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3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PAREN… 1/27 NORMA E USOS DA LÍNGUA PORTUGUESANORMA E USOS DA LÍNGUA PORTUGUESA SINTAXE DA CONCORDÂNCIASINTAXE DA CONCORDÂNCIA VERBO-NOMINALVERBO-NOMINAL Autora: Me. Nahendi Almeida Mota Revisor : Dr . A ly Dav id Arturo Yamal l Ore l lana I N I C I A R 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PAREN… 2/27 introdução Introdução Todas as gramáticas dedicam um espaço para tratar de assuntos relacionados a concordâncias e regências verbais e nominais. Algumas dedicam-se a explicar as regras conforme a norma padrão, orientando os seus leitores a seguirem-nas incisivamente; outras já caminham em direção à comparação entre o que a norma padrão prescreve e o que os usuários considerados cultos usam. Sendo assim, nesta unidade, trataremos de alguns desses debates e identi�caremos, no processo comunicativo, como se dão as diferenças entre norma e uso no tocante à concordância e à regência. Além disso, listaremos alguns desses usos, a �m de compararmos norma tradicional e norma contemporânea da língua portuguesa. 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PAREN… 3/27 Para iniciarmos este tópico, foram selecionadas algumas de�nições para concordância verbal, todas elaboradas por gramáticos e linguistas renomados. Vejamos. Diz-se concordância verbal a que se veri�ca em número e pessoa entre o sujeito (e, às vezes, o predicativo) e o verbo da oração (BECHARA, 2010, p. 416, grifos do autor). A concordância é a conformidade morfológica entre uma classe (neste caso, o verbo) e seu escopo (neste caso, o sujeito). Essa conformidade implica, portanto, na redundância de formas, ou seja, se houver marcação de plural no sujeito haverá marcação de plural no verbo (CASTILHO, 2014, p. 411). Tradicionalmente se entende a concordância verbal como uma espécie de harmonia entre o verbo e um dos termos da oração, o sujeito: o verbo assumiria certa forma conforme o SN que preenche a Sujeito e Verbo: A ConcordânciaSujeito e Verbo: A Concordância VerbalVerbal 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PAREN… 4/27 função de sujeito, e por isso se diz eu vou, mas você vai e eles vão (PERINI, 2018, p. 381, grifos do autor). Em suma, concordância verbal diz respeito à forma assumida pelo verbo a depender do sujeito que o acompanha, isto é, se o sujeito estiver no singular, o verbo estará no singular, e se o sujeito estiver no plural, o verbo também estará no plural. Assim, se estivermos nos referindo a um menino só, diremos “O menino correu”, ao passo que, para falarmos de mais de um, usaremos “Os meninos correram”. Assim como os gramáticos explicam a noção de concordância verbal, eles também a�rmam que esta é menos presente na fala do que na escrita, a�nal, a escrita – a depender do gênero textual – é muito mais monitorada do que a fala. Bechara (2010, p. 417) destaca que Na língua oral, em que o �uxo do pensamento ocorre mais rápido que a formulação e estruturação da oração, é muito comum enunciar primeiro o verbo – elemento central da atividade comunicativa – para depois se seguirem os outros termos oracionais. Nessas circunstâncias, o falante costuma enunciar o verbo no singular, porque ainda não pensou no sujeito a quem atribuirá a função predicativa contida no verbo; [...]. Além disso, Castilho (2014) elenca cinco fatores que levam o falante a não fazer a concordância conforme prescreve a norma culta. Essas informações são relevantes, sobretudo para professoras(es), porque, entendendo a motivação da falta de concordância, ela(e) poderá pensar em atividades que levem seu aluno a dominar, também, a maneira de falar mais prestigiada socialmente. Vejamos o conjunto de fatores apontados pelo autor: (i) Saliência morfológica 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PAREN… 5/27 Para relacionar concordância e saliência morfológica, o autor traz dois exemplos: a. Esses meninos são muito desobedientes. b. Eles fala que eles faz o que eles quer. Em (a), temos a concordância entre o sujeito e o verbo (“Esses meninos são”), e ela ocorre porque a distância entre a forma singular é e a forma plural são é muito grande. Já em (b), não há concordância entre o sujeito eles e os verbos fala, faz e quer. Como explicar isso? Para o autor, há uma proximidade mór�ca entre as formas singular e plural (falam, fazem e querem) desses verbos, isto é, elas são muito parecidas entre si, logo, o falante substitui uma pela outra. (ii) Proximidade/distância entre o verbo e o sujeito Castilho (2014, p. 412) a�rma que quando “o verbo se localiza adjacente ao sujeito, há mais probabilidade de ocorrer a concordância do que quando o verbo está distanciado”. Em outras palavras: a proximidade entre o sujeito e o verbo facilita a concordância, enquanto a distância prejudica. As sentenças que o autor seleciona para ilustrar esse fator são as seguintes: c. As contas pesaram muito na minha decisão de fazer mais economia. d. As contas deste ano, sobretudo depois que eu tive um pequeno aumento salarial, pesou na minha decisão de fazer mais economia. Em (c), o verbo está exatamente após o sujeito, o que facilita a concordância. Já em (d), muitas são as informações entre o sujeito e o verbo, fator que pode levar o falante a não fazer a concordância verbal. (iii) Posição do sujeito na sentença De acordo com Castilho (2014, p. 413), “sujeito anteposto favorece a concordância. Sujeito posposto desfavorece”, isto é, quando o sujeito vem antes do verbo, a tendência é que o falante faça a concordância, mas quando é o 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PAREN… 6/27 verbo que vem primeiro, a tendência é que o falante não a faça. Vejamos os exemplos do autor. e. As roupas que você encomendou já chegaram, depois de muita espera. f. Chegou, depois de muita espera, as roupas que você encomendou. Em (e), há concordância; em (f), não. Além de o verbo, em (f), estar anteposto ao sujeito, ele também está distante, outro fator que in�uencia a não concordância. Essa é uma observação importante, pois os fatores podem agir juntos em uma mesma frase. (iv) Paralelismo linguístico O paralelismo linguístico diz respeito à utilização de uma mesma estrutura sintática para organizar várias ideias. No caso da concordância, citando Scherre (1988), Castilho (2014) diz que marcas levam a marcas e zeros levam a zeros. g. Eles �cavam lá os dois, mas nunca se faláru assim. h. Tem outros que fala demais e num diz nada que se aproveite. Em (g), a marca de plural em �cavam levou o falante a também marcar o plural de faláru (falaram), ao passo que, em (h), a ausência de concordância em fala conduziu o falante a também não a marcar em diz. (v) Nível sociocultural dos falantes Para concluir a explanação dos fatores, o autor trata do nível sociocultural dos falantes. A�nal, como sabemos, ao analisar a língua, também analisamos quem a fala. Por isso, é importante, e diversos estudos linguísticos fazem isso, avaliar tanto os aspectos linguísticos quanto os extralinguísticos a �m de entender o porquê de determinados fenômenos ocorrerem. Essa postura, além de diminuir o preconceito linguístico, também serve para auxiliar o(a) professor(a), como já dissemos, a lidar com o assunto “concordância verbal” em sala de aula, visto que ele(a) precisa entender as causas para que sua prática seja realmente efetiva 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PAREN… 7/27diante do objetivo de levar o aluno a dominar a norma culta escrita do português. Vale destacar, ainda, a relação entre concordância verbal e a alteração no sistema pronominal pela qual o português brasileiro está passando. Sendo assim, o quadro 2.1, disponível em Bagno (2012, p. 986), resume bem essa questão. Quadro 2.1 – Conjugação verbal conforme a norma-padrão e a norma culta Fonte: Bagno (2012, p. 986). De um lado, estão os pronomes e os verbos conjugados conforme a norma padrão; do outro, os pronomes e as conjugações verbais em uso na norma culta, isto é, presentes na maneira de falar que tem prestígio em nossa sociedade. É interessante observar que o autor não insere “vós” na lista da direita, talvez porque ele entrou em desuso tanto na fala quanto na escrita dos NORMA-PADRÃO NORMA CULTA eu falo eu falo tu falas tu falas / tu fala / você fala ele fala ele fala nós falamos nós falamos / a gente fala vós falais vocês falam eles falam eles falam 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PAREN… 8/27 brasileiros, a não ser em situações comunicativas muito especí�cas, como as associadas aos discursos religioso e jurídico. Essa mudança no quadro pronominal do português interfere na maneira de fazer a concordância verbal, por exemplo: (a) o verbo que acompanha tu nem sempre virá conjugado como no quadro da esquerda (tu falas), além de que você também é compreendido como um pronome pessoal de segunda pessoa do singular; (b) a inclusão de a gente mexe com a concordância na primeira pessoa do plural, uma vez que a gente já está assumindo espaços que antes eram apenas do nós. O professor deve estar atento a todas essas mudanças, sempre a �m de planejar aulas e�cazes e produtivas para seus alunos. praticar Vamos Praticar Observe o trecho a seguir e, com base no que foi estudado neste tópico, isto é, a concordância verbal, assinale a alternativa que elenca todos os fatores que podem explicar o porquê de o falante não ter feito tal concordância. “Falta, segundo as informações que a instituição me passou, três dias para que o pedido chegue”. a) Três fatores podem explicar a falta de concordância nesse exemplo: a saliência morfológica; a distância entre o verbo e o sujeito; e a posição do sujeito na sentença. b) Falta concordância nessa sentença porque o falante não tem escolaridade. 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PAREN… 9/27 c) O fator que pode explicar a falta de concordância é o paralelismo linguístico, isto é, o falante manteve o verbo “faltar” no singular porque o verbo “chegar”, no final da frase, está no singular. d) Há apenas um fator que explica a ausência de concordância nessa frase: a distância entre o verbo e o sujeito. e) Não há ausência de concordância, pois quando o verbo está anteposto ao sujeito, ele deve vir sempre no singular. 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PARE… 10/27 A concordância nominal, assim como ocorre com a verbal, é um tema bastante presente nas gramáticas, pois, além de gerar dúvidas no falante, ela, ou melhor, sua ausência também é uma das marcas da fala estigmatizada e que recebe uma valoração negativa em nossa sociedade. Bechara (2010, p. 416) explica-a da seguinte maneira: “a que se veri�ca em gênero e número entre o adjetivo e o pronome (adjetivo), o artigo, o numeral ou o particípio (palavras determinantes) e o substantivo ou pronome (palavras determinadas) a que se referem”. Vejamos alguns exemplos. a. As meninas da minha escola são estudiosas, espertas e bonitas. b. O advogado da empresa é alto, moreno e muito educado. Em (a), a palavra determinada é “meninas”, que está no feminino e no plural, o que levou todas as palavras determinantes (“As”, “estudiosas”, “espertas” e “bonitas”) também para o feminino e plural, uma vez que elas devem concordar. O mesmo aconteceu em (b), pois, “advogado” é a palavra determinada, então Sintaxe da Concordância Verbo-Sintaxe da Concordância Verbo- NominalNominal 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PARE… 11/27 todas as determinantes devem seguir o mesmo gênero (neste caso, o masculino) e o mesmo número (neste caso, o singular) que ela. Porém, há algumas questões concernentes a esse tema que merecem destaque. Perini (2018, p. 389, grifos do autor) a�rma que ao “contrário da concordância verbal, a concordância nominal não é redutível a fatores semânticos, principalmente porque o gênero dos nominais não tem correlato semântico coerente: computador é masculino, impressora é feminino, por razões idiossincráticas”. Vejamos o que o autor tem a dizer sobre a relação entre concordância e gênero e concordância e número. No que diz respeito ao gênero, o autor faz a seguinte separação: (i) gênero inerente e gênero governado e (ii) gênero gramatical e gênero natural (sexo). O gênero inerente diz respeito ao nominal usado referencialmente, pois ele sempre será de um mesmo gênero, masculino ou feminino. Como exemplo, temos porta, carteira, fogão, sofá – as duas primeiras são palavras femininas, as duas últimas, masculinas. Já o gênero governado é, geralmente, um nominal usado quali�cativamente, pois ele precisará �car no mesmo gênero que o do núcleo. Por exemplo: c. Porta vermelha d. Fogão vermelho Como vimos, o gênero de porta e fogão é inerente, então, quem os acompanha deve seguir esse o gênero; já vermelho tem um gênero governado e, por isso, concordou, em (c), com uma palavra feminina e, em (d), com uma masculina – embora haja exceções, como as apresentadas pelo autor: cada (“cada menino” / “cada menina”), laranja (“vestido laranja” / “sapato laranja”), quatro (“quatro homens” / “quatro mulheres”) etc. O gênero gramatical, por sua vez, nada tem a ver com o sexo, tanto que é possível, como nos mostra o autor, “fazer referência a um homem usando o feminino (a vítima, a pessoa, a criança) ou a uma mulher usando o masculino (o 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PARE… 12/27 cônjuge, o participante, o personagem)” (PERINI, 2018, p. 391, grifos do autor). E mais: não há, na maioria dos casos, sexo envolvido, a�nal, palavras como xícara, impressora e teoria são femininas, mas só gramaticalmente. O gênero natural é, contudo, a correlação que geralmente ocorre entre gênero e sexo nos nominais que designam pessoas e determinados animais – essa questão, porém, não é muito relevante para a gramática, pois todos eles – os que designam apenas homem ou mulher, os que designam os dois e os que não designam nenhum em especí�co –, no tocante à concordância, funcionam da mesma forma. Quanto ao número (singular/plural), Perini (2018) levanta algumas re�exões muito interessantes: diferentemente do que ocorre com o gênero, que pode ser mais facilmente de�nido como feminino ou masculino, não se costuma dizer que um nominal é singular ou plural, pois, no geral, eles podem ser tanto um quanto outro. Entretanto, é possível destacar, por exemplo, férias e ouro, que, respectivamente, só podem estar no plural e no singular. 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PARE… 13/27 Outra re�exão interessante é que nem sempre algo no plural signi�cará mais de um, como em férias e costas (parte do corpo), que sempre são ditas no plural, mas que signi�ca apenas um, ao mesmo tempo em que óculos, ainda que a gramática normativa considere plural, se refere a apenas um objeto. Todavia, mesmo fazendo essas re�exões, o autor deixa claro que “embora seja necessário distinguir número gramatical de quantidade, há uma correlação inegável entre asduas coisas” (PERINI, 2018, p. 392). reflitaRe�ita O lembrete referente à palavra “dinheiro” em: DINHEIRO. In: Dicio - Dicionário Online de Português. [2020]. Disponível em: https://www.dicio.com.br/dinheiro/. Acesso em: jan. 2020, a�rma o seguinte (grifos nossos): [Gramática] Por se tratar de um substantivo não contável, o vocábulo dinheiro não admite enumeração e, preferencialmente, não deve ser utilizado no plural. Contudo, no exemplo a seguir, uma frase de Homer Simpson, do desenho Os Simpsons, a palavra “dinheiro” está no plural: “Tenho 3 �lhos e nenhum dinheiro… por que não posso ter nenhum �lho e 3 dinheiros?” Esse uso está errado? Há algum motivo para o criador da frase ter colocado a palavra “dinheiro” no plural? Há algum jogo de palavras aí? Esse uso é comum em qualquer situação? Onde ele costuma ocorrer? E mais: o que esse uso tem a nos dizer sobre a língua real, usada por diversas pessoas e em diversas situações comunicativas? Fonte: Elaborado pela autora. https://www.dicio.com.br/dinheiro/ 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PARE… 14/27 praticar Vamos Praticar Nesta unidade, foi trabalhada a noção de concordância nominal. Para isso, conceituamos e trouxemos exemplos de gênero inerente e gênero governado, gênero gramatical e gênero natural bem como número singular e plural. Analise a sentença a seguir e avalie a sua concordância: “Aluna do Rio de Janeiro é premiada em concurso” a) A palavra determinante é “aluna” e a determinada é “Rio de Janeiro”, por isso “Rio de Janeiro” está no feminino. b) A palavra determinante é “aluna” e a determinada é “premiada”, por isso “premiada” está no feminino. c) A palavra determinante “premiada” segue o gênero (feminino) e o número (singular) da palavra determinada “aluna”. d) A concordância entre “aluna” e “premiada” está errada, pois o correto, conforme a norma padrão, seria manter “premiado”, isto é, no masculino. e) Tanto “aluna” quanto “premiada” são palavras femininas, isto é, elas não variam em gênero. 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PARE… 15/27 Neste tópico, trataremos de dois temas muito importantes quando o assunto é língua portuguesa. O primeiro deles é o complemento verbal, que diz respeito, em geral, aos objetos diretos e aos indiretos. Mas o foco será no segundo tema, a regência verbal, que será desenvolvida, tanto na perspectiva da norma-padrão quanto na da norma de uso culto do português. Os Complementos Verbais Antes de falarmos sobre os complementos verbais, vamos apresentar, resumidamente, a noção de transitividade verbal, isto é, quando o verbo precisa (ou não) de complemento. Quando o verbo não precisa de um complemento, por seu sentido já ser completo, ele é chamado de verbo intransitivo – o verbo “morrer” é um bom exemplo, pois, ao a�rmar que alguém morreu, a informação já está completa. Já os verbos que precisam de complemento dividem-se em dois tipos: transitivos diretos, pois não são acompanhados por uma preposição, Sintaxe de Regência NominalSintaxe de Regência Nominal 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PARE… 16/27 e transitivos indiretos, porque são acompanhados por uma preposição. Há, ainda, verbos que pedem os dois tipos de complementos, conhecidos, portanto, como bitransitivos ou transitivos diretos e indiretos. Os objetos que não iniciam com preposição são chamados de objetos diretos, enquanto os que pedem preposição são os indiretos. Vejamos as frases a seguir. a. João gosta de sorvete. b. Ana ama pizza. c. Pedro fala inglês. d. Fernanda brinca de boneca. e. Maria deu um livro a José. Os exemplos (b) e (c) não pedem uma preposição entre o verbo e o objeto, portanto, elas representam as sentenças com objetos diretos, a�nal, os verbos “amar” e falar” não são acompanhados por preposições - embora o verbo “falar”, em outras frases, possa vir acompanhado por preposição. Já os exemplos das letras (a) e (d) têm uma preposição posposta ao verbo (nesses casos, do verbo “gostar” e do verbo “brincar”), logo, eles exempli�cam a formação de uma frase com objetos indiretos. Essas preposições não estão aí por mero gosto do falante, elas são obrigatórias, uma vez que frases como “*João gosta sorvete” e “*Fernanda brinca boneca” seriam sentenças agramaticais, isto é, sentenças que não são formuladas por falantes do português. Em (e), temos ainda um exemplo de verbo bitransitivo (“dar”), pois ele pede tanto um objeto direto quanto um indireto, pois o seu uso mais comum é “alguém que dá algo a outro alguém”. 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PARE… 17/27 No subtópico a seguir, desenvolvemos mais a fundo essa relação entre um verbo e uma preposição, processo sintático conhecido como “regência verbal”. A Regência Verbal: a Norma e os Usos Segundo Bechara (2010, p. 451), a regência, que pode ser verbal e nominal, é, “em seu sentido restrito, o processo sintático em que uma palavra determinante subordina uma palavra determinada. A marca de subordinação é expressa, nas construções analíticas, pela preposição”. Esse é um assunto que também causa muitas dúvidas entre os usuários da língua, sobretudo por causa de algumas diferenças entre a norma-padrão e a norma contemporânea. Essas diferenças, aliás, recebem destaque em Bagno (2012). A relação dos verbos com a preposição que introduz os complementos oblíquos, justamente por ser resultante de uma servidão gramatical, está sujeita a mudanças ao longo da história da língua. Podemos dizer, metaforicamente, que em diversos casos algumas preposições se ‘libertaram’ dessa servidão. O movimento inverso, contudo, também tem ocorrido: verbos anteriormente saiba mais Saiba mais O Dicio - Dicionário Online de Português é uma ferramenta muito boa, por meio da qual é possível ter acesso à de�nição das palavras, à sua classi�cação gramatical e, inclusive, a questões referentes à transitividade, regência e conjugação verbal etc. Consulte-o para saber mais! ACESSAR https://www.dicio.com.br/ 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PARE… 18/27 transitivos diretos capturaram preposições em sua órbita e as transformaram em satélites (BAGNO, 2012, p. 519). Para ilustrar essa temática, o autor organiza os verbos que geram mais debate, acompanhados tanto da regência contemporânea quanto da regência tradicional. A partir dessas informações, elaboramos um infográ�co com os verbos mais rotineiros de sua lista. 1 Agrade cer RC: agrade cer alguém; agrade cer a alguém RT: agrade cer a alguém 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PARE… 19/27 Com o infográ�co, temos uma breve ilustração de como um verbo pode apresentar diferentes regências. É pertinente saber todas elas e estar ciente de que, se a situação comunicativa exigir uma maneira mais formal e monitorada de falar – e, sobretudo, de escrever – a regência tradicional ainda será a mais bem aceita, pois é a que re�ete o domínio culto da língua. praticar Vamos Praticar Neste tópico, estudamos a regência verbal, que é a relação entre um verbo e uma preposição. Observe os exemplos abaixo e veri�que se o uso de uma ou outra preposição interfere ou não no sentido das frases. a. O meu colega de trabalho falou da Maria ontem à noite. b. O meu colega de trabalho falou com a Maria ontem à noite. c. O meu colega de trabalho falou sobre a Maria ontem à noite. a) Sim, há diferença de sentido entre as frases por causa da mudança de preposição. Nas letras (a) e (c), as preposições “de” e “sobre” têm o mesmo significado e nos ajudama entender que Maria é a colega de trabalho da pessoa que disse essa frase; já em (b), a preposição “com” nos ajuda a entender com quem Maria está. b) Não, as três frases têm significados muito próximos, pois as preposições (“de”, “com” e “sobre”) não interferem no sentido das sentenças. Todas elas significam, portanto, que o colega estava falando mal ou fazendo uma fofoca sobre Maria, em algum momento durante a noite. 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PARE… 20/27 c) Sim, há diferença de sentido entre as frases por causa da mudança de preposição. Na letra (a), com o uso da preposição “de”, entende-se que o colega de trabalho do falante estava fazendo uma fofoca a respeito de Maria; em (b), por causa da preposição “com”, entende-se que esse colega de trabalho estava conversando com a Maria e, em (c), com a preposição “sobre”, entende-se que o colega de trabalho citou o nome de Maria, em algum momento ontem à noite. d) Sim, há diferença de sentido entre as frases por causa da mudança de preposição. As duas primeiras sentenças (com as preposições “da” e “com”) estão corretas e com sentidos diferentes: a letra (a) refere-se a uma fofoca e a letra (b), a uma conversa entre o colega de trabalho e Maria. Já a letra (c) está errada, pois falantes do português não usam o verbo “falar” acompanhado da preposição “sobre”. e) Não, não há diferença de sentido entre as frases por causa da mudança de preposição, afinal, o verbo “falar” não sofre alterações no seu significado só por causa de uma preposição. Nas sentenças, por exemplo, todas elas significam que o colega de Maria está falando diretamente com ela, sobre algum assunto da empresa, durante a noite. 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PARE… 21/27 A regência nominal também diz respeito à relação entre palavras, mas, diferentemente da regência verbal, que explica essa relação entre verbos e complementos, aqui, a relação é entre o nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e seus complementos, com ou sem preposição. Mas não é um assunto difícil, tanto que não recebe a mesma atenção que os outros assuntos recebem das gramáticas. A seguir, apresentamos os usos mais comuns e alguns exemplos, a �m de auxiliar na compreensão. Substantivos: admiração a, por; atentado a, contra; aversão a, para, por; avidez por; bacharel em; capacidade de, para; devoção a, por; doutor em; dúvida acerca de, em, sobre; horror a; impaciência com; respeito a, com, para com. Observe as duas frases a seguir, que servem de exemplo para o uso da “admiração por” e “capacidade de”. Tente pensar em sentenças com todos os usos listados acima, é uma boa maneira de entender o conteúdo. Sintaxe de Regência Verbo-Sintaxe de Regência Verbo- NominalNominal 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PARE… 22/27 a. “Eu não tenho ídolos, mas tenho admiração por pessoas dedicadas e competentes”. b. “Amor próprio é a capacidade de se amar mesmo diante dos seus maiores defeitos”. Adjetivos: acessível a; acostumado com, a; agradável a; alheio a; análogo a; ansioso de, por; apto a, para; ávido de, por; bené�co a; capaz de, para; compatível com; contemporâneo de, a; contíguo a; entendido em; hábil em; habituado a; indeciso em, para; liberal com; morador em; nocivo a, para; preferível a; prejudicial a; propício a; próximo a, de; residente em; semelhante a; sensível a, com; suspeito de; socorrido em; vazio de. Agora, observe a seguir dois exemplos ilustrativos dos usos elencados acima. Em (c), temos o uso de “acessível a” e, em (d), de “propícios a”. Tente, assim como foi orientado anteriormente, formular frases com todos os usos listados anteriormente! c. “Este prédio é acessível a todos”. d. “Todos nós estamos propícios a sofrer por causa da crise em nosso país”. Como podemos notar, algumas palavras podem acionar diferentes preposições. Às vezes, a escolha por uma ou outra preposição poderá interferir no sentido da frase (como vimos, também, no tópico 3, sobre regência verbal); outras vezes não. praticar Vamos Praticar 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PARE… 23/27 Como aprendemos durante a leitura deste tópico, alguns nomes podem ser acompanhados por uma ou mais preposições. A partir dos exemplos a seguir, identi�que qual preposição foi utilizada erroneamente e marque a justi�cativa correta. a. “Marcos tem muita admiração por Jorge”. b. “Ele tem capacidade com ensinar de inglês”. c. “Os alunos sempre têm dúvidas acerca dos conteúdos de cálculo”. a) A preposição incorreta é a da letra (a), pois a única preposição que pode acompanhar o substantivo “admiração” é “a”. b) A preposição incorreta é a da letra (b), pois o nome “capacidade” não é acompanhado por preposição em nenhuma situação. c) A preposição errada é a da letra (c), pois “quem tem dúvida tem dúvida ‘sobre’ alguma coisa”, e não “acerca de”. d) As letras (a) e (c) estão incorretas, pois “admiração” e “dúvidas” são palavras acompanhadas pela preposição “de”. e) A preposição usada incorretamente é a da letra (b), pois a preposição “com”, nessa sentença, gera estranheza, uma vez que ela não é formulada pelos falantes do português. 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PARE… 24/27 indicações Material Complementar LIVRO Gramática Pedagógica do Português Brasileiro Marcos Bagno Editora: Parábola Editorial ISBN: 978-85-7934-037-6 Comentário: Nessa gramática, além de o autor tratar dos assuntos abordados nesta unidade, ele também explica diversos outros aspectos da língua, começando pela sua história, passando pelos dados de uso e alcançando 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PARE… 25/27 também o ensino. É uma boa maneira de entender, de maneira crítica, as regras e os usos da nossa língua. FILME Tropa de Elite Ano: 2007 Comentário: O �lme Tropa de elite retrata a realidade de violência vivida pelos moradores do Rio de Janeiro. Além disso, no que diz respeito à língua portuguesa, é interessante observar as diferentes maneiras de falar, atentando-se tanto ao uso que segue as normas da gramática normativa e/ou norma culta quanto ao uso que se distancia um pouco delas. T R A I L E R 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PARE… 26/27 conclusão Conclusão Nesta unidade, com o auxílio das gramáticas de Bechara (2010), Bagno (2012), Castilho (2014) e Perini (2018), tratamos das concordâncias e das regências verbais e nominais, tanto na perspectiva da norma-padrão – aquela mais rígida, que prega o ideal linguístico – quanto na da norma contemporânea – que traz usos mais atuais das regências, tanto o que sofreu mudança quanto o que permanece como a tradição preconiza. Essas diferenças servem para que o estudante/pro�ssional de Letras esteja atento às diferentes modalidades e situações comunicativas, a �m de orientar os seus alunos para todo tipo de experiência linguística, desde a mais cotidiana até a mais monitorada. referências Referências Bibliográ�cas BAGNO, M. Gramática pedagógica do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2012. 3/29/2021 Ead.br https://unp.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_668705_1&PARE… 27/27 BECHARA, E. Gramática escolar da língua portuguesa. 2. ed. ampliada e atualizada pelo novo Acordo Ortográ�co. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010. CASTILHO, A. T. de. Nova gramática do português brasileiro. 1. ed. 3. reimpressão.São Paulo: Contexto, 2014. PERINI, M. A. Gramática descritiva do português brasileiro. Petrópolis, RJ: Vozes, 2018. SCHERRE, M. M. P. Reanálise da concordância nominal em português. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1988.
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