- tornaram ao país com sua qualifica- ção. Elas surgem em momentos con- turbados e são basicamente fruto da reunião de institutos isolados ou de faculdades específicas, fato que lhes deu uma característica bastante fra- gmentada e frágil. As universidades brasileiras possuem enormes diferenças histó- ricas se comparadas às instituições dos outros países latino-americanos. Elas são bem mais jovens do que as instituições de Ensino Superior de outros países da América Latina. Re- sultam da demanda do mercado que sinaliza para a necessidade de for- mação de profissionais com qualifi- cação fundamentalmente em áreas das engenharias, medicina e direito. Inicialmente estavam localizadas em grandes metrópoles economica- mente mais importantes para o Bra- sil da época. A primeira universidade brasi- leira, Universidade do Rio de Ja- neiro, foi fundada em 1920, no Rio de Janeiro, e definitivamente mar- cou os rumos da educação superior no Brasil, sinalizando para o estabe- lecimento de uma nova era. A partir daí, deflagram-se alguns momentos importantes na história da educação brasileira de nível superior: Num primeiro momento, as universidades tinham a orientação de dar uma maior ênfase ao ensino do que à investigação. Instituições extremamente elitistas, com forte orientação profissional. No período de trinta anos, compreendido entre 1930 (revolu- ção industrial) e 1964, foram criadas mais de 20 universidades federais no Brasil. O surgimento das univer- sidades públicas, como a Universi- dade de São Paulo, em 1934, com a contratação de grande número de professores europeus, marcou a for- te expansão do sistema público fede- ral de educação superior. Nesse mesmo período, surgem algumas universidades religiosas (católicas e presbiterianas). Em 1968, inicia uma terceira fase da educação superior brasileira com o movimento da reforma uni- versitária, que tinham como base a eficiência administrativa, estrutura departamental e a indissociabili- dade do ensino, pesquisa e extensão como mote das instituições de En- sino Superior. O contexto da época, na dé- cada de 70, impulsionou o desenvol- vimento de cursos de Complementa- ção Pedagógica no Brasil e a possibi- lidade de realização de cursos de 6 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE Complementação Pedagógica no ex- terior, com vistas à capacitação avançada do corpo docente brasi- leiro. A partir dos anos 90, inicia uma quarta fase com a Constituição de 1988 e com a homologação de leis que passaram a regular a educação superior. Havia a necessidade de fle- xibilização do sistema, redução do papel exercido pelo governo, ampli- ação do sistema e melhoria nos pro- cessos de avaliação com vistas à ele- vação da qualidade. Nesse contexto, surgiram e de- senvolveram-se as instituições de Ensino Superior no Brasil, buscando atender ao mercado que solicitava profissionais qualificados, ao mes- mo tempo em que buscava criar sua própria identidade enquanto sis- tema de educação, considerado até hoje como uma das mais preciosas construções do Brasil republicano. O Sistema de Ensino Supe- rior no Contexto Atual O Brasil é hoje a décima maior economia do mundo, possuindo di- mensões de proporções continen- tais, ou seja, sua extensão territorial equivale a 8,5 milhões de quilôme- tros quadrados, e sua população ul- trapassa o número de 183 milhões de habitantes, que cresce numa taxa anual de 1,31%. Nessa realidade, estão inseri- das as instituições de Ensino Supe- rior, que compõem um sistema com- plexo, diversificado, em constante mudança e expansão e que está pres- tes a aprovar um novo documento que rege a sua própria reforma uni- versitária. É comum a confusão na nomenclatura das instituições de Ensino Superior, uma vez que as de- finições nem sempre dão conta da missão e do caráter das instituições e, principalmente, porque nem to- das as instituições são universida- des. Os debates sobre esse tema, via de regra, reduzem-se a uma mera distinção entre “públicas” e “priva- das”, colocando todas as instituições como iguais na sua natureza institu- cional e missão, o que, na realidade, acaba por ignorar a diversificação e a riqueza desse sistema educacional. Está claro que, se aceita como realidade a riqueza e a diversidade das instituições de Ensino Superior, então se torna também necessário entender o porquê da necessidade de estabelecerem-se algumas classi- ficações, não com o objetivo de en- quadrar o sistema nacional de En- sino Superior, mas, acima de tudo, para poder respeitar e entender a identidade, a missão e a finalidade de cada instituição, dentro das dife- rentes realidades nas quais elas es- tão inseridas. 7 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE O Ministério de Educação do Brasil define, para efeito de registros estatísticos, que as instituições de Ensino Superior estão classificadas da seguinte maneira: Públicas (federais, estaduais e municipais); Privadas (comunitárias, con- fessionais, filantrópicas e par- ticulares). Tal definição está segura- mente relacionada com as formas de financiamento com que cada um dos modelos procura sobreviver no ce- nário da educação superior. O Financiamento das Institui- ções de Ensino Superior Se o Ministério da Educação utilizaas categorias público–priva- do com seus derivados para diferen- ciar e classificar o sistema de Ensino Superior no Brasil, é, então, funda- mental ter a compreensão do que is- so significa no que diz respeito à for- ma de manutenção financeira e ad- ministrativa de cada um deles. Basicamente o sistema de En- sino Superior público é mantido pelo poder público, em nível federal, estadual ou municipal. As institui- ções públicas federais colocadas nessa categoria utilizam recursos públicos para a sua manutenção, ou seja, o governo federal é o seu prin- cipal mantenedor, já que nelas o en- sino é gratuito e somente cerca de 3,5% do orçamento global é consti- tuído por recursos diretamente por elas arrecadados. As instituições estaduais, por sua vez, têm no governo estadual o seu principal financiador, sendo que o ensino também é gratuito. No Bra- sil, nem todos os estados possuem instituições dessa natureza. Essa modalidade de instituição de caráter estadual está mais concentrada na região sudeste do Brasil, onde estão as grandes universidades que apre- sentam programas de ensino e pes- quisa avaliados como sendo os de melhor qualidade do país. Convém lembrar que as insti- tuições estaduais também utilizam muito o financiamento proveniente das fundações estaduais de apoio à pesquisa como um meio adicional de captação de recursos através da rea- lização de cursos de extensão ou através da prestação de serviços. Já as instituições municipais, que são de número bastante inferior se comparado aos outros dois tipos de instituições que recebem recur- sos do governo, contam com o apoio financeiro do governo municipal. Estatisticamente, têm-se apenas 62 instituições dessa natureza no Bra- sil, distribuídas entre universidades, centros universitários, faculdades 8 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE ou centros educacionais tecnológi- cos. Em se tratando do sistema de Ensino Superior privado, as fontes de financiamento provêm do paga- mento das mensalidades por parte dos próprios alunos, tanto para os cursos de graduação como para os cursos de Complementação Pedagó- gica. Isso significa que, aproximada- mente, 95 a 100% dos recursos são captados. Algumas instituições po- dem contar com o apoio de mante- nedores que podem ser membros da comunidade ou ordens religiosas, como as Pontifícias Universidades Católicas, no Brasil denominadas de PUCs. Por serem de caráter privado, essas instituições não podem rece- ber recursos públicos, mas podem apresentar e concorrer com a apre- sentação de projetos para o desen- volvimento de pesquisa e de Com- plementação Pedagógica. Tendo presente a forte atuação das institui- ções de caráter público na captação de recursos, as instituições privadas ainda não conseguem disputar em caráter de igualdade, sendo o per- centual de sucesso bastante baixo. Mesmo sendo todas consideradas de caráter privado, as instituições dessa categoria se subdividem em comuni- tárias, confessionais, filantrópicas e particulares. As instituições de caráter co- munitário podem ser laicas ou con- fessionais. As instituições comunitá- rias laicas são instituições sem fins lucrativos e são financiadas por membros da comunidade onde es- tão inseridas, além dos recursos pro- venientes da mensalidade dos alu- nos. Elas diferem das instituições comunitárias confessionais, uma vez que estas estão ligadas a uma con- gregação de ordem religiosa especí- fica (na maioria das vezes católicas), ou ligadas a alguma orientação ideo- lógica que as conduzem. O que distingue o sistema de instituições confessionais, comuni- tárias e filantrópicas são as isenções fiscais que usufruem, por se caracte- rizarem como instituições sem fins lucrativos. Isso significa que os re- sultados positivos de suas atividades devem ser reinvestidos nelas mes- mas, não podendo haver distribui- ção de lucros. De acordo com os estudos de Schwartzman,6 dois são os princi- pais tipos de isenção fiscal: do im- posto de renda, para instituições educacionais sem fins lucrativos, e das contribuições para fins de segu- ridade social, para as instituições consideradas beneficentes (as cha- madas filantrópicas), de utilidade pública e que apliquem integral- mente os resultados operacionais na 9 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE manutenção e desenvolvimento dos objetivos institucionais. A benefi- cência se caracteriza pela concessão de desconto de 50 a 100% do valor da mensalidade a alunos considera- dos carentes, bem como outras gra- tuidades especialmente na área de extensão. Em se tratando do setor pri- vado, onde também estão as institui- ções de caráter particular, essas se definem basicamente como institui- ções com fins lucrativos. Muitas de- las são fundadas por proprietários ou mantenedores que não são oriun- dos do meio educacional, mas, ao contrário, têm suas origens e forma- ção no campo empresarial ou polí- tico. Dessa afirmação decorrem as conclusões e as preocupações de que a educação está deixando de ser um bem público e se tornando um negó- cio lucrativo num mercado em dinâ- mica expansão. Nesse cenário, pode- se ter duas interpretações: se, por um lado, existe a possibilidade de atender à demanda da sociedade por mais oportunidades de acesso à edu- cação superior, por outro, há a pos- sibilidade da perda da qualidade. Os recursos financeiros movi- mentados pelo setor privado de En- sino Superior são bastante conside- ráveis, pois, tomando como referên- cia a anuidade média praticada em contratos do Fundo de Financia- mento ao Estudante de Ensino Su- perior (FIES), os dados apontam para o dobro do que o governo fede- ral gasta com as Instituições Fede- rais de Ensino Superior. Um dado relevante a ser tra- zido para discussão é o forte cresci- mento do setor privado no Brasil, es- pecialmente nos últimos anos. Os registros do Censo da Educação Su- perior apontam para um grande in- cremento de instituições juridica- mente classificadas como particula- res. O fenômeno da expansão do sistema privado de educação supe- rior deve ser analisado com cautela, uma vez que a universidade brasi- leira passou por esse forte processo de privatização em decorrência da ausência de recursos públicos que pudessem financiá-la, o que causou a deterioração de salários, de equi- pamentos e de instalações. Como consequência, ocorreu o aumento da oferta de vagas em universidades particulares. Reconhecida e incentivada pelo Ministério da Educação, a ex- pansão do sistema de Ensino Supe- rior precisa do setor privado da edu- cação, uma vez que corresponde a 70% das matrículas e absorve um contingente muito expressivo de alunos de graduação. O movimento de expansão tem sido suportado principalmente pelas instituições. 10 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE No entanto, mesmo com a ex- pansão do ensino superior brasi- leiro, não se pode deixar de fazer re- ferência a um dos problemas mais graves do ensino superior, apontado no documento síntese do Seminário Internacional Universidade XXI,9 no que diz respeito à insuficiência de oportunidades educacionais em vá- rios países. No Brasil, o nível de atendimento a jovens na faixa etária de 18 a 24 anos fica em torno dos 11%, um dos mais baixos da América Latina. A criação de novas universida- des e de novos centros universitá- rios, através do credenciamento de faculdades integradas já existentes, é também um reflexo do cresci- mento do ensino médio que, por sua vez, está respondendo a duas forças propulsoras que movem a expansão do ensino superior: por um lado, às necessidades do mercado de traba- lho que demanda profissionais capa- citados, com novo perfil e novas qualificações profissionais e novos conteúdos; por outro, as aspirações culturais quefazem com que o acesso ao Ensino Superior faça parte da cultura dos jovens que saem do ensino médio com interesse nunca antes visto. O crescimento do setor privado é proporcional à capacidade de pagamento desses alunos, da existência de alternativas de fontes de financiamento como programas de crédito educativo, bolsas de estu- dos e do investimento individual feito pelos alunos. É correto pensar que o cresci- mento elevado do número de insti- tuições de Ensino Superior no setor privado não será sustentado por muito tempo, uma vez que o poten- cial de alunos com condições finan- ceiras suficientes para pagar os estu- dos em instituições dessa natureza não está assegurado. Diante da forte e evidente con- corrência nesse setor, o que se pode prever é que em pouco tempo as ins- tituições deverão buscar alternativas para retenção dos alunos, bem como pensar em possibilidades de facilitar o ingresso nas instituições, ou ainda, e mais importante, garantir a quali- dade do ensino que estão oferecen- do, através de programas diferenci- ados, nos quais os programas de in- serção internacional e de mobili- dade acadêmica internacional serão seguramente um diferencial. Instituições de Ensino Superior Organização Acadêmica Apesar da criação do sistema universitário federal brasileiro, que teve início em 1968 e foi reafirmado em 1985, com a implantação da iso- nomia total e a criação de um siste- ma comum de avaliação, a universi- dade brasileira ainda não é um sis- tema. 11 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE Um conjunto de normas tem de ser formulado para regular esse sistema, aplicando-se a todas as uni- versidades, públicas ou privadas, e incorporando todas as universida- des que fazem parte do sistema de produção do conhecimento supe- rior, como institutos de pesquisa, empresas, hospitais, repartições pú- blicas e entidades de formação de ní- vel superior. O sistema brasileiro deve atuar no sentido de garantir au- tonomia a cada entidade, devendo, entretanto, criar um conjunto har- mônico, capaz de funcionar com si- nergia, evitando as dispersões carac- terísticas do momento atual. Mesmo diante da complexi- dade e da dificuldade de organização de um sistema único de Ensino Su- perior, vários esforços têm sido fei- tos no Brasil, através do Conselho de Reitores das Universidades Brasilei- ras - CRUB -, da Associação Nacio- nal de Dirigentes de Instituições Fe- derais de Ensino Superior - ANDI- FES, e de outras entidades represen- tativas como o Conselho Nacional de Educação - CNEE -, e da Lei de Dire- trizes e Bases - LDB -, para sistema- tizar a educação superior no Brasil. O atual sistema de Ensino Su- perior brasileiro se organiza e, re- gido pela LDB,11 da mesma forma que se classificam de acordo com o tipo de financiamento, as institui- ções de ensino superior podem ser identificadas de acordo com a sua organização acadêmica (definidas em lei, Decreto n. 3.860 de 9 de ju- lho de 2001), ou seja: Universidades; Centros universitários; Faculdades e Faculdades inte- gradas; Institutos e escolas superiors; Centros de educação tecnoló- gica. Diante dessas classificações, é importante entender, então, o signi- ficado, a missão, e o caráter de cada uma das categorias apresentadas. Essa variada diversificação ocorre, pois, o setor educacional procura responder a alguns fatores, tais co- mo a necessidade de acompanhar as transformações no mercado de tra- balho, a massificação do ensino, os altos custos que o desenvolvimento de pesquisas envolve, o que impossi- bilita que todas as instituições con- sigam manter o desenvolvimento da pesquisa e sua relação com o ensino. Dada à inviabilidade, especial- mente das questões financeiras e de recursos humanos, natural é que surjam diferentes tipos de institui- ções. Ou seja, mesmo diante da de- manda e das possibilidades de ab- sorção por parte do mercado e do es- paço para o crescimento do setor educacional, nem todas as institui- ções conseguem manter o seu status universitário. 12 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE Necessidades diferenciadas remetem a respostas também distin- tas, não só em termos dos produtos e serviços, mas também dos arranjos institucionais ou modelos capazes de promover tais ofertas. Dessa forma, o modelo único de universi- dade que reúne a pesquisa, extensão (humboldtiano), que se mostrou bastante adequado às sociedades durante um determinado momento histórico, tornou-se inviável para o conjunto das instituições. Diante do entendimento da in- viabilidade de um sistema único, procura-se, então, entender a con- ceituação de cada um dos modelos propostos pelo Ministério da Educa- ção, através da LDB. A Lei estabe- lece que a educação abrange os pro- cessos formativos que se desenvol- vem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas institui- ções de ensino e pesquisa, nos movi- mentos sociais e organizações da so- ciedade civil e, ainda, nas manifesta- ções culturais. A LDB estabelece, prioritaria- mente, que a educação superior tem por finalidade: Estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento re- flexivo; Formar diplomados, nas dife- rentes áreas do conhecimento, aptos para a inserção em seto- res profissionais e para a par- ticipação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e cola- borar na sua formação contí- nua; Incentivar o trabalho de pes- quisa e investigação científica, visando ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia e, ainda, da criação e difusão da cultura e, desse modo, desen- volver o entendimento do ho- mem e do meio em que vive; Promover a divulgação de co- nhecimentos culturais, cientí- ficos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunica- ção; Suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos nu- ma estrutura intelectual siste- matizadora do conhecimento de cada geração; Estimular o conhecimento dos problemas do mundo presen- te, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços es- pecializados à comunidade e estabelecer com esta uma rela- ção de reciprocidade; Promover a extensão, aberta à participação da população, vi- sando à difusão das conquistas e benefícios da criação cultural 13 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE e da pesquisa científica e tec- nológica geradas na institui- ção. Atendendo a esses objetivos, organiza-se a educação superior no Brasil, que será ministrada em insti- tuições de Ensino Superior, públicas ou privadas, com variados graus de abrangência ou de especialização, a partir dos interesses institucionais de cada IES. Diversos Pareceres do Conse- lho Nacional de Educação reconhe- cem a variedade desses objetivos, os quais podem ser: oferta de ensino de graduação em uma ou múltiplas áreas, envolvendo um ou mais obje- tivos educacionais, tais como forma- ção geral ou especializada, formação profissional voltada para o mercado de trabalho, formação acadêmica e em pesquisa; oferta de formação em Complementação Pedagógica lato ou stricto sensu; oferta de cursos se- quenciais e de extensão; desenvolvi- mento de atividades práticas e de pesquisa integradas à formação em nível de graduação, como instru- mento para preparação de profissio- nais críticos e aptos ao permanente autodesenvolvimento intelectual; desenvolvimento de pesquisas volta- das para o desenvolvimento regio- nal; desenvolvimento de pesquisas nas áreas tecnológicas, básica e hu- manística, destinadas a promover o avanço do conhecimento em campos específicos do saber, em colaboração com a comunidadecientífica e inte- lectual internacional; prestação de diferentes serviços à comunidade, de acordo com a sua competência e capacidade; diferentes combinações desses e de outros objetivos. O mesmo Parecer define ainda que o perfil ou missão institucional definido pelas instituições deverá permitir sua classificação em um dos diferentes tipos de estabelecimento de ensino superior previstos pela le- gislação. A avaliação deverá respei- tar o perfil ou sua missão definida pelas próprias instituições. Universidades De acordo com a Constituição Federal, as Universidades devem obedecer ao princípio da indissocia- bilidade do ensino, pesquisa e exten- são. Tal exigência não existe para as outras formas institucionais de En- sino Superior, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996. A LDB também dita que as universidades são instituições pluri- disciplinares de formação de qua- dros profissionais de nível superior, de pesquisa investigação, extensão, domínio e cultivo do saber humano. Devem possuir: Produção intelectual instituci- onalizada, mediante o estudo sistemático dos temas e pro- blemas relevantes, tanto do 14 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE ponto de vista científico e cul- tural, quanto das necessidades de nível regional e nacional; Um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação aca- dêmica de mestrado e douto- rado; Um terço do corpo docente em regime de tempo integral. A universidade tem autonomia didática e cientifica, bem como autonomia administrativa e de gerenciamento de recursos fi- nanceiros e do patrimônio ins- titucional. Quanto à autonomia para a abertura de novos cursos, o marco legal determina que as universida- des estejam dispensadas de solicitar ao poder público autorização para abrir novos cursos superiores. De acordo com o Instituto Na- cional de Pesquisa em Educação - INEPP -, que informa as Sinopses dos Censos do Ensino Superior, atu- almente, no Brasil, são consideradas universidades um total de 2013 ins- tituições de ensino superior, em que 169 são universidades, distribuídas da seguinte forma: 60 são universi- dades comunitárias, confessionais ou filantrópicas; 32 estaduais; 46 fe- derais; cinco municipais; 26 particu- lares, sendo deste total 83 públicas. Centros Universitários Os centros universitários são instituições multicurriculares que oferecem educação de excelência e têm autonomia em seus cursos e programas de educação superior. Eles têm autonomia semelhante à das universidades, no sentido de es- tar dispensados de solicitar autori- zação para abertura de novos cursos, no entanto não são obrigados a efe- tivar a realização de pesquisas. Os centros universitários de- verão comprovar elevada qualidade no ensino, o que deve incluir não só uma infraestrutura adequada, mas titulação acadêmica do corpo do- cente ou relevante experiência pro- fissional na respectiva área. Deverão comprovar, também, a inserção e as práticas investigativas na própria atividade didática, de forma a esti- mular a capacidade de resolver pro- blemas e o estudo autônomo por parte dos estudantes, assim como o constante aperfeiçoamento e atuali- zação do corpo docente. Estágios su- pervisionados, prestação de serviços à comunidade, levantamento biblio- gráfico e elaboração autônoma ou em grupos de trabalhos teóricos ou descritivos sobre temas específicos, com orientação docente, são todas práticas necessárias a um ensino de alta qualidade. A distribuição classificatória do INEP apresenta os seguintes da- dos para os centros universitários: 44 comunitários, confessionais ou filantrópicos; um é federal; dois são 15 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE municipais e 60 particulares. Desse total, somente três são públicos. Faculdades Integradas, Facul- dades e Institutos de Educa- ção Superior As faculdades integradas e as faculdades são instituições multi- curriculares organizadas para atuar de uma maneira comum e sob um regime unificado. São instituições de um só plano de estudos diretamente sob o controle de uma administra- ção central. Já os institutos de edu- cação superior são instituições vol- tadas para a formação de professo- res. As faculdades integradas, fa- culdades isoladas, escolas superio- res e institutos superiores não go- zam de autonomia e devem solicitar autorização ao poder público, ao Mi- nistério de Educação, para a aber- tura de um a um de seus novos cur- sos. De acordo com o INEP, há atu- almente, no Brasil, 282 faculdades de caráter comunitário, confessional ou filantrópico; 28 estaduais; seis fe- derais; 55 municipais; 1222 particu- lares, sendo 89 públicos. Centros de Educação Tecnoló- gica Os centros de educação tecno- lógica são instituições que oferecem educação em nível básico, técnico ou tecnológico em nível de escola se- cundária e de capacitação pedagó- gica para professores e especialistas. Os dados do INEP mostram que os centros de educação tecnológica se distribuem da seguinte forma: dois centros comunitários, confessionais ou filantrópicos; 15 estaduais; 34 fe- derais; nenhum centro de adminis- tração municipal; 93 particulares. Do universo de 144 centros de edu- cação tecnológica, 49 são públicos. Uma outra apreciação, que po- de ser feita através dos dados obti- dos do INEP, leva a concluir que, no Brasil, atualmente, há oferta de va- gas para estudos no sistema de insti- tuições de Ensino Superior distribu- ídas entre universidades e não uni- versidades. Os números, então, apontam para um total de 2013 ins- tituições, sendo 169 universidades e 1844 não universidades. Com os dados acima, pode-se também concluir que, de acordo com a estrutura do sistema de En- sino Superior no Brasil, o maior nú- mero de estudantes de graduação está matriculado nas instituições de caráter privado. Estrutura dos Programas de Ensino Superior Além de tratar da caracterís- tica administrativa e da organização 16 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE acadêmica do sistema de Ensino Su- perior no Brasil, é fundamental tam- bém analisar as atividades de forma- ção que são oferecidas pelas institui- ções que fazem parte desse sistema. Procurando atender à deman- da do mercado de trabalho e, em consequência, dos avanços e das transformações das necessidades e da realidade da educação e dos no- vos cenários e contextos, as institui- ções de Ensino Superior preparam- se para acompanhar essas transfor- mações. No art. 44 da LDB ficam defi- nidos os tipos de cursos superiores oferecidos pelas instituições, ou se- ja, a educação superior abrangerá os seguintes cursos e programas: Sequenciais por campo de sa- ber, de diferentes níveis de abrangência, abertos a candi- datos que atendam aos requi- sitos estabelecidos pelas insti- tuições de ensino; De graduação, abertos a candi- datos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente, ou tenham sido classificados em processo seletivo; De complementação pedagó- gica, compreendendo progra- mas de mestrado e doutorado, cursos de especialização, aper- feiçoamento e outros, abertos a candidatos diplomados em cursos de graduação e que atendam às exigências das ins- tituições de ensino; De extensão, abertos a candi- datos que atendem aos requi- sitos estabelecidos em cada caso pelas instituições de en- sino. É fato que a própria expansão do sistema de Ensino Superior pos- sibilitou que uma população que permaneceu alijada durante muitos anos pudesse ter, agora, novas opor- tunidades de acesso aos cursos de nível superior, gerando uma diversi- ficação nas modalidades de cursos oferecidos. A essa diversificação estão também associados outros fatores que alteram os contornos, em espe- cial dos cursos de graduação que passam a optar por uma maiorflexi- bilização de seus currículos mínimos e a implantação de novas diretrizes curriculares. Essas decisões condu- zem a uma expansão e diversificação nas modalidades oferecidas, ou seja, a clientela passa a poder optar por cursos técnicos, tecnólogos, sequen- ciais, educação continuada, cursos de especialização, cursos de Com- plementação Pedagógica lato sensu e stricto sensu, todos direcionados tanto para necessidades diferencia- das quanto para tipos de público es- pecíficos. O ponto forte da maioria das instituições de Ensino Superior é a oferta de cursos de graduação, os quais são abertos a candidatos que 17 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE tenham concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido classi- ficados em processo seletivo. Os alu- nos que finalizam os estudos em ní- vel de graduação recebem o bacha- relado ou a licenciatura ou diplomas profissionais, são estudos desenvol- vidos por períodos de duração mais longa e os habilitam para o exercício da profissão escolhida, visando o in- gresso no mercado de trabalho. Os cursos de extensão são ofe- recidos à comunidade, os quais, via de regra não exigem pré-requisitos para o seu ingresso, a não ser alguns cursos de caráter mais específico e quando solicitados pela universida- de promotora por alguma razão ins- titucional. Os estudantes, ao conclu- írem cursos dessa natureza, recebem o certificado de participação equiva- lente ao nível das atividades desen- volvidas durante o curso de exten- são. Os estudantes que optam pela modalidade de cursos sequenciais, oferecidos em diferentes áreas do conhecimento, são geralmente alu- nos provenientes de conclusão de estudos de educação média. A uni- versidade do futuro se vislumbra como uma instituição que formará a maioria da população ao longo de toda a vida. Em nível de Complementação Pedagógica, as instituições de En- sino Superior brasileiras oferecem uma diversificada gama de opções e são considerados os de melhor qua- lificação e mais desenvolvidos entre os cursos oferecidos por instituições de Ensino Superior nos países da América Latina. Quando se refere à Comple- mentação Pedagógica, há que se ter presente os diferentes níveis de es- tudos possíveis de serem realizados. Os estudantes podem optar pela re- alização de cursos de especialização, mestrado profissional, mestrado acadêmico ou doutorados. De acor- do com a LDB, o acesso à Comple- mentação Pedagógica exige a con- clusão da graduação (artigo 44, in- ciso III, da LDB). No entanto, as ins- tituições de Ensino Superior pos- suem a prerrogativa de fixar exigên- cias complementares e decidir sobre a compatibilidade da área de forma- ção com o aprofundamento dos es- tudos desejados. Importante comentar que as universidades e os centros universi- tários possuem autonomia para criar e implantar cursos e programas de mestrado e doutorado (stricto sensu). Já nas instituições não-uni- versitárias (faculdades, faculdades integradas, escolas ou institutos su- periores), a implantação de cursos de Complementação Pedagógica está sujeita à autorização do Minis- tério de Educação. 18 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE Os cursos de especialização concedem títulos de especialista na área de conhecimento escolhida e geralmente são concluídos com 360 horas de estudos presenciais. Eles não estão sujeitos à supervisão e avaliação da CAPES, nem há autori- zação ou reconhecimento externos à instituição. Compete aos órgãos co- legiados superiores concederem a autorização para a oferta desses cur- sos. Os estudantes podem optar por mestrado profissional, ou seja, um curso de mestrado que enfatiza estudos e técnicas diretamente vol- tadas ao desempenho de um alto ní- vel de qualificação profissional. Esta ênfase é a única diferença em rela- ção ao mestrado acadêmico. O mes- trado profissional confere o mesmo grau e prerrogativa, inclusive para o exercício da docência, e como todo o programa de Complementação Pe- dagógica stricto sensu tem a vali- dade nacional do diploma condicio- nada ao reconhecimento prévio do curso. O mestrado profissional res- ponde a uma necessidade social- mente definida de capacitação pro- fissional de natureza diferente da propiciada pelo mestrado acadêmi- co e não se contrapõe, sob nenhum ponto de vista, à oferta e expansão desta modalidade de curso, nem se constitui em uma alternativa para a formação de mestres segundo pa- drões de exigência mais simples ou mais rigorosos do que aqueles tradi- cionalmente adotados pela Comple- mentação Pedagógica. Cabe aqui uma ressalva, tendo em vista a multiplicação da oferta desenfreada de cursos na modali- dade chamada de MBA, lembrando que eles são considerados cursos de especialização e não se confundem com os mestrados profissionalizan- tes, que mereceram uma norma es- pecífica por parte da CAPES. Com o intuito de conter a “fe- bre” dos MBA’s e zelar minimamen- te pela qualidade dos mesmos, em 3 de abril de 2001, o Ministério de Educação estabeleceu portaria vi- sando a sua regulamentação. Esta- beleceu que os cursos de MBA’s se- riam classificados como Cursos de Especialização e o seu funcionamen- to depende do cumprimento de cri- térios mínimos de carga horária (pe- lo menos 360 horas), constituição do corpo docente (pelo menos 50% de professores portadores de títulos de mestres e doutores obtidos em programas de Complementação Pe- dagógica stricto sensu reconheci- dos), e existência de trabalho de fim de curso (monografia ou disserta- ção) Para serem ofertados a distân- cia, os MBA’s precisam ser ofereci- dos por instituições credenciadas 19 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE pela União e conter provas presenci- ais e defesa presencial de monogra- fia ou do trabalho de conclusão de curso. Os cursos de mestrado no Bra- sil, geralmente são concluídos em dois anos e, ao final, para ter direito à obtenção do título de mestre, os concluintes devem apresentar uma dissertação sobre determinado te- ma, a qual será defendida na presen- ça de especialistas em banca pública. Já os cursos de doutorado po- dem ser desenvolvidos em períodos maiores de tempo e, ao concluírem, os alunos devem defender um tema de caráter inédito, ou seja, apresen- tam uma tese inovadora sobre deter- minado assunto. As defesas de tese também são feitas publicamente e, após a aprovação pela banca, o con- cluinte recebe o título de doutor. Concomitantemente à expansão do sistema de instituições de Ensino Superior, a oferta de cursos de Com- plementação Pedagógica passa pela mesma situação nos Brasil. Da mesma forma que os cur- sos de graduação, a Complementa- ção Pedagógica observa as orienta- ções provenientes do Ministério da Educação, através de sua agência re- guladora denominada CAPES – Co- ordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. A Universidade na Sociedade A universidade deve ser reco- nhecida como uma instituição que desempenha importantes papéis pa- ra o desenvolvimento humano, regi- onal e sustentável na sociedade con- temporânea. Ela tem a missão não apenas de possibilitar aos alunos a obtenção de um diploma, um em- prego e remuneração satisfatória, mas principalmente deve ser capaz de produzir novos conhecimentos e aplicá-los à realidade social, consi- derando a necessidade de ser acessí- vel a toda a sociedade, em todos os níveis sociais para que haja inclusão social, exercendo tanto uma função social quanto política. A universidade deve ser capaz de retribuir o investimento que re- cebe da comunidade, desenvolvendo estudos, pesquisas e projetos de ex- tensão compatíveis com as reais ne- cessidades da população em benefí- cio comum, ou seja, ela deve contri- buir para solucionar os atuais pro- blemas da sociedade.Outra função da universidade é auxiliar os alunos para que eles tenham uma opinião formulada e crítica diante da reali- dade social para que haja um avanço científico, tecnológico e cultural. A universidade tem como função o de- ver de estar comprometida com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. 21 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE 2. Legislação da Educação Superior Fonte: JusBrasil2 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB 9394/96) é a legislação que regula- menta o sistema educacional (públi- co ou privado) do Brasil (da educa- ção básica ao ensino superior). Na história do Brasil, essa é a segunda vez que a educação conta com uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que regulamenta to- dos os seus níveis. A primeira LDB foi promulgada em 1961 (LDB 4024/61). A LDB 9394/96 reafirma o di- reito à educação, garantido pela Constituição Federal. Estabelece os princípios da educação e os deveres 2 Retirado em https://edmillessantos.jusbrasil.com.br/ do Estado em relação à educação es- colar pública, definindo as respon- sabilidades, em regime de colabora- ção, entre a União, os Estados, o Dis- trito Federal e os Municípios. Segundo a LDB 9394/96, a educação brasileira é dividida em dois níveis: a educação básica e o en- sino superior. Educação básica: Educação Infantil - creches (de 0 a 3 anos) e pré-escolas (de 4 e 5 anos) - É gratuita sendo obrigatória a partir dos 4 anos. É de competência dos municí- pios. Ensino Fundamental - anos iniciais (do 1º ao 5º ano) e anos finais (do 6º ao 9º ano) - A 22 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE É obrigatório e gratuito. A LDB estabelece que, gradati- vamente, os municípios serão os responsáveis por todo o en- sino fundamental. Na prática os municípios estão atenden- do aos anos iniciais e os Esta- dos os anos finais. Ensino Médio - O antigo 2º grau (do 1º ao 3º ano). É de responsabilidade dos Estados. Pode ser técnico profissionali- zante, ou não. Ensino Superior: É de competên- cia da União, podendo ser oferecido por Estados e Municípios, desde que estes já tenham atendido os níveis pelos quais é responsável em sua to- talidade. Cabe a União autorizar e fiscalizar as instituições privadas de ensino superior. A educação brasileira conta ainda com algumas modalidades de educação, que perpassam todos os níveis da educação nacional. São elas: Educação Especial - Atende aos educandos com necessida- des especiais, preferencial- mente na rede regular de en- sino. Educação a distância - Atende aos estudantes em tempos e espaços diversos, com a utili- zação de meios e tecnologias de informação e comunicação. Educação Profissional e Tec- nológica - Visa preparar os es- tudantes a exercerem ativida- des produtivas, atualizar e aperfeiçoar conhecimentos tecnológicos e científicos. Educação de Jovens e Adultos - Atende as pessoas que não ti- veram acesso à educação na idade apropriada. Educação Indígena - Atende as comunidades indígenas, de forma a respeitar a cultura e língua materna de cada tribo. Além dessas determinações, a LDB 9394/96 aborda temas como os recursos financeiros e a formação dos profissionais da educação. 24 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE 3. As Teorias Pedagógicas Fonte: Maestrovirtuale3 conhecimento das principais teorias de aprendizagem per- mite embasar e traçar estratégias que atenda aos objetivos de aprendi- zagem (PINHEIRO, 2002). Não existe uma teoria específica para to- dos os objetivos, mas sim, uma teo- ria adequada a cada tipo de objetivo. Nesse sentido, deve-se utilizar uma combinação dessas teorias visando atender a diversidade de alunos e re- cursos (BITTENCOURT, 1999). As teorias pedagógicas de aprendizagem amparam a justifica- tiva das estratégias adotadas no de- 3 Retirado em https://maestrovirtuale.com/6-teorias-pedagogicas-da-aprendizagem-e-suas-caracte- risticas/ senvolvimento de um projeto de De- sign Instrucional. São baseadas nas teorias que todos os processos de aprendizagem e todas as decisões re- lacionadas ao ensino-aprendizado são tomadas e justificadas. No en- tanto, não existe uma teoria univer- sal que possa ser utilizada em todas as decisões, é necessário integrar, mesclar ou utilizar apenas uma de- pendendo dos resultados almejados. Os objetivos e o contexto identifi- cado na fase de análise do modelo de desenvolvimento de Design Instru- cional é que permitem saber quando e qual teoria usar. O 25 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE Filatro (2007) demonstra a importância das teorias pedagógicas afirmando que o Design Instrucio- nal avança de acordo com o desen- volvimento das teorias de aprendi- zagem. Dessa forma, a seguir, será apresentada uma síntese das princi- pais vertentes teorias de aprendiza- gem. Teoria Behaviorista de Skin- ner; Teoria de Aprendizagem Sig- nificativa de Ausubel; Teoria de Vygotsky; Construtivismo de Jean Piaget e Emilia Ferreiro. As teorias pedagógicas de aprendizagem além de amparar o processo de desenvolvimento per- mitem criar situações e atividades que foquem a aprendizagem e, prin- cipalmente, lidar com problemas de evasão de alunos por desmotivação e sentimento de solidão, desvanta- gens da educação a distância via web. Esses problemas são ameniza- dos, também, por interações, diálo- gos e vínculos afetivos. A Didática: Definição e Im- portância no Ensino Supe- rior A palavra didática origina-se do grego didaktiké, usualmente tra- duzida por “arte de ensinar”. A didá- tica pode ser definida como um con- junto de atividades organizadas pelo docente visando o favorecimento da construção do conhecimento pelo estudante. O didata é o profissional de ensino que tanto desenvolve co- mo reflete sobre sua prática numa disciplina específica (FIORE FER- RARI; LEYMONIÉ SÁEN, 2007). A didática foi entendida durante sécu- los como técnicas e métodos de en- sino. Os elementos da ação da didá- tica constituem tradicionalmente em: Professor, aluno, conteúdo, con- texto e estratégicas metodológicas (PACIEVITCH, [S.D.]). LIBÂNEO (1990, p.25), deno- mina didática como “teoria do en- sino” por investigar os fundamen- tos, condições e formas de ensino. Ainda segundo LIBÂNEO: “A ela cabe converter objetivos sociopolíticos e pedagógicos em ob- jetivos de ensino, selecionar conteú- dos e métodos em função desses ob- jetivos, estabelecer os vínculos entre ensino e aprendizagem, tendo em vista o desenvolvimento das capaci- dades mentais dos alunos. [...] trata da teoria geral do ensino (1990, p. 26).” PACIEVITCH ([s.d.]), afirma que a disciplina da didática deve de- senvolver nos professores a capaci- dade crítica, para que analisem a re- alidade do ensino. Um dos desafios 26 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE da didática é articular os conheci- mentos adquiridos sobre o como, para quem, o que e por que ensinar. LIBÂNEO (1990) diz que a didática é: “Uma das disciplinas da Peda- gogia que estuda o processo de en- sino através de seus componentes – os conteúdos escolares, o ensino e aprendizagem – para, com o emba- samento numa teoria da educação formular diretrizes orientadoras da atividade profissional dos professo- res”. Esse mesmo autor ainda diz que a didática “investiga as condi- ções e formas que vigoram no ensino e, ao mesmo tempo, os fatores reais (sociais, políticos, culturais, psicos- sociais) condicionantes das relações entre docência e aprendizagem” (p. 52). Os autores Fiore Ferrari e Ley- monié Sáen (2007), propõem que o campo da didática compreenda três dimensões distintas que são: o estu- dante, os culturaise o docente e que o estudo dessas dimensões nos ajuda a conhecer melhor os proces- sos de aprendizagem dos estudantes e os de ensino dos docentes. Por muito tempo no âmbito do Ensino Superior prevaleceu que para se capacitar um professor, seria necessário dispor de boa comunica- ção e vasto conhecimento relaciona- do à disciplina que pretendesse leci- onar (BORBA; SILVA, [S.D.]). Esses mesmos autores tem como funda- mento justificativo dessa afirmação o fato de que o corpo discente das es- colas superiores é constituído por adultos e o do ensino básico por cri- anças e adolescentes, dessa forma por se tratar de adultos os alunos não precisariam do auxílio dos peda- gogos, por já possuírem personali- dade formada e por saberem o que querem e pretendem, não seria ne- cessário exigir do professor mais do que competência para transmitir os conhecimentos e esclarecer dúvidas. O professor de ensino superior como qualquer outro necessita não só ape- nas do conhecimento da área que pretende lecionar, mas também de habilidades pedagógicas para tornar o aprendizado eficaz. Baseado no que foi exposto no texto acima, esse artigo visa mostrar através de revisão bibliográfica a im- portância da didática no ensino su- perior. A Didática no Ensino Superior e sua Importância Com os levantamentos que são realizados ao longo dos cursos fica claro as deficiências na formação do professor universitário. É comum que a maioria das críticas nesses 27 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE cursos em relação aos professores refere-se à falta de didática, por essa razão muitos professores vêm reali- zando cursos de didática do ensino superior (BORBA; SILVA, [S.D.]). Há anos, várias instituições têm se dedicado a formação conti- nuada de professores. O primeiro órgão no Brasil a voltado a assesso- ria pedagógica do docente universi- tário foi o Laboratório de Ensino Su- perior da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (BERBEL, 1994). Em função das necessidades da sociedade, as universidades aca- bam a desprezar o registro de proje- tos e ações extensionistas (GUIMA- RÃES, 1997, p.58). A autora frisa que, “perde-se assim a possibilidade de criar história, recomeça-se fre- quentemente do zero, desrespeitan- do-se trajetórias já executadas, mas não escritas”. Segundo RIBAS (2000 p. 62) “a prática pedagógica só se aperfei- çoa, por quem a realiza, a partir de sua história de vida e saberes de re- ferência, das experiências e aspira- ções” e que “é na prática e na refle- xão sobre ela que o professor conso- lida ou revê ações, encontra novas bases e descobre novos conhecimen- tos”. Segundo ALTHAUS (2004), a ação didática no ensino superior é pautada pelas tensões enfrentadas no cotidiano universitário e conso- lida-se pelo o que é inerente à exten- são: “A autêntica ação de estender o conhecimento, via extensão univer- sitária, operacionaliza-se por meio de uma práxis dialética (mediadora entre universidade-sociedade-uni- versidade) de produção / reprodu- ção crítica do conhecimento” (RAYS, 2003, p.3). ALTHAUS (2004) afirma que a escolha da didática se justifica pelo objeto de estudo: o ensino, e suas re- lações com o trabalho pedagógico. A autora AMARAL diz que: “Diferen- temente do que se propõe no ensino de alguma coisa, não temos aí o pro- blema da especificidade do saber, delimitada em bases epistemológi- cas: delineia-se, com base no dife- rente, o que perpassa todas as situa- ções. O papel da Didática, no caso, é o de percorrer os diferentes campos, auscultando as diferentes experiên- cias, para levantar as semelhanças e promover o enriquecimento do pró- prio campo e dos outros campos.”. (2000, p.143). A prática da didática necessita ser vivenciada pelos educadores e não somente descrita como um im- portante instrumento pedagógico, desse modo compreendemos que a utilização da didática assim como suas adequações na sociedade do co- 28 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE nhecimento é uma condição indis- pensável para a garantia de uma boa educação (SANTO; LUZ, 2013). A formação tanto do professor quanto a do aluno para quem ele le- ciona deve ser encarada como um processo permanente, integrado no dia-a-dia. As instituições de ensino superior precisam ampliar as ofertas de cursos de especialização na área pedagógica, para contemplar um número maior de professores. Para possibilitar a formação contínua, propor projetos pedagógicos que en- volvam os docentes em grupos de es- tudos na busca de reflexão sobre o corpo docente (NÓVOA, 1991). É importante que as Universi- dades e Faculdades incentivem a formação continuada dos docentes, para que assim eles possam ter uma didática motivadora para o aprendi- zado de seu alunado (CAVALCANTI; NUNES, 2010). O professor por ser o trans- missor do saber precisa ter uma me- todologia eficaz para esse propósito, há várias críticas hoje nas faculda- des devido à má didática do profes- sor, alunos reclamam de que o pro- fessor sabe a matéria porém não sabe passar para os alunos ou sua maneira de passar seu conhecimen- to não é compreendido por todos. O ensino e o incentivo da didática no ensino superior se fazem necessário e de suma importância para evitar esses tipos de acontecimentos e pro- porcionar aos alunos uma excelente aprendizagem. Segundo BORBA e SILVA ([S.D.]): “Quando nos referimos às necessidades dos estudos didáticos dirigidos ao ensino de nível supe- rior, a sua aplicação e investigação aos problemas pedagógicos deve le- var cada docente a fazer uma auto- crítica e a tomar consciência de suas responsabilidades, e principalmente buscar a melhor forma de desempe- nhar suas funções e por sua vez fazer experiências pedagógicas que vise aperfeiçoar os diversos tipos de ati- vidades que caracterizam tais fun- ções, em particular podemos citar as voltadas à sistematização e trans- missão do conhecimento, sem dei- xar em segundo plano ou de lado as responsabilidades propriamente educativas.” De acordo com MESQUITA ([S.D.]) “a didática está ligada com o processo ensino aprendizagem, no qual, professor e aluno, devem esta- belecer uma relação muito boa para que a mesma surta um efeito espe- rado, podendo assim acontecer uma troca de ideias que favoreça e desen- volvimento intelectual de ambos, uma vez, que na educação há uma interação de conhecimentos entre todos, se utilizando dos meios edu- 29 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE cacionais de acordo com as necessi- dades da clientela atendida e de uma avaliação de qualidade”. “A didática, quando utilizada do ponto de vista da relação socie- dade-educação, onde a prática da educação é reconhecida como inten- cional e que busca a emancipação do indivíduo, ou seja, contribui para o exercício da cidadania, para a convi- vência social, é fundamental na for- mação do educador, porém quando reduzida apenas como um subsídio metodológico ela pode representar um perigo, já que nessa prática o educador sempre reflete uma ideo- logia, e se ele não está consciente acaba reproduzindo a ideologia do- minante que prepara o indivíduo apenas para um mercado de traba- lho altamente excludente.” (ARA- ÚJO et all., [S.D.]). A didática é necessária para a formação de um bom professor, para sua aplicação em sala de aula, para o entendimento do aluno e para o rico conhecimento que ambos ad- quirirão. 30 31 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE 4. O Planejamento do Ensino Fonte: Pedagogia para Concurseiros4 ato de planejar é uma situação que envolve toda e possível ação da humanidade, seja no setor profissional ou pessoal. O planejar sempre acompanhou a trajetória histórica do ser humano. O homem sempre buscou, idealizou,sonhou, pensou e imaginou algo para sua vi- da o que envolve uma forma de pla- nejamento. Desde os tempos mais remotos a Educação tradicionalista permeia as nossas escolas, em especial as as- las de aula. A prática pedagógica dos professores vem sendo tema de pes- quisa por muitos educadores a fim de desvendar o que vem ocorrendo no processo de aprendizagem dos 4 Retirado em https://pedagogiaparaconcurseiros.com.br/planejamento-ensino-conteudo/ alunos. Seria o planejamento um dos fatores que contribui para a mudança dessas práticas no âmbito do ensino superior, partindo desse pressuposto, este estudo trouxe a seguinte temática: A Contribuição do Planejamento para Mudança na Prática Docente no Ensino Superior. Essa pesquisa foi embasada nos seguintes questionamentos: Qual a contribuição do planejamen- to para que haja mudança na prática do professor do ensino superior? As estratégias utilizadas pelos docentes nas instituições de ensino superior (IES) têm contribuído para aprendi- zagem significativa dos alunos? Pen- sar e analisar tais questionamentos O 32 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE nos leva a querer mudança no processo de ensino e aprendizagem, pois se sabe da grande relevância que tem um ensino com qualidade para todos, entende-se que só há en- sino, quando há aprendizagem, sen- do de suma importância que haja de fato mudanças na prática cotidiana do professor, para isso essa pesquisa se propôs a responder alguns ques- tionamentos os quais pensamos ser necessários ao nosso fazer pedagógi- co, qual a importância do planeja- mento para o professor universitá- rio? ; Quais os desafios enfrentados pelo professor universitário no que concerne ao ato de planejar?; Que impede que a aprendizagem dos alu- nos seja consolidada? Esses questionamentos nos serviram como patamar para a bus- ca de respostas para esse fim, pensar que essas respostas ajudam para a compreensão e consolidação de uma prática inovadora com acesso a uma aprendizagem significativa para os educandos do ensino superior. O tema pesquisado partiu de questões levantadas ao longo de mi- nha carreira como professora atuan- te em sala de aula no ensino superior e enquanto discente em cursos de especialização stricto sensu con- cluindo o curso do mestrado em ciências da educação. Quando se passou a observar a forma de enca- minhamento metodológico desen- volvidos por muitos dos docentes de ensino superior, as quais se tornam enfadonhas e sem sentido, parece não haver um planejamento das ações que estão ali sendo encami- nhadas, as estratégias pedagógicas desenvolvidas em várias (IES) são realizadas pela aula expositiva onde o professor fala e os alunos escutam, dando assim a entender que ainda estão impregnados na prática do professor, alguns resquícios do tra- dicionalismo. Mesmo falando-se tanto na importância de se desenvolver com criticidade atividades desafiadoras, ainda estão impregnados nas IES a concepção tradicionalista onde se percebe a fragmentação do saber, havendo assim a falta de conexão entre teoria e prática, haja vista as discussões apresentadas em deba- tes, seminários e em cursos de for- mação continuada onde se fala da relevância do ato de se planejar, para que de fato haja mudanças no processo de ensino e aprendizagem. Planejamento e Inovação das Práticas Pedagógica no Ensino Superior Na escola brasileira do século passado, segundo Cervi (2008), as regras instaladas na escola naquela época, eram respeitadas, obedecidas sem sofrerem questionamentos, a 33 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE escola do passado então caracteri- zou-se pela simplicidade, credibili- dade institucional e prestigio do professor, não havendo a preocupa- ção de um planejamento, para Cervi (2008) o sistema de ensino se ex- pandiu praticamente sem planeja- mento. Foi a partir da necessidade de organização do espaço escolar e com as transformações na sociedade, partindo das pressões da sociedade em mudança no século XX que fo- ram introduzidas novas exigências no cenário escolar dentre elas a substituição de paradigmas pedagó- gicos e de gestão. Cervi (2008 p.49) ressalta dizendo que: “A introdução formal do planejamento no âmbito da escola brasileira ocorreu poste- riormente a sua prática na instância política ou governamental”. A evolução do planejamento tem uma história fundada em prin- cípios políticos e pedagógicos, sendo um ato necessário dentro do contex- to escolar, não poderia ser diferente quando se trata do ensino superior, porém deve ser pensado como um todo. Com base nessa compreensão, depreende-se que o planejamento impõe uma dinâmica de cooperação entre as pessoas em que o esforço coletivo deve ser considerado a mo- do de viabilizar escolhas, pois plane- jar e garantir mudança. Para Menegolla (1991) o ho- mem primitivo, no seu modo e habi- lidade de pensar, imaginou como poderia agir para vencer os obstácu- los que se interpunham na sua vida diária. Pensava as estratégias de como poderia caçar, pescar, catar frutas e de como poderia atacar seus inimigos. Isso nos mostra como o ato de planejar está inserido ao meio, pois é fato que a história do homem é um reflexo do seu pensar sobre o pre- sente que vive o passado e o futuro que lhe aguarda. Por mais simples que se torne a pessoa humana usa o planejamento diário, pensa no que vai fazer e pensar no que vai fazer durante o dia, é planejar a ação para atingir os objetivos ou desejos. Segundo Menegolla (1991) algumas pessoas planejam de forma sofisticada e altamente cientifica, obedecendo aos mais rígidos princí- pios teóricos, e em nada se afastando dos esquemas sistêmicos que orien- tam o processo de planejar, executar e avaliar (…) outros fazem seu plane- jamento sem muitos esquemas e do- minações técnicas; contudo são planejamento que podem ser agili- zados de forma simples, mas com bons e ótimos resultados (…) O planejamento é algo neces- sário em todos os momentos da vida humana, pois é um ato de pensar sobre um possível e viável fazer, é 34 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE um ato que se justifica em si mesmo, sendo assim, pode-se definir plane- jamento como um processo de pre- visões de necessidades a fim de al- cançar objetivos concretos em prazo determinado. Partindo dessa concepção Me- negolla (1991 p.18) relata que “Por processo entendemos uma sucessão de etapas que se desencadeiam nu- ma sequência lógica, obedecendo a normas, métodos e técnicas especí- ficas para atingir algumas finalida- des, metas ou objetivos.” Falando se em processo que significa sucessão de etapas é bom refletirmos sobre o planejamento no âmbito do ensino, pois há muito se fala no ato de planejar no interior da escola ou mesmo de instituições de ensino superior, mas qual o conceito que se tem sobre planejamento? Como o planejamento é encarado na instituição de ensino superior? Co- mo um processo educativo e neces- sário ou como um meio burocrático? O que se entende por planejamento afinal? Menegolla (1991 p39) respon- de essas questões quando diz, plane- jar para melhor executar seria o pedagógico objetivo. Mas, na escola, o planejar por planejar se tornou a verídica realidade da vida escolar (…) desse modo a vida de uma escola se torna um eterno e infindável pla- nejar. Chegando, às vezes no final do ano sem ter concluído o planeja- mento. Planejamento e Mudança Na Pratica do Professor Universi- tário A discussão sobre a prática do planejamento nas instituições de ensino superior perpassa muitas questões, uma delas e saber se de fato os planejamentos podem con- tribuir para a mudança na prática do professor universitário. Melo e Urbanetz (2009)enfa- tiza que o planejamento possui um caráter pragmático que facilita e or- ganiza a vida acadêmica de professo- res e de alunos servindo como um guia para o trabalho docente (.) pos- sui um caráter teológico que repousa nos aspectos pedagógicos (…) o pla- nejamento e o momento que o pro- fessor evoca para as suas pratica as suas crenças em relação às determi- nantes de sua profissão docente: concepção de educação, de formação profissional, de perfil acadêmico, de sociedade, de ensino-aprendizagem. O processo Educacional vigen- te tem demonstrado ser alvo de constantes debates dando ênfase a sua evolução em vários aspectos, dentre estes pode-se apontar a con- dução de estratégias metodológicas de ensino superior pelos educado- res, pois sabe-se que apesar de lento 35 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE esse processo já houve mudanças no campo educacional principalmente no que concerne a forma de conduzir o processo educativo, porém ainda é necessário estarmos buscando no- vas formas de ensinar e aprender, visto que ainda existe nas institui- ções educacionais a impregnação de práticas tradicionalista, a esse res- peito Vasconcellos (2005 p19) diz que: “Apesar de no discurso haver rejeição sobre essa postura, no coti- diano da escola verifica se que é o mais presente… Talvez nem tanto pela vontade dos educadores, mas por não se saber como efetivar uma pratica diferente.” Partindo desse entendimento percebe-se o quanto se torna rele- vante a busca pela inovação da prá- tica pedagógica, para que de fato se possa efetivar uma educação com qualidade dando ênfase a uma aprendizagem com significado so- cial. E observável que o saber cien- tifico e a busca pelo conhecimento tem fugido muitas vezes, do interes- se da sociedade, pois as atualizações e o processo tecnológicos por meios dos canais de comunicações tem se acelerado constante mente, e a insti- tuição nesse sentido tem por opção repensar suas ações e o papel do aprimoramento do saber, precisa se adequar ao momento atual, fazendo a conexão entre passado e presente. Sendo assim Vasconcellos (2005) ressalta dizendo que: Existem diferentes formas de se organizar o processo de constru- ção do conhecimento em sala de au- la. Estas diferentes formas, implíci- tas ou explicitamente, justificam-se a partir de diferentes concepções so- bre o processo de conhecer, que por sua vez, são decorrentes de determi- nada visão de homem e de mundo. É preciso repensar as práticas que vem sendo desenvolvidas em nas instituições de ensino superior, será que estão dentro dos padrões mínimos de qualidade; como estão sendo desempenhada a construção do conhecimento? Os educandos es- tão construindo ou apenas reprodu- zindo conhecimento? Estão sendo formados para ser cidadão críticos ou apenas sendo pessoas passivas? Todos esses questionamentos nos levam a querer mudança no desen- volvimento de práticas na sala de aula. Estudos realizados no campo da educação têm demonstrado que um dos fatores que impede a efeti- vação de práticas inovadoras na sala de aula seja no ensino básico ou superior é a falta de entendimento por parte de alguns professores no que concerne ao planejamento, mui- tos acham que planejar é perder tempo, não valorizando a prática do planejamento, acabam, portanto se 36 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE utilizando de estratégias ultrapassa- das tendo como foco a aula expositi- va e o livro didático. O ato de planejar é uma situação que envolve toda e possível ação da humanidade, seja no setor profissional ou pessoal. O planejar sempre acompanhou a trajetória histórica do ser humano, o homem sempre, buscou, idealizou, sonhou, pensou e imaginou algo para sua vi- da o que envolve uma forma de pla- nejamento. Percebe-se, no entanto a relu- tância dos professores quando se trata do ato de planejar, existe, por- tanto, um descaso e descrédito por parte dos docentes com referência ao planejamento. O planejamento e organização do trabalho se colocam como instru- mento imprescindível ao fazer peda- gógico por favorecer a construção e estruturação do tempo e do espaço. O planejamento possibilita a refle- xão sobre a realidade e a tomada de decisões, dessa forma o objetivo de todo processo de planejamento é chegar à ação. Isso mostra como o ato de planejar está consolidado, pois é fato que a história do homem é um refle- xo do seu pensar sobre o presente que vive o passado e o futuro que lhe aguarda. Por mais simples que se torne, a pessoa humana usa o plane- jamento diário, pensa no que vai fa- zer e pensar no que vai fazer durante o dia, é planejar a sua ação para atingir os objetivos ou desejos. Percebe - se no seio institu- cional que a maioria dos professores rejeita o planejamento, ou seja, não veem importância no ato do plane- jar, muitos o ignoram como impor- tante, se o fazem não é por prazer, por vontade e sim por pura obe- diência ao seu superior. Existem professores que quando se fala em planejamento escolar rapidamente inventa uma desculpa para não par- ticipar desse ato. A esse respeito Me- negolla (1991 p.44) nos conta uma experiência quando escreve assim: Certo professor ao ser convo- cado para realizar seu planejamento dizia:” ao falar em planejamento sinto todo tipo de distúrbios. Parece que é o mesmo que dizer o salário vai baixar ou atrasar, que as férias vão terminar, sinto-me uma inutilidade planejada”, outro diz: “hoje os alu- nos vão perder um dia de aula por que os professores vão planejar para não fazerem nada depois”. Por que será que se constata esse descrédito no planejamento? Por que os professores vêem no pla- nejamento uma ação desnecessária e até mesmo inútil? ; Quais seriam as causas que provocam tanto desâ- nimo e descrédito por parte desses educadores? 37 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE Segundo Menegolla (1991p. 44) isso acontece porque há uma carência de objetivos claros e bem definidos a respeito de tal ato, desse modo os professores passam a enca- rar os planejamentos a eles solicita- dos como uma exigência burocrática que para eles não tem nenhum valor pedagógico. No entanto somos sabedores que a falta de planejamento seja em qualquer nível de ensino aqui retra- tando sobre o ensino superior nos leva ao improviso e ao erro, pois é através de um planejamento bem organizado, que se chega a uma ação concreta. Mauá Junior (1997 p.) diz que (…) “o planejamento exerce impor- tância significativa no processo edu- cacional, tendo um papel preponde- rante e sua implementação interfere nos resultados e na qualidade da educação de forma clara e abrangen- te”. Isso nos demonstra a relevância de estarmos efetivando práticas de planejamento no seio da instituição de ensino superior, pois por meio deste pode-se trocar experiências e criar autonomia para se resolver os problemas detectados no conjunto de fatores escolares, tendo resulta- dos positivos no processo de ensino e aprendizagem. Entende-se então que a falta de um planejamento or- ganizado e sistemático pode impedir que o professor efetive uma prática reflexiva na sala de aula. Planejamento: Desafios En- frentados pelos Docentes no Ensino Superior O ato de ensinar não é tarefa fácil é uma profissão que requer de nos educadores, muito empenho, dedicação, disponibilidade de tem- po, enfim é uma profissão um quan- ta tanto desafiadora se o que se pre- tende desenvolver um trabalho com qualidade São vários os desafios enfren- tados pelos docentes sejam da edu- cação básica ou ensino superior so- bretudo o ato de planejar especial- mente coletivamente, mas se sabe o quanto esse ato se torna de suma relevância para o fazer pedagógico a esse respeito melo e Urbanetz (2009 p.40) diz o seguinteo conteúdo e a forma do planejamento são uma maneira eficiente de se conhecer no professor o seu perfil como agente educativo e político, além do seu aspecto técnico e no modo de se planejar que verifica-se os objetivos dos docentes. (…) o perfil do profes- sor o coloca mesmo que ele não te- nha consciência disso, no âmbito de seu papel político e social. Essas sábias palavras nos le- vam a refletir sobre a importância do 38 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE ato de planejar, pois como afirma Melo e Urbanetz (2009) é pelo modo de ver como e por que atua que o próprio professor vai mudando sua pratica. Diante disso pode-se afir- mar que o planejamento é um dos instrumentos essenciais para a mudança da prática pedagógica do professor universitário. Muitos docentes se alijam do processo e não valoriza o ato de pla- nejar, alguns retratam que não pla- nejam por que não se disponibilizam de tempo, trabalham com carga horária acima da média, pelo fato de seu salário ser muito baixo, o pro- fessor precisa trabalhar dobrado, o que dificulta o processo do planeja- mento, outro desafio apontado por autores e pelas conversas ouvidas nos corredores das instituições de ensino superior é de que os profes- sores não veem o planejamento como importante serve apenas para desgaste de tempo dos alunos, isso acontece por que os docentes saem da universidade e já partem direta- mente para a sala de aula, sem dar continuidade em seus estudos à cha- mada formação continuada muitas das vezes por falta de conhecimento acabam indo na base do improviso e do erro. Melo e Urbanetz (2009 p.59) discutem essas questões quando di- zem: A alta carga horária destinada às aulas e não a pesquisa e extensão o vinculam precário em muitas ins- tituições (..) até mesmo os baixos salários são elementos problemáti- cos no desenvolvimento da atividade docente no ensino superior”. Mas seria o planejamento o único fator de interferência para efetivação de práticas inovadora no ensino superior? Tal questionamen- to traz o seguinte pensamento, não basta apenas planejar, é preciso atentar para a execução dessas ações planejadas. Porém percebe-se que a maior dificuldade no que diz respei- to à realização dessas ações no âmbi- to da sala de aula é exatamente a falta de conhecimento por parte dos docentes, sobre a importância da inovação da prática pedagógica, e isso só se descobre quando se parti- cipa de formação continuada em serviço, eis ai o grande desafio colo- cado, que servira como base de refle- xão para todos educadores do ensino superior ou de qualquer outra área. Entende-se que o ato de planejar é uma situação que envolve toda e possível ação da humanidade, seja no setor profissional ou pessoal. O uso e a forma do planejar sempre acompanharam a trajetória históri- ca do ser humano, o homem sempre, buscou, idealizou, sonhou, pensou e imaginou algo para sua vida o que se torna mesmo sem intencionalidade e sistematização uma forma de planejamento. 39 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE Percebe-se, no entanto a relu- tância dos professores quando se trata do ato de planejar, existe, por- tanto, um descaso e descrédito por parte dos docentes com referência ao planejamento, muitos desses pro- fissionais ainda veem o planejamen- to como algo puramente burocrático sendo desnecessário ao seu fazer pedagógico. Pensa-se que o planejamento e organização do trabalho se colocam como instrumento imprescindível ao fazer pedagógico por favorecer a construção e estruturação do tempo e do espaço. O planejamento possi- bilita a reflexão sobre a realidade e a tomada de decisões, dessa forma o objetivo de todo processo de plane- jamento é chegar à ação, uma ação organizada, pensada e sistematiza- da. O planejamento é um dos ins- trumentos essenciais para a mudan- ça da prática pedagógica do profes- sor universitário. É por meio dele que o docente se organiza, rever suas ações, verifica, registra, descobre as falhas, avalia o que deu certo ou não na sua prática diária. Assim sendo pode tomar novas decisões a respei- to do seu cotidiano universitário. Avaliação Educacional A importância da avaliação no contexto das práticas educacionais é talvez uma marca dessa época. Isso reflete a obrigatoriedade dessa prá- tica nos projetos educacionais, em qualquer nível de ensino, bem como a complexidade das questões sobre avaliação. Assim, por exemplo, como formar indivíduos capazes de elaboração teórico-conceitual, se as práticas de avaliação estiverem atentas somente à tarefa de classi- ficar os estudantes em relação às suas capacidades de reter determi- nado conjunto de informações fac- tuais? A avaliação da aprendizagem na educação superior, de modo ge- ral, ainda deveria avançar das práti- cas focalizadas que Luckesi (1994) denominou de “verificação da aprendizagem”. A avaliação precisa ser exercida como uma “produção de sentidos”, o que não pode estar restrito à utilização de instrumentos que apenas explicam o passado (Dias Sobrinho, 2008, p. 194). Além disso, a avaliação precisa guardar relação com as finalidades sociais mais amplas da educação, com o que se busca no futuro. Finalmente, a adesão a uma ou outra forma de avaliação necessita ser vista também como um ato moral, pois as escolhas qualificam o modo como vemos e interagimos com os alunos (Villas Boas, 2000, p. 150). Transformar o currículo, dese- nhar experiências de aprendizagem e decidir sobre estratégias de avalia- 40 DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE ção representam alguns dos princi- pais desafios com os quais convivem os professores universitários. Nesse sentido, há várias perguntas que devem ser consideradas em relação à avaliação. O que avaliar? Como avaliar? Quais os melhores métodos para avaliar a aprendizagem dos estudantes na graduação, conside- rando as diretrizes atuais para a educação superior? Certamente, há diversas formas de responder a cada uma delas. Tais escolhas são com- plexas e até mesmo subjetivas (Ge- rard, 2002), que envolvem muito mais que instrumentos e métodos, pois mobilizam valores e solicitam uma visão bastante ampla sobre o ato de educar. Tradicionalmente, as práticas de avaliação da aprendizagem na educação superior recaem sobre um conjunto limitado de escolhas. Ge- ralmente, tais estratégias se concen- tram no uso de procedimentos da “avaliação somativa”, exercidos ao final de determinado período ou unidade de ensino. Isso implica, por exemplo, a manutenção de uma antiga e persistente cultura avaliati- va que tende a destacar particular- mente a utilização de provas escritas para avaliar o grau de aprendizagem dos alunos. Além disso, esse redu- cionismo parece alterar a percepção dos professores quanto à variedade de atividades que podem ser envol- vidas na avaliação, tendo em mente inferir o desempenho dos estudan- tes (Depresbiteris, 2004, p. 54). Também se pode questionar se a insistência na utilização da avaliação somativa tem-se mostrado efetiva- mente produtiva na educação su- perior. É interessante considerar que as formas predominantes de avalia- ção da aprendizagem na educação superior refletem não somente as escolhas pedagógicas exercidas pelos professores, mas também as diretrizes curriculares dos cursos universitários, ou, ainda, de modo mais amplo, a própria cultura insti- tucional que os influência. Repensar a avaliação nesse cenário, portanto, é um desafio complexo, que reúne diversas questões e perspectivas a serem analisadas. Relações entre Avaliação e Aprendizagem Há vários níveis de relaciona- mento entre avaliação e aprendiza- gem. Diversos estudos sobre a ava- liação da aprendizagem na educação superior sugerem a existência de uma relação
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