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2020 1 - Bloco 02 - Estudo do Sintagma 1

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- -1
ESTUDO DO SINTAGMA
CAPÍTULO 1 - COMO IDENTIFICAR AS 
CARACTERÍSTICAS DE UM SINTAGMA EM 
LÍNGUA PORTUGUESA?
Raquel Rossini
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Introdução
A língua é o mecanismo que permite a interação entre os seres humanos. Mesmo com as naturais transformações
que venha a sofrer ao longo do tempo, uma língua é muito mais que um conjunto de palavras encadeadas
aleatoriamente. Na verdade, há diversos fatores que influenciam as características do idioma falado por uma
comunidade, desde contextos históricos a elementos relacionados à estrutura interna da língua. Assim, a área da
fonologia aborda aspectos relativos à pronúncia de uma língua, a morfologia diz respeito à organização interna
das palavras, por exemplo, na formação destas, e o estudo do significado compete à área da semântica. Porém,
quando se trata da organização interna de uma frase, da combinação de palavras para formar sintagmas, a área
de estudo é a de sintaxe.
Mas, se, sob esse ponto de vista, os sintagmas seriam elementos constituintes de frases e sentenças, o que eles
significam, exatamente? Como eles ocorrem em língua portuguesa brasileira? Além disso, qual seria a diferença
entre sintagma, frase e oração?
Você já deve ter reparado, em algum momento, que a nossa sociedade é permeada por relações hierárquicas
cotidianas. Seja no trabalho, na família, na administração pública, e até nas atividades corriqueiras que
realizamos, sentimos a necessidade de classificar, organizar, hierarquizar, devido a diversos critérios, como
importância, relações de poder, entre outros. Do mesmo modo, a língua também apresenta classificações e
estabelecimento de hierarquias. Assim, sentenças seriam estruturadas por unidades básicas diferentes, de uma
escala maior para uma menor: orações seriam constituídas por sintagmas ou outras orações e os sintagmas
seriam formados por palavras. Neste capítulo, vamos compreender o conceito de sintagma, estudar sua
estrutura e os diferentes tipos que se manifestam no português do Brasil. E também vamos perceber a diferença
entre os conceitos de frase, oração e período. 
Acompanhe com atenção e bons estudos!
1.1 Sintagma: conceitos
As línguas faladas pelos seres humanos, apesar das suas especificidades, possuem, pelo menos, algo em comum:
elas são constituídas por unidades menores, que se organizam de maneira hierárquica, formando unidades
maiores. Essa característica torna viável a “construção de um número ilimitado de sentenças, a partir de um
número limitado de palavras, que se combinam e recombinam (...). As línguas são, portanto, universalmente,
composicionais, hierárquicas e recursivas” (FRANÇA; FERRARI; MAIA, 2016, p. 30).
A sintaxe é o campo que abrange o estudo da organização de palavras para a formação de frases. Neste processo
de estruturação hierárquica de palavras e elementos para a formação de sentenças, encontra-se um importante
conceito: o . sintagma
Uma vez que a Linguística apresenta variadas correntes teóricas, desde o estruturalismo, Gerativismo, até
correntes bastante populares em estudos recentes, como a Linguística Cognitiva e a Sociolinguística
Variacionista, conceitos sintáticos, como o sintagma, podem ser abordados sob perspectivas diferentes. 
Por exemplo, teorias com um viés mais formal, tais como correntes estruturalistas e gerativistas, podem ver a
análise da utilização de sintagmas, como algo externo a fatores culturais e à interação entre falantes. Por outro
lado, para correntes cognitivistas, a experiência do falante é elemento motivador da conceptualização e uso de
determinadas estruturas linguísticas e busca-se estabelecer uma relação entre sintaxe e semântica (FERRARI,
2011). Para estudos sociolinguísticos na área de variação, a sintaxe pode ser abordada à luz do contexto
sociocultural de uma comunidade, levando-se em conta as diferentes variantes da língua – uma vez que a língua
seria inseparável do social (TARALLO, 2010).
Porém, mesmo com a existência de variadas possibilidades de linhas de pesquisa e estudo na Linguística, o
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Porém, mesmo com a existência de variadas possibilidades de linhas de pesquisa e estudo na Linguística, o
conceito de sintagma é definido, na literatura, como constituinte de uma oração, formado pela combinação de
palavras. Ao longo deste tópico, você verá o que é um sintagma e as interações entre seus diferentes conceitos. 
1.1.1 O que é um sintagma
Você já deve ter observado a complexidade das sentenças em língua portuguesa. Algumas são maiores, com mais
verbos (como em: ), outras são menores, com apenas um (ex.: João que felizdisse estava Ele professor de inglêsé
). Existem sentenças que possuem o sujeito da ação ou evento expresso (como em: Eu comprei os ingressos do
), enquanto outras não o possuem (ex.: ). A fim de que possamos compreender melhorshow Choveu muito ontem
as regras e características da organização de construções de sentenças em uma língua, faz-se necessário um
entendimento dos seus elementos constituintes e das funções exercidas por eles. Entre esses constituintes de
grande importância, encontra-se o sintagma.
Ao longo da nossa experiência escolar, durante os Ensinos Fundamental e Médio, somos apresentados a
conceitos como sujeito, objeto, predicado e a classes de palavras, como substantivo, pronome, verbo, preposição,
entre outros. Entretanto, você consegue estabelecer uma diferença entre os referidos conceitos e as classes de
palavras mencionadas?
Por muitas vezes, não somos estimulados a observar, no uso da língua, que noções, como as de sujeito, objeto e
predicado, são funções sintáticas exercidas, dentro das orações, por elementos pertencentes às classes de
palavras. De acordo com Prestes e Lagroski (2015), há dez classes de palavras abordadas no período escolar:
• artigo;
• substantivo;
• pronome;
• preposição;
• advérbio;
• verbo;
• adjetivo;
• conjunção;
• interjeição;
• numeral.
A figura abaixo, apresenta alguns exemplos dessa classificação tradicional das palavras em língua portuguesa.
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Figura 1 - Classificação gramatical tradicional de palavras.
Fonte: PRESTES; LAGROSKI (2015, p. 22).
Por sua vez, esses elementos que conhecemos como substantivos, artigos, preposições, entre outros, não
exercem essas funções sintáticas individualmente. Eles se organizam em determinados grupos, os quais realizam
as funções sintáticas de uma oração (como sujeito, objeto, entre outros). Esses grupos são denominados
sintagmas. Assim, por exemplo, sintagmas que possuem substantivos ou pronomes como elementos centrais, ou
núcleos, são denominados sintagmas nominais. Já os sintagmas que possuem verbos como núcleos são
denominados sintagmas verbais.
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Figura 2 - Estruturação hierárquica, em forma de árvore, dos constituintes da oração.
Fonte: PERINI (2005, p. 69).
Como você pode perceber, a figura acima, ilustra a organização da oração “Meus vizinhos arranjaram um
cachorro horrivelmente barulhento” (PERINI, 2009, p. 69). Os da oração são o (constituintes imediatos sujeito
) e o ( ). Esses constituintes sãomeus vizinhos predicado arranjaram um cachorro horrivelmente barulhento
formados por outros constituintes. Enquanto o sujeito é composto por um sintagma nominal (SN), com núcleo (
) e determinante ( ), o predicado é composto por um sintagma verbal (SV), cujo núcleo é o verbo vizinhos meus
, e um sintagma nominal ( ), na função de objeto, com núcleo (arranjaram um cachorro horrivelmente barulhento
), determinante ( ) e modificador ( ). cachorro um horrivelmente barulhento
Desta forma, podemos ver como a estruturação de uma oração se dá por meio da organização de seus
constituintes de forma hierárquica. Downing (2015) aponta que a estrutura sintática da língua inglesa ocorre em
forma de , das unidades maiores para as unidades menores. No caso da língua portuguesa, algoranking
semelhante ocorre em relação a essa relação hierárquica entre diferentes unidades, analisadas, na árvore
sintática, da maior para a menor:
• oração;
• sintagma;
• palavra;
• morfema.
VOCÊ SABIA?
A expressão gramáticatradicional, muito recorrente no meio acadêmico, pode assumir
diferentes sentidos, dependendo do seu contexto de aplicação. Se o contexto for o de estudo da
gramática de uma língua, o termo se refere a “um amplo conjunto de conhecimentos sobre a
estrutura e o uso das línguas, produzido especialmente na Europa desde a Antiguidade grega e
latina até a primeira metade do século XIX” (AZEREDO, 2015, p. 197). Porém, a expressão
também pode estar relacionada ao conteúdo gramatical ensinado nas escolas regulares.
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A criação do termo é atribuída ao linguista suíço Ferdinand de Saussure, considerado, na literatura, “osintagma
precursor do estruturalismo”. Esse conceito apontaria a relação entre dois termos relacionados. Um deles seria o
elemento principal, ou “determinado”, e o outro seria o elemento subordinado, ou “determinante”, havendo,
assim, “uma relação necessária de subordinação entre os dois” (KURY, 1999, p. 9).
Porém, essa noção de sintagma saussuriana estaria mais relacionada ao nível morfológico. Um exemplo
apresentado por Kury (1999), ao explicar o assunto, é o do verbo . seria o elemento determinado,reler Ler
enquanto seria o determinante. Ao nível sintático, oracional, o autor apresenta o seguinte exemplo: “Vênusre-
cintila” (KURY, 1999, p. 9). O elemento determinado, neste caso, seria o sujeito da oração, . Já oVênus
determinante seria o predicado, .cintila
Saussure teria concebido a língua como sistema, ou seja, “um conjunto de unidades que obedecem a certos
princípios de funcionamento, constituindo um todo coerente” (COSTA, 2008, p. 114). A corrente teórica seguinte,
denominada estruturalismo, teria observado o modo de estruturação desse sistema linguístico e entenderia a
língua como uma estrutura organizada com base em um conjunto de regras internas (COSTA, 2008).
Essa linha de pensamento saussuriana, em que haveria uma relação de subordinação entre elementos de um
sintagma, é bastante interessante. De fato, os sintagmas são compostos por um núcleo e possíveis elementos
relacionados. Por exemplo, um sintagma nominal é formado por um núcleo (composto por um substantivo ou
VOCÊ SABIA?
Sintaxe é a área de estudo da Linguística que se ocupa do estudo da organização e constituição
das sentenças. Othero (2014) sintetiza a sintaxe como “o estudo da organização das palavras
em unidades maiores – os – e a organização dessas unidades em ” (OTHERO,sintagmas frases
2014, p. 155). Os pesquisadores Mioto, Silva e Lopes (2013) consideram que é por meio da
sintaxe que analisamos a forma como as palavras constituem sintagmas e estes, por sua vez,
formam sentenças. Este conceito de sintaxe seria baseado na Hipótese Lexicalista, que
considera que o escopo da sintaxe se inicia onde termina a esfera da morfologia. Além disso,
análises sintáticas determinariam a boa ou má formação de construções sintáticas.
VOCÊ O CONHECE?
O linguista suíço Ferdinand de Saussure (1857-1913) possui papel fundamental no
desenvolvimento dos estudos linguísticos. A ciência da linguagem teria surgido a partir do
empenho do estudioso em definir o objeto de estudo da Linguística moderna, colocando-a no
mesmo patamar das outras ciências naquele tempo. Consagrou-se com seus cursos de
linguística geral, ministrados na Universidade de Genebra, na Suíça. Os pesquisadores Charles
Bally (1865-1947) e Albert Sechehaye (1870–1946), publicaram a obra póstuma “Curso de
linguística geral” (1916), baseada em anotações dos cursos de Saussure, ao longo de cinco anos
(FIORIN, FLORES, BARBISAN, 2013).
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relacionados. Por exemplo, um sintagma nominal é formado por um núcleo (composto por um substantivo ou
pronome) e, possivelmente, por um determinante (composto por artigo, numeral, pronome possessivo). Observe
o exemplo a seguir:
“A Maria entregou um bilhete de amor ao João.” (OTHERO, 2014, p. 163)
Podemos perceber, na sentença acima, que, , é o sujeito do predicado, a Maria entregou um bilhete de amor ao
. Essa construção, , constitui um sintagma nominal, pois é um nome próprio e o núcleo doJoão a Maria Maria
sintagma. Por sua vez, o artigo definido, , é o determinante do núcleo do sintagma. Desta forma, parece haver,a
de fato, uma relação de determinação ou de subordinação entre elementos constituintes de um sintagma.
Assim, podemos entender o sintagma como um importante constituinte das orações, pois são os grupos nos
quais as palavras se organizam e exercem funções sintáticas nas sentenças, tais como as de sujeito e predicado
verbal.
Agora que você já tem uma ideia do que é este conceito, vamos conhecer os diferentes tipos de sintagma e como
eles são formados.
1.2 Os diferentes tipos de sintagma
Você viu, anteriormente, que o sintagma é um constituinte importante da estrutura oracional. Considerando que
os elementos que formam as orações se organizam hierarquicamente, o sintagma seria uma etapa importante
desse processo de estruturação de sentenças.
Por sinal, uma frase não seria apenas um conjunto de palavras organizadas aleatoriamente. Os estudos do
estruturalismo, corrente teórica da primeira metade do século XX, que vimos anteriormente, contribuíram para
que a língua e a sua organização fossem vistas como objetos plausíveis de análise e descrição (OTHERO, 2014). 
Uma compreensão dos diferentes tipos de sintagma da língua e os seus usos, permite um desempenho mais
satisfatório, ou seja, um “uso concreto da linguagem em situações comunicativas reais” (OTHERO, 2014, p. 169)
mais eficiente. Por exemplo, questões de ambiguidade podem ser explicadas ou resolvidas a partir de um
conhecimento mais amplo de estruturas oracionais, como o sintagma, e das regras que regem as interações entre
eles. Considere os exemplos abaixo:
“O João viu um menino com binóculos”. (OTHERO, 2014, p. 170)
“O João bateu no velho de bengala”. (OTHERO, 2014, p. 170)
Em ambos os exemplos, as sentenças possuem mais de uma interpretação. No primeiro caso, quem estaria com
binóculos: o João ou o menino? O segundo caso é bastante semelhante ao primeiro: quem estaria com a bengala?
Seria o João, que a teria utilizado para bater no velho, ou seria o velho que estaria com a bengala?
Essa dupla possibilidade de interpretação das sentenças acima, por parte do interlocutor, seria possível devido à
atribuição de “duas estruturas sintáticas diferentes para cada frase” (OTHERO, 2014, p. 171). Nesta seção, vamos
estudar os tipos de sintagma e as funções sintáticas que eles podem exercer nas orações.
VOCÊ QUER LER?
Na obra “Sintaxe, sintaxes: uma introdução”, organizada por Gabriel de Ávila Othero e Eduardo
Kenedy (2015), a sintaxe é discutida sob a perspectiva de diferentes correntes teóricas. Alguns
exemplos de linhas de pesquisa apresentadas são a Sintaxe Gerativa, a Sintaxe Computacional,
a Sintaxe Funcional, a Sintaxe Construcionista, a Sintaxe Descritiva e a Sintaxe Normativa
Tradicional.
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1.2.1 Tipos de sintagma
Há diferentes tipos de sintagma na língua portuguesa. Se observarmos com atenção a estrutura de uma sentença
em português, podemos perceber que uma oração prototípica da língua apresenta a seguinte ordem de
constituintes: sujeito – verbo – objeto (SVO), embora possa haver inversão na ordem entre sujeito e verbo (VS)
(OTHERO, 2014). Veja os seguintes exemplos:
“Os amigos de João adoram a Maria.” (OTHERO, 2014, p. 164)
“Acabou a gasolina!” (OTHERO, 2014, p. 164)
Como você pode ver acima, a primeira sentença apresenta a ordem convencional SVO, em que o sintagma
nominal, é o sujeito, é o verbo e, é o objeto. Por sua vez, a segunda sentençaOs amigos de João, adoram, a Maria,
apresenta a ordem inversa VS (verbo-sujeito), em que é o verbo e, é o sujeito da oração.acabou, a gasolina,
Observe que há diferentes constituintes imediatos na oração (sujeito e predicado) e, naturalmente, também
haverá diferentes elementos, ou sintagmas, que formarão esses constituintes. Assim, para diferentes funções
sintáticas em uma oração, há diferentes sintagmas. Mas isso não significa que um mesmo tipo de sintagma não
possa exercer diferentes funçõessintáticas. Ao contrário, um sintagma nominal pode realizar o sujeito de uma
oração, bem como o complemento verbal em um predicado, tal como o objeto direto.
Podemos observar, em português, a ocorrência de cinco tipos de sintagma: sintagma nominal, sintagma adjetival,
sintagma verbal, sintagma adverbial e sintagma preposicionado (ou preposicional). O quadro a seguir,
sistematiza os tipos de sintagma, seus constituintes e exemplos de suas principais funções sintáticas.
VOCÊ SABIA?
Quando nos referimos às funções sintáticas realizadas pelos sintagmas é muito comum vermos
a utilização dos termos “realizar” ou “realização”, na literatura. Assim, é possível dizer que, por
exemplo, a função de sujeito em uma oração é por um sintagma nominal.realizada
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Figura 3 - Tipos de sintagma, suas realizações prototípicas e funções exercidas.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
O sintagma nominal (SN) possui um substantivo ou pronome como núcleo. Outros elementos também constituir
o SN, determinando ou modificando o seu núcleo. Observe o seguinte exemplo:
“Aqueles livros de psicologia desapareceram.” (PERINI, 2009, p. 93)
Nesta sentença, o sujeito é . Ele é composto por: , o substantivo ; aqueles livros de psicologia núcleo livros
- -10
Nesta sentença, o sujeito é . Ele é composto por: , o substantivo ; aqueles livros de psicologia núcleo livros
, o pronome demonstrativo ; pós- , o sintagma preposicionado .determinante aqueles modificador de psicologia
O sintagma verbal (SV) realiza a função sintática de predicado verbal de uma oração. Ele pode ser composto por
um verbo (núcleo do predicado), acompanhado ou não de complemento (s). Observe a seguinte sentença:
“Os amigos do João adoram a Maria.” (OTHERO, 2014, p. 164)
Nesse exemplo, o predicado verbal é constituído por: . O núcleo do predicado é o verbo: ;adoram a Maria adoram
e o complemento verbal é o sintagma nominal: .a Maria
O sintagma preposicionado (SP) é, basicamente, composto por uma preposição e o seu complemento
(comumente, um sintagma nominal). Observe o exemplo:
“O vizinho apanhou .” (PERINI, 2016, p. 119)da Elvira
O elemento sublinhado não é um SN, mas sim, um sintagma preposicionado. Este, é composto pela preposição ,de
seguida do SN, .Elvira
O sintagma adjetival (SAdj) é constituído por um núcleo (realizado por um adjetivo) que pode ser acompanhado
de um advérbio, em posição anterior, e um sintagma preposicionado, em posição posterior (OTHERO, 2014).
Veja o exemplo abaixo:
“Todos foram favoráveis ao aumento.” (OTHERO, 2014, p. 186)
A construção , na oração anterior, é um sintagma adjetival, cujo núcleo é o adjetivo favoráveis ao aumento
, seguido do complemento realizado por um sintagma preposicionado, .favoráveis ao aumento
O sintagma preposicionado (SP ou SPrep) possui, como núcleo, uma preposição, seguida de um complemento
(normalmente, um sintagma nominal). Além disso, a posição dos SPs, em relação ao verbo, pode variar. Esse
sintagma é posicionado no final da oração, quando sujeito e verbo estão presentes (PERINI, 2016). Veja os
seguintes exemplos de possibilidades de uso do SP:
• “A Carla comprou um óculos novo .” (PERINI, 2016, p. 150);para o meu menino
• “A Carla comprou um óculos novo.” (PERINI, 2016, p. 150);para o meu menino
• “ a Carla comprou um óculos novo.” (PERINI, 2016, p. 150).Para o meu menino
Os sintagmas adverbiais, assim como os sintagmas preposicionados, podem exercer a função de adjunto
adverbial em uma sentença. Adjunto adverbial é “o termo de valor adverbial que denota alguma circunstância do
fato expresso pelo verbo, ou intensifica o sentido deste” (CUNHA; CINTRA, 2017, p. 165). Veja os exemplos
abaixo, que contêm adjuntos adverbiais:
“O aluno está lendo a história atentamente.” (LUFT, 2002, p. 32)
“O aluno lê a história com muita atenção.” (LUFT, 2002, p. 32)
Como você pode observar, a primeira sentença apresenta o adjunto adverbial , constituído peloatentamente
sintagma adverbial . Já a segunda sentença possui, como adjunto adverbial, o sintagmaatentamente
preposicionado .com muita atenção
Assim, apesar de poder exercer função sintática de maneira semelhante ao sintagma preposicionado, o sintagma
adverbial se caracteriza por ter, como núcleo, um advérbio.
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Ao longo desta seção, você aprendeu sobre os constituintes imediatos de uma oração e identificou ocorrências
dos diferentes tipos de sintagma na língua portuguesa. Em seguida, vamos entender o que é, exatamente, oração.
Além disso, vamos aprender a distinção entre frase, oração e período.
1.3 Frase, oração e período
Agora que você entendeu os constituintes imediatos da oração, sintagmas, vamos observar outros elementos
sintáticos importantes, como os diferentes tipos de oração em língua portuguesa. É muito possível que você já
tenha visto falantes nativos do português denominando as sequências de palavras e sintagmas da língua como 
.frase
Porém, o conceito de frase não é tão abrangente como poderíamos imaginar e esse encadeamento entre
sintagmas constitui uma oração. Então, qual seria a diferença entre os conceitos de frase, oração e período?
1.3.1 Frase
O conceito de , que você deve ver bastante ao abordar a estruturação de ideias em uma língua, não é tãofrase
fácil de definir. Segundo Perini (2009), esse termo é empregado, em geral, para se referir a uma unidade
discursiva. O autor faz coro ao trabalho do linguista Mattoso Câmara (1977), que define frase como “unidade de
comunicação linguística, caracterizada (...) por ter um propósito definido” e por ter o seu início e fim
determinados por meio de entoação (em termos fonéticos) (CÂMARA, 1977, p. 22, PERINI, 2009, p. 61),apud
sempre apresentando uma melodia (CUNHA; CINTRA, 2017).
Essa visão se assemelha à perspectiva de Kury (1999), que aponta que frase seria uma “unidade de
comunicação” (KURY, 1999, p. 13) entre o locutor e o seu interlocutor, seja nas formas escrita ou falada da
língua. A frase pode ser constituída por uma oração, como “Choveu muito.” (KURY, 1999, p. 14). Porém, ela
também pode ser formada por elementos que não sejam orações, tais como interjeições “O quê:”; “Fogo!”;
“Hum...” (KURY, 1999, p. 15). O autor explica que, diferentemente das frases constituídas por orações, esses tipos
de frases não-oracionais não são analisadas sintaticamente.
1.3.2 Oração
A oração “é uma frase que apresenta determinado tipo de estrutura interna, incluindo sempre um predicado e
frequentemente um sujeito, assim como vários outros termos” (PERINI, 2009, p. 61). Esses outros termos
constituintes de uma oração seriam sintagmas nominais, sintagmas adjetivais (ou sintagmas adjetivos),
sintagmas preposicionados ou sintagmas adverbiais (PERINI, 2016). Por exemplo, a sentença “Eu rasguei o
caderno do César” (PERINI, 2016, p. 92), é um exemplo de oração, pois possui sujeito ( ) e predicado verbal (eu
VOCÊ QUER LER?
Na obra “A Linguística no século XXI: convergências e divergências no estudo da linguagem”, os
autores Aniela Improta França, Lilian Ferrari e Marcus Maia propõem uma interessante
discussão sobre a relação entre forma (linguística) e função em uma língua. Eles argumentam
que “a competência em uma língua natural consiste no manejo de todos os itens e estruturas
que vão muito além das representações linguísticas consideradas como a gramática nuclear
das abordagens formais” (FRANÇA; FERRARI; MAIA, 2016, p. 169).
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sintagmas preposicionados ou sintagmas adverbiais (PERINI, 2016). Por exemplo, a sentença “Eu rasguei o
caderno do César” (PERINI, 2016, p. 92), é um exemplo de oração, pois possui sujeito ( ) e predicado verbal (eu
).rasguei o caderno do César
Assim, você já pode perceber uma das principais diferenças entre os conceitos de frase e de oração. Na seção
anterior, você viu que a frase é um conceito mais abrangente de unidade comunicativa, que pode apresentar
predicado (sendo, neste caso, constituída por uma oração), ou não (sendo constituída por elementos não
oracionais, tais como interjeições).
Nesta seção, você poderá perceber que uma oração necessitade um predicado verbal, mesmo que alguns de seus
argumentos (sujeito, objeto) não sejam claramente expressos.
Então, para compreender melhor o que são orações, é necessário partir dos termos essenciais de uma oração:
sujeito e predicado. Cunha; Cintra (2017) definem sujeito como “o ser sobre o qual se faz uma declaração”, e
predicado como “tudo aquilo que se diz sobre o sujeito” (CUNHA; CINTRA, 2017, p. 136). Na figura a seguir, você
pode visualizar como a oração é dividida em seus termos mais essenciais.
Figura 4 - Termos essenciais da oração.
Fonte: CUNHA; CINTRA (2017, p. 136).
Como vemos na figura acima, a oração “Este aluno obteve ontem uma boa nota” (CUNHA; CINTRA, 2017, p. 136),
é constituída por um sujeito, , e por um predicado, .este aluno obteve uma boa nota
Se aprofundarmos a nossa análise da oração acima, podemos observar que, tanto o sujeito quanto o predicado,
também possuem os seus constituintes particulares. No caso do sujeito, , há a presença de umeste aluno
sintagma nominal (SN), pois um substantivo, , é o elemento central ou núcleo do sintagma, acompanhado. Oaluno
VOCÊ QUER VER?
No vídeo , do canal Plataforma do Letramento, no YouTube, oMarcas da oralidade: sintaxe
linguista e professor Carlos Alberto Faraco (2014), da Universidade Federal do Paraná (UFPR)
explica variações sintáticas. O pesquisador aborda, principalmente, casos da oralidade, entre
diferentes regiões do Brasil e em relação ao português europeu. Um exemplo apresentado é o
abandono do pronome , que vem sendo substituído por . Acesse o vídeo em: <nós a gente
h t t p s : / / w w w . y o u t u b e . c o m / w a t c h ?
>.v=CEhULEdLLpc&index=19&list=PLJTYyIbC0TwkqEUWQK0n23wNA2zUSuZf5
https://www.youtube.com/watch?v=CEhULEdLLpc&index=19&list=PLJTYyIbC0TwkqEUWQK0n23wNA2zUSuZf5
https://www.youtube.com/watch?v=CEhULEdLLpc&index=19&list=PLJTYyIbC0TwkqEUWQK0n23wNA2zUSuZf5
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sintagma nominal (SN), pois um substantivo, , é o elemento central ou núcleo do sintagma, acompanhado. Oaluno
núcleo do sintagma, no exemplo, é acompanhado de um determinante (DET), – artigos, numerais eeste
pronomes adjetivos realizam os determinantes dos núcleos de sintagmas nominais.
Já em relação ao predicado, , a realização ocorre com um sintagma verbal (SV). Este possui,obteve uma boa nota
como núcleo, um verbo principal e também pode ter sintagmas nominais como complementos e expressões
adverbiais ou advérbios como modificadores (MOD).
Figura 5 - Árvore sintática representando a organização dos constituintes de uma oração.
Fonte: CUNHA; CINTRA (2017, p. 138).
Desse modo, você pode perceber como uma unidade maior, a oração, pode ser analisada em constituintes
hierarquicamente menores ou mais específicos. As orações são constituídas por sujeito e predicado verbal; estes
são realizados por sintagmas. Os grupos sintáticos, por sua vez, são constituídos por elementos específicos, tais
como determinantes (DET) e substantivos (N), nos sintagmas nominais, e verbos (V), modificadores (MOD) e
outros sintagmas, no caso dos sintagmas verbais. Uma vez que constituintes imediatos e mais profundos se
organizam hierarquicamente para a formação de orações, é importante observar como essas relações ocorrem
para a estruturação de frases e sentenças na língua.
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As orações podem ser classificadas em coordenadas ou subordinadas. A coordenação consiste na relação entre
orações independentes, que teriam o seu próprio sentido, sem depender de outra oração como o seu
complemento. Uma oração independente em relação de coordenação também não é o termo (por exemplo,
sujeito ou complemento verbal) da outra oração coordenada, podendo, apenas, completar a totalidade de
sentido da outra oração (CUNHA; CINTRA, 2017, p. 608). Veja o seguinte exemplo:
“As horas passam, os homens caem, a poesia fica.” (CUNHA; CINTRA, 2017, p. 607)
Como você pode perceber, a sentença acima apresenta três orações “da mesma natureza”, que “são autônomas”
(CUNHA; CINTRA, 2017, p. 607). Desta forma, cada uma das orações, , e, poras horas passam os homens caem
fim, , tem o seu sentido particular, bem como uma “equivalência funcional”, nas palavras da linguistaa poesia fica
Maria Helena de Moura Neves, em seu livro “A construção das orações complexas” (NEVES, 2016, p. 13). Isso
significa, segundo a autora, que os elementos envolvidos na relação de coordenação possuem funções sintáticas,
semânticas e pragmáticas semelhantes. As orações coordenadas são classificadas em dois tipos: assindéticas e
sindéticas.
As orações coordenadas assindéticas não são ligadas por conjunção, como no seguinte exemplo: “Será uma vida
nova, começará hoje, não deixará nada para trás.” (CUNHA; CINTRA, 2017, p. 610). Já as orações coordenadas
sindéticas são interligadas por meio de uma conjunção coordenativa, como nesta sentença: “A Grécia seduzia-o, 
 Roma dominava-o.” (CUNHA; CINTRA, 2017, p. 610).mas
Diferentemente da coordenação, na subordinação, que é outro processo básico para unir orações, elas não ficam
lado a lado. Na verdade, uma fica da outra (PERINI, 2016). Observe as seguintes sentenças:dentro
“A tia Rosa disse uma bobagem.” (PERINI, 2016, p. 246)
“A tia Rosa disse que o Rafael é médico.” (PERINI, 2016, p. 246)
CASO
Em uma escola brasileira, os professores de língua portuguesa observaram que os seus alunos
do Ensino Médio apresentavam dificuldades na estruturação de sentenças em suas redações
preparatórias para o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM. Os discentes pareciam
apresentar dificuldades em vários aspectos de estruturação sintática da língua escrita em
norma culta padrão, tais como:
A coordenação pedagógica da escola demonstrou preocupação com o aprendizado e o
desempenho dos alunos no ENEM. Então, o corpo docente de português decidiu realizar aulas
temáticas específicas para estimular a percepção, por parte dos alunos, da organização
hierárquica dos constituintes de uma oração. Por meio da utilização de textos reais da
imprensa e da literatura, os professores também almejaram estimular a observação das
funções que esses constituintes normalmente exercem nas orações em língua portuguesa
brasileira. Além disso, seria abordada a distinção entre os conceitos de frase, oração e período.
Essa abordagem foi considerada a mais adequada para abordagem do problema, uma vez que
uma compreensão da estrutura sintática da língua permite uma melhor percepção de
ocorrências de sentenças bem e mal formadas na língua.
• pontuação inadequada para separação de diferentes orações e períodos;
• separação de sujeito e predicado de orações por meio de vírgulas;
• dificuldade de compreensão dos tipos de complementos exigidos pelo núcleo 
do predicado, tais como objeto direto e objeto indireto e suas respectivas 
realizações (sintagma nominal e sintagma preposicionado, respectivamente).
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•
•
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“A tia Rosa disse que o Rafael é médico.” (PERINI, 2016, p. 246)
Ao compararmos os exemplos acima, veremos que os dois apresentam sujeito ( ) e predicado (naa tia Rosa
primeira sentença, é , e na segunda sentença, é ). Porém, odisse uma bobagem disse que o Rafael é médico
complemento (objeto direto) do verbo , no primeiro caso, é composto por um sintagma nominal que temdisse
como núcleo o substantivo . Já no segundo exemplo, o complemento é formado por uma outra oração: bobagem
. Então, enquanto o primeiro período apresenta uma oração independente, o segundoque o Rafael é médico
período é composto por subordinação.
Desta forma, é possível observar como uma oração pode ser o termo, ou complemento, de outra. Na sentença em
questão, , é a oração principal e a oração que funciona como complemento verbal, a tia Rosa disse que o Rafael é
, é a oração subordinada. Nessa relação de subordinação, diferentemente da relação de coordenação, semédico
as sentenças fossem ditas separadamente, elas seriam consideradas agramaticais, ou seja, inaceitáveis no uso da
língua (PERINI, 2016):
“*A tia Rosa disse.” (PERINI, 2016, p. 246)
*Que o Rafael é médico.
Enquanto as orações subordinadas não são autônomas gramaticalmente,funcionando “como termos essenciais,
integrantes ou acessórios de outra oração” (CUNHA; CINTRA, 2017), as orações principais não exercem qualquer
“função sintática em outra oração no período” (CUNHA; CINTRA, 2017, p. 608). As orações subordinadas são
classificadas em três tipos: “substantivas, adjetivas e adverbiais, porque as funções que desempenham são
comparáveis às exercidas por substantivos, adjetivos, advérbios” (CUNHA; CINTRA, 2017, p. 614). O quadro a
seguir, ilustra a classificação das orações coordenadas e subordinadas.
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Figura 6 - Classificação das orações coordenadas e subordinadas.
Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de CUNHA; CINTRA (2017, p. 610-623)
Vimos que as orações se diferem das frases, por apresentarem características mais específicas, tais como a
presença de um predicado verbal, bem como a ocorrência frequente de sujeito. Você aprendeu os diferentes
tipos de orações, bem como os seus constituintes imediatos. Mas qual seria a diferença entre período e oração?
Acompanhe a seguir.
1.3.3 Período
Por sua vez, o período seria “o enunciado, de sentido pleno, constituído de uma ou mais orações, e terminado por
uma pausa bem definida” (KURY, 1999, p. 15). Essa pausa seria determinada, ortograficamente, por meio de:
ponto final, “Devagar se vai ao longe.”; dois pontos, “Escuta a minha triste história: Aracne foi o meu nome (...)”;
ponto de exclamação, “E como é branca de graça / A paisagem que não sei, / Vista de trás da vidraça / Do lar que
nunca terei!”; reticências, “Choraste em meus braços...”; ponto de interrogação “Encanto hoje resta?” (KURY,
1999, p. 15-16). Cunha; Cintra (2017) apresentam uma definição de período bem mais sintética: seria “a frase
organizada em oração ou orações” (CUNHA; CINTRA, 2017, p. 135).
O período pode ser classificado em dois tipos: simples ou composto. Enquanto o período simples é constituído
por apenas uma oração, denominada , o período composto é formado por mais de uma oraçãooração absoluta
(KURY, 1999). Observe o seguinte exemplo apresentado por Cunha; Cintra (2017):
“As horas passam, os homens caem, a poesia fica.” (CUNHA; CINTRA, 2017, p. 607).
Você deve ter observado que, no exemplo acima, há um período composto por três orações independentes,
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Você deve ter observado que, no exemplo acima, há um período composto por três orações independentes,
separadas por vírgulas. A primeira oração é , a segunda oração é e a terceiraas horas passam os homens caem
oração é . Desta forma, trata-se de um período composto.a poesia fica
1.4 A estrutura do sintagma
Ao longo do capítulo, você estudou o conceito de sintagma, os seus diferentes tipos, as unidades maiores em que
eles ocorrem (frase, oração e período). Mas como será que os sintagmas se estruturam? Eles possuem
constituintes diferentes?
Nesta seção final, vamos identificar a organização interna dos sintagmas em português.
1.4.1 Como um sintagma se estrutura
Nas seções anteriores, vimos que as palavras se organizam em grupos. As classes de palavras que formam o
núcleo de cada sintagma dão nome a ele. Assim, existem sintagmas nominais (SN), verbais (SV), adjetivais (SAdj),
adverbiais (SAdv), preposicionados (SP). Por sua vez, cada sintagma apresenta seus elementos constituintes
próprios.
O sintagma nominal pode apresentar, além do seu núcleo, determinantes (DET) e modificadores (MOD). Observe
o seguinte exemplo:
“O bêbado bateu na velha (...).” (MIOTO; SILVA; LOPES, 2013, p. 50)
A oração acima apresenta um sujeito, , e um predicado verbal, . O sujeito é constituídoo bêbado bateu na velha
por um sintagma nominal, com dois constituintes: núcleo, o substantivo , e determinante, o artigobêbado
definido .o
Embora a função núcleo de sujeito seja prototipicamente realizada por sintagmas nominais, eles não se
restringem a apenas esta função sintática. Eles também podem realizar complementos verbais (por exemplo, o
objeto direto) em um predicado, como você pode ver no exemplo a seguir:
“Seu filho machucou o cachorro.” (PERINI, 2016, p. 101)
Nessa oração, o sujeito, é realizado por um sintagma nominal, que possui o substantivo comoseu filho, filho,
núcleo e o pronome possessivo como determinante. No predicado , que possui o verbo seu machucou o cachorro
 como núcleo, há o complemento verbal (objeto direto) , realizado por um sintagmamachucou o cachorro
nominal. Este possui o substantivo como núcleo e o artigo definido como determinante.cachorro o
Por sua vez, o sintagma verbal (SV) possui um verbo como núcleo e este pode ser precedido ou acompanhado
por um modificador adverbial, além de poder ser seguido por um complemento, como pode ser observado na
seguinte sentença: “Os amigos do João adoram a Maria” (OTHERO, 2014, p. 164). Nesse exemplo, é oadoram
núcleo do (SV) e o SN é o complemento verbal.a Maria
O sintagma adjetival (SAdj) possui um adjetivo como núcleo, podendo ser modificado por um advérbio em
posição anterior e por um sintagma preposicionado em posição posterior, como nesta sentença: “Todos foram
favoráveis ao aumento” (OTHERO, 2014, p. 186). Neste caso, o núcleo do sintagma adjetival é , seguidofavoráveis
do sintagma preposicionado .ao aumento
Já o sintagma preposicionado (SP ou SPrep), possui uma preposição como núcleo e um complemento, que pode
ser um SN, como na seguinte sentença: “A Carla comprou um óculos novo .” (PERINI, 2016, p.para o meu menino
150).
Por fim, o sintagma adverbial (SAdv) possui, como núcleo, um advérbio, como no exemplo a seguir: “O aluno está
lendo a história atentamente” (LUFT, 2002, p. 32). O quadro a seguir, ilustra os constituintes possíveis para os
diferentes sintagmas.
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Figura 7 - Constituintes possíveis para os sintagmas em língua portuguesa.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
Assim, os diferentes sintagmas possuem, naturalmente, diferentes constituintes. Além disso, certos sintagmas
podem fazer partes de outros, como, por exemplo, o caso do sintagma nominal, que, frequentemente, constitui
complementos verbais, como no exemplo , em que o sintagma nominal é o complementoJoão doou o livro o livro
do verbo .doou
Síntese
Chegamos ao final do capítulo. Aprofundamos nosso conhecimento sobre os conceitos de sintagma e como eles
se estruturam. Além disso, observamos a importância dos diferentes sintagmas na constituição e,
consequentemente, na boa formação de sentenças na língua portuguesa brasileira. Estabelecemos, também,
distinção entre os conceitos de frase, oração e período. Embora eles sejam comumente utilizados como termos
semelhantes, pelo senso comum, há diferença na utilização de cada um deles.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• compreender o que é um sintagma e como os seus diferentes tipos se estruturam em língua portuguesa 
brasileira;
• compreender as relações de hierarquia entre os elementos constituintes de uma sentença, identificando 
as diferentes unidades (oração, sintagma, palavra) que os compõem e o modo como elas se organizam;
• estabelecer distinção entre os conceitos de frase, oração e período, observando as características 
específicas de cada um deles.
•
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•
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https://www.youtube.com/watch?v=CEhULEdLLpc&index=19&list=PLJTYyIbC0TwkqEUWQK0n23wNA2zUSuZf5
	Introdução
	1.1 Sintagma: conceitos
	1.1.1 O que é um sintagma
	1.2 Os diferentes tipos de sintagma
	1.2.1 Tipos de sintagma
	1.3 Frase, oração e período
	1.3.1 Frase
	1.3.2 Oração
	1.3.3 Período
	1.4 A estrutura do sintagma
	1.4.1 Como um sintagma se estrutura
	Síntese
	Bibliografia

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