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Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas Projetos Educacionais - Novas práticas Angélica Campos Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas Introdução Nesta última unidade, serão tratados os temas que se relacionam ao contexto da sala de aula, como os problemas de dificuldades de aprendizagem, enfrentados por muitos professores no Brasil. Em muitos casos, há a falta de conhecimentos aprofundados a respeito de muitos transtornos de aprendizagem, o que dificulta a relação entre professores e alunos. Em especial, vamos tratar de uma experiência em educação popular, com o desenvolvimento da alfabetização em uma comunidade para a qual a EJA trouxe novas perspectivas em termos de geração de consciência crítica. A seguir, vamos falar sobre a seleção e a organização de conteúdos para a produção de materiais didáticos, temática que vem sendo bastante discutida pelos estudiosos em educação, dada a nova configuração da sociedade e da introdução da tecnologia como forma de aprendizagem na escola. Ainda vamos ver experiências inovadoras em educação, as quais promovem, por meio da valorização patrimonial e da tecnologia como ferramenta de ensino, aprendizagens educacionais que incentivam a ética social e a cidadania plena. Espero que as reflexões propostas com este trabalho possam ser de auxílio para a prática docente dos estudantes que se proponham a contribuir para a construção de uma escola em consonância com as novas práticas em educação. 1. Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas – Dificuldades de Aprendizagem Após todo um percurso teórico, chegamos ao momento de aplicação dos vários conceitos estudados, em que poderemos colocar em prática tudo o que foi visto e Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas discutido até aqui. Todo estudo baseado em desenvolvimento de ideias que contribuam para melhorar as práticas educativas tem como objetivo principal a aplicação do resultado das reflexões propostas para a vivência escolar. Assim, neste módulo vamos ver como funcionam a aplicação das teorias inovadoras na educação, observando e experimentando, concluindo sobre o que é efetivamente funcional, como e porque tem oferecido resultados satisfatórios. Para isso, utilizaremos as contribuições de estudos de caráter prático, que apresentam experiências concretas, que são de grande valia para nossa aprendizagem. Sintetizando o modelo de educação que se pretende ver ativado de norte a sul do Brasil, Saviani (1999) trata de uma pedagogia que esteja em sintonia com os interesses populares, que valorize a escola e não se mostre indiferente ao que ocorre em seu ambiente interno, que se empenhe pelo seu bom funcionamento, cujos métodos de ensino sejam eficazes. Sabe-se que este modelo é idealizado por muitos educadores e educandos, pois se há uma instituição escolar para a formação do indivíduo, que esta esteja bem preparada para que tal formação se dê de maneira plena, em todos os âmbitos da vida social. A fim de vencer os obstáculos que impedem a escola de se tornar o lugar de transformação do indivíduo por excelência, iniciativas vêm sendo produzidas em alguns projetos governamentais, como o realizado pela Secretaria de Educação do Paraná, por meio do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, que é um projeto de suporte ao desenvolvimento educacional para os professores da rede pública estadual. Ao tratar do tema metodologias diversificadas para alunos com dificuldades de aprendizagem, Blanco (2009) buscou esclarecer as causas que interferem no processo de ensino-aprendizagem para educadores, que atuam nas 5ª séries do Ensino Fundamental, professores do curso de formação de docentes e pedagogos. Além disso, o projeto tratou da proposição de metodologias diversificadas para atender as necessidades individuais dos alunos. Estruturado em eixos temáticos, o percurso de trabalho foi efetuado em oito encontros, sendo que, no primeiro deles, abordaram-se as dificuldades do professor Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas em entender o perfil de aprendizagem dos alunos, já que as possibilidades são múltiplas, desde o estímulo visual, passando pela movimentação, até a interação por áudio, segundo Bruno (2006). Porém, na maioria das vezes, o recurso utilizado pelo professor é a exposição oral, sem outro estímulo que oriente a compreensão pela totalidade da classe, conforme Blanco (2009), o que compromete a aprendizagem e gera o desinteresse pelo aluno em dificuldade. Os distúrbios discutidos no projeto foram: ❖ a dislexia, que se trata de uma desordem do aprendizado que afeta a leitura, a ortografia e a linguagem escrita, conceito elaborado por Chamat (2008); ❖ a disortografia, que se refere a um atraso de linguagem ou a uma disfunção neurofisiológica, segundo Santos (2011); ❖ a disgrafia, que ocorre quando as crianças apresentam desordem no texto, margens mal feitas, espaço irregular entre as palavras e linhas, traçados de má qualidade, sem, contudo, relacionar-se a problemas de ordem neurológica ou motora, como aponta Lino (2005); ❖ a discalculia, que é a incapacidade para raciocinar, impedindo a compreensão dos processos e princípios matemáticos, de acordo com Chamat (2008). ❖ o TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), que se configura em três aspectos: a desatenção (dificuldade de focar a atenção); a hiperatividade (comportamento inquieto); e a impulsividade (dificuldade em respeitar os limites quando em grupo), como vemos em Morais (2007). Além do entendimento dos problemas de ordem biológica e psicológica, buscou-se a reflexão para os seguintes questionamentos: como os professores estão ensinando e como os alunos estão aprendendo? Por que eles já não têm mais interesse nas aulas? Por que a cada ano os alunos têm maior defasagem de conteúdos? Blanco (2009). Estas questões trazem à tona os desafios que os docentes enfrentam na prática cotidiana, e a reflexão acerca delas pode levar a alternativas para evitar que o ensino se baseie somente no mecanicismo e na falta de autonomia dos alunos. Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas 1.1. Resultados do projeto de desenvolvimento educacional Foram aplicados questionários aos participantes do projeto, para identificar a maneira como desenvolvem suas aulas e como lidam com a aplicação de metodologias de trabalho que auxiliem os alunos em dificuldade. Sob este aspecto, conforme Blanco (2009, p. 18), os professores relataram que: "Aos alunos que apresentam mais dificuldades, tento, na medida do possível, dar atividades diferenciadas como cruzada, caça-palavras, livros de leituras para fazerem em casa, dentre outros". (Professor C); Após a finalização das etapas do projeto, da leitura e discussão dos textos e dos temas em torno da aprendizagem, foram discutidos os meios pelos quais os professores poderiam não só propor mudanças na prática pedagógica e no modo dever o aluno com dificuldades de aprendizagem, como também rever as metodologias que utilizam. Assim, o grupo propôs que: a) Observação comportamental (em relação aos fatores sociais e psicológicos) dos alunos em sala de aula; b) Sondagens avaliativas nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, para reconhecimento da apropriação dos conteúdos básicos; c) Entrevista com os pais (anamnese); d) Aplicação de testes psicopedagógicos; e) Reunião semanal/mensal, com os professores para verificação do rendimento dos alunos. (BLANCO, 2009, p. 25). Nesta experiência, os professores puderam repensar a respeito da forma de trabalho, quando se encontram diante de alunos com dificuldade de aprendizagem, passando a perceber que não se trata de questões relacionadas à indisciplina ou a problemas sociais, mas que possuem um fundo neurológico e motor que dificulta o processo de aprendizagem, e, por isso mesmo, requerem maior cuidado e atenção para contornar tal dificuldade. Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas 2. Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas – Educação Popular A educação popular configura-se como a educação produzida pela comunidade, para usufruto da própria comunidade, dadas as inúmeras dificuldades com as quais os grupos de analfabetos ou de semianalfabetos convivem. Apesar dos repasses financeiros da ordem de R$ 2 bilhões, realizados pelo Governo Federal, de 2004 a 2012, para o Programa Brasil Alfabetizado, do Ministério da Educação, conforme Machado (2015), a realidade observada, em muitas localidades, é a de apoio dos participantes da própria comunidade, em conjunto com entidades sem fins lucrativos, organizadas em torno da promoção do bem comum pela educação e politização do educando. Com base na pedagogia da libertação, de Paulo Freire, iniciativas em torno de melhorias na educação de jovens e adultos se expandiram em todo o país, na busca pela democratização do acesso à educação, de forma aberta e em diálogo constante entre educadores e educandos, promovendo a consciência crítica e o desenvolvimento do indivíduo em sociedade. Assim, conforme Veloso: Na propositura de uma educação progressista como prática da liberdade, busca uma teoria curricular dialógica substituindo o autoritarismo da escola tradicional pelo diálogo democrático nos diversos espaços, vivências e momentos da aprendizagem. Essa aprendizagem dialógica que leva a uma consciência crítica sobre si, sobre o mundo e sobre o outro. O homem conhece a si, aos outros e se faz agente de sua própria história. Assim se expressa o pensamento de Freire. (VELOSO, 2004, p. 54). Pensando nisso, reflexões acerca da educação que desejamos se fazem pertinentes, pois o contexto atual remete ao da prática pela subserviência, pela automação dos processos pedagógicos e pela desvalorização profissional docente. Se incluirmos a EJA na pauta educativa, os problemas se assomam aos da escola regular, intensificados pela ausência de políticas públicas efetivas e de espaços de trocas de experiências, que permitiriam a ampliação de práticas e de metodologias para mais Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas comunidades e sociedades. Neste sentido, Lelis (2001) apresenta os desafios da escola por meio das questões a seguir: Que cuidados precisamos tomar para não privilegiarmos em excesso a realidade intra-escolar, micro-social, e perdermos com isto dimensões contextuais do trabalho docente no plano político social mais amplo? Como evitar o superdimensionamento do pedagógico, indiferente às diferenças sociais de gênero, classe social e etnia, tão fortes em nosso país? Como lidar com a dimensão cognitiva articulando-a à esfera das culturas com seus ritos, símbolos e mitos? (LELIS, 2001, p. 54). Em um contexto colonialista, eurocêntrico, cujo conhecimento válido é exclusivamente científico, os sujeitos pertencentes às comunidades socialmente excluídas acessam a educação pelo auxílio de voluntários da sua comunidade, que se disponibilizam a colaborar para a alfabetização e a educação de jovens, adultos e idosos. Para se contrapor à hegemonia do saber institucionalizado, a pedagogia decolonial propõe “evocar um conhecimento outrora marginalizado, dando-lhe visibilidade crítica, (...) que é entendida para além da transmissão do saber por meio do ensino”, de acordo com Lucini (2019, p. 4). Além disso, busca restaurar “as realidades, subjetividades, histórias e lutas das pessoas, vividas num mundo regido pela estrutura colonial”, como aponta Walsh (2009, p. 26). Assim, experiências que apresentaram resultados eficientes, mesmo diante de tantos desafios, são exemplos que devemos replicar, para que outras comunidades possam ser inspiradas a desenvolver novas estratégias educacionais em seus espaços. Uma dessas experiências é o projeto de alfabetização de adultos organizado pela Pastoral da Criança no Estado de Sergipe, de 2000 a 2011, que tinha por objetivo “contribuir para que líderes e familiares das crianças acompanhadas pudessem resgatar um dos direitos humanos fundamentais que lhes foi negado: a alfabetização”, segundo Lucini (2019, p. 10). Objetivou-se ainda o combate à mortalidade infantil, pois constatou-se que “quanto maior o índice de analfabetos no município, maior era a taxa de mortalidade infantil” Lucini (2019, p. 10). Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas Você quer ver? Assista ao filme “Entre os muros da escola”, do diretor Laurent Cantet (2008). Baseado no livro homônimo de François Bégaudeau, que relata sua experiência como professor de francês em uma escola de ensino médio na periferia parisiense, lugar de mistura étnica e social, um microcosmo da França contemporânea. 2.1. O Projeto de Educação de Jovens e Adultos da Pastoral da Criança As atividades do projeto se concretizavam com o auxílio de voluntárias, que se encarregavam da monitoria e supervisão. Conforme Lucini (2019), a monitoria era acompanhada pela supervisão, e esta pela coordenação: A monitora, alfabetizadora responsável por uma turma, recebia formação pela instituição e possuía, no mínimo, o ensino fundamental completo. Ela era acompanhada por uma supervisora, que lhe dava orientações e apoio para esclarecer possíveis dúvidas. (...) Essa supervisora era acompanhada à distância pela Coordenação Nacional do Projeto de Educação de Jovens e Adultos da Pastoral da Criança e por uma coordenação local, o que se realizava por meio de visitas e acompanhamento das Folhas de Acompanhamento e Avaliação de Educação de Jovens e Adultos e relatórios. (LUCINI, 2019, p. 10). Os trabalhos se desenvolviam em conjunto, por meio de troca de experiências e na partilha de saberes geradores de aprendizagens. Rivero (2009, p. 52) salienta que: “As práticas educativas contribuíam para que as pessoas se ajustassem aos interesses de outras pessoas e do grupo.” As aulas eram elaboradas a partir de temas geradores, que se relacionavam à realidade local. Em (Lucini, 2019, p. 10), vemos: “A primeira semana de aula era mobilizada a partir da frase “Quem sou eu?”. Na segunda semana, a lição era trabalhada a partir da temática “Vida”, e as próximas versavam sobre família, moradia, terra, comida, saúde, educação e cidadania”. Os temas Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas geradores possibilitavam aos participantesfazer “descobertas sobre si, sobre o outro, sobre a comunidade. A dinâmica ocorria por meio da construção, reflexão e reconstrução contínua do ato educativo” (Lucini, 2019, p. 11). Os encontros se davam, às vezes, nas casas, nas igrejas ou nos espaços comunitários, ou seja, nos espaços da própria comunidade, permitindo ao sujeito a familiarização com o projeto, re-criando o espaço escolar sob outra perspectiva, mais próxima da realidade dos participantes e longe das abordagens tradicionais, que tornam homogêneos os saberes e promovem práticas excludentes. As alfabetizadoras ou monitoras, além de voluntárias dispostas a contribuir para a educação dos seus pares, contribuíam também para a conscientização e politização dos educandos, ainda que não tenham sido formadas em um processo de ensino regular. Ainda assim, essas mulheres, com seu olhar para o outro, com a vontade de promover a transformação daqueles que não tiveram a chance de frequentar uma escola regular foram capazes de oferecer-lhes esta chance, de mudar a trajetória de suas vidas, ao mesmo tempo em que se profissionalizaram por meio da prática e do saber compartilhado, provando que não há limites que possam impedir a implantação de modelos de educação popular. 3. Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas – Seleção de Conteúdos Neste tópico, serão tratados os temas relacionados à seleção de conteúdos para o favorecimento da aprendizagem, que se constitui em uma melhor adequação dos aspectos relevantes para a produção de materiais didáticos. O novo contexto social requer também novas propostas para o ensino ativo e de qualidade, que ofereça ao educando a formação para a vida e em sintonia com as novas tecnologias, com a sociedade do futuro e as novas formas de relacionamento interpessoal. Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas Dessa forma, a seleção e organização dos conteúdos curriculares deve ser realizada de forma planejada, com vistas a alcançar melhores resultados em aproveitamento da aprendizagem. Cabe destacar, inicialmente, o conceito de conteúdo proposto por Piletti (1987), que relaciona o conteúdo como meio organizado de aprendizagem (informações, dados, fatos, conceitos) e como experiência educativa (vivências dos alunos), sendo ambos importantes para a aquisição de conhecimentos. Pensando em como se institucionalizam esses conceitos na prática escolar, Haydt (2006) os organiza da seguinte forma: ❖ Programa escolar oficial — É elaborado pelo sistema oficial de ensino, orientando o trabalho docente, por meio da definição dos conceitos básicos e das habilidades fundamentais a serem desenvolvidos. ❖ Programa pessoal de cada professor — É o plano de ensino de cada professor, que sistematiza as diretrizes curriculares do sistema de ensino, adaptando-as ao nível de desenvolvimento e às aprendizagens anteriores dos alunos. Para estabelecer como se dará a seleção dos conteúdos, o professor deve considerar alguns critérios, elencados a seguir, conforme Haydt (2006): ➢ Validade — os conteúdos são válidos quando se relacionam aos objetivos educacionais propostos, bem como quando há uma atualização dos conhecimentos do ponto de vista científico. ➢ Utilidade — os conteúdos curriculares são considerados úteis quando satisfazem as necessidades e expectativas dos alunos, da mesma forma que quando têm valor prático para eles. Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas ➢ Significação — a interligação entre os conhecimentos prévios dos alunos e aqueles a serem adquiridos por eles torna o conteúdo significativo e interessante. ➢ Adequação ao nível de desenvolvimento do aluno — os conteúdos que serão ensinados devem corresponder às aprendizagens essenciais e desejáveis, estabelecendo o desenvolvimento das potencialidades do aluno. ➢ Flexibilidade — ocorre quando há a supressão de itens ou acréscimo de novos tópicos, a fim de ajustá-los ou adaptá-los às reais condições, necessidades e interesses do grupo de alunos. Haydt (2006, p. 96) pontua ainda que o aluno deve participar ativamente na elaboração pessoal do conteúdo trabalhado, “fazendo associações e comparações, relacionando e integrando os novos elementos aos já assimilados, pesquisando e organizando novas informações, selecionando alternativas e avaliando ideias”. Isso porque o processo de reconstrução do conhecimento se dá por meio de uma estreita relação com o conteúdo, no trabalho com o desenvolvimento de conceitos e de ideias que colaborem para a efetiva aprendizagem. Por fim, Tyler (1974) sintetiza três tipos de estruturas de organização: - a lição, tratada como uma unidade distinta, e separada em temas pelos dias em que eram aplicadas; - o tópico, que pode ter sua duração estendida em vários dias ou várias semanas; - a unidade, que inclui experiências distribuídas por várias semanas e organiza-se por meio de problemas ou de projetos importantes dos alunos. Como vimos, os conteúdos precisam seguir uma linha de raciocínio para que possam produzir os efeitos esperados. Os currículos para o Ensino Médio e para a EJA têm sido bastante criticados, por justamente não apresentar uma sequência lógica, um planejamento estruturado e por não seguir uma sistemática organizada, em que os conteúdos possam se aprofundar ao longo do tempo, bem como permitir o desenvolvimento da capacidade criativa dos alunos, incentivando-os. Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas Você sabia? Que no sistema de ensino do Japão a escola é bem diferente da cultura da educação brasileira? Tarefas como a limpeza da sala são feitas pelos próprios alunos e as atividades extracurriculares de esporte e artes ensinam o respeito à coisa pública e a importância do trabalho em grupo. Dependendo do esporte, há tarefas como repor a água e carregar o material esportivo dos veteranos. Embora não seja obrigatório, os alunos participam dessas atividades extracurriculares por temerem ser excluídos do grupo. Os treinos tomam praticamente todo o tempo de quem estuda e também de quem ensina. Além das aulas e da responsabilidade com os times e a banda da escola, a rotina de um professor no Japão inclui aconselhamento, serviços administrativos e visitas às casas dos alunos. De acordo com relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), os professores japoneses são os que mais trabalham entre os países desenvolvidos. Eles cumprem 1.883 horas por ano, contra a média mundial de 1.640, mas o tempo que passam efetivamente dando aulas é menor do que em outros países industrializados. Adaptado de: KAMATA, Fátima. Tóquio (Japão) para a BBC News Brasil, 15 out. 2018. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-45738220>. Acesso em: 18 jul. 2019. Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas 3.1. Produção de material didático – uso da tecnologia Vimos, até então, como se organizam os conteúdos e como devem ser devidamente planejados para a sua utilização em sala de aula. Passemos agora a verificar como funciona, na prática, a relação entre o conteúdo, a sua produção e as impressões de professores a respeito dos materiais didáticos que podem ser utilizados para incrementar a sua prática quotidiana, trazendo novos significados para os espaços da escola e incentivando a busca do conhecimento pelos alunos. A fim de obter informaçõesentre professores a respeito dos materiais didáticos, Fiscarelli (2007, p. 2), realizou pesquisa com 9 professores, que lecionam numa mesma escola pública de Ensino Fundamental - ciclo II, em Araraquara- SP. As opiniões sobre os significados e valores que os professores atribuem à utilização desses materiais em sala de aula influenciam, diretamente, na prática do dia a dia, a depender da forma como o docente percebe a contribuição do material para a eficácia da aprendizagem. Assim, inicialmente, solicitaram-se quais seriam as formas de materiais didáticos que os professores reconhecem, para delimitar um universo de possibilidades de uso com finalidade pedagógica. Com isso, a pesquisa retornou que: Os professores entrevistados reconhecem como materiais didáticos vários objetos, desde os mais tradicionais como o giz, a lousa e o livro didático, até os mais modernos como os computadores. O retroprojetor, o episcópio, o microscópio, a televisão, o vídeo, o jornal, as revistas, os livros paradidáticos, os dicionários, os mapas, os atlas, os textos xerocados, a música, os jogos, a sucata, os papéis coloridos, a cola, a tesoura, os lápis e canetas, o caderno, as folhas de papel, os slides, as lâminas, os aparelhos multimídias, (...) A música, os exercícios escritos também foram reconhecidos pelos professores como materiais didáticos. (Fiscarelli, 2007, p. 2). Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas Vê-se que há inúmeras possibilidades elencadas, o que indica que os professores reconhecem várias formas de materiais que podem ser utilizados como recurso de ensino e de aprendizagem, entre elas, o computador, mostrando que a tecnologia da informação já não é tão ignorada como meio de fornecer subsídios para capacitar os alunos nesta habilidade. Para o professor, os materiais didáticos complementam a ação pedagógica, na medida em que auxiliam na atração e na retenção do interesse do aluno, conforme mostra o depoimento a seguir (Fiscarelli, 2007, p. 4): "porque, prá começar, só a nossa figura humana, quanto educador, não atrai. O material didático ele enriquece e o aluno gosta de manusear, de ver. Então a visão das coisas, o manuseio enriquece a aprendizagem (PROFESSOR D)". Em uma outra experiência prática, de produção de material didático, Melchiori (2015) relata os resultados de pesquisa realizada em sete turmas da educação básica de uma escola pública de Betim, cuja proposta baseou-se na produção de um vídeo sobre o Halloween. Para Melchiori (2015, p. 53): "A produção de um material didático deve considerar a sua necessidade, o público ao qual se destina, as características gerais desse público, como idade, gênero, conhecimento prévio, entre outros." Além disso, é necessário conhecer os instrumentos tecnológicos e físicos que se possui para a efetiva produção de materiais que estimulem a curiosidade dos alunos. Para a produção do vídeo educativo, realizou-se um planejamento, definindo- se o objetivo, a elaboração e o desenvolvimento, assim como a avaliação do material. Na fase de elaboração, criou-se roteiro do vídeo, no formato texto. A seguir, realizou-se a pesquisa de imagens e símbolos, além de sons e outros clips. Com a base do vídeo pronta, criou-se um storyboard (que é a representação em imagens da sequência do vídeo) com a prévia do material. Na finalização, o projeto preliminar foi reelaborado em software para criação de vídeos, momento em que acrescentou-se novas imagens e sons, além dos efeitos de transição entre os slides elaborados (Melchiori, 2015, p. 53). Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas Os vídeos foram exibidos em DVD ou Datashow, dependendo do perfil da turma e da organização da escola. Houve a intervenção do professor, tanto na apresentação do material quanto durante a exibição do filme (Melchiori, 2015). Após a experiência, foram aplicados questionários aos participantes, com o fim de se obterem dados relevantes para a avaliação do experimento. Segundo Melchiori (2015, p. 56): "Os resultados obtidos demonstram que o uso dos recursos tecnológicos no exercício docente é, de fato, uma maneira inovadora e mais interessante de exposição de conteúdos e mediação da aquisição do conhecimento". Aqueles alunos que foram expostos à exibição do vídeo apresentaram aproveitamento do conteúdo aplicado maior, em relação àqueles que tiveram o mesmo conteúdo explorado por meio de livro, textos, quadro e aula expositiva (Melchiori, 2015). Observa-se, dessa forma, que a utilização de materiais didáticos produzidos tecnologicamente é uma forma de ensino e aprendizagem inovadora, na medida em que promove o maior interesse do aluno pelo tema, bem como a maneira pela qual são exploradas suas possibilidades pelo professor. Iniciativas como esta precisam ser aplicadas em maior escala, incentivando também a participação efetiva dos estudantes na pesquisa e na criação dos materiais didáticos. 4. Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas – Educação para a cidadania A educação transpõe os limites impostos, durante anos, por práticas culturais ligadas ao passado histórico brasileiro e, hoje, estamos diante da busca por alternativas que implementem novas formas de se relacionar em sociedade, novos caminhos para o enfrentamento dos desafios para os próximos séculos. Para isso, a Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas escola, os institutos de cultura e a sociedade em geral precisam unir-se em prol de um objetivo comum: a educação para a cidadania e para a consciência crítica. Lévy (1996) salienta que as mudanças das técnicas, da economia e dos costumes têm ocorrido de maneira tão rápida e desestabilizante, como nunca ocorreu. No cenário educativo, Giareta, (2011, p. 7315) aponta que este se encontra “repleto de novas exigências e rupturas que (...) viabilizam a emersão de abordagens que intencionam a transformação e a inovação, enquanto busca por uma prática pedagógica que, efetivamente, compreenda a educação como fenômeno sociocultural”. A Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB - Lei nº 9394, de 20/12/1996, defende, no Artigo primeiro, que a educação deve se desenvolver não apenas nas instituições de ensino, mas também na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais, o que corrobora o Artigo 2º, cuja finalidade da educação é “o pleno desenvolvimento do educando em seu exercício da cidadania”; assim como o Artigo 1º Parágrafo § 2º, que vincula a educação escolar “à prática social”. Tais instrumentos são importantes, na medida em que favorecem a ampliação das possibilidades de educação, como processo de construção permeado pela vida em sociedade, e convoca todas as instâncias a assumirem um compromisso com a aprendizagem educacional. Segundo Freire (2013), não é possível a existência de prática educativa neutra, indiferente e distanciada dos propósitos sociais e políticos. A ação educacional, na visão tradicional, valorizava a aprendizagem engessada e distante da realidade contextual dos alunos, mas vê-se que hoje não se pode abrir mão de uma educação que privilegie o indivíduo em sua totalidade. Da mesma forma, IPHAN (2014, p. 22) afirma: “Os diferentes contextos culturais em que as pessoas vivem são, também, contextos educativos que formam e moldam os jeitos de ser e estar no mundo. Essa transmissão cultural é importante, porque tudo é aprendido por meiodos pares que convivem nesses contextos”. Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas Você quer ver? Assista ao filme “Meu Mestre, Minha Vida”, do diretor John G. Avildsen (1989) O professor Joe Clark é convidado por seu amigo Frank Napier a assumir o cargo de diretor na problemática escola em Paterson, New Jersey. Com seus métodos nada ortodoxos, Joe se propõe a fazer uma verdadeira revolução no colégio, marcado pelo consumo de drogas, disputas entre gangues e considerado o pior da região. Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas 4.1. Programas de Valorização da Cultura em Contextos Educacionais Vamos tratar sobre as experiências em educação que têm funcionado de maneira efetiva na consolidação dos princípios de uma sociedade em sintonia com a formação do indivíduo para a cidadania, para a ética e para a inovação. Neste sentido, a publicação do IPHAN (2014), que aborda a educação sob o ponto de vista de preservação do patrimônio, destaca que a ação educativa se ampliou para espaços antes considerados isentos de sentido cultural para a sociedade, comprovando que a educação pode ocorrer em todo e qualquer espaço, desde que seja utilizado pelo grupo ao qual pertence: Paulatinamente, as políticas educativas foram se afastando de ações centradas em acervos museológicos e restritas a construções isoladas para a compreensão dos espaços territoriais como documento vivo, passível de leitura e interpretação por meio de múltiplas estratégias educacionais. Seus efeitos se potencializam quando conseguem interligar os espaços tradicionais de aprendizagem a equipamentos públicos, como centros comunitários e bibliotecas públicas, praças e parques, teatros e cinemas. (IPHAN, 2014, p. 24). O IPHAN desenvolve, em parceria com universidades e com escolas da rede municipal e estadual, projetos de educação voltados para a preservação e valorização do patrimônio histórico nacional, potencializando as possibilidades de inserção da cultura e da história na vida das comunidades e estabelecendo um paralelo para que a comunidade valorize a produção cultural que é própria de sua região e, como tal, faz parte da memória e do futuro coletivo. O Programa de Extensão Universitária – ProExt - é coordenado pela Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação – SESU/MEC e objetiva apoiar as instituições públicas de ensino superior no desenvolvimento de programas ou projetos de extensão com ênfase na inclusão social. Os professores e estudantes das instituições de ensino superior, em conjunto com a comunidade, reforçam o sentido da cidadania e interagem com o conjunto de experiências e saberes das comunidades nas quais as universidades estão inseridas (IPHAN, 2014). Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas Outro Programa, desenvolvido pelo órgão, é o Mais Educação, idealizado pelo governo federal para ampliar a jornada escolar e a organização curricular, em escolas das redes municipais e estaduais em contextos diversos, como escolas rurais e indígenas, escolas em áreas de pobreza e em zonas metropolitanas. É operacionalizado pela Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação – SEB/MEC, por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola – PDDE. As atividades envolvem temas associados às políticas federais desenvolvidas pelos ministérios parceiros, como o Ministério da Cultura e o Ministério da Ciência e Tecnologia. Assim, promovem-se "a ampliação de tempos, espaços, oportunidades educativas e o compartilhamento da tarefa de educar entre os profissionais da educação e de outras áreas, as famílias e diferentes atores sociais, sob a coordenação da escola e dos professores" (IPHAN, 2014, p. 33). É uma iniciativa que fomenta o interesse dos estudantes pela cultura e pela instituição de políticas públicas em educação, levando-os a buscar meios para desenvolverem seus conhecimentos, bem como novas possibilidades de ser e de estar no mundo. O documento afirma ainda (IPHAN, 2014, p. 33): "reconhecendo que a educação deve ser pensada para além dos muros da escola e considerando a cidade, o bairro e os bens culturais como potencialmente educadores, eles próprios". As atividades são organizadas por meio do inventário, constituído por fichas com informações sobre o Patrimônio Cultural local, a partir da visão dos estudantes. As categorias de classificação dos bens culturais – Lugares, Objetos, Celebrações, Formas de Expressão e Saberes – refletem as categorias que o próprio IPHAN/MinC utilizam em seus trabalhos de identificação e reconhecimento do Patrimônio Cultural do Brasil. Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas Outro projeto em que se fez uso da promoção de aprendizagens em grupo e da inovação em tecnologia foi a pesquisa realizada por Pagamunci (2008), em que se utiliza o correio eletrônico (e-mail) em língua inglesa, com alunos da 7ª série do ensino fundamental de escola pública. A pesquisadora fez uso de uma sequência didática na aplicação do projeto, a fim de “motivar o educando a interagir com a máquina, a língua estrangeira, com a professora e os demais colegas de sala” (Pagamunci, 2008, p. 8). Após a verificação de que todos os alunos dispunham de uma conta de e-mail, ferramenta essencial para o desenvolvimento do projeto, cuja duração se estendeu por dez aulas de língua inglesa. As atividades se desenvolveram no laboratório de informática, e os alunos foram estimulados a trocar e-mails entre os colegas, escritos em inglês e com temas relacionados à realidade dos estudantes, como família, lazer, esporte e estilo musical. No decorrer do projeto, descobriu-se que muitos dos alunos não dominavam as estruturas básicas da língua e nem tampouco a tecnologia de encaminhamento de emails, situações que foram superadas com o auxílio da professora e dos colegas de classe. Além disso, durante as trocas de mensagens eletrônicas, a pesquisadora relata que (Pagamunci, 2008, p. 10): “A participação deles foi quase unânime, trocamos alguns e-mails, nos quais pude auxiliá-los na escrita e correção”. O projeto, além da troca de emails, estimulou o uso do programa Power Point pelos alunos, com o objetivo de transformar as mensagens trocadas pelo grupo em slides, para o estudo da língua e de suas estruturas. Assim, Pagamunci (2008) complementa: Como o objetivo era inovar, fazer uso de tecnologias, houve mudanças no trabalho e foi agregado junto às mensagens dos e-mails o uso do programa de Power Point, (...) os transformaram em slides. Observou-se que os alunos se sentiram mais motivados, pois durante a produção desse programa, houve um empenho e cooperação maior por parte deles. (Pagamunci, 2008, p. 10). Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas Como resultado, a pesquisadora relatou que, mesmo diante das dificuldades, como indisciplina e dispersão de alunos no laboratório, problemas de reconhecimento de estruturas do inglês e a falta de familiaridade com as ferramentas de comunicação eletrônica, o trabalho retornou boas perspectivas, pois houve um reconhecimento maior da ação do professor pelos estudantes, que, segundo Pagamunci (2008): Precisam ser encorajados a novas experiências e aprender a permitir falhas e aceitar fraquezas, seja na posição de aluno ou professor.Depois da utilização do ambiente de informática, percebi que meus alunos passaram a ter uma nova visão com relação ao trabalho realizado, valorizando o profissional da educação, tratando-o de uma forma diferente, com mais admiração. (PAGAMUNCI, 2008, p. 10). Esta experiência demonstra que a introdução da tecnologia na sala de aula se faz necessária, pois promove a interação entre os alunos e os professores, tornando a relação em sala de aula mais fluída, trazendo o aluno para o contexto de aplicação do tema da aula e estimulando o professor a buscar alternativas mais dinâmicas para incremento das atividades a serem desenvolvidas. Síntese Neste módulo pensamos sobre a educação em perspectiva futura, no que se refere a novos contextos na relação professor-aluno e na produção de materiais didáticos, além da educação de acordo com a formação ética e cidadã. Viu-se que o respeito às dificuldades de aprendizagem de alunos pode criar uma maior cumplicidade em sala de aula, e que o professor é peça chave na identificação de problemas de ordem neurológica ou motora. Abordamos também a importância de experiências em EJA nas comunidades menos escolarizadas, que, por meio de um trabalho voluntário e unido, mostra que é Metodologia e Prática de Ensino de Português: Ensino Médio e EJA - Unidade 4 - Metodologia e prática de ensino aplicada a Projetos Educacionais - Novas práticas possível desenvolver um ensino gratuito e de qualidade, voltado para a realidade local e promovendo a formação crítica do sujeito, como Paulo Freire defendeu arduamente. Tratamos ainda sobre a organização de conteúdos e a produção de materiais didáticos, como instrumentos que ampliam as possibilidades em sala de aula, por meio do reconhecimento de sua importância pelo professor e da inovação no uso da tecnologia. Em última instância, falamos sobre a relação entre a educação e a formação ética e cidadã, no contexto da educação patrimonial e do uso da tecnologia como formas de estabelecerem novas conexões entre a educação e os contextos sociais dos indivíduos, indo além do conteúdo engessado e buscando parcerias na promoção da educação de qualidade. Todo este percurso é de extrema importância para que você, futuro professor, possa produzir reflexões com vistas a repensar os rumos da educação e a propor novas formas de se conceber a educação que queremos e podemos implantar em nosso país. Bibliografia BLANCO, Ms. M. B.; SATO, C. A. de S. Superando limites por meio de metodologias diversificadas. In: Os Desafios da Escola Pública Paranaense na Perspectiva do Professor PDE. Secretaria de Educação do Estado do Paraná, vol. I, 2009. Disponível em: <http://www.diaadi aeducacao.pr .gov.br/portals/cadernospde/pdebusca /producoes_ pde/2009_uenp_pedagogo_ artigo_ conceicao_aranha_de_sousa_sato.pdf>. 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