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SUMÁRIO 1. Introdução ..................................................................... 3 2. Epidemiologia .............................................................. 3 3. Agente etiológico e Transmissão ........................ 4 4. Fisiopatologia .............................................................. 5 5. Apresentação Clínica ............................................... 8 6. Diagnóstico ...............................................................11 7. Tratamento da Tuberculose .................................16 Referências Bibliográficas .........................................20 3PUERICULTURA 1. DEFINIÇÃO A puericultura consiste na consulta médica periódica de uma criança onde devem estar presentes: orientações educativas, ações de promoção da saúde, ações relacionadas à preven- ção de doenças e observação dos riscos e vulnerabilidades sob a qual está submetida a respectiva crian- ça. Apesar da infância possuir diver- sas etapas (conforme quadro abaixo) aqui abordaremos aspectos gerais da puericultura pois, como dito por Dra. Nathalia, haverá uma aula específica de Hebiatria em que será abordada as especificidades da consulta com o adolescente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Sociedade Bra- sileira de Pediatria (SBP), consideram como adolescentes aqueles que têm de 10 a 20 anos incompletos, ou seja, entre 10 e 19 anos 11 meses e 29 dias de idade. Recém-nascido (0 a 28 dias de vida) Lactente (29 dias a 2 anos de idade) Pré-escolar (2 a 7 anos de idade) Escolar (7 a 10 anos de idade) Adolescente (10 aos 20 anos incompletos) Tabela 1:. Etapas da infância (Fonte: PORTO, 2014; SBP, 2019). Atualmente, diferente do que foi con- siderado há um tempo, a puericultura não se restringe a uma consulta me- ramente educativa do médico dire- cionado à criança e sua família, mas parte da importância de pensar junto com a família da criança orientações que façam sentido para a mesma com o intuito de promover uma vida mais saudável, minimizando efeitos das condições adversas a qual a criança e sua família podem estar submetidas. CONCEITO! Puericultura é a consulta periódica de uma criança feita com o propósito de avaliar seu crescimento e desenvolvimento de maneira próxima Além disso, é papel da puericultura observar fatores de risco e vulnera- bilidades que cercam as diferentes fases do processo de crescimento e desenvolvimento da criança. Enfocar nos riscos consiste na compreensão de que diferentes grupos populacionais (nos quais as crianças estão inseridas) apresentam riscos diferenciados de danos à saúde devido a características individuais/exposição a fatores ambien- tais/circunstâncias sociais. Já o conceito de vulnerabilidade permite compreen- der que as crianças possuem caracte- rísticas e comportamentos individuais (baixo peso ao nascer, obesidade, de- ficiências imunológicas), uma dinâmi- ca familiar e o modo como a criança se expressa (agressividade, agitação, timidez), os ambientes em que convive (escola, espaços de lazer) e as oportu- nidades que tem de acessar serviços de saúde – tudo isso determinada se tal criança será mais ou menos susce- tível a determinados agravos. 4PUERICULTURA 2. FREQUÊNCIA DE CONSULTAS Considerando os conceitos acima citados relativos à risco e vulnerabi- lidade, a puericultura deve planejar suas ações com base nas caracte- rísticas específicas da criança to- mando como base cada faixa etária e as demandas envolvidas no pro- cesso de crescimento e desenvolvi- mento correspondente. Nos primei- ros 2 anos de vida as consultas são mais frequentes devido ao processo de crescimento e desenvolvimen- to ser mais intenso, por isso, no 1º ano de vida é recomendado um mínimo de 7 consultas de rotina : na 1ª semana , no 1º/2º/4º/6º/9º e 12º mês; além disso, no 2º ano de vida, deve se ter um mínimo de 2 consultas de rotina: no 18º e 24º mês. Além da oportunidade de ava- liar o desenvolvimento da criança, tal organização da frequência de consultas adotada pelo Ministério da Saúde toma como base o ca- lendário de vacinação, permitindo a verificação do cartão vacinal em meses oportunos : ao nascimento , com 1, 2, 3, 4, 5, 6, 12 e 15 meses. A partir dos 2 anos de idades as consultas podem se tornar anuais . Outras consultas podem ser feitas conforme necessidades devido a problemas de saúde . Apesar dos mínimos indicados , na aula a Dra . Nathalia ressalta a importância de frequências mais elevadas de consultas caso seja possível. SAIBA MAIS A taxa de mortalidade infantil (TMI) é considerada um indicador sensível do grau de desen- volvimento de uma sociedade e do cuidado que é dispensado à criança. Entre 1990 e 2014, houve no Brasil uma queda de 70% na TMI, saindo de 47,1 em 1990 para 14,1 óbitos in- fantis/1.000 nascidos vivos em 2014. A redução da mortalidade infantil se deu, sobretudo, devido a acentuada redução dos óbitos pós-neonatais decorrentes de redução das doenças infecto-parasitárias e nos déficits neonatais. No entanto, neste mesmo período, houve um aumento da participação dos óbitos neonatais (embora tenha ocorrido uma redução nas taxas de mortalidade neonatal) devido ao aumento da taxa de prematuridade decorrente do avanço nas tecnologias que permitem gestantes de alto risco engravidarem e do aumento do número de cesáreas programadas que levam ao nascimento de recém-nascidos nem sempre a termo. Fonte: Tratado de medicina de família e comunidade: princípios, formação e prática [recurso eletrônico] / Organizadores: Gustavo Gusso, José Mauro Ceratti Lopes, Lêda Chaves Dias– 2. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2019. 2 vol.] Lara Realce Lara Realce 5PUERICULTURA Consulta completa O nascimento de uma criança repre- senta uma mudança importante no cotidiano de uma família, logo, é pre- ciso que o profissional que irá atender a criança esteja atento às possíveis dúvidas, inquietações e inseguran- ças relativas ao cuidado com o bebê. Logo, a primeira etapa de uma consul- ta completa é apresentar-se, pergun- tar o nome dos familiares e da criança e então ouvir não somente os res- ponsáveis, mas também a própria criança, estimulando sua participa- ção ainda que a mesma não tenha o domínio da linguagem. Como dito anteriormente, idealmen- te, a primeira consulta de uma criança deve ser na sua 1ª semana de vida, porém, algumas vezes é possível que a primeira consulta de uma crian- ça seja quando a mesma esteja em idade mais avançada, até mesmo na adolescência. Independente da eta- pa da infância, é preciso realizar uma anamnese completa de modo a com- preender melhor aspectos da vida e da saúde da criança e de sua famí- lia, devendo ser realizadas pergun- tas que auxiliem na compreensão de quais pessoas estão envolvidas no cuidado à criança, o que construirá a base para o atendimento integral da mesma. A anamnese deve ser completa, com todos os itens de uma anamnese co- mum, mas devendo também abordar: Antecedentes pessoais da criança com informações desde a sua concepção, com ênfase nos anteceden- tes patológicos e alimenta- res, questionando acerca da gestação, nascimento e perí- odo neonatal. Desenvolvimento neurop- sicomotor (DNPM) onde é preciso colher um relato da família sobre o aparecimento de habilidades motoras, aqui- sição de linguagem gestual e falada, controle esfincteriano e desenvolvimento socioafe- tivo da criança com membros da família e amigos. 1 ano 2 anos 18º mês 1ª semana 24º mês 1º mês 4º mês 9º mês2º mês 6º mês 12º mês Anual A partir dos 2 anos Fluxograma 1: Frequência das consultas pediátricas. 1 2 Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce 6PUERICULTURA Antecedentes vacinais de- vendo além de registrar as vacinas tomadas e períodos em queforam realizadas, registrar eventos adversos (locais ou sistêmicos) caso tenham ocorrido. História de formação da família, relacionamento dos pais e aceitação da criança neste processo. Habitação é um ponto im- portante para a compreen- são do profissional acerca das condições de vida e saú- de da criança e sua família, de modo a conseguir com- preender se existem fatores de risco para doenças respi- ratórias, infecto-parasitárias e dermatológicas. Hábitos atuais da criança também devem ser questio- nados à família, abarcando seus respectivos hábitos: ali- mentares, intestinais, uriná- rios, sono, higiene corporal e bucal, lazer e atividade físi- ca. Neste ponto, é relevante também questionar, quanto tempo a criança fica exposta a telas de telefone, tablets, televisão, etc. Veja o fluxograma abaixo com informa- ções detalhadas acerca do que deve conter na 1ª anamnese pediátrica. VOCÊ SABIA?: Em 2019, a Organi- zação Mundial da Saúde (OMS) lan- çou Diretrizes acerca da “Atividade psíquica, comportamento sedentário e sono” onde recomenda que crianças menores de 2 anos não devem pas- sar nenhuma hora na frente de telas e que, entre 2 e 5 anos de idade o tem- po máximo destinado a atividades na frente de uma tela (smartphone, com- putador ou TV) deva ser de no máxi- mo 1 hora. Com isso, a OMS espera que crianças de até 5 anos, troquem as telas por atividades físicas, brinca- deiras diversas ou hábitos de leitura até mesmo através de contação de histórias pelos cuidadores. Desta for- ma, espera-se que o haja menor se- dentarismo entre as crianças, melhor desenvolvimento de atividades moto- ras e, melhor qualidade do sono. Fon- te: https: //www.paho.org/bra/index. php?option=com_content&view=arti- cle&id=5919:para-crescerem-sauda- veis-criancas-precisam-passar-me- nos-tempo-sentadas-e-mais-tem- po-brincando&Itemid=839. Diretriz disponível em: https: //apps.who.int/ iris/handle/10665/311664. 3 4 5 6 Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce 7PUERICULTURA Antecedentes familiares; Antecedentes pessoais: Gestação: uso de medicamentos, nº de consultas no pré-natal, doenças; Nascimento: tipo de parto, motivo do parto, peso e comprimento ao nascer; Período Neonatal: tempo de permanência na unidade neonatal, doenças; Patológicos: idade de aparecimento das doenças, duração e tratamentos recebidos, acidentes, cirurgias, internações; Alimentares: período de amamentação exclusiva com leite materno, início e motivo do desmame, época de introdução de alimentos complementares ao leite materno e quais, aceitação dos alimentos, se há intolerância alimentar. Identificação; História atual; Interrogatório sintomatológico. Hábitos Atuais: Alimentares: quem ajuda a criança a comer/ como a mesma se alimenta, descrição do dia alimentar (detalhar horários e composição de todas as refeições); Intestinais e urinários: frequência e características; Sono: períodos de sono, despertares noturno, em que quarto e cama dorme, quem coloca para dormir, se há problemas relacionados ao sono ou hora de dormir; Banho corporal: nº de vezes, produtos utilizados; Higiene bucal: como é realizada limpeza da boca/ escovação dentária; Lazer e tempo de tela: quais brinquedos mais utiliza, com quem brinca, tempo de uso de telas, frequência de passeios. Desenvolvimento Neuropsicomotor (DPNM): Habilidades motoras (grosseira e fina): época de aparecimento; Aquisição de linguagem (gestual e verbal); Controle esfincteriano; Desenvolvimento socioafetivo: com familiares, amigos e ambiente escolar. Antecedentes vacinais: Quais já foram aplicadas, nº de doses, idade em que foram aplicadas; Questionar acompanhante sobre efeitos adversos (locais e/ou sistêmicos) de cada vacina; Relacionamentos familiares: Relação entre os pais, se a criança foi planejada, significado da mesma na vida destes; Se pais separados, perguntar de quem é a guarda e como a criança lida com isso; Como os pais dividem o cuidado com a criança; Outros familiares que participam da vida da criança. Habitação: Características do bairro e da rua; Características da casa: - Fatores de risco para doenças infecto-parasitárias: relação pessoa-cômodo ≥ 3, ausência de água tratada e esgoto não tratatado; - Fatores de risco para doenças respiratórias: ventilação inadequada, umidade, poeira (tapetes, pelúcia), animais e plantas; - Fatores de risco para doenças dermatológicas: presença de insetos e outros animais. FLUXOGRAMA 2: ANAMNESE DA 1ª CONSULTA PEDIÁTRICA. Lara Realce 8PUERICULTURA 3. ESTRATÉGIAS DE INTERAÇÃO Alguns grupos de que estudam es- pecificamente a Puericultura têm colocado as habilidades de comuni- cação como ponto crucial na relação médico-paciente, as quais podem ser inclusive compreendidas sob a ótica da Pediatria. O grupo Bright Futu- res ressalta que “toda criança mere- ce ser saudável e que a saúde ideal envolve uma relação de confian- ça entre o profissional de saúde, a criança, a família e a comunidade como parceiros na prática em saú- de” e que, as consultas devem ser baseadas nas questões levantadas pelo paciente e sua família, logo, cria- ram um documento com “perguntas- -gatilho” que podem ser feitas pelo médico como forma de facilitar que os pacientes venham a relatar suas questões. Em seguida, alguns mem- bros do Bright Futures lançaram um documento com estratégias práticas para facilitar a interação entre mé- dicos, pacientes e suas famílias du- rante as consultas de Puericultura: Ouvir as demandas da família Chamar pessoas pelo nome Utilizar perguntas diretas e objetivas com base nas condições da família Ter empatia Não usar jargão MEDIDAS BÁSICAS DE INTERAÇÃO Passar informações no momento do exame Indicar onde encontrar especialistas, buscar escolas especiais, etc. Dividir tarefas com família Reconhecer capacidades CRIAR PARCERIA EFETIVA COM A FAMÍLIA Consultar o prontuário antes da consulta GERENCIAR O TEMPO DE FORMA EFICAZ USAR MOMENTOS PRÓPRIOS PARA AÇÕES EDUCATIVAS GERENCIAR O TEMPO DE FORMA EFICAZ ORIENTAÇÃO PREVENTIVA ESTRATÉGIAS DE INTERAÇÃO Mapa mental Fonte: Jornal de Pediatria, 2003 9PUERICULTURA 4. EXAME FÍSICO No momento do exame físico, é pre- ciso lançar mão de algumas outras estratégias de interação (além das ci- tadas acima) como forma de estabele- cer uma relação de confiança com a criança, uma vez que estar em conta- to com uma figura desconhecida como a do médico muitas vezes pode causar estresse para a mesma. Logo, ter pa- ciência e calma neste momento é fun- damental, pois é importante que seja realizado um exame físico completo durante as consultas da Puericultura. Deve-se explicar para a criança (e para os pais) o que será feito no momento do exame físico indepen- dentemente da idade que esta te- nha. Apresentar à criança os ins- trumentos que serão utilizados em cada etapa do exame (estetoscópio, espátula, fita métrica, etc.) auxilia na compreensão da mesma acerca de tais objetos, o que pode facilitar a ta- refa do médico. Além disso, é importante que durante toda a consulta algum dos responsá- veis esteja no consultório po- dendo solicitar a ajuda destes durante as eta- pas do exame físico. Na Puericultura nem sempre será possível realizar o exame físico na sequência crânio-caudal com cos- tuma-se realizar nas outras áreas da Medicina, assim, é possível iniciar parte do exame físico com a criança ainda no colo de um dos seus fami- liares. Como ressaltado por Dra. Na- thalia, sobretudo na fase entre os 7 meses e 2 anos de idades as crianças estranham mais a realização do exa- me físico. Além disso, uma boa estra- tégia é deixar o exame da orofaringe e a otoscopia para serem realiza- dos ao final, pois estes costumam causar maior desconforto na criança e se feitos logo no início podem difi- cultar a avaliação dos outros órgãos e sistemas. Lembrando que a 1ª consulta de todacriança deve ser ainda na sua 1ª semana de vida é importante res- saltar alguns, dentre todos os siste- mas que não devem ser esquecidos nesta consulta com o recém-nascido (tabe- la abaixo). Segundo o Ministério da Saúde, as consultas seguintes à primeira não devem obrigatoriamente con- tar com todos os ele- mentos de um exame físico completo, no en- tanto, até os 10 anos de idade recomenda que procedimentos especí- ficos não deixem de ser Lara Realce 10PUERICULTURA realizados: dados antropométricos, rastreamento para displasia evolutiva do quadril, ausculta cardíaca, avalia- ção da visão e audição, aferição da pressão arterial e rastreamento para criptroquirdia. Abaixo, falaremos mais detalhadamente de cada um destes pontos. PESO O peso da criança deve ser analisado em relação ao peso ideal ao nascer (baixo peso ao nas- cer: < 2.500g; macrossomia: > 4.000g), sendo considerado normal uma perda de até 10% ao nascer e recuperação até o 15º dia de vida. FACE Pesquisar assimetria, malformação, deformidade ou aparência sindrômica. PELE Observar a presença de: edema (se for generalizado: pense em doença hemolítica perinatal, iatrogenia por uso de coloides ou cristaloides em excesso, insuficiência cardíaca, sepse; se for localizado: sugere trauma de parto); palidez (sangramento, anemia, vasoconstrição periférica ou sinal de arlequim – palidez em um hemicorpo e eritema do lado oposto, por alteração vasomotora e sem repercussão clínica); cianose (se for generalizada: pense em doenças cardiorrespiratórias graves; se for localizada nas extremidades ou na região perioral, pense em hipotermia); icterícia atentar-se caso a icterícia tenha se iniciado nas primeiras 24 horas ou depois do 7º dia de vida, caso tenha > 1 semana no RN a termo, > 2 semanas no prematuro e se a tonalidade for amarela com matiz intenso ou se espalha pelo corpo, atingindo pernas e braços. Pesquise a possível presença de assaduras, pústulas (impetigo) e bolhas palmo-plantares (sífilis). Esclareça a família quanto à benignidade do eritema tóxico. CRÂNIO Realizar exame das fontanelas: a fontanela anterior mede de 1-4cm, tem forma losangular, fecha-se do 9º ao 18º mês e não deve estar fechada no momento do nascimento. A fonta- nela posterior é triangular, mede cerca de 0,5cm e fecha-se até o segundo mês. Não devem estar túrgidas, abauladas ou deprimidas. Em caso de presença de bossa serossanguínea, a mesma desaparece espontaneamente. OLHO Em caso de secreção purulenta é importante fazer coleta do material com swab e enviar para análise bacteriológica (importante descartar infecção por gonococo, clamídia e herpes vírus). Após a coleta deve-se iniciar imediatamente tratamento com colírio de tobramicina ou ofloxa- cina e, após o resultado da análise deve-se tratar de acordo com o agente etiológico. Estrabismo e nistagmo lateral são normais nos RN, pois a visão binocular só fica bem de- senvolvida entre 3-7 meses. TÓRAX Importante observar presença de assimetrias que possam sugerir malformações cardíacas, pulmonares ou óssea. Observar se há sinais de sofrimento respiratório (tiragem intercostal, estridor, retração xifoidiana, batimento de asa de nariz). Verificar os pulsos, frequência car- díaca (FC) e se há presença de sopros cardíacos. ABDOME Como nesta fase a respiração é basicamente abdominal, deve-se realizar a contagem dos movimentos respiratórios abdominais que variam de 40-60 mrm. Observar se há presença de hérnia inguinal, a qual indica cirurgia imediatamente devido ao risco de estrangulamento/ encarceramento e, em caso de hérnia umbilical deve-se aguardar sua regressão espontânea até os 12 meses. AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA Observe os reflexos de: sucção, preensão palmo-plantar e Moro que são atividades próprias do recém-nascido a termo, sadio. A postura de flexão generalizada e a lateralização da ca- beça costumam permanecer até o final do primeiro mês. Vale ressaltar que, o tônus normal é de semiflexão generalizada. Tabela 2: Tópicos do exame físico na 1ª consulta do recém-nascido Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012 com adaptações Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce Lara Realce 11PUERICULTURA Dados antropométricos A avaliação do crescimento e desen- volvimento faz parte da avaliação bá- sica da Pediatria, cabe aqui destacar a contribuição dos dados antropomé- tricos nesta avaliação. Esse acompa- nhamento sistemático permite o mo- nitoramento das condições de saúde e nutrição da criança assistida. Nesta etapa do exame físico deve-se reali- zar as medidas de: peso, comprimen- to/altura, índice de massa corpórea (IMC), perímetro cefálico, perímetro torácico (até os 3 anos de idade) e cir- cunferência abdominal. As informa- ções do peso, altura, IMC e perímetro cefálico devem ser transpostas para as curvas disponíveis na Caderne- ta de Saúde da Criança e as infor- mações devem ser compartilhadas com os pais. Os gráficos disponíveis na Caderne- ta são baseados em recomendações da OMS para crianças de qualquer país ou etnia, no entanto, o diagnós- tico de algum desvio no crescimento da criança deve ser analisado com base no meio e condições de vida que a mesma se encontra. Os parâ- metros disponíveis na caderneta para avaliação do crescimento utilizam os seguintes gráficos: perímetro cefálico (até os 2 anos), peso x idade (0 até 10 anos), comprimento/altura x idade (0 até 10 anos) e IMC x idade (0 até 10 anos). As curvas possuem diver- sos pontos de corte classificados em escores z que indicam unidades do desvio-padrão do valor da mediana (escore z 0 ou linha verde), um ponto que não esteja entre as linhas verme- lhas (escore z ≤ +2 e ≥ -2) indica um problema de crescimento, logo, uma criança que está crescendo adequa- damente tem pontos do gráfico pa- ralelo à linha verde (acima ou abaixo dela). SAIBA MAIS A hiperbilirrubinemia indireta costuma manifestar-se clinicamente como icterícia atingindo níveis séricos de 5mg/dL, acontecendo em até 60% dos RN a termo e até 80% dos pre- maturos. Na maioria das vezes trata-se de uma adaptação fisiológica do organismo ao me- tabolismo da bilirrubina, mas pode também significar um processo patológico levando ao quadro de encefalopatia bilirrubínica aguda. Quando fisiológica, costuma ocorrer após 24h de vida, com pico entre 3º e 4º dias e bilirrubina total (BT) de 12mg/dL porém, se houver presença de ictéricia nas primeiras 24h ou valores de BT ≥ 12mg/dL, deve-se investigar processos patológicos. A figura abaixo ilustra uma gradação da extensão da icterícia, com isso, recomenda-se que todo RN ictérico no nível ou abaixo do umbigo, deve ter solicitada uma dosagem de bilirrubina sérica. Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Neonatologia. Icterícia no recém-nascido com idade gestacional ≥ 35 semanas. 2012. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2015/02/Ictericia_sem-Dep- toNeoSBP-11nov12.pdf. Lara Realce Lara Realce 12PUERICULTURA Figura 1: Exemplo de interpretação do gráfico peso x idade da Caderneta de Saúde da Criança (Fonte: http://aventuras- maternais.blogspot.com/2013/07/meu-filho-tem-baixo-peso.html) SE LIGA! Crianças nascidas antes do termo, ou seja, com idade gestacional (IG) < 37 semanas, devem ter um acompanhamento diferenciado e, em se tratando do DNPM e das curvas de crescimento, recomenda-se que seja realizada a correção da idade cronológica em função do grau de prematuridade para que tais crianças não te- nham seu crescimento e desenvolvimento subestimados durante a avaliação. Consi- derando que o ideal seria nascer com 40 semanas, um prematuro que nasce com 36 semanas e tem idade cronológica de 2 meses de vida (ou seja, 8 semanas) deve ter sua idade corrigida “descontando” da sua idade cronológica as semanas que faltavam para alcançar o termoe, o que “resta” de semanas é sua idade cronológica corrigida. Na Caderneta de Saúde da Criança devem ser anotadas as me- didas na idade corrigida correspondente: 40 semanas-36 semanas=4 semanas 8 semanas (2 meses de vida)-4 semanas=4 semanas (ou 1mês de vida) Idade cronológica corrigida = 1 mês O perímetro cefálico deve ser corrigido até 1 ano e meio e os outros dados antro- pométricos, assim como o DNPM devem ser corrigidos até os 2 anos de idade. Fonte: CADERNOS DE ATENÇÃO BÁSICA, 2012. Lara Realce Lara Realce Lara Realce 13PUERICULTURA A aferição do peso e comprimento/al- tura, como vimos na aula de Dra. Na- thalia, é realizada por métodos dife- rentes a depender das características da criança examinada. O peso pode ser aferido por meio da balança pe- diátrica que deve ser utilizada para crianças de até 25 kg ou 2 anos ou até a criança poder ficar em pé, quando então poderá ser pesada na balança em pé. A medida do com- primento é realizada com a régua antropométrica com haste fixa que deve ficar na cabeça e a haste mó- vel é colocada logo abaixo do pé da criança, mais uma vez é fundamental o auxílio dos pais neste momento; em crianças a partir dos 2 anos é pos- sível medir a altura da criança com estadiômetro onde a mesma em pé e cabeça retificada. Ombros Parte mais alta da cabeça Parte de trás da cabeça Nádegas Panturrilhas Calcanhares Encostar cursos na sola dos pés, com calcanhar e pés em 90o O IMC já foi validado como bom mar- cador de adiposidade e sobrepeso, apresentando correlação com outros parâmetros que avaliam porcenta- gem de gordura corpórea e, em crian- ças, alguns estudos mostram que a mensuração do IMC na infância pode ser preditivo do IMC na ado- lescência e idade adulta. Quando o IMC da criança está entre os escores z ≥ -2 e +1, fala-se que a mesma está com IMC adequado. Figura 2: Técnica de aferição do comprimento. Fonte: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/orientacoes_coleta_analise_dados_antro- pometricos.pdf O perímetro cefálico (PC) deve ser medido em todas as consultas até os 2 anos de vida. A circunferência da cabeça deve ser medida com uma fita métrica maleável envolvendo os maiores diâmetros frontoccipital na testa no sulco supra orbital e na por- ção mais proeminente do occipital. Na Caderneta do Ministério da Saú- de é possível correlacionar tal medida com a idade, de modo que, se escore z < -2 fala-se que o PC está abaixo do esperado e se > +2 está acima do esperado para idade. Ombros 14PUERICULTURA Figura 3: Mensuração do perímetro cefálico (Fonte: http://www.saude.am.gov.br/docs/zika/INSTRUTIVO_ PC_REV01.pdf ) A medida do PC é um dado clíni- co fundamental no atendimento pe- diátrico, podendo constituir a base diagnóstica de um grande número de doenças neurológicas, sobretudo, a microcefalia. Segundo a OMS, a mi- crocefalia deve ser diagnosticada dentro das primeiras 24h até a 1ª semana de vida se a medida do PC estiver no escore z < -2, em casos de medidas < -3 no escore z, fala- -se em microcefalia grave. Para RN a termo, pode-se usar os gráficos de idade x PC, no entanto, em se tratan- do de prematuros recomenda-se uti- lizar como referência a tabela Estudo Internacional de Crescimento Fetal e do Recém-Nascido: Padrões para o Século 21 (Intergrowth). Figura 4: Curvas de Crescimento da Intergrowth para crianças nascidas pré-termo: comprimento e perímetro cefálico (Fonte: https://www.sbp.com.br/departamentos- -cientificos/endocrinologia/graficos-de-crescimento/). 15PUERICULTURA Além disso, é possível relacionar os gráficos de PC com os gráficos de peso x comprimento/altura, pois sem- pre que houver uma ascensão do tra- çado de PC deve haver uma ascen- são do traçado peso x altura. Em caso de traçado positivo do PC com tra- çado negativo do peso x altura em mais de 2 consultas pode ser indi- cativo de macrocefalia. VOCÊ SABIA QUE? No 1º trimestre de vida, o PC costuma crescer em mé- dia 2 cm/mês, no 2º trimestre este valor cai para 1cm/mês, enquanto que no 3º trimestre passa para 0,5 cm/mês. Ao fi- nal de um ano o crescimento do crânio chega a 12 cm. Fonte: https://www.por- taleducacao.com.br/conteudo/artigos/ medicina/avaliando-o-perimetro-cefali- co-da-crianca/11754] Rastreamento para displasia evolutiva de quadril Outro ponto importante na avaliação do exame físico na Puericultura é o rastreamento para displasia do qua- dril. Apesar de não haver consenso sobre a efetividade da redução dos desfechos clínicos, o rastreamento auxilia no diagnóstico precoce (antes dos 3-6 meses) e, com isso, na esco- lha de tratamentos menos invasivos e com menores riscos de complicações. Os principais fatores de risco para displasia do desenvolvimento do quadril são: sexo feminino, história familiar de displasia congênita do quadril e parto com apresentação pélvica. Duas manobras devem ser realizadas logo nas primeiras consultas até os 2 meses, testando um membro de cada vez a partir das manobras de Barlow (provocativa do deslocamento) e Orto- lani (sua redução). Quando a manobra de Ortolani é positiva faz-se o diag- nóstico de displasia do desenvolvi- mento do quadril indicando avaliação com cirurgião ortopédico especialista que avalie a melhor abordagem. Após os 3 meses é possível avaliar se a criança possui limitação da abdução dos quadris e encurtamento de um dos membros. Quando a criança começa a deambular é pode-se observar se há Trendelenburg positivo, ou seja, a não sustentação da pelve após a elevação do membro inferior do lado oposto. Figura 5: Manobra de Barlow é um teste provocati- vo realizado com quadris e joelhos do recém-nascido fletidos. Seguram-se as pernas gentilmente, com a coxa em adução (A), e o examinador aplica uma força no sentido posterior. A manobra é positiva (B) se o quadril é deslocável (luxável) (Fonte: PORTO, 2014). 16PUERICULTURA Figura 6: A manobra de Ortolani é o reverso de Bar- low. O examinador segura as coxas do recém-nascido e gentilmente realiza a abdução do quadril enquanto move anteriormente o trocanter com os dois dedos (A). A manobra é positiva (B) quando a cabeça do fêmur luxada retorna ao acetábulo com um “clunk” palpável quando o quadril é abduzido (Fonte: PORTO, 2014). Ausculta cardíaca Assim como em todo atendimento médico, a ausculta da frequência car- díaca (FC) deve ser realizada na Pue- ricultura. Logo, é importante saber as faixas de FC, bem como a FC média em cada etapa da infância, podendo em caso de discrepâncias pensar em possibilidades diagnósticas: FAIXA ETÁRIA FC MÉDIA ESPECTRO DA FC Recém-nascido 145 bpm 90-180 bpm 6 meses 145 bpm 105-185 bpm 1 ano 132 bpm 105-170 bpm 2 anos 120 bpm 90-150 bpm 4 anos 108 bpm 72-135 bpm 6 anos 100 bpm 65-135 bpm 10 anos 90 bpm 65-130 bpm Tabela 3: Frequência cardíaca (FC) por faixa etária na infância (Fonte: PORTO, 2014). Aferição da pressão arterial: Segundo o Ministério da Saúde, reco- menda-se que a pressão arterial (PA) seja aferida em crianças uma primeira medida aos 3 anos de idade e segun- da medida aos 6 anos, no entanto, outras referências não fazem menção a idades específicas para a medida. O manguito apropriado deve ter largura correspondente a 40% da circunferência do braço (no ponto médio entre o acrômio e olécrano). Caso não haja o manguito com nº ideal para a criança, deve-se escolher um imediatamente maior que deixe a fossa cubital livre e com cumprimen- to suficiente para circundar o braço da criança com o mínimo de super- posição; manguitos menores podem falsear elevações na PA. A medida deve ser feita de preferência no braço direito, com a criança em re- pouso de 3 a 5 minutos. Acrômio Olécrano Posicionamento correto da fita métrica Lara Realce 17PUERICULTURA Figura 7: Como encontrar o local correto para medir a circunferência do braço da criança. No local do ponto mé- dio deve ser medida a circunferência e, 40% deste valor corresponde ao tamanho do manguitoadequado para a criança (Fonte da imagem: https://encrypted-tbn0.gstatic. com/images?q=tbn:ANd9GcSlDmQQTF_3KYZDGuy- J93OKNQf5EmkUZshYhut7QBKajq7tiO5NOQ&s). Os valores de PA sistólica e diastólica podem ser relacionados com o per- centil da estatura da criança e o sexo da mesma em tabelas apropriadas. Tais tabelas com percentis constam com valores de idade de 1 a 17 anos (abaixo). A PA normal é inferior ao percentil 90, pré-hipertensão en- tre percentil 90-95 e hipertensão é definida por valores superiores ao percentil 95. Posicionamento incorreto da fita métrica Ponto médio encontrado PA SISTÓLICA (mmHG) (percentil de altura) PA DISTÓLICA (mmHG) (percentil de altura) Idade PA (percentil) 5 10 25 50 75 90 95 5 10 25 50 75 90 95 1 50 83 84 85 86 88 89 90 38 39 39 40 41 41 42 90 97 97 98 100 101 102 103 52 53 53 54 55 55 56 95 100 101 102 104 105 106 107 56 57 57 58 59 59 60 99 108 108 109 11 112 113 114 64 64 65 65 66 67 67 2 50 85 85 87 88 89 91 91 43 44 44 45 46 46 47 90 98 99 100 101 103 104 105 57 58 58 59 60 61 61 95 102 103 104 105 107 108 109 61 62 62 63 64 65 65 99 109 110 111 112 114 115 116 69 69 70 70 71 72 75 3 50 86 87 88 89 91 92 93 47 48 48 49 50 50 51 90 100 100 102 103 104 106 106 61 62 62 63 64 64 65 95 104 104 105 107 108 109 110 65 66 66 67 68 68 69 99 111 111 113 114 115 116 117 73 73 74 74 75 76 75 4 50 88 88 90 91 92 94 94 50 50 51 52 52 53 54 90 101 102 103 104 106 107 108 64 64 65 66 67 67 68 95 105 106 107 108 110 111 112 68 68 69 70 71 71 72 99 112 113 114 115 117 118 119 76 76 76 77 78 79 79 5 50 89 90 91 93 94 95 96 52 53 53 54 55 55 56 90 103 103 105 106 107 109 109 66 67 67 68 69 69 70 95 107 107 108 110 111 112 113 70 71 71 72 73 73 74 99 114 114 116 117 118 120 120 78 78 79 79 80 81 81 Tabela 4: Recorte de Tabela com valores de pressão arterial para meninas com idade e percentil de estatura (Fonte: TRATADO DE PEDIATRIA, 2010). 18PUERICULTURA Rastreamento para criptorquidia A criptorquidia é uma relevante ano- malia congênita com isso, o Ministé- rio da Saúde recomenda que, caso os testículos não sejam palpáveis ou sejam retráteis na 1ª consulta da Puericultura o rastreamento deve ser realizado nas próximas consultas de rotina. Se aos 6 meses não houver testículos palpáveis, a criança deve ser encaminhada à cirurgia pediátri- ca. Se forem retráteis, deve ser mo- nitorado a cada 6-12 meses entre os 4-10 anos de idade, pois pode ocor- rer da criança crescer mais rápido do que o cordão espermático e haver saída dos testículos da bolsa escro- tal. Vale ressaltar que, o tratamento precoce da criptoquirdia resulta em diminuição do risco de câncer de tes- tículo e problemas de fertilidade em adultos. Avaliações específicas da saúde da criança Algumas avaliações específicas de saúde devem ser realizadas na crian- ça, tanto no período em que a mes- ma é recém-nascida, quanto em fase pré-escolar e escolar: NOS RECÉM-NASCIDOS Programa Nacional de Triagem Neonatal: A Tria- gem Neonatal, conhecida como Teste de Pezinho, foi instituída como prática obrigatória no país desde 2001 e inclui os testes de rastreamento para ane- mia falciforme, hipotireoidismo congênito, fenilceto- núria e fibrose cística. Triagem auditiva: Existe a recomendação para o rastreamento das perdas auditivas em todos os RNs antes de completarem 1 mês de vida, com o teste da orelhinha, que inclui a emissão otoacústica seguida da resposta auditiva do tronco cerebral. Teste do reflexo vermelho: Essa avaliação da trans- parência e da integridade das câmaras oculares deve ser feita com o oftalmoscópio, logo ao nascer e nas consultas subsequentes. NOS PRÉ-ESCOLARES E ESCOLARES Triagem da acuidade visual: A realização do teste de Snellen para avaliação da acuidade visual pode ser feita nas consultas de rotina da criança a partir dos 4 anos de vida. Entretanto, a operacionaliza- ção desse exame feito nas escolas, aos 4 anos, apresenta melhores resultados, principalmente em função da participação dos professores no preparo das crianças para o teste. Recomenda-se também a realização desse teste aos 7 anos para abranger as crianças que não frequentaram pré-escola e, por isso, não tiveram acesso ao exame previamente. Levantamento epidemiológico da cárie e doença periodontal: Esses procedimentos fazem parte das ações dirigidas aos pré-escolares e escolares reali- zados nas escolas e são parte das ações coletivas em saúde bucal. Tabela 2: Avaliações específicas de saúde (Fonte: TRA- TADO DE MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE, 2019). 19PUERICULTURA Rastreamento para Displasia Evolutiva do Quadril - Manobras: Barlow e Ortolani Dados Antropométricos - Peso, estatura, perímetro cefálico, IMC, circunferência abdominal e torácica - Colocar nos gráficos correspondentes Avaliações Específicas - Triagem Neonatal - Triagem auditiva - Avaliação da visão Rastreamento para Critptorquidia Aferição da Pressão Arterial - Escolher manguito adequado - Avaliar sistólica e diastólica pela tabela de percentis da estatura e sexo Exame Físico completo - Iniciar auscultas no colo do acompanhante; Deixar orofaringe e otoscopia por último. 5. DIAGNÓSTICOS Ao final de toda consulta de Puericul- tura devem ser elaborados no mínimo 6 diagnósticos (havendo outros diag- nósticos estes devem ser elencados após). Como vimos na aula de Dra. Nathalia, podemos usar o mnemôni- co “CEVADA” para memorizar estes diagnósticos: MAPA MENTAL: EXAME FÍSICO PUERICULTURA 20PUERICULTURA Crescimento: Classificar se a estatura está adequada, baixa ou alta para a idade Estado nutricional: Classificar a criança como eutrófica ou distrófica (desnutrição, obesidade, deficiências ou excesso de vitaminas/minerais, ) Vacinação: Se completa ou incompleta Alimentação: Se adequada ou inadequada. Anotar alterações observadas. Desenvolvimento: Classificar se adequado ou inadequado. Em caso de atraso, determinar se é de linguagem, motor ou socioafetivo. Ambiente físico e emocional: Se adequado ou inadequado. Avaliar fatores de risco para doenças influenciadas pelo ambiente físico e considerar situações de proteção e/ou conflito. C E V A D A 21PUERICULTURA MAPA MENTAL RESUMO – PUERICULTURA Primeira consulta Antecedentes familiares Triagem neonatal Antecedentes obstétricos e perinatais Anamnese Antropometria Exame físico Caracterização psicossocial da família Consulta anual a partir do 2º ano de vida Uma consulta nos meses: 01, 02, 04, 06, 09, 12, 18 e 24 1ª consulta na 1ª semana de vida Número de consultas (M. Saúde) Cuidados em situações de violència Imunizações Prevenção de acidentes Saúde bucal da criança Acompanhamento do desenvolvimento Monitorização do crescimento Checar cartão vacinal Alimentação saudável Anamnese Queixas novas e pregressas Antropometria Consultas de seguimento 22PUERICULTURA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Tratado de pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria. – 2.ed. – Barueri, SP: Manole, 2010. Tratado de medicina de família e comunidade: princípios, formação e prática [recurso ele- trônico] / Organizadores: Gustavo Gusso, José Mauro Ceratti Lopes, Lêda Chaves Dias– 2. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2019. 2 vol. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Bási- ca. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 272 p.: il. – (Cadernos de Atenção Básica, nº 33) PORTO, CC. Semiologia Médica. 7ª Ed. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2014. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Departamento de Pediatria Ambulatorial. Manu- al Prático de Atendimento em Consultório e Ambulatório de Pediatria. 2006. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Departamento Científico de Adolescência. Ma- nual de Orientação. Consulta do adolescente: abordagem clínica, orientações éticas e le- gais como instrumentos ao pediatra. Nº 10, Janeiro de 2019. MINISTÉRIO DA SAÚDE.Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde: Norma Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN Brasília, 2011. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Protocolo de vigilância e resposta à ocorrência de micro- cefalia e/ou alterações do sistema nervoso central (SNC). Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2015. BLANK, D. A puericultura hoje: um enfoque apoiado em evidências. Jornal de Pediatria - Vol.79, Supl.1, 2003 TOURINHO, AB; REIS, LBSM. Peso ao nascer: uma abordagem nutricional. Com. Ciências Saúde, 2013. 22(4): 19-30. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Caderneta de Saúde da Criança. Brasília- DF, 2013. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_saude_crianca_menino.pdf. 23PUERICULTURA
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